Movimentos Migratórios Têm Motivação Emocional, Propõe Tese Do Cedeplar (Lido)

download Movimentos Migratórios Têm Motivação Emocional, Propõe Tese Do Cedeplar (Lido)

of 3

description

Análise de Dimitri Fazito

Transcript of Movimentos Migratórios Têm Motivação Emocional, Propõe Tese Do Cedeplar (Lido)

  • ABRIL 20, 2009...8:34 PM

    Movimentos migratrios tm motivao emocional, prope tese do Cedeplar

    Nem s a conjuntura econmica explica a formao de grupos migratrios em direo a lugares que oferecem melhores perspectivas de vida. o que conclui a tese de doutorado do demgrafo Dimitri Fazito de Almeida Rezende, defendida junto ao Cedeplar, da Faculdade de Cincias Econmicas da UFMG, e premiada pela Capes.Em seu estudo, o autor questiona o uso da retrica econmica para justificar o fenmeno migratrio e defende uma anlise mais detalhada sobre outros fatores. O migrante tambm parte por motivos emocionais, s que ele no admite isso, resume Dimitri A partir de anlise histrica sobre o processo migratrio, o pesquisador verificou que a migrao respaldada na ascenso econmica relativamente recente, datando de cerca de 300 anos. O migrante, de forma consciente ou no, produz um discurso para justificar seu deslocamento.

    Se o indivduo diz que vai para o exterior em busca de sucesso financeiro, a sociedade legitima essa justificativa porque priorizar fatores econmicos uma atitude racional, que condiz com o discurso dominante do capitalismo, afirma Fazito. Mas estatsticas indicam que o argumento no justifica as razes da mudana de pas. Quando pesquisamos o assunto, percebemos que o discurso multifacetado. Muitas vezes existe o horizonte econmico, mas o ponto fundamental no este, diz.

    Durante o movimento de descoberta do novo mundo empreendido pelos europeus, os fluxos migratrios eram mais intensos em comparao aos contemporneos. E durante a maior parte da histria, as migraes no diziam respeito a fatores econmicos. Os motivos eram religiosos, polticos, familiares ou culturais, como acontece com as populaes indgenas que tm mecanismos de autocontrole dentro da prpria populao.

    A prevalncia do discurso econmico como justificativa para as migraes comeou depois da Revoluo Industrial, quando a mobilizao das pessoas passou a ser pautada pela tica dos mercados de trabalho e de consumo.

  • Valadares x Ipatinga Fazito cita o caso do fluxo migratrio de Governador Valadares um dos estudos de caso que utilizou para desenvolver a tese para demonstrar as lacunas na teoria da migrao. Ele argumenta que o fluxo de Valadares para os Estados Unidos equipara-se ao de Ipatinga. No entanto, a realidade econmica dos dois municpios diferente.

    problemtico que os demgrafos e cientistas sociais s consigam entender a migrao de massa como resultado de decises individuais, por questes econmicas. As dificuldades econmicas vividas em Valadares so maiores do que em Ipatinga, um plo industrial. No entanto, a quantidade de migrantes praticamente a mesma. Como reduzir a migrao a um problema salarial?, questiona.

    Para Fazito, o esquema origem-destino insuficiente para entender os fatores que levam grupos populacionais a buscarem uma nova vida fora de seu local de origem. Ele defende a idia de que preciso investigar os elos que se colocam entre as duas pontas do processo. As condies que provocam fluxos migratrios no so ditadas apenas pela realidade individual do migrante, mas pelo ambiente coletivo em que est inserido.

    Rede Por isso, o pesquisador optou por aplicar a teoria das anlises de rede no estudo da migrao. As relaes sociais devem ser levadas em conta, j que esse capital social favorece a criao de uma estrutura econmica aps a viagem, explica ele, lembrando que outros fatores intermedirios desde os falsificadores de documento, em caso de migraes ilegais, at os despachantes que tiram o passaporte so partes de um processo que no pode ser ignorado.

    Os pesquisadores se limitam a contabilizar o fluxo de migrantes na origem-destino, justificando-o com base em questes macroeconmicas. preciso trabalhar com os mecanismos intermedirios, defende o demgrafo.

    Analisar esse processo em toda a sua complexidade tambm auxilia a compreenso do fenmeno migratrio. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) calcula em 5,6 bilhes de dlares por ano as remessas enviadas por migrantes ao Brasil, o equivalente receita com as exportaes brasileiras de soja e a 1% do PIB.

  • Mas sabido que o valor maior, visto que o Banco Central no registra todo o volume transferido. Os migrantes preferem mandar o dinheiro por meios no reconhecidos pelo Estado para no serem taxados. algo a ser considerado, j que o Brasil o segundo pas da Amrica Latina em remessas de migrantes, perdendo apenas para o Mxico, pondera Dimitri Fazito. (Boletim UFMG, edio 1560)

    http://midiaemulticulturalismo.wordpress.com/2009/04/20/movimentos-migratorios-

    tem-motivacao-emocional-propoe-tese-do-cedeplar/