Motivações e ideias subjacentes às Iniciativas de proteção à natureza no Brasil (1605 - 1965)
-
Upload
pablo-pessoa -
Category
Science
-
view
71 -
download
3
Transcript of Motivações e ideias subjacentes às Iniciativas de proteção à natureza no Brasil (1605 - 1965)
1) cobrir(-se) com alguma coisa ou abrigar(-se) em algum lugar para que fique a salvo de perigos ou fatores externos; esconder(-se);
2) tomar medidas para a defesa (própria ou de alguém ou de alguma coisa); defender(-se), preservar(-se), resguardar(-se).
(l.protegere)
(HOUAISS, 2004)
“São áreas terrestres ou marinhas especialmente dedicadas à proteção e manutenção da diversidade biológica e dos recursos naturais e culturais associados” (UICN, 1994)
(PIMENTEL, 2001)
Para cada iniciativa:
-objeto ou foco de proteção;-situação motivadora;-argumentos e conceitos;-beneficiários diretos.
Fichamento elevantamento qualitativodos assuntos recorrentes.
Quadro síntese.
Principais trabalhos:
Araújo (2007); Medeiros (2006); Bensusan (2006); Morsello (2001); Castro Júnior,Coutinho e Freitas (2009).
Periodização de Medeiros (2006).
Instrumentos legais
Estrutura e lógica de criação de áreas protegidas.
Iniciativas an-teriores ao Có-digo Florestalde 1934.
Ordenações reais francesas de Jean Colbert(Luís XIV).
“Manuelinas”, ordenações reais portuguesas(D. Manuel I).
Séc. XV
Extração e co-mercializaçãodo Pau-Brasil.
Caesalpinia echinata
Nativa daMata Atlântica.
Regimento do Pau-Brasil (1605).
El-reiD. Filipe II
“Primeiramente Hei por bem, e Mando, que nenhuma pessoa possa cortar nem mandar cortar o dito pau Brasil, por si, ou seus
escravos ou Fei-tores seus, sem expressa licença, ou escrito do Provedor mor de Minha Fazenda, de cada uma das Capitanias, em cujo distrito es-tiver a mata, em que houver de...
El-reiD. Filipe II
cortar; e o que o contrário fizer ocorrerá em pena de morte e con-fiscação de toda sua fazenda.”
(MIRANDA, 2004)
A árvore estava se tornando rara.
Penetrações continente adentro.
Carta Régia de 13 de março de 1797.
Coibir o corte não-autorizado de madeiras nobres.
Respaldo em inventários encomendados pelo governo português.
Efetividade?
Expansão dos plantios de Café(1760).
Derrubada da mata primitiva dos morros do Trapicheiro, Sumaré, Corcovado e Paineiras (serra do carioca).
sécs. XVIII e XIX
Proteção da Floresta da Tijuca.
Estoques hídricos comprometidos.
séc. XIX
D. Pedro II or-dena a desapro-priação da área para recuperação.
1857, Br. do Bom Retiro. Min. dos Negócios do Imp.
Desapropriação e replantio de nativas.
Proteção da Floresta da Tijuca.
séc. XIX
1861. Garantia de recursos hídricos.
Intitui-se as florestas da Tijuca e das Paineiras.
José Bonifácio André Rebouças
O impacto do desmatamento.
Sugere a criação de um setor administrativo dedicado à conservação(1821).
(1763-1838) (1838-1898)
Inspirou-se em Yellowstone(1872).
Publica o artigo “Parque Nacional”
(1876).Sugere os parques de Sete Quedas(PR) e Ilha do Bananal(TO).
1896. Parque Estadual e Serviço Florestal de São Paulo.
Falta de uma Política Nacional.
1911. “Mapa Florestal do Brasil”, de Luís Felipe Gonzaga de Campos.
Descrição dos Biomas e estados de Conservação.
Declaradas intenções.
séc. XX
1911. Decreto Nº
8.843 de 26/07.
Reserva florestal no Acre de 2,8 milhões de ha.
séc. XX
Estação Ecológica do Rio Acre.
Décadas depois, descobertos os instrumentos e as áreas já estavam destruídas. (1990’)
Primeiras décadas.
Formação de grupos que exerciam pressão sobre o governo.
séc. XX
Domínio das elites rurais.
Quadro de insensibilidade.
Revolução de 1930.
[ . .. ] é possível afirmar que asmedida s ad o tadas p elo governorevolucionário liderado por GetúlioVargas na década de trinta constituemum marco no processo de intervenção
do Estado na economia com a finalidade depromover o seu desenvolvimento. Sob oefeito do impacto da crise internacional,e amparado nos poderes que o novo regime
conferia ao Executivo Federal, a AdministraçãoVargas promoveu uma reforma administrativa eadotou medidas protecionistas para promovermudanças na estrutura produtiva, até entãodominada pelo setor agrário exportador e, comisso, alterar também a relação das forças quecontrolavam o poder político nacional.
(REZENDE, 2009)
INICIATIVAOBJETO(S) DE
PROTEÇÃO
SITUAÇÃO
MOTIVADORA
ARGUMENTOS E
CONCEITOSBENEFICIÁRIO(S)
Ordenações reais
francesas e manuelinas
Recursos florestais
(e hídricos)
Rarefação do recurso
(estoques reais,
abastecimento
interno)
Controle da exploração;
Visão recursista
Estados europeus
(navios) e nobreza
(lenha)
Regimento do Pau-Brasil Pau-Brasil Rarefação do recurso
(impacto sobre a
economia)
Controle da exploração
(ordenamento e
prevenção de perdas);
Visão recursista
Metrópole
(a longo prazo:
colonos e
intermediários)
Carta Régia
(13/03/1797)
Espécies de
madeira nobre
Percepção da
necessidade de
tratamento
diferenciado
Controle da exploração
(com base nos
inventários);
Visão recursista
Metrópole
(a longo prazo:
colonos e
intermediários)
Florestas da Tijuca e das
Paineiras
Recursos hídricos Dificuldade de
abastecimento
Assegurar a proteção
das nascentes nos
morros;
Visão recursista
Cidadãos do Rio de
Janeiro
José Bonifácio
(1763-1838)
Florestas da Mata
Atlântica
(processos)
Observação científica
dos impactos do
desmatamento
(impacto sobre a
fertilidade dos solos)
Caráter científico;
Visão progressista
Nação luso-brasileira
(a longo prazo:
agricultores)
SÍNTESE DAS PRINCIPAIS INICIATIVAS DE PROTEÇÃO À NATUREZA ENTRE 1605 E 1965
INICIATIVAOBJETO(S) DE
PROTEÇÃO
SITUAÇÃO
MOTIVADORA
ARGUMENTOS E
CONCEITOSBENEFICIÁRIO(S)
André Rebouças
(1838-1898)
Paisagens de
grande beleza
Percepção do valor
dos Parques para o
turismo local
Preservacionismo;
Visão progressista
Moradores das
localidades de Sete
Quedas e Ilha do
Bananal;
Setores do turismo
Decreto no Acre (1911) Paisagens de
grande beleza
Estado crítico das
formações florestais
(“Mapa Florestal
Brasileiro”, de Luiz
Felipe Gonzaga)
Caráter científico;
Preservacionismo (?)
Setores do turismo
Código Florestal (1934) Conjunto de
florestas e demais
formas de
vegetação úteis à
terra que
revestem
Sensibilização de
Epitácio Pessoa e do
Congresso Nacional;
Criação do Serviço
Florestal Brasileiro
(1921)
Preservacionismo;
Conservacionismo
Nação brasileira
Itatiaia, Iguaçu e Serra
dos Órgãos
Paisagens de
grande beleza
Primeira Conferência
Brasileira de Proteção
à Natureza; Código
Florestal de 1934;
Contexto Político
Nacionalista
Preservacionismo e
conservacionismo
intercambiáveis
Moradores das
aglomerações
urbanas
circunvizinhas e
setores do turismo
SÍNTESE DAS PRINCIPAIS INICIATIVAS DE PROTEÇÃO À NATUREZA ENTRE 1605 E 1965
INICIATIVAOBJETO(S) DE
PROTEÇÃO
SITUAÇÃO
MOTIVADORA
ARGUMENTOS E
CONCEITOSBENEFICIÁRIO(S)
FLONA do Araripe Recursos
florestais;
Paisagens de
grande beleza
(?) Conservacionismo Moradores locais
diretamente
dependentes dos
recursos
Parques da Segunda
Fase (1959-1961)
Paisagens de
grande beleza
Degradação
consequente aos
movimentos de
ocupação do
Centro-oeste e
Norte do país
Preservacionismo e
conservacionismo
intercambiáveis
Nação brasileira
Código Florestal
(1965)
Conjunto de
florestas e
demais formas
de vegetação
úteis à terra
que revestem
Persistência de
métodos
primitivos na
agricultura
itinerante;
Descaso com o
problema, situação
nociva à economia
Caráter científico;
Preservacionismo;
Conservacionismo;
Visão recursista
Nação brasileira
SÍNTESE DAS PRINCIPAIS INICIATIVAS DE PROTEÇÃO À NATUREZA ENTRE 1605 E 1965
*A simbologia (?) representa ou ausência segura de informação ou, no caso de iniciativas não concretizadas, extrapolações
baseadas na pressuposta coerência lógico-conceitual da proposta.
DIEGUES, A. C. S. O mito moderno da natureza intocada. São Paulo: Ed. Hicitec, 2001,161 p.MEDEIROS, R.; IRVING, M.; GARAY, I. A Proteção da Natureza no Brasil: evolução econflitos de um modelo em construção. Revista de Desenvolvimento Econômico. Salvador,BA, ano VI, n. 9, p. 83-93, jan. 2004.MORSELLO, C. Áreas protegidas públicas e privadas: seleção e manejo. São Paulo: Ed.Annablume, 2001, 344p.PIMENTEL, A. O método da análise documental: seu uso numa pesquisa historiográfica.Cad. Pesqui., São Paulo, n. 114, nov. 2001.PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Londrina: Ed. Planta, 2001,328p.REZENDE, Fernando. Planejamento no Brasil: auge, declínio e caminhos para areconstrução. 2009. Disponível em:<http://www.eclac.org/brasil/publicaciones/sinsigla/xml/9/36379/LCBRSR205FernandoRezende.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2010.SIQUEIRA, C. F. A.; NOGUEIRA, J. M. O Novo Código Florestal e a Reserva Legal: dopreservacionismo desumano ao conservacionismo politicamente correto. In: Anais doXLII Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural, Cuiabá: SOBER, 2004.UICN. Guidelines for Protected Area Management Categories. Gland: UICN, 1994.