MTD Ensino Superior- Apostila -VAL

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Didática e Metodologia do Ensino Superior Profa. Dra. Valderice Cecília Limberger Rippel Prof. Dr. Ricardo Rippel

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Didática e Metodologia do Ensino Superior

Profa. Dra. Valderice Cecília Limberger Rippel Prof. Dr. Ricardo Rippel

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SER PROFESSOR

O ensino não é uma ação neutra, de vez que, todo ensino possui um

conteúdo pedagógico implícito, que abarca uma concepção de homem, de

sociedade e de educação, que é a sua base de sustentação. Desta forma,

para pensar em educação, em como ensinar e aprender é preciso refletir no

mundo em que vivemos.

Ser professor é perceber os alunos como pessoas, o conceito de

educação passa a ter como enfoque a totalidade do indivíduo, com isso, o ato

educativo situa-se na função de despertar a inteireza do ser humano, isto é,

propiciar o desenvolvimento das dimensões social, racional, intelectual e

espiritual. Agir com essas dimensões de forma integrada representa uma nova

forma de ver e viver a vida.

Ser professor é (ter e) possibilitar que os alunos tenham

propósito/missão/metas de vida, clareza de talentos, percepção de

oportunidades, paixão e entusiasmo pelo que faz, automotivação para a

superação de dificuldades, capacidade de contagiarem positivamente aos

outros e de fazer relações de conhecimentos aparentemente desconectados,

atenção e sabedoria em escolhas e tomadas de decisão, responsabilizando-

se por elas, coerência entre suas crenças, seus pensamentos e suas ações,

capacidade de trabalho em conjunto e bom relacionamento com os outros,

consciência da polaridade de seus sentimentos e suas ações, capacidade de

usar a razão com discernimento e consciência da diferença que suas ações

agregam ao mundo. (CATANANTE, 2000)

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Programa da disciplina

• O Cenário • Introdução • Objetivos

• Consideração Teórica

• A Identidade do Docente Universitário

a) Quanto a Competência Profissional e Pedagógica b) Quanto a Tecnologia

• Qualidade do Professor & Qualidade do Ensino • A Aula Universitária

a) Atual b) Proposta

• O Processo de Ensino

• O Processo de Aprendizagem

• Elementos do Processo Ensino-Aprendizagem • Relação Professor-Aluno

• Tendências Pedagógicas.

• A Interdisciplinaridade no processo educativo.

• Avaliação da aprendizagem.

• Planejamento Educacional

• O Projeto Político-pedagógico

• Planejamento da Aula e os Recursos Didáticos

a) Plano de Ensino b) Plano de Aula c) Recursos Didáticos

• Apresentação Pessoal

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• Considerações Finais

O cenário

Na disciplina em questão apresentamos e discutimos diversos

elementos relativos à Didática e Metodologia do Ensino Superior. Com este

objetivo em foco apresentamos algumas reflexões sobre a docência no ensino

superior exercido nas mais distintas instituições, sejam elas Faculdade,

Universidades, Centros Tecnológicos e Institutos; e discorremos sobre o uso

pedagógico dos recursos e das tecnologias atuais passíveis de serem

utilizados no processo de ensino aprendizagem.

Há que se ressaltar que o compromisso entre a didática e a

pedagogia, dentro e fora da sala de aula, sempre foi um elemento que esteve

implícito em experiências e nos estudos sobre formação docente, no

desenrolar da metodologia de ensino, na relação professor-aluno, bem como

no estabelecimento de paradigmas da interpretação da realidade, na

construção do conhecimento na consolidação da ética como fator

preponderante do processo e do sucesso que pode ser alcançado.

Assim a metodologia e a didática aplicadas na prática do magistério

e do Ensino Superior é na verdade resultante da articulação de várias

questões educacionais e da reconstrução conjunta de várias práticas

individuais, comprometidas com a qualificação do ser humano. De modo que

com o processo formativo e conforme vão surgindo novos desafios as

possibilidades de um caminhar conjunto, entre professor aluno se estabelece

de forma mais concreta.

Contemporaneamente se explicitam vários processos inovadores

que objetivam veicular informações relevantes sobre teorias da educação, são

realizadas discussões com maior veemência sob a temática durante os

encontros nas disciplinas pedagógicas na pós-graduação. Como síntese mais

elaborada, a nossa disciplina pretende favorecer a troca de idéias e a

discussão coletiva em torno de novos processos pedagógicos e a prática

docente no ensino superior.

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Para tanto, centra-se na busca do conhecimento para a

compreensão da prática pedagógica, na direção da elaboração e da execução

do planejamento, voltado para o desenvolvimento do processo de ensino-

aprendizagem que possibilite o aprender-ensinar tanto para o aluno como

para o professor.

Considera-se contundente a formação pedagógica dos professores

de nível superior. Formação esta que enfatize não apenas os métodos e

técnicas de ensino, mas também a incorporação de conceitos acerca do papel

do professor em relação ao aluno, à escola e à própria sociedade.

Introdução

Didática do Ensino Superior é oferecida aos alunos dos cursos de

pós-graduação com o intuito de despertar-lhes o interesse pelo exercício da

docência no ensino superior.

Assim percebe que a formação dos professores se nutre da

hipótese de que uma maior mestria dos saberes acadêmicos e profissionais

dos educadores influi positivamente no sucesso escolar dos alunos.

De acordo com a Resolução nº 12/83 do Conselho Federal de

Educação - CFE, nos cursos de especialização deverão ser oferecidos um

sexto de sua carga horária mínima para disciplinas de conteúdo pedagógico.

É dentro deste dispositivo que esta disciplina se situa.

A Metodologia do Ensino Superior é uma disciplina que procura

caracterizar-se pelo rigor científico. Envolve os procedimentos que devem ser

adotados pelo professor para alcançar os objetivos, que geralmente são

identificados com a aprendizagem dos alunos. Assim, procura esclarecer o

professor acerca da elaboração de planos de ensino, formulação de objetivos,

seleção de conteúdos, escolha das estratégias de ensino e instrumentos de

avaliação da aprendizagem.

Para Godoy (1988, p. 45) a Didática pode ser definida como “a arte

e a ciência do ensino”. Desta forma, a didática envolve não apenas conteúdos

que se pretendem verdadeiros em função das evidências científicas, mas

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também componentes intuitivos e valorativos. Pode ser compreendida como

“a maneira artística com que o professor desempenha a sua função em sala

de aula”.

Objetivos da disciplina Objetivo Geral

Compreender como se dá o exercício da docência no ensino

superior, bem como sua perspectiva atual no processo ensino-aprendizagem,

em direção ao desvelamento de práticas didático-pedagógicas que promovam

um ensino realmente eficaz e eficiente, com significado e sentido para os

estudantes, contribuindo para a transformação do ser e conseqüentemente

para a transformação da sociedade.

Objetivos específicos

- Destacar o papel da universidade na formação de docentes para o

ensino superior;

- Instigar os discentes à reflexão crítica e à análise de suas próprias

convicções e às posições que assumirão na práxis educativa, de forma a

assegurar uma ação pedagógica consistente e coerente com as reais

demandas dos alunos e da sociedade.

- Analisar criticamente as principais contribuições da didática para

atuação do professor universitário;

- Analisar as abordagens/tendências pedagógicas em relação ao processo de

ensino-aprendizagem;

- Analisar a importância entre trabalho pedagógico e pesquisa, de modo a

enfatizar o docente como sujeito reflexivo e pesquisador.

- Compreender como se elabora um projeto político pedagógico e sua

importância no processo educacional.

- Compreender as nuances do planejamento da ação pedagógica.

- Estudar alternativas metodológicas para implementar a interdisciplinaridade

como elemento eficaz de estudo.

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- Explicitar alternativas metodológicas e técnicas de ensino e aprendizagem.

- Estudar possibilidades de avaliar a aprendizagem educacional.

- Propor alternativas para melhorar a práxis docente.

Considerações teóricas a respeito da questão

A práxis do professor de ensino superior deve estar assentada

sobre três pontos principais - o conteúdo da área na qual é especialista, sua

visão de educação, de homem e de mundo e as habilidades e conhecimentos

que lhe permitem uma efetiva ação pedagógica em sala de aula - existindo

uma total interação e influência recíproca entre esses diferentes pólos.

Na prática o que se observa é que o professor se caracteriza como

um especialista em seu campo de conhecimento (este é, inclusive, um dos

critérios para sua seleção e contratação), porém não necessariamente domina

a área educacional e pedagógica.

Assim o problema central em sala de aula está na opção que o

professor faz, seja pelo ensino que ministra ao aluno, seja pela aprendizagem

que o aluno adquire – perspectivas que trazem resultados igualmente

diferenciados. Apesar de aprendizagem e ensino serem indissociáveis, as

orientações das escolas podem ser extremamente diversificadas dependendo

da ênfase dada num ou noutro pólo. Qualquer instituição de ensino,

independente de seu nível, justamente porque existe em função do aluno e da

sociedade na qual se insere, deverá sempre privilegiar a aprendizagem de

seus alunos em detrimento de qualquer outra opção.

O processo educativo deve estar munido de práticas pedagógicas e

didáticas que não se preocupem apenas com o conteúdo a ser ensinado, mas

também com as técnicas de ensino e com a avaliação da aprendizagem.

A educação superior na contemporaneidade, de maneira geral,

prioriza práticas que pouco ou nada contribuem para o desenvolvimento de

uma sociedade de sujeitos sociais construtores de sua própria história. É

imperativo trazer esta temática à tona e buscar subsídios que tornem o

processo educativo superior mais adequado no intuito de atender as

demandas exigidas pela sociedade. De vez que, para pensar em como

ensinar e aprender é preciso pensar no mundo em que vivemos.

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A Identidade do docente universitário a) Quanto a Competência Profissional e Pedagógica:

Nos últimos anos, esta questão começou a ser abordada entre os

pesquisadores brasileiros, preocupados com a formação inicial e continuada

dos professores universitários, com a busca de novos enfoques para organizar

os currículos e de alternativas metodológicas acordes com os avanços do

desenvolvimento tecnológico. (Cunha, 1998; Cunha & Leite, 1996; Veiga &

Castanho, 2000; Masetto, 2000).

Temas como percursos profissionais, carreiras, biografias docentes

e identidade profissional também vêm sendo privilegiados no meio acadêmico,

como afirma Nóvoa (1996, p. 9), “estamos no cerne do processo identitário da

profissão docente que, mesmo nos tempos áureos da racionalização e da

uniformização, cada um continuou a produzir a sua maneira de ser professor".

O docente deve possuir competência e aptidões profissionais e

pedagógicas, bem como equilíbrio emocional, habilidade e consciência

pessoal, além de relacionar-se para possibilitar o desenvolvimento cognitivo

dos seus alunos. Tudo isso aliado ao desenvolvimento humano e ao respeito

pelas diferenças, sejam estas expressas pela cor, credo político - religioso,

odor, maneira de ser dos alunos/outros, além da maior sabedoria que se pode

ensinar: saber conduzir o outro à meditação do saber. Para dar

sustentabilidade a análise apresenta-se no quadro 01 algumas características

requeridas do professor universitário.

Quadro 01: Características requeridas do professor universitário Físicas e Fisiológicas Psicotemperamentais Intelectuais

- resistência à fadiga; - capacidade funcional do sistema respiratório; - clareza vocal; - acuidade visual; - acuidade auditiva.

- estabilidade emocional; - versatilidade; - iniciativa; - autoconfiança; - disciplina; - paciência; - cooperação; - estabilidade de ritmo; - atenção difusa.

- inteligência abstrata; Inteligência verbal; - memória; - observação; - raciocínio lógico; - rapidez de raciocínio; - precisão de raciocínio; - imaginação; - discriminação; - associação; - orientação; - coordenação; - crítica.

Fonte: Baseado em Gil (1997).

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A formação de professores se constitui hoje, no âmbito educacional,

um dos aspectos de maior relevância para a educação do século XXI. Por

isso, é tão importante proporcionar uma reflexão produtiva, o fato de nos

questionarmos sobre aspectos que dizem à ação docente e,

conseqüentemente à qualidade do ensino, à profissionalização, formação

inicial e continuada como compromissos éticos elementares da instituição.

Para criar vínculos entre a universidade e o professor e criar a

possibilidade da existência de um espírito de comunidade universitária. No

contato cotidiano com colegas professores universitários, observamos que a

questão da identidade do docente universitário se debate entre o professor, o

pesquisador e, em determinadas áreas, o profissional (liberal) que é uma das

problemáticas mais sérias que se apresentam quando pensamos no professor

universitário.

Nesse emaranhado de identidades, outras questões se apresentam:

quem “ensina” aos docentes universitários a ser professor? Que modelos

docentes admiravam como alunos? Que características desses modelos estão

presentes na sua prática?

A prática cotidiana, assim como as pesquisas revelam que

raramente os professores universitários tiveram uma preparação específica

para exercer a profissão docente e que o modelo pedagógico mais usado, por

repetição de modelos internalizados, é o tradicional. (BIREAUD, 1995).

b) Quanto a Tecnologia

Como docentes devemos estar sintonizados com a tecnologia,

principalmente pela velocidade da mudança que gera brechas geracionais

proporcionais ao tamanho destas mudanças. Devemos analisar, também, o

impacto das novas tecnologias em relação à formação dos profissionais e

questionar o próprio papel do professor perante um aluno que se

desenvolverá profissionalmente já nas primeiras décadas do século XXI.

Os professores devem conhecer as novas tecnologias e

implementa-las na consecução de sua aula, ilustrando o conteúdo e criando

novos desafios didáticos; o cinema, o rádio, a televisão trouxeram desafios,

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novos conteúdos, histórias, linguagens; o computador trouxe uma série de

novidades, de fazer mais rápido, mais fácil.

Hoje, com a Internet e a fantástica evolução tecnológica, podemos

aprender de muitas formas, em lugares diferentes, de formas diferentes. A

sociedade como um todo é um espaço privilegiado de aprendizagem. Mas

ainda é a escola que realmente assume o papel de organizadora e

certificadora principal do processo de ensino-aprendizagem.

Ensinar e aprender estão sendo desafiados como nunca antes.

Educar hoje é mais complexo porque a sociedade também é mais complexa e

também o são as competências necessárias. Precisamos repensar todo o

processo, reaprender a ensinar, a estar com os alunos, a orientar atividades, a

definir o que vale a pena fazer para aprender, juntos ou separados.

Com a Internet e outras tecnologias surgem novas possibilidades de

organização das aulas dentro e fora da Universidade. Podemos ter uma parte

das aulas de forma virtual ou freqüentar cursos à distância. Como uma

universidade e seus professores podem se organizar para estas mudanças

inevitáveis, da forma mais adequada, equilibrada e coerente? Por onde

começar e continuar?

Qualidade do Professor & Qualidade do Ensino

A qualidade do ensino é também condicionada pela qualidade da

formação dos docentes. Desse modo, uma das formas de identificar se a

instituição está preocupada com a qualidade do ensino é saber o quanto ela

investe na formação permanente do quadro docente (e técnico-administrativo).

O grande problema é que estas informações não são veiculadas nas

propagandas e nos folders de oferta de cursos. Mas o desafio permanece.

Uma questão é fundamental para a docência: que conhecimento

deve ser desenvolvido visando à formação de nossos alunos? Ou, indagando-

se de outra forma: em que perspectiva deve situar-se o docente ao lidar com o

conhecimento, numa sociedade em que a mudança é a única característica

que não muda?

Ao falarmos em produção do conhecimento estamos, desde já, nos

referindo à pesquisa como seu sinônimo. Não se pode conceber, por exemplo,

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um professor que somente exerça o ensino; da mesma maneira, é muito difícil

acreditar que alguém somente pesquise sem socializar os resultados de sua

busca, apesar do isolamento ou do distanciamento de muitos cientistas de

nossa realidade. Acreditamos que deve haver uma articulação/imbricação

entre as duas esferas (ensino e pesquisa) – talvez ai resida o que se poderia

chamar de produtividade docente.

Estabelecer a pesquisa como princípio educativo também significa

incentivar a capacidade de questionamento crítico do estudante; fazer com

que ele consiga identificar as fontes de informação e conhecimento que

podem ser utilizadas para levar o processo de pesquisa a bom termo

(bibliotecas, acervos culturais, museus, internet); aguçar a capacidade de

selecionar e manusear informações; incentivar o uso da tecnologia disponível;

possibilitar uma postura cientifica para o tratamento metodológico das

questões.

No entanto, isso significa que a atualização se constitui em

inspiração e transpiração do professor. Esta atitude é necessária para que o

professor não se torne um sujeito dogmático, cego/fanático ou extremamente

apegado às concepções já ultrapassadas por novas descobertas.

Ao admitirmos que a dinâmica da sociedade envolve

transformações (culturais, sociais, econômicas, políticas) permanentes e

intensas, é preciso que consideremos os efeitos (sejam positivos e negativos)

destas transformações e que nos coloquemos (ao mesmo tempo em que

colocamos nossa formação inicial) em questão. Como intérpretes

privilegiados, seremos sempre chamados a tomar posição diante dos fatos.

Isso quer dizer que nossa ação docente jamais será neutra.

Essa reflexão apenas se inicia e, por isso, não se deve considerá-la

como pronta ou definitiva. Permanece como desafio, necessitando de

complementação, aprofundamento e continuidade do diálogo sobre o tema.

Em busca de uma política acadêmica que contemple o famoso tripé

universitário de ensino, pesquisa e extensão, que propicie uma maior

integração entre graduação/pós-graduação/extensão e que se preocupe com

a formação profissional dos docentes militantes no ensino superior,

necessitamos:

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• Refletir e analisar aspectos históricos, políticos e legais referentes ao ensino superior brasileiro;

• Reconhecer a docência como objeto de pesquisa e processo de

formação continuada docente;

• Analisar e discutir sobre os diferentes aspectos que norteiam a

avaliação no ensino superior, seja numa perspectiva conceitual, metodológica ou de contribuição para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem;

• Criar um contexto propício para a reflexão crítica e o debate

interdisciplinar em torno do fazer e do pensar acadêmicos no cotidiano em sala de aula;

• Refletir sobre o uso das novas tecnologias no ensino superior; • Conhecer os atuais desafios da profissão acadêmica;

• Participar ativamente dos processos de avaliação institucional,

profissional e acadêmica; • Compreender os conceitos epistemológicos de Aprendizagem e Ensino;

• Conhecer o currículo do (s) curso (s) que participa; • Ter uma visão reflexiva sobre a didática, a filosofia, a história, a

psicologia da educação superior e sobre a prática do ensino superior, além dos princípios éticos da profissão e da educação.

Entretanto há que se ressaltar que não é suficiente que os docentes,

isoladamente, repensem as suas concepções e cuidem de sua

profissionalização. É necessário que haja um comprometimento maior das

próprias IES e demais instituições formadoras, efetivando ações/tarefas

institucionais que demarquem o contexto e a profissão docente.

Em resumo, nosso entendimento é de que a qualidade de ensino se

mostra, em primeiro lugar, na sala de aula, muito mais do que nas campanhas

publicitárias e nos procedimentos de gerenciamento, pois a função específica

da universidade, enquanto produtora de conhecimento, é o ensino e ensino só

existe em sala de aula, é lá que o aluno aprende a ser profissional e cidadão;

é na sala de aula que os professores exercem sua influência direta sobre a

formação e o comportamento dos alunos.

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A Aula Universitária a) Atual: Facilmente podemos observar que a maioria dos professores universitários:

• Ensinam sem qualquer formação pedagógica; isso porque muitos consideram o magistério como atividade secundária; aprendem a dar aulas por ensaio e erro.

• Desconsideram o mundo, a prática e as diferenças dos alunos;

parece que quanto mais longe melhor; seu método de dar aulas é principalmente o expositivo, se esquecem que o papel do professor é a transferência/construção do conhecimento.

• Acham que a habilidade intelectual mais importante do aluno é a

memorização. Basta expor a matéria, porque o bom aluno é o que memoriza o que foi falado e depois repete nas provas; ou seja: a cabeça do aluno seria como esponja.

• Se fazem pesquisa, não a utilizam como procedimento de ensino e

para instrumentalizar os alunos a gerarem novos conhecimentos;

• Se utilizam da avaliação da aprendizagem - provas e notas - como

instrumento de controle do comportamento dos alunos, meio de fazer pressão sobre o aluno;

• Consideram que o bom professor é aquele que dá nota baixa.

Sabemos também que as universidades convivem com dois

extremos de professor. De um lado, temos o professor intransigente cujo aluno

precisa reproduzir integralmente o que é ensinado ou o que é pedido no livro

didático, se não atingir na integra este objetivo seu destino é a repetência. De

outro lado, temos o professor muito condescendente, que cede facilmente à

vontade do aluno. Aceita qualquer produto de trabalho, exige pouco, prefere

agradar do que ser exigente. Às vezes confunde práticas democráticas com

atitudes de tolerância e complacência.

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b) Proposta Progressista

Ao levantarmos as limitações atuais da aula universitária e do

próprio professor universitário, expomos, por seu turno, uma proposta de

trabalho do docente focando a qualidade de ensino com base no que ocorre

na sala de aula. Essa concepção resume-se nos pontos abaixo:

1. O Foco é a aprendizagem do aluno, resultante da atividade

intelectual do próprio professor e da interação com a atividade intelectual dos alunos. Sendo assim, ensina bem o professor que consegue com que o aluno aprenda bem com base numa relação pessoal com o saber e aprenda a pensar metodicamente.

2. A Sala de Aula é o espaço para a construção conjunta do conhecimento. E o momento onde o professor e o aluno buscam juntos os conhecimentos; estabelecem interações, diálogos e trocas.

3. A aprendizagem está relacionada com a atividade de pesquisa

tanto do professor como do aluno. Implica em promover situações em que o aluno aprenda a buscar informações, analisá-las, relacioná-las com conhecimentos anteriores, dando-lhes significado próprio.

4. A Sala de Aula Universitária não pode mais ser entendido meramente como espaço físico e um tempo determinado em que o professor transmite conhecimentos aos alunos. A sala de aula e a própria aula é todo o espaço em que os alunos podem aprender.

5. Toda aprendizagem precisa ser significativa, isto é, os

conteúdos precisam ser significativos para os alunos com base nos próprios sentidos que os alunos atribuem ao que estão aprendendo.

6. A Sala de Aula implica uma aproximação entre a teoria e a prática.

7. A aprendizagem universitária está associada ao aprender a

pensar e ao aprender a aprender. O ensino universitário precisa ajudar o aluno a desenvolver habilidades de pensamento e identificar procedimentos necessários para aprender.

Concluindo, a sala de aula universitária nos dias de hoje, deve se

constituir no lugar do professor, do aluno, do diálogo entre eles, da reflexão

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crítica e do respeito aos saberes dos educandos. Ela é um locus de

construção do conhecimento, o território das tecnologias, da ética, da moral,

da liberdade e das tomadas de decisões conscientes. Deve ser também o

local dos sonhos e das utopias.

Apresentação Pessoal

As universidades jogam, por ano, uma quantidade enorme de novos

profissionais professores no mercado; constatamos, por outro lado, que só um

reduzido número desses profissionais se coloca efetivamente na área em que

estão habilitados a trabalhar. Isso ocorre, em parte, por eles não saberem

investir em marketing pessoal. Ou seja, eles não se vêem como um "produto"

cheio de qualidades e, por isso, não são "comprados” pelo mercado. Por outro

lado, sabemos que é preciso investir em nossa carreira e para isso existem

alguns passos fundamentais. Acompanhe:

1. Encontre as suas melhores características — Todos nós temos

alguma coisa em que somos melhores. É preciso refinar os pontos nos quais

você é melhor do que a maioria. É preciso ser muito honesto consigo mesmo

para fazer uma boa auto-análise e descobrir suas qualidades. Não tenha

pressa. Converse com seus amigos, pois muitas vezes eles têm uma visão

mais completa e imparcial.

2. Cuide do brilho dos seus olhos — Bem Zander, maestro e autor

de A Arte da Possibilidade, diz que consegue perceber quando uma pessoa e

mesmo uma equipe não está bem. Quando você perde o brilho dos olhos –

você não está bem. Você também deve resgatar a sua paixão por ensinar.

Sem esse resgate, tudo o que você fizer em marketing pessoal soará falso.

3. Em vez de buscar o ótimo, faça o bom — Muitas pessoas param

de tentar melhorar, param de procurar novas possibilidades porque acham

que não dominam tanto determinado assunto, ou que ainda não estão

prontas. Os melhores educadores trabalham com o que têm, vão em frente,

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fazem a diferença. A melhora vem com a prática, uma vez que a perfeição é

inatingível. Assuma isso, faça seu crítico interno baixar a voz e ouse fazer.

4. Cuide dos pontos mais óbvios — Sua carreira passa pelo seu

guarda-roupa e aparência. E isso não significa gastar muito dinheiro ou passar

horas em salões de beleza. Seja inteligente, busque peças que possam ser

combinadas de várias maneiras, escolha um corte de cabelo bonito e fácil de

manter. Essas pequenas ações têm uma grande vantagem: não aparecem.

Todos comentam um professor mal vestido ou, ao contrário, a educadora

“perua”. Portanto, o professor que se veste com gosto e simplicidade se

destaca por seu valor, não pelo guarda-roupa.

5. Busque opiniões sinceras, o tempo todo — Faça pesquisas entre

seus alunos de tempos em tempos; dê “aulas” para seus colegas ou família;

grave-se em vídeo. É a única maneira de descobrir o quanto está melhorando

ou se sua carreira está avançando na direção que você deseja.

6. Mostre-se ao mundo — Vá além das fronteiras da sua instituição

de ensino. Procure associações de bairro e de professores; dê rápidas

palestras. Envolver-se com instituições assistenciais também ajuda a construir

sua imagem.

7. Tecnologia a seu favor — A Internet também funciona como um

grande meio de divulgar a sua imagem e carreira. Muitos professores mantêm

sites com currículo e dicas úteis para os internautas. Atualize seu endereço

constantemente, pois todos os dias, jornalistas, alunos, professores e donos

de escola buscam informações e pessoas que possam ajudá-los. Dê motivos

para que eles o procurem. Além disso, ter um site é uma ótima maneira de

organizar seu currículo. Mantenha a versão de papel enxuta e acrescente:

“mais informações podem ser obtidas em meu site” e o endereço.

8. Lembre-se de que não existe mais essa tal de privacidade —

Seus alunos podem tirar fotos de você com celulares, assim como podem

gravar suas aulas em aparelhos que você nem consegue enxergar. Se isso é

verdade em sua sala de aula, vale o dobro para as ruas. Você não vai andar

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24 horas por dia de terno e guarda-pó, mas também não se permita “tomar

todas” em barzinhos com os alunos. Encontre uma linha média de

descontração e profissionalismo.

9. Simplifique — Ataque uma questão de cada vez, buscando a

maneira mais desçomplicada de avançar em sua carreira de resolver seus

problemas.

Educação e sociedade

Segundo Gil (1997) as instituições pedagógicas são antes de mais

nada instituições sociais. Cada sociedade é levada a construir o sistema

pedagógico mais conveniente às suas necessidades materiais, às suas

concepções do homem e à vontade de preservá-las. Quando o sistema

pedagógico muda é porque a própria sociedade mudou, ou porque mudaram

as relações de poder entre seus membros.

Considerando que as ações dos professores são de alguma forma

influenciadas pelas doutrinas e também pela orientação definida pelas

instituições educacionais, apresenta-se a seguir no Quadro 02, as principais

perspectivas pedagógicas deste século e suas relações com os modelos de

atuação do professor em sala de aula.

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Quadro 02: Tendências Pedagógicas TRADICIONAL LIBERALISTA TECNICISTA LIBERTADORA ORIGEM Período

aristocrático e feudal (por volta do século X) Inspiração nas práticas pedagógicas cristas da antiguidade e medievais.

Humanismo Renascentista (século VV e XVI) e Liberalismo Burguês (século XVIII). Culmina com a Escola Nova (Início do século XX).

Modelo capitalista (meados do século XX), Inspiração no positivismo de Conte (século XIV).

Início dos anos 1960, com a experiência de Paulo Freira na Educação de adultos.

CONCEPÇÃO DE SER HUMANO

Corrompido; Submisso; Inferior.

Naturalmente bom, livre capaz de decidir.

Condicionado pelo meio físico-social, produtivo, adaptado à sociedade.

Histórico, crítico, agente de transformação social.

CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO

Doutrinária Reprodutora; Mantenedora da opressão; Elitista.

Centrado no Educando; Preocupação com a autonomia do aluno; Respeito a individualidade.

Modeladora do comportamento humano; Voltada para o aperfeiçoamento da ordem social vigente.

Processo de formação e fortalecimento da consciência de classe; Instrumento para a transformação social.

CONTEÚDO Verdades acumulados e transmitidos de geração a geração; Ênfase no saber erudito.

Papel secundário; Ênfase nos processos de desenvolvimento das relações.

Técnico-profissional; Observável/mensurável; Leis; Princípios científicos.

Temas geradores extraídos da problematização da vida dos educandos.

MÉTODO Centrado no professor; Exposição; Fixação.

Não diretividade; Trabalho grupal; Jogos, ludicidade.

Tecnologia educacional; Instrução Programada; Abordagem sistemática.

Diálogo como método; Ação-reflexão-teorização.

RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO

Professor centro do processo educativo, transmissor do conhecimento. Aluno: receptor passivo, obediente ao mestre.

Professor facilitador do processo; Aluno centro do processo e autor de sua própria experiência.

Técnico de ensino, especialista, cientista; Professor: simples repassador de roteiros. Aluno: receptor das informações que registra e fixa.

Professor e aluno como sujeito do conhecimento; Professor agente mediador do conhecimento.

AVALIAÇÃO Provas escritas e orais sobre a totalidade do estudo acumulado.

Observação e avaliação do processo de aprendizagem.

Observação e verificação de objetivos.

Processo de acompanhamento permanente.

Note-se que baseado nas tendências pedagógicas apresentadas no

Quadro 02, é possível refletir e analisar suas próprias convicções e às

posições que assumirão na práxis educativa, de forma a assegurar uma ação

pedagógica consistente e coerente com as reais demandas dos alunos e da

sociedade.

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O Processo de Ensino

Os conceitos de ensino e aprendizagem encontram-se

indissociavelmente ligados. Ao se falar em ensino evocam-se conceitos como:

instrução, orientação, comunicação e transmissão de conhecimentos, que

indicam o professor como elemento principal do processo. Já, ao se tratar da

aprendizagem, evidenciam-se conceitos como: descoberta, apreensão,

modificação de comportamento e aquisição de conhecimentos, que se referem

diretamente ao aluno.

O processo de ensino passa pela resposta planejada às exigências

naturais do processo de aprendizagem. Daí pode-se afirmar que é sumamente

importante o professor interagir e acompanhar a aprendizagem do aluno. O

ensino é visto como resultante de uma relação pessoal do professor com o

aluno.

O segredo do bom ensino é o entusiasmo pessoal do professor, que

vem do seu amor à ciência e aos alunos. Esse entusiasmo pode e dever ser

canalizado mediante planejamento e metodologia adequados, sobretudo para

o estímulo ao entusiasmo dos alunos pela realização, por iniciativa própria,

dos esforços intelectuais e morais que a aprendizagem exige.

Os professores devem ter uma autêntica vocação para ensinar e as

instituições têm a obrigação de lhes prestar todo o apoio e incentivos

necessários para que essa vocação seja desenvolvida com liberdade e

tranqüilidade. Para obter ótimos resultados, o processo de ensino precisa

respeitar o processo natural de aprendizagem, facilitar o mesmo e o

incrementar.

O Processo de Aprendizagem

Segundo Gil (1997) o conceito de aprendizagem refere-se às

modificações nas capacidades ou disposições do homem que não podem ser

atribuídas simplesmente a maturação. Assim, pode-se dizer que ocorre

aprendizagerm quando uma pessoa manifesta aumento da capacidade para

determinados desempenhos em decorrência de experiências por que passou.

Page 20: MTD Ensino Superior- Apostila -VAL

20

Também se pode dizer que ocorrre aprendizagem quando, em vistude da

experiência, uma pessoa manifesta alteração de disposições, tais como

atitudes, interesses ou valores.

Em termos educacionais, o conceito de aprendizagem é mais

espefífico. Refere-se a aquisição de conhecimentos ou ao desenvolvimento de

habilidades e atitudes em decorrência de experiências educativas, tais como

aulas, leituras, pesquisa etc.

O processo de aprendizagem pode ser definido de forma sintética como

o modo como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem

competências e mudam o comportamento. Contudo, a complexidade desse

processo dificilmente pode ser explicada apenas através de recortes do todo.

Por outro lado, qualquer definição está, invariavelmente, impregnada de

pressupostos politico-ideológicos, relacionados com a visão de homem,

sociedade e saber.

Histórico

A aprendizagem vem sendo estudada e sistematizada desde os povos

da antiguidade oriental. Já no Egito, na China e na Índia a finalidade era

transmitir as tradições e os costumes. Na antiguidade clássica, na Grécia e em

Roma, a aprendizagem passou a seguir duas linhas opostas porém

complementares:

- A pedagogia da personalidade visava a formação individual.

- A pedagogia humanista desenvolvia os indivíduos numa linha onde o

Sistema de ensino/sistema educacional era representativo da realidade

social e dava ênfase à aprendizagem universal.

Durante a Idade Média, a aprendizagem e consequentemente o ensino

(Aqui ambos seguem o mesmo rumo) passaram a ser determinados pela

religião e seus dogmas. Por exemplo, uma criança aprendia a não ser

canhota, ou sinistra, embora neurologicamente o fosse.

Page 21: MTD Ensino Superior- Apostila -VAL

21

No final daquele período, iniciou-se a separação entre as teorias da

aprendizagem e do ensino com a independência em relação ao clero. Devido

as modificações que ocorreram com o advento do humanismo e da Reforma,

no século XVI, e sua ampliação a partir da revolução francesa, as teorias do

ensino-aprendizagem continuaram a seguir seu rumo natural.

Do século XVII até o início do século XX, a doutrina central sobre a

aprendizagem era demonstrar cientificamente que determinados processos

universais regiam os princípios da aprendizagem tentando explicar as causas

e formas de seu funcionamento, forçando uma metodologia que visava

enquadrar o comportamento de todos os organismos num sistema unificado

de leis, à exemplo da sistematização efetuada pelos cientistas para a

explicação dos demais fenômenos das ciências naturais.

Muitos acreditavam que a aprendizagem estava intimamente ligada

somente ao condicionamento. Um exemplo de experiência sobre o

condicionamento foi realizada pelo fisiólogo russo, Ivan Pavlov, que

condicionou cães para salivarem ao som de campainhas.

Na década de 30 os cientistas Edwin R. Guthrie, Clark L. Hull e Edward

C. Tolman pesquisaram sobre as leis que regem a aprendizagem.

- Guthrie acreditava que as respostas, ao invés das

percepção/percepções ou os estados mentais, poderiam formar os

componentes da aprendizagem.

- Hull afirmava que a força do hábito, além dos estímulos originados

pelas recompensas, constituía um dos principais aspectos da aprendizagem, a

qual se dava num processo gradual.

- Tolman seguia a linha de raciocínio de que o princípal objetivo visado

pelo sujeito era a base comportamental para a aprendizagem. Recebendo o

ser humano na sociedade em que esta inserido, se faz necessario uma maior

observação de seu estado emocional.

Page 22: MTD Ensino Superior- Apostila -VAL

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Elementos do Processo Ensino-Aprendizagem

De acordo com vários autores da área da educação – o processo de

ensino-aprendizagem é composto por quatro elementos: professor, aluno,

conteúdo e as variáveis ambientais (características da escola) – cada um

exercendo maior ou menor influência no processo, dependendo de como se

relacionam num determinado contexto.

Analisando cada um dos quatro elementos, pode-se identificar as

principais variáveis de influência do processo ensino-aprendizagem:

Aluno: capacidade (inteligência, velocidade de aprendizagem); experiência anterior (conhecimentos prévios); disposição e boa vontade; interesse; estrutura socioeconômica; saúde. Conteúdo: adequação às dimensões do aluno; significado/valor, aplicabilidade prática. Escola: sistema de crença dos dirigentes; entendimento da essência do processo educacional; liderança. Professor: dimensão do relacionamento (relação professor-aluno); dimensão cognitiva (aspectos intelectuais e técnico-didáticos); atitudes do educador; comprometimento com o processo ensino-aprendizagem.

O entendimento desses quatro elementos e das diferentes

interações entre eles é que deve ser o cerne do processo de melhoria da

qualidade de ensino nas instituições de nível superior.

As definições de aprendizagem

Segundo alguns estudiosos, a aprendizagem é um processo integrado

que provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que

aprende. Essa transformação se dá através da alteração da conduta de um

indivíduo, seja por Condicionamento operante, experiência ou ambos, de uma

forma razoavelmente permanente.

Page 23: MTD Ensino Superior- Apostila -VAL

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As informações podem ser absorvidas através de técnicas de ensino ou

até pela simples aquisição de hábitos:

- O ato ou vontade de aprender é uma característica essencial do psiquismo humano, pois somente este possui o caráter intencional, ou a intenção de aprender;

- dinâmico, por estar sempre em mutação e procurar informações para a aprendizagem;

- criador, por buscar novos métodos visando a melhora da própria aprendizagem, por exemplo, pela tentativa e erro.

Um outro conceito de aprendizagem é uma mudança relativamente

durável do comportamento, de uma forma mais ou menos sistemática,

adquirida pela experiência, pela observação e pela prática motivada.

O ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender,

necessitando de estímulos externos e internos (motivação, necessidade) para

o aprendizado. Há aprendizados que podem ser considerados natos, como o

ato de aprender a falar, a andar, necessitando que ele passe pelo processo de

maturação física, psicológica e social. Na maioria dos casos a aprendizagem

se dá no meio social e temporal em que o indivíduo convive; sua conduta

muda, normalmente, por esses fatores, e por predisposições genéticas.

Existem várias teorias que abordam o processo de aprendizagem.

Podemos destacar a teoria de Piaget (1969), que destaca que o pensamento

é a base em que se assenta a aprendizagem e a maneira da inteligência

manifestar-se. As bases de sua teoria são as estruturas mentais.

Skinner (1968), por seu turno, não se interessa pelas estruturas

mentais, explicando o comportamento e a aprendizagem como conseqüências

dos estímulos ambientais. Sua teoria se fundamenta no poderoso papel da

“recompensa” e do “esforço” e parte da premissa que toda ação que produza

satisfação tenderá a ser repetida e aprendida; Gagné (1971), por sua vez,

destaca a importância de uma hierarquia de tipos de aprendizagem que vão

da simples associação de estímulos à complexidade da solução de problemas.

As três teorias mencionadas indicam alguns conceitos comuns para

o entendimento do processo de aprendizagem, que podemos assim resumir:

Page 24: MTD Ensino Superior- Apostila -VAL

24

- O agente da aprendizagem é o aluno, sendo o professor um orientador e facilitador.

- As diferenças individuais entre os alunos devem ser respeitadas e a

aprendizagem deve ser acompanhada de maneira mais individualizada.

- A aprendizagem de qualquer assunto requer continuidade e

seqüência lógica e psicológica.

Ainda com relação à aprendizagem, Abreu e Masetto (2.000),

classificam a aprendizagem em três categorias: O domínio cognitivo refere-se

aos objetivos ligados a conhecimentos, informações ou capacidades

intelectuais. É o domínio a que se dá maior atenção no ensino superior. O

domínio afetivo abrange os objetivos relacionados com sentimentos, emoções,

gostos ou atitudes. O domínio psicomotor, envolve os objetivos que enfatizam

o uso e a coordenação dos músculos.

Depreende-se, então, que qualquer que seja a tendência

pedagógica que o professor e/ou a instituição venha a privilegiar, existem

alguns princípios que devem ser comuns a todos os que se preocupam com a

efetiva aprendizagem ao aluno. São eles:

a) Toda aprendizagem precisa ser significativa para o aluno – não mecanizada. Deve estar relacionada com conhecimentos, experiências e vivências dos alunos, permitindo-lhes formular problemas e questões de interesse, confrontar com problemas práticos e transferir o que aprendeu para outras situações da vida.

b) É pessoal.

c) Precisa visar objetivos realísticos. d) Deve ser acompanhada de feedback imediato (ser um processo

contínuo).

e) Tem que ser embasada num bom relacionamento entre os elementos que participam do processo: aluno, professor e colegas de turma.

Page 25: MTD Ensino Superior- Apostila -VAL

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Pode-se inferir que, aprender não é o mesmo que ensinar, pois

aprender é um processo que acontece com o aluno e do qual o aluno é o

agente essencial.

O professor precisa, portanto, compreender como o conhecimento é

construído na essência, assimilar adequadamente esse processo, entendendo

o seu papel como o de facilitador da aprendizagem do aluno, ou seja, que

esteja acima de tudo preocupado em ajudar o aluno a aprender a aprender.

Os conhecimentos anteriores

Os conhecimentos anteriores que um indivíduo possui sobre um

assunto podem condicionar a aprendizagem. Há conhecimentos,

aprendizagens prévias, que, se não tiverem sido concretizadas, não permitem

a possibilidade de se aprender. Uma nova aprendizagem só se concretiza

quando o material novo se incorpora, se relaciona, com os conhecimentos e

saberes que se possui.

A quantidade de informação

A possibilidade de o Homem aprender novas informações é limitada:

nao é possivel integrar grandes quantidades de informação ao mesmo tempo.

É necessário proceder-se a uma seleção da informação relevante,

organizando-a de modo a poder ser gerida em termos de aprendizagem.

A diversidade das actividades

Quanto mais diversificadas forem as abordagens a um tema, quanto

mais diferenciadas as tarefas, maior é a motivação e a concentração e melhor

decorre a aprendizagem.

Page 26: MTD Ensino Superior- Apostila -VAL

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A planificação e a organização

A forma como se aprende pode determinar, em grande parte, o que se

aprende. A definição clara de objetivos, a seleção de estratégias, é essencial

para uma aprendizagem bem sucedida. Contudo, isto não basta: é necessário

planificar, organizar o trabalho por etapas, e ir avaliando os resultados. Para

além de estes processos serem mais eficientes, a planificação e a

organização promovem o controle dos processos de aprendizagem e, deste

modo, a autonomia de cada ser humano.

A cooperação

A forma como cada ser humano encara um problema e a forma como o

soluciona é diferente. Por isso, determinados tipos de problemas são mais

bem resolvidos e a aprendizagem é mais eficaz se existir trabalho de forma

cooperativa com os outros. A aprendizagem cooperativa, ao implicar a

interação e a ajuda mútua, possibilita a resolução de problemas complexos de

forma mais eficaz e elaborada.

Estilos de aprendizagem

Cada indivíduo apresenta um conjunto de estratégias cognitivas que

mobilizam o processo de aprendizagem. Em outras palavras, cada pessoa

aprende a seu modo, estilo e ritmo. Embora haja discordâncias entre os

estudiosos, estas são quatro categorias representativas dos estilos de

aprendizagem:

• visual: aprendizagem centrada na visualização • auditiva: centrada na audição • leitura/escrita: aprendizagem através de textos • ativa: aprendizagem através do fazer

A motivação

Aprende-se melhor e mais depressa se houver interesse pelo assunto

que se está a estudar. Motivado, um indivíduo possui uma atitude ativa e

empenhada no processo de aprendizagem e, por isso, aprende melhor. A

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relação entre a aprendizagem e a motivação é dinâmica: é frequente o

Homem interessar-se por um assunto, empenhar-se, quando começa a

aprender. A motivação pode ocorrer durante o processo de aprendizagem.

O professor só conseguirá de fato motivar seus alunos se for capaz de

despertar seu interesse pela matéria que está sendo ministrada. Ou quando

for capaz de demonstrar que aquilo que está sendo ensinado é necessários

para os alunos alcançarem os seus objetivos.

O professor conseguirá melhores resultados em relação à atenção dos

alunos se considerar alguns pontos como:

a) Humor. Professores bem-humurados conseguem mais facilmente

manter atentos os grupos. Frases espirituosas e exemplos pitorescos

constituem recursos bastante eficientes.

b) Entusiasmo. O entusiasmo do professor com freqüência transmite-se

para os alunos. Por essa razão, convém que os professores somente se

disponham a ministrar determinada matéria quando estiverem convencidos de

sua importância.

d) Aplicação prática. Poucas coisas são tão dispersivas quanto um

longo discurso que não indique alguma aplicação prática. Por essa razão é

que se tornam muito úteis os exercícios e trabalhos práticos propostos para os

alunos.

d) Recursos auxiliares de ensino. Os recursos audiovisuais são muito

importantes para manter o grupo atento. A eficiência obtida com esses

recursos torna-se maior ainda quando sua utilização é diversificada.

e) Participação. A atenção de um grupo aumenta à medida que sua

participação é solicitada. Cabe, no entanto, considerar que só convém serem

feitas ao grupo perguntas que possam ser respondidas sem maiores

dificuldades. Perguntas mais complexas podem, ao contrário, servir para inibir

os participantes.

O professsor pode estimular os alunos a participar:

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a) favorecer a tomada de anotações;

b) estimular os alunos a falar, a dar depoimentos pessoais, a fazer sugestões e a ampliar as idéias apresentadas;

c) fazer perguntas;

d) apresentar exercícios.

Fonecer feedback

Fornecer feedback exige do professor disposição para ouvir. O

professor não pode falar o tempo todo. Para facilitar a aprendizagem, o

professor deve, em muitos momentos, deixar de ser emissor e assumir o papel

de receptor para saber em que medida os alunos estão compreendendo o que

está sendo transmitido. E a partir daí informar aos alunos acerca do quanto

estão acertando, do que estão compreendendo.

Favorecer a retenção

Para favorecer a retenção o professor iniciará seu trabalho

proporcionando visão geral do que será estudado na unidade, para, em

seguida, apresentá-la em pormenores e, por fim, proporcionar um resumo

geral da matéria.

Outro procedimento que favorece a retenção é a repetição. O professor

pode expressar a mesma coisa de maneiras diferentes, utilizando recursos

diversos. O que é exposto oralmente poderá ser apresentado num texto

escrito, sintetizado num cartaz ou numa transparência etc.

Também a recapitulação pode ser utilizada com muito proveito para

facilitar a retenção. A recapitulação serve para trazer à mente aquelas coisas

que estavam esquecidas, que estavam nos limites da memória. A

recapitulação serve para proporcionar o armazenamento duradouro das

informações.

Criar condições para possibilitar a transferência

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29

Para que a aprendizagem não fique apenas no nível da memorização, o

professor deverá orientar sua ação pedagógica no sentido de proporcionar a

transferância da aprendizagem. Para favorecer o alcance deste nível, o

professor pode:

a) empregar exemplos que esclareçam a aplicação dos conhecimentos a

situações específicas;

b) propor exercícios e trabalhos práticos;

c) favorecer a discussão acerca da aplicação dos conhecimentos; e

d) empregar jogos, estudos de caso e dramatizações.

A comunicação em sala de aula

Na comunicação docente, o professor é a fonte. Para garantir a

transmissão adequada de suas idéias e emoções, o professor deve tomar

alguns cuidades, como:

a) Definir com clareza os seus objetivos. Muitos professores falham poque

deixam de precisar exatamente o que pretendem; apenas falam sobre a

matéria. A definição clara dos objetivos favorece a seleção do material

a ser incluído na aula e a concentração dos recursos para alcançar os

resultados desejados.

b) Fazer com que os alunos conheçam os seus objetivos. O professor

deve deixar claro aos alunos o que pretende e procurar com eles

chegar a uma concordância ou consenso acerca dos objetivos básicos.

c) Organizar as idéias. Isto exige o pleno domínio da matéria e a

convicção de que realmente esta é importante para os alunos. Para

convencer os outros é necessário primeiro convencer-se a si mesmo.

d) Cuidar para que o tom de voz, a altura e o ritmo não desagradem aos

alunos.

Em relação à mensagem

Page 30: MTD Ensino Superior- Apostila -VAL

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A mensagem é constituída pela matéria a ser ensinada. É comum o

professor utilizar um artigo ou um capítulo de livro. É necessário verificar se

existe outro texto referente ao mesmo assunto escrito para um tipo de

audiência diferente. Há que se considerar que nem sempre a maneira pela

qual a mensagem é escrita é a melhor para ser apresentada numa aula

expositiva. Então, não convém que o professor reproduza em aula um artigo

ou capítulo de livro.

Diversos cuidados precisam ser tomados em relação à mensagem que

se pretende passar para os alunos:

a) Cuidar para que a mensagem se ajuste às características e

necessidades dos alunos. Isto exige conhecimento prévio dos

aluno. Convém, pois, que o professor dedique algum tempo a esta

tarefa, sobretudo nas primeiras aulas.

b) Elaborar a menasagem de forma clara, precisa e concisa. Uma

linguagem empolada, repleta de termos técnicos dificulta a

compreensão dos alunos.

c) Planejar a seqüência dos tópicos. É recomendável a utilização da

seqüência de intrução “todo-parte-todo”. Para começar dá-se aos

alunos uma visão geral da unidade; depois apresenta-se

pormenorizadamente a unidade e, por fim, conclui-se com um

resumo.

d) Considerar não apenas a seqüência lógica, mas também a

psicológica. Muitas vezes convém iniciar a exposição com um

elemento que desperte a atenção dos alunos; mesmo que este,

numa seqüência lógica, deva vir posteriormente.

e) Imprimir certo colorido emocional à mensagem.

f) Incluir, quando oportuno, anedotas e fatos pitorescos.

g) Propor situações problemáticas para manter os alunos em atitude

reflexiva.

h) Apresentar as idéias mais importantes de formas diversdas para

não provocar monotonia.

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i) Evitar a tentação de expor o tempo todo. Convém entremear a

exposição com breves discussões, exercícios e realização de

experiências simples.

Em relação a receptores

O processo de recepção é complexo e deve merecer a atenção dos

professores interessados no aprendizado dos alunos. É preciso considerar

que quando a mensagem chega aos órgãos sensoriais do aluno (vistas,

ouvidos etc), ocorre a percepção. Esta tem uma base física, porém é

influênciada por fatores psicológicos. Se o aluno está interessado na matéria e

tem imagem positiva do professor, sua mensagem é mais bem percebida. A

percepção que se tem da mensagem é seletiva. As pessoas vêem ou ouvem

melhor aquilo que desejam ver e ouvir.

Depois que a mensagem é percebida, passa a ser interpretada. A

interpretação é algo pessoal e exclusivo de cada aluno. Embora a mensagem

possa ter certo significado objetivo, o significado real da mensagem será

diferente para cada receptor, pois cada um deles tem um quadro de referência

própria e pessoal para sua interpretação.

A interpretação da mensagem produz no receptor certa tensão, que se

mostra mais ou menos forte à medida que afeta as crenças do receptor ou a

sua auto-imagem. Essa tensão, por sua vez, provoca reações diversas. O

receptor pode aceitar a mensagem e incorporá-la a seu repertório de

conhecimento e crenças. Pode também ficar em dúvida quanto à aceitação da

mensagem e solicitar mais dados. Pode ignorar total ou parcialmente a

mensagem. E, numa situação mais extrema, reagir agressivamente contra a

fonte.

Essas reações dos alunos, no contexto do processo de comunicação,

constituem a retroalimentação (feedback). E muito do sucesso da

comunicação docente tem a ver com a habilidade do professor em lidar com

essas reações.

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Para influir positivamente no processo de recepção e aceitação das

mensagens o professor pode:

a) Desenvolver a empatia. Colocar-se no lugar do aluno é

importante para que o professor possa sentir as dificuldades que

ele tem para assimilar a exposição.

b) Manter-se atento para as reações dos alunos. Muitos são os

professores que se entusiasmam tanto com a própria exposição

que nem percebem o que se passa com os alunos. E muitas

vezes, estes estão frios, imóveis, distantes. O professor precisa,

portanto, desenvolver a capacidade de perceber a classe e a

expressão corporal do aluno. A rejeição da matéria ou do

professor se expressa num afastamento do corpo; o

aborrecimento e a ausência de atenção, num relaxamento do

tono corporal.

c) Criar em sala de aula um clima de apreço, aceitação e confiança.

Este clima favorece o desenvolvimento de atitudes positivas em

relação ao professor e sua disciplina, e as mensagens,

conseqüêntemente, serão mais bem recebidas.

d) Desenvolver nos alunos uma atitude permanente de curiosidade

em relação à disciplina. Quando o professor consegue

demonstrar aos alunos o quanto é importante dominar os

conhecimentos que estão sendo apresentados, estes tendem a

manifestar maior desejo de aprender.

e) Identificar o nível de conhecimentos e as expectativas dos

alunos. A auto-apresentação dos participantes no primeiro dia,

perguntas feitas aos alunos, bem como a aplicação sistemática

de exercícios são importantes para que o professor possa “dosar”

a matéria e também dar oportunidade para que os alunos mais

lentos acompanhem o curso.

f) Criar condições para que os alunos ofereçam retroalimentação.

Sugestões para leitura de um texto

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1º passo - inicia-se pela leitura exploratória, que é o primeiro contato com o texto. Faz-se uma leitura corrida, durante a qual não convém sublinhar nada. Identificam-se as grandes partes do texto: introdução, desenvolvimento e conclusão, que expressam a estrutura lógica do pensamento do autor. 2º passo – faz-se a leitura analítica, que responde às seguintes questões: De que fala o texto? Como está problematizado (lacuna a ser preenchida)? Qual o fio condutor da explanação do resumo ou a síntese das idéias do pensamento do autor. 3º passo – realiza-se uma leitura interpretativa, que pode ser compreendida como uma leitura crítica ou o posicionamento do leitor face ao texto.

Pontos importantes para um estudo eficiente

1. Assiduidade ás aulas e determinado horário diário para estudar. 2. É necessário escolher um local apropriado, sendo bem iluminado,

arejado, silencioso e organizado, tendo todo o material que será utilizado á mão – cadernos, livros, sulfite, dicionário, mapas, lápis, borracha, caneta etc.

3. Procure repousar o suficiente, pois a falta de sono produz dificuldades no estudo, consequentemente, na aprendizagem.

4. Procure estudar sozinho. 5. Inicie o seu estudo pelo que é mais fácil ou então repasse as

anotações já sabidas. Desta maneira, a sua inteligência será estimulada para resolver as questões mais atuais e mais difíceis.

6. Comece a estudar a matéria nova, observando: leitura inicial toda a lição; fixe a atenção nas idéias gerais, nos pontos-chaves ou tópicos difíceis; depois de ver toda a matéria, retorne aos pontos que achar mais difícil; após ter vencido todas as dificuldades, repasse toda a lição, pois, deste modo, a lição seguinte pode tornar-se mais fácil, e assim por diante.

7. Não pense que a simples leitura de um de livro ou lição assegura a retenção do conteúdo. Lembre-se bem: a aprendizagem é um processo continuo ativo e trabalhoso.

8. Após a leitura, faça uma revisão dos pontos principais. Elabore esquemas sinóticos das partes e dos dados essenciais.

9. Sempre é proveitoso repetir em voz alta os trechos lidos e fazer perguntas a si próprio para verificar se há hesitação nas respostas; se houver, volte a ler o trecho, até perceber que houve realmente a aprendizagem.

10. Faça uma coisa de cada vez; estude um assunto definido e com objetivo bem delimitado.

11. Estude sempre que puder, não deixando para fazê-los nas vésperas dos exames.

12. Faça anotações ás margens do texto lido, pois equivale a ler mesmo duas vezes.

13. Sempre que encontrar palavras desconhecidas, vá até o dicionário para conhecer os seus significados. Assim, você terá sentido escrito

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das palavras, pois uma desconhecida poderá comprometer o seu entendimento de um trecho lido, e atrapalhar todo o trabalho.

14. Sublinhe as partes mais importantes. 15. As palavras, definições ou formulas, que precisam ser memorizadas,

necessitam ser compreendidas primeiro. 16. Revise frequentemente as matérias estudadas. 17. É recomendável estudar por prazer e não por dever, pois só assim o

individuo cresce em sua sabedoria maturidade e os novos conhecimentos são assimilados com mais clareza e espontaneidade.

Relação Professor-Aluno

Neste escopo do estudo discute-se como é construído o conhecimento

e a interferência da relação professor-aluno no processo de ensino

aprendizagem. Para desenvolver a análise busca-se enfatizar os aspectos

cognoscitivos da interação sócio-emocionais; e a importância da disciplina na

sala de aula. Neste sentido, arrolam-se alternativas que o docente pode

adotar ao ministrar uma disciplina para que os alunos interajam com a aula,

pois se o docente conseguir conquistar a atenção dos estudantes, minimizara

amplamente qualquer chance de indisciplina.

Para dar sustentabilidade na analise, explicita-se também a relação

professor-aluno na sala de aula; O que é, e como se faz. E explicitam-se

alternativas de como o docente deve ou pode proceder no primeiro dia de aula

para angariar amplamente a atenção e envolvimento dos estudantes com o

programa pedagógico da disciplina, requisito considerado imprescindível para

atingir eficácia na aprendizagem dos estudantes.

Segundo Libâneo (1991), as relações entre professor e alunos, as

formas de comunicação, os aspectos afetivos e emocionais, a dinâmica das

manifestações na sala de aula fazem parte das condições organizativas do

trabalho docente. São as formas de aula, entre as quais pode se pontuar:

atividade individual, atividade coletiva, atividade em pequenos grupos,

atividade fora da classe etc. Atividades estas perpassam as práticas afetivas e

emocionais.

Este processo educativo diz respeito às relações pessoais (vínculos

afetivos) entre professor e aluno e às normas disciplinares indispensáveis ao

trabalho docente. Refere-se às normas e exigências objetivas que regem a

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conduta dos alunos na sala de aula (disciplina). O autor supramencionado

salienta que a relação paternal ou maternal deve ser evitada, por que a escola

não é um lar. A interação professor-aluno é aspecto fundamental da

organização da “situação didática”, tendo em vista alcançar os objetivos do

processo de ensino: a transmissão e assimilação dos conhecimentos, hábitos

e habilidades.

No que se refere aos aspectos cognoscitivos com relação à

transmissão e assimilação de conhecimentos, o autor explicita que são as

formas de comunicação dos conteúdos e às tarefas indicadas aos alunos. É o

processo que transcorre no ato de ensinar e aprender, tendo em vista a

transmissão e assimilação de conhecimentos. Ao ministrar as aulas o

professor sempre tem em vista tarefas cognoscitivas: objetivos da aula,

conteúdos, problemas, exercícios. Se couber colocar, previamente elaborados

e planejados, de preferência redigidos no plano de aula.

Em nossa atuação no magistério, constatamos diuturnamente que

muitos docentes se vêem perdidos diante da indisciplina na sala de aula.

Perplexos alguns questionam, como um professor pode manter a disciplina?

Respondendo ao questionamento podemos proferir que a disciplina em sala

de aula depende da organização no processo de ensino, plano de aula,

objetivos claros, conteúdos interessantes, métodos e procedimentos de

condução da aula eficientes que atraiam a atenção e participação dos

estudantes; para que a estimulação para a aprendizagem suscite a motivação

dos alunos é imprescindível planejar amplamente e minuciosamente cada

detalhe da aula. O professor deve ter o controle da aprendizagem, para isto

pode recorrer à avaliação do rendimento escolar. Eis que, estes rudimentos,

em outros termos, exigências e normas pedagógicas podem assegurar o

ambiente de trabalho escolar favorável ao ensino e aprendizagem, assim

como ao controle das ações e o comportamento dos estudantes.

Para Libâneo (1991), a autoridade profissional do docente se manifesta

no domínio da matéria que ensina e dos métodos e procedimentos de ensino,

no tato em lidar com a classe e com as diferenças individuais, na capacidade

de controlar e avaliar o trabalho dos alunos e o trabalho docente. A

autoridade moral é o conjunto das qualidades de personalidade do professor:

sua dedicação profissional, sensibilidade, senso de justiça, traços de caráter.

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A autoridade técnica constitui o conjunto de capacidades, habilidades e

hábitos pedagógico-didáticos necessários para dirigir com eficácia a

transmissão e assimilação de conhecimentos aos alunos.

Manifesta-se na capacidade de empregar com segurança os princípios

didáticos e o método didático da matéria, de modo que os alunos

compreendam e assimilem os conteúdos e sua relação com a atividade

humana e social, apliquem os conhecimentos na prática e desenvolvam

capacidades e habilidades de pensarem por si próprios. Um professor

competente se preocupa em dirigir e orientar a atividade mental dos alunos,

de modo que cada um deles seja um sujeito consciente, ativo e autônomo.

Segundo Libâneo (1991), motivação x aprendizagem e ensino-

aprendizagem não é uma atividade que nasce espontaneamente, o estudo

não é uma tarefa que os alunos cumprem com prazer, por mais que o

professor os estimule com incentivos, sempre deverá obrigá-los a fazer o que

não querem. Os alunos devem estar cientes de que o não-cumprimento das

exigências terá conseqüências desagradáveis. Mas essas normas não devem

ser tomadas como único meio de controle da classe.

A aprendizagem depende da motivação dos alunos para a

aprendizagem, através de conteúdos significativos e compreensíveis para

eles, assim como de métodos adequados, é fator preponderante na atitude de

concentração e atenção dos alunos. Se estes estiverem envolvidos nas

tarefas, diminuirão as oportunidades de distração e de indisciplina. O controle

da aprendizagem exige todos esses requisitos e implica também o

permanente acompanhamento das ações dos alunos.

Segundo MORALES (1999), que discute as seguintes questões: O que

é, e como se faz, a relação professor-aluno na sala de aula. A relação

professor-aluno no primeiro dia de aula. O autor sugere que o docente ao

introduzir um novo conteúdo deve recorrer a uma breve discussão sobre a

temática diagnosticando o conhecimento dos alunos sobre o tema, em

seguida poderá ministrar uma aula expositiva dialogada com os alunos.

Focando a relação professor-aluno o que é, e como se faz. O autor

mencionado enfatiza que alguns professores comentam nos bastidores que na

sala de aula, se limitam a ensinar; que se relacionam com os alunos apenas

fora da classe. Isto ocorre, porque muitos docentes não pensam na classe, de

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forma consciente e refletida, em termos de relação com os alunos. Não

visualizam espontaneidade em suas tarefas/ações na sala de aula, somente a

visualizam em termos de didática. (o que vão explicar e o que vão perguntar

etc.).

Outra coisa é pensar na classe como um lugar de relação, onde

inevitavelmente nos relacionamos com os alunos, pois a sala de aula como

lugar de relação pode abrir um horizonte de possibilidades. A forma como se

dá a relação do docente com os alunos pode e deve incidir positivamente no

aprendizado, não só nas matérias que ministramos, como em nossa própria

satisfação pessoal e profissional.

Todavia na classe é relação de um tipo ou de outro: O professor

explica, pergunta, responde, informa; comunica-se verbalmente e não

verbalmente de muitas maneiras. Os alunos, por sua vez, escutam,

perguntam, respondem e também se comunicam não verbalmente de muitas

maneiras. A relação professor-aluno na sala de maneira mais genérica, uma

vez que tudo é relação, habitual e global com a classe, pode correr o risco de

entender por relação o mais informal (se somos amáveis, se cumprimentamos

etc.), comentar o programa, organizar uma atividade em aula, explicar um

tema etc.

A relação com os alunos em situações especificas; relação clara

diferenciada é importante; quando fazemos perguntas orais na classe. Outro

âmbito é o da avaliação. Outro momento importante é do primeiro dia de aula

(as primeiras impressões tanto do professor quanto dos alunos). O modo de

nos comunicarmos que pode ser condicionante, para bem ou para mal. Nós

nos arriscamos mais quando falamos.

Outro tema que pode parecer menor é o de contar coisas pessoais em

classe. É impróprio? É adequado? (observar antes as reflexões). Nossa

relação com os alunos é uma relação profissional que deve potencializar seu

aprendizado integral (não só dos conteúdos que explicamos), mas fazer com

que comprem e levem mais do que tinham a intenção de comprar. A avaliação

informal inicial dos alunos, da primeira impressão é com freqüência perigosa e

pode levar o docente a adotar posturas e métodos inadequados.

Segundo Morales (1999), para iniciar um bom relacionamento, basta

preparar para os alunos um simples questionário anônimo perguntando sobre

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seus interesses, procedência e expectativas. A outra face da moeda é que

também os professores são avaliados pelos alunos desde o inicio, e essa (que

também pode ser fruto de preconceito, informação prévia etc.), avaliação dos

alunos pode ser muito subjetiva, sem base real, exagerada ou deformada, ou

também pode ser verdade, muitas vezes imaginamos transmitir uma imagem

da qual não estamos conscientes.

Para Morales (1999), no primeiro dia de aula o docente deve manifestar

o que espera dos alunos e não deve improvisar sua fala. É salutar apresentar

uma visão global do programa, dar normas oportunas, explicitar com muita

clareza o modo de avaliação. É importante levar em conta os aspectos

motivacionais, de vez que, os alunos estão muito atentos ao que o docente

quer dizer, oportunidade da qual não deve se descuidar. Um bom costume

pode ser de preparar um esquema bem pensado com tudo que queira dizer no

primeiro dia de aula. Ressalta-se que as primeiras aulas são de importância

capital não devem comprometer o curso.

Cabem as indagações: a) O que o docente deve dizer no primeiro dia

de aula? O que realmente importa que os alunos captem nessa primeira

aula?. Para estabelecer uma boa relação motivadora pode-se comunicar aos

alunos que o êxodo de todos é importante para o docente e instituição, expor

que existem altas expectativas em relação ao desenvolvimento dos

estudantes. Que um passado ruim não conta, que ninguém é predestinado ao

fracasso; que se espera muito de todos, conhecido refrão “ano novo, vida

nova,” é adequado para ser lembrado no inicio do curso.

Outrossim enfatizar que o fracasso não é indicador de êxito; que os

professores não necessitam de alunos reprovados para provar que são bons e

exigentes. Que a função dos professores consiste em contribuir para o

aprendizado dos estudantes; que assumimos papéis diferentes, mas

complementares, que o objetivo último é o mesmo para docentes e

estudantes, que aprendam e possam intervir na vida.

Para Morales (1999), o docente deve estar atento para o sucesso do

curso, exaltando junto aos educandos o que pode ser bom para ter otimismo

em relação à disciplina ou a matéria. Muitos estudantes alimentam baixa

expectativa, pois já sabem por tradição que a matéria é muito difícil, que são

poucos os que vão bem etc. em tais casos cabe ao docente explicitar que,

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climas negativos tendem a reforçar o fracasso. Quase exagerar em dar

normas e explicar como devem estudar essa matéria. O docente deve ficar

atento, pois ninguém transmite com credibilidade o que não sente, e o

fracasso de nossos alunos é nosso fracasso, no sentido que desempenhamos

uma ação profissional e não atingimos o objetivo. É necessário ter objetivos

claros e, além disso, comunicá-los e lembra-los quando for oportuno. Dar

normas claras sobre o que é importante para os alunos. Informar a tempo

sobre erros importantes. Não utilizar a informação como fonte de poder de

controle.

Neste contexto pode inferir que apesar de limitado por um

programa, conteúdo, tempo predeterminado, normas internas e pela estrutura

da instituição, é a interação entre o professor e o aluno que vai dirigir o

processo educativo. Conforme a maneira como essa interação se dá, a

aprendizagem do aluno pode se mais ou menos facilitada e orientada para

uma ou outra direção. Como toda relação, esta é também composta de dois

pólos – professor e aluno – e cabe a ambos determinar o clima dessa relação.

No entanto, como já vimos anteriormente, cada um desempenha um papel

diferente na sala de aula, cabendo ao professor tomar a maior parte das

iniciativas, dando o “tom” para o estabelecimento deste relacionamento.

Argumentações Finais

Ser professor/professora é ter a convicção de que sua paixão, seu

entusiasmo e seu saber podem tornar o mundo melhor, mais justo, mais

solidário e mais humano. Com os pés firmes no chão, porém usando da

liberdade de ousar, de descobrir novos caminhos e horizontes, de aprender e

ensinar, de socializar conhecimentos e fraternidade, com o objetivo maior de

transformar o mundo... É sonhar, mas tendo a certeza de que sonho e

realidade podem convergir para uma mesma direção, em busca do ideário.

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