Como utilizar CLPs, softwares supervisórios e rádios no saneamento.
MÁQUINA DE MEDIR POR COORDENADAS UTILIZANDO...
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTOS ACADÊMICOS DE ELETRÔNICA E MECÂNICA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM MECATRÔNICA INDUSTRIAL
DANIEL GREFIM RENAN TAVARES DA SILVA
WILLIAN CARLOS TEIXEIRA DA CRUZ
MÁQUINA DE MEDIR POR COORDENADAS UTILIZANDO MICROCONTROLADOR E SISTEMA SUPERVISÓRIO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CURITIBA
2018
DANIEL GREFIM RENAN TAVARES DA SILVA
WILLIAN CARLOS TEIXEIRA DA CRUZ
MÁQUINA DE MEDIR POR COORDENADAS UTILIZANDO
MICROCONTROLADOR E SISTEMA SUPERVISÓRIO
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Mecatrônica Industrial, dos Departamentos Acadêmicos de Eletrônica e Mecânica, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo.
Orientador: Prof. M. Sc. Joel Gonçalves Pereira
CURITIBA 2018
TERMO DE APROVAÇÃO
DANIEL GREFIM RENAN TAVARES DA SILVA
WILLIAN CARLOS TEIXEIRA DA CRUZ
MÁQUINA DE MEDIR POR COORDENADAS UTILIZANDO
MICROCONTROLADOR E SISTEMA SUPERVISÓRIO
Este trabalho de conclusão de curso foi apresentado no dia 29 de novembro de 2018, como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Mecatrônica Industrial, outorgado pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Os alunos foram arguidos pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.
______________________________ Prof. Dr. Milton Luiz Polli Coordenador de Curso
Departamento Acadêmico de Mecânica
______________________________ Prof. M Sc. Sérgio Moribe
Responsável pela Atividade de Trabalho de Conclusão de Curso Departamento Acadêmico de Eletrônica
BANCA EXAMINADORA
_____________________________ __________________________ Prof. Dr. Valmir de Oliveira Prof. Dr. Luís Alberto Lucas UTFPR UTFPR ___________________________
Prof. M Sc. Joel Gonçalves Pereira Orientador - UTFPR
“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”
AGRADECIMENTO(S)
Daniel Grefim: à minha esposa, Jaqueline, meu maior tesouro, que não me permitiu fracassar nem desistir. Aos professores pelo conhecimento transmitido. Aos colegas por completarem o que eu não podia fazer. Renan Tavares da Silva: à Deus por ter me fortalecido e me provido saúde a ponto de superar as dificuldades e alcançar minhas metas, hoje e sempre. Agradeço imensamente a UTFPR e a toda sua direção. Aos professores eu agradeço a orientação incansável, o empenho e a confiança que ajudaram a tornar possível esta realização, com especial atenção ao professor Anderson Levati, pela essencial orientação neste árduo trabalho. À minha família e amigos que nunca desistiram de mim, sempre me ofereceram amor e tiveram paciência e compreensão para me apoiar nos momentos em que não podia estar com eles. Agradeço aos meus colegas pela parceria e cumplicidade nas realizações desta e de outras tarefas ao longo dos anos. A todas as pessoas que de alguma forma fizeram parte do meu percurso e que por ventura eu tenha me esquecido de citar, eu agradeço de todo o meu coração. Willian Carlos Teixeira da Cruz: à minha família por me prover suporte durante diversas madrugadas em claro trabalhando neste projeto, à minha irmã e ao meu pai, por me apoiar com tudo o que eu não conseguia realizar e ao professor Anderson Levati pelas explicações e orientações sobre o conteúdo abordado nesta monografia.
RESUMO
GREFIM, Daniel; DA SILVA, Renan T.; DA CRUZ, Willian C. T. Máquina de medir por coordenadas utilizando microcontrolador e sistema supervisório. 2018. 100 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso Superior de Tecnologia em Mecatrônica Industrial), Departamentos Acadêmicos de Eletrônica e Mecânica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2018. Uma Máquina de Medir por Coordenadas (MMC) consiste em um equipamento sofisticado destinado à medição tridimensional de peças que podem ser bastante complexas ou que exigem um elevado rigor dimensional. A implementação de uma máquina destas em um departamento de controle de qualidade permite a realização de medições com precisão e rapidez impossíveis por meios convencionais. O projeto e construção de uma MMC requer a integração de tecnologias relacionadas a programação, engenharia mecânica, eletrônica e de controle. O projeto desenvolvido resultou na construção de uma MMC com uma satisfatória capacidade de execução de medições, atuando de maneira autônoma e com resolução suficiente para diversas aplicações em metrologia. O desenvolvimento do trabalho envolveu projeto mecânico e contrução da estrutura e mecanismos, projeto eletrônico, fabricação e integração de componentes eletrônicos programação do sistema de controle e programação de um sistema supervisório para interface de operação. O sistema supervisório visa integrar o sistema de controle da MMC, realizado através de um microcontrolador, a um microcomputador, onde o sistema supervisório realiza parte do controle e monitoramento da máquina, assim como sua função principal, que consiste em apresentar os resultados das medições em execução. Esta integração exige a configuração de um protocolo de comunicação que é responsável pela tráfego de dados da máquina. Por meio deste recurso os dados coletados pela máquina podem ser exibidos de forma inteligível em um monitor de computador. O principal controle do equipamento, que diz respeito ao deslocamento do atuador, é realizado manualmente por razões de segurança. A programação do sistema de controle exige não somente a execução do mecanismo de deslocamento da máquina mas também uma lógica que monitore este deslocamento e o apresente em forma de dados ao sistema supervisório. O sistema supervisório processa estes dados e os apresenta como valores de medições na interface desenvolvida para ser mostrada no monitor do computador. Os principais objetivos do trabalho são: implementar a integração do sistema de controle com o sistema supervisório via protocolo de comunicação de rede; e propor a construção de uma máquina capaz de executar medições tridimensionais confiáveis tendo sido construída com relativo baixo custo. Os testes e demonstração dos resultados são partes integrantes do trabalho, bem como a explanação das metodologias aplicadas. Os resultados das medições realizadas após a conclusão da construção da MMC demonstraram a eficiência do equipamento produzido. Embora não tenha a mesma precisão que as MMC desenvolvidas por fabricantes especializados, a máquina mostra-se perfeitamente capaz de ser aplicada a uma grande quantidade de solicitações da indústria. Palavras chave: Máquina de Medir por Coordenadas. Microcontrolador. Modbus. Sistemas Supervisórios.
ABSTRACT
GREFIM, Daniel; DA SILVA, Renan T.; DA CRUZ, Willian C. T. Máquina de medir por coordenadas utilizando microcontrolador e sistema supervisório. 2018. 100 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso Superior de Tecnologia em Mecatrônica Industrial), Departamentos Acadêmicos de Eletrônica e Mecânica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2018. A Coordinate Measuring Machine (CMM) consists of sophisticated equipment for three-dimensional measurement of parts that can be quite complex or require a high standard of quality. The implementation of such a machine in a quality control department allows the realization of measurements at an accuracy and speed impossible by conventional means. The design and construction of an CMM requires the integration of technologies related to programming, mechanical engineering, electronics and control. The developed project resulted in the construction of an CMM with a satisfactory measurement execution capacity, acting autonomously and with sufficient resolution for several applications in metrology. The development of the work involved mechanical design and construction of the structure and mechanisms, electronic design, manufacturing and integration of electronic components programming of the control system and programming of a supervisory system for operation interface. The supervisory system aims to integrate the control system of the CMM, performed through a microcontroller, into a microcomputer, where the supervisory system performs part of the control and monitoring of the machine, as well as its main function, which is to present the results of the measurements in execution. This integration requires the configuration of a communication protocol that is responsible for the data traffic of the machine. Through this feature the data collected by the machine can be displayed intelligibly on a computer monitor. The main control of the equipment, which concerns the displacement of the actuator, called probe, is performed manually for safety reasons. The programming of the control system requires not only the execution of the displacement mechanism of the machine but also a logic that monitors that displacement and presents it in data form to the supervisory system. The supervisory system processes this data and displays it as measurement values on the interface developed to be displayed on the computer monitor. The main objectives of the work are: to implement the integration of the control system with the supervisory system via network communication protocol; and propose the construction of a machine capable of performing reliable three-dimensional measurements having been constructed with relatively low cost. The tests and demonstration of the results are integral parts of the work, as well as the explanation of the methodologies applied. The results of measurements taken after the completion of the CMM have demonstrated the efficiency of the equipment produced. Although not as accurate as a CMM developed by specialized manufacturers, the machine is perfectly capable of being applied to a large number of applications in the industry. Keywords: Coordinate Measuring Machine. Microcontroller. Modbus. Supervisory Systems.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Fotografia de uma Sala de Metrologia Industrial ...................................... 21 Figura 2 – Instrumentos Utilizados em Medição Dimensional ................................... 22 Figura 3 – Principais Formas Construtivas Aplicadas a uma MMC ........................... 23 Figura 4 – MMC em Ponte Formato L ....................................................................... 23 Figura 5 – Réguas Lineares Digitais ......................................................................... 26 Figura 6 – Apalpador Tátil ......................................................................................... 27 Figura 7 – Apalpador por Chave de Contato ............................................................. 28 Figura 8 – Ponteira de Apalpador de MMC ............................................................... 29 Figura 9 – Conceito Construtivo de um Motor de Passo Bipolar de 200 Passos ...... 31 Figura 10 – Motor de Passo Unipolar ........................................................................ 32 Figura 11 – Motor de Passo Bipolar .......................................................................... 32 Figura 12 – Acionamento Passo Completo ............................................................... 33 Figura 13 – Acionamento Alto Torque ....................................................................... 34 Figura 14 – Acionamento Meio Passo ....................................................................... 35 Figura 15 – Gráficos dos Comportamentos das Correntes ....................................... 36 Figura 16 – Módulo de Controle para Motor de Passo Unipolar ............................... 37 Figura 17 – Módulo de Controle para Motor de Passo Bipolar .................................. 37 Figura 18 – Placa Arduino Mega 2560 ..................................................................... 39
Figura 19 – Diagrama Esquemático do Microcontrolador AtMega 2560 .................. 41 Figura 20 – Interface da Plataforma Arduino ............................................................ 42 Figura 21 – Interface da Plataforma CodeVision AVR .............................................. 43
Figura 22 – Chave Fim de Curso de Duplo Contato .................................................. 44
Figura 23 – Pirâmide de Processos .......................................................................... 45 Figura 24 – Interface Homem-Máquina de um Sistema de Climatização Predial...... 46 Figura 25 – Modelo OSI ............................................................................................ 47
Figura 26 – Framing do Protocolo Modbus ASCII ..................................................... 49
Figura 27 – Framing do Protocolo Modbus RTU ....................................................... 49 Figura 28 – Modelo Virtual Tridimensional da Mesa Cartesiana ............................... 53 Figura 29 – Modelo Virtual Tridimensional da Mesa Cartesiana – vista traseira ....... 53 Figura 30 – Modelo Virtual da Mesa Montada ........................................................... 54 Figura 31 – Modelo Virtual do Carro Transversal ...................................................... 55
Figura 32 – Modelo Virtual do Carro Superior ........................................................... 56 Figura 33 – Modelo Virtual do Porta Ferramentas ..................................................... 56 Figura 34 – Réplica do Motor de Passo e Pinhão Acoplado ..................................... 57
Figura 35 – Estrutura da Mesa Construída ............................................................... 58 Figura 36 – Vista Lateral da Estrutura Construída .................................................... 59 Figura 37 – Detalhe do Engrenamento do Conjunto Pinhão Cremalheira ................. 59 Figura 38 – Detalhe das Guias do Porta Ferramentas do Carro Superior ................. 60 Figura 39 – Modelo Virtual do Apalpador .................................................................. 61 Figura 40 – Apalpador da MMC ................................................................................ 61 Figura 41 – Sistema de Coordenadas da MMC ........................................................ 63 Figura 42 – Diagrama de Blocos do Circuito Eletrônico da MMC .............................. 64 Figura 43 – Módulo para Controle de Motor de Passo DVR 8825 ............................ 65 Figura 44 – Conversor MAX485 ................................................................................ 66 Figura 45 – Conversor USB/RS 485 ......................................................................... 66
Figura 46 – Mostrador LCD 20X4 .............................................................................. 67 Figura 47 – Teclado de Controle da MMC ................................................................ 67 Figura 48 – Projeto da Placa de Circuito Impresso ................................................... 68 Figura 49 – Placa de Circuito Impresso para os Módulos DRV 8825 ........................ 70 Figura 50 – Módulos de Controle DRV 8825 Acoplados à Placa .............................. 70 Figura 51 – Instalação Elétrica da MMC ................................................................... 72 Figura 52 – Ligações da Placa Arduino ..................................................................... 72 Figura 53 – Mostrador LCD Conectado à Matriz de Contatos ................................... 73 Figura 54 – Circuito do Sistema de Controle e Acionamento da MMC ..................... 74 Figura 55 – Exemplo de Trajetória da MMC .............................................................. 76 Figura 56 – Contagem dos Pulsos no Movimento de Toque ..................................... 77 Figura 57 – Valor de Medição Exibido no Mostrador LCD ........................................ 79 Figura 58 – Interface Desenvolvida em Plataforma Elipse SCADA ........................... 83 Figura 59 – Configuração das Tags Criadas no Elipse SCADA ................................ 85 Figura 60 – Propriedades do Modbus Serial ............................................................. 86 Figura 61 – Tags Criadas e Configuradas no ScadaBR ............................................ 87 Figura 62 – Propriedades do Data Source Meta Medição Coord .............................. 88 Figura 63 – Propriedades do Data Source Meta Medição XYZ ................................. 88 Figura 64 – Interface Gráfica Desenvolvida para a MMC .......................................... 89 Figura 65 – Desenho Técnico do Mensurando.......................................................... 90 Figura 66 – Modelo Virtual da Morsa Montada na MMC ........................................... 91 Figura 67 – MMC Concluída...................................................................................... 93
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Resultados das Medições Executadas pela MMC................................... 92
Tabela 2 – Resultados das Medições Replicadas pela MMC ................................... 93
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÔNIMOS
A/D Analógico/Digital ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ASCII American Standard Code for Information Interchange BIPM Bureau Internacional de Pesos e Medidas CAD Computer Aided Design CAM Computer Aided Manufacturing CC Corrente Contínua CLP Controlador Lógico Programável CNC Comando Numérico Computadorizado CPU Central Unit Process CRC Cyclical Redundancy Check DIN Deutsches Institut für Normung EEPROM Electrically Erasable Programmable Read-Only Memory FMS Flexible Manufacturing System GDL Graus de Liberdade HTML HyperText Markup Language ICSP In Circuir Serial Programming ID Identidade IDE Integrated Development Environment IHM Interface Homem-Máquina LCD Liquid Crystal Display LED Light Emitting Diode LRC Longitudinal Redundancy Check Ltda. Limitada MMC Máquina de Medir por Coordenadas NBR Norma Brasileira Regulamentadora NA Normalmente Aberto NF Normalmente Fechado OEE Overall Equipment Effectiveness OSI Open System Interconnection ppr pulsos por rotação PVC Policloreto de Polivinila PWM Pulse Width Modulation RAM Random Access Memory RISC Reduced Instruction Set Computer ROM Read-Only Memory RTU Remote Terminal Unit SAE Society of Automotive Engineers SCADA Supervisory Control and Data Acquisition SI Sistema Internacional SRAM Static Random Access Memory TPM Total Productive Maintenance TTL Transistor-Transistor Logic USART Universal Synchronous Asynchronous Receiver Transmitter USB Universal Serial Bus
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11 1.1 TEMA ............................................................................................................ 14 1.3 PROBLEMA .................................................................................................. 15 1.4 OBJETIVOS ................................................................................................. 16 1.4.1 Objetivo geral ............................................................................................... 16 1.4.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 16 1.5 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 17 1.6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................... 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 19 2.1 SISTEMA DE MEDIÇÃO .............................................................................. 19 2.2 MÁQUINA DE MEDIR POR COORDENADAS ............................................. 22 2.3 MOTORES DE PASSO ................................................................................ 30 2.3.1 Módulo de Controle para Motor de Passo .................................................... 36 2.4 MICROCONTROLADOR .............................................................................. 38 2.5 CHAVES FIM DE CURSO ............................................................................ 43 2.6 SISTEMA SCADA ......................................................................................... 44 2.7 PROTOCOLO MODBUS .............................................................................. 48 3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ......................................................... 51 3.1 PROJETO CONCEITUAL ............................................................................. 51 3.2 PESQUISA E ESTUDO SOBRE AS TECNOLOGIAS EMPREGADAS ........ 51 3.3 MODELAGEM VIRTUAL DA ESTRUTURA ................................................. 52 3.4 CONSTRUÇÃO E MONTAGEM DA ESTRUTURA ...................................... 58 3.4.1 Projeto e Construção do Apalpador .............................................................. 60 3.5 PROJETO ELETRÔNICO ............................................................................ 62 3.5.1 Seleção dos Componentes do Circuito Eletrônico ........................................ 64 3.5.2 Projeto Eletrônico para Integração dos Componentes ................................. 67 3.5.3 Fabricação da Placa de Circuito Impresso ................................................... 69 3.6 MONTAGEM DO CIRCUITO ELETRÔNICO ................................................ 71 3.7 PROGRAMAÇÃO DO MICROCONTROLADOR .......................................... 74 3.8 PROGRAMAÇÃO DO SISTEMA SUPERVISÓRIO ...................................... 81 4 MEDIÇÕES E RESULTADOS ..................................................................... 90 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 94 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 95 APÊNDICE A – DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DO CIRCUITO ELETRÔNICO ...... 100
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1 INTRODUÇÃO
A medição de artefatos fabricados é um processo aplicado no controle de
qualidade da produção de diversos segmentos da indústria, com o objetivo de garantir
os parâmetros dimensionais e funcionais de um produto. O processo de medição é
realizado por instrumento ou sistema de medição, que consiste nos dispositivos e
métodos aplicados à medição de alguma peça ou conjunto. O sistema de medição é
definido como o meio pelo qual as medições são efetuadas (ALBERTASS; SOUZA,
2008). O mensurando, ou objeto a ser medido, pode ser um modelo para a realização
de engenharia reversa, um protótipo em desenvolvimento ou uma amostra de um lote
em produção.
Dentre os vários meios empregados na indústria existe o sistema de medição
tridimensional, realizado por uma Máquina de Medir por Coordenadas (MMC). É um
sistema computadorizado que, segundo Albertass e Souza (2008), comporta a grande
demanda da indústria e promove alta velocidade e confiabilidade na medição por ser
automatizada. É amplamente empregada em medição de peças complexas onde
sistemas convencionais seriam insuficientes. Também empregada em mecânica de
precisão e em Sistemas Flexíveis de Manufatura (FMS), geralmente associados à
robótica e indústria automobilística.
Em tempos passados, as medições eram realizadas de uma forma muito
rudimentar, utilizando-se de instrumentos não padronizados e muito pouco precisos.
Com a evolução da qualidade dos artefatos manufaturados e o desenvolvimento de
conjuntos montáveis foi sendo necessária uma maior acuidade nos processos de
medição.
Em 1848 um mecânico francês desenvolveu o precursor do micrômetro,
visando favorecer a precisão dos resultados das técnicas de determinação de posição
global aplicadas à navegação marítima. Este instrumento foi aprimorado e aplicado à
indústria de armamentos que abastecia os exércitos suecos em 1887.
Com a passar do tempo e o surgimento de mecanismos cada vez mais
sofisticados, tornou-se mandatório aplicar critérios de fabricação mais rigorosos, de
onde se desenvolveram as padronizações e procedimentos a serem respeitados nos
processos de fabricação. Com isso desenvolveu-se a determinação das tolerâncias
geométricas para garantir a réplica física em um lote de peças produzidas, assim como
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garantir a intercambialidade já requerida, a funcionalidade dos conjuntos montados e
sua durabilidade.
A metrologia dimensional teve seu impulso com o surgimento e
desenvolvimento da indústria automotiva. Iniciada na Alemanha por Karl Benz em
1878, quando construiu o primeiro motor a combustão.
A primeira máquina de medição com o conceito de uma MMC foi desenvolvida
por Ferranti Limitada, e associada ao controle numérico por Harry Ogden em 1956.
Com esta estratégia foi implementado o elemento chave que tornou possível o
desenvolvimento da MMC. A disponibilidade de um sistema de medição digital preciso
(HOCKEN; PEREIRA, 2012).
Através da integração de um sistema numérico de posicionamento, o
mecanismo de uma MMC até então rudimentar, passou a contar com recursos da
eletrônica digital, que proporcionou à máquina uma precisão e confiabilidade até então
nunca alcançadas, replicando o funcionamento das máquinas operatrizes que
executavam seus processos utilizando as mesmas tecnologias.
Carl Zeiss, na Alemanha, em 1973, lançou a primeira MMC considerada
universal, com um apalpador de atuação tridimensional (ZEISS, 2018). Em 1978
lançou o apalpador piezoelétrico, possibilitando maior precisão. Em 1982 introduziu
na indústria a primeira MMC especificamente voltada para a medição de engrenagens
(HOCKEN; PEREIRA, 2012).
Atualmente existe uma grande demanda por controle de qualidade nos
processos de fabricação, tanto em função da flexibilidade como da produtividade das
linhas de produção.
Existem hoje no mercado diversas empresas que produzem MMC das mais
variadas formas e funcionalidades, que empregam tecnologias bastantes sofisticadas.
Os mecanismos atuais contam com componentes de alta precisão, incluindo
tecnologias com sistema de visão e softwares com capacidade de comparar pontos
medidos a um modelo CAD (VAS, 2018).
Os principais fabricantes mundiais fornecem equipamentos que executam
medições por scanning contínuo, LASER ou medição óptica (MITUTOYO, 2018).
As ferramentas desenvolvidas hoje em dia, tanto em aspectos físicos como
de programação, permitem, também, realizar análises de superfície, com habilidade
para realizar engenharia reversa em peças planas muito rapidamente (VAS, 2018).
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A indústria de artefatos de geometria complexa tem sido cada vez mais ávida
por recursos de apoio à engenharia que sejam capazes de auxiliar o desenvolvimento
de projetos com maior precisão, exatidão e rapidez. Os programas, máquinas e
acessórios desenvolvidos atingem um grande potencial para atender às demandas
causadas por essas indústrias.
As principais indústrias que solicitam estes recursos são a de produção
automotiva, aeroespacial, medicina, energia e plásticos. São indústrias que, em sua
essência, produzem componentes ou conjuntos de geometria bastante complexa
(ZEISS, 2018).
O mecanismo de uma MMC atua através de um sistema de deslocamento
tridimensional onde medições programadas podem ser executadas em uma ou várias
peças simultaneamente, assim como conjuntos montados. Por se tratar de um sistema
automatizado pode ser controlado por computador, o que requer a aplicação de um
protocolo de comunicação padronizado e de um sistema supervisório para aquisição
e processamento de dados.
O sistema de controle do mecanismo de uma MMC pode ser realizado através
de módulos de controle de potência que atuam por Comando Numérico
Computadorizado (CNC), Controladores Lógicos Programáveis (CLP), ou por
microcontroladores. Todos executam seus procedimentos de forma programável, e
necessitam de uma interface gráfica que disponibilize informações ao operador
relativos ao estado da medição, valores, referenciamento assim como todo e qualquer
recurso que se pretenda implementar. O sistema de controle responde aos comandos
dados pelo operador através do sistema supervisório ao mesmo tempo em que
fornece os dados requeridos pelo programa em execução.
O deslocamento dos eixos do mecanismo é realizado por servomotores ou
motores de passo, e compõem o recurso fundamental para o processo de medição de
um mensurando. A leitura pode ser feita por realimentação, via encoders ou réguas
digitais, ou simplesmente pela contagem de pulsos enviados para o deslocamento de
cada eixo em sistema de malha aberta (OGATA, 2010). Essa leitura ou transmissão
de informações é enviada para o sistema supervisório que fornece dados legíveis ao
operador.
Um sistema supervisório, responsável pelo processamento dos dados, inclui
interface ao operador e manipulação dos dados aplicado ao monitoramento de
controle de processos em tempo real (BOYER, 2004).
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O protocolo de comunicação é o recurso responsável pela transferência de
dados entre sistema supervisório e máquina. Caracterizado por um sistema de duas
vias, permite os procedimentos de receber dados e enviar comandos, integrando o
sistema supervisório com a máquina a ser controlada (BOYER, 2004).
Através da integração fundamental destes recursos é possível desenvolver
um sistema de medição tridimensional automatizado que pode realizar medições de
peças complexas. Uma MMC tem condições de atender a uma demanda de serviço
com rapidez e confiabilidade superiores às conseguidas por sistemas de medições
convencionais.
Ao se desenvolver uma MMC de acordo com recursos tecnológicos facilmente
disponíveis no mercado cria-se uma proposta para a aplicação de máquinas de
medição de baixo custo e com precisão e agilidade satisfatórias para solicitações de
peças de menor porte.
1.1 TEMA
A temática do projeto consiste em desenvolver uma Máquina de Medir por
Coordenadas capaz de atuar de forma automatizada e programável, tendo como
principal escopo implementar a comunicação entre o sistema de controle da máquina
e o sistema supervisório utilizado como Interface Homem-Máquina (IHM). O protocolo
de comunicação deve ser configurado de modo a permitir a troca de dados entre os
sistemas da MMC construída, fazendo com que ela responda adequadamente ao
programa embarcado (firmware), bem como executar a leitura e apresentação dos
dados de medição que se pretende coletar.
O projeto envolve o desenvolvimento da MMC, abrangendo a estrutura
mecânica, transmissão mecânica, cabeamento elétrico, sistema de alimentação
elétrica, sistema de posicionamento, programação do microcontrolador, incluindo as
configurações do protocolo de comunicação e processamento de dados, programação
da IHM via sistema supervisório e projeto e montagem do sistema de deslocamento.
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1.2 PROBLEMA
Todos os sistemas envolvidos no projeto da MMC são objeto de diversas
aplicações na indústria. As atividades relativas à construção do mecanismo,
programação do microcontrolador no que se refere à operação da MMC, programação
do sistema supervisório e implementação eletrônica, são corriqueiras de qualquer
projeto envolvendo sistemas automatizados.
O problema está na integração entre o sistema supervisório SCADA e o
microcontrolador empregado no projeto.
O Modbus é um protocolo de comunicação serial comumente utilizado em
sistemas automatizados e que atende às necessidades do projeto a ser desenvolvido.
Contudo, devido às limitações referentes a memória e fluxo de dados com o
microcontrolador Arduíno em relação ao SCADA, o desafio para tornar a aplicação
satisfatória para requisitos similares aos que encontramos na indústria se mostra
deveras importante.
Gonçalves, Silva e Batista (2015) desenvolveram um projeto semelhante,
utilizando-se de bibliotecas predefinidas e plataforma de programação do
microcontrolador, própria do fabricante. Foi desenvolvido um protótipo de um
selecionador de esferas, aplicando os mesmos recursos pretendidos no projeto sob
desenvolvimento.
A programação de uma lógica que execute, além do deslocamento do atuador
da máquina, a leitura deste deslocamento em sistema de malha aberta é o principal
desafio a ser transposto no desenvolvimento do projeto, sobretudo pelo fato de
disponibilizar os dados em uma interface gráfica programada através de um sistema
supervisório
É preciso desenvolver uma estratégia lógica que interprete o deslocamento e
o converta em uma unidade de medida inteligível, como o sistema métrico, para que
a máquina consolide uma aplicação prática.
As MMC são máquinas com alto padrão de exatidão, justamente por serem
aplicadas a medições tridimensionais automatizadas. Possuem um alto custo para
aquisição, por isso a proposta de projeto da MMC visa demonstrar a possibilidade de
se construir uma máquina eficiente o bastante para medições corriqueiras e que
agrega um custo muito baixo em relação a um equipamento comercial.
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1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Projetar e construir uma MMC tridimensional dotada de interface SCADA, que
pode realizar medições de peças complexas, visando atender a demanda de
pequenas empresas.
1.3.2 Objetivos Específicos
Projetar e construir a estrutura mecânica, o sistema de transmissão, fixações
e guias necessárias para implementar um sistema de deslocamento tridimensional.
Projetar e construir os circuitos eletrônicos dos acionamentos, controle e
apresentação dos dados via mostrador digital
Desenvolver o apalpador para atuar como efetuador das medições.
Desenvolver a programação (firmware) do microcontrolador, para controle de
todos os processos e configuração do protocolo de comunicação, utilizando linguagem
C.
Estabelecer a comunicação entre microcontrolador Arduino Mega 2560 e o
sistema SCADA, empregado como sistema supervisório, através do protocolo
Modbus, para supervisão, controle e processamento de dados do sistema de medição.
Elaborar a programação dos scripts e configuração das tags do sistema
supervisório para definir a IHM apresentada no monitor de um microcomputador.
Criar uma interface para monitoramento e controle da MMC, contendo
visualização de valores, comparações e ferramentas para controlar configurações e
processo de medição.
Executar medições e validar a eficiência da máquina desenvolvida. Inclui
desenvolver e fabricar uma peça padrão, designada como mensurando, que será
aplicada às medições experimentais realizadas pela MMC.
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1.4 JUSTIFICATIVA
A Máquina de Medir por Coordenadas a ser desenvolvida consiste em uma
aplicação para o sistema de comunicação que se pretende configurar, utilizando-se
do protocolo Modbus para a integração entre microcontrolador e sistema supervisório.
A proposta visa mostrar a possibilidade de se construir uma MMC utilizando
componentes facilmente disponíveis no mercado, desenvolvendo um equipamento
que executa medições com eficiência, embora seja uma máquina construída com
baixo custo.
Pretende-se promover a integração de tecnologias relacionadas a engenharia
mecânica e eletrônica para produzir uma máquina automatizada que processa e
apresenta dados relativos às medições de artefatos usinados.
1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Com o escopo do projeto já definido, foi discutido o projeto conceitual da MMC,
definindo sistemas e mecanismos que o integraram, como os conceitos da estrutura
mecânica, sistema de acionamento e transmissão mecânica, apalpador, fonte de
alimentação, circuitos eletrônicos e sistema de controle.
Realizou-se uma revisão bibliográfica buscando esclarecer todos os conceitos
e tecnologias envolvidos no projeto, bem como verificar o desenvolvimento de
trabalhos similares.
Utilizando o software SolidWorks 2013, a estrutura mecânica foi projetada,
desenvolvendo-se os modelos virtuais tridimensionais de todos os componentes,
assim como a simulação da montagem.
Concluído o projeto mecânico, procedeu-se à fabricação dos componentes e
à montagem do mecanismo. A MMC contém três eixos de deslocamento linear, sendo
definido como X para deslocamento latitudinal, Y para deslocamento longitudinal e Z
para deslocamento altitudinal. Foi, portanto, definido como um mecanismo de
deslocamento linear tridimensional desenvolvido para integrar microcontrolador e
sistema SCADA. Para o pórtico estrutural, foram utilizados perfis de alumínio e chapas
de nylon, aliando maior rigidez em uma estrutura leve.
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Os circuitos eletrônicos dos acionamentos, controle e fonte de alimentação
foram implementados de acordo com os requisitos de potência do mecanismo de
deslocamento. A alimentação elétrica que foi definida provém de fonte de 12 V da
ordem de 2 A. Os sistemas de controle, posicionamento e módulos de controle para
motores de passo também são especificados conforme requisitos de potência,
selecionados dentre os componentes disponíveis comercialmente.
O apalpador eletrônico que atua como efetuador das medições é fabricado de
material metálico para executar um impulso de contato por curto-circuito. Consiste de
uma estrutura rígida com ponta, que faz contato com o mensurando, realizando a
queda de tensão de uma porta de entrada do microcontrolador que está sendo
monitorada. Esta queda de tensão é resultante do desvio de corrente que ocorre na
peça sob medição, que também é metálica e encontra-se aterrada.
A programação do microcontrolador foi desenvolvida através da plataforma
CodeVision AVR, utilizando linguagem C. O algoritmo contém a lógica de
funcionamento da MMC e os parâmetros para registros das medições, comparações
e as configurações necessárias para possibilitar a comunicação entre o
microcontrolador e o SCADA, via biblioteca incluída no algoritmo.
A comunicação foi estabelecida, especificamente, entre microcontrolador
Arduino Mega 2560 e o software ScadaBR, através do protocolo Modbus serial, para
supervisão, controle e processamento de dados do sistema de medição. Definiu-se o
sistema supervisório como mestre da rede Modbus.
Depois de terminadas as etapas de construção, programação e comunicação,
foi criada uma interface para monitoramento e controle da MMC. Essa interface está
contida no software ScadaBR e permite a visualização de valores, comparações e
ferramentas para controlar configurações e processo de medição.
19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica trata de uma breve exposição dos conceitos
relativos às tecnologias aplicadas à da Máquina de Medir por Coordenadas (MMC).
2.1 SISTEMA DE MEDIÇÃO
Sistema de medição consiste no meio pelo qual as medições são efetuadas,
ou seja, remete aos dispositivos utilizados em um processo de medição
(ALBERTASS; SOUZA, 2008).
Medição é o processo de determinar experimentalmente um valor de
magnitude numérica para uma característica que possa ser atribuída a um objeto ou
evento, no contexto de um quadro ou referência que permita fazer comparações com
outros objetos ou eventos, determinados como padrão. É definido no Vocabulário
Internacional de Metrologia (VIM) como a obtenção experimental de um ou mais
valores de quantidade que podem ser razoavelmente atribuídos para uma quantidade
(VIM, 2012).
Os diferentes recursos empregados para a medição de uma determinada
grandeza compõem o que é definido como Sistema de Medição. O conceito abrange
o ambiente, ferramentas, métodos e mecanismos que estejam à disposição para a
medição de alguma grandeza.
Não são somente grandezas relacionadas a tamanhos de objetos ou
distâncias que podem ser medidas, mas qualquer grandeza física que possa
apresentar um comparativo ou que possa ser representada em uma escala
quantitativa, como por exemplo, pressão, vazão, temperatura, tempo, velocidade.
O processo de medição é definido como o conjunto de métodos e meios
aplicados a uma medição (ALBERTASS; SOUZA, 2008). São, portanto, os
componentes integrantes de um sistema de medição.
O método de medição remete à descrição genérica de uma organização lógica
de operações usadas em uma medição (VIM, 2012). Consistem no modo de execução
da medição de distintos tipos de grandezas, respeitando critérios e normas definidas
20
para garantir sua confiabilidade. Dentre estes critérios, os de maior relevância são:
precisão de medição e resolução.
A precisão de medição é a proximidade do acordo entre indicações ou valores
medidos obtidos por replicar medições em objetos iguais ou semelhantes sob
condições especificadas (VIM, 2012). Significa que entre medidas iguais tomadas de
mensurandos diferentes existe uma maior ou menor semelhança de valores obtidos,
cuja discrepância pode ser resultado de diversos fatores que podem influenciar na
réplica de uma medição, incluindo erros.
A resolução consite na menor mudança em uma quantidade a ser medida que
provoca uma alteração perceptível na correspondente indicação (VIM, 2012). A menor
divisão de unidade corresponde à menor variação de quantidade capaz de ser medida
pelo sistema em questão. Os procedimentos de medição devem, por razões de
confiabilidade, seguir critérios bem definidos a fim de obter resultados absolutamente
verossímeis. Em processos de ensaios e calibração, os procedimentos exigem,
inclusive, obediência a normas desenvolvidas para esse fim.
Conforme descrito por Albertass e Souza (2008), os métodos usuais de
medição são por comparação, indicação e diferencial. O método de comparação é
feito por comparação direta com uma grandeza de mesma natureza com valor
conhecido, como a medição com uma fita métrica, por exemplo. O método de
indicação, também conhecida como medição direta, é feito pela leitura de uma escala
graduada referente a uma grandeza a ser medida, como exemplo o valor de uma
pressão indicada pelo ponteiro de um manômetro, apontando para um valor de uma
escala aferida. O método diferencial consiste no valor da diferença encontrada entre
um mensurando e uma medida padrão, que pode ser um bloco, régua, esfera,
gabarito, ou referências semelhantes.
Metrologia é definida como a ciência da medição e suas aplicações (VIM,
2012). Diz respeito a toda e qualquer atividade relacionada a quantificação de valores,
que podem ser obtidos por comparação com valores predefinidos ou por instrumentos
escalares. Também trata da padronização dos sistemas de medição e da calibração
de instrumentos.
A Figura 1 apresenta a fotografia de uma sala de metrologia industrial aplicada
à medição dimensional. Contém uma MMC computadorizada empregada no controle
de qualidade de lotes de produto e na assistência ao departamento de projetos. O
21
ambiente climatizado e os equipamentos presentes na sala configuram um sistema
de medição.
Figura 1 – Fotografia de uma Sala de Metrologia Industrial
Fonte: Techpol ( 2018).
Ainda na Figura 1 pode-se notar os controles em forma de joystick que são
utilizados para o controle do deslocamento da ferramenta no processo de medição
executado em modo manual. Embora o microcomputador seja responsável pela
supervisão do processo de medição sendo realizado pela MMC, o controle de
movimentação do equipamento é manual.
Juntamente com a MMC estão dispostos na sala os instrumentos de medição
manual, calibradores e padrões. Todo o conjunto dos recursos presentes em uma sala
como esta configuram um sistema de medição, assim como um simples paquímetro e
seu operador.
A Figura 2 mostra uma série de instrumentos utilizados em medição
dimensional. Entre alguns dos que estão expostos constam: paquímetros,
micrômetros, altímetros, calibradores, relógios comparadores, entre outros
acessórios. Estes instrumentos também configuram um sistema de medição.
22
Figura 2 – Instrumentos Utilizados em Medição Dimensional Fonte: Imperium Instrumentação (2018).
2.2 MÁQUINA DE MEDIR POR COORDENADAS (MMC)
A Máquina de Medir por Coordenadas é um instrumento ou sistema de
medição automatizado.
Segundo Albertass e Souza (2008), a grande demanda da indústria atual
requer mecanismos ágeis de medição, que promovam a flexibilidade suficiente para
suprir suas linhas produtivas, estando atentos não só à quantidade como também à
qualidade dos produtos fabricados, mantendo altos os níveis de produtividade. A MMC
aplicada a um sistema de medição industrial também favorece as etapas de projeto e
engenharia reversa, quando empregados.
Essa grande demanda da indústria é atendida por sistemas conectados a um
computador, porque a medição fornece maior velocidade e confiabilidade quando é
automatizada (ALBERTASS; SOUZA, 2008). Da mesma maneira que em trabalhos
executados por robôs, uma MMC consegue uma boa repetibilidade nos processos em
execução.
A MMC é dotada de um sistema de deslocamento tridimensional que pode ser
montada de diversas formas construtivas, como ponte móvel, ponte fixa, cantilever,
23
braço horizontal, pórtico (HOCKEN; PEREIRA, 2012). A Figura 3 apresenta as
principais formas construtivas que podem ser aplicadas à uma MMC.
Figura 3 – Principais Formas Construtivas Aplicadas a uma MMC Fonte: Adaptado de Hocken e Pereira (2012).
Hocken e Pereira (2012) ainda citam outras formas específicas, como pórticos
adaptados e braços robóticos. Estes geralmente aplicados a finalidades bem
específicas e com uma demanda de complexidade muito maior, assim como
capacidade dimensional e flexibilidade.
A Figura 4 mostra uma forma construtiva baseada no modo pórtico, mas que
apresenta fixação por colunas, assumindo um formato de ponte rolante. Este é
designado como Ponte em Formato L.
Figura 4 – MMC em Ponte Formato L Fonte: Hocken e Pereira (2012).
24
A estrutura da MMC deve ser rígida, construída com materiais favoráveis à
rigidez necessária, pois flexões ou qualquer tipo de deformação produzirá erros na
medição. Pela mesma razão deve ser minimizado o seu peso próprio, assim como
possuir baixo coeficiente de expansão térmica e alta condutividade térmica para
favorecer a dispersão de calor. Um alto índice de amortecimento também é
recomendável, visando eliminar danos causados por impactos ou vibrações capazes
de produzir variações nas medições a curto ou a longo prazo (HOCKEN; PEREIRA,
2012).
A MMC precisa ter um mecanismo de deslocamento tridimensional que
também seja rígido, livre da possibilidade de deformação por esforço mecânico e por
variação de temperatura (BEER; JOHNSTON; DEWOLF, 2010). Este deslocamento
pode ser realizado por transmissão direta utilizando pinhão e cremalheira ou correias
sincronizadas. Outra forma de deslocamento mais sofisticado é realizada por meio de
fuso de esferas recirculantes, que proporciona maior precisão e estabilidade à
movimentação da máquina. Entretanto uma significativa limitação com o uso do fuso
de esferas é a sua incapacidade de desacoplar facilmente para operação manual.
Outro modo de deslocamento menos comum emprega rodas de fricção. (HOCKEN;
PEREIRA, 2012).
A cinemática do mecanismo é definida pelo número de graus de liberdade
(GDL) que ele possui. Norton (2010) define o GDL como o número de parâmetros
independentes (medidas) necessários para definir uma única posição no espaço. Para
se definir um ponto dentro de um espaço em três dimensões, o que é objeto de uma
MMC tridimensional, é exigida a definição das coordenadas dos três eixos
correspondentes, comumente designados como X, Y e Z. Isso classifica o sistema ao
GDL de número 3, ou seja, é dito que o sistema possui 3 graus de liberdade.
Para isso o mecanismo depende de um sistema de coordenadas. Este
sistema determina um ponto de origem e a orientação ortogonal dos três eixos que
determinam um espaço tridimensional a partir do qual uma medição pode ser
realizada.
O processo de medir através de um sistema de medição disposto de uma
MMC consiste em determinar as coordenadas dos pontos de um corpo (objeto) ou
espaço com suas relações algébricas, associados à uma unidade de medida. Este
conceito abrange todas as relações dimensionais de um mensurando relacionados às
distâncias e aos ângulos. Contudo os ângulos não podem ser medidos diretamente
25
em uma MMC, mas podem ser determinados trigonometricamente a partir dos pontos
de referência definidos na medição. A análise é feita considerando um plano
cartesiano tomando, portanto, duas dimensões na disposição espacial. Assim a
posição de um ponto pode ser definida por meio de um vetor de posição que parte do
ponto de origem do sistema de coordenadas. Planos ortogonais, por sua vez,
determinam uma posição no espaço tridimensional, em relação à origem (NORTON,
2010).
Norton (2010) ainda explica que os eixos de referência possuem orientação
arbitrária, e a partir deles podem ser determinados os pontos de interesse em um
espaço de medição nele contido. O vetor de posição pode ser representado na forma
cartesiana ou polar. A forma cartesiana fornece os componentes ortogonais do vetor,
X e Y, Y e Z ou X e Z. A forma polar fornece o módulo e o ângulo do vetor no plano
correspondente.
A conversão de uma forma à outra pode ser feita trigonometricamente, da
mesma maneira que a definição dos valores obtidos para a análise de uma medição.
A forma polar possui três ângulos associados ao módulo de um vetor,
correspondentes aos respectivos eixos ortogonais do sistema de coordenadas a que
um sistema de medição está inserido.
Para a execução de um processo de medição uma MMC depende de um
mecanismo que permita o deslocamento do dispositivo de leitura das medidas, o
atuador, seja ele de qualquer tipo. Norton (2010) explica o conceito de deslocamento
através de rotação pura e translação pura. A rotação pura é um deslocamento que
possui um ponto central de um corpo que não apresenta movimento enquanto os
outros descrevem um arco em torno dele, podendo ser realizado ordenado a apenas
um eixo do sistema de coordenadas, dois ou todos os três, simultaneamente. Estes
deslocamentos são conhecidos como rolamento, guinada e arfagem. A translação
pura é o deslocamento em que todos os pontos de um corpo descrevem um
movimento paralelo, que pode ser retilíneo ou curvo. Quando ocorre a combinação
dos dois deslocamentos caracteriza-se o deslocamento complexo.
A base de fixação do mensurando na MMC é feita sobre uma mesa
rigorosamente plana e nivelada chamada mesa de desempeno, geralmente
constituída de granito em uma moldura que impede deformação, para garantir o
comportamento do corpo rígido da superfície de referência (HOCKEN; PEREIRA,
26
2012). Esta mesa é apoiada sobre coxins e amortecedores que visam eliminar
vibrações oriundas do piso em que o equipamento está alocado.
Para que um mecanismo de deslocamento tenha efeito em um sistema de
medição este precisa ter um meio de registrar e analisar as distâncias do movimento
realizado no processo de medir. Isto é feito por uma leitura que processa uma unidade
de deslocamento em razão a uma unidade de medida determinada para o sistema em
questão, ou seja, uma determinada distância de avanço do mecanismo no espaço em
medição é processada e traduzida para uma unidade em uma escala definida, que
torna mensurável o referido deslocamento para a sua finalidade.
A leitura do deslocamento pode ser realizada através de instrumentos de
medição de deslocamento, como encoders ou réguas lineares digitais (OGATA, 2010).
A Figura 5 mostra a foto de réguas lineares digitais. Este equipamento atua
de modo a informar a um sistema de controle a distância percorrida por um mecanismo
de deslocamento linear.
Figura 5 – Réguas Lineares Digitais Fonte: Logismarket (2018).
O encoder, por sua vez, monitora a rotação de um eixo a ele acoplado. O
deslocamento linear relacionado à transmissão acoplada ao motor é processado pelos
sinais fornecidos pelo encoder, tratando esses dados com a devida conversão visto
que o motor possui deslocamento rotativo. Ambos, régua digital e encoder, são
designados por Hocken e Pereira (2012) como transdutores de deslocamento.
27
Outro item fundamental da MMC é o sensor de medição. Ele pode ser tátil ou
ótico, efetuando as medições com ou sem contato, respectivamente. De acordo com
sua forma, atua de maneira contínua ou discreta (HOCKEN; PEREIRA, 2012). O
sensor tátil consiste de uma ponta de contato, que pode ser singular ou de múltiplos
contatos. Pode ser acionada eletricamente, mecanicamente ou pneumaticamente,
além de outras formas mais incomuns (ALBERTASS; SOUZA, 2008).
A Figura 6 mostra um apalpador tátil com uma ponteira simples acoplada.
Figura 6 – Apalpador Tátil Fonte: Renishaw (2018).
Arenhart (2007) apresenta os conceitos construtivos dominantes de
apalpadores táteis (ou por toque), diferenciando os comutadores e os medidores. Os
comutadores funcionam através de chaves de contato ou por cristais piezelétricos,
acionados quando a ponta do sensor toca o mensurando. Quando se trata de cristais
piezelétricos o sinal de contato ocorre pela diferença de potencial elétrica (tensão)
gerada pelo cristal quando submetido à uma compressão mecânica.
Silva et al. (2014) explicam o funcionamento dos comutadores por chaves de
contato. Consiste em três pinos cilíndricos dispostos no entorno do halo da haste do
28
apalpador que está apoiado em esferas. Quando a ponta da haste promove o
deslocamento do conjunto, um dos pinos abrirá o contato com as esferas, fazendo
com que a corrente conduzida por ele seja interrompida, assim o sensor detecta que
ocorreu o toque com a superfície do mensurando.
A Figura 7 ilustra o funcionamento do comutador de um apalpador por chave
de contato.
Figura 7 – Apalpador por Chave de Contato Fonte: Silva et al., 2014 (adaptado).
Segundo Arenhart (2007) o apalpador deve conter uma haste rígida que
previna a deflexão em função da força de contato. Explica também a necessidade de
se conhecer e considerar o deslocamento sobressalente que ocorre entre o momento
do toque e o processamento do sinal pelo sistema de controle que registra a
coordenada e comanda a parada ou o retorno do apalpador. Além disso menciona
considerar o raio de atuação da ponta do contato do apalpador ao configurar o
processamento da coordenada.
O contato da esfera da ponteira deve ser o mais normal possível em relação
à superfície sendo avaliada para evitar ou minimizar o erro causado pela variação do
valor de raio compensado na ponteira do apalpador (ARENHART, 2007).
As pontas de contato são constituídas de esferas de rubi, aço temperado ou
metal duro (VAS, 2017). Os referidos materiais têm por finalidade a dureza e
respectiva resistência a compressão e deformação, assim como ao desgaste.
29
A Figura 8 apresenta uma ponteira de cinco pontas com esferas de rubis. Esta
configuração favorece a solicitação de contato normal à superfície do mensurando.
Figura 8 – Ponteira de Apalpador de MMC Fonte: Apisensor (2018).
Albertass e Souza (2008) explicam que uma unidade de tratamento de sinais
é responsável pela amplificação, filtragem, processamento e integração dos sinais
para que torne possível a comunicação entre os dispositivos de controle e o de
supervisão, onde estão os mostradores e registradores. Neste tratamento são
empregados decodificadores para a transmissão de dados e controle do sistema de
acionamento.
Atualmente o desenvolvimento das tecnologias, especialmente na área de
computação, permite o emprego de uma gama muito grande de recursos para otimizar
o desempenho das MMC. Existem programas desenvolvidos para o controle e
processamento de dados obtidos nos processos de medição dos equipamentos
tridimensionais. São também a interface para o operador.
Outros sistemas utilizam tecnologia de visão de máquina para realizar
medições tridimensionais sem contato. Equipamentos eletrônicos de captura de
imagem são empregados para uma medição precisa e rápida de peças complexas,
podendo operar em 2D ou em 3D. Podem ainda ser integrados com sistemas CAD e
CAM, aplicados a comparações de medidas de um modelo virtual com uma peça real
(VAS, 2017).
30
2.3 MOTORES DE PASSO
Motores de passo são máquinas elétricas constituídas de estatores bobinados
e um rotor composto por ímãs permanentes ou de relutância variável acoplados a um
eixo (ALCIATORE; HISTAND, 2014). Funcionam baseados nos princípios do
eletromagnetismo, pela atuação de forças sobre polos magnéticos norte e sul. Sua
função é transformar energia elétrica em energia mecânica.
O rotor consiste de um cilindro com saliências, que dispensa enrolamentos
bobinados, como ocorre em outros tipos de motores por indução, como os motores
CC (Corrente Contínua) paralelo e shunt, por exemplo. O acionamento é realizado
pela tendência do rotor a se alinhar com a onda de fluxo produzida pelo estator
(FITZGERALD; KINGSLEY; UMANS, 2006).
Alciatore e Histand (2014) explicam que esses motores se movem por
incrementos angulares precisos, em ambos os sentidos, controlados por circuitos
digitais conhecidos como módulos de controle de motores de passo. Estes processam
comutações nos enrolamentos do estator.
Os módulos de controle recebem pulsos gerados por um sistema de controle
que, em função da quantidade e frequência solicitados, definem ângulo, velocidade e
sentido da rotação do motor. As comutações são realizadas de maneira ordenada em
relação à disposição dos enrolamentos bobinados presentes no estator do motor de
passo.
Esse princípio de funcionamento está relacionado ao número de saliências no
rotor e no estator de um motor de passo, o que determina a resolução angular. O
alinhamento das saliências do estator e rotor tendem à posição de menor relutância
magnética, buscando um fluxo ordenado para definir sua posição de equilíbrio
(FITZGERALD; KINGSLEY; UMANS, 2006).
Os motores que são constituídos de rotores com ímãs permanentes, mesmo
não estando energizados, apresentam um torque estático, isto é, quando parado o
motor possui uma força de retenção, podendo atuar como freio.
Os enrolamentos bobinados caracterizam os polos e o rotor magnético é o
elemento responsável pela geração de torque e movimento do motor, a uma
determinada força chamada de conjugado.
A Figura 9 mostra o conceito construtivo de um motor de passo de duzentos
passos.
31
Figura 9 – Conceito Construtivo de um Motor de Passo Bipolar de 200 Passos Fonte: Multilógica Shop (2017).
Os motores de passo constituídos por ímãs permanentes podem ser
unipolares ou bipolares. O motor unipolar possui dois enrolamentos por fase sendo
um para cada sentido. O motor bipolar tem um único enrolamento por fase, assim a
corrente precisa ser invertida a fim de inverter um polo magnético (BRITES; SANTOS,
2008).
Segundo Alciatore e Histand (2014), motores de passo podem ser
alimentados por duas fontes ou uma fonte de polaridade comutável, sempre em
corrente contínua. Por possuírem seu movimento controlado por pulsos que podem
ser programados em um método de contagem, dispensam realimentação, podendo
operar em sistema de malha aberta.
A polaridade do rotor é definida em função do ímã permanente nele presente.
A polaridade do estator é gerada em função da corrente que alimenta a bobina, pois
é uma magnetização induzida. Existem várias formas de ligação para os motores de
passo, que correspondem a maior ou menor torque, maior ou menor potência. Os
motores unipolares possuem polarização de corrente elétrica em um único sentido
para cada enrolamento da bobina, sendo necessárias fontes diferenciadas para
realizar a inversão. O motor bipolar possui sentido bidirecional de corrente que
proporciona maior torque por haver fluxo de corrente pela extensão completa da
bobina, enquanto no motor unipolar apenas o sentido em regime de trabalho
apresenta fluxo, partindo da derivação central da bobina (MICROCHIP, 2004).
A Figura 10 mostra a configuração esquemática das bobinas de um motor de
passo unipolar. O fluxo partindo da fonte 1 em direção ao terminal a induz a
32
magnetização de apenas parte da bobina, criando apenas um polo. A alteração do
fluxo para o terminal b causa a inversão da polaridade do eletroímã induzido na
bobina. Entretanto o sentido da corrente na fonte permanece o mesmo.
Figura 10 – Motor de Passo Unipolar Fonte: Electronica-pt (2018).
A Figura 11 mostra a configuração esquemática das bobinas de um motor de
passo bipolar. O fluxo partindo da fonte 1b em direção ao terminal 1a cria ambos os
polos no estator. A inversão da polaridade somente pode ocorrer com a inversão do
fluxo de corrente na fonte.
Figura 11 – Motor de Passo Bipolar Fonte: Electronica-pt (2018).
Pelo princípio da atração entre polos opostos o rotor tende a alinhar seus
polos aos opostos correspondentes induzidos no estator. Um circuito de controle de
corrente é necessário para induzir a geração dos polos de modo que o motor produza
o movimento desejado
Os circuitos de controle são montados de maneira a gerar os polos induzidos
no estator para produzir o movimento ou posicionamento solicitado no rotor. O polo
do rotor, seja ele norte ou sul, é atraído pelo seu oposto induzido no estator,
assumindo uma posição definida. Mesmo sem corrente o motor possui um torque em
33
regime parado em função do campo magnético do ímã permanente do rotor. Quando
a bobina do estator é energizada o polo gerado promove a atração magnética e o
motor atua em regime de freio ou trava. As comutações das bobinas reposicionam o
rotor de forma que produz movimento e torque. Alciatore e Histand (2014) explicam
que as ligações dos motores de passo são definidas pelos fabricantes por cores para
diferenciar as ligações das bobinas. Assim é possível estabelecer o método de
controle.
A Figura 12 mostra o esquema de ligação para o funcionamento de um motor
de passo em um modo de acionamento chamado passo completo, onde uma bobina
é polarizada de cada vez, ocasionando um passo integral ao rotor.
Figura 12 – Acionamento Passo Completo Fonte: Unesp (2018).
A Figura 13 mostra o esquema de ligação para o funcionamento de um motor
de passo em modo de acionamento chamado passo alto torque, onde duas bobinas
34
são polarizadas de cada vez, ocasionando um passo integral de alto torque ao rotor,
em função da atração magnética maior.
Figura 13 – Acionamento Alto Torque Fonte: Unesp (2018).
O método de acionamento mais comum é o acionamento meio passo. Com
este método a resolução dos passos executados pelo motor é maior, proporcionando
a realização de movimentos mais definidos e o posicionamento de parada mais
preciso.
As bobinas são polarizadas de maneira alternada entre passo pleno e alto
torque, ocasionando um passo intermediário ao rotor. Com isso se duplica a
quantidade de posições que o rotor pode assumir, ou seja, o número de passos.
Em todos estes acionamentos a indução magnética é realizada por corrente
integral fornecida pelos módulos de controle de motores de passo, executando ele
somente as comutações necessárias à movimentação do motor.
A Figura 14 mostra o esquema de ligação para o funcionamento de um motor
de passo em modo de acionamento chamado meio passo.
35
Figura 14 – Acionamento Meio Passo Fonte: Unesp (2018).
36
O modo de acionamento mais preciso é realizado por meio de micropassos. O
controle do avanço da rotação do motor ocorre através da transferência gradual de
corrente de uma bobina para outra (MICROCHIP, 2004). Essa transferência de
corrente gera uma corrente média que caracterizaria o modo halfdrive, contudo o
módulo responsável pelo controle do acionamento do motor regula a corrente em cada
par de bobinas adjacentes de forma que o rotor assume múltiplas posições, ou passos,
de acordo com a intensidade de fluxo magnético gerado em cada combinação.
A Figura 15 apresenta gráficos representando o comportamento das correntes
nas bobinas do motor de passo em modos fulldrive, halfdrive e micropasso,
respectivamente.
Figura 15 – Gráficos dos Comportamentos das Correntes Fonte: Fernandok (2018).
As bobinas adjacentes geram uma combinação de campos magnéticos que
possibilitam diversas posições angulares do rotor em função da relutância magnética.
A quantidade de posições é proporcional à quantidade de níveis de intensidade de
correntes que o módulo de controle consegue produzir.
2.3.1 Módulo de Controle para Motor de Passo
O acionamento do motor de passo é executado por um circuito de
processamento de sinal chamado Módulo de Controle. Este dispositivo é responsável
pelo controle do chaveamento das correntes que alimentam as bobinas do estator de
37
um motor de passo. Esse chaveamento determina o sentido e a intensidade de
corrente por meio de circuitos digitais (AKIYAMA, 2009).
Os módulos de controle operam de diversas maneiras, conforme o tipo de
motor, assumindo um circuito apropriado para cada aplicação. A Figura 16 mostra a
configuração de um módulo para acionamento unipolar, aplicados em motores de
passo unipolares.
Figura 16 – Módulo de Controle para Motor de Passo Unipolar Fonte: Akiyama (2009).
Esta configuração realiza a passagem de corrente pela metade das bobinas
do motor a cada pulso elétrico nas chaves C1 e C2. Desta forma o sentido da corrente
é constante. A corrente altera sentido quando as chaves opostas comutam, invertendo
o sentido do fluxo magnético e, consequentemente, a rotação do motor visto que os
polos são invertidos também (AKIYAMA, 2009).
O módulo de acionamento bipolar comuta um conjunto de quatro chaves em
uma configuração conhecida como Ponte H. Esta configuração possibilita a passagem
de corrente por toda a bobina do motor, produzindo maior torque. A corrente inverte o
sentido a cada comutação nas chaves C1, C4 e C2, C3, alternadamente (AKIYAMA,
2009).
A Figura 17 mostra a configuração de um módulo para acionamento bipolar,
aplicados em motores de passo bipolares.
Figura 17 – Módulo de Controle para Motor de Passo Bipolar Fonte: Akiyama (2009).
38
O sinal de passo é digital do tipo trem de pulsos, que deverá ter amplitude e
frequência limitadas conforme modelo do módulo de controle. Conforme se varia a
frequência do trem de pulsos a velocidade de rotação do motor de passo é alterada
(AKIYAMA, 2009).
A maioria dos módulos de controle de motores de passo possuem uma
terceira entrada de habilitação digital onde um sinal de nível baixo faz a interrupção
imediata do movimento, que pode ser usada como parada de emergência ou entrada
para uma chave fim de curso (AKIYAMA, 2009).
A disposição das bobinas em um motor de passo configura duas fases, por
onde circulam as correntes em sentidos opostos e que, portanto, geram os polos
opostos. Essas fases são geralmente designadas como A e B. Os terminais dos
enrolamentos destas bobinas são designados como A-A’ e B-B’, respectivamente.
Outras derivações são possíveis de acordo com o tipo de ligação adotado. Podem ser
derivações em aberto ou, como os terminais C. Os motores de passo possuem
arquiteturas construtivas que apresentam 4, 6 ou 8 terminais de ligação. De acordo
com esta arquitetura é possível fazer a ligação dos motores em modo unipolar, série
ou paralelo (AKIYAMA, 2009).
Uma conexão série promove um alto valor de indutância e com isto um melhor
torque em baixas velocidades, ao passo que uma conexão paralela produzirá um
perceptível aumento do torque em velocidades maiores (AKIYAMA, 2009).
2.4 MICROCONTROLADOR
Um microcontrolador corresponde a um microprocessador e seus periféricos
típicos, todos juntos em um único chip. Um microcomputador processa dados a partir
de um microprocessador com o auxílio de outros circuitos como memórias, timers e
controladores. Um microcontrolador possui integrados estes recursos em um único
circuito.
Segundo Alciatore e Histand (2014), microcontrolador é um circuito integrado
simples, contendo circuitos especialistas e funções aplicadas no desenvolvimento de
sistemas mecatrônicos. É dotado de um núcleo processador, onde se processam
cálculos lógicos e aritméticos, gerenciam-se memória e periféricos de entrada e saída
programáveis.
39
Fundamentalmente se trata de um componente eletrônico programável capaz
de executar programas desenvolvidos para controle de uma infinidade de propósitos.
Alciatore e Histand (2014) citam o microcontrolador como um dispositivo versátil, de
baixo custo, com tamanho reduzido e de fácil programação. É largamente utilizado em
aplicações domésticas, entretenimento, telecomunicações, assim como na indústria
automotiva, aviação, robótica e controle de processos.
Os microcontroladores são classificados em famílias, de acordo com a
arquitetura e tecnologia neles embutidos. São ainda categorizados conforme a
quantidade e capacidade dos recursos que apresentam (ATMEL, 2016).
A Figura 18 mostra uma placa Arduino Mega 2560 contendo um
microcontrolador AVR ATmega 2560, construído com a arquitetura Harvard
modificada, desenvolvida pela Atmel Corporation, que foi adquirida pela Microchip
Tecnology em 2016. Este é o sistema de processamento utilizado no projeto, pois
todos os membros da equipe possuem este modelo disponível, e o mesmo atende às
necessidades do projeto.
Figura 18 – Placa Arduino Mega 2560 Fonte: Arduino (2018).
A placa fornece circuitos apropriados para regulação de tensão, comunicação
via porta USB (Universal Serial Bus), proteção e comunicação entre dispositivos.
A estrutura do microcontrolador conta com pinos para a recepção e
transmissão de sinais. Estes pinos compõem conjuntos de portas, que podem ser de
entrada ou saída, em grupos digitais e analógicos. A maneira como estas portas irão
se comportar são definidas pela configuração de registros.
40
Existem pinos específicos para alimentação, interrupções, reset,
comunicação serial e modulação PWM (Pulse Widht Modulation). A diferença básica
entre um modelo de microcontrolador e outro é a quantidade de pinos disponíveis,
bem como a capacidade de hardware e software a eles disponíveis (ATMEL, 2016).
A arquitetura do microcontrolador é designada como RISC (Reduced
Instruction Set Computer), a qual é definida como dispositivo que tem a característica
de operar com um conjunto de instruções simples. O acesso a dados e instruções é
realizado via registradores ao invés de memórias (TANENBAUM; WETHERALL,
2011).
Diversos tipos de memória são responsáveis pelo armazenamento de dados,
instruções e processamento de informações em um programa rodando no
microcontrolador. Algumas das memórias mais comumente disponíveis são:
EEPROM (Electrically-Erasable Programmable Read-Only Memory), SRAM (Static
Random Access Memory) e Flash.
Os microcontroladores mais sofisticados contam ainda com módulos
conversores A/D (Analógico/Digital), comparadores analógicos e portas de
comunicação USART (Universal Synchronous Asynchronous Receiver Transmitter)
para transmissão bidirecional de dados em forma serial.
O núcleo de processamento (CPU) é responsável pelas operações aritméticas
e lógicas das instruções programadas que resultam no sistema de monitoramento e
controle em que o microcontrolador atua.
Na robótica os microcontroladores são amplamente empregados devido à sua
capacidade para controle de sistemas digitais, especificamente para o acionamento
de servomotores e motores de passo.
O Arduíno Mega 2560 possui 54 pinos de entrada e/ou saída digitais (dos
quais 15 podem ser usados como saídas PWM), 16 entradas analógicas, 4 portas
USART (portas seriais de hardware), um oscilador de cristal de 16 MHz, uma conexão
USB, conector de alimentação, um conector ICSP, e um botão de reset.
A Figura 19 apresenta o diagrama esquemático da arquitetura do
microcontrolador ATmega 2560, mostrando a disposição dos recursos em seu
barramento.
41
Figura 19 – Diagrama Esquemático do Microcontrolador ATmega 2560 Fonte: Alldatasheet (2018)
A programação do microcontrolador é feita via microcomputador através de
plataformas de programação. A linguagem empregada para isso é a Linguagem
C/C++.
As plataformas de programação são softwares dirigidos à programação de
microcontroladores, geralmente desenvolvidos pelos próprios fabricantes dos
componentes, que possuem uma série de bibliotecas já definidas, ou que podem ser
inseridas para que se possa implementar os recursos exigidos no programa a ser
carregado no microcontrolador.
O software é composto de uma interface que apresenta ferramentas para a
execução da escrita do programa, bem como recursos de verificação de erros. A
disponibilidade e sofisticação das ferramentas presentes é uma propriedade de cada
plataforma.
42
O compilador é parte integrante da interface e responsável pela conversão da
escrita do programa na estrutura binária equivalente que irá compor o conjunto de
instruções a ser executado pelo programa embarcado no microcontrolador.
O programa carregado em um microcontrolador é designado como firmware
e pode ser manipulado através do respectivo compilador, da mesma forma que um
programa desenvolvido para computador.
Existem plataformas específicas e genéricas. As específicas são direcionadas
a uma gama definida de microcontroladores. As genéricas destinam-se a qualquer
microcontrolador que seja integrante de uma mesma família (ATMEL, 2016).
A Figura 20 apresenta uma imagem da interface da Plataforma Arduino de
programação de microcontroladores. É uma plataforma específica desenvolvida para
microcontroladores Arduino.
Figura 20 – Interface da Plataforma Arduino Fonte: Autoria própria (2018).
A Figura 21 mostra uma imagem da interface da plataforma CodeVision AVR.
É uma plataforma genérica na qual se pode programar qualquer microcontrolador da
família AVR, ARM e alguns microprocessadores também.
43
Figura 21 – Interface da Plataforma CodeVision AVR Fonte: Ershivamgupta (2018).
2.5 CHAVES FIM DE CURSO
Chaves fim de curso são componentes eletromecânicos usados para abrir e
fechar conexões em circuitos (ALCIATORE; HISTAND, 2014). Consistem de um
comutador que pode ser simples ou duplo, alternando o percurso de um circuito
elétrico entre aberto e fechado.
Pode ser normalmente aberto (NA) ou normalmente fechado (NF). O tipo
simples possui apenas um contato que estará normalmente aberto ou normalmente
fechado, alternando seu estado por ocasião da comutação. O tipo duplo comuta
ambos os estados alternadamente por vias distintas. O acionamento pode ser feito
por pino, gatilho, roldana, haste, entre outros.
O contato pode gerar diversos picos de tensão durante o fechamento, pela
dinâmica da corrente elétrica nos contatos, provocando muitas transições de abertura
e fechamento em um efeito chamado bounce. Este efeito causa a interpretação
equivocada de um sinal por parte de sistemas digitais, fazendo o controle entender
que houve diversas comutações sucessivas quando na verdade somente ocorreu
apenas uma (ALCIATORE; HISTAND, 2014).
44
Devido ao efeito bounce, existe a necessidade de se implementar uma lógica
que processe a variação da tensão do sinal ao invés de seu nível. Existem várias
maneiras de prevenir este infortúnio por meio de circuitos ou estratégias conhecidas
como debounce.
A chave fim de curso é amplamente aplicada para delimitar o deslocamento
de mecanismos, servindo como dispositivo de segurança e também de
referenciamento.
A Figura 22 mostra a imagem e o esquema de funcionamento de uma chave
fim de curso de duplo contato.
Figura 22 – Chave Fim de Curso de Duplo Contato Fonte: Saladaeletrica (2018).
Os bornes, onde são feitas as ligações dos fios condutores do circuito, são
conectados aos contatos da chave. Outro contato está conectado a um pino com mola
ou é uma palheta que assume a função de mola. Uma haste recebe um acionamento
mecânico e causa o deslocamento dos contatos, comutando seu estado atual e
alterando o estado da tensão conduzida pelos contatos entre passando e
interrompida, enquanto o acionamento estiver presente. A mola ou palheta realizam o
retorno ao estado normal da chave por ocasião da retirada do acionamento.
2.6 SISTEMA SCADA
Um sistema de controle supervisório e aquisição de dados (SCADA) é um
software que se aplica ao monitoramento e controle de processos. Pode ser
representado como a tecnologia que permite um usuário coletar dados e enviar
instruções de controle a um dispositivo distante (BOYER, 2004). Inclui interface ao
operador e manipulação dos dados programados e proporciona controle em tempo
45
real. Boyer (2004) define o SCADA como um sistema de duas vias, que recebe dados
e envia comandos.
Segundo Ogata (2010), o sistema supervisório consiste em um conjunto de
programas gerados e configurados no software básico de supervisão, implementando
controle e supervisão, com interfaces gráficas que facilitam a visualização do estado
atual, a aquisição e processamento de dados, assim como a gerência de relatórios e
alarmes onde o controle de processos é aplicado.
Para Aihara et al. (2001) o sistema de supervisão é responsável pelo
monitoramento das variáveis de controle de um processo automatizado, para dar
subsídio ao operador em monitorar ou controlar esse processo.
Moraes e Castrucci (2012) apresenta a hierarquia dos processos em uma
empresa classificando as competências de cada nível e seu desempenho na cadeia
produtiva. O sistema supervisório é nivelado como o elo de ligação entre o controle
de processos e o gerenciamento industrial, caracterizado como nível 3. Os níveis de
gerenciamento dependem das informações coletadas e armazenadas no banco de
dados do SCADA, que estão relacionadas a todos os processos realizados pelos
níveis que comportam os elementos de controle automático das atividades da planta
e os elementos controláveis, como máquinas, atuadores e sensores. Significa que um
sistema supervisório serve também como ferramenta para otimização da utilização de
recursos, como equipamento e matéria-prima.
A Figura 23 ilustra a pirâmide de processos, de acordo com Moraes e
Castrucci (2012) em uma abordagem genérica da hierarquia de um sistema de
supervisão de uma empresa.
Figura 23 – Pirâmide de Processos Fonte: Adaptado de Moraes e Castrucci (2012).
46
Este conceito é designado por Coelho (2010) como hierarquia dos sistemas
de automação, no qual descreve as funções de operação e as funções de controle.
A Figura 24 mostra a interface homem-máquina (IHM) de um sistema de
climatização predial, gerado a partir de um software SCADA, para monitoramento e
controle do sistema.
Figura 24 – Interface Homem-Máquina de um Sistema de Climatização Predial Fonte: Idealhome (2017).
Coelho (2010) apresenta suscintamente os elementos de um sistema SCADA,
dos quais relaciona os componentes lógicos: núcleo de processamento, comunicação
com computadores e redes, gerenciamento de alarmes, banco de dados, históricos,
lógicas de programação interna ou controle, interface gráfica, relatórios, comunicação
com outras estações SCADA, comunicação com sistemas externos ou corporativos.
Apresenta também os elementos monitoráveis, como alarmes, registradores de
tendência, históricos e relatórios.
Assim como qualquer sistema programável, um supervisório trabalha com a
compilação de uma linguagem que utiliza recursos como tipos de variáveis, funções
ou blocos lógicos, operadores (ELIPSE, 2018).
A rede de comunicação é a plataforma por onde fluem as informações dos
dispositivos para o sistema SCADA (COELHO, 2010). Consiste na estrutura física que
compõe os recursos para tráfego de dados na forma de sinais elétricos.
47
As redes industriais são padronizadas por modelos e protocolos, com a
finalidade de integrar diferentes dispositivos em uma cadeia de processos, de modo
que se possa obter dados e executar tarefas a partir de uma central de controle, seja
ela local ou remota. O sistema de comunicação interconecta as informações dos
equipamentos presentes na planta e uma topologia conhecida como mestre- escravo,
ou cliente-servidor (SENAI, 2010).
A disposição física da infra-estrutura e seu interligamento assume algumas
topologias características que melhor atendem ao padrão da corporação onde está
instalada.
O padrão aplicado industrialmente é o Modelo OSI (Open System
Interconnect). Tanenbaum e Wetherall (2011) explicam que não se trata da
arquitetura de rede, mas da definição dos parâmetros exigidos para um funcionamento
padronizado, dentre os quais se determina capacidade de tráfego de informações,
velocidade, quantidade de dispositivos, distância, entre outros.
A Figura 25 mostra uma representação gráfica do Modelo OSI, com suas
camadas e respectivas funções. O sistema SCADA se enquadra na camada de
aplicação, pois trata-se do software que processará informações e os disponibilizará
ao operador ou gerente de um processo produtivo.
Figura 25 – Modelo OSI Fonte: Adaptado de SENAI (2010).
48
Tanenbaum e Wetherall (2011) expõem que os sistemas de redes atuam com
endereçamentos pelos quais os dados trafegam simultaneamente no mesmo meio
físico, por isso a necessidade de um controle de serviços, para o correto tráfego de
informação. Existem meios para determinar erros ou falhas no envio de mensagens,
evitando leituras ou interpretações erradas.
Todos os sistemas SCADA possuem ferramentas que configuram os
parâmetros de processamentos de dados de um sistema que está sendo monitorado
e controlado, para que as informações sejam inteligíveis e armazenáveis. O pacote
de dados fornecidos pelos dispositivos em campo e que trafegam pela rede consistem
de palavras binárias que precisam ser interpretadas para uma representação legível
para o operador ou gerente, na forma de imagem, valor numérico, texto, gráfico, entre
outros.
2.7 PROTOCOLO MODBUS
O Modbus é um protocolo de comunicação industrial que atua utilizando a
topologia mestre-escravo, podendo conter até 247 escravos na rede. A camada física
é definida como livre, de acordo com o modelo OSI, que se refere ao meio de
transporte dos dados da comunicação. Pode ser feito pelo meio físico de padrão
elétrico RS 485 (ÁVILA, 2008). Os modos de transmissão podem ser RTU (Remote
Terminal Unit) ou ASCII (American Standard Code for Information Interchange). Estes
modos definem como os dados serão empacotados (ALFA INSTRUMENTOS, 2017).
A determinação do meio físico deve considerar a demanda de informações a
trafegar por ele, distância e blindagem contra interferências que podem ocasionar
erros na transmissão de dados. Quando dispositivos diferentes são conectados em
uma rede por vezes se faz necessário a inserção de conversores que regulam os
níveis de tensão e a forma de transmissão de pacotes de dados.
Os procedimentos definidos para transmissão e recepção de mensagens,
recuperação de erros e sincronismo entre equipamentos são tratados na camada de
enlace que caracteriza o vínculo de dados conforme o modelo OSI, definindo início e
término da mensagem, endereçamento, função (requisição ou ordem), dados e
verificação de erros (ALFA INSTRUMENTOS, 2017).
49
A formação da palavra de dados, definida como framing, consiste em
caracteres hexadecimais, que formam uma mensagem que transporta informações
sobre as configurações da rede e os dados de processo requeridos pelo mestre (ALFA
INSTRUMENTOS, 2017).
Os erros de mensagens são detectados por diferentes métodos que são
implementados no framing, conferidos no escravo quando solicitação e no mestre
quando resposta. Se detectado algum erro a mensagem é descartada e solicitado
reenvio (ALFA INSTRUMENTOS, 2017).
No modo ASCII cada palavra da mensagem é transmitida por dois caracteres
no padrão ASCII. A mensagem possui caracteres que definem início e término da
mesma (VILELA, 2013).
A Figura 26 mostra o esquema de uma mensagem enviada pelo protocolo
Modbus em modo ASCII.
Figura 26 – Mensagem do Protocolo Modbus ASCII Fonte: Ávila (2008).
Após enviada a palavra de início de mensagem (start) pode ocorrer um
intervalo de até 1 segundo entre as palavras. Caso esse tempo seja maior o escravo
assume ocorrência de erro.
O modo RTU transmite suas palavras em padrão hexadecimal e distingue
suas mensagens por um intervalo de 3,5 caracteres, cujo tempo está em função do
número de bits da mensagem pela taxa de transferência (VILELA, 2013).
A Figura 27 mostra o esquema da mensagem do protocolo Modbus em modo
RTU.
Figura 27 – Mensagem do Protocolo Modbus RTU Fonte: Ávila (2008).
50
Contudo o pacote de dados que compõe a mensagem deve ser enviado de
maneira contínua, não podendo exceder um intervalo maior que 1,5 caractere de
dados. Caso ocorra a mensagem será descartada por caracterizar erro. Da mesma
forma se uma nova mensagem for iniciada antes do intervalo de 3,5 caracteres, haverá
erro, porque o escravo assumirá que se trata da continuação da mensagem anterior
(ALFA INSTRUMENTOS, 2017).
O framing é composto por campos, que abrigam caracteres, ou palavras, que
definem o funcionamento da mensagem. O campo endereço indica qual escravo está
sendo solicitado, sendo que o endereço 0 é reservado para acesso geral (broadcast).
O campo função é responsável por definir ao escravo qual é o processo a ser
executado, como leitura, escrita ou ativação, por exemplo. O campo de dados
transmite a mensagem propriamente dita, contendo as informações fornecidas do
escravo ao mestre ou as instruções fornecidas do mestre ao escravo (ALFA
INSTRUMENTOS, 2017).
O campo de checagem da mensagem verifica a integridade da mensagem
transmitida ou recebida. Um dos métodos é o da paridade, onde é conferida a
quantidade de bits em nível 1 na mensagem. Transmissor e receptor da mensagem
precisam estar configurados na mesma lógica (ALFA INSTRUMENTOS, 2017).
A checagem LRC (Longitudinal Redundancy Check) é aplicada na mensagem
em modo ASCII. Consiste, fundamentalmente, no cálculo do conteúdo dos campos da
mensagem que resulta em caracteres que são integrados à mensagem em ordenação
definida, de modo que mestre e escravo possam comparar o resultado para verificar
que as palavras da mensagem não foram alteradas em algum momento (ALFA
INSTRUMENTOS, 2017).
A checagem CRC (Cyclical Redundancy Check) é aplicada na mensagem em
modo RTU. Consiste em um cálculo realizado de forma semelhante à checagem LRC,
mas que considera a mensagem como um todo, e não como palavras distintas. Da
mesma forma o caractere resultante é integrado à mensagem. O receptor recalcula o
caractere integrado e o compara para validar ou não a mensagem (ALFA
INSTRUMENTOS, 2017).
O protocolo Modbus foi empregado para o projeto da MMC pela sua
versatilidade ao ser aplicada em ambiente industrial utilizando o padrão RS 485.
51
3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
O desenvolvimento do projeto envolveu tecnologias relacionadas a disciplinas
de mecânica, eletrônica e programação. Cada área foi desenvolvida de maneira
independente e a integração delas ocorreu gradualmente à medida que as etapas da
construção física foram sendo concluídas. Após a conclusão da construção foram
realizados os testes e ensaios com a finalidade de validar o propósito do projeto.
3.1 PROJETO CONCEITUAL
No projeto conceitual foram definidos os materiais a serem empregados,
componentes comerciais, plataformas de projeto e programação. Também foi definida
proposta de projeto e analisados os prazos possíveis e o custo estimado.
Optou-se por construir uma estrutura rígida em alumínio e nylon, empregar
motores de passo para o acionamento com transmissão direta via pinhão e
cremalheira e o respectivo módulo de controle de motores de passo, placa Arduino
com o microcontrolador ATmega 2560 para controle e acionamento, o programa
Elipse SCADA como sistema supervisório e o protocolo Modbus para a rede de
comunicação.
A estrutura do protótipo foi idealizada em um carro superior contendo uma
régua de deslocamento vertical, sobre uma ponte transversal que fica apoiada em
uma mesa rígida, permitindo os três graus de liberdade necessários para um
mecanismo de deslocamento tridimensional.
3.2 PESQUISA E ESTUDO SOBRE AS TECNOLOGIAS EMPREGADAS
Com a definição da parte estrutural e das tecnologias envolvidas no
mecanismo, acionamento e controle da mesa, foi realizada uma revisão técnica dos
conhecimentos relacionados aos componentes a serem empregados.
O estudo visou definir os procedimentos mais adequados e econômicos para
o desenvolvimento do projeto. Também por ocasião do estudo, foram produzidas as
52
fundamentações teóricas da proposta de projeto e deste relatório. A revisão
bibliográfica consistiu em rever conceitos de projeto assistido por computador,
mecânica geral, resistência dos materiais, engenharia dos materiais, sistemas
mecânicos, elementos de máquinas, processos de fabricação, circuitos elétricos,
eletrônica, acionamentos, sistemas microcontrolados, sistemas supervisórios, redes
industriais, programação e teoria de controle.
Foram realizadas, ainda, pesquisas relacionadas a trabalhos similares já
concluídos, envolvendo consultas a monografias, artigos técnicos e relatórios de
trabalhos técnicos.
3.3 MODELAGEM VIRTUAL DA ESTRUTURA
A estrutura mecânica foi idealizada e projetada via software SolidWorks 2013
SP5, seguindo a forma construtiva de um pórtico padrão. A estrutura física da MMC
consiste em:
a. Mesa;
b. Carro Transversal;
c. Carro superior;
d. Régua porta ferramentas
e. Apalpador.
A estrutura é formada por um carro superior movimentando transversalmente
sobre um segundo carro que está sobre uma mesa. A mesa compõe a base fixa de
toda a estrutura. Ela está apoiada sobre uma base em chapa de nylon que está dotada
de pés ajustáveis que possibilitam o nivelamento da máquina. O carro inferior se
desloca sobre trilhos guias da mesa. Sobre este carro se desloca o carro superior em
sentido transversal, de igual maneira por trilhos guias. O carro superior possui uma
régua de deslocamento vertical (sentido altitudinal), cumprindo o deslocamento
tridimensional do equipamento ferramenta.
As Figuras 28 e 29 mostram o modelo tridimensional virtual desenvolvido
para a construção da mesa cartesiana.
53
Figura 28 – Modelo Tridimensional Virtual da Mesa Cartesiana Fonte: Autoria própria (2018).
Figura 29 – Modelo Tridimensional Virtual da Mesa Cartesiana – vista traseira Fonte: Autoria própria (2018).
54
O mecanismo de deslocamento do carro transversal foi definido pelo
acionamento de dois motores de passo que atuam sincronizadamente, eliminando a
necessidade de um longo eixo de transmissão que pode sofrer torção e comprometer
o deslocamento paralelo das bases do carro.
A estrutura da mesa foi projetada com perfis em alumínio com formato que
oferece baixo peso e contém guias apropriadas aos rolamentos dos carros.
As estruturas em nylon acomodam a base dos carros e elementos do
mecanismo de deslocamento, os motores de passo e as cremalheiras. As estruturas
laterais da mesa foram projetadas com um conjunto de dois perfis de cada lado,
visando fornecer resistência a forças de torção causadas pelo carro transversal. A
modelagem da mesa foi executada peça a peça para posteriormente ser montada,
adequando os ajustes necessários para o correto funcionamento mecânico. A cada
peça foi atribuída a configuração de material para que o programa de modelagem
possa executar ensaios e cálculos a fim de fornecer informações pertinentes ao
comportamento mecânico da estrutura. Este recurso também fornece uma
representação gráfica.
A Figura 30 apresenta o modelo virtual da mesa montada.
Figura 30 – Modelo Virtual da Mesa Montada Fonte: Autoria própria (2018).
55
Os perfis estão unidos por cantoneiras e uma junção em nylon posiciona perfis
paralelos formando as guias laterais do carro transversal. Perfis e tampas de
policloreto de polivinila (PVC) são usados para acabamento. As cantoneiras estão
firmemente fixadas por conjunto de fixação composto por parafusos Allen de cabeça
cilíndrica com sextavado interno DIN 912 M6 x 30 classe 12.9, arruelas de pressão
DIN 127 M6 e porcas sextavadas DIN 934 M6 classe 8.
O carro transversal é montado sobre bases de nylon que acomodam os
motores. Possui, também, dois perfis paralelos que são os trilhos guias do carro
superior. Dois perfis chatos estriados nas extremidades são aplicados para a fixação
dos motores, da mesma maneira que na lateral do carro superior. O carro se move
sobre rolamentos radiais de uma carreira de esferas 6002 2RS, que foram montados
sob pressão em eixos de nylon.
A Figura 31 apresenta o modelo virtual do carro transversal. É previsto nele o
posicionamento das chaves fim de curso para o carro superior.
Figura 31 – Modelo Virtual do Carro Transversal Fonte: Autoria própria (2018).
O carro superior foi todo projetado em peças de nylon montadas e fixas com
parafusos Allen de cabeça cilíndrica com sextavado interno DIN 912 M5 x 20 classe
12.9. Os rolamentos utilizados são do mesmo modelo já especificado. Em ambos os
56
casos ele se aloja muito bem na guia dos perfis da estrutura, com uma folga de 0,2
mm. A estrutura do carro superior aloja uma régua de deslocamento vertical que é
guiada por seis rolamentos 685 2Z. Os rolamentos guias da régua são montados em
pinos usinados em aço prata SAE 52100.
A Figura 32 apresenta o modelo virtual do carro superior.
Figura 32 – Modelo Virtual do Carro Superior Fonte: Autoria própria (2018).
A Figura 33 mostra o modelo virtual da régua, que consiste na régua porta
ferramentas da máquina. A cremalheira montada nela é replicada do modelo
comercial empregado (detalhe em azul).
Figura 33 – Modelo Virtual do Porta Ferramentas Fonte: Autoria própria (2018).
57
Dois pinos em aço prata SAE 51200 são posicionados para atuar como
limitadores mecânicos do curso do deslocamento da régua.
Os motores são posicionados de forma executar a transmissão do pinhão com
a cremalheira. O pinhão também é replicado a partir do modelo comercial adotado,
que é ajustado com a cremalheira. Está diretamente acoplado ao eixo do motor por
um acoplamento projetado e usinado em aço carbono SAE 1020. A fixação é realizada
por adesivo anaeróbico.
O motor de passo também é replicado a partir do modelo comercial
empregado no projeto. A Figura 34 apresenta a réplica virtual do motor com o pinhão
acoplado.
Figura 34 – Réplica do Motor de Passo e Pinhão Acoplado Fonte: Autoria própria (2018).
Após concluída a modelagem virtual tridimensional os materiais foram
adquiridos e deu-se início ao processo de fabricação e montagem dos conjuntos. Não
foram gerados os desenhos técnicos nem o detalhamento das peças modeladas,
sendo a fabricação executada tão somente a partir dos dados constantes na
modelagem tridimensional. Para isso foram utilizadas as ferramentas de avaliação do
software de modelagem, verificando dimensões, posicionamentos e limites. As
especificações dos materiais também constam nos modelos.
58
3.4 CONSTRUÇÃO E MONTAGEM DA ESTRUTURA
Os componentes da estrutura foram fabricados conforme as dimensões
previstas em projeto e com os materiais designados, não tendo sido necessária
nenhuma alteração. A montagem pode ser executada sem maiores dificuldades,
sendo prevista a necessidade de ajustagem para a montagem de rolamentos e
pinhões, que requerem interferência.
Os processos de fabricação envolvidos incluem: corte, fresamento, furação,
rebaixamento, lixamento, conformação, usinagem, roscamento, ajustagem,
montagem, fixação e colagem.
O ajuste adotado para a montagem dos rolamentos dos carros foi a de padrão
m6 da norma NBR 6158 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Os
rolamentos da régua e os acoplamentos dos pinhões foram montados com ajuste no
padrão k6 da norma NBR 6158.
As Figuras 35 e 36 mostram a estrutura da mesa construída.
Figura 35 – Estrutura da Mesa Construída Fonte: Autoria própria (2018).
59
Figura 36 – Vista Lateral da Estrutura Construída Fonte: Autoria própria (2018).
A Figura 37 mostra o engrenamento do conjunto pinhão cremalheira. A
Figura 38 mostra as guias do porta ferramentas do carro superior.
Figura 37 – Detalhe do Engrenamento do Conjunto Pinhão Cremalheira Fonte: Autoria própria (2018).
60
Figura 38 – Detalhe das Guias do Porta Ferramentas do Carro Superior Fonte: Autoria própria (2018).
3.4.1 Projeto e Construção do Apalpador
O apalpador de uma MMC possui conceitos construtivos relativamente
simples, mas que requerem um funcionamento muito preciso, e são constituídos de
materiais de alto custo.
A idealização do apalpador foi direcionada para algo de simples
funcionamento, que atendesse a necessidade de executar a leitura de uma posição,
visto que o maior empenho do projeto consistiu em integrar as tecnologias.
A solução pensada para o apalpador foi o de envio de sinal por curto circuito.
Através do toque do apalpador energizado com uma tensão elétrica, fecha-se um
curto circuito com o mensurando, que é posicionado em um sistema de fixação
conectado a uma diferença de potencial. O sinal passa a ser transmitido ao sistema
de controle que executa o retorno do atuador e o registro das coordenadas. Logo, o
apalpador precisa ser metálico e o mensurando também, o que limita a MMC a
executar medições em mensurandos metálicos, apenas.
A Figura 39 mostra o modelo virtual do apalpador desenvolvido para a MMC.
61
Figura 39 – Modelo Virtual do Apalpador Fonte: Autoria própria (2018).
O dispositivo consiste em uma ponteira em aço cromo vanádio SAE 6150,
embutido em uma bucha de nylon, fixos por uma abraçadeira em alumínio. A
abraçadeira é fixa à régua porta ferramentas por parafusos e porcas.
A bucha acomoda um parafuso de fenda utilizado para a conexão com o
condutor de tensão que energiza a ponteira para o contato com o mensurando.
A Figura 40 mostra a ponteira construída e instalada na MMC.
Figura 40 – Apalpador da MMC Fonte: Autoria própria (2018).
O aço empregado na ponteira é justificado por sua elevada resistência ao
desgaste por sua alta dureza, assim como uma ótima resposta contra deflexão pelo
62
esforço ao contato com o mensurando, minimizando erros de medição. O material
também possui ótimas propriedades de resistência a corrosão e oxidação, mantendo
sua geometria e aparência.
3.5 PROJETO ELETRÔNICO
A etapa do projeto eletrônico foi executada para definir o meio de acionamento
dos mecanismos de deslocamento da máquina.
Devido ao fato de ser comum desenvolver mecanismos semelhantes para
máquinas que trabalham com canetas acopladas à régua porta ferramentas,
considerou-se pensar em algo diferente. Assim a ideia foi construir uma Máquina de
Medir por Coordenadas (MMC).
Esta ideia favoreceu a programação do sistema de controle no sentido de que
era desnecessário implementar uma lógica matemática para a interpolação de eixos,
contudo era preciso uma lógica para trabalhar com valores a serem armazenados em
memória, para representar as coordenadas de uma medição e as medidas
propriamente ditas.
Com esta definição foram necessários estudos adicionais, tanto para compilar
a fundamentação teórica como para desenvolver o projeto em si.
A determinação dos eixos cartesianos visa definir qual a orientação do
deslocamento da máquina e o referenciamento para o sistema de coordenadas e as
medições. Também impacta na construção do circuito eletrônico e, sobretudo, na
programação do sistema de controle e do sistema supervisório. Além do mais, o
conceito empírico de qualquer mecanismo de deslocamento bidimensional ou
tridimensional, com ou sem monitoramento, exige a definição de sua forma de
trabalho.
O modelo adotado foi o mais comumente encontrado na indústria, tanto em
máquinas de medir como em máquinas operatrizes em geral, como centros de
usinagem ou fresadoras. Contudo, conforme mencionado anteriormente na
fundamentação teórica, esta definição é arbitrária.
A Figura 41 mostra a disposição dos eixos cartesianos do sistema de
coordenadas da MMC.
63
Figura 41 – Sistema de Coordenadas da MMC Fonte: Autoria própria (2018).
O sistema de coordenadas determina o modo de funcionamento da MMC com
relação ao acionamento, controle e monitoramento das medições. O deslocamento
destes eixos, executados por motores de passo, foi configurado com dois motores
para o eixo Y, visando eliminar a necessidade de uma longa barra de transmissão.
Após a definição dos conceitos supra citados foi elaborado um diagrama de
blocos para representar o circuito eletrônico da MMC
A Figura 42 apresenta o diagrama de blocos do circuito eletrônico projetado
para a MMC. Este diagrama tem por finalidade facilitar a compreensão da disposição
e funcionamento dos componentes. A partir do diagrama o projeto eletrônico foi
desenvolvido.
EIXO Z
64
Figura 42 – Diagrama de Blocos do Circuito Eletrônico da MMC Fonte: Autoria própria (2018).
3.5.1 Seleção dos Componentes do Circuito Eletrônico
Os motores de passo foram tomados como ponto de referência para a
determinação de dimensionamento do circuito eletrônico, visto que são os
componentes responsáveis pela conversão de energia do mecanismo. Por serem
componentes que dispendem maior potência no circuito, toda a demanda deve ser
dimensionada para suportar as solicitações deles.
O eixo Y realiza o deslocamento por dois motores de passo híbridos modelo
42SHD0001-24 de 200 passos, que apresenta torque de 3,5 kgf.cm, alimentado por
tensão de 12 V com 400 mA de corrente nominal.
Os eixos X e Z são acionados por um motor de passo cada. São motores de
passo híbridos modelo 17HD4411-12, com as mesmas características do anterior.
Sendo assim, o cabeamento recomendado para esta demanda é de
condutores com vias de 0,5 mm² com isolamento em PVC. Foram empregados
jumpers com terminais para a conexão de componentes e placas. Condutores com
vias de 0,5 mm² suportam correntes de até 7 A.
65
Em função da demanda para os motores, foi selecionado o módulo de controle
DRV8825, que opera de 8,2 a 45 V, fornecendo corrente de até 2,5 A. Esse módulo
permite o modo de acionamento em micropasso, podendo produzir até 32
micropassos para cada passo do motor. Para o caso de um motor de 200 passos são
produzidos 6400 micropassos. A tensão de sinal é de 3,3 a 5 V. O controle do motor
ocorre por módulo PWM (Pulse Width Modulation).
Um módulo de controle foi empregado para cada eixo da MMC, apesar do
eixo Y atuar através de dois motores, o módulo suporta fornecer a corrente drenada
pelos dois, não sendo necessário um módulo para cada motor, mas simplesmente a
derivação das correntes de operação, que atuam de forma sincronizada, fazendo com
que os motores trabalhem com deslocamento idêntico.
A Figura 43 apresenta o módulo de controle para motor de passo DRV 8825
e seu esquema de ligação para controle de um motor de passo bipolar. O acionamento
de motores de passo híbridos é realizado de forma semelhante.
Figura 43 – Módulo para Controle de Motor de Passo DVR 8825 Fonte: Reprag ( 2018).
O sistema de controle da MMC é realizado pela placa Arduino contendo o
microcontrolador ATmega 2560. Ele é responsável por fornecer os pulsos ao módulo
de controle de motor de passo, controlar o mecanismo de deslocamento, monitorar o
sinal do apalpador e transmitir os dados ao sistema supervisório via protocolo Modbus
A transmissão dos dados é feita de forma serial através dos módulos de
comunicação USART utilizando os pinos Rx/Tx da placa Arduino. Os módulos USART
enviam sinais em nível TTL, por isso, para que sejam compatíveis com o protocolo
Modbus precisam ser convertidos ao padrão RS 485. Os dados trafegam do
microcontrolador para um microcomputador, e vice-versa. O cabo RS 485 apenas
torna possível embarcar outros dispositivos ou escravos na rede e prolongar
66
significativamente a distância de transmissão dos dados podendo chegar a 1200
metros. Entretanto os dados podem ser igualmente transmitidos sem esta conversão,
mas para distâncias de no máximo 45 metros.
A Figura 44 mostra o conversor TTL/RS485
Figura 44 – Conversor MAX485 Fonte: Autoria própria (2018).
Para ser conectado ao microcomputador uma rede de dados em padrão RS
485 precisa de um conversor USB/RS 485, ou precisa ter uma placa de rede com a
pinagem serial no padrão RS 485.
A Figura 45 apresenta o conversor USB/RS485 empregado na comunicação
da MMC.
Figura 45 – Conversor USB/RS 485 Fonte: Autoria própria (2018).
Os monitoramentos dos processos de medição são apresentados em um
mostrador LCD (Liquid Crystal Mostrador) 20X4, conforme ilustra a Figura 46. Ele foi
empregado para apresentar os valores das coordenadas e medições, assim como o
processo em andamento.
67
Figura 46 – Mostrador LCD 20X4 Fonte: Autoria própria (2018).
Um teclado de controle foi montado em matriz de contatos, utilizando botões
interruptores e quatro LED aplicados como indicadores de funções em execução. O
diagrama apresentado na Figura 47 indica as funções indicadas.
Figura 47 –Teclado de Controle da MMC Fonte: Autoria própria (2018).
3.5.2 Projeto Eletrônico para Integração dos Componentes
O circuito foi projetado em software de desenho, utilizando o AutoCAD 2007
versão SP1. O Apêndice A mostra o diagrama esquemático do circuito projetado.
68
O projeto visa detalhar o circuito que integra os componentes para o
funcionamento do acionamento e do sistema de controle da MMC. Não contempla o
detalhamento das placas do microcontrolador, módulos e conversores.
Os componentes selecionados para a montagem do circuito, conforme
descritos anteriormente, atendem a demanda dos processos realizados pela MMC. O
projeto eletrônico foi dimensionado de acordo com estes componentes.
A implementação dos módulos de controle de motor de passo empregados
para o mecanismo de deslocamento da MMC exigiu o desenvolvimento de uma placa
de circuito impresso (PCI). A finalidade é integrar em uma mesma adaptação física
todos os módulos utilizados e centralizar os componentes responsáveis pelo controle
de deslocamento.
Esta PCI também foi projetada em Auto Cad 2007 SP1. A Figura 48 mostra o
projeto do PCI aplicado à integração dos módulos de controle dos motores de passo.
Figura 48 – Projeto da Placa de Circuito Impresso Fonte: Autoria própria (2018).
O desenho das trilhas foi desenvolvido considerando a disposição dos
componentes sobre a placa, representando o circuito necessário para a transmissão
dos sinais necessários ao funcionamento do mecanismo de deslocamento. Depois de
verificada a correta configuração das trilhas, visando atender a demanda de corrente
necessária, o desenho foi espelhado para poder ser impresso em papel fotográfico e
servir como matriz para o decalque do desenho do circuito na placa.
Concluída a etapa de projeto do circuito eletrônico se deu início à fabricação
da PCI projetada e montagem e integração dos componentes.
69
3.5.3 Fabricação da Placa de Circuito Impresso
Os itens utilizados para a fabricação da placa foram: percloreto de ferro,
esponja de aço, caneta para retroprojetor, placa fenolite, ferro de solda, fluxo de solda
em pasta, ferro de passar roupa, perfurador e estanho.
Para fixação dos módulos de controle e demais pinos foram empregados
pinos conectores fêmea.
A placa foi fabricada pelo método de impressão térmica, o desenho do circuito
foi desenvolvido no programa AutoCAD 2017.
A placa fenolite foi polida com esponja de aço para adquirir aparência
brilhante. O objetivo desse procedimento é favorecer o decalque do desenho do
circuito impresso projetado. O desenho foi impresso em papel fotográfico A4 180 g
Glossy. Posicionado sobre a placa fenolite procedeu-se a transferência do desenho
pelo método térmico utilizando um ferro de passar roupa na temperatura máxima,
durante aproximadamente 20 minutos em toda área da folha, seguido do resfriamento
da placa. Após o resfriamento da placa o papel foi removido deixando o decalque das
trilhas do circuito, conforme desenhado. As falhas foram corrigidas com a utilização
da caneta para retroprojetor.
Em seguida foram executadas as furações com auxílio do perfurador, nos
pontos definidos para conexão. Após a perfuração a placa foi mergulhada no
percloreto de ferro permanecendo submersa até corroer o cobre exposto. Com a
conclusão deste processo, ficou revelada na placa fenolite o circuito projetado no
software de desenho. As trilhas da placa foram estanhadas com auxílio do fluxo de
solda em pasta e estanho. Após a placa ter sido estanhada foram inseridos os
conectores fêmea no circuito impresso, executando-se a soldagem com auxílio do
ferro de solda.
A placa foi montada com a pinagem configurada para a conexão dos módulos
de controle dos motores de passo, formando slots, possibilitando a integração simples
dos motores de passo a serem controlados.
A Figura 49 mostra a Placa de Circuito Impresso fabricada para o acoplamento
dos módulos de controle dos motores de passo DVR 8825.
70
Figura 49 – Placa de Circuito Impresso para os Módulos de Controle DVR 8825 Fonte: Autoria própria (2018).
A Figura 50 apresenta a conexão dos módulos DRV 8825 acoplados à placa,
sendo um aplicado para cada eixo do mecanismo de deslocamento da MMC.
Figura 50 – Módulos de Controle DVR 8825 Acoplados à Placa Fonte: Autoria própria (2018).
Nesta mesma placa foi acoplado um regulador de tensão LM 7809 que, ligado
à fonte de 12 V com capacitores de 100 nF em paralelo, regula a tensão do circuito
posterior em 9 V, para alimentar a placa Arduino. O sinal de controle dos módulos
DRV 8825 é de 5 V, fornecido pela placa Arduino, assim como a tensão de
alimentação e sinais do teclato e mostrador LCD.
71
No Apêndice A são apresentados os detalhamentos do circuito visando a
visualização das conexões realizadas no circuito eletrônico da MMC. Desta maneira
é possível identificar os pontos de ligação de cada componente e verificar a forma de
integração entre eles. Também é possível comparar as portas utilizadas no
microcontrolador com a programação definida para ele.
O esquema de ligação do regulador de tensão está contemplado no diagrama
esquemático apresentado e detalhado no Apêndice A.
Os detalhamentos da ligação dos motores de passo aos seus respectivos
módulos de controle também estão detalhados, assim como os conversores
empregados para a conversão de sinal utilizado na comunicação entre o sistema de
controle da MMC e o microcomputador que apresenta o sistema supervisório.
3.6 MONTAGEM DO CIRCUITO ELETRÔNICO
O circuito eletrônico foi montado de acordo com o projeto utilizando fios
condutores de 0,5 mm com terminais. Os terminais formam conexões que podem ser
facilmente conectados e desconectados. Em algumas conexões foram aplicados fios
curtos designados como jumpers. Algumas conexões foram executadas por processo
de soldagem em estanho, por necessitarem ser permanentes e garantidas.
Os motores de passo foram posicionados conforme o projeto mecânico. As
chaves fim de curso nas extremidades do curso de deslocamento de cada eixo da
máquina. O cabeamento necessário para a ligação destes componentes é protegido
e guiado por esteiras porta-cabos. Elas visam conduzir os cabos ao longo do
deslocamento dos carros uma vez que os motores dos eixos se deslocam juntamente
com os carros.
A Figura 51 mostra a instalação elétrica da estrutura da MMC, com a ligação
dos motores de passo e chaves fim de curso. Mostra também a disposição da esteira
porta cabos no equipamento.
72
Figura 51 – Instalação Elétrica da MMC Fonte: Autoria própria (2018).
A Figura 52 apresenta as ligações da placa Arduino realizadas
provisoriamente para a execução de testes da programação.
Figura 52 – Ligações da Placa Arduino Fonte: Autoria própria (2018).
73
O mostrador LCD também foi conectado através de uma matriz de contatos
com o objetivo de mostrar os resultados dos processos de medição e também das
etapas de execução do programa embarcado no microcontrolador. A pinagem do
mostrador foi soldada em um slot para facilitar sua conexão e remoção do circuito da
MMC
A Figura 53 apresenta o mostrador LCD conectado à matriz de contatos. Esta
implementação foi realizada para ensaiar o funcionamento do sistema de controle da
MMC, visto que, até então, ainda não se havia sido desenvolvido o sistema
supervisório, logo o mostrador assume a função de interface.
Figura 53 – Mostrador LCD Conectado ao Matriz de Contatos Fonte: Autoria própria (2018).
Os módulos DRV 8825 foram conectados à placa Arduino de modo a ativar
todos os bornes do controle de micropasso, proporcionando a maior resolução
possível, contendo 6400 micropassos
Em outra matriz de contatos foi implementado um circuito de controle manual
utilizando-se chaves eletromecânicas tipo botão. Consistem de interruptores manuais
utilizados para executar o chaveamento de sinais. No projeto da MMC foram
implementados como chaves para o controle do acionamento dos motores de passo,
via placa Arduino, executando comando de avanço e retrocesso de cada eixo,
independentemente.
A PCI contendo os módulos de controle de motor de passo e a placa Arduino
foram acomodadas em um caixa. Todo o circuito de controle e o circuito de
acionamento foi estruturado conforme mostra a Figura 54.
74
Figura 54 – Circuito de Controle e Acionamento da MMC Fonte: Autoria própria (2018).
O desenvolvimento do circuito até este ponto não contemplou, ainda, o
sistema de comunicação com o microcomputador. Com o circuito montado desta
forma, procedeu-se ao desenvolvimento da programação do microcontrolador, ou
seja, o firmware.
3.7 PROGRAMAÇÃO DO MICROCONTROLADOR
A placa Arduino é o componente responsável pelo controle do acionamento
MMC, assim como o fornecimento dos dados do deslocamento que serão
processados pelo sistema supervisório. A placa assume a função de escravo no
sistema de comunicação da MMC.
Esta placa, que contém o microcontrolador ATmega 2560, é programável em
Linguagem C. A plataforma de programação empregada foi o CodeVision AVR,
embora algumas funções para testes tenham sido programadas em plataforma
Arduino IDE (Integrated Development Environment). Esta estratégia teve por
75
finalidade facilitar a verificação da confiabilidade do sistema de monitoramento e
controle por parte do sistema supervisório.
A ferramenta CodeVision Wizard foi utilizada para definir as configurações de
entrada e saída do microcontrolador e também as demais funções de comunicação,
interrupções e processamento de dados. As declarações de variáveis e definições de
parâmetros foram inseridas de acordo com o avanço do desenvolvimento do
programa.
Inicialmente a programação atuava apenas no acionamento dos motores de
passo para o mecanismo de deslocamento. Os pulsos gerados pelo microcontrolador,
fornecidos aos módulos de controle de motor de passo, produzem a rotação dos
motores de acordo com a direção e número de rotações definidas. O sistema de
controle do deslocamento via matriz de contatos foi implementado e testado,
juntamente com as chaves fim de curso. Os eixos deslocam-se individual e
independentemente, isto é, não foi implementado recurso de interpolação entre os
eixos.
Após concluída a etapa de desenvolvimento do controle do mecanismo de
deslocamento, foi determinada a maneira de efetuar as medições em uma peça. A
MMC atua em dois modos de operação, sendo uma pela medição da peça
propriamente dita e outra por coordenadas.
Ambos os modos realizam o monitoramento do deslocamento pela contagem
dos pulsos fornecidos aos módulos de controle. A razão da medida do deslocamento
foi tomada com base na fração do deslocamento executado por cada passo do motor.
O funcionamento da MMC consiste em duas etapas. Na primeira etapa é
executada a gravação dos deslocamentos via teclado, na segunda a execução dos
deslocamentos gravados.
Ao ser ligada, a MMC não reconhece seu posicionamento dentro do seu
espaço de atuação. A função de inicialização executa o referenciamento do sistema
de coordenadas da máquina por meio das chaves fim de curso. Ao executar o
deslocamento dos eixos no sentido de retorno, as chaves fim de curso determinam o
ponto zero de cada eixo.
A gravação dos pontos de deslocamento é realizada pelo acionamento via
teclado. A contagem dos pulsos fornecidos aos motores é registrada em vetores toda
vez que um deslocamento é executado. Cada novo deslocamento, ainda que seja a
continuação do anterior é registrado no vetor seguinte. A contagem inicia com o
76
acionamento do respectivo botão juntamente com o movimento do motor a ele
associado. Quando interrompido este acionamento o número de pulsos relativos ao
deslocamento é registrado no vetor. Desta maneira o movimento pode ser replicado
de forma autônoma executando, via programa do microcontrolador, os deslocamentos
registrados nos vetores, qualquer que seja sua distância ou direção.
A contagem dos pulsos que determinam a direção ou o sentido do
deslocamento, é realizada por lógica de incremento e decremento. Ao tocar o
mensurando, o apalpador interrompe o deslocamento indicando um ponto de toque.
Este ponto torna-se referência para uma coordenada de medição, assim como os
demais que forem realizados. Depois de gravados todos os pontos desejados, os
movimentos são replicados automaticamente.
A Figura 55 apresenta o exemplo de uma trajetória, dando uma ilustração de
como os movimentos são executados,
Figura 55 – Exemplo de Trajetória da MMC Fonte: Autoria própria (2018).
Cada movimento, ou deslocamento, está programado em uma variável,
conforme mostra a Figura 55, as quais definem qual é o motor que irá atuar e em qual
sentido de rotação. A lógica do acionamento está atrelada ao teclado de controle,
onde cada botão corresponde a um acionamento.
Ao executar a gravação dos deslocamentos o movimento em que ocorre o
toque do apalpador no mensurando (movimento 4) tem sua contagem de pulsos
descartada e o movimento passa a ser livre tornando-se referência para a medição.
O vetor a ele associado é substituído por uma lógica que repete o deslocamento
77
relacionado a este vetor, mas descarta a contagem dos pulsos, ou a distância que
deve ser percorrida. A referência agora passa a ser a peça sendo medida, onde a
nova coordenada registrada ao ser tocada pelo apalpador pode ou não ser a mesma.
Se a peça apresenta discrepâncias dimensionais ou sua posição foi alterada
a MMC registra a nova coordenada. Todos os pontos registrados são então
comparados para apresentar uma medição em escala métrica.
Na etapa de gravação as coordenadas registradas no movimento em que
ocorre o toque é desconsiderado pelo programa da MMC e a execução autônoma
deste movimento possui o seu módulo de deslocamento, isto é, a contagem dos
pulsos em aberto, executando o deslocamento do apalpador até que este toque o
mensurando (peça).
A Figura 56 mostra como a MMC executa a contagem dos pulsos no
movimento de toque do apalpador no mensurando.
Figura 56 – Contagem dos Pulsos no Movimento de Toque Fonte: Autoria própria (2018).
78
De acordo com a discrepância da coordenada da peça medida em relação ao
deslocamento gravado, a diferença é adicionada ou subtraída do valor original com o
objetivo de preservar o posicionamento do movimento 5. Na etapa de gravação o
movimento 5 corresponde ao afastamento do apalpador após tocar a peça sendo
medida.
A numeração dos movimentos representados nas Figuras 55 e 56 são
meramente respresentativas no exemplo. A lógica permite assumir qualquer número,
que está em função da quantidade de movimentos executados até que o apalpador
toque a peça sendo medida. Portanto a MMC executa qualquer forma de movimento
que o operador realize para a gravação dos movimentos, sejam tantos quantos forem
os movimentos intermediários para todos os toques.
O teclado contem indicativos luminosos que representam estado do programa
que são: LED vermelho indica teclado desligado; LED verde indica teclado ligado; LED
amarelo indica reset automático pelo programa; e LED azul indica quando o apalpador
toca no mensurando ou a cada vetor incrementado (início seguinte do próximo
movimento).
Uma programação inicial foi produzida para verificar o deslocamento dos
eixos e o monitoramento deles pelo microcontrolador. Ao executar 200 passos, que
consiste em uma volta completa do rotor do motor de passo, verificou-se, por meio de
altímetro e relógio comparador, que o deslocamento dos eixos em uma rotação
completa do motor é de 15 mm.
O cálculo pode ser feito a partir do diâmetro primitivo do pinhão acoplado ao
motor de passo, através das medidas do seu módulo e número de dentes. A
formulação em sistemas mecânicos fornece todos os dados relevantes para um
sistema de transmissão como este, no entanto se faz desnecessário a aplicação de
cálculo, uma vez que a medida de deslocamento pode ser ensaiada por instrumentos
de medição. Os cálculos podem ser aplicados para confirmar matematicamente a
medida deste deslocamento. As medidas ensaiadas apresentaram os mesmos
resultados para os três eixos da MMC.
Definida a medida de deslocamento para uma rotação do motor de passo o
cálculo do deslocamento por passo é dado por:.
Deslocamento=15mm/200 passos
79
Logo cada passo é igual a 0,075 mm. Este valor foi averiguado por medição
com o relógio comparador e confirmado. Com o objetivo de se obter a melhor
resolução possível o modo de acionamento por micropassos foi programado,
configurando os módulos de controle de motor de passo para atuar na razão de 1/32,
produzindo assim 6400 micropassos. Assim foi definida a resolução do deslocamento
da MMC por:
Deslocamento=15mm/6400 micropassos
Logo, cada micropasso é igual a 0,00234375 mm. Novamente os ensaios
foram executados e os valores confirmados. A resolução do relógio comparador
empregado para medir o deslocamento de cada micropasso dos motores é de 0,001
mm.
Os ensaios das medições foram realizados considerando deslocamentos
parciais ou múltiplos à razão de uma rotação completa. Os resultados obtidos foram
todos coerentes com a lógica e o cálculo fornecidos ao programa. A repetição de
medições já realizadas foi feita para consolidar a confiabilidade do método utilizado,
de forma que o modo de monitoramento foi considerado definitivo.
Os valores de medidas armazenados em um vetor programado no
microcontrolador são exibidos no mostrador LCD, em milímetros, com uma resolução
de 0,01 mm, conforme mostra a Figura 57.
Figura 57 – Valor de Medição Exibido no Mostrador LCD Fonte: Autoria própria (2018).
Os modos de operação, por medição ou por coordenadas são selecionados
através de um botão ou tecla do teclado, como também através de um botão
programado no sistema supervisório.
80
O modo por medição realiza a medição direta da peça, calculando o diferencial
do posicionamento dos pontos medidos na peça. Todo o deslocamento é monitorado
e registrado pelo microcontrolador na forma de contagem dos pulsos que acionam o
mecanismo de deslocamento. Por este método o sistema de controle registra e grava
o deslocamento ordenado dos eixos na definição de uma trajetória para a execução
das medições.
Cada deslocamento é registrado pelo incremento da contagem dos pulsos
dados aos módulos de controle dos motores de passo e cada movimento completo é
gravado em um vetor cujo índice também é incrementado para poder registrar e gravar
o movimento seguinte. O programa está limitado em 200 posições, ou seja, podem
ser gravados até 200 deslocamentos, incluindo todos os eixos atuando
simultaneamente, pois os botões também estão configurados no programa como
vetores para armazenar seu código específico, dentre os quais existem funções
específicas ocupadas por alguns índices.
A sequência dos vetores gravados com seus respectivos valores pode ser
replicada em processos de medição subsequentes. O registro do deslocamento e
incremento dos vetores é realizado pela interrupção causada pelo apalpador da MMC.
A lógica aplicada no programa executa a gravação da trajetória e dos pontos e
também executa um recuo do apalpador quando efetua medição interna e termina o
processo de medição.
Em função do diâmetro da ponteira do apalpador é necessário considerar a
diferença de medida que ocorre pela direção em que o toque acontece. O diâmetro é
conhecido e calibrado, apresentando valor de 3,05 mm. Devido a essa diferença, a
medição interna deve ser executada por uma função própria. A medição interna é
selecionada em tecla própria no teclado de controle.
No modo medição o ponto inicial é comparado com o ponto oposto e a
contagem dos pulsos registrados entre um e outro é calculado pelo microcontrolador
e apresentado como medida no mostrador, aplicando o cálculo da unidade de medida
por micropasso. A medição externa considera descontar o diâmetro conhecido da
ponteira do apalpador, enquanto a execução da medição interna considera
acrescentar esse diâmetro. Por esta distinção na função é necessária a
implementação de um algoritmo próprio.
A medição é executada desta forma para os eixos X e Y. O eixo Z não
necessita de uma estratégia semelhante porque o ponto de medição do apalpador é
81
a ponta, que executa somente medições de cima para baixo, não ocasionando
alteração de posição pelo sentido de medição.
O modo de medição por coordenadas considera todo o espaço de atuação da
MMC. O referenciamento determina o zeramento do sistema de coordenadas da MMC
e também o ponto zero máquina, a partir do qual o deslocamento passa a ser
registrado e as medições solicitadas podem ser calculadas pela mesma medida da
unidade de micropassos. A distinção entre o modo medição e o modo por
coordenadas consiste em que o primeiro registra e apresenta as medidas efetivas do
mensurando, enquanto que o segundo apresenta as coordenadas registradas no
espaço em que o mensurando está inserido e posicionado.
O modo de medição é apropriado para obter medidas diretas e realizar
comparações com medições de peças em lotes. O modo por coordenadas serve para
comparações com modelos virtuais tridimensionais.
As informações registradas são fornecidas ao sistema supervisório via porta
USART de comunicação. O microcontrolador é configurado para enviar dados ao
sistema supervisório via protocolo Modbus. Para isso o programa possui incluído em
seu código fonte a biblioteca SimpleModusSlave V10 que determina os parâmetros
do framing dos dados das medições e a execução de comandos.
3.8 PROGRAMAÇÃO DO SISTEMA SUPERVISÓRIO
A programação do sistema supervisório para aplicação à MMC necessita de
biblioteca apropriada incluída no programa do microcontrolador, com a finalidade
estabelecer a comunicação entre microcontrolador e sistema supervisório via
protocolo Modbus.
Esta biblioteca estabelece os parâmetros de funcionamento do protocolo de
comunicação em uma rede. De maneira semelhante o sistema SCADA possui drivers
que configuram os parâmetros de verificação e interpretação das mensagens
transitadas pela rede utilizando o referido protocolo.
A biblioteca incluída no firmware do microcontrolador da MMC é o
SimpleModbusSlave v10
O buffer serial do Arduino tem 64 bytes ou 32 registradores. Na maioria das
vezes conecta-se o arduino a um mestre via serial usando um adaptador MAX485 ou
82
similar. Configurado como função 3, o mestre executará leitura a partir do seu escravo
e 5 bytes serão usados para ID (identidade) do dispositivo, função a ser executada,
número de bytes do framing e dois bytes para verificação de erros pelo método CRC.
O mestre só poderá usar 58 bytes ou 29 registros.
Configurado como função 16, o mestre executará escrita no seu escravo e 9
bytes serão usados para ID do dispositivo, função a ser executada, endereço do
dispositivo, número de registros, número bytes e dois bytes para verificação de erros
pelo método CRC. O mestre só poderá escrever 54 bytes ou 27 registros.
Utilizando um conversor USB para Serial, o máximo de bytes que se pode
enviar é limitado ao seu buffer interno, que difere entre os fabricantes.
A instrução “enum” permite um método hábil para adicionar e remover
registros. Isto facilita a construção da matriz de registros, pois o usuário pode adicionar
registros ao protocolo informando o layout de sua declaração de escravos. Para
declarar os registros basta adicionar ou remover os mesmos com seus respectivos
nomes.
O primeiro registro declarado começa no endereço 0 e segue
sucessivamente. O número total de registros para a função 3 e 16 compartilham a
mesma ordem de registradores, isto é, o mesmo espaço de endereço. O uso da
instrução “enum” não é obrigatório, ficando isto a critério do usuário.
Declarações dentro de “void setup” são realizadas através da declaração
“modbus_configure(&Serial,...)”, com a qual é possível setar as configurações da porta
de comunicação como baudrate, paridade e outros.
Para a configuração dos parâmetros de comunicação, os formatos válidos
para o byte do modbus são:
a. SERIAL_8N2 – 1 start bit, 8 data bits, 2 stop bits;
b. SERIAL_8E1 – 1 start bit, 8 data bits, 1 Even parity bit, 1 stop bit;
c. SERIAL_8O1 – 1 start bit, 8 data bits, 1 Odd parity bit, 1 stop bit.
Esses formatos de byte já estão definidos no espaço de nome global do
Arduino. A declaração “modbus_update_comms” não é obrigatoriamente necessária,
mas permite a atualização das variáveis de porta e do ID do escravo dinamicamente
em qualquer função, isto é, constantemente e em tempo real.
83
Já as declarações dentro de “void loop” possuem uma única declaração
chamada “modbus_update ()”. Este retorna a contagem total de erros desde o início
do programa ou configuração do escravo. Este método atualiza a matriz de registros
e verifica comunicação.
A comunicação empregada na MMC executa funções de controle, embora o
deslocamento do atuador seja feito por teclado externo. A principal aplicação da
comunicação é informar ao supervisório a dimensão do deslocamento do atuador em
seus eixos. Como o deslocamento é medido via contagem de pulsos enviados aos
motores de passo, logo o tipo de variáveis a eles associados é “int”, pois executa a
contagem crescente ou decrescente de forma binária.
Conforme a proposta de projeto da MMC, o sistema supervisório foi
programado em plataforma Elipse SCADA. A finalidade é proporcionar uma interface
que apresenta os resultados dos processos das medições, além de algumas funções
de controle.
A Figura 58 apresenta a interface desenvolvida em plataforma Elipse SCADA.
Os recursos presentes mostram valores de referência das medições e as medidas
efetivamente obtidas, de acordo com cada eixo.
Figura 58 – Interface Desenvolvida em Plataforma Elipse SCADA Fonte: Autoria própria (2018).
84
Depois de realizadas as configurações do sistema supervisório as leituras das
medições obtidas no Elipse SCADA mostraram-se incoerentes para um valor inferior
a 65536 pulsos contados pelo microcontrolador, independentemente do tipo de
memória ou variável configurada no sistema supervisório. A máxima medida coerente
obtida foi de 153,6 mm.
Notou-se então que estava ocorrendo um estouro (overflow) do valor obtido
na memória do sistema supervisório, o que causava a limitação. Ao se verificar o
funcionamento do código da biblioteca SimpleModbusSlave foi observado que a
transferência de dados está limitada a 16 bits por mensagem.
Em todas as configurações testadas para a biblioteca Modbus, o número
máximo de bits transmitidos na mensagem é de 16, ou seja, a contagem máxima
possível é de 65536 pulsos. Entretanto como o sistema SCADA processa os dados
de forma “signed int”, isto é, inteiro sinalizado, o fato de podermos atuar tanto em
sentido positivo como negativo do sistema de coordenadas, foi preciso limitar os
vetores que armazenam a contagem dos pulsos do deslocamento no microcontrolador
em 32000, fornecendo uma contagem de -32000 a 32000.
Cada vetor precisa ser vinculado a uma tag criada no sistema SCADA, visto
que é um registro portador da informação requerida. Contudo 32000 pulsos promove
um deslocamento muito inferior à capacidade dimensional da MMC, pois 32000 pulsos
no motor de passo correspondem a 75 mm.
Para resolver este problema foram implementados vetores indexáveis para
cada eixo, tanto quanto necessário para obter o deslocamento suficiente para a maior
medição possível, dentro do espaço dimansional da MMC. Sendo assim, foram
criados os vetores Ax, Bx, Cx, Dx, Ay, By, Cy, Dy, Az, Bz, Cz e Dz, os quais acumulam
uma contagem de 32000 pulsos cada um, indexando o seguinte, se necessário até
atingir o deslocamento integral realizado pelo mecanismo de deslocamento da MMC.
Se o deslocamento ocorre no eixo X, por exemplo, a uma contagem de 84631
pulsos, 32000 serão armazenados no vetor Ax, 32000 no vetor Bx e 20631 no vetor
Cx, permanecendo o vetor Dx inutilizado. A programação prevê 4 vetores para cada
eixo, totalizando 128000 pulsos que podem ser contados, o que corresponde a 300
mm.
Como cada eixo pode ocupar até 4 vetores para medir seu deslocamento,
cada medição requer 4 tags configuradas no sistema supervisório, que de acordo com
a proposta de projeto, refere-se ao Elipse SCADA.
85
Por se tratar de uma licença estudantil, o Elipse SCADA disponibiliza um limite
de 20 tags para a programação de um sistema supervisório. Deste total, 4 são
utilizadas para definir um único ponto, então verificou-se ser inviável o emprego do
Elipse SCADA como plataforma para a programação do sistema supervisório da
MMC. Por essa razão o projeto passou a adotar a plataforma ScadaBR para esse fim.
Como o ScadaBR é uma plataforma “open source” (código aberto) o número
de tags possíveis é bastante expressivo mas a quantidade não é informada no manual
(SCADABR, 2018).
Visto que esta plataforma atende à quantidade de tags necessárias para o
processo de medição da MMC foi criada a interface, de forma ainda rudimentar, para
testes iniciais e verificação da confiabilidade do sistema. Concluída esta etapa e
verificada a funcionalidade efetiva do sistema a interface foi desenvolvida de fato.
O ScadaBR atua com fontes de dados (data sources). A configuração da
interface da MMC contempla 3 data sources para manipular os dados das medições.
O primeiro deles é configurado como Modbus para receber e enviar dados para o
Arduino. O segundo, Medição_Coord, trabalha para concatenar as variáveis
referentes às medições por coordenadas. O terceiro, Medicao_XYZ, trabalha da
mesma maneira, porém para as medições por deslocamento.
A Figura 59 mostra a configuração das data sources.
Figura 59 – Configuração das Tags Criadas no Elipse SCADA Fonte: Autoria própria (2018).
Em ambos os modos, 4 tags correspondentes aos 4 vetores programados no
firmware do microcontrolador executam a leitura do mecanismo de deslocamento de
cada eixo da MMC. Uma quinta tag executa a operação matemática de soma dos
vetores, mesmo que alguma receba valor 0 (zero) e também a multiplicação pelo fator
0,00234375 para converter a contagem de pulsos em milímetros. Deste modo, são
aplicadas 5 tags para cada medição de cada eixo.
86
Foram implementadas 5 medições para cada eixo da MMC, totalizando 15
medições. Logo, são implementadas 75 tags no sistema supervisório tão somente
para leitura das medições, sendo que 15 delas são tags virtuais configuradas apenas
no sistema supervisório. Outras 60 são implementadas para medição direta. Outras
são configuradas para executarem funções de inicialização, modo de operação,
reporte de erro, gravação, entre outros. Existe um total de 132 tags declaradas no
microcontrolador que são correspondentes no sistema supervisório. Estão presentes
no índice enum referente aos registros declarados. Além destes existem mais 15 tags
virtuais empregadas no cálculo da medida do deslocamento do atuador. Ao todo são
147 tags criadas e configuradas no sistema supervisório programado na plataforma
ScadaBR.
A configuração da comunicação é simples e deve respeitar o que foi definido
na rotina escrita no algoritmo do Arduino, como baudrate, paridade, bit de dados, entre
outros. Antes de salvar definitivamente esta configuração é necessário realizar a
“pesquisa por nós” na respectiva área, cuja função é confirmar as propriedades de
comunicação entre mestre e escravo.
A Figura 60 apresenta as propriedades do Modbus serial configurado no
sistema supervisório.
Figura 60 – Propriedades do Modbus Serial Fonte: Autoria própria (2018).
87
Após configurar o data source dentro dele é necessário criar os data points
(pontos de dados). São essas as chamadas tags de comunicação, cada uma de
acordo com seu tipo de dado. Todas as tags devem utilizar a área de memória do
enum.
Uma relação parcial das tags criadas e configuradas é mostrada na Figura 61.
Elas estão relacionadas às respectivas variáveis programadas no algoritmo do
microcontrolador.
Figura 61 – Tags Criadas e Configuradas no ScadaBR Fonte: Autoria própria (2018).
Para os meta data source a configuração é mais simples pois não há
comunicação. Porém são os seus data points que fazem as somas dos valores que
entram no data source Arduino. No exemplo abaixo pode se ver um script que
apresenta esta soma de um dos data points contido no meta data source Medição
Coord. Essas propriedades são mostradas na Figura 62.
A mesma configuração é válida para o meta data source Medicao XYZ,
conforme mostra a Figura 63.
88
Figura 62 – Propriedades do Data Source Meta Medição Coord Fonte: Autoria própria (2018).
Figura 63 – Propriedades do Data Source Meta Medição XYZ Fonte: Autoria própria (2018).
89
A imagem da interface gráfica foi desenvolvida a partir da biblioteca interna
do programa. A maior parte dos elementos dispostos na interface gráfica devem ser
declarados como arquivos em formato HTML (HyperText Markup Language).
Nesta interface são exibidos os valores de medição bem como o modo de
operação e o processo em execução. Os cinco pontos possíveis de medição previstos
no programa do microcontrolador são exibidos na interface, carregados a medida em
que são executados, mantidos em zero quando não são executados.
A Figura 64 apresenta a interface gráfica desenvolvida para a MMC.
O algoritmo do microcontrolador foi sendo aprimorado de acordo com a
implementação do sistema supervisório e a versão definitiva foi desenvolvida para
atender as solicitações dos processos de medição da MMC.
Figura 64 – interface Gráfica Desenvolvida para a MMC Fonte: Autoria própria (2018).
90
4 MEDIÇÕES E RESULTADOS
Toda a execução dos projetos, construção e programação da MMC foram
concluídos juntamente com os testes iniciais. A etapa seguinte consistiu em realizar
medições para verificar a autenticidade do funcionamento da máquina, atestar sua
confiabilidade e examinar sua capacidade de repetir os mesmos processos obtendo
resultados similares. Essa etapa é chamada de validação do projeto.
Os testes iniciais foram realizados fixando-se o mensurando em uma morsa
de bancada comum e peças metálicas aleatórias. Esta estratégia teve por finalidade
manter seguro o posicionamento do mensurando, que por ser de dimensões
relativamente pequenas pode ser facilmente arrastado pelo apalpador da MMC.
Entretanto, para a realização dos testes de validação do projeto foi
desenvolvido um mensurando padrão e um mecanismo de fixação acoplado à base
da mesa de modo a fixar o mensurando seguramente, além de promover o correto
alinhamento deste em relação à mesa da máquina.
A Figura 65 mostra o desenho técnico do mensurando fabricado para os testes
de validação da MMC. Foi fabricado em aço SAE 1020 por processos de usinagem,
Figura 65 – Desenho Técnico do Mensurando Fonte: Autoria própria (2018).
A
B
E C
F D
G
I
J
H
91
O mecanismo de fixação do mensurando consiste de uma morsa simples
acoplada diretamente aos pés da mesa da MMC. Executado por um rigoroso controle
dimensional nos processos de usinagem, assim como as demais peças de toda a
estrutura da máquina, garante o alinhamento do mensurando em relação à mesa.
Uma base em chapa de nylon é inserida como base para o mensurando
apenas para garantir a planicidade do apoio em que o mensurando está posicionado.
Abaixo desta base foram instalados pés reguláveis que ajustam o nivelamento da
MMC. Desta forma, é possível realizar medições mesmo onde a superfície na qual a
mesa está não seja confiável.
A Figura 66 mostra o modelo virtual da morsa construída e montada na MMC,
que destina-se à fixação do mensurando. É constituída do mesmo perfil em alumínio
que compõe a estrutura, com dois manípulos em tirante de aço com rosca M8X1,0. O
aperto dos perfis, através dos manípulos, fixa a peça com faces planas em
alinhamento com as guias laterais da MMC.
Figura 66 – Modelo Virtual da Morsa Montada na MMC Fonte: Autoria própria (2018).
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O mensurando foi fixado na morsa e o processo de medição foi executado. A
Tabela 1 apresenta os resultados das medições por deslocamento e por coordenadas.
As medições por deslocamento fornecem valores referentes a medição direta, então
é feita a comparação pela medição realizada por instrumentos convencionais, a saber,
paquímetro e micrômetro.
Cada dimensão do mensurando está assinalada no seu desenho técnico
(Figura 66) então é possível verificar a coerência das medidas obtidas com os
instrumentos em comparação com as medidas nominais do desenho técnico.
Tabela 1 – Resultados das Medições Executadas pela MMC
Ref. Medida Nominal Medição por Instrumentos
Medição por Deslocamento
Medição por Coordenadas
A 20 mm 20,04 mm 20,038 mm 20,038 mm
B 12 mm 12,02 mm 12,022 mm 12,022 mm
C 10,50 mm 10,48 mm 10,490 mm 10,486 mm
D 22 mm 22,00 mm 22,006 mm 22,008 mm
E 3 mm 3,10 mm 3,126 mm 3,126 mm
F 8 mm 8,08 mm 8,084 mm 8,082 mm
G 32 mm 32,00 mm 32,002 mm 32,000 mm
H 50 mm 50,02 mm 49,998 mm 49,996 mm
I 16 mm 16,08 mm 16,086 mm 16,086 mm
J 22 mm 22,12 mm 22,082 mm 22,080 mm
Fonte: Autoria própria (2018).
O processo de medição foi replicado para verificar a repetibilidade dos
resultados. Toda a execução das medições foi realizada repetindo as mesmas
trajetórias gravadas na primeira medição e os resultados coletados de acordo com os
valores apresentados na interface do sistema supervisório. A posição do mensurando
também foi mantida, de modo que as variações reveladas são indicador da precisão
da execução dos processos de medição da MMC. Ao verificar ambos os resultados é
notável que a MMC realiza os processos de medição de maneira confiável. As
variações percebidas ficaram dentro de uma margem média de 0,002 mm, ou seja,
uma variação que está dentro da resolução executada pela máquina.
A Tabela 2 apresenta os resultados obtidos na réplica da medição..
Tabela 2 – Resultados das Medições Replicadas pela MMC
93
Ref. Medida Nominal Medição por
Instrumentos Medição por
Deslocamento Medição por Coordenadas
A 20 mm 20,04 mm 20,030 mm 20,032 mm
B 12 mm 12,02 mm 12,020 mm 12,020 mm
C 10,50 mm 10,48 mm 10,500 mm 10,488 mm
D 22 mm 22,00 mm 22,008 mm 22,008 mm
E 3 mm 3,10 mm 3,126 mm 3,128 mm
F 8 mm 8,06 mm 8,070 mm 8,070 mm
G 32 mm 32,02 mm 32,012 mm 32,008 mm
H 50 mm 50,02 mm 49,994 mm 49,994 mm
I 16 mm 16,08 mm 16,076 mm 16,074 mm
J 22 mm 22,12 mm 22,018 mm 22,016 mm
Fonte: Autoria própria (2018).
A Figura 67 apresenta a fotografia da MMC concluída.
Figura 67 – MMC Concluída Fonte: Autoria própria (2018).
94
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O escopo do projeto foi bem-sucedido. Ao final do trabalho a integração do
sistema de controle com o sistema supervisório foi executada conforme a proposta de
projeto.
A Máquina de Medir por Coordenadas foi projetada e construída utilizando
recursos facilmente disponíveis no mercado, possibilitando uma proposta de se
construir máquinas destinadas a medição tridimensional que atendam
satisfatoriamente às solicitações de empresas que trabalham com fabricação de
artefatos e peças mecânicas que exigem um alto padrão de qualidade.
O equipamento se presta à funcionalidade de executar medições de pequenas
peças usinadas em material metálico com precisão e rapidez maiores do que é
possível por meios convencionais. Além disso, é possível executar a medição de
peças complexas que seriam muito difíceis de serem medidas sem o auxílio de uma
máquina de medição trimensional.
Embora o software originalmente proposto para o sistema supervisório não
tenha atendido às necessidades do projeto devido à limitação de recursos em função
da licença, a migração para outro similar de licença livre resolveu a questão.
A programação do microcontrolador tornou-se extensa devido a grande
quantidade de variáveis previstas no algoritmo, assim como a quantidade de funções
a ser executadas. A biblioteca incluída para configuração do protocolo de
comunicação também apresentou limitação que exigiu uma estratégia na
programação do microcontrolador para atender a função de executar os processos de
medição do mensurando.
Embora a construção e funcionamento da máquina tenha sido concluído com
sucesso, as dificuldades com a integração entre microcontrolador e sistema
supervisório superaram as expectativas.
Assim, pretende-se estabelecer uma ideia inicial para que outros trabalhos
semelhantes sejam encorajados e projetos sejam executados a fim de favorecer
empresas que necessitem de máquinas e ferramentas mais sofisticadas e que
possam ser adquiridas com baixo custo.
95
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APÊNDICE A DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DO CIRCUITO ELETRÔNICO