Morsas - Ficha Completa do Pinnepedia - Como funcionam as morsas.pdf

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Como funcionam as morsas Autor: Jennifer Hord morças Todos os verões, 4500 toneladas de morsa chegam às praias da Ilha Round, ao sudoeste da costa do Alasca, no Mar de Bering. Os cientistas não sabem muito bem o porquê, mas por alguns meses no verão, cerca de 12 mil morsas macho do Pacífico se juntam ao longo dos 3,2 km da costa da ilha. Desde a base dos rochedos até a rebentação das ondas, tudo o que se vê é morsa. Conhecidas como criaturas gregárias, as morsas podem simplesmente curtir a companhia das outras - embora de vez em quando elas batam em um vizinho com seus dentes compridos para mostrar o seu domínio. Ou talvez elas estejam simplesmente tentando se manter aquecidas, afinal, as temperaturas podem chegar a -32ºC. Ou, quem sabe, estejam apenas "conversando" sobre as fêmeas que estão distantes com as crias, na rota de volta da migração anual ao norte. Joel Sartore/National Geographic/Getty Images As morsas macho cochilam em uma praia do Alasca Seja qual for a razão dessa saída dos machos, ela apresenta um cenário ideal para os cientistas estudarem esse mamífero, cujo nome em dinamarquês significa "cavalo marinho" ou "vaca marinha". Quando a pesquisa começou, os biólogos aprenderam muito sobre essa criatura do ártico. Por exemplo, somente na última década, os cientistas descobriram que a morsa não usa os dentes para cavar e procurar comida no fundo do oceano, como se pensava anteriormente. Na verdade, ela sopra uma corrente de água no fundo do mar para agitar a sua vítima. Nas páginas a seguir, você aprenderá mais sobre esse animal de dentes longos - desde a forma como retira os moluscos das conchas (imagine um aspirador de pó) até a profundidade que pode mergulhar (quase o comprimento de um campo de futebol) [fonte: Lanken]. Um bom amigo Não se assuste com a aparência das morsas, pois elas são seres muito sensíveis. Já foram vistos machos jovens cuidando de morsas machucadas e tirando as mortas (ou as que estão para morrer) do gelo para que os caçadores não pudessem pegá-las. As fêmeas também escondem os filhotes mortos dos caçadores. Apesar da presença do homem nas redondezas, uma mãe determinada triturou um pedaço enorme de gelo com os dentes até que ele quebrasse para libertar seu filhote de uma fenda [fonte: Burns]. Classificação das morsas Autor: Jennifer Hord As morsas são o segundo maior animal pertencente à ordem da Pinnepedia, que também inclui os leões marinhos e as focas. Desses animais, somente o elefante marinho pode ficar maior do que a morsa. As morsas também são o único membro dessa ordem que possui longos dentes - dois caninos superiores bem longos que podem chegar a 91 cm e pesar 5,4 kg. Na verdade, o nome da família da morsa, Obodenidae, significa em grego "aquele que caminha com dentes", referindo-se à maneira como se locomovem sobre o gelo: cravando os dentes no gelo e, em seguida, puxando o corpo para a frente. Você pode achar que esses dentes são usados como arma, mas, na verdade, são usados principalmente como ferramenta e como um modo de estabelecer domínio. Quando os machos ficam agressivos, a pele grossa em volta do pescoço e dos ombros os protege de golpes afiados. Além de usarem as presas para

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Todos os verões, 4500 toneladas de morsa chegam às praias da Ilha Round, ao sudoeste da costa do Alasca, no Mar de Bering. Os cientistas não sabem muito bem o porquê, mas por alguns meses no verão, cerca de 12 mil morsas macho do Pacífico se juntam ao longo dos 3,2 km da costa da ilha. Desde a base dos rochedos até a rebentação das ondas, tudo o que se vê é morsa.Conhecidas como criaturas gregárias, as morsas podem simplesmente curtir a companhia das outras - embora de vez em quando elas batam em um vizinho com seus dentes compridos para mostrar o seu domínio. Ou talvez elas estejam simplesmente tentando se manter aquecidas, afinal, as temperaturas podem chegar a -32ºC. Ou, quem sabe, estejam apenas "conversando" sobre as fêmeas que estão distantes com as crias, na rota de volta da migração anual ao norte.

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Como funcionam as morsas Autor: Jennifer Hord morças Todos os verões, 4500 toneladas de morsa chegam às praias da Ilha Round, ao sudoeste da costa do Alasca, no Mar de Bering. Os cientistas não sabem muito bem o porquê, mas por alguns meses no verão, cerca de 12 mil morsas macho do Pacífico se juntam ao longo dos 3,2 km da costa da ilha. Desde a base dos rochedos até a rebentação das ondas, tudo o que se vê é morsa. Conhecidas como criaturas gregárias, as morsas podem simplesmente curtir a companhia das outras - embora de vez em quando elas batam em um vizinho com seus dentes compridos para mostrar o seu domínio. Ou talvez elas estejam simplesmente tentando se manter aquecidas, afinal, as temperaturas podem chegar a -32ºC. Ou, quem sabe, estejam apenas "conversando" sobre as fêmeas que estão distantes com as crias, na rota de volta da migração anual ao norte.

Joel Sartore/National Geographic/Getty Images

As morsas macho cochilam em uma praia do Alasca Seja qual for a razão dessa saída dos machos, ela apresenta um cenário ideal para os cientistas estudarem esse mamífero, cujo nome em dinamarquês significa "cavalo marinho" ou "vaca marinha". Quando a pesquisa começou, os biólogos aprenderam muito sobre essa criatura do ártico. Por exemplo, somente na última década, os cientistas descobriram que a morsa não usa os dentes para cavar e procurar comida no fundo do oceano, como se pensava anteriormente. Na verdade, ela sopra uma corrente de água no fundo do mar para agitar a sua vítima. Nas páginas a seguir, você aprenderá mais sobre esse animal de dentes longos - desde a forma como retira os moluscos das conchas (imagine um aspirador de pó) até a profundidade que pode mergulhar (quase o comprimento de um campo de futebol) [fonte: Lanken].

Um bom amigo

Não se assuste com a aparência das morsas, pois elas são seres muito sensíveis. Já foram vistos

machos jovens cuidando de morsas machucadas e tirando as mortas (ou as que estão para morrer)

do gelo para que os caçadores não pudessem pegá-las. As fêmeas também escondem os filhotes

mortos dos caçadores. Apesar da presença do homem nas redondezas, uma mãe determinada

triturou um pedaço enorme de gelo com os dentes até que ele quebrasse para libertar seu filhote de

uma fenda [fonte: Burns].

Classificação das morsas

Autor: Jennifer Hord

As morsas são o segundo maior animal pertencente à ordem da Pinnepedia, que também inclui os leões

marinhos e as focas. Desses animais, somente o elefante marinho pode ficar maior do que a morsa. As

morsas também são o único membro dessa ordem que possui longos dentes - dois caninos superiores bem

longos que podem chegar a 91 cm e pesar 5,4 kg. Na verdade, o nome da família da morsa, Obodenidae,

significa em grego "aquele que caminha com dentes", referindo-se à maneira como se locomovem sobre o

gelo: cravando os dentes no gelo e, em seguida, puxando o corpo para a frente.

Você pode achar que esses dentes são usados como arma, mas, na verdade, são usados principalmente

como ferramenta e como um modo de estabelecer domínio. Quando os machos ficam agressivos, a pele

grossa em volta do pescoço e dos ombros os protege de golpes afiados. Além de usarem as presas para

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saírem da água, as morsas as utilizam quando estão embaixo d'água para fazer buracos no gelo. E podem

até prender os dentes no gelo para descansar um pouco enquanto nadam. Os machos e as fêmeas têm os

dentes longos, mas os dos machos são mais compridos e fortes e podem continuar crescendo por até 15

anos [fonte: Burns].

Jeff Foott/Getty Images

Os dentes de uma morsa podem chegar a 91 cm de comprimento e pesar até 5,4 kg

Essas criaturas geralmente são marrom escuro e têm corpos grandes e arredondados. Parecem

relativamente desajeitadas em terra, mas se movem com facilidade pela água, onde passam 2/3 de suas

vidas. As morsas têm quatro nadadeiras com a parte de baixo mais áspera para ajudar a dar tração na neve

e no gelo escorregadios. Para se mover em terra, elas giram os dois membros dianteiros em um ângulo de

90º em relação ao corpo e batem os dois membros traseiros bem abaixo da pelve. Na água, podem atingir

velocidades de até 35 km/h. Os membros dianteiros da morsa são utilizados para conduzi-la e os outros

alternam golpes para empurrá-la pela água, a uma média de 7 km/h [fonte: Burns].

As duas subespécies de morsas - a Atlântica e a Pacífica - são geográfica e reprodutivamente isoladas, o

que significa que não se cruzam nem interagem de modo algum. As duas subespécies são semelhantes,

com exceção do tamanho.

As morsas macho do Pacífico geralmente crescem de 2,7 m a 3,6 m e pesam entre 800 kg e 1700 kg. As

fêmeas crescem de 2,3 m a 3,1 m e pesam entre 882 kg e 2756 kg.

Os machos da subespécie Atlântica são um pouco menores, com 2,9 m e 908 kg. As fêmeas são mais

curtas, porém mais gordas (2,4 m e 794 kg) [fonte: Burns].

Uma terceira espécie?

Alguns cientistas sugerem uma terceira subespécie de morsa, com base em espécime do Mar de Laptev, próximo à Sibéria. A morsa de Laptev tem um crânio semelhante ao da morsa do Pacífico e

o tamanho do corpo está entre o do Atlântico e do Pacífico. Mas os cientistas discutem se essa morsa merece a distinção de uma subespécie, por isso, ela ainda não foi oficialmente reconhecida.

As morsas estão por toda a região ártica. A morsa do Pacífico é encontrada nos mares de Bering, Chuckchi

e Laptev do Oceano Pacífico. A morsa do Atlântico fica no Oceano Atlântico, principalmente no nordeste da

costa do Canadá e na Groenlândia. Existem aproximadamente 250 mil morsas, atualmente e 200 mil estão

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no Pacífico [fonte: Burns]. Como era de se esperar, por predominarem, sabe-se mais sobre as morsas do

Pacífico. Isso acontece, em parte, por questões financeiras, mas também pelo número de desvios de rota.

O mapa mostra a distribuição das

subespécies do Pacífico, do Atlântico e de Laptev. Veja também a rota migratória das morsas do

Pacífico.

Órgãos sensitivos da morsa e alimentação

Autor: Jennifer Hord

As morsas fazem um excelente trabalho de localização de sua caça, mas não apenas por causa de sua boa

visão. Os dois olhos, na frente (e não nos lados) da cabeça, não oferecem uma visão muito boa. Na

verdade, os outros sentidos fazem a maior parte do trabalho. Os ouvidos de uma morsa - dois pequenos

orifícios com abas protetoras - podem detectar ruídos a 1,6 km de distância. O nariz é sensível o suficiente

para detectar a aproximação de predadores e para identificar os jovens. Além disso, uma morsa tem de 400

a 700 pêlos do bigode em 13 a 15 fileiras em volta do nariz. Os bigodes, também conhecidos

como vibrissas, estão presos aos músculos e são dotados de sangue e nervos, o que os deixa altamente

sensíveis.

Istock

As morsas usam seus bigodes sensíveis para detectar

as presas no fundo do oceano

Elas utilizam esses bigodes para localizar seu alimento. Com o nariz no fundo do mar, esguicham a água

das narinas para atiçar o animal que querem capturar. As morsas geralmente saem em busca de alimento

em grupos, em profundidades que variam de 10 a 50 m, e parecem preferir os mariscos como fonte de

alimento. Porém, elas não são exigentes: comem muito mais os animais que ficam enterrados no solo, como

minhocas, lesmas, caranguejos e holotúrias.

Quando uma morsa localiza um animal que vive em conchas, ela geralmente utiliza a boca como

um aspirador de pó para sugar o animal. A sucção é tão forte que as morsas em cativeiro sugam orifícios

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em madeira compensada e descascam a pintura das paredes [fonte: Vlessides]. As morsas não mastigam

seus alimentos, simplesmente os engolem. Uma morsa adulta pode consumir de 3 a 6 mil moluscos de uma

única vez. Elas consomem aproximadamente de 4,2 a 6,2% do peso do seu corpo diariamente [fonte:

Burns].

Muito quente para suportar Uma pesquisa mostra que as morsas podem sofrer um impacto negativo com o aquecimento global. Com o aumento da temperatura média da Terra, uma quantidade cada vez maior de gelo derrete na região polar. Isso poderia ser devastador para as morsas, já que elas dependem das camadas de gelo para descansar entre seus mergulhos. As águas rasas, onde as morsas gostam de se alimentar, agora têm pouco ou nenhum gelo para as mães e os filhotes descansarem enquanto se alimentam. Como conseqüência, as mães precisam viajar para longe para encontrar um outro lugar. Isso significa que podem ficar separadas de seus filhotes. As áreas que têm camadas de gelo são mais profundas e as morsas não estão acostumadas a nadar tão fundo em busca de alimento. Somente o tempo dirá se as morsas poderão se adaptar a percursos mais longos e mergulhos mais profundos devido ao degelo [fonte: Butler (em inglês)].

Então, como as morsas se alimentam debaixo d'água ficando tanto tempo sem ar? E como elas agüentam

as temperaturas geladas da água? Continue lendo para saber como as morsas se adaptaram para suportar

o clima cruel.

Adaptação ambiental da morsa

Autor: Jennifer Hord

As morsas vivem em um dos ambientes mais rudes da Terra. Elas não só vivem onde as temperaturas são

gélidas, como também passam a maior parte do tempo na água, onde liberam o calor do corpo 27 vezes

mais rápido do que na terra. A morsa ainda tenta manter a temperatura do corpo a 36,6ºC. A pele

geralmente fica de 1 a 3 graus mais quente que a água e o metabolismo do animal não é afetado a

temperaturas entre -20 e 15ºC. Algumas morsas parecem não sofrer com as temperaturas da água (cerca

de -35ºC) [fonte: Burns].

Mimotito/Getty Images

Uma camada densa de gordura ajuda a morsa a

sobreviver a temperaturas muito baixas

Como fazem isso? Com bom isolamento, as morsas têm uma espessa camada de gordura bem abaixo da

pele que as mantém aquecidas, modela sua forma e dá energia quando fazem um mergulho raso. Essa

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camada de gordura pode chegar a 10 cm de espessura e consistir em até 1/3 da massa corporal do animal

no inverno [fonte: Burns].

Os vasos sangüíneos da morsa também se contraem e enviam o sangue da pele pelos órgãos principais,

de onde o calor não escapa. Quando a temperatura está baixa ou uma morsa fica debaixo d'água por algum

tempo, a pele parece ser branca. Quando uma morsa está aquecida, sua pele fica com um tom rosado, pois

os vasos se dilatam e o sangue volta à superfície da pele para deixar o calor escapar. As morsas têm pêlos

que gradualmente caem e são substituídos durante o verão, mas esse pêlo tem apenas de 7 a 12 mm de

comprimento, o que influencia muito pouco no aquecimento do animal.

Theo Westenberger/Getty Images

Uma morsa nada

no oceano

Para suportar o frio, as morsas sofreram várias adaptações que permitem que elas fiquem sem oxigênio por

longos períodos de tempo. Essa capacidade está relacionada à circulação. Quando mergulham, os

batimentos cardíacos diminuem e o sangue vai para os órgãos que precisam de mais oxigênio. Além disso,

as morsas têm um alto nível de uma proteína chamada mioglobina no sangue. A mioglobina se liga ao

oxigênio, leva-o pelo corpo e o armazena nos músculos. Os músculos dafaringe, na garganta da morsa,

fecham-se quando ela mergulha para evitar que a água entre nos pulmões do animal.

Para aprender mais sobre o comportamento das morsas e saber como um macho conquista a fêmea com

uma "serenata", veja a próxima página.

Reprodução e comportamento das morsas

Autor: Jennifer Hord

As morsas têm poucos predadores (normalmente baleias ou ursos polares), por isso, elas tendem a ter

vidas relativamente longas - cerca de 30 anos. Durante sua vida, machos e fêmeas vivem em bandos

separados. As fêmeas ficam no mesmo bando durante toda a vida e os machos saem do bando onde

nasceram depois de dois ou três anos para se juntar ao bando masculino.

As fêmeas do Pacífico migram anualmente em bandos. No verão, quando o gelo derrete, as fêmeas vão

para o norte, em direção ao Mar de Chuckchi. Elas voltam para o sul, no Mar de Bering, antes que o gelo

congele no inverno. Os pesquisadores não sabem ao certo por que os machos não migram da mesma

maneira que as fêmeas, mas alguns cientistas especulam que isso pode estar relacionado à produção de

esperma. Pouco se sabe sobre as condições migratórias das morsas do Atlântico; elas aparentemente ficam

na mesma área durante todo o ano.

As morsas macho geralmente atingem a maturidade sexual por volta dos 8 a 10 anos e as fêmeas, com 5 ou

6 anos. Mesmo sendo sexualmente maduros, os machos geralmente não acasalam antes dos 15 anos, e as

fêmeas, antes dos 10.

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Tersina Shieh/Istock

Duas morsas brigam por domínio

As morsas do Pacífico acasalam entre dezembro e março. As fêmeas encontram os machos e o

acasalamento ocorre quando voltam da migração para o norte. Devido ao longo período de gestação de 15

meses, as fêmeas acasalam a cada dois anos ou mais. Assim, as fêmeas que ainda estão grávidas da

temporada anterior se separam das outras quando o ritual de acasalamento começa.

As fêmeas remanescentes se juntam em uma pedra de gelo e se preparam para ser entretidas pelos

machos na água. Geralmente, um ou dois machos se apresentam para cada grupo de aproximadamente 23

fêmeas - fazendo várias vocalizações dentro e fora da água. Nesse momento, os músculos da

faringe (próximos à garganta) surgem como equipamentos de flutuação e amplificadores. Os machos inflam

o peito para ficarem fora da água e começam a "serenata". Junto com esses ruídos, eles estalam os dentes,

assobiam e fazem um som parecido com uma campainha até que a fêmea fique impressionada e entre na

água para acasalar. Os machos geralmente ficam distantes uns dos outros entre 7 e 10 m, caso contrário,

pode começar uma batalha. O domínio nos bandos de machos é estabelecido pelo tamanho do corpo, dos

dentes e pela agressividade.

Durante os quatro ou cinco primeiros meses de gestação, os ovos fertilizados flutuam em volta do útero da

fêmea antes de serem implantados na parede uterina e começarem a se desenvolver. Esse atraso na

implantação é determinado pelas condições metabólicas, além de garantir que as crias nasçam em um

ambiente excelente. As fêmeas dão à luz entre a metade de abril e de junho, quando migram para o norte.

Elas ficam com seus filhotes até o mês de abril seguinte, pouco antes do próximo nascimento. Se não ficam

grávidas na próxima estação, podem ficar com seus filhotes por até dois anos e meio.

Paul Nicklen, National Geographic/Getty Images

Uma fêmea carrega seu filhote

As fêmeas são muito protetoras com seus filhotes. Separam-se de outras morsas para formar uma colônia

'berçário' com outras mães. Elas cuidam de seus filhotes até os dois anos, o que pode variar se

engravidarem ou não novamente no ano seguinte. As fêmeas geralmente passeiam com seus filhotes nas

costas mesmo que eles possam nadar com apenas um mês.

Os filhotes pesam entre 45 e 75 kg quando nascem, crescem de 10 a 15 cm em um mês e ganham de 700 a

900 g por dia. Costumam ter os pêlos mais escuros do que os dos adultos e que vão clareando com a idade.

As morsas parecem inofensivas. Então, por que os caçadores mataram tantas morsas a ponto de sua

quantidade ter diminuído tanto? Saiba mais na próxima página.

Morsas: história, proteção e tradição

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Autor: Jennifer Hord

Embora as morsas tenham poucos predadores naturais, os homens as caçam desde o século 9 por causa

de seu óleo, marfim e pele. Por isso, as populações de morsas decresceram muito e depois se recuperaram

em determinados períodos da história humana.

O óleo de morsa - criado por meio da ebulição da gordura a altas temperaturas - era muito utilizado em

lamparinas, sabão e como lubrificante de máquinas entre 1860 e 1880. Durante esse período, cerca de 10

mil morsas foram mortas em apenas um ano na região oriental do Ártico [fonte: Lanken]. Entretanto, depois

da diminuição mais recente, a caça à morsa tem sido restringida no Canadá, na Rússia e nos Estados

Unidos. Somente os nativos que dependem da morsa como fonte de alimento podem caçar o animal.

Istock

Facão de marfim feito por esquimós

Nos Estados Unidos, a Lei de Proteção dos Mamíferos Marinhos, de 1972, não só protege as morsas dos

caçadores, como também proíbe o comércio do seu marfim. Somente o marfim autorizado por lei ou que

tenha sido trabalhado por um nativo do Alasca pode ser legalmente comercializado [fonte: Burns]. Além

disso, embora a morsa não esteja ameaçada, ela está listada no Artigo III da CITES, a Convenção sobre o

Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas. Essa condição dá alguma proteção ao restringir o

comércio global de morsas e produtos derivados.

Usos tradicionais da morsa

No Alasca, os grupos esquimós Inupiaq e Yupik dependeram da morsa durante milhares de anos. A caça anual se tornou parte da cultura. Historicamente, quase todas as partes da morsa eram

utilizadas - até os intestinos eram comidos ou transformados em capas de chuva. Hoje, os esquimós usam capa de chuva plástica, mas muitos dos usos tradicionais da morsa ainda permanecem. A

carne é usada para alimento; o estômago, para recipientes e tambores; a pele, para capas de barcos e cordas; e o marfim é utilizado nas artes. Cada povoado estabelece um limite de morsas que

podem ser caçadas por ano, assegurando que não se mate mais do que pode ser usado e que o número total de animais não reduza significantemente [fonte: "A subsistência e a caça de

morsas"(em inglês)].

Depois de oscilações significativas nas populações de morsa durante as últimas centenas de anos,

atualmente, o número parece estar estável, podendo até aumentar. Apesar do comércio ilegal de marfim e

dos efeitos do aquecimento global, o número total de morsas é estável.