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ii MÁRCIA LUZ MARQUES COMPARAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE CIMENTOS ENDODÔNTICOS REPARADORES BIOCERÂMICOS Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Odontologia da Universidade Estácio de Sá, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Doutor em Odontologia (Endodontia). Orientadora: Profa. Dra. Mônica Aparecida Schultz Neves Coorientadora: Profa. Dra. Letícia Chaves de Souza UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ RIO DE JANEIRO 2017

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MÁRCIA LUZ MARQUES

COMPARAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE CIMENTOS ENDODÔNTICOS REPARADORES BIOCERÂMICOS

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Estácio de Sá, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Doutor em Odontologia (Endodontia).

Orientadora:

Profa. Dra. Mônica Aparecida Schultz Neves

Coorientadora:

Profa. Dra. Letícia Chaves de Souza

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ RIO DE JANEIRO

2017

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“O saber a gente aprende com os mestres e com os livros. A

sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes”.

(Cora Coralina)

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AGRADECIMENTOS

Ao Ricardo, meu esposo, pelo amor incondicional, pela amizade e

companheirismo durante todos os anos de casados e principalmente nesses anos

que cursei Doutorado e fiquei ausente de nosso lar e nossa vida. Obrigada por fazer

de meus sonhos, seus sonhos. Sem sua paciência e carinho teria sido muito mais

difícil do que foi.

Aos meus pais que sempre estiveram ao meu lado, muitas vezes sem saber

como ajudar, mas sempre com uma palavra amiga e encorajadora à me oferecer.

Sem o apoio incondicional de vocês não teria conseguido.

Aos professores Hélio Pereira Lopes e José Freitas Siqueira Jr., pelo

exemplo de seres humanos e professores que são. Todas as vezes que desanimei,

lembrei-me de suas respectivas trajetórias e dedicação ao ensino e à Endodontia.

Espero um dia ser um pouco do que representam para seus alunos ou pelo menos

ter à admiração dos senhores.

Às minhas orientadoras Mônica e Letícia, pela paciência, dedicação,

companheirismo, ensinamentos e parceria nos momentos difíceis. Espero não ter

decepcionado como aluna.

A toda equipe do programa PPGO, pelos exemplos, ensinamentos e

dedicação à ciência.

Ao IME (Instituto Militar de Engenharia), CBPF (Centro Brasileiro de

Pesquisas Físicas) e à UFG (Universidade Federal de Goiás) pela disponibilidade e

presteza em me acolher para realizar meus ensaios químicos e físicos.

À minha família “carioca”, que me acolheu e que foi um presente que

cuidarei com zelo por toda minha vida: Ana Maria Plastina pelo acolhimento em seu

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lar, pelas risadas, abraços e palavras de conforto quanto estive longe dos meus

queridos familiares. Carolina Barrozo Santos, sem palavras para o nosso encontro

de almas, mesmos sonhos, mesmos valores, mesmo respeito mutuo e admiração,

você é uma amiga/ irmã que o Rio de Janeiro me deu... Obrigada por tudo minha

querida. E claro, Francisco, Rita Santos e Bira, famoso Mr. Chu, muito obrigada pela

torcida e acolhida.

E por último, mas não menos importante, aliás, ao meu maior suporte

emocional, minha eterna gratidão, aos amigos da “elite”: Janderson Rodrigues,

Walter Arthur, Laura Julianelli, Thaís Boechat, Mariane Lacerda, Thais Coutinho,

Déborah Barrocas. Nosso companheirismo, amizade, respeito e torcida não têm

distância, sotaque ou cultura! Adoramo-nos de graça! Vocês é parte dessa

conquista, e sou grata por ter cruzado meu caminho com o de vocês! Saudades

eternas!

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ÍNDICE

RESUMO

ABSTRACT

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

vii

viii

x

xiii xii

LISTA DE ABREVIATURAS xiv

1. INTRODUÇÃO 1

2. REVISÃO DE LITERATURA 5

3. JUSTIFICATIVA 26

4. HIPÓTESE 27

5. OBJETIVOS 28

6. MATERIAIS E MÉTODOS 29

7. RESULTADOS 40

8. DISCUSSÃO 55

9. CONCLUSÕES

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

11. ANEXOS

63

64

70

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RESUMO

Objetivos: O objetivo do estudo foi avaliar e comparar algumas propriedades físico-

químicas de materiais endodônticos biocerâmicos reparadores e de dois cimentos

Portland (CP) experimentais. Materiais e Métodos: Os cimentos foram divididos em

6 grupos: CP com 20% carbonato de bismuto (CB); CP com 20% CB e 5% de cloreto

de cálcio (CC); MTA Angelus; MTA HP Angelus; EndoSequence (ES) BC RRM e ES

BC RRM Fast Set Putty. As características da morfologia e estrutura cristalina, e a

composição química dos materiais foram analisadas através de microscopia

eletrônica de varredura (MEV), e espectroscopia de raios X por energia dispersiva

(EDS). O tempo de presa, a solubilidade, o pH e a radiopacidade foram avaliados

por meio de ensaios com metodologia própria, seguindo as especificações nº 57 da

ANSI/ADA (2000) e normas ISO 6876:2001. Resultados: A análise por MEV revelou

uma estrutura mais amorfa do que cristalina no MTA HP e em ambas as formulações

do ES BC RRM. O MTA HP e o ES BC RRM Fast Set Putty apresentaram tempo de

presa mais adequado ao uso clínico. Todos os cimentos apresentaram alcalinidade

após sete dias da manipulação, e valores de radiopacidade acima do recomendado

pela norma nº 57 da ANSI/ADA. Entretanto, a solubilidade dos cimentos (excluindo o

ES BC RRM) apresentou-se acima da estabelecida pela norma, com diferença

significativa entre os cinco grupos (P = 0,005, respectivamente; teste de Kruskal-

Wallis). Conclusões: A composição química e a estrutura cristalina, assim como as

propriedades físico-químicas do CP com 20% CB e 5% CC são semelhantes às do

MTA-Angelus. Todos os cimentos avaliados apresentaram radiopacidade e pH

adequados ao uso clínico. A adição de 5% de CC ao CP com 20% de CB reduziu o

tempo de presa, porém não o suficiente para adequado ao uso clínico.

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Palavras chaves: Agregado trióxido mineral; cimento biocerâmico reparador;

cimento Portland; propriedades físico-químicas.

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ABSTRACT

Aim: The aim of the study was to evaluate and compare some physicochemical

properties of bioceramic root repair materials and two experimental Portland cements

(CP). Materials and Methods: The sealers were divided into 6 groups: CP with 20%

bismuth carbonate (CB); CP with 20% CB and 5% calcium chloride (CC); MTA

Angelus; MTA HP Angelus; EndoSequence (ES) BC RRM and ES BC RRM Fast Set

Putty. The characteristics of morphology and crystal structures and the chemical

composition of the materials were analyzed by scanning electron microscopy (SEM)

and Energy Dispersive X-ray Spectroscopy (EDS). The setting time, solubility, pH

and radiopacity were evaluated by testing its own methodology, following the

specifications # 57 ANSI / ADA (2000) and ISO standards 6876: 2001. Results: SEM

analysis revealed a more amorphous than crystal structure in the HP MTA and both

ES BC RRM formulations. The HP MTA and ES BC RRM Fast Set Putty presented

setting time more suitable for clinical use. All sealers presented alkalinity 7 days after

manipulation, and radiopacity values above the recommended by standard No 57 of

ANSI / ADA. However, the solubility of the sealers (except ESR RRM) was higher

than that established by the standard, with a significant difference between the 5

groups (P = 0.005, respectively, Kruskal-Wallis test). Conclusions: The chemical

composition and the crystal structure, as well as the physical-chemical properties of

CP with 20% CB and 5% CC are similar to those of MTA-Angelus. All cements

revealed adequate radiopacity and pH for clinical use. The addition of 5% CC to the

CP with 20% CB reduced the setting time of this sealer, but not enough suitable for

clinical use.

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Key Words: Mineral trioxide aggregate; bioceramic root repair material; physical-

chemical properties; Portland cement.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. ProRoot MTA 6

Figura 2. MTA Angelus 6

Figura 3. MTA Flow 6

Figura 4. Biocerâmica comercializada em seringa e pré-manipulada para

uso clínico

19

Figura 5. Cimento biocerâmico na consistência Putty 20

Figura 6. Balança de precisão 30

Figura 7. Amostra para ensaio de MEV com deposição de filme de

carbono

32

Figura 8. EDS acoplado ao microscópio eletrônico de varredura 33

Figura 9. Conjunto lâmina de vidro/anel metálico 33

Figura 10. Aparelho e agulha de Vicat 34

Figura 11. Amostra de cimento inserida no anel metálico 36

Figura 12. Dispositivo de alumínio para avaliação da opacidade 36

Figura 13. Conjunto anel de teflon / fio de nylon e cimento 37

Figura 14. Ensaio de Solubilidade: A- amostra de cimento em água

destilada; B – amostras no papel absorvente; C- Pesagem da amostra de

cimento após ensaio

38

Figura 15. MEV de amostras de cimentos na forma de pó (aumento de

1000x). A – CB; B – CC; C- CP+20%CB; D- CP+20% CB + 5%; E- MTA;

F- MTA HP

42

Figura 16. MEV de amostras de cimentos recém-manipulados (aumento

de 1000x). A - CP+20%CB; B - CP+20% CB + 5%; C - MTA; D - MTA HP

43

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Figura 17. MEV de amostras dos cimentos pré-manipulados (aumento de

1000x) A- EndoSequence BC RRM; B- EndoSequence BC Fast Set Putty

44

Figura 18. Gráfico do EDS do carbonato de bismuto na forma de pó 44

Figura 19. Gráfico do EDS no cloreto de cálcio na forma de pó 45

Figura 20. Gráfico do EDS do CP+20%CB na forma de pó 45

Figura 21. Gráfico do EDS do CP +20%CB + 5%CC na forma de pó 45

Figura 22. Gráfico do EDS do MTA na forma de pó 46

Figura 23. Gráfico do EDS do MTA HP na forma de pó

Figura 24. Gráfico do EDS CP + 20% recém- manipulado

Figura 25. Gráfico do EDS CP + 20%CB + 5%CC recém-manipulado

Figura 26. Gráfico do EDS MTA recém-manipulado

Figura 27. Gráfico do EDS MTA HP recém-manipulado

46

47

47

47

48

Figura 28. Gráfico do EDS do EndoSequence BC RRM 48

Figura 29. Gráfico do EDS do EndoSequence Fast Set Putty 48

Figura 30. Gráfico da radiopacidade dos cimentos na forma manipulada e

pré-manipulada

50

Figura 31. Gráfico box plot comparando a radiopacidade dos cimentos 51

Figura 32. Diluição/Solubilidade do EndoSequence BC RRM no momento

da imersão em água destilada

53

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores em gramas da quantidade de pó de CP adicional

necessária para alcançar a consistência ideal quando manipulado

com 0.10ml de água destilada

40

Tabela 2. Comparação do tempo (em minutos) de presa dos cimentos

avaliados

49

Tabela 3. Comparação da média de solubilidade entre os grupos de

cimentos

52

Tabela 4. pH entre os grupos de cimentos para cada tempo avaliado 54

Tabela 5. pH a longo prazo (3, 24, 48, 72 e 168 horas) de cada grupo

de cimento

54

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADA – American Dental Association (Associação Dental Americana)

ANSI – American National Standards Institute (Instituto Nacional Americano de

Padronização)

BC ERRM – Endosequence Root Repair Material (Material reparador radicular

biocerâmico EndoSequence)

BMP-2 – Bone Morphogenetic Protein – 2 (Proteína Morfogenética Óssea-2)

CB – Carbonato de bismuto [Bi2O2(CO3)]

CC – Cloreto de Cálcio (CaCl2)

CIV – Cimento de Ionômero de Vidro

CP – Cimento Portland

°C – Celsius

EDS - Energy dispersive X-Ray spectroscopy (Espectroscopia de raios X por energia

dispersiva)

FDA – Food and Drug Administration (Administração de Alimentos e Drogas)

FS – Fast Set (presa rápida)

GMTA – Gray Mineral Trioxide Aggregate (Agregado de Trióxido Mineral Cinza)

IL – Interleucina

ISO – International Organization for Standartization (Organização Internacional para

Padronização)

IRM – Intermediate Restorative Material (Material Restaurador Intermediário)

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LPS – Lipopolissacarídeos

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura

MTA -– Mineral Trioxide Aggregate (Agregado de Trióxido Mineral)

mm - Milímetros

μm – Micrômetro

Ni-Ti – Níquel-Titânio

pH – Potencial Hidrogênico

PIXE – Proton Induced X-ray Emission (emissão de raios-x induzida por próton)

s - Segundos

Reinforced zinc oxide-eugenol cement (cimento reforçado com óxido de zinco e

eugenol)

RRM – Root Repair Material (material reparador radicular)

TGF-β – Transforming Growth Factor Beta-1 (fator transformador de crescimento

beta -1)

WMTA – White Mineral Trioxide Aggregate (Agregado de Trióxido Mineral Branco)

XRD – X-ray diffraction (DRX - Difração de raios X)

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1. INTRODUÇÃO

Durante o tratamento odontológico, encontramos intercorrências que podem

influenciar negativamente no desfecho clínico do procedimento a ponto de

comprometer a manutenção do elemento dentário e saúde geral do paciente. Entre

as possíveis intercorrências/complicações podemos citar: lesão cariosa extensa,

perfurações radicular e coronária, reabsorções interna e externa, rizogênese

incompleta, desvio ou degrau no canal, fratura radicular e lesão perirradicular com

indicação cirúrgica. Algumas dessas condições clínicas podem surgir decorrentes de

iatrogenias durante etapas da terapia endodôntica, ou seja, acesso coronário e

localização da entrada do canal, instrumentação e obturação do canal radicular.

Além disso, pode ocorrer após a finalização do tratamento endodôntico, no momento

do preparo do canal para a colocação de um pino intrarradicular (TORABINEJAD &

MCDONALD, 2010).

De acordo com alguns estudos (PACE et al., 2008; VANNI et al., 2009), o

material ideal indicado no tratamento de complicações clínicas anteriormente citadas

deve apresentar as seguintes características: boa capacidade seladora, atoxicidade,

biocompatibilidade, não reabsorvível, radiopacidade, bactericida ou pelo menos,

bacteriostático, osteogênico, cementogênico, facilidade de inserção/manuseio e

obtenção, além de custo acessível. Diferentes materiais vêm sendo empregados

para essa finalidade como: amálgama, resina composta, ionômero de vidro e

agregado trióxido mineral (MTA), IRM (Dentsply, Petrópolis, RJ) e Super-EBA

(Bosworth Company, Skokie, IL, EUA).

Atualmente, o MTA é o material mais estudado e que atende a maior

quantidade de requisitos no tratamento de perfurações (PACE et al., 2008).

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TORABINEJAD et al. (1993) desenvolveram o MTA, inicialmente para o selamento

de comunicações da cavidade endodôntica com o ligamento periodontal, sendo sua

utilização clinica aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) em 1998.

Devido a algumas propriedades, o MTA é empregado como material retrobturador,

assim como, em pulpotomia, proteção pulpar e selamento de perfuração

(TORABINEJAD & CHIVIAN, 1999).

Na tentativa de comparar o desempenho do Cimento Portland (CP) com o

MTA, vários estudos demonstraram que ambos apresentam propriedades físico-

químicas e biológicas semelhantes (ISLAM et al., 2006ab; RIBEIRO et al., 2006;

SONG et al., 2006; MIN et al., 2007; CAMILLERI, et al., 2008; KIM et al 2008;

KOMABAYASHI & SPANGBERG, 2008; STORM et al., 2008; BUENO et al., 2009;

HWANG et al., 2009; HWANG et al., 2011). Porém, o CP tem como grande

desvantagem, a falta do nível de radiopacidade exigido pela especificação nº 57 da

ANSI/ADA, a fim de ser distinguido das estruturas anatômicas adjacentes. Assim,

para a utilização do CP como material endodôntico, agentes radiopacificadores

como o óxido de bismuto, devem ser adicionados (DUARTE et al., 2009).

O cimento MTA também apresenta algumas desvantagens observadas no

uso clínico, dentre elas: o longo tempo de presa, a dificuldade de manipulação para

obter consistência adequada para a inserção e um elevado custo (TORABINEJAD &

MCDONALD, 2010).

Novos materiais reparadores foram desenvolvidos devido ao elevado índice

de fracasso em procedimentos endodônticos cirúrgicos, além da necessidade de um

material com requisitos adequados, para o tratamento de complicações

endodônticas (TORABINEJAD & MCDONALD, 2010).

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Materiais biocerâmicos vêm sendo estudados e empregados tanto na

Odontologia, como na Medicina. Estes materiais são cerâmicas resultantes da

combinação entre o silicato de cálcio e o fosfato de cálcio, especialmente

desenvolvidas para a aplicação biológica. Na endodontia, estes materiais se

apresentam principalmente como cimento reparador (DAMAS et al., 2011; LEAL et

al., 2011) e cimento obturador (KOCH et al., 2010 ab; HESS et al., 2011; LOUSHINE

et al., 2011; KOCH & BRAVE, 2012 ab). Segundo os fabricantes, os materiais

biocerâmicos apresentam pH alcalino, atividade antibacteriana, radiopacidade e

biocompatibilidade adequadas. Apesar do elevado custo, as principais vantagens

dos materiais biocerâmicos de aplicação odontológica estão relacionadas com suas

propriedades físicas, químicas e biológicas.

O cimento biocerâmico Endosequence BC Root Repair Material Fast Set

Putty (Brasseler, Savannah, GA, EUA) foi recentemente lançado no mercado como

material reparador. Comercializado na forma pré-manipulada e com coloração

branca, este material é composto de óxido de zircônio, silicato de cálcio, fosfato de

cálcio monobásico, hidróxido de cálcio e agentes espessantes (HESS et al., 2011).

Na tentativa de facilitar a manipulação e o aumentar o tempo de presa de materiais

reparadores como o MTA, o Endosequence BC RRM Fast Set Putty foi desenvolvido

para tomar presa apenas quando exposto a ambiente úmido, como a umidade

presente dentro dos túbulos dentinários (ZHANG et al., 2009).

Em janeiro de 2016, a empresa Angelus Indústria de Produtos

Odontológicos (Londrina, PR) lançou no mercado o MTA Repair HP. Segundo o

fabricante este cimento endodôntico reparador mantém todas as propriedades

químicas e biológicas do MTA original, porém altera suas propriedades físicas de

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manipulação. O resultado é um produto com maior plasticidade, o que facilita a

manipulação e inserção deste na cavidade dental.

Portanto, na busca por um cimento endodôntico reparador com maior

facilidade de manuseio e inserção, associado a um custo acessível, este estudo se

propôs a verificar as propriedades físico-químicas do CP associado a 20% de

carbonato de bismuto (agente radiopacificador), 5% de cloreto de cálcio (agente

acelerador do tempo de presa) e comparar aos cimentos MTA-Angelus, MTA Repair

HP-Angelus, Endosequence BC RRM e Fast Set Putty.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Propriedades físico-químicas do MTA e do Cimento Portland

O CP foi criado por um construtor inglês, Joseph Aspdin, que o patenteou

em 1824. Nessa época era comum na Inglaterra, empregar na construção civil,

pedra de Portland, nome de uma ilha situada ao sul desse país. Devido à

semelhança da cor e dureza do cimento à pedra de Portland, Aspdin registrou como

Cimento Portland, cuja denominação foi convencionada mundialmente para o

material conhecido na construção civil como cimento. O CP é composto de clínquer

e de adições, sendo comercializado na forma de pó fino com propriedades

aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece sob ação da água. Depois do

endurecimento, mesmo que novamente submetido à ação da água, este produto não

sofre decomposição. O principal componente do CP é o clínquer, presente em todos

os tipos de CP, e que tem o calcário e a argila como matérias-primas. Quanto às

adições, estas podem variar e são as principais responsáveis pela definição do tipo

de CP (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND, 2002).

Atualmente, o MTA é produzido nas cores cinza e branca por diferentes

fabricantes, com diversos nomes comerciais. O ProRoot (Dentsply Tulsa Dental

Specialties, Tulsa, OK, EUA) (Figura 1), o MTA Angelus (Angelus Indústria de

Produtos Odontológicos, Londrina, PR) (Figura 2) e o MTA Flow (ULTRADENT,

South Jordan, UT, EUA) estão entre os mais conhecidos e utilizados. Este cimento é

constituído basicamente por três componentes: CP, óxido de bismuto e gipsita,

porém este último está ausente no MTA Angelus, o que proporciona um tempo de

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presa menor, quando comparado ao ProRoot (SONG et al., 2006; STORM et al.,

2008; CHEDELLA & BERZINS, 2010).

Figura 1. ProRoot MTA Figura 2. MTA Angelus Figura 3. MTA Flow

2.1.1. Composição química e estrutura cristalina

As composições químicas, assim como as fases cristalinas do material são

de importância fundamental, para o entendimento das propriedades físico-químicas

(BELÍO-REYES et al., 2009). Estudos prévios sugerem que o MTA cinza ou branco

apresenta composição química similar, alto grau de biocompatibilidade, sem

diferenças estatísticas entre ambos (PACE et al., 2008; BELÍO-REYES et al., 2009).

Os íons cálcio e fósforo, principais componentes do MTA, também constituem os

principais componentes do tecido dental duro. Portanto, o MTA pode ser

considerado um material biocompatível, quando em contato com células e tecidos

(TORABINEJAD et al., 1995).

O MTA é constituído por um conjunto de finas partículas hidrofílicas de

diferentes óxidos minerais como: silicato tricálcio, aluminato tricálcio, óxido tricálcio,

óxido de silício e óxido de bismuto. Essas moléculas quando em contato com a água

formam um gel coloidal que, após a presa, torna-se uma estrutura dura composta

principalmente por óxido de cálcio e fosfato de cálcio (TORABINEJAD et al.,1995;

SCHWARTZ et al.; 1999; CEHRELI et al., 2011). Porém, SHAHI et al. (2009)

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demonstraram a presença de moléculas de óxido de cálcio na forma de pequenos

cristais, e fosfato de cálcio, o qual é amorfo com estrutura granular. A granulometria

das partículas antes da hidratação varia de 1 a 30 µm dependendo do tipo de MTA,

e quanto menor a partícula, maior será a resistência inicial do material, além de

facilitar o manuseio. Para HOLLAND et al.(2007), a presença de partículas com

menor diâmetro do que os túbulos dentinários, pode desempenhar papel importante

na capacidade de selamento da perfuração, desde que o smear layer tenha sido

removido previamente.

BELÍO-REYES et al. (2009) quantificaram as fases cristalinas do cimento

ProRoot MTA branco pelo método de refinamento de Rietveld, assim como,

identificaram através da DRX, pelo EDS, PIXE (emissão de raios-x induzidos por

prótons – proton-induced X-ray emission). O espectro do EDS mostrou picos de

oxigênio, alumínio, silício, bismuto, enxofre e cálcio como principais elementos

químicos, constituintes do cimento ProRoot MTA branco. A análise por PIXE

detectou a presença de enxofre, bismuto e cálcio, enquanto que ferro, níquel e

cobre, apenas sob a forma de traços. Os autores concluíram que o ProRoot MTA

branco é composto por 19,8% de óxido de bismuto, 51,9% de silicato tricálcico,

23,2% de silicato dicálcico, 3,8% de aluminato tricálcico e 1,3% de sulfato de cálcio.

CAMILLERI (2007) estudou o mecanismo de hidratação dos cimentos

ProRoot MTA e Portland branco, através da análise por MEV e por quantificação das

razões atômicas usando o EDS, para identificar a composição média de cada

produto. A mesma técnica foi empregada para determinar a quantidade das fases

minerais principais do cimento, usando o cálculo de Bogue, método muito

empregado na avaliação do conteúdo da fase mineral dos cimentos. Por meio de um

disco preparado a partir de uma mistura com pó de MTA, a constituição química foi

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determinada pela análise do EDS acoplada ao MEV. Como o EDS apenas indica os

elementos químicos presentes, pode fornecer resultados equivocados sobre a

composição real do composto/material em estudo. Para complementar o estudo foi

realizado o DRX que identifica os componentes do material. Os resultados indicaram

que o MTA em pó é constituído por partículas que contêm silicato tricálcico e silicato

dicálcico, assim como, por partículas de óxido de bismuto. O aluminato,

normalmente presente nos CP foi pouco encontrado no MTA. O MTA hidratado

apresentou uma microestrutura relativamente densa, tendo como principais produtos

de hidratação, o silicato de cálcio hidratado (Ca-Si-H), o hidróxido de cálcio [Ca

(OH)2)], o monosulfato (3C4ASH18) e a etringita (C6AS3H32). Todavia, o óxido de

bismuto (Bi2O3) foi encontrado na forma de pó não reagido e incorporado ao Ca-Si-

H, o que afeta o mecanismo de hidratação do MTA. O autor concluiu que, o MTA

apresentou microestrutura e constituição deficiente em alumina, provavelmente, por

não ser preparado em forno rotativo, como ocorre normalmente com o CP. Essa

deficiência afeta a produção da etringita e do monosulfato na hidratação do MTA.

SOUZA (2014) avaliou as propriedades físico-químicas do CP puro, bem

como associado a 2%, 5%, 10% e 15% de carbonato de bismuto [Bi2O2(CO3)], um

agente radiopacificador, a fim de comparar com o MTA Angelus. As fases das

amostras dos cimentos em forma de pó e hidratada foram determinadas por DRX,

enquanto que a composição química semiquantitativa, determinada com EDS. Os

resultados revelaram que o MTA e o CP apresentam componentes principais e fases

cristalinas similares.

A principal diferença entre o MTA e CP cinzas e brancos está na presença

de alta concentração de óxido de ferro (Fe2O3) na cor cinza, porém ausente na

formulação branca (SHAHI et al., 2009). Segundo BORGES et al. (2011), o MTA

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Angelus é composto por 80% de CP e 20% de óxido de bismuto, enquanto que o

MTA ProRoot apresenta 75% de CP, 20% de óxido de bismuto e 5% de gipsita. Por

outro lado, o CP cinza (Votorantim Cimentos Brasil, Votorantim, SP) possui 97% de

clínquer cinza e 3% de gipsita, enquanto que o CP branco possui 50 a 74% de

clínquer branco, 3% de gipsita e de 26 a 50% de carbonato de cálcio.

2.1.2. Tempo de presa

O longo tempo de presa do MTA ProRoot é um dos seus principais

inconvenientes, o que aumenta o tempo clínico dispendido em alguns procedimentos

e muitas vezes necessitando de nova consulta. Em média, o tempo de presa é de

165 min, sendo superior a todos os demais materiais testados para a mesma

finalidade como o Super EBA (The Bosworth Company, Midland, TX, EUA) e o

amálgama. Quando misturado na proporção de 3:1 (pó em relação ao líquido), seu

maior tempo de presa proporciona menor estabilidade dimensional e maior

infiltração marginal (TORABINEJAD et al., 1993; TORABINEJAD et al., 1995).

TORABINEJAD et al. (1995) avaliaram e compararam, o tempo de presa dos

cimentos MTA, Super EBA, IRM e do amálgama. Todos os materiais foram

manipulados seguindo as instruções fornecidas pelos fabricantes e inseridos em

moldes metálicos com 15 mm de diâmetro e 5 mm de altura. Aproximadamente dois

minutos após o início da manipulação, o molde com o material de estudo foi

colocado numa estufa a 37°C, com umidade relativa de 95-100%. O tempo de presa

foi estabelecido como o tempo decorrente do início da mistura, até o momento em

que a agulha não marcava mais o material. De acordo com os resultados, o

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amálgama apresentou o menor tempo de presa (4 min) e o MTA, o maior (2 h 45

min), enquanto que no Super EBA foi < 9 min (± 30 s) e no IRM < 6 min (± 30 s).

ISLAM et al., (2006a) compararam o tempo de presa do CP e ProRoot MTA

branco e cinza, seguindo a norma ISO 6876:2001 para materiais obturadores, a qual

é idêntica às recomendações propostas pela ASTM C266-03. O tempo de presa

inicial e final foi medido quatro vezes para cada material, mediante o uso de agulhas

de Gillmore inicial e final. Esses pesquisadores observaram que as formulações

brancas apresentaram tempos de presa mais rápido do que as cinzas.

De acordo com a norma ISO 6876:2001, SILVA et al. (2010) concluíram que

o tempo de presa inicial para do ProRoot MTA cinza (32 ± 1,26 min.) foi

significativamente menor do que o obtido para o MTA-Angelus (45,75 ± 0,50 min.),

enquanto que o tempo de presa final do ProRoot MTA (179,83 ± 4,02 min.) foi

significativamente superior, em comparação ao MTA-Angelus (144,75 ± 0,50 min.).

Seguindo o protocolo estabelecido pela norma 57 da ANSI/ADA, MASSI et

al. (2011) avaliaram o tempo de presa do CP branco e MTA-Angelus branco,

empregando as agulhas Gilmore. Os resultados revelaram um tempo de presa inicial

de 25,5 min. para o CP e 13,67 min. para o MTA-Angelus, enquanto o tempo de

presa final foi de 85 e 48,33 min respectivamente.

KOGAN et al. (2006) utilizando o aparelho de Vicat avaliaram o tempo de

presa do ProRoot MTA cinza com os seguintes aditivos: salina, lidocaína 2%, gel de

hipoclorito de sódio 3%, gel de gluconato de clorexidina, K-Y Jelly (Jonhson &

Jonhson, New Brunswick, NJ, EUA) e cloreto de cálcio 3 e 5%. A avaliação foi

realizada em intervalos de tempo predeterminados, com tempo máximo de

observação de quatro horas. O tempo de presa do MTA manipulado com água e

cloreto de cálcio a 3% foi de 50 min, porém com o hipoclorito de sódio associado ao

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K-Y Jelly e com cloreto de cálcio a 5% foram de 20 e 25 min, respectivamente. Os

autores concluíram que a salina e a lidocaína aumentam o tempo de presa,

passando para 90 e 120 min. respectivamente, enquanto que o MTA manipulado

com clorexidina não tomou presa no período considerado pelo estudo.

WILTBANK et al. (2007) observaram que alguns aceleradores como o

cloreto de cálcio (CaCl2) a 5%, nitrato de cálcio [Ca(NO3)2] e formiato de cálcio

[Ca(HCOO)2], influenciam na diminuição do tempo de presa do ProRoot MTA cinza e

CP. Esses autores afirmam que o tempo de presa do MTA branco tem seu turno

reduzido quando associado ao cloreto de cálcio e ao formiato de cálcio.

Empregando agulhas de Gilmore, ALANEZI et al., (2011) avaliaram a

influência no tempo de presa do MTA acrescentando aditivos durante sua

manipulação. Água, CaCl2 a 5%, NaOCl a 3% e KY Jelly foram manipulados

juntamente com o ProRoot MTA cinza. No grupo associado à água o tempo foi de

195 min., enquanto que nos manipulados com CaCl2 e NaOCl, 123 e 130 min.

respectivamente; o grupo com KY Jelly por sua vez, teve um tempo de presa de 70

min.

LEE et al. (2011) estudaram o tempo de presa do MTA com vários

aceleradores de presa (cloreto de cálcio, ácido cítrico em baixa concentração,

solução de gluconato de lactato de cálcio). Os grupos foram divididos de acordo com

o acelerador de presa, da seguinte maneira: grupo 1- MTA com água destilada;

grupo 2- MTA + cloreto de cálcio a 10% manipulado com água destilada; grupo 3 -

MTA com ácido cítrico 0,1%; grupo 4 - MTA com solução de lactado de cálcio. Os

autores observaram que o tempo de presa do MTA hidratado e manipulado com

aceleradores foi significativamente menor, quando comparado com água destilada

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(p<0,01). Todavia, apesar dos resultados, ressaltaram a necessidade de mais

pesquisas.

O’BEIRNE et al. (2011) testaram a adição de 10 e 30% de gesso Paris ao

CP associado com óxido de bismuto (Bi2O3) e os resultados revelaram uma redução

significativa no tempo de presa.

A influência da adição do cloreto de cálcio sobre o tempo de presa do MTA

branco (WMTA) Angelus e do CP foi avaliada por BORTOLUZZI et al. (2009). Para

isso, realizaram um teste do tempo de endurecimento seguindo as especificações da

ADA # 57 e o tempo de presa final de acordo com a norma ASTM. A adição resultou

em significativa redução (50%), no tempo de endurecimento inicial dos cimentos. O

tempo de presa final foi reduzido para ambos os cimentos, ou seja, 35,5% para

WMTA e 68,5% para WPC.

2.1.3. Potencial hidrogeniônico (pH)

A capacidade de formação de tecido mineralizado é atribuída à ação

bactericida e ao elevado pH alcalino, sendo a principal característica que diferencia

o MTA dos demais materiais seladores (HOLLAND et al., 2007).

Segundo REISS-ARAUJO et al. (2007), o valor do pH de um material

obturador ou retrobturador representa um fator considerável, pois quando alcalino,

pode estimular a formação de barreira de tecido duro em áreas de perfuração,

capeamento pulpar ou apicificação.

A elevada liberação de íons cálcio inicial do MTA promove um pH de 10,2,

que aumenta para 12,5, após três horas. Em contato com fluídos teciduais, o MTA

gera a precipitação de cristais de hidroxiapatita, o que o torna uma substância

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bioativa além de biocompatível. A liberação de íons cálcio interage com os grupos

fosfatos próximos, causando a precipitação de hidroxiapatita e consequentemente,

promovendo a formação de cemento e osso (BOZEMAN et al., 2006). A dissociação

do hidróxido de cálcio Ca(OH)2 em íons cálcio e íons hidroxila, resulta no aumento

do pH que confere ao MTA propriedades bactericidas (TAKITA et al., 2006;

ANTHONAPPA et al., 2013).

VIVAN et al. (2010) avaliaram a variação de pH e a liberação de íons cálcio

pelos cimentos MTA-Angelus branco, MTA Bio branco (Angelus) e CP associado a

20% de óxido de bismuto e 5% de sulfato de cálcio nos períodos de 3, 24, 72 e 168

horas. Após a manipulação realizada seguindo a proporção de 3:1 recomendada

pelo fabricante, todos os cimentos foram inseridos em tubos de polietileno. Cinco

amostras de cada tipo de cimento foram mantidas em frascos com 10 ml de água

deionizada, em ambiente a 37ºC. Após a remoção das amostras dos frascos, o pH

foi aferido por um pHmetro. A seguir, através da espectrofotometria de absorção

atômica foram analisadas para a verificação da liberação de íons cálcio. Após cada

leitura, as amostras foram imersas em novos frascos contendo água deionizada. Os

resultados indicaram que todos os cimentos são alcalinos e liberam íons cálcio, e

que o pH e a liberação de cálcio, decrescem com o passar do tempo.

De acordo com LEE et al. (2004), a exposição do ProRoot MTA ao meio

ácido (pH 5) afeta negativamente as propriedades físicas e o comportamento de

hidratação do MTA. Estes autores concluíram que, ambientes fisiológicos como

água destilada, solução salina, solução de pH 7 e de pH 5, promovem alteração no

mecanismo de hidratação e nas propriedades físicas do MTA, após um período de

incubação de sete dias.

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2.1.4. Solubilidade

A maioria dos estudos relata baixa ou nenhuma solubilidade do MTA, no

entanto, a proporção pó/água no momento da manipulação pode interferir nessa

propriedade, devendo-se manter sempre a proporção 3:1 de pó para líquido, como

recomendada pelos fabricantes. Alterações nesta relação pó/líquido, bem como, um

contato com sangramento abundante, podem aumentar a porosidade e solubilidade

do material (ISLAM et al., 2006 a; PACE et al., 2008; DANESH et al., 2011).

FRIDLAND & ROSADO (2003) avaliaram a solubilidade em longo prazo do

ProRoot MTA nas proporções pó/líquido 0,28 e 0,33, bem como, o pH do líquido em

contato com as amostras, seguindo as recomendações propostas na norma ISO

6876. As amostras permaneceram imersas em água destilada por até 78 dias, sendo

periodicamente removidas da solução para posterior pesagem dos resíduos

remanescentes no frasco. Os resultados revelaram que durante os 78 de

experimento, o MTA libera sua porção solúvel, assim como, a manutenção do pH

alcalino numa taxa decrescente.

SILVA et al. (2010) utilizaram a metodologia proposta pela norma ISO 6876-

2:2001, para estudar a solubilidade dos cimentos ProRoot MTA cinza e MTA-

Angelus, em função do percentual de perda de massa. A análise estatística não

revelou diferença significativa entre os materiais.

VIVAN et al. (2010) avaliaram a solubilidade dos cimentos do MTA- branco

(Angelus), MTA Bio-branco (Angelus), CP associado a 20% de óxido de bismuto e

5% de sulfato de cálcio, MTA fotopolimerizável e um cimento à base de resina epóxi.

As amostras foram preparadas de acordo com a norma ISO 6876, usando moldes

de anéis de teflon, pesadas e colocadas em frascos fechados com 50 ml de água

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destilada, durante sete dias. Após esse período foram secas e colocadas em um

desumidificador por 24 horas, para que a solubilidade fosse determinada pelo

cálculo do peso perdido. De acordo com os resultados, os maiores valores de

solubilidade foram para o MTA-Angelus branco (3,47 g) e MTA Bio, enquanto que os

menores, para os cimentos à base de resina epoxi e MTA fotopolimerizável.

ISLAM et al. (2006a) constataram maior solubilidade do WMTA, quando

comparado ao CP e ProRoot MTA cinza , porém esses valores estão dentro das

especificações ISO.

CAMILLERI (2011) avaliou a solubilidade do ProRoot MTA, bem como, do

CP após 24 horas de imersão em água, e concluiu que o MTA foi mais solúvel do

que o CP.

2.1.5. Capacidade seladora

A maior capacidade de selamento do MTA sem relação aos demais

materiais foi comprovada empregando diferentes metodologias como: infiltração de

fluídos ou corantes, extração de corante e infiltração de bacteriana. O MTA

apresentou resultados superiores em relação ao amálgama, cimento de óxido de

zinco e eugenol, cimento de ionômero de vidro modificado por resina e materiais

resinosos. Segundo os estudos (PACE et al., 2008; UNAL et al., 2010) o MTA

demonstra relativa expansão após a presa, o que hipoteticamente pode ser

responsável pela melhor capacidade de selamento.

RAHIMI et al. (2008) avaliaram a microinfiltração em diferentes espessuras

do ProRoot MTA, por meio da infiltração por corante. Noventa incisivos superiores

instrumentados e obturados foram seccionados nos 3 mm apicais e divididos em três

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grupos de vinte e em grupos-controle positivo e negativo, com cinco dentes em

cada. Em cada grupo experimental foi realizado retropreparos de 1, 2 e 3 mm, e

retrobturados com MTA. Após a infiltração com nanquim por setenta e duas horas,

os dentes foram analisados através de um estereomicroscópio. Apesar da presença

de microinfiltração nos grupos de 3 e 2 mm ter sido menor do que no de 1 mm, não

houve diferença estatística significativa entre os grupos.

Em um estudo in vitro, SHAHI et al. (2009) avaliaram o grau de selamento

do GMTA e WMTA e os CPs cinza e branco, utilizando um modelo de infiltração de

proteína. Segundo os autores, dentro os modelos in vitro este apresenta maior

confiança nos resultados, já que estima a microinfiltração em todos os planos. Além

disso, as dimensões das moléculas proteicas utilizadas são semelhantes aos das

moléculas de lipopolissacarídeos (LPS) bacterianos. O óxido de bismuto presente no

MTA produz fases específicas durante a reação de presa, resultando em padrões

grosseiros e amorfos em sua topografia, próximo às paredes de dentinárias. Esse

padrão das partículas tem influência nas taxas de hidratação do cimento e,

consequentemente, nas características de resistência e presa. Provavelmente,

essas propriedades físicas são as responsáveis pelas melhores capacidades de

selamento dos CPs. Os resultados não apresentaram diferenças estatísticas entre

os materiais avaliados, entretanto, o escoamento foi significativamente menor nos

CPs quando comparados com o MTA. Esta diferença entre o MTA e o CP pode ser

atribuída às diferenças em seus componentes químicos. No entanto, para esses

autores, nenhum modelo in vitro reproduz com exatidão os complexos fenômenos

que ocorrem na cavidade oral, podendo levar a diferentes resultados. Estudos in

vitro sobre selamento ainda são modelos limitados por não simularem os efeitos que

ocorrem na cavidade oral, como troca de temperatura, influência da dieta e do fluxo

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salivar. Sendo assim, os dados provenientes desses estudos não representam

fielmente a dinâmica interação entre o canal radicular e o tecido perirradicular.

Vale ressaltar que além das propriedades de selamento, a espessura de um

material endodôntico reparador também é um fator relevante, principalmente nos

casos de retrobturação e apicificação, onde a espessura do cimento deve variar

entre 3 e 5 mm (TORABINEJAD & CHIVIAN, 1999).

ISLAM et al. (2006a) observaram que apesar de todas as formulações

apresentarem expansão após a presa, no MTA se mostrou menor que no CP. Essa

expansão quando controlável favorece a capacidade de selamento do cimento,

porém em demasia pode causar microtrincas na superfície radicular.

NAZARI et al., (2014) avaliaram a taxa de infiltração bacteriana nos

materiais MTA e cimento enriquecido com cálcio, quando utilizados como material

reparador em perfurações de furca. Os resultados não mostraram diferença

estatística significante entre os grupos.

2.1.6. Radiopacidade

De acordo com a norma ISO 6876:2001 estabelecida para materiais

endodônticos obturadores, um cimento endodôntico deve apresentar radiopacidade

mínima de 3 mm Alumínio (Al) (HWANG et al., 2009). Seguindo a metodologia

proposta essa norma, KIM et al. (2008) avaliaram a radiopacidade do ProRoot MTA

e do CP puro, bem como, do CP associado ao óxido de bismuto, em diferentes

proporções. Observaram que o MTA e a mistura (CP+ óxido d bismuto) na

proporção 4:1 apresentaram os maiores índices de radiopacidade, 6,92 e 6,81 mm

Al, respectivamente. O CP apresentou a menor radiopacidade (0,86 mm Al),

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enquanto que nas proporções 6:1 e 8:1, os índices de CP + óxido de bismuto foram

de 3,70 e 3,17 mm Al, respectivamente.

Através de radiografia digital, SOUZA (2014) avaliou a radiopacidade do CP

puro, e deste associado ao carbonato de bismuto (agente radiopacificador) a 2%,

5%, 10% e 15% a fim de comparar com o MTA Angelus. Os resultados mostraram

que somente o grupo do CP puro apresentou índices de radiopacidade (1,59 ± 0,05)

menores do que o estabelecido pela norma ISO 6876:2001. Concluiu-se que o CP

com 15% de óxido de bismuto apresentou (4.46 ± 0.05 mm de Al), resultados

similares aos do MTA (4.86 ± 0.19 mm de Al).

2.1.7. Tamanho de partícula

A forma e o tamanho da partícula do CP tem influência direta na sua

manipulação. A distribuição espacial e a composição das partículas influenciam na

cinética de hidratação, no desenvolvimento da microestrutura e nas propriedades

finais dos materiais à base desse cimento (BENTZ et al., 1999). A hidratação das

partículas do CP inicia na superfície, de modo que a área superficial total constitui o

material disponível para a hidratação (SAJEDI & RAZAK, 2011). Segundo ASGARY

et al. (2013), cimentos com partículas de menores dimensões apresentam maior

área superficial exposta, proporcionando assim, uma redução no tempo de presa.

KOMABAYASHI & SPANGNERG (2008) avaliaram os cimentos CP, ProRoot

MTA e MTA-Angelus nas formulações branco e cinza, através de um analisador de

imagem de fluxo de partículas (Sysmex FPIA-3000, Kobe, Japão). Segundo os

autores, para uma leitura eficaz em baixo fluxo, esta deve ser realizada com

partículas grosseiras, variando entre 6-160 μm, enquanto que em alto fluxo,

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recomenda-se a leitura com partículas menores, variando de 1,5-40 μm. De acordo

com os resultados, o cimento MTA-Angelus apresentou partículas menores, em

relação ao ProRoot MTA. Todavia, as formulações brancas apresentaram partículas

menores em relação à cinza, com menor variação na distribuição das dimensões.

2.2. Propriedades físico-químicas do EndoSequence BC RRM

O cimento EndoSequence BC RRM (Brasseler, Savannah, GA, EUA), vem

sendo proposto como material alternativo ao MTA, pois supostamente possui melhor

propriedade quanto à manipulação e segundo LOVATO & SEDGLEY (2011) assim

como o MTA, também apresenta pH alcalino e atividade antibacteriana durante o

tempo de presa. Este cimento é comercializado na consistência de massa de

vidraceiro (Putty) pré-misturada (ESP) ou em pasta injetável com seringa

previamente preenchida (ESS) (Figura 4).

Figura 4. Biocerâmica comercializada em seringa e pré-manipulada para uso clínico.

Alguns anos após o lançamento do BioAggregate Root Canal Repair Filling

(DiaRoot, Vancouver, Canada), outros cimentos biocerâmicos foram desenvolvidos

para a reparo radicular como o EndoSequence BC RRM e o BC RRM Fast Set Putty

(Figura 5).

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Figura 5. Cimento biocerâmico na consistência Putty.

Ao contrário do MTA, BioAggregate ou Biodentine, os cimentos

EndoSequence BC RRM (ERRM Putty) e EndoSequence BC RRM Fast Set Putty

(ERRM FS Putty) são comercializados pré manipulados. Do ponto de vista clínico,

isso representa uma vantagem, pois facilita sua aplicação, principalmente durante

uma obturação retrógrada. Outra vantagem desses cimentos é que o controle

sanguíneo e a umidade na cavidade bucal e região apical, não necessita estar

sincronizado com o tempo de presa da mistura, como ocorre na manipulação do

MTA. Porém, quando utilizado isoladamente, o ERRM pode ser sensível ao efeito de

lavagem. ERRM Putty ganhou grande popularidade por causa da facilidade de uso e

aparentemente boa resistência à lavagem, embora algumas propriedades ainda não

foram minuciosamente investigadas. Recentemente, o EndoSequence BC RRM Fast

Set Putty (FS) foi introduzido e segundo o fabricante, o tempo de presa inicial é de

aproximadamente 20 minutos, porém ainda existem poucas informaçöes sobre seu

efeito no tratamento e prognóstico de lesões perirradiculares. EndoSequence BC

RRM-Fast Set Putty contém as mesmas características que o BC RRM e BC RRM

Putty, porém a forma Fast Set Putty apresenta vantagens como: uma melhor

consistência tipo “massa de vidraceiro” condensável, dose unitária, sem a presença

de resíduos e risco de contaminação cruzada e maior resistência à lavagem em

relação ao EndoSequence BC RRM-Putty (GUO et al., 2016).

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2.2.1. Composição química e estrutura cristalina

O cimento Endosequence® RRM é comercializado pré-manipulado na

coloração branca podendo ser imediatamente aplicado no canal radicular. Composto

por óxido de zircônia, silicato de cálcio, fosfato de cálcio monobásico, hidróxido de

cálcio e agentes espessantes, apresenta tempo de trabalho de aproximadamente

quatro horas à temperatura ambiente. Atua pela criação de uma união com a

dentina, o que pode levar a formação de hidroxiapatita (HESS et al., 2011). Esse

material foi desenvolvido a partir de um silicato de cálcio atóxico empregado como

cimento endodôntico. Devido às excelentes propriedades físicas, químicas e

biológicas, sua aplicabilidade clínica é favorecida pela presença de água nos túbulos

dentinários, a qual provoca a hidratação do cimento. Consequentemente, inicia-se o

processo de endurecimento, diminuindo o tempo de solidificação e o tempo de

presa, além de facilitar a manipulação do material (KOCH & BRAVE, 2012a).

2.2.2. Potencial hidrogeniônico

Os cimentos EndoSequence BC RRM e EndoSequence BC Fast Set Putty

possuem pH de 12.8 durante as 24 horas iniciais, porém esse valor diminui

progressivamente em uma semana, comportamento que o torna um potente agente

antimicrobiano (DAMAS et al., 2011). Para o fabricante, a ação antimicrobiana desse

cimento ocorre como consequência de seu elevado pH alcalino.

2.2.3. Radiopacidade

Segundo o fabricante, a alta radiopacidade do cimento Endosequence®

RRM proporciona maior precisão no momento da colocação, pois melhora sua

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identificação no canal radicular tratado, quando realizado o exame radiográfico

transoperatório. Todavia, ainda há poucos relatos na literatura avaliando a

radiopacidade dos cimentos reparadores EndoSequence.

2.2.4. Tempo de presa

O fabricante afirma que o produto EndoSequence BC RRM possui

estabilidade química, estado físico sólido (pasta), e adverte para evitar o contato

involuntário com água, pois a hidratação resultará na fomação do hidróxido de cácio

caustico. Além disso, o fabricante informa que o tempo mínimo necessário para a

presa do material em condições normais é de 2 horas, porém pode demorar mais,

quando colocado em canais extremamente secos. O tempo de endurecimento do

Endosequence BC Fast Set Putty é de 20 minutos, porém pode aumentar em canais

extremamente secos.

CHARLAND et al. (2013) avaliaram e compararam o tempo de presa do

MTA e Endosequence BC Root Repar Material (ESRRM), na presença de sangue e

em um meio sintético de cultura celular. Foram confeccionados blocos de polimetil

metacrilato contendo em cada um, dez cavidades padronizadas (2 mm de diâmetro x

3 mm de profundidade), utilizando seis blocos para cada tipo de cimento. As

amostras foram distribuídas entre os quatro meios diferentes: sangue; meio de

cultura celular; sangue e meio de cultura celular e solução salina estéril (grupo

controle). Cada bloco foi submerso durante 4, 5, 6, 8, 24, 36, e 48 horas numa

incubadora a 37°C com 100% de umidade. De acordo com os resultados, nenhum

dos cimentos apresentou presa entre 4 a 6 horas. O ESRRM não apresentou presa

em 48 horas, enquanto que todas as amostras de MTA tomaram presa em 36 horas.

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Segundo TROPE et al. (2015), as várias formas de biocerâmicas são

semelhantes na composição (silicatos de cálcio, óxido de zircónio, óxido de tântalo,

fosfato de cálcio monobásico), apresentando excelentes propriedades mecânicas,

biológicas e de manipulação. Além de hidrofílicas, também são insolúveis,

radiopacas e isentas de alumínio. O tempo de trabalho é superior a 30 minutos e o

de presa em torno de 4 horas em condições normais, dependendo da quantidade de

umidade disponível. O cimento EndoSequence BC RRM Fast Set Putty foi

recentemente introduzido no mercado possuindo todas as propriedades da massa

original, mas com uma fórmula que promove um tempo de presa mais rápido

(aproximadamente de 20 min). Tanto o EndoSequence BC RRM Fast Set Putty,

quanto o EndoSequence BC RRM são recomendados para o reparo de perfuração,

cirurgia apical, tampão apical e terapia de polpa vital.

2.2.5. Capacidade de selamento

Em 2013, HIRSCHBERG et al. compararam a capacidade de selamento do

MTA ProRoot com o cimento biocerâmico Endosequence BC RRM Putty (ES-

BCRR). Sessenta dentes extraídos unirradiculares foram instrumentados com

sistema mecanizado e retrobturados com cimento biocerâmico Endosequence. Os 3

mm apicais foram seccionados a 90 graus em relação ao longo eixo da raiz e retro-

instrumentados com ultrassom. Os dentes foram divididos em quatro grupos (n=15):

Grupo 1: MTA; Grupo 2: ES-BCRR Putty; Grupo 3: controle positivo com guta-percha

sem cimento; Grupo 4: controle negativo com ápice selados com cera e verniz para

as unhas. Após a retro-intrumentação e retro-obturação, os dentes foram mantidos

úmidos durante 48 horas, a fim de permitir a presa inicial dos materiais. A seguir

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foram esterilizados com óxido de etileno, e suspensos em frascos esterilizados

contendo 3% de caldo de lactose fenol e inoculados com Enterococcus faecalis,

através de aberturas realizadas na face oclusal. Após um período de observação de

28 dias, os resultados revelaram maior capacidade de selamento do MTA, quando

comparado ao Endosequence RRM Putty.

ANTUNES et al. (2015) em um estudo ex vivo, avaliaram a capacidade de

selamento do cimento MTA e do EndoSequence BC RRM-Fast Set Putty, em raízes,

utilizando um novo modelo de infiltração de nutrientes bacterianos. Sessenta

incisivos centrais inferiores instrumentados foram seccionados na região apical e

retrointrumentatos com ponta ultrassônica. No grupo da obturação retrógrada com o

MTA foram detectadas 50% de espécies viáveis, enquanto que no grupo BC-RRM

Putty, 28% das amostras foram positivas para bactérias cultivadas. Todavia, na

comparação dos dados quantitativos ou de presença/ausência de bacteriana,

nenhuma diferença significativa foi identificada entre os grupos, levando os autores a

concluírem que os cimentos estudados possuem semelhante capacidade de

selamento.

2.3. MTA Repair HP Angelus

Recentemente, uma nova formulação de MTA denominada MTA Repair

HP® (High Plasticity) (Angelus Indústria de Produtos Odontológicos S/A, Londrina,

PR) foi desenvolvida objetivando superar as desvantagens encontradas no MTA.

Esse cimento é composto de aluminato tricálcico, óxido de cálcio e tungstato de

cálcio (radiopacificador), na forma de finas partículas hidrofílicas, sendo indicado em

casos de perfuração radicular iatrogênica ou por lesão cariosa, reabsorção interna,

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retrobturação, proteção pulpar direta, pulpotomia, apicigênese e apicificação. De

acordo com o fabricante, graças às propriedades físicas inerentes ao pó do produto,

este cimento apresenta resultados clínicos satisfatórios, incluindo uma melhor

consistência após a manipulação, o que facilita a sua inserção no local do reparo.

Nessa nova fórmula todas as propriedades químicas e biológicas já reconhecidas do

MTA foram mantidas, porém com algumas alterações nas propriedades físicas

relacionadas à manipulação. O fabricante afirma que esse cimento possui maior

plasticidade e menor tamanho de partículas após a hidratação, o que facilita sua

manipulação e inserção na cavidade dental.

Além disso, a empresa declara que esse material induz a formação de

cemento perirradicular e barreira dentinária, quando usado em exposições pulpares,

não sofre alteração de suas propriedades em meio úmido, possui baixa solubilidade

e excelente capacidade de selamento marginal devido à expansão controlada de

presa, o que impede a migração de microrganismo e fluídos para o interior do canal

radicular.

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3. JUSTIFICATIVA

A ocorrência de perfurações e suas repercussões nas estruturas dentinária e

de suporte podem afetar negativamente o prognóstico do tratamento endodôntico.

Além do controle da infecção, é essencial que o material reparador apresente

características físico-químicas e biológicas compatíveis com o processo de cura.

O cimento MTA vem sendo amplamente estudado e empregado no

tratamento de perfurações e/ou comunicações. Porém, seu elevado tempo de presa,

dificuldade de manipulação e inserção, além do elevado custo, representam algumas

de suas desvantagens. O Cimento Portland (CP) apresenta similaridade ao MTA

quanto à composição química, o que indica a possibilidade de sua aplicabilidade

clínica como alternativa ao MTA. Portanto, explorar as propriedades físico-química e

biológica do CP pode torná-lo um material que ofereça elevado índice de sucesso, a

um custo mais acessível.

Cimentos à base de silicato de cálcio representam uma nova perspectiva de

materiais reparadores na Endodontia e possível alternativa ao MTA. No entanto ainda

existem poucos estudos avaliando as propriedades físico-químicas desses novos

cimentos reparadores.

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4. HIPÓTESE

Os cimentos EndoSequence BC Root Repair Material e EndoSequence BC

Fast Set Putty apresentam menor tempo de presa e maior facilidade de manipulação

e inserção, quando comparados ao MTA-Angelus e MTA Repair HP-Angelus. O

Cimento Portland branco quimícamente modificado neste estudo apresenta

propriedades físico-químicas semelhantes aos cimentos EndoSequence BC Root

Repair Material e EndoSequence BC Fast Set Putty.

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5. OBJETIVOS

Avaliar e comparar algumas propriedades físico-químicas (radiopacidade, pH,

solubilidade e tempo de presa), a composição química e a estrutura cristalina

dos cimentos MTA-Angelus, MTA REPAIR HP-Angelus, EndoSequence BC

RRM, EndoSequence BC RRM Fast Set Putty e de dois tipos de cimentos

Portland brancos experimentais;

Avaliar a influência da adição de 5% de cloreto de cálcio, no tempo de presa

do cimento Portland branco experimental associado a 20% de carbonato de

bismuto.

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6. MATERIAIS E MÉTODOS

6.1. Grupos experimentais

Os materiais selecionados para esse estudo foram avaliados em todos os

ensaios e divididos em seis grupos: grupo 1 - Cimento Portland (CP) + 20% de

carbonato de bismuto (CB); grupo 2 - CP + 20% CB + 5% de cloreto de cálcio (CC);

grupo 3 - MTA-Angelus (Lote 02/2017 23138); grupo 4 - MTA Repair HP-Angelus

(Lote 02/2020 38077); grupo 5 - EndoSequence BC Root Repair Material e grupo 6 -

EndoSequence BC RRM-Fast Set Putty.

6.1.1. Cimento Portland associado ao CB e CC

As amostras dos grupos à base de CP foram preparadas em função do

percentual de peso de CB (20 gramas) e de CC (5g) específico para cada grupo. A

mistura do CP ao CB e/ou CC foi realizada respeitando as seguintes proporções:

grupo 1: 80g de CP + 20g CB e grupo 2: 75g de CP + 20g CB + 5g CC através da

pesagem na balança de precisão até completarmos 100 gramas para cada cimento

experimental. Essa mistura de cada grupo de CP foi utilizada em todos os ensaios

como a forma pó respectiva dos grupos 1 e 2.

A relação pó/líquido específica para cada grupo de CP foi determinada tendo

em vista o estabelecimento da consistência ideal do cimento, entendendo-se por

consistência ideal, aquela compatível com o uso clínico, ou seja, o cimento apresenta

uma consistência arenosa úmida. A quantidade de pó de CP final estabelecida foi

aquela que propiciou uma consistência adequada ao cimento. Para isso, por meio de

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uma balança de precisão (Quimis Aparelhos Científicos LTDA, Diadema, SP) (Figura

6), 3 g do pó de CP foi inicialmente pesada para cada grupo. Com o auxílio de uma

pipeta graduada, 0,10 ml de água destilada foi colocada sob uma placa de vidro, e

com auxílio de uma espátula metálica flexível nº 24, o pó foi sendo incorporado

gradativamente ao líquido, por meio de uma espatulação vigorosa, até a obtenção da

consistência adequada do material. A quantidade de pó remanescente foi pesada a

partir do peso inicial (3g), a fim de se estabelecer a quantidade de pó usada na

manipulação. Esse processo foi executado por cinco vezes em cada grupo, e a média

aritmética dos valores encontrados estabelecida para cada grupo. Nesse trabalho foi

sugerida uma mudança na metodologia, em consequência da nova consistência dos

materiais biocerâmicos atualmente comercializados. A homogeneidade completa do

pó e líquido foi considerada adequada quando atingia consistência semelhante à

massa de modelar. Vinte gotas equivale a 1 ml, portanto 1 gota equivale à 0,05ml.

Para conseguirmos a consistência semelhante à “massa de vidraceiro” utilizamos

0,10ml, ou seja, duas gotas. A relação pó/líquido de CP estabelecida foi empregada

para todos os grupos experimentais e na execução de todos os ensaios. A

espatulação dos cimentos foi realizada por um único operador.

Figura 6. Balança de precisão

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6.1.2. Cimento MTA

Seguindo as instruções da empresa Angelus, o MTA foi espatulado por 30

segundos sobre uma placa de vidro polida, com auxílio de uma espátula metálica

flexível nº 24 (SS White Duflex, Rio de Janeiro, RJ), na proporção de uma gota de

líquido, para cada pá dosadora de pó. Após essa manipulação, o cimento obteve uma

consistência arenosa.

6.1.3. Cimento MTA REPAIR HP

De acordo com as recomendações do fabricante (Angelus), o MTA REPAIR

HP foi espatulado sobre uma placa de vidro polida com auxílio de uma espátula

metálica flexível nº 24, empregando uma cápsula com 0,085 g de pó, para uma gota

de líquido (água destilada e plastificante), contida no frasco plástico que acompanha o

produto. Durante 40 segundos a mistura pó/líquido foi homogeneizada, até a

obtenção de uma consistência semelhante a uma massa de modelar.

6.1.4. EndoSequence BC RRM e EndoSequence BC RRM-Fast Set Putty

Os cimentos EndoSequence BC RRM e EndoSequence BC RRM Fast Set

Putty foram avaliados na forma como são comercializados, ou seja, pré-manipulada.

6.2. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

Para a avaliação visual através do MEV Quanta FEG 250 (FEI Company, GH

Eindhoven, Holanda) foi selecionada uma amostra na forma de pó e outra recém-

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manipulada, dos grupos experimentais com CP, MTA e MTA Repair HP, enquanto

que os grupos do EndoSequence BC foram analisados diretamente da seringa. Para

a análise na forma de pó, uma pequena quantidade foi colocada sobre uma fita

adesiva de carbono condutora, fixada a uma pequena peça metálica (stub). As

amostras recém-manipuladas e as do EndoSequence foram mantidas em anéis

metálicos com 10 mm de diâmetro interno e 1 mm de espessura. Antes da análise da

MEV, essas amostras receberam a deposição de um filme de carbono (Balzers CED

030- Bal-Tec Union Ltd., Liechtenstein) e posteriormente posicionadas na câmara de

amostra do microscópio eletrônico de varredura (Figura 7) do Laboratório de

Microscopia da Seção de Engenharia Mecânica e de Materiais, do Instituto Militar de

Engenharia (IME) (Rio de Janeiro, RJ).

Figura 7. Amostra para ensaio de MEV com a deposição do filme de carbono

6.3. Espectroscopia de Raios - X por energia dispersiva (EDS)

As mesmas amostras na forma de pó, manipuladas ou da seringa (pré-

manipulada) observadas anteriormente pela MEV, tiveram suas composições

químicas semiquantitativas avaliadas através de um espectrômetro de fluorescência

de raios X por energia dispersiva, o qual estava acoplado ao microscópio eletrônico

de varredura (Figura 8).

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Figura 8. EDS acoplado ao microscópio eletrônico de varredura

6.4. Tempo de presa

A metodologia e a medida do tempo de presa das amostras foram

estabelecidas de acordo com a norma nº 57 da ANSI/ADA (2000) modificada em

2012, para cimentos endodônticos. Após a manipulação de cada grupo de cimento, a

mistura foi inserida em anéis metálicos de aço inoxidável com diâmetro interno de 10

mm e espessura de 2 mm, fixados em lâminas de vidro recobertas com papel filme.

Para cada grupo foram analisadas três amostras.

Figura 9 – Conjunto lâmina de vidro/anel metálico

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Os conjuntos lâmina de vidro/anel metálico (Figura 9) e contendo o cimento

foram mantidos em estufa (HW 4900, DeLeo Equipamentos para Laboratório, Porto

Alegre, RS) a 37ºC e 95% de umidade relativa do ar. Após dois minutos e meio do

início da mistura, o conjunto era retirado da estufa para a execução do ensaio de

presa utilizando agulhas de Vicat. A seguir, a agulha era abaixada na direção do

material e mantida em contato com a superfície deste, por cinco segundos (Figura

10). Esse procedimento foi repetido a cada trinta segundos, até que a agulha não

gerasse uma completa endentação circular no material-teste. Cada contato da agulha

com o material ocorreu em um local não tocado anteriormente pela mesma e antes de

cada endentação, a agulha foi limpa com auxílio de uma gaze, a fim de não produzir

uma marcação errada. O tempo de presa inicial foi considerado desde o início da

manipulação, até o momento em que as marcas geradas pela agulha deixassem de

ser visualizadas na superfície do material testado. Para cada grupo, o tempo de presa

foi calculado a partir da média dos resultados obtidos nos três ensaios.

Figura 10. Aparelho e agulha de Vicat

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6.5. Radiopacidade

Esse ensaio foi realizado seguindo a norma ISO 6876:2001 para materiais

obturadores, a qual estabelece em 3 mm alumínio (Al), a radiopacidade mínima de

um cimento obturador.

Cada grupo de cimento na forma manipulada ou pré-manipulada foi inserido

em um anel metálico com 10 mm de diâmetro interno e 1 mm de espessura, o qual

estava fixado em uma lâmina de vidro coberta com papel filme. Após a inserção do

cimento, outra placa de vidro foi apoiada sobre o anel, e esse conjunto mantido em

estufa a 37°C e 95% de umidade relativa, durante 24 h seguidas (Figura 11). O

diâmetro de cada amostra foi medido por meio de um paquímetro digital (GuangLu

Eletrical Co,Taizou, China), a fim de verificar a padronização de 1 mm de espessura.

Quando necessário, as amostras (três por grupo) eram lixadas manualmente com

folha de lixa A257 (Norton Abrasivos, Guarulhos, SP), até a espessura padronizada.

As amostras foram colocadas em um sensor eletrônico de fósforo oclusal

(Digora Soredex, Milwaukee, WI, EUA) e expostas juntamente com um dispositivo de

alumínio contendo degraus com 1 mm de altura (1 a 9 mm) (Margraf, Jenkintown, PA,

EUA) (Figura 12). As radiografias digitais foram realizadas empregando o FocusTM X-

ray (Carestream Dental LLC/RVG 6100, Atlanta, GA, EUA), com 70 kVp e 7 mA, e a

distância foco/filme padronizada em 30 cm.

Através de um Software AxioVision Rel. 4.6 (Zeiss, Jena, Alemanha), as

imagens foram analisadas e valores de pixel cinza de três pontos de cada amostra e

de cada degrau do dispositivo foram medidos, para posterior cálculo da média de

cada amostra, convertida em mm de Al.

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Figura 11. Amostra de cimento inserida no anel metálico

Figura 12. Dispositivo de alumínio para avaliação da opacidade

6.6. Solubilidade

De acordo com as normas estabelecidas pela ISO 6876, o material

endodôntico não pode ter solubilidade maior que 3%. A solubilidade (S) do material foi

dada pela seguinte fórmula: 𝑆 =Mi−Mf

Mi 𝑥 100

Mi - massa inicial e Mf - massa final

No ensaio de solubilidade foram utilizadas cinco amostras por grupo, baseado

na metodologia determinada pela ISO 6876:2001. Anéis de teflon com 1,5 mm de

espessura e 7,75 mm de diâmetro interno foram colocados sobre uma placa de vidro,

revestida com papel-filme. Logo após a manipulação, cada tipo de cimento foi inserido

em seus respectivos anéis, e um fio de nylon afixado no cimento. As amostras do

Endosequence BC RRM foram retiradas diretamente da seringa e inseridas no anel

de teflon, o qual estava apoiado sobre uma placa de vidro com o fio de nylon afixado

ao cimento. Sobre o conjunto lâmina de vidro/anel foi apoiada outra lâmina de vidro,

também recoberta por papel-filme. As lâminas foram pressionadas manualmente e

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mantidas em posição com fita adesiva por 24 h, em estufa a 37°C com umidade

relativa de 95%.

Figura 13. Conjunto anel de teflon/fio de nylon e cimento

Concluído o período de incubação, as amostras foram retiradas da estufa e

possíveis resíduos de partículas soltas (remanescentes na superfície do material)

foram removidos, para então serem pesadas com auxílio de uma balança analítica

AG 200 (Gehaka, São Paulo, SP). A seguir, o conjunto anel/fio de nylon (Figura 13)

foi imerso em um recipiente plástico contendo 7,5 ml de água destilada. Com o fio de

nylon fixado à tampa do recipiente por meio de uma fita adesiva, o anel foi mantido

em suspensão e os recipientes armazenados na estufa por 24h contínuas. Passado o

período de incubação, a amostra retirada do recipiente foi apoiada sobre um papel

absorvente, a fim de absorver o excesso de água e novamente pesada. Após esta

etapa, as amostras foram mantidas em dessecador (Quimis, Diadema, SP, Brasil) por

mais 24h ininterruptas, e pesadas novamente (Figura 14).

A solubilidade avaliada em função da perda de peso foi calculada a partir do

percentual de peso perdido, em comparação com o da amostra inicial.

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Figura 14. Ensaio de Solubilidade: (A) Amostra de cimento imersa em água destilada; (B) Amostras sobre o papel absorvente; (C) Pesagem da amostra após o ensaio.

6.7. pH

Após a manipulação dos cimentos, estes foram inseridos com o auxílio de um

instrumento endodôntico tipo K nº 50 (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça), em tubos

plásticos cilíndricos (Indipel, Rio de Janeiro, RJ) com 1,0 mm de diâmetro interno e 10

mm de comprimento, vazados de ambos os lados. Os tubos preenchidos com cimento

foram imersos em frascos de vidros contendo 10 ml de água destilada, vedados e

armazenados em uma estufa incubadora (DeLeo Equipamentos Laboratoriais, Porto

Alegre, RS), a 37°C. Para cada grupo de cimento avaliado foram utilizadas cinco

amostras, ou seja, cinco tubos de plásticos cilíndricos. O pH das amostras foi avaliado

após 3, 24, 48, 72 e 168 horas de incubação, com auxílio de um pHmetro (Q400 AS –

Quimis, Diadema, SP), previamente calibrado por meio de solução tampão de pH

conhecido (pH 4, 7 e 10). Cada amostra foi removida do frasco após cada período de

incubação e o frasco agitado num agitador de tubos tipo vortex (Quimis, Diadema,

SP, Brasil) durante cinco segundos, antes da aferição do pH. A seguir, a amostra foi

novamente acondicionada em um novo frasco com 10 ml de água destilada e

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incubada até o período subsequente de leitura do pH. Cada grupo teve cinco

amostras analisadas.

6.8. Análise estatística

Os testes estatísticos foram realizados utilizando o programa estatístico

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 21.0 (IBM, São Paulo, SP).

O teste de Kolmogorov-Smirnov e a análise gráfica foram empregados para

verificar a normalidade dos dados, os quais foram expressos como média e desvio ±

padrão (DP).

Os seis grupos foram comparados utilizando o teste de Kruskal-Wallis,

enquanto que para comparações em pares utilizou-se o teste Mann-Whitney U,

ajustado para comparações múltiplas pelo teste de Bonferroni (p = 0,003).

Comparações de longo prazo foram realizadas utilizando o teste de Friedman

e as comparações em pares, pelo teste de Wilcoxon ajustado para comparações

múltiplas pelo teste de Bonferroni (p = 0,005). O nível de significância estatística foi de

5% (p <0,05).

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7. RESULTADOS

7.1. Relação Pó/Líquido

A tabela 1 indica os valores em gramas, da quantidade de pó de CP adicional à

inicial, necessária para alcançar a consistência ideal, quando manipulado com 0,10ml

de água destilada, nos grupos com Cimento Portland.

Tabela 1. Valores (em gramas) da quantidade de pó de CP adicional necessária para alcançar a consistência ideal, quando manipulado com 0,10ml de água destilada.

AMOSTRAS CP + CB CP + CB + CC

1 0,35 0,52

2 0,39 0,45

3 0.39 0.44

4 0.37 0.49

5 0.34 0.47

Média 0,37 0,47

Desvio-padrão 0,022804 0,03391165

Coeficiente de Variação

6,196606 7,215244663

A média aritmética em cada grupo foi calculada com o objetivo de padronizar

a relação pó/líquido empregada nos grupos de CP experimental. Esta relação foi de

0,37 g de pó de CP no grupo acrescido de 20% de CB, e de 0,47g de pó de CP, no

grupo acrescido de 20% de CB e 5% de CC, ambos para 0,10 ml de água.

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7.2. MEV

7.2.1. Amostras na forma de pó

Na figura 15 observa-se o predomínio de partículas cilíndricas na amostra de

CB (A), enquanto que na amostra de CC (B), a presença deste tornou a partícula

amorfa e com aspecto vitrificado (seta vermelha). Na amostra de CP + 20% de CB

(C), a presença de CB é visualizada por partículas cilíndricas (seta vermelha)

aglomeradas à partícula de cimento com dimensões variáveis. Na amostra de CP +

20% de CB + 5% de CC (D), a presença do CC torna a partícula mais amorfa (seta

vermelha).

Nas amostras de MTA é possível observar partículas alongadas em forma de

agulha, compostas por óxido de bismuto (seta azul), aglomeradas às partículas de

cimento com dimensões variáveis (E). Todavia, as amostras do MTA HP revelaram

partículas menores e mais homogêneas, quando comparadas ao MTA (F).

7.2.2. Amostras recém-manipuladas

Antes da análise no MEV, as amostras foram manipuladas com 0,10 ml de

água destilada e mantidas por 24 horas em estufa a 37°C, com umidade relativa de

95%. A figura 16 representa as imagens do MEV das amostras recém-manipuladas.

Após a hidratação observa-se em todos os grupos, a presença de fases cristalinas e

amorfas. No MTA, por sua vez, nota-se presença de cristais na forma de agulha, bem

como formações cúbicas.

F

j

A

E

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Figura 15. MEV dos cimentos na forma pó (aumento de 1000x). A – CB; B – CC; C – CP + 20% CB; D – CP + 20% CB + 5% CC; E – MTA; F – MTA HP.

Para as amostras com CP + 20% CB observa-se fases cristalinas cilíndricas

presentes no CB (seta vermelha), bem como fases cristalinas com dimensões

variáveis do CP e fases amorfas (seta azul).

As amostras de CP + CB + CC revelaram fases cristalinas cilíndricas

presentes no CB (seta vermelha) e a prevalência das fases amorfas (seta azul).

a

a

a

B

C D

E F

A

D

B

C D

E F

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As amostras do MTA revelaram partículas heterogêneas, contendo grandes

placas hexagonais de compostos cristalinos de cálcio (C).

Nas amostras do MTA HP existe a prevalência de fases amorfas, menos

quantidade de fases cristalinas, proporcionando maior homogeneidade ao material.

Figura 16. MEV de amostras de cimentos recém-manipulados (aumento de 1000x). A - CP + CB 20%; B - CP + CB 20% + CC 5%; C - MTA; D - MTA HP.

7.2.3. Amostras pré-manipuladas pelo fabricante

A Figura 17 representa a imagem através de MEV, do EndoSequence BC

RRM e EndoSequence BC RRM Fast Set Putty. Características cristalográficas

semelhantes ao EndoSequence RRM são observadas, assim como cristais de forma

hexagonal com diferentes dimensões, presentes na superfície.

A B

C D

A B

C D

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Figura 17. MEV das amostras dos cimentos pré-manipulados (aumento de 1000x) A – EndoSequence BC RRM; B – EndoSequence BC Fast Set Putty

7.3. EDS

A análise semiquantitativa com EDS revelou os principais elementos químicos

constituintes dos materiais na forma de pó. Os compostos químicos carbonato de

bismuto e o cloreto de cálcio foram analisados isoladamente, antes de adicionados ao

CP, e apresentaram constituição química compatível com o esperado (Figura 18 e

Figura 19). Os cimentos à base de CP apresentaram constituição química semelhante

ao MTA (Figuras 20, 21 e 22). O MTA HP apresentou elementos químicos

semelhantes ao MTA, porém com a presença de zircônio (Figura 23).

7.3.1. Amostras na forma de pó

Figura 18. Gráfico do EDS do carbonato de bismuto na forma pó revelando picos

bismuto (65,89%) e traços de carbono (20,40%) e platina (8,94%).

A B

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45

Figura 19. Gráfico do EDS do cloreto de cálcio na forma pó revelando picos de cloro (47,93%), cálcio (32,86%) e traços de platina (9,5%).

Figura 20. Gráfico do EDS do CP + 20% CB na forma pó revelando picos de cálcio (26,56%); carbono (17,20%); silício (2,17%) e bismuto (20,32%).

Figura 21. Gráfico do EDS do CP + 20% CB + 5% CC na forma pó revelando picos de cálcio (23,79%), bismuto e platina e traços de silício (1,20%).

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46

Figura 22. Gráfico do EDS do MTA na forma pó revelando picos de cálcio (35,29%) e traços de silício (5,25%), alumínio (1,91%), platina e bismuto.

Figura 23. Gráfico do EDS do MTA HP na forma pó revelando picos de cálcio (38,88 %) e silício (12,79%) e traços de zircônio e alumínio.

7.3.2. Cimentos recém-manipulados

A análise semiquantitativa com EDS revelou os principais constituintes dos

cimentos estudados na forma recém-manipulada. O EDS dos cimentos Portland

experimentais revelou presença de cálcio, oxigênio, silício e alumínio (Figuras 24 e

25) demonstrando resultado semelhante ao MTA Angelus e MTA HP (Figuras 26 e

27).

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Figura 24. Gráfico do EDS do CP + 20% CB recém–manipulado revelando picos de cálcio (29,86%) e bismuto (45,39%) e traços de silício (2,18%).

Figura 25. Gráfico do EDS do CP + 20% CB + 5% CC recém–manipulado revelando picos de cálcio (38,07%) e traços de cloro (8,39%), silício (1,87%), bismuto e alumínio.

Figura 26. Gráfico do EDS do MTA Angelus recém –manipulado revelando picos de cálcio (39,15%) e traços de bismuto (29,43%), silício (5,24%) e alumínio (1,60%).

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Figura 27. Gráfico do EDS do MTA HP Angelus recém–manipulado revelando picos de cálcio (48,69%) e traços de silício (12,79%), alumínio (1,52%) e tungstênio.

7.3.3. Cimentos pré-manipulados pelo fabricante

A análise semiquantitativa com EDS revelou semelhança na composição

química entre o EndoSequence RRM e o EndoSequence RRM Fast Set Putty

(Figuras 28 e 29).

Figura 28. Gráfico do EDS do EndoSequence BC RRM revelando picos de cálcio (29,07%), zircônio (15,05%), silício (5,30%), tântalo e cobre.

Figura 29. Gráfico do EDS do EndoSequence BC Fast Set Putty revelando picos de cálcio (32,65%), zircônio (22,65%), silício (5,05%) e tântalo (3,47%).

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7.4. Tempo de presa

Os tempos de presa dos cimentos estão demonstrados na Tabela 2. Foi

observada diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Entretanto, quando

foi realizada a comparação dos grupos dois a dois, não houve diferença

estatisticamente significante para nenhuma das comparações, provavelmente em

função do reduzido tamanho amostral.

Tabela 2. Comparação do tempo (em minutos) de presa dos cimentos avaliados.

Tempo de

presa

Grupos p value

1

n = 3

2

n = 3

3

n = 3

4

n = 3

5

n = 3

6

n = 3

51,3 (1,53) 39,3 (3,06) 28 (1,73) 14 (0) - 8,7 (0,58) < 0.001

Os dados estão apresentados em média (desvio padrão). O p-valor refere-se ao teste de Kruskal-

Wallis. As comparações em pares foram realizadas utilizando o teste U de Mann-Whitney, ajustado para comparações múltiplas pelo teste de Bonferroni (p <0,005).

O ensaio de presa do EndoSequence BC RRM (grupo 5) foi várias vezes

repetido aumentando-se o tempo das amostras na estufa. Porém, após 96 h na

estufa, o cimento continuava sem tomar presa, fato que impossibilitou uma precisão

no resultado.

7.5. Radiopacidade

A Figura 30 apresenta os valores de radiopacidade em mm de Al obtidos para

os cimentos analisados. Os cimentos EndoSequence BC RRM e EndoSequence BC

RRM Fast Set Putty revelaram maior radiopacidade em relação aos demais grupos.

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50

Porém, todos os cimentos apresentaram radiopacidade acima da norma exigida pela

ANSI/ADA.

Figura 30. Gráfico da radiopacidade dos cimentos na forma manipulada e pré-manipulada

A análise entre todos os cimentos avaliados é apresentada na figura 31.

Houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p = 0,021, teste

Kruskal-Wallis), porém esta diferença significativa não foi encontrada nas

comparações em pares (P> 0,003, teste de Mann-Whitney, ajustado para

comparações múltiplas pelo teste de Bonferroni).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

CP + CB CP + CB + CC MTA MTA HPEndosequence

RRMEndosequence RRM fast set

Rad

iop

acid

ad

e (

mm

Al)

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Figura 31. Gráfico box plot comparando a radiopacidade dos cimentos

7.6. Solubilidade

As normas da ISO 6876-2:2001 para materiais obturadores e restauradores,

estabelece que a solubilidade destes não deva ultrapassar a 3%. Neste estudo, o

teste de solubilidade avaliou os pesos (em gramas) dos seis grupos de cimentos:

grupo 1- CP + 20% CB; grupo 2- CP + 20% CB + 5% CC; grupo 3 – MTA; grupo 4 -

MTA HP; grupo 5 - EndoSequence BC RRM e grupo 6 - EndoSequence BC RRM

Fast Set Putty. As avaliações dos cimentos foram realizadas após 24 horas, em três

meios distintos: estufa, imersão em água e dessecador. Os resultados são

apresentados na tabela 3. Todos os cimentos testados apresentaram índices de

solubilidade fora do padrão estabelecido pela norma ISO 6876-2:2001. Houve

diferença significativa entre os grupos nos três meios testados (p = 0,045, p = 0,012 e

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p = 0,004, respectivamente; teste de Kruskal-Wallis). Todavia, as comparações em

pares não revelaram diferenças significativas (p> 0,003, teste de Mann-Whitney,

ajustado para comparações múltiplas pelo teste de Bonferroni).

Tabela 3. Comparação da média de solubilidade entre os grupos de cimentos

Variável

Grupos

Valor de p

1

(n = 5)

2

(n = 5)

3

(n = 5)

4

(n = 5)

6

(n = 5)

Solubilidade

8,36 (0,75)

9,43 (0,74)

6,91 (1,90)

5,14 (1,85)

6,43 (0,22)

0,005

Os dados estão apresentados como media (desvio padrão). O valor p refere-se ao teste de Kruskal-Wallis. Comparação dos grupos dois a dois foi realizada utilizando o teste U de Mann–Whitney, ajustado para múltiplas comparações pelo teste de Bonferroni (p < 0.005).

A Tabela 3 apresenta os resultados referentes à comparação das médias de

solubilidade entre todos os cimentos (exceto o ES-RRM). Foi observado diferença

estatisticamente significante entre os cincos cimentos (p = 0,005, respectively; teste

de Kruskal-Wallis). Entretanto, para todas as comparações dois a dois não houve

diferença significativa (p > 0,005; teste U de Mann–Whitney, ajustado para múltiplas

comparações pelo teste de Bonferroni).

As amostras do EndoSequence BC RRM contidas nos anéis de teflon

diluíram no momento da imersão na água destilada, e após 24 horas de imersão em

estufa, o cimento encontrava-se decantado no fundo do recipiente de plástico, o que

gerou um peso final da amostra muito menor do que o inicial. A figura 32 mostra a

diluição deste cimento no momento da imersão em água destilada. Por essa razão, o

ensaio de solubilidade desse cimento foi repetido, mas dessa vez, as amostras foram

mantidas por 96h em estufa a 37ºC e com 95% de umidade. Após este período de

incubação observou-se que o cimento não tinha finalizado a presa. Dessa forma, os

resultados desse segundo ensaio (96h) foram semelhantes ao primeiro, conforme

observado também no estudo de CHARLAND et al., (2013).

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Figura 32. Diluição/Solubilidade do EndoSequence RRM no momento da imersão em água destilada.

7.7. Potencial hidrogeniônico (pH)

Todos os cimentos avaliados apresentaram-se com pH alcalino, porém a

alcalinidade reduziu com o passar do tempo.

A tabela 4 apresenta as comparações do pH entre os cimentos avaliados, para

cada tempo em que o pH foi medido. Diferenças estatísticas significativas foram

observadas apenas para os tempos de 48, 72 e 168 horas (p = 0,005, p = 0,013 e p =

0,004, respectivamente; teste de Kruskal-Wallis). No entanto, na comparação entre

pares de grupos, os resultados não demonstraram diferenças significativas nesses

três tempos (p> 0,003; teste Mann-Whitney U, ajustado para comparações múltiplas

pelo teste de Bonferroni).

As comparações de pH também foram avaliadas à longo prazo (3, 24, 48, 72

e 168 horas) dentro de cada grupo, e os resultados mostraram diferenças

significativas para todos os grupos (p <0,01, teste de Friedman) (tabela 5). Nas

comparações entre os tempos em pares (3, 24, 48, 72 e 168 horas) foram

encontradas diferenças significativas para cada grupo. Porém, os resultados não

mostraram diferença em todos os grupos comparados (p> 0,005; Wilcoxon Signed

Rank teste, ajustado para comparações múltiplas pelo teste de Bonferroni).

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Tabela 4. pH entre os grupos de cimentos para cada tempo avaliado

Tempo (horas)

Grupos p

value

1

n = 5

2

n = 5

3

n = 5

4

n = 5

5

n = 5

6

n = 5

3 10.7 (0.4) 10.6 (0.3) 10.8 (0.6) 10.5 (0.2) 10.7 (0.5) 10.0 (0.2) 0.051

24 10.5 (0.7) 10.6 (0.6) 10.8 (0.6) 10.6 (0.8) 10.9 (0.5) 10.2 (0.2) 0.542

48 9.1 (0.9) 9.0 (0.7) 9.6 (0.7) 9.9 (0.3) 10.6 (0.2) 9.9 (0.1) 0.005

72 9.3 (0.9) 9.1 (0.8) 10.1 (0.7) 9.8 (0.4) 11.0(0.3) 9.6 (0.4) 0.013

168 9.0 (0.3) 8.3 (0.2) 9.1 (0.5) 8.7 (0.4) 9.8 (0.2) 8.8 (0.6) 0.004

Os dados são apresentados como média (desvio padrão). O valor P refere-se ao teste de Kruskal-Wallis. Comparações de pares foram realizadas utilizando o teste Mann-Whitney U, ajustado para comparações múltiplas pelo teste de Bonferroni (p <0,003).

Tabela 5. pH a longo prazo (3, 24, 48, 72 e 168 horas) de cada grupo de cimento

Grupos

Tempo (horas) p value

3 24 48 72 168

1

10.7 (0.4)

10.5 (0.7)

9.1 (0.9)

9.3 (0.9)

9.0 (0.3)

0.008

2 10.6 (0.3) 10.6 (0.6) 9.0 (0.7)

9.1 (0.8) 8.3 (0.2) 0.002

3 10.8 (0.6) 10.8 (0.6) 9.6 (0.7) 10.1 (0.7) 9.1 (0.5) 0.005

4 10.5 (0.2) 10.6 (0.8) 9.9 (0.3) 9.8 (0.4) 8.7 (0.4) 0.002

5 10.7 (0.5) 10.9 (0.5) 10.6 (0.2) 11.0 (0.3) 9.8 (0.2) 0.007

6 10.0 (0.2) 10.2 (0.2) 9.9 (0.1) 9.6 (0.4)

8.8 (0.6) 0.009

Valor P é referente ao teste de Friedman. Comparações de pares foram realizadas utilizando teste de Wilcoxon ajustado para comparações múltiplas pelo teste de Bonferroni (p<0,005).

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8. DISCUSSÃO

Algumas propriedades físico-químicas de um cimento endodôntico reparador

precisam ser avaliadas antes de sua aplicação clínica. Entre essas podemos destacar

o tempo de presa, o potencial hidrogeniônico, a solubilidade, a radiopacidade e a

facilidade de manuseio. Há cerca de vinte anos, o MTA vem sendo estudado e

empregado como cimento biocerâmico reparador (TORABINEJAD et al., 1993; MIN et

al., 2007; CAMILLERI, et al., 2008). Apesar de ser considerado um efetivo material

reparador, o MTA apresenta um tempo de presa prolongado, e dificuldade na

manipulação e inserção, além do seu elevado custo (TORABINEJAD et al., 1993;

TORABINEJAD et al., 1995; SOUZA, 2014)

Recentemente, novos cimentos reparadores à base de silicato tricálcio foram

introduzidos na Endodontia, a fim de suprir algumas desvantagens identificadas no

MTA. Entre esses destacamos o EndoSequence BC RRM e o EndoSequence BC

RRM-Fast Set Putty, os quais são comercializados na forma pré-manipulada, e

segundo o fabricante, apresentam tempo de presa e consistência adequada, o que

facilita sua inserção. Entretanto, as dimensões das partículas na fórmula RRM Fast

Set Putty são significantemente menores em relação aos demais cimentos,

característica esta que contribui para a aceleração do tempo de presa (KOHLI et al.,

2015; ISLAM et al., 2016). Além disso, o alto custo dessas biocerâmicas pode ser

considerado uma desvantagem na clinica diuturna.

Pelo fato do cimento Portland (CP) apresentar uma composição química

semelhante ao MTA, alguns estudos (DE DEUS et al., 2006; DE MORAIS et al., 2006;

REYES-CARMONA et al., 2009) têm proposto seu emprego clínico, como material

endodôntico reparador alternativo. Todavia, a radiopacidade do CP não alcança os

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níveis estabelecidos pela norma ISO, necessitando para uso clínico, da adição de um

agente radiopacificador (COOMARASWAMY et al. 2007; BORTOLUZI et al., 2009).

Assim, nosso estudo objetivou avaliar a influência da adição de 20% de

carbonato de bismuto (agente radiopacificador) e 5% de cloreto de cálcio (agente

acelerador de presa), nas propriedades físico-químicas do CP e compará-las com as

dos cimentos endodônticos reparadores biocerâmicos atualmente comercializados.

A média aritmética dos grupos experimentais do CP foi calculada a fim de se

obter a mesma relação pó/líquido nesses grupos (MIN et al., 2007). Para todos os

ensaios foi estabelecida uma relação de 0,10 ml de água destilada para 0,37g de pó

no grupo CP + 20% de CB, e de 0,47 g de pó no grupo de CP+ 20% CB + 5% CC.

Vale ressaltar que essa relação pó/líquido visou alcançar uma consistência similar à

dos cimentos MTA HP Angelus e EndoSequence BC RRM Fast Set Putty.

Através da MEV foi possível identificar algumas características morfológicas

da estrutura cristalina dos cimentos. As dimensões e a forma das partículas

influenciam na cinética de hidratação (BENTZ et al., 1999), ou seja, quanto menor a

partícula, maior a área superficial (de contato) do material e consequentemente,

menor o tempo de presa deste (ASGARY et al., 2011).

No CP na forma pó, quando adicionado o CB e o CC foram encontradas

partículas com dimensões variáveis e fases cristalinas amorfas. Segundo WANG et

al. (2008), o CC a partir de 10% aumenta o pico de hidróxido de cálcio e diminui a

porosidade superficial. Está afirmação se confirma em nosso estudo, no qual foi

evidenciada uma camada amorfa selando todos os poros das superfícies do cimento.

Nas amostras recém-manipuladas, ou seja, MTA e MTA HP (Angelus)

observou-se a presença de fases cristalinas e amorfas em todos os grupos, achados

também encontrados em outros estudos (LEE et al., 2004; SILVA et al., 2010). Nesse

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57

estudo, no processo de hidratação do cimento MTA branco Angelus, após a

dissolução do pó ocorreu o fenômeno da cristalização, caracterizada pela presença

de cristais de forma cúbica e de agulha, como também evidenciado no MTA ProRoot,

por LEE et al. (2004). Na amostra do MTA HP, os cristais em forma de agulha não

foram visualizados porque esse formato cristalino está relacionado ao radiopacificador

bismuto, não presente no MTA HP.

As partículas do EndoSequence BC RRM e EndoSequence BC Fast Set Putty

apresentaram cristais em forma hexagonal, variando em dimensões entre e presentes

nas superfícies. No entanto, a fórmula Fast Set Putty revelou partículas menores, o

que pode explicar seu menor tempo de presa. Essas características cristalográficas

são semelhantes às encontradas por MA et al. (2011).

A análise de energia dispersiva (EDS) permite identificar os elementos

químicos presentes nos materiais. Nesse estudo avaliamos individualmente, os

agentes radiopacificador CB e acelerador de presa CC na forma pó, antes de

adicioná-los ao CP, a fim de confirmar a composição. Os resultados confirmaram a

presença desses agentes em altas concentrações, porém associados à outros

componentes químicos como o carbono, cálcio e platina.

Na amostra do CP + 20% CB na forma pó foi evidenciado picos maiores para

cálcio e bismuto, porém após a hidratação desse cimento, a porcentagem do cálcio

diminuiu. Na amostra do CP + 20% CB + 5% CC, na forma pó numa análise

semiquantitativa revelou a presença do cálcio e picos para os elementos químicos

carbono, oxigênio, bismuto, silício e platina. Porém, após a hidratação dessa amostra,

o EDS revelou elevada presença de cálcio com pico maior do que na amostra do CP

com o radiopacificador.

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58

Alguns estudos (SARKAR et al., 2005; SONG et al., 2006; STORM et al.,

2008; CHEDELLA & BERZINS, 2010) evidenciaram no MTA a presença de íons,

quando colocados em meios líquidos, na seguinte ordem decrescente: cálcio, silício,

bismuto, ferro, alumínio e magnésio.

Na forma de pó do MTA Angelus evidenciamos a presença de cálcio e silício,

assim como no MTA HP Angelus, porém este último mostrou maior pico para o silício

e traços de zircônio e alumínio. O zircônio é um elemento químico que na temperatura

ambiente se apresenta no estado sólido (metal). Por ser bastante tolerado pelos

tecidos humanos, o zircônio vem sendo empregado na fabricação de articulações

artificiais. Todavia, esse elemento químico não é citado na composição do MTA HP.

O EDS do MTA HP hidratado evidenciou picos de cálcio e de tungstênio. Este

último elemento não foi evidenciado na forma pó porque normalmente é encontrado

na natureza combinado à outros elementos.

Portanto, a análise de EDS dos cimentos avaliados nesse estudo corrobora

com as encontradas por outros autores (ASGARY et al., 2005; CAMILLERI et al.,

2005; BELÍO-REYES et al., 2009; HWANG et al., 2009; HWANG et al.,2011),

confirmando a presença de cálcio, oxigênio, silício e alumínio, principais componentes

do MTA e também encontrados no CP.

O ensaio EDS evidenciou através da análise semiquantitativa a presença de

cálcio e zircônio no EndoSequence BC RRM, enquanto que na formula Fast Set

Putty, os picos foram maiores para os componentes cálcio e de zircônio. Essa

composição se confirma no trabalho de AMIR et al., (2016), no qual o EDS mostrou

picos de cálcio, silício, oxigénio, tântalo, zircônio e picos menores de sódio e enxofre.

Todavia, no estudo de MA et al. (2011) foram encontrados na composição dos

cimentos EndoSequence RRM e Putty, principalmente cálcio, carbono e oxigênio.

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A determinação do tempo de presa dos cimentos foi realizada de acordo com a

especificação nº 57 da ANSI/ADA (2000), na temperatura de 37 °C e umidade de

95%. Os cimentos biocerâmicos reparadores como o MTA apresentam um tempo de

presa elevado (TORABINEJAD et al., 1995; WILTBANK et al., 2007; BORTOLUZZI et

al., 2009). Os resultados no tempo de presa inicial e final dos cimentos avaliados

estão relacionados à caracterização morfológica evidenciada pela MEV. Nesse

estudo, na comparação entre os grupos, o EndoSequence RRM Fast Set Putty

apresentou o menor tempo de presa (8 minutos), seguido do MTA HP Angelus (14

minutos), confirmando a proposta do fabricante, em proporcionar menor tempo de

presa associado à facilidade de manuseio. Todavia, no trabalho de GUO et al. (2016),

que avaliou as propriedades físicas e o comportamento de hidratação de alguns

cimentos biocerâmicos, o tempo inicial e final de presa do cimento EndoSequence

RRM Fast Set Putty foi maior em relação ao IRoot FS Fast Set Root Repair Material

(IRoot FS). Porém, não houve diferença significativa no tempo de presa inicial e final

entre EndoSequence RRM Putty e o IRoot MTA.

Apesar de o fabricante afirmar que o tempo de presa final do MTA-Angelus é

de 15 min, no presente estudo foi de 28 minutos, resultado semelhante ao encontrado

por outros autores (BORTOLUZZI et al. 2009; RICCI VIVAN et al., 2010; MASSI et al.,

2011). Segundo BORTOLUZZI et al. (2009), o menor tempo de presa final do MTA

Branco Angelus em relação ao ProRoot pode estar relacionado à ausência do sulfato

de cálcio em sua composição. Essa substância é usada para aumentar o tempo no

CP e constitui 5% da composição do ProRoot MTA.

Os grupos à base do CP obtiveram os maiores tempos de presa em relação

aos outros cimentos estudados, exceto o EndoSequence BC RRM, o qual não tomou

presa mesmo após 96h em estufa. Esse resultado também foi encontrado por

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60

CHARLAND et al. (2013) e contradiz o tempo de presa de 2 horas informado pelo

fabricante. A adição do agente radiopacificador (carbonato de bismuto) aumentou o

tempo de presa do cimento, fato também observado por CAMILLERI (2010). Segundo

este mesmo autor, a adição de agentes radiopacificadores aumenta o tempo de

presa, porque evita que as partículas sofram empacotamento, o que implica no

aumento do tempo na formação da matriz do cimento. O tempo de presa do grupo CP

+ 20% de CB foi de 51 min, porém quando associado a 5% de cloreto de cálcio, um

agente acelerador de presa, reduziu para 39 min. Este resultado também foi

encontrado por BORTOLUZZI et al. (2009).

Baseado na especificação n° 57 da ANSI/ADA (2000), a radiopacidade de um

material endodôntico deve ser superior a 3 mm Al. Neste estudo, os cimentos

EndoSequence BC RRM e EndoSequence BC Fast Set Putty apresentaram a maior

radiopacidade em comparação aos demais cimentos, com 9.07 mm de Al e 8.92mm

de Al, respectivamente.

A radiopacidade dos grupos à base de CP atendeu à norma nº57 da

ANSI/ADA (2000), com o CP + 20% de CB e o CP + 20% de CB + 5% de CC

apresentando 3,74mm Al e 4,16mm Al, respectivamente. Todavia, DUARTE et al.

(2009), quando associaram 20% de CB ao CP relataram uma radiopacidade de 3,25

mm Al. Em um estudo avaliando diferentes concentrações de radiopacificadores,

SOUSA (2014) encontrou radiopacidade de 4,46 mm Al ao adicionar 15% de CB ao

CP. Para CAMILLERI & GANDOLFI (2010), essa variação pode ser explicada por

diferenças na fabricação dos CPs testados, assim como, pelas diferenças nas

técnicas de conversão dos valores de pixel cinza em mm de Al.

O grupo do MTA apresentou radiopacidade de 3,68 mm Al, valor superior a

3,12 mm Al encontrado no MTA HP. No entanto, outros autores (BUENO et al., 2009;

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BORTOLUZZI et al., 2009; CAMILLERI & GANDOLFI, 2010) encontraram valores de

radiopacidade do MTA Angelus, superiores aos obtidos no presente estudo, o que

pode ser explicado pela diferença na metodologia e na manipulação das amostras.

Segundo o fabricante, o MTA e MTA HP têm radiopacidade similar à guta-percha e

superior à dentina e o osso. Além disso, o MTA HP não gera descoloração dentária,

devido à presença do radiopacificador tungstato de cálcio diferente do MTA Angelus,

que possui óxido de bismuto, representando 20% do seu peso.

Os grupos do CP apresentaram o mesmo desempenho na solubilidade,

perdendo aproximadamente 0.05g, após 24h no dessecador. O MTA HP apresentou a

menor solubilidade, se aproximando do comportamento do EndoSequence BC RRM

Fast Set Putty. No entanto, o EndoSequence BC RRM foi quase totalmente diluído

mesmo após 96h em estufa, resultado semelhante ao encontrado por CHARLAND et

al. (2013). A norma ISO 6876 recomenda que o material endodôntico deva apresentar

valor de solubilidade abaixo de 3%. Esse resultado não foi observado em nenhum dos

cimentos avaliados in vitro, e contradiz com o informado pelo respectivo fabricante.

Em uma situação in vivo, os resultados a longo prazo podem ser diferentes, uma vez

que a presença de dentina forneça umidade suficiente. Todavia, mais estudos se

fazem necessários a fim de confirmar ou rejeitar os resultados do presente estudo.

Segundo ORSTAVIK (2014) é necessário algum grau de solubilidade, para que um

material apresente bioatividade com ação antibacteriana ou direcionada para células

e tecidos. Portanto, os materiais necessitam ser solúveis para que seus produtos

interfiram nos processos biológicos, alterando pH ou na liberação direta de seus

compostos complexos. No presente estudo, os cimentos com maior solubilidade,

também apresentaram pH mais alcalino.

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Embora algumas espécies microbianas sejam resistentes a um meio alcalino,

a alcalinidade dos cimentos endodônticos pode promover uma ação antimicrobiana,

criando um ambiente favorável ao reparo dos tecidos perirradiculares e ao controle da

infecção (REISS-ARAÚJO et al. 2007; MASSI et al., 2011). Nesse estudo, todos os

cimentos apresentaram pH alcalino com valores variando entre 11.2 e 9.8, após 3h

em estufa. Após 168h, todos os cimentos reduziram o pH, variando entre 8.25 a 10,

porém mantendo alcalinidade. Esses resultados estão de acordo com os de outros

estudos realizados com metodologias semelhantes (RICCI VIVAN et al., 2010; MASSI

et al., 2011). O maior valor de pH foi encontrado no Endosequence BC RRM, que

pode estar relacionado ao fato desse cimento ter-se diluído na água destilada, e no

momento da leitura do pHmetro, apresentar várias porções do material decantadas ao

fundo do recipiente de vidro.

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9. CONCLUSÕES

Diante da metodologia empregada e dos resultados obtidos foi possível concluir que:

A composição química e a estrutura cristalina do CP associado a 20% CB e

5% CC são semelhantes às do MTA-Angelus;

O MTA HP apresenta diferenças na composição química e na estrutura

cristalina, em relação ao MTA Angelus;

A composição química e a estrutura cristalina dos cimentos EndoSequence BC

RRM avaliados são semelhantes;

O MTA HP Angelus e o EndoSequence BC RRM Fast Set Putty apresentaram

os menores tempos de presa;

Todos os cimentos testados revelaram valores de solubilidade acima do

máximo estabelecido pela norma ISO nº 6876-2:2001;

Todos os cimentos avaliados apresentaram pH alcalino;

O EndoSequence BC RRM e o EndoSequence BC RRM Fast Set Putty

apresentaram radiopacidade significativamente maior, em relação aos demais

cimentos avaliados;

A adição de 5% de CC à mistura de CP com 20% de CB não promoveu um

tempo de presa adequado para o uso clínico.

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10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7. ANEXOS

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