Mossmann, 2014 válido

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In: MOSSMANN, Suziane da Silva. O ato de dizer entre Babel e Pentecostes : um estudo sobre os usos sociais da escrita na esfera acadêmica. Dissertação de Mestrado  pelo Programa d e Pós-graduação em Linguística. Flo rianópolis, 2014. CONSTITUIÇÃO IDENTITÁRIA: UMA DISCUSSÃO SOBRE RELAÇÕES ENTRE SUB J E TI VI D A D E  E A L TE R I D A DE  IMPLICADAS NO A TO D E DIZER NA ESFE RA ACADÊMI CA Suziane da Silva Mossmann A escrita como ato social está intrinsecamente relacionada à questão da constituição identitária dos sujeitos. O uso social da modalidade escrita da língua implica a materialização das representações e significações de mundo dos sujeitos que se encontram/interagem e se deslocam por meio dessa mesma modalidade que é saturada por valores e crenças. Para Volóshinov (2009 [1929]  p.27-8), a dimensão axiológica é inerente à natureza do signo, da linguagem como atividade, como  prática social e cultur al, e consequentem ente, inerente às r elações humanas. El signo no solo existe como parte de la natureza, sino que refleja y refreta esta otra realidad, y por lo mismo puede distorsionarla o serle fiel, percibirla bajo un determinado ángulo de visión, etc. A todo signo pueden aplicársele criterios de una valoración i deológica.[...] Donde hay un signo, hay ideologia. Todo lo ideológico posee una significación sígnica. Pensar a identidade transcende entendimentos de unidade, de nação 1  e implica compreender essa dimensão axiológica da linguagem, especialmente, em se tratando da modalidade escrita, admitindo um espaço de agentividade para os sujeitos em relação na organização das esferas da atividade humana. Tais compreensões implicam, ainda, que se admita que esses sujeitos se constituem por meio dessa linguagem nas relações intersubjetivas, não sendo, portanto, seres instituídos, determinados pelas esferas por onde transitam, mas sujeitos ativos, responsivos, responsáveis e conscientes que se posicionam, compartilham experiências e articulam sentidos. Ainda sob essa perspectiva e a respeito da questão da identidade, Ivanic (1998, p.12) discute que “[...] identity is not socially determined but socially constructed. This means that the possibilities for the self are not fixed, but open to contestation and change.”  As implicações de assumir um sujeito com tais contornos justificam a premência de se  pensar a linguagem como evento, como lugar privilegiado de sua produção e de constituição dos sujeitos 2 . Na ótica da filosofia bakhtiniana, a linguagem, o enunciado pleno não se resume ao significado, mas assume sentido o qual é tomado como pleno, “[...] relacionado com o valor –  com a verdade, com a beleza, etc.    e que requer uma compreensão responsiva que inclui em si o juízo de valor. A compreensão responsiva do conjunto discursivo é sempre de índole dialógica.” (BAKHTIN, 2010 [1979], p. 332). Assim, a linguagem “[...] com o atividade e o enunciado como um ato singular, irrepetível, concretamente situado e emergindo de uma atividade ativamente responsiva, isto é, uma atitude valorativa em relação a determinado estado de coisas.” (FARACO, 2009, p.24) conta com um sujeito que se posicione eticamente, no sentido bakhtiniano do termo, mediante o caldeirão de vozes sociais que constituem as diferentes esferas. Ainda sob essa perspectiva, Bakhtin (2010 [1920- 24], p.118) escreve: Para minha consciência ativa e participante, esse mundo, como um todo 1  Trataremos da identidade na relação da subjetividade com a alteridade, por isso não tomaremos esse conceito no sentido dos apagamentos e silenciamentos da diferença    discussão proposta por Ponzio (2010)   , uma vez que a unicidade e a pluralidade são aspectos inerentes à relação entre a  palavra outra e a outra palavra (PONZIO, 2010). 2  Referimo-nos aqui à mudança de concepção de língua que é essencial, a nosso ver, na busca por compreensões acerca das questões identitárias implicadas nas relações humanas materializadas nos atos de dizer dos sujeitos.

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  • In: MOSSMANN, Suziane da Silva. O ato de dizer entre Babel e Pentecostes: um

    estudo sobre os usos sociais da escrita na esfera acadmica. Dissertao de Mestrado

    pelo Programa de Ps-graduao em Lingustica. Florianpolis, 2014.

    CONSTITUIO IDENTITRIA: UMA DISCUSSO SOBRE RELAES

    ENTRE SUBJETIVIDADE E ALTERIDADE IMPLICADAS NO ATO DE DIZER

    NA ESFERA ACADMICA

    Suziane da Silva Mossmann

    A escrita como ato social est intrinsecamente relacionada questo da constituio

    identitria dos sujeitos. O uso social da modalidade escrita da lngua implica a materializao das

    representaes e significaes de mundo dos sujeitos que se encontram/interagem e se deslocam por

    meio dessa mesma modalidade que saturada por valores e crenas. Para Volshinov (2009 [1929]

    p.27-8), a dimenso axiolgica inerente natureza do signo, da linguagem como atividade, como

    prtica social e cultural, e consequentemente, inerente s relaes humanas.

    El signo no solo existe como parte de la natureza, sino que refleja y refreta esta

    otra realidad, y por lo mismo puede distorsionarla o serle fiel, percibirla bajo un

    determinado ngulo de visin, etc. A todo signo pueden aplicrsele criterios de

    una valoracin ideolgica.[...] Donde hay un signo, hay ideologia. Todo lo

    ideolgico posee una significacin sgnica.

    Pensar a identidade transcende entendimentos de unidade, de nao1 e implica compreender

    essa dimenso axiolgica da linguagem, especialmente, em se tratando da modalidade escrita,

    admitindo um espao de agentividade para os sujeitos em relao na organizao das esferas da

    atividade humana. Tais compreenses implicam, ainda, que se admita que esses sujeitos se

    constituem por meio dessa linguagem nas relaes intersubjetivas, no sendo, portanto, seres

    institudos, determinados pelas esferas por onde transitam, mas sujeitos ativos, responsivos,

    responsveis e conscientes que se posicionam, compartilham experincias e articulam sentidos.

    Ainda sob essa perspectiva e a respeito da questo da identidade, Ivanic (1998, p.12) discute que

    [...] identity is not socially determined but socially constructed. This means that the possibilities for the self are not fixed, but open to contestation and change.

    As implicaes de assumir um sujeito com tais contornos justificam a premncia de se

    pensar a linguagem como evento, como lugar privilegiado de sua produo e de constituio dos

    sujeitos2. Na tica da filosofia bakhtiniana, a linguagem, o enunciado pleno no se resume ao

    significado, mas assume sentido o qual tomado como pleno, [...] relacionado com o valor com a verdade, com a beleza, etc. e que requer uma compreenso responsiva que inclui em si o juzo de valor. A compreenso responsiva do conjunto discursivo sempre de ndole dialgica. (BAKHTIN, 2010 [1979], p. 332). Assim, a linguagem [...] como atividade e o enunciado como um ato singular, irrepetvel, concretamente situado e emergindo de uma atividade ativamente responsiva, isto , uma

    atitude valorativa em relao a determinado estado de coisas. (FARACO, 2009, p.24) conta com um sujeito que se posicione eticamente, no sentido bakhtiniano do termo, mediante o caldeiro de

    vozes sociais que constituem as diferentes esferas. Ainda sob essa perspectiva, Bakhtin (2010 [1920-

    24], p.118) escreve:

    Para minha conscincia ativa e participante, esse mundo, como um todo

    1 Trataremos da identidade na relao da subjetividade com a alteridade, por isso no tomaremos esse conceito

    no sentido dos apagamentos e silenciamentos da diferena discusso proposta por Ponzio (2010) , uma vez que a unicidade e a pluralidade so aspectos inerentes relao entre a palavra outra e a outra palavra

    (PONZIO, 2010). 2 Referimo-nos aqui mudana de concepo de lngua que essencial, a nosso ver, na busca por

    compreenses acerca das questes identitrias implicadas nas relaes humanas materializadas nos atos de

    dizer dos sujeitos.

  • arquitetnico, disposto em torno de mim como nico centro de realizao do

    meu ato; tenho a ver com este mundo na medida em que eu mesmo me realizo em

    minha ao-viso, ao-pensamento, ao-fazer prtico. Em correlao com o

    meu lugar particular que o lugar do qual parte a minha atividade no mundo,

    todas as relaes espaciais e temporais pensveis adquirem um centro de valores,

    em volta do qual se compem num determinado conjunto arquitetnico concreto,

    estvel, e a unidade possvel se torna singularidade real.

    A linguagem o acontecimento que coloca diante do eu o mundo axiologicamente dito pelo

    outro e organizado em ao conjunta, entre conflitos e confrontos. Concebida como prtica social

    implica irrevogavelmente a relao com a alteridade. Para a filosofia bakhtiniana, cada sujeito [...] nico e ocupa um lugar nico na existncia [...] (FARACO, 2009, p. 46), o que torna os sujeitos singulares em meio ao caldeiro de vozes em que vivem, carreando consigo valores, histria e

    memrias, no entanto a unicidade s faz sentido na dimenso da pluralidade, s pode ser vivida de

    modo participativo (BAKHTIN, 2010 [1920-24]). Para Bakhtin (2010 [1952-53], p.341), Ser significa conviver [...], significando para o outro e atravs dele e para si prprio, ser estar em relao e levar para essa relao/encontro/acontecimento o que se e o que no se . Segundo

    Bakhtin (2010, [1920-24], p.58-59),

    [...] partindo da ao-ato e no de sua transcrio terica, h uma abertura voltada

    para seu contedo-sentido, que inteiramente admitido e includo desde o

    interior de tal ato, j que o ato de se desenvolve inteiramente no existir. [...] tal

    existir , ele se cumpre realmente e irremediavelmente atravs de mim e dos

    outros e, certamente, tambm no ato de minha ao-conhecimento; ele vivenciado, asseverado de modo emotivo-volitivo, e o conhecer no seno um

    momento deste vivenciar-asseverar global. A singularidade nica no pode ser

    pensada, mas somente vivida de modo participativo. [...] Este existir no

    definvel pelas categorias de uma conscincia terica no participante, mas

    somente pelas categorias da participao real, isto , do ato, pelas categorias do

    efetivo experimentar operativo e participativo da singularidade concreta do

    mundo.

    A constituio da subjetividade e, consequentemente, da identidade se d, portanto, na

    relao com o outro e com o outro de si, nos embates e confrontos, nas resistncias e concesses

    negociadas. Nas palavras de Ponzio (2010, p. 40, grifos do autor), A relao no entre eles [o eu e o outro qtomados individualmente], mas justamente aquilo que cada um no encontro da outra

    palavra com a palavra outra, e como no teria sido e provavelmente no poder ser fora daquele

    encontro. A linguagem , nesses termos, negociao de sentidos constitudos nas relaes dialgicas, e nesse tenso embate entre vozes sociais que a dinamicidade da lngua significa

    enquanto realidade vivida (FARACO, 2009). Para Kramsch (1998), a partir de uma perspectiva

    mais antropolgica, a linguagem expressa e incorpora a realidade cultural, um sistema de signos

    que possui valor cultural, materializando a experincia dos sujeitos nos processos de organizao das

    sociedades humanas.

    Destarte, as relaes estabelecidas entre a concepo de sujeito situado, de uma

    incompletude fundante (BAKHTIN, 2010 [1979]) e a noo de linguagem tomada na dimenso da

    eventicidade e da ao social humana no mundo, entendida como produo cultural, fazem-se

    imprescindveis, tendo em vista a discusso da constituio da identidade dos sujeitos, o que se d,

    de uma maneira ou de outra, a partir dessas relaes com o mundo e com o outro. A respeito dessas

    questes, Ivanic (1998, p.213) reflete:

    [...] access to discourses is not random or arbitrary, but socially constrained; all

    people do not have equal opportunities to hear, read, try out and gradually adopt

    discourses and their associated identities. Rather, the social worlds in which

    people move define these opportunities, and consequently restrict the discoursal

    resources people have available for self-presentation. It is not just a question of

    accidents of individual biography, but the differential opportunities which are

    shaped by class, gender and race.

    A subjetividade s faz sentido, de acordo com a filosofia bakhtiniana, na alteridade, porque

    nesse circuito historicamente situado que o sujeito obrigado a assumir sua existncia real (no h

  • libi para a existncia), construindo uma identidade, uma assinatura, uma marca que o torna nico no

    mundo. A responsabilidade, a responsividade e a agentividade implicam necessariamente alteridade.

    Agir, responder, responsabilizar-se por/para interveno do homem na vida em relao ao outro, s

    esferas da atividade humana e aos grupos culturais constitudos ao longo da histria. No olhar de

    Ponzio (2010, p.32) a respeito da filosofia bakhtiniana,

    A palavra enquanto ato singular e responsvel [...] vive na relao de alteridade

    como relao de diferena no indiferente. Trata-se da palavra como evento

    irrepetvel que, enquanto tal, subtrai-se indiferena de um sujeito cognoscente,

    a uma conscincia abstrata, a uma viso teortica. E se subtrai justamente pela

    no indiferena que consiste, de um lado, na responsvel participao que essa j

    requer, na sua prpria forma, no seu dizer alm do contedo, no seu dito, daquele

    ao qual se dirige de modo nico, irrepetvel e insubstituvel.

    nesse sentido que a constituio da identidade se d tambm em relao s diferentes

    esferas da atividade humana e em relao aos sujeitos que se organizam conforme as regularidades e as relativas estabilidades consideradas a partir dos valores, das crenas e das convenes

    compartilhadas historicamente em uma esfera ou em outra. Nas palavras de Ivanic (1998, p.99),

    [...] identity is constructed in the micro-social contexts of interpersonal encounters. No caso, trata-se de pensar a constituio dos graduandos como participantes efetivos ou no em eventos de

    letramento na esfera acadmica e as implicaes identitrias dessa mesma participao. Nesses termos, Kleiman (1998, p.271) compreende o conceito de identidade como

    [...] uma produo social emergente da interao, nem inteiramente livre das

    relaes de poder que se reproduzem na microinterao, nem totalmente

    determinada por estas por fora do carter construtivo, criador de novos

    contextos da interao, que permitiria em princpio, a criao de relaes novas,

    em consequncia da utilizao subjetiva que os interactantes fazem dos elementos

    objetivamente dados pela realidade social.

    A discusso da identidade socialmente construda e no instituda converge com as

    proposies tericas de Lahire (2004) acerca das disposies pessoais dos sujeitos em relao. Para

    esse autor, o conceito de disposio [...] no uma resposta simples e mecnica a um estmulo, mas uma maneira de ver, sentir ou agir que se ajusta com flexibilidade s diferentes situaes

    encontradas. (LAHIRE, 2004, p.30) As diferentes experincias e encontros desencadeiam importantes ressignificaes as quais tm implicaes nos contornos identitrios dos sujeitos

    responsivos. A disposio pode ser entendida como uma realidade construda, em constante

    movimentao, considerando a diversidade de encontros delineados como vivncias e histria.

    [...] realmente no podemos compreender por que indivduos com diferentes

    experincias socializadoras passadas reagem de forma diferente aos mesmos

    stimuli externos, se no levantarmos a hiptese de que esse passado sedimentou,

    de alguma forma, e se converteu em maneiras mais ou menos duradouras de ver,

    sentir e agir, isto , em caractersticas disposicionais: propenses, inclinaes,

    hbitos, tendncias, persistentes maneiras de ser... (LAHIRE, 2004, p.27)

    imprescindvel tomar a constituio identitria, nos contornos anteriormente delineados,

    imbricada ao ato responsvel (BAKHTIN, 2010 [1920-24]) na constituio da subjetividade de seres

    humanos as quais passam a ter lugar no mundo, sendo compreendidas na dimenso das

    singularidades, o que exige participao desses sujeitos corpreos em situaes da vida real que

    demandam deles posicionamentos e aes no mundo. Esses posicionamentos implicam tomar a

    linguagem como o lugar desse sujeito, constituindo-se como atividade dialgica, interventiva. Para

    Ponzio (2010, p.39) exatamente a relao, o encontro que faz existir a palavra como outra palavra;. A esse respeito, Bakhtin (2010 [1920-24], p. 142-3) discute:

    O princpio arquitetnico supremo do mundo real do ato a contraposio

    concreta, arquitetonicamente vlida, entre o eu e o outro. A vida conhece [pelo

    menos] dois centros de valores, diferentes por princpio, mas correlatos entre si: o

    eu e o outro, e em torno destes centros se distribuem e se dispem todos os

  • momentos concretos do existir. Um mesmo objeto, idntico por contedo, um

    momento do existir que apresenta um aspecto valorativo diferente, quando

    correlacionado comigo ou com o outro; e o mundo inteiro, conteudisticamente

    uno, correlacionado comigo e com o outro, permeado de um tom emotivo-

    volitivo diferente, dotado, no seu sentido mais vivo e essencial, de uma

    validade diferente sobre o plano do valor. [...] Esta diviso arquitetnica do

    mundo em eu e em todos aqueles que para mim so outros no passiva e casual,

    mas ativa e imperativa.

    Essa tenso entre as dimenses plural e singular da linguagem e das relaes humanas e,

    portanto, da constituio das identidades dos sujeitos relaciona-se emergncia de compreender

    posicionamentos pretensamente neutros no que se refere aos usos da escrita de diferentes sujeitos com diferentes prticas de letramento que transitam ou se inserem na esfera acadmica. Nesse sentido, a questo do letramento como estudo da linguagem tomada como atividade social entre

    sujeitos em contextos especficos converge com os pressupostos tericos das concepes filosficas

    e sociais de sujeito e de lngua ancorados em uma base histrico-cultural.

    Importa, para tanto, considerar os diferentes usos da escrita, as diferentes maneiras de

    significar e de dizer-se por intermdio dessa linguagem que intermedeia relaes, envolvendo

    sujeitos e trazendo tona diferentes representaes materializadas nos atos de dizer os quais se constituem como eventos de letramento, nesses termos, concretizados consoante as prticas de

    letramento desses mesmos sujeitos. Considerar os usos sociais da escrita e problematizar as relaes

    de poder subjacentes a esses usos requer discusses acerca da constituio da identidade dos

    sujeitos, entendendo-a como parte crucial na participao em eventos de letramentos nas diferentes

    esferas da atividade humana (IVANIC, 1998). Para Ivanic (1998, p.13), These issues of power and power struggle are relevant to all aspects to the social construction of identity, among which

    language, literacy and writing exist alongside other forms of social action and semiosis. Lea e Street (1998, p.160), considerando essas questes, propem que

    An academic literacies approach views the institutions in which academic

    practices take place as constituted in, and as sites of, discourse and power. It sees

    the literacy demands of the curriculum as involving a variety of communicative

    practices, including genres, fields and disciplines. From the student point of view

    a dominant feature of academic literacy practices is the requirement to switch

    practices between one setting and another, to deploy a repertoire of linguistic

    practices appropriate to each setting, and to handle the social meanings and

    identities that each evokes. This emphasis on identities and social meanings

    draws attention to deep affective and ideological conflicts in such switching and

    use of the linguistic repertoire. A student's personal identity - who am 'I' may be

    challenged by the forms of writing required in different disciplines, notably

    prescriptions about the use of impersonal and passive forms as opposed to first

    person and active forms, and students may feel threatened and resistant - 'this isn't

    me' []..

    Conforme discutido anteriormente, convenes e regras que regem a organizao de

    determinadas esferas, no caso, mais precisamente da esfera acadmica, esto pautadas em valores,

    crenas e relaes de poder e agem em favor de identidades privilegiadas (LILLIS, 2001). De acordo

    com Lillis, (2001, p.36), Ideology and hegemony are key to understanding the social status and function of these practices and their underlying conventions which, whilst they are either neutral nor

    fixed, often appear as if they were.. A prtica institucional do mistrio (LILLIS, 2001), tambm discutida no captulo anterior, segundo a mesma autora, tende a limitar a participao dos sujeitos

    nas atividades da esfera acadmica, agindo em favor de determinados grupos sociais por meio de

    discursos que tomam os sujeitos como universais, e a lngua como habilidade individual e tcnica, e,

    portanto, entendida na dimenso monolgica.

    Condies e contextos promovem o silenciamento das vozes desses sujeitos e, por

    conseguinte, de suas identidades. A singularidade apagada em nome de contornos universais e

    aparentemente aleatrios. Nesse sentido, usos sociais da escrita que no convergem com as

    expectativas das convenes acadmicas regentes dos letramentos dominantes so neutralizados e

    considerados inadequados aos usos empreendidos nesse espao. A interdio da diferena ancorada

    nos discursos monolgicos opera em consonncia com os discursos disfaradamente neutros e

    reconhecidamente cientficos. Os j mencionados modelos arquetpicos de educao

  • problematizados por Kalantzis e Cope (2006) e as abordagens relacionadas compreenso dos usos

    da escrita discutidos por Lea e Street (1997; 1998) habilidades e socializao evidenciam o apagamento da histria, das experincias e das vivncias dos sujeitos com prticas de letramento distantes das requeridas na esfera universitria; os discursos de igualdade de oportunidades e de falta de empenho e dedicao enfatizam tais afirmaes, o que afeta substancialmente a condio de participante efetivo na esfera acadmica, caracterizando os sujeitos como insiders ou outsiders

    (KRAMSCH, 1998), nas interpenetraes entre tais condies, como temos registrado

    reiteradamente.

    Se por um lado, tais programas [de educao lingustica] baseiam-se na premissa

    de que a linguagem serve de elo de identificao entre os membros de um grupo,

    por outro lado, a linguagem , ao mesmo tempo, extremamente suscetvel

    mudana, constituindo-se, por isso, no instrumento preferencial de aculturao

    utilizado pela escola. Esse aspecto constitui-se na premissa de programas

    educacionais que objetivam apagar a diversidade e a diferena. [...] Se

    focalizarmos, dentro do contexto educacional, o ensino da escrita na primeira

    perspectiva dos programas educacionais que incorporam uma diversidade de

    valores culturais, o letramento emerge novamente como um fator importante para

    a preservao da heterogeneidade e da diferena cultural. Neste caso, considera-

    se o letramento como um elemento decisivo no contexto de preservao das

    identidades locais [...] (KLEIMAN, 1998, p. 269)

    De acordo com Ivanic (1998), a identidade s se constitui em relao diferena. A autora

    afirma que Similarity, boundaries and difference between social groups play an important role in the process of establishing an identity. (IVANIC, 1998, p. 14). Para Kalantzis e Cope (2006), a questo da diferena implica discusses acerca da igualdade como uma espcie de imposio de

    padres considerados bem sucedidos. A igualdade figura como neutralizao da diferena, espao

    aparentemente isento de axiologias e ideologias (com base em VOLOSHNOV, 2009 [1929]).

    A discusso da igualdade como apagamento dos contornos, logo, das singularidades, remete

    novamente questo do sujeito ativo, que vive eticamente e responde e age de acordo com sua

    historicidade e a partir do lugar que ocupa em relao aos outros; e questo da lngua como

    materializao desse ato tico, como encontro entre sujeitos inconclusos, em constante deslocamento. O silenciamento da diferena opera em favor de discursos monolgicos,

    desconsiderando a natureza dialgica da linguagem e sua dinamicidade. A linguagem como uma

    arena de conflitos e negociao de sentidos resiste a definies estanques, a padronizaes que

    tendem a achat-la, a vitrificar os significados, tranformando-os em esteretipos e eliminando os

    contornos do singular. (PONZIO, 2010). Assim, o amortecimento da diferena consolida a recusa da

    partilha, do encontro, eliminando rudos e a essencialidade deles na relao entre a compreenso e o

    mal-entendido de que fala Ponzio (2010, p.18): Compreenso e mal-entendidos vo de mos dadas e geralmente a compreenso feita de mal-entendidos. [...] Compreenso e mal-entendido, em

    relao que no de recproca excluso, constituem a condio para o encontro de palavras [...]. Kalantzis e Cope (2006) atentam que a diferena precisa ser entendida na dimenso da

    equanimidade e no da igualdade. A perda da diferena no indiferente expresso de Ponzio (2010) negao da relao com a alteridade, com a histria e com a memria dos sujeitos em suas singularidades. Assim, o uso social da lngua interditado e no autorizado , sobretudo,

    interdio de determinados sujeitos e de seus grupos cujos usos no so compreendidos como convergentes com as especificidades dominantes (com base em KLEIMAN, 1998), conduzindo

    novamente discusso da prtica institucional do mistrio (LILLIS, 2001) e s implicaes de todas

    essas consideraes entrelaadas at aqui para a questo da constituio identitria.

    Problematizar, assim, a constituio identitria dos sujeitos parte fundamental na

    discusso acerca de sua participao efetiva ou no em eventos de letramento na esfera acadmica.

    De acordo com Ivanic (1998), a escrita na universidade configura-se, em muitas situaes, como

    obstculo para os estudantes, o que est associado a crises de confiana e conflitos identitrios. Para

    Kramsch (1998, p.3), Speakers identify themselves and others through their use of language; they view their language as a symbol of their social identity. No se reconhecer e no ser reconhecido como parte de uma comunidade no que tange aos usos da modalidade escrita ali empreendidos,

    desvelando divergncias em se tratando das prticas de letramento desses sujeitos, tende a suscitar

    sentimentos de deslocamento, desconfortos e incompreenses silenciadas pela aparente neutralidade

    que sustenta a prtica institucional do mistrio (LILLIS, 2001). A respeito de questes dessa

  • natureza, Kramsch (1998, p.6) escreve:

    People who identify themselves as members of a social group (family,

    neighborhood, professional or ethnic affiliations, nation) acquire common ways

    of viewing the world through interactions with others members of the same

    group. These ways are reinforced through institutions like the family, the school,

    the workplace, the church, the government, and other sites of socialization

    throughout their lives. Common attitudes, beliefs and values are reflected in the

    way members of the group use language for example, what they choose to say or not to say and how they say it.

    A participao efetiva ou no nos eventos de letramento requeridos na esfera acadmica parece-nos, desse modo, estar relacionada s movncias na condio de insider ou outsider

    (KRAMSCH, 1998) que se configuram como uma luta do sujeito para se inserir participativamente

    em uma determinada esfera. Importa enfatizar que estar no continuum entre as condies de insider ou outsider no pode ser tomado na perspectiva da fixidez e da permanncia, uma vez que os

    sujeitos esto em processo de constituio na alteridade. Assim, h deslocamentos e transformaes

    cotidianas decorrentes dessas relaes. Perceber-se como no participante reconhecer, em alguma

    medida, que h especificidades que ainda no foram compreendidas ou que ainda no foram objeto

    de apropriao efetiva por parte do sujeito, o que no quer dizer que esse mesmo sujeito no possa

    deslocar-se em sua identidade a fim de identificar-se com3, o que no necessariamente o coloca em

    um lugar de conformao com o que est posto. A respeito de tais deslocamentos, Ivanic (1998,

    p.19) afirma: [] people are agents in the construction of their own identities: they send messages to each other about these socially ratified ways of being, and thereby reproduce or challenge them in

    them micro-social environment of every day encounters. A tenso no que respeita s movncias da condio de ser/estar insider e/ou ser/estar

    outsider em determinada esfera um processo que pode ser relacionado ao conceito bakhtiniano de

    excedente de viso, que remete ao constante deslocamento, a busca incessante por uma completude impossvel aos sujeitos, que precisam do olhar do outro para se constituirem. Alm disso, essa

    incompletude fundante e no eventual est atrelada questo da distncia ou da exotopia.

    Quando contemplo no todo um homem situado fora e diante de mim, nossos

    horizontes concretos efetivamente vivenciveis no coincidem. Porque em

    qualquer situao ou proximidade que esse outro que contemplo possa estar em

    relao a mim, sempre verei e saberei algo que ele, da sua posio fora e diante

    de mim, no pode ver: as partes de seu corpo inacessveis ao seu prprio olhar a cabea, o rosto, e sua expresso , o mundo atravs dele, toda uma srie de objetos e relaes que, em funo dessa ou daquela relao de reciprocidade entre

    ns, so acessveis a mim e inacessveis a ele. Quando nos olhamos, dois

    diferentes mundos se refletem na pupila dos nossos olhos. [...] Esse excedente da

    minha viso, do meu conhecimento, da minha posse excedente sempre presente em face de qualquer outro indivduo condicionado pela singularidade e pela insubstitubilidade do meu lugar no mundo: porque nesse momento e nesse lugar,

    em que sou o nico a estar situado em dado conjunto de circunstncias, todos os

    outros esto fora de mim. (BAKHTIN, 2010 [1975], p.21, grifos do autor)

    A inconclusibilidade associada insolubilidade na dimenso da exotopia e, por implicao, do excedente de viso retornam alteridade e constituio da identidade, nessa relao de mal-

    entendidos e de compreenses (PONZIO, 2010). Ser/estar insider ou outsider, nesse contexto, constituir-se como e ser percebido dessa maneira pelos outros participantes da esfera. buscar, de

    certa forma, um lugar em um grupo, a fim de pertencer a ele, de maneira ativa, responsiva e

    responsvel, sem isentar-se das implicaes que acompanham a constituio nesses contornos.

    A discusso volta-se, ento, para a compreenso de pertencimento e de compartilhamento,

    o que suscita uma reflexo acerca de dois movimentos que parecem distintos: trnsito e insero. Embora estejam relacionados, no basta circular pela esfera, preciso conhecer convenes,

    compartilhar valores, entender como as relaes se do nesse contexto, empreender usos sociais

    3 A respeito do uso do verbo identificar e do nome identidade, Ivanic (1998) ressalta que entende o verbo como

    processo e que o nome carrega um sentido de fixidez, o que para ela, aparece como uma desvantagem. A nosso

    ver, podemos entender essa fixidez como algo temporrio e no permanentemente fixo ou imutvel.

  • especficos da lngua, problematizando-os, quando necessrio, posicionando-se diante de situaes

    ali recorrentes.

    O no compartilhamento dessas diretrizes parece evidenciar uma relao de participao

    artificialmente constituda; ou seja, apesar de reconhecer-se como estrangeiro (IVANIC, 1998), o sujeito est consciente de comportamentos, atitudes e valoraes caractersticos da esfera acadmica e esperados dele na condio de participante das atividades nela experienciadas. Incorporar tais

    atitudes, assumir valores sem compreender exatamente suas implicaes ideolgicas resultam em

    uma espcie de pseudoparticipao, processo no qual os sujeitos, ainda que conflituosamente,

    experienciam uma negao de sua constituio identitria, almejando o pertencimento ao novo grupo

    social, o que passa pelo reconhecimento dos outros membros do grupo.

    Esse tipo de participao pode tangenciar a compreenso estereotipada de grupo e da prpria condio de participante. Os sujeitos acabam baseando suas aes e escolhas nos conjuntos

    de valores, crenas e interesses aos quais se afiliam de maneira, muitas vezes, ingnua e

    descontextualizada, ocasionando desconfortos ligados percepo de descarte de sua historicidade

    em favor de uma noo de identidade que pode ser reelaborada adamicamente, rejeitando valoraes

    e entendimentos constitudos em relaes estabelecidas em outras esferas. Segundo Ivanic (1998, p.67) They select, usually, subconsciously, from among the practices associated with those cultures, thereby engaging in heterogeneous practices of their own which simultaneously reaffirm some

    cultures and deny others.. A autora discute esse tipo de participao como alienada e o comportamento dos sujeitos como cnico, em outras palavras, Writers are positioned by the discourses they subconsciously choose, or are forced in some way to employ. (p.228), no configurando um envolvimento participativo e responsvel.

    Nesse sentido, entendemos o trnsito como uma espcie de pseudoparticipao, mais

    prxima da condio de outsider, enquanto a insero aproximar-se-ia da condio de insider. Trata-se de condies que, em se tratando do objeto deste estudo, alteram-se mediante ressignificaes

    das prticas de letramento dos sujeitos promovidas pelos encontros envolvidos em atividades na esfera acadmica. Almejar o pertencimento um primeiro passo em direo a novos contornos

    identitrios; tal movimento decorre da considerao de que h vantagens em agregar outros valores e

    representaes, os quais se materializam no dizer, que tambm dizer-se. De acordo com Ivanic (1998, p.8), isso [] show how mature students feel that the onus is on them to change in order to identify themselves with the institutions they are entering. Em convergncia com tal discusso, Lahire (2004, p.35) escreve:

    Considerando que cada ponto da trajetria pode ter causado uma crise, uma

    negociao, uma dvida, uma hesitao entre diversas possibilidades, uma

    resistncia ou uma presso (eventualmente aceita mais tarde e no mais

    vivenciada como tal), tentamos encontrar a heterogeneidade incorporada do

    indivduo, no meio de constelaes especficas de indivduos (ligados por

    relaes de interdependncia).

    Ser/estar insider ou/e outsider transcende, portanto, dicotomizaes e entendimentos

    restritivos aos usos da linguagem em uma concepo autnoma do letramento. De acordo com

    Ivanic (1998, p.58), Written language is still although maybe not in perpetuity a particularly important semiotic system, since it is one which has a gatekeeping function in

    many social contexts, and the inability to use it according to particular, privileged

    conventions affects many peoples life chances.

    Novamente, tal discusso retoma a prtica institucional do mistrio (LILLIS, 2001) e suas

    implicaes na constituio identitria dos sujeitos. Os usos sociais da modalidade escrita da lngua

    so atos de identidade, so escolhas e posicionamentos, que mediante os discursos dominantes,

    sustentados pela lgica do modelo autnomo de letramento, acabam silenciados, interditados por no dizerem da maneira que devem dizer o que precisam ou pretendem dizer. Na perspectiva de

    Kramsch (1998, p.9), os questionamentos a respeito das relaes de poder so convergentes com as

    discusses do letramento e dos deslocamentos referentes s compreenses da interface entre sujeito,

    lngua e sociedade.

    Who is entitled to speak for whom, to represent whom through spoken and

    written language? Who has the authority to select what is representative of a

  • given culture: the outsider who observes and studies that culture, or the insider

    who lives and experiences it? According to what and whose criteria can a cultural

    feature be called representative of the culture?

    Na viso de Kramsch (1998, p.8), Language is not a culture-free code, distinct from the way people think and behave, but, rather, it plays a major role in the perpetuation of culture,

    particularly in its printed form.. A dimenso axiolgica se faz presente na cultura como forma de organizao, como ao humana no mundo e na vida, de modo que a cultura tambm produto

    social e historicamente situado, compartilhado pelos membros de uma comunidade (KRAMSCH,

    1998). Assim, a tenso entre ser/estar insider ou outsider, nessas condies, est relacionada aos

    aspectos dessa cultura [...] as a process that both includes and excludes, always entails the exercise of power and control.

    (KRAMSCH, 1998, p.8). Nas palavras da autora [...] cultures are

    fundamentally heterogeneous and changing, they are a constant site of struggle for recognition and

    legitimation. (KRAMSCH, 1998, p.10).

    A cultura como atividade social humana, como interveno do homem no tempo e no

    espao constitui as dimenses histricas da identidade de uma comunidade ou grupo cultural e,

    consequentemente, dos sujeitos em relao. Tal acontecimento se d por meio da linguagem,

    tambm como prtica social humana, uma vez que a materializao da ideologia se concentra no

    signo, na lngua como arena de confrontos de ideias, interesses e verdades. Segundo Volshinov

    (2009 [1929], p.32): La realidad de los fenmenos ideolgicos es la realidad objetiva de los signos sociales. Las leyes de esta realidad son leyes de la comunicacin semitica determinadas

    directamente por todo el conjunto de las leyes econmicas y sociales. Para o pensamento bakhtiniano, a ideologia

    [] indica tanto as diferentes formas da cultura, os sistemas superestruturais como a arte, o direito, a religio, a tica, a conscincia cientfica etc. (a ideologia

    oficial), quanto as diferentes camadas da conscincia individual, as que

    coincidem com a ideologia oficial e as que coincidem com a ideologia no oficial, e as camadas do inconsciente, do discurso censurado, A ideologia expresso das relaes materiais dos homens, onde expresso no significa somente interpretao ou re-apresentao, mas tambm organizao e

    regulamentao dessas relaes. (PONZIO, 2013, p.179)

    Diante de consideraes dessa natureza, a modalidade escrita da lngua tomada na dimenso

    dialgica e compreendida como atividade, como encontro entre o eu e o outro, desvela aspectos importantes acerca do processo de constituio identitria dos sujeitos. Esses elementos remetem

    experincia de vida do sujeito, sua constituio subjetiva, atrelada ao seu sentido acerca de si como

    sujeito nico no mundo em relao ao outro e realidade construda por meio da escrita, do ato de

    dizer (IVANIC, 1998).

    Writing is an act of identity in which people align themselves with socio-

    culturally shaped possibilities for self-hood, playing their part in reproducing or

    challenging dominant practices and discourses, and the values, beliefs and

    interests which they embody. (IVANIC, 1998, p. 32)

    Desse modo, empreender determinados usos da escrita um ato de identidade no qual os

    sujeitos constroem representaes a respeito do mundo e a respeito dos outros, carreando consigo

    sua histria. Trata-se de representaes pautadas em suas experincias, em seus valores e construdas

    na tenso entre o lugar que cada sujeito ocupa e o lugar ocupado pelo outro, com todas as

    implicaes histricas, sociais e econmicas de um espao e de outro, e em uma dimenso mais

    ampla, de uma esfera ou de outra. No olhar de Ivanic (1998, p.40),

    [] social identity consists firstly of a persons set of values and beliefs about reality, and these affect the ideational meaning which they convey through

    language. Social identity consists secondly of a persons sense of their relative status in relation to others with whom they are communicating, and this affects

    the interpersonal meaning which they convey through language. A third

    component of social identity is a persons orientation to language use, and this will affect the way they construct their message.

  • A questo da identidade nodal para compreender os diferentes usos sociais da escrita

    empreendidos pelos sujeitos nesse caso, na esfera acadmica consoante suas prticas de letramento. Trata-se de tomar o fenmeno do letramento como ideolgico, conforme propem Street (1984), Heath (1982), Barton (1994), Hamilton (2000), Lillis (2001), Kleiman (1995; 1998),

    Ivanic (1998) entre outros estudiosos. Tais contornos nos levam a discutir a identidade como

    fundamental na insero ou trnsito do sujeito nas esferas da atividade humana, nesse caso, em

    situaes nas quais a escrita est presente nas relaes humanas. Para Kleiman (1998, p.281), As identidades so (re)criadas na interao e [...] a interao tambm instrumento mediador dos

    processos de identificao dos sujeitos sociais envolvidos numa prtica social. A participao dos sujeitos nos eventos de letramento requeridos na esfera acadmica

    decorre da experincia de necessidade, por parte do graduando, de se inserir efetivamente nessa ou

    em outra esfera (IVANIC, 1998). Essa condio est atrelada noo de prticas de letramento que

    particularmente relevante para o estudo das questes identitrias no que se refere atividade de

    escrita na esfera acadmica. Para Ivanic (1998, p.67): Literacy practices of all these types are both shaped by and shapers of peoples identity: acquiring certain literacy practices involves becoming a certain type of person.. A materializao do evento de letramento desvela, nesse sentido, muito mais do que dificuldades no plano da gramtica e da escrita como tcnica e habilidade do sujeito na

    utilizao do cdigo (ZAVALA, 2010). Esto subjacentes ao ato de escrita vivncias e outras vozes.

    A esse respeito, Ivanic (1998, p.181) escreve

    All our writing is influenced by our life-histories. Each word we write represents

    an encounter, possibly a struggle, between our multiple past experience and the

    demands of a new context. Writing is not some neutral activity which we just

    learn like a physical skill, but it implicates every fiber of the writers multifaceted being.

    Nesses termos, entrar na universidade propor-se a diferentes encontros os quais desafiam a

    identidade dos sujeitos, especialmente, em determinados grupos, deslocando crenas, saberes e

    valores anteriormente estabilizados. Adentrar a esfera acadmica, passar a fazer parte dela coloca os

    sujeitos mediante outras palavras e usos, outros contextos e diferentes finalidades, exigindo deles

    atos de dizer que materializem e negociem sentidos criticamente. Ivanic (1998, p.68) registra que

    [...] attempting to take up membership of the academic community which is an addition to, possibly at odds with, other aspects of their identity. They will be encountering literacy practices which

    belong to people with social identities different from theirs. Por outro lado, as relaes estabelecidas na esfera acadmica deslocam e desconfortam

    tambm os sujeitos que j so considerados insiders eis, mais uma vez, as movncias no mencionado continuum , bem como as prticas de letramento que norteiam os letramentos dominantes. H, na tica bakhtiniana, conforme mencionado anteriormente, um embate de foras centrpetas e centrfugas que, em nosso entendimento, atuam tambm na constituio da identidade

    dos sujeitos e por implicao das esferas. De acordo com Ivanic (1998, p.70), [...] this new experience is going to require people extend their repertoire of literacy practices: to build and adapt

    existing ones and to engage in new ones. Nesse sentido, importa considerar vivncias e experincias dos sujeitos que vo aos

    encontros e que reagem diferentemente as diversas propostas de participao em eventos de

    letramento. Tais reaes representam diferentes disposies das prticas de letramento desses

    sujeitos e, portanto, de suas identidades, que se confrontam com outras atividades, outros sujeitos e outras maneiras de dizer. A multiplicidade de encontros promovidos luz da precariedade que a

    temporalidade implica (BAKHTIN, 2010 [1979]) e as diferentes prticas de letramento envolvidas nos encontros influenciam na ressignificao das compreenses e posicionamentos dos sujeitos

    mediante suas prprias representaes e construes de mundo, provocando deslocamentos no que

    concerne aos contornos da assinatura de cada sujeito nas esferas da atividade humana, ou seja, no modo como o sujeito se constitui, de maneira a assumir sua responsividade e responsabilidade de

    sujeito situado. Para a filosofia bakhtiniana, tais consideraes so imprescindveis quando se

    considera a constituio da subjetividade na alteridade:

    Somente a partir do interior de tal ato como minha ao responsvel, e no de seu

    produto tomado abstratamente, pode haver uma sada para a unidade do existir.

    Somente do interior de minha participao pode ser compreendida a funo de

  • cada participante. [...] Compreender um objeto significa compreender meu dever

    em relao a ele (a orientao que preciso assumir em relao a ele),

    compreend-lo em relao a mim na singularidade do existir-evento: o que

    pressupe a minha participao responsvel, e no a minha abstrao.

    (BAKHTIN, 2010 [1920-24], p. 65-66)

    Diante de reflexes dessa ordem, pode-se estabelecer articulaes entre a discusso da

    subjetividade/identidade e do letramento, considerando, para tanto, as dimenses axiolgica e

    dialgica que entendemos haver em ambos os conceitos, ocupados das singularidades e dos

    fenmenos plurais e sobretudo da escrita mediando as relaes intersubjetivas, concebidas, aqui, na

    perspectiva do encontro (PONZIO, 2010). Segundo Ivanic (1998), identidade , nesse sentido,

    questo central para os estudos do letramento na perspectiva ideolgica (STREET, 1984).

    Retornando s categorias de Hamilton (2000) acerca dos conceitos de eventos e de prticas de

    letramento, entendemos ser a constituio identitria relevante, considerando os diferentes usos

    sociais da escrita e as identidades implicadas nesses usos. Trata-se de diferentes prticas de letramento, diferentes modos de materializar as relaes por meio dos eventos de letramento em

    estreita relao com a questo da identidade. A partir das categorias de Hamilton (2000), entendemos possvel estabelecer uma relao

    entre participantes, esfera da atividade humana, atividades, artefato, vivncias, experincias,

    sentimentos e valoraes, pautando tais imbricamentos na noo de sujeito constitudo na relao com o outro por meio da lngua, no caso, a modalidade escrita presente nos encontros com a

    alteridade/outridade. Para Kleiman (1998, p.279): Quando consideramos a interao de grupos muito diferenciados quanto a seus valores, crenas e atitudes, em que h marcada assimetria entre os

    participantes em relao ao poder e s normas institucionalmente determinadas, o conflito a norma

    e no a exceo.. O imbricamento de experincias e os conflitos decorrentes das relaes intersubjetivas e materializados no uso social da escrita movimentam as identidades e reverberam

    nas questes de pertencimento dos sujeitos.

    Assim, a identidade fundada e est ancorada na relao entre sujeitos organizados socialmente, caracterizados, em se tratando da escrita, por prticas de letramento constitudas em

    meio ao caldeiro de vozes dialogicizantes no qual os sujeitos experienciam as relaes

    intersubjetivas (IVANIC, 1998) nas diferentes esferas da atividade humana. O ato de escrita na

    esfera acadmica, ou, mais precisamente, o ato de dizer como prtica social, como atividade

    interventiva, materializa a estreita relao entre identidade e linguagem. Trata-se de um processo

    que move ressignificaes, em alguma medida, das prticas de letramento dos sujeitos que se

    encontram em meio aos compreendidos e aos mal-entendidos. Ivanic (1998) prope articulaes referentes compreenso da escrita em interface com a

    identidade. A autora menciona a importncia das experincias prvias, aspecto que pode ser

    relacionado noo de clculo de horizonte de possibilidades e memria de futuro em relao memria de passado conceitos bakhtinianos. A ao e o posicionamento dos sujeitos balizam-se, portanto, em relao a sua possibilidade de calcular, de refletir acerca da natureza das intervenes

    pretendidas.

    Ao enunciar, resgatam-se os valores j estabelecidos, mas ao invocar os valores

    ou ressignificaes, concomitantemente, reinventa-se o sentido, pois o indivduo

    contribui com o tom, a expresso e o desejo do seu projeto discursivo. A

    memria de passado o que se pode chamar de atual, contempornea; j a

    memria de futuro utpica, isto , ainda sem lugar, no concretizada. A

    primeira tem a ver com a esttica, com a constituio do indivduo. A segunda

    com a moral, a reviso e a reapresentao dos valores. A memria de futuro

    colocada como a imagem de um sujeito criativo, logo com responsabilidade

    moral. O futuro garante minha justificao, pois ele revoga o meu passado e o

    meu presente, mostra minha incompletude, exige minha realizao futura, e no

    como continuao orgnica do presente, mas como sua eliminao essencial, sua

    revogao. Cada momento que vivo conclusivo, e ao mesmo tempo inicial de

    uma nova vida. (GEGe, 2009, p. 72)

    Outro aspecto considerado por Ivanic (1998) refere-se maneira como os sujeitos se

    posicionam ao usar socialmente a lngua na modalidade escrita. Importa atentar para os recursos

    lingusticos, a tematizao, a organizao dos contextos, a composio de si mediante normas e

  • regras no compartilhadas, em muitas situaes , a escolha das vozes, as pretenses do dizer, os processos de negociao de sentidos, as resistncias e concesses constitudas a partir das interdies

    e autorizaes. Segundo Lillis (2001), o ato de dizer ou o uso social da escrita, nesse caso, implica produo de sentidos e transformao de identidades: o modo como os sujeitos dizem o que querem

    dizer; as razes que os motivam a buscar engajamento em determinados eventos de letramento; as estratgias empreendidas no ato de dizer; e, por fim, o endereamento.

    Em consonncia com o segundo aspecto apontado por Ivanic (1998), est a concepo

    dialgica da linguagem, o reconhecimento da palavra outra em relao construo de significados da outra palavra (PONZIO, 2010). Alm disso, esse o espao em que h lugar para a

    contrapalavra, para a negociao de sentidos e de valores em interao com as normas e regras

    reguladoras dos atos de dizer. A escrita como atividade social e como ato de identidade, pensada luz dos aspectos mencionados anteriormente, favorece a possibilidade de desafios ao status quo,

    defendido pelas foras mantenedoras do mainstream. Conforme Ivanic (1998, p.106): Students bring into institutions of higher education multiple practices and

    possibilities for self-hood, all of which have the potential to challenge the status

    quo. The act of writing a particular assignment is a social interaction in which all

    these issues are brought into play.

    O modo como os sujeitos experienciam a esfera acadmica em suas particularidades est relacionado discusso da constituio identitria e ao conceito de prticas de letramento. Tais

    inter-relaes representam implicaes na maneira como os sujeitos reagem a essas especificidades.

    Zavala (2010) problematiza a escrita na universidade, desvelando relaes de poder que obram em

    favor de determinadas identidades, apontando para a necessidade de se repensar a forma como o

    letramento concebido nesses espaos. Zavala e Crdova (2011, p.27) lanam a seguinte reflexo:

    Sabemos que el sistema educativo promueve la eliminacin de las diferencias,

    justifica las clasificaciones y desvaloriza las identidades que no se adaptan a la

    deseada identidad comn. En el marco de este discurso en el que las diferencias estn asociadas al dficit y a la desviacin de la norma construida, muchos

    alumnos suelen adecuar su imagen a las expectativas que circulan sobre ellos, y

    otros tantos deben lidiar con este mandato y llegan a negociar salidas alternativas.

    Retornamos, aqui, ao conceito da prtica institucional do mistrio (LILLIS, 2001). Ivanic (1998), ainda sob essa perspectiva, prope, nessas circunstncias, que se analise a relao entre os

    letramentos dominantes, as identidades dos sujeitos e a escrita como uso social situado,

    ideologicamente construdo nas relaes intersubjetivas. Para Freire (2012[1968]), por sua vez, a

    insero crtica dos sujeitos na realidade condio fundamental para que as realidades possam ser

    transformadas, deslocadas.

    A realidade social, objetiva, que no existe por acaso, mas como produto da ao

    dos homens, tambm no se transforma por acaso. Se os homens so os

    produtores desta realidade e se esta, na inverso da prxis, se volta sobre eles e os condiciona, transformar a realidade opressora tarefa histrica, tarefa dos

    homens. (FREIRE, 2012 [1968], p. 42)

    Entendemos, pois, que a relao dos sujeitos com a escrita na esfera acadmica implica a

    questo da identidade. Importa considerar os diferentes modos de agir e de dizer dentro da universidade em relao maneira de ser/estar dos graduandos e os subentendidos implicados nos

    silncios, nas divergncias e na busca por pertencimento. Ivanic (1998) problematiza

    posicionamentos de resistncia entrelaados discusso do letramento e das implicaes identitrias

    dos sujeitos em relao; e discute que Acting in this case, writing as a member of a social group is what contributes to change.

    (IVANIC, 1998, p.28-9). J de acordo com Kleiman (2009, p.24), o

    [...] esquecimento e os silncios de um grupo social ou de um indivduo nem sempre so sinnimos de passividade ou conformismo, mas podem ser formas de resistncia s memrias dominantes em

    dada sociedade em um determinado tempo histrico. Finalmente, o ponto de confluncia de toda essa discusso parece estar no que Ponzio

    (2010) trata como a tenso entre Babel e Pentecostes. Em seu olhar, a questo da palavra

    compreendida como atividade e como lugar da tenso est atrelada complexa ao do viver juntos.

  • Para Kleiman (1998, p.275), [...] a contradio parece ser inerente prtica social devido, muitas vezes, ao conflito por causa das relaes de poder entre os participantes. Assim, compartilhar diferenas, sem apagar ou silenciar as singularidades em favor de universalidades simuladas parte

    do desafio de buscar compreenses acerca de fenmenos sociais. Conviver com a diferena, destarte,

    enriquecer a experincia e a compreenso da vida e do mundo. A tenso entre as noes de

    homogeneidade e heterogeneidade, universalidade e singularidade, centralidade e margem, trnsito e

    insero, superfcie e profundidade, reflexo e refrao do o tom a essa complexa discusso que pe

    em foco o fenmeno humano, ultrapassando dicotomizaes e neutralizao de olhares.

    Viver juntos est entre Babel e Pentecostes. No fcil porque necessrio

    liberar-se do preconceito segundo o qual tudo seria mais fcil, tudo daria certo e

    tudo procederia em harmonia [...] se efetivamente existisse uma gramtica

    universal ou, pelo menos, uma lngua nacional unitria, fixa disponvel que

    requeresse somente o esforo de aprend-la. Enfim, o preconceito segundo o qual

    Babel uma maldio e Pentecostes, um milagre. (PONZIO, 2010, p. 19)

    Para Galeano (2002 [1991], p.66),Somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos. A identidade no uma pea de museu, quietinha na vitrine, mas a sempre assombrosa

    sntese das contradies nossas de cada dia.. J para Kleiman (2010, p.388), O processo de construo identitria na interao no um processo tranquilo, de coexistncia multicultural, mas

    de conflito e contradio, no qual as identidades esto em constante construo e mudana. Tais contradies so postas no encontro, no embate entre a palavra outra e a outra palavra (PONZIO,

    2010).

    O valor da palavra do singular acrescentado e enriquecido pela compreenso

    participativa da palavra outra que adverte toda a sua precariedade, a limitao, a

    provisoriedade, a fugacidade; que adverte o seu sentido de falta, a sua

    possibilidade da ausncia; a sua inseparabilidade mortal; [...] a outra palavra [...]

    se retalha na sua singularidade, irrepetibilidade e no-intercambialidade; outra

    palavra justamente sobre o pano de fundo dos lugares do discurso de uma

    determinada poca, com os seus valores fixos como objetivos, e identificveis

    como pertencentes a uma determinada organizao social, a uma determinada

    cultura, a uma determinada nao, a uma certa concepo moral, religiosa, a uma

    determinada regulamentao jurdica, a uma certa posio, profisso, a um

    determinado papel. (PONZIO, 2010, p.45-46)

    Destarte, o ato de dizer tomado como ato de identidade, como acontecimento. De acordo com Ivanic (1998, p.242), It is not just a question of a few new words here and there, but a whole new way of being, not only at the university but also at home.. Na perspectiva do letramento, os eventos esto ancorados em prticas de letramento; na tica bakhtiniana, por sua vez, h nas palavras histria, anseios, memrias, saberes, valores e experincias; o dilogo instaurado.

    Em outras palavras, o ato de dizer tomado como evento, como experincia que se materializa nos encontros. Para Bonda (2002, p.22), A experincia o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. No o que se passa, no o que acontece, ou o que toca.. A experincia compreendida, nesse sentido, como acontecimento que envolve sujeitos ativos/responsivos,

    inconclusos e em constante busca por sua completude, pelo acabamento inatingvel. A experincia

    constituda, portanto, na alteridade, na relao entre os sujeitos que agem no mundo, deslocando a si

    e aos outros na dimenso de seus contornos identitrios, no simpsio de suas experincias.

    Referncias

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