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MONTALEGRE

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MONTALEGRE

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Composições Líricas

Lúdicas: Cantigas

Marcha do concelho de Montalegre

Ai não há gente

Mais balente e prazenteira

Do que esta cá da fronteira

Do Norte de Portugal!

Nem tão alegre

Como tu, ó Montalegre,

Gente forte cá do Norte,

Que nada teme afinal!

É Montalegre o meu suabe cantinho,

Chamem-lhe embora os outros Terra Fria,

Alegre e quente é sempre a paz de um ninho,

É Montalegre, é a terra da alegria.

Guarda abançada desta Lusa Terra,

Do teu castelo eu bejo nas ameias,

Igual àquele que me reflui nas beias,

Sangue de heróis, bertido em tanta guerra!

Ai não há gente

Mais balente e prazenteira

Do que esta cá da fronteira

Do Norte de Portugal!

Nem tão alegre

Como tu, ó Montalegre,

Gente forte cá do Norte,

Que nada teme afinal!

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O teu castelo,

Quando à noite o luar

Bem do céu p’ró beijar,

Gosto de bê-lo:

Lembra um guerreiro

Desses tempos de então

A quem o coração

Fez prisioneiro.

Dessas alturas,

Desta terra sem par,

Que também sabe amar

Mesmo entre agruras.

Então eu creio,

Bendo-o tão belo,

Que és tu a fada

Enamorada

Do castelo.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre,

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre;

Acordeonista: Rui Alves, 47 anos, Montalegre

Ó Laurindinha, bem à janela,

Ó Laurindinha, bem à janela,

Ber o teu amor, ai, ai, ai, bis

Que ele bai p’rá guerra.

Que ele bai p’rá guerra, deixai-o ir,

Que ele bai p’rá guerra, deixai-o ir,

Ele é rapaz nobo, ai, ai, ai, bis

Bai e torna a bir.

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E ele torna a bir, irá ou não,

E ele torna a bir, irá ou não,

Ó Laurindinha, bis

Dá-me a tua mão, ai, ai, ai.

Dá-me a tua mão, dá-me o teu anel,

Dá-me a tua mão, dá-me o teu anel,

Ó Laurindinha, ai, ai, ai,

Esse Manuel.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre,

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre;

Acordeonista: Rui Alves, 47 anos, Montalegre

Bós dizeis que biba o Minho bis

E eu digo biba Barroso.

Biba Montalegre e Gralhas,

Padornelos e Padroso.

Barroso, as tuas terras dão

Minério e carbão. bis

Biba Barroso.

Montalegre é um jardim,

Toda a gente diz assim:

“Ó que linda a nossa terra!”

Biba Montalegre,

Cheia de beleza,

Ela é pequenina,

Mas está cheia de riqueza.

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Biba Montalegre,

Cheia de ribais,

Rapazes bonitos,

Raparigas muito mais.

Fui ao Largo do Toural, ----- bis

Não achei senão ortigas.

Bim ao Largo da Portela, ----- bis

Ó que belas raparigas!

Biba Montalegre,

Cheia de beleza,

Ela é pequenina,

Mas está cheia de riqueza.

Biba Montalegre,

Cheia de ribais,

Rapazes bonitos,

Raparigas muito mais.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Acordeonista: Rui Alves, 47 anos, Montalegre

Bamos embora

Que esta terra não é nossa bis

E a nossa terra

É mais linda do que a bossa.

Bou-me embora desta terra

Que não lebo pena nenhuma,

Só de ti, meu amorzinho, ----- bis

Só de ti lebo alguma.

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Bamos embora

Que esta terra não é nossa bis

E a nossa terra

É mais linda do que a bossa.

Esta roda está parada

Por falta de haber quem cante,

Agora já canto eu, ----- bis

Siga a roda p’ra diante.

Bamos embora

Que esta terra não é nossa bis

E a nossa terra

É mais linda do que a bossa.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Acordeonista: Rui Alves, 47 anos, Montalegre

Ai, ó bila de Montalegre, bis

Tens o Larouco na frente,

Onde nasce o Rio Cábado,

Orgulho de toda a gente.

Ai morenita da beira-mar,

Haja alegria, bis

Toca a reinar.

Minha mãe mandou-me à erba,

Eu à erba não hei-de ir,

A lameira tem buracos,

Tenho medo de cair.

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Minha mãe mandou-me à água

Pela hora do calor,

Eu quebrei a cantarinha

A dar água ao meu amor.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Alecrim, alecrim doirado,

Que nasceu no monte

Sem ser semeado.

Ai meu amor,

Quem te disse a ti

Que a flor do monte

Qu’era o alecrim.

Alecrim, alecrim aos molhos,

Por causa de ti

Choram os meus olhos.

Ai meu amor,

Quem te disse a ti

Que a flor do monte

Qu’era o alecrim.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Ó Ana, arredonda a saia,

Ó Ana, arredonda-a bem,

Ó Ana, arredonda a saia,

Olha a roda qu’ela tem.

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Olha a roda qu’ela tem,

Olha a roda qu’ela tinha,

Ó Ana, arredonda a saia,

Não a tragas trabadinha.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Ó olibeira da serra, bis

O bento leba a flor,

Ó i ó ai só a mim ninguém me leba

Ó i ó ai p’rá beira do meu amor.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Reis

Sobreirinho da calçada

Ao pé lhe cai a bolota,

Se nos querem dar os Reis

Faz fabor de abrir a porta.

Glória ao Pai, glória ao Filho,

Glória ao Espírito Santo,

A bênção de Deus bos cubra

E a Birgem com seu manto.

Se nos querem dar os Reis

Faz fabor de abrir a porta,

Inda agora me disseram

Qu’ estabam de reca morta.

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Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Reis

Aqui bimos todos,

Todos reunidos,

Dar as boas festas

Aos nossos amigos.

Não é por interesse,

Nem por amizade,

É só p’ra que estimem

A nossa chegada.

Bimos-lhe cantar os Reis,

Com muita animação,

P’ra que em Montalegre

Não se perca a tradição.

Que tradição tão bonita,

Nós estamos a relembrar,

Se nos querem dar os Reis,

Não nos façam demorar.

Obrigado, obrigado,

Por toda a sua amizade,

Deus lhes dê muita saúde

E um ano de felicidade.

Aqui bimos todos,

Todos reunidos,

Dar as boas festas

Aos nossos amigos.

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Não é por interesse,

Ó rapaziada,

É só p’ra que estimem

A nossa chegada.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Segadas

Ó senhora cozinheira,

O seu caldo cheira bem,

Deia-me uma malga dele, ----- bis

Por alma de quem lá tem.

Ó senhora cozinheira,

Chegue à porta, benha ber,

Traga à caneca na mão,

Candidinha ó i ó ai,

P’ra nos dar de beber.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Hino dos mineiros das Minas da Borralha

Lá lá lá lá lá lá lá lá lá

Trálá lá lá lá lá lá.

Borralha nas tuas minas

Trálá lá lá lá lá lá.

Morreram tantos mineiros, bê lá,

Bê lá, companheiro, bê lá,

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Bê lá como benho eu!

Lá lá lá lá lá lá lá lá lá

Trálá lá lá lá lá lá.

Trago a cabeça aberta

Trálá lá lá lá lá lá.

Que me abriu uma barrena, bê lá,

Bê lá, companheiro, bê lá,

Bê lá como benho eu!

Lá lá lá lá lá lá lá lá lá

Trálá lá lá lá.

Trago a camisa rota

Trálá lá lá lá lá lá.

E sangue d’ um camarada, bê lá,

Bê lá, companheiro, bê lá,

Bê lá como benho eu!

Lá lá lá lá lá lá lá lá lá

Trálá lá lá lá lá lá.

Santa Bárbara bendita

Trálá lá lá lá lá lá.

Padroeira dos mineiros, bê lá,

Bê lá, companheiro, bê lá,

Bê lá como benho eu!

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

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Ao passar o ribeirinho pus o pé,

Molhei a meia, pus o pé,

Molhei a meia, pus o pé,

Molhei a meia.

Os homens são o Diabo p’ra falar

Da vida alheia p’ra falar, da vida alheia.

Começam na lua noba

E acabam na lua cheia. ----- bis

Fernanda Pereira, 78 anos, Montalegre

De Barroso aqui bimos,

Terra alta sem igual,

Quem não conhece Barroso,

Não conhece Portugal.

Não conhece Portugal,

Nem as terras mais bonitas,

Os rapazes mais balentes,

As raparigas mais catitas.

As meninas mais catitas,

O presunto mais gostoso,

Só p’ra ber tão lindas coisas

Bale a pena ber Barroso.

Bale a pena ber Barroso,

Os montes tocam os céus,

São tapetes de berdura,

Onde eu tenho os olhos meus.

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Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Onde eu tenho os olhos meus,

Tanta gente é uma só,

Todos têm o mesmo forno,

Todos têm a mesma avó.

De Barroso aqui bimos,

Com as nossas tradições,

Saudamos com alegria

A todos os Barrosões.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Tim-tim sou de Trás-dos-Montes,

De Trás-os-Montes terra brabia,

Ao longe só bejo serras,

Só bejo serras e penedias.

Tim-tim, guardando as obelhas,

Guardando as obelhas alta manhã,

À noite a candeia acesa,

Oubindo histórias, fiando lã.

Tim-tim quero ser serrana,

Ser serraninha p’ra toda a bida,

Casar com pastor serrano

No altar-mor da nossa ermida.

Tim-tim olaré tim-tim,

Você diz que não, eu digo que sim,

Ao romper da bela aurora,

Ao piscar do olho é que se namora.

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Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Composições Líricas

Outras: Rimas Várias

- Loureiro, verde loureiro,

Loureiro assim, assim,

Inganastes a donzela,

Casa com ela, ó Joaquim.

- Casar com ela não caso,

Qu’ela a mim não me faz conta,

Loureiro, verde loureiro,

Seco no meio e verde na ponta.

Fernanda Pereira, 78 anos, Montalegre

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Composições Líricas

Satíricas

- Ó Rosa, já julgaba que eras morta.

Anda mourinho na costa.

Que andas triste, bejo eu!

Ó Rosa, que te aconteceu?

- Como hei-de andar contente

Com esta maldita bida:

Tenho o porco doente,

O boi co’a perna partida,

A vaca não me dá leite,

A galinha não me põe obos.

Parti uma púcara de azeite,

Perdi uns tamancos nobos.

Quanto melhor é uma pessoa,

Mais perdemos afinal.

Eu para os outros sou tão boa

E há quem me queira tão male.

- Há quem te queira tão male?

O ser-se boa é perder?

Mas cachopita, afinal,

Que queres com isso dizer?

Não me queres dizer que há bruxas!

- Há bruxas, há. E aos pares.

E por causa dessas bruxas, já fui a Bilar.

- E que te disse esse anjo predislatado?

- Que era mau-olhado, mal de imbeja.

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- Ó Rosa, essa até parecem três.

Então, cá por Montalegre, ainda há tanta estupidez?

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

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Composições Narrativas

Contos Populares

A moura do Castelo de Montalegre

Habia uma senhora que moraba muito perto do castelo. Um dia de noite,

apareceu lá um senhor com a cara tapada e que a lebou, mas tapou-lhe também a cara.

E que lhe disse que ia fazer um serbiço, que não tibesse medo.

Ela que deu conta que andou p’ra ao pé dos castelos, não sabe que andou à bolta,

desceu umas escadas e encontrou uma senhora que estava p’ra dar à luz.

Ela assistiu-lhe ao parto. Disse que estaba por dentro tudo cheio de coisas de

tudo quanto era riqueza de toda a espécie e ela, que ficou tão assada, que não quis nada.

Ela diz:

- Olhe, eu benho então amanhã e depois lebo.

- Se der com a porta, entre.

Nunca mais biu a porta. Mas diz que andou. Ela lhe disse.

Maria Cândida Carneiro, 72 anos, Montalegre

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Composições Líricas

De Sabedoria: Textos Proverbiais

Nem come, nem bebe,

Nem o Diabo c’o leve.

A ignorância e o bento

São o maior atrebimento.

A mulher braba,

Corda larga.

Antes casada arrependida,

De que freira aborrecida.

Andorinha rasteira,

Sinal de bentaneira.

Burro belho não toma andadura,

Se a tem, pouco dura.

Aprende chorando

E rirás ganhando.

As f’ridas da ternura,

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Quem as faz, é quem as cura.

Ó Diabo e à mulher nunca falta que fazer.

Boas sopas se farão,

Com bom binho e bom pão.

Cabelos compridos, ideias curtas.

Cão a uibar,

Pessoa a enterrar.

Casa que não é ralhada,

Não é gobernada.

Riso pronto,

Miolo tonto.

Céu pardento,

Ou tchuba ou bento.

Com calma e paz,

Tudo se faz.

Com papas e bolos,

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Se enganam meninos e tolos.

De gota a gota se enche a poça.

De tostão em tostão

Se bai ao milhão.

De manhã em manhã

Perde o carneiro a lã.

De libro fechado

Não sai letrado.

Deus nos libre dos maus-olhados.

Do binho e da mulher,

Libre-se o homem se puder.

Díbidas e pecados, quem os faz que os pague.

De um sim e de um não,

Nasce toda a questão.

Diz-me com quem bebestes,

Diz-me o que aprendeste.

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Este mundo é uma bola,

Mas quem anda nele é que se amola.

Apanham-se mais moscas com um litro de mel,

Do que com um barril de fel.

Do trabalho e da experiência

Aprende o homem e a ciência.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Com pão e binho

Já se anda algum caminho.

Poupa, poupador,

Poupas p’ra um gastador.

Quem diz o que quer,

Oube o que não quer.

Queijo com pão

Faz o homem são.

A fome é boa cozinheira.

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A bodas e baptizados

Só bão os combidados.

Tão ladrão é o que bai à horta,

Como o que fica à porta.

Bozes de burro não chegam ao céu.

Águas passadas não moem moinhos.

A raposa tem sete manhas e a mulher a manha de sete raposas.

Ao menino e ao borracho

Põe Deus a mão por baixo.

A cada boca uma sopa.

A bentre farto, o mel amarga.

Amigo não empata amigo.

A boa fogueira

Faz a mulher ligeira.

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Ao rico não debas

E ao pobre não prometas.

Apanha com o cajado

Quem se mete onde não é chamado.

Amigo berdadeiro bale mais que o dinheiro.

Caldo sem pão

Só no Inferno no dão.

Bolo torto não perde o gosto.

Comer até adoecer, jejuar até sarar.

Homem pequeno

É um saco de beneno.

O pouco com Deus é muito e o muito sem Deus não é nada.

O comer e o ralhar

Todo o mal é começar.

As conbersas grandes fazem os dias pequenos.

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A ambição cerra o coração.

Mãos que não dais, porque esperais?

Por outras iguais.

A mulher, antes de casar, tem sete braços e uma língua. Depois de casada, tem

sete línguas e um braço.

Justina Carneiro, 65 anos, Montalegre

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Composições Líricas

Lúdicas: Lengalengas

Um, pirum,

Dois, bois,

Três, Inês,

Quatro, sapato,

Cinco, Maria do brinco,

Seis, Maria dos Reis,

Sete, canibete,

Oito, biscoito,

Nobe, dá a esmola ao pobre,

Dez, burro és da cabeça até aos pés,

Onze, os sinos de Mafra são de bronze,

Doze, redoze, vinte e quatro com catorze,

Dezasseis e binte e um, dá um cento e menos um.

Fernanda Pereira, 78 anos, Montalegre

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Composições Líricas

Mágicas e Religiosas: Orações e Responsos

A Santa Bárbara para afastar a trovoada

Santa Bárbara bendita,

Que no céu estará escrita,

Com uma belinha na mão

Pedindo ao Senhor que nos libre do trobão.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Magnífica a minha alma,

Engrandeço ao Senhor,

Meu espírito se alegrou,

Entre Bós, meu Salbador.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Antes das refeições

Abençoai, ó meu Deus,

Este alimento que bou tomar.

Qu’ele repare as minhas forças

Para melhor Bos serbir e amar.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo,

Como era no princípio, agora e sempre, Ámen.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

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Depois das refeições

Eu Bos agradeço, Senhor,

O alimento que recebi.

Bós que me destes de comer,

Sem eu o merecer,

Dai-me também do céu

Quando bier a morrer.

Aquele que preparara

Esta refeição fraterna,

Concedei-lhes, Senhor,

O prémio da bida eterna!

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo,

Como era no princípio, agora e sempre, ámen.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Ao levantar

Eu me entrego a Jesus,

À sua santíssima cruz,

Ao santíssimo sacramento,

Às três estrelinhas que tem dentro,

E às três missas de Natal,

P’ra que não aconteça nenhum male,

À Birgem Nossa Senhora,

Um Padre-Nosso e uma Abe-Maria.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Já os galos pretos cantam,

Já os Anjos se lebantam,

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Já o Senhor subiu à cruz,

Para sempre, ámen, Jesus.

Em loubor da Birgem Maria,

Um Pai-Nosso com uma Abe-Maria.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Ao começar este dia

Imboco com alegria

O Senhor ressuscitado.

No Seu corpo glorioso

Quis guardar como troféu

As chagas do Seu calbário.

Também eu quero ganhar

No meu trabalho diário

O pão da terra e do céu.

A meu lado hei-de ter

A Birgem Santa Maria,

A Senhora bencedora,

Minha mãe. Aleluia.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Santíssima Trindade – Pai, Filho, Espírito Santo – adoro-Bos profundamente e

of’reço-Bos o Preciosíssimo corpo, sangue e alma, Dibindade de Jesus Cristo, presente

em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indif’renças com

que Ele mesmo é ofendido, pelos méritos infinitos do seu Santíssimo coração e do

Coração Imaculado de Maria, peço-Bos a conbersão dos pobres pecadores.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

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Oferecimento do dia

Ofereço-Bos, ó meu Deus, em união por meio do coração Imaculado de Maria,

as minhas orações, obras e sofrimentos deste dia, em reparação de todas as ofensas, de

todas as intenções pelas quais o dibino coração intercede dos nossos altares. Eu bo-la

of’reço em modo particular, apostolados da oração neste mês e neste dia.

Justina Carneiro, 65 anos, Montalegre

Com Deus me deito,

Com Deus ma lebanto,

Com a graça de Deus,

E do debino Espírito Santo.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Com Deus me deito,

Com Jesus crucificado,

Desça-se a cruz do céu,

Ponha-se a par de mim,

Deus que nela morreu,

Reze e responda por mim.

Justina Carneiro, 65 anos, Montalegre

Nesta cama me bou deitar,

S’a morte por mim chamar

E eu não puder falar

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Agarrarei-me aos crabos,

Abraçarei-me à cruz,

Entregarei a minha alma

Ao menino Jesus.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Eu me entrego a Jesus,

À sua Santíssima Cruz,

Ao Santíssimo Sacramento,

Às três relíquias que tem dentro,

Às três missas do Natal,

Que não nos aconteça nenhum mal.

A Birgem Nossa Senhora

Que nos guarde e libre de Satanás. Ámen.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Amantíssimo Jesus meu,

Amor do meu coração,

Confesso-Bos os meus pecados,

Bós bem sabeis quantos são.

Oubi-mos e perdoai-mos,

E deitai à absolbição,

Para eu poder dizer um acto de contrição.

Justina Carneiro, 65 anos, Montalegre

Ao entrar na igreja

Pecados ficai cá fora,

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Que eu quero entrar lá dentro,

Entregar a minha alma

Ao Santíssimo Sacramento.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Ao sair da igreja

Adeus, meu Jesus,

Adeus, meu amigo,

Bou-me embora,

Anda comigo.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Fui ao mar e bim do mar,

Três Marias oubi estar

Perguntando por Jesus.

O Jesus estaba na cruz,

Encrabado em três crabos.

Ó meu Mestre, ó meu Senhor,

Costinhas lebais abertas,

Essa cruz de pau pesado.

A sete lebaria, a sete lebarão,

Ajuda-me aqui Simão.

Mas tu hás-de a lebar,

Quinta-feira de induências,

Seixta-feira da paixão,

Sábado Aleluia,

Domingo da Ressurreição.

Já o Sol escurecia,

Os caminhos dabam luz,

Pilatos disse para Jesus.

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Em loubor da Birgem Maria,

Um Pai-Nosso com uma Abe-Maria.

Teresa Alves, 76 anos, Montalegre

Para levedar o pão

Com a mão direita, faz-se uma cruz na massa e diz-se:

São Vicente t’acrescente,

São Mamede te lebede,

São João te faça pão,

Pela graça de Deus

E da Birgem Maria,

Um Padre-Nosso e uma Abe-Maria.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Quando se põe a cozer o pão

Cresça o pão no forno,

Os bens benham a seu dono,

Reze quem souber e puder,

Um Pai-Nosso e uma Abé-Maria.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre

Responso para proteger as pessoas de qualquer perigo

Anjo da guarda,

Minha companhia,

Guardai a minha alma

De noite e de dia.

Justina Carneiro, 65 anos, Montalegre

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Composições Líricas

Mágicas e Religiosas: Ensalmos

Para esconjurar o demónio

Arreda, arreda, Santanás,

Tu comigo não irás,

Nem à frente nem atrás.

Que a minha alma não é tua,

Que Jesus me salbará,

No dia da minha morte,

Jesus Cristo lá estará.

Maria de Fátima Carneiro, 67 anos, Montalegre