MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO DO DESEMPENHO...
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
REGINALDO FIDELIS
MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO DO DESEMPENHO DE
COOPERATIVAS DE RECICLAGEM
TESE
PONTA GROSSA
2017
REGINALDO FIDELIS
MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO DO DESEMPENHO DE
COOPERATIVAS DE RECICLAGEM
Tese apresentada como requisito parcial para à obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Área de Concentração: Gestão Industrial. Orientador: Prof. Dr. João Carlos Colmenero
PONTA GROSSA
2017
Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento de Biblioteca da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa n.08/18
Elson Heraldo Ribeiro Junior. CRB-9/1413. 31/01/2018.
F451 Fidelis, Reginaldo
Método para determinação do desempenho de cooperativas de reciclagem. Reginaldo Fidelis. 2017.
143 f. : il. ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. João Carlos Colmenero
Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2017.
1. Cooperativas de reciclagem. 2. Padrões de desempenho. 3. Gestão integrada de resíduos sólidos. 4. Análise envoltória de dados. I. Colmenero, João Carlos. II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. III. Título.
CDD 670.42
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Ponta Grossa
Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
FOLHA DE APROVAÇÃO
Título da Tese Nº 14/2017
MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO DO DESEMPENHO DE COOPERATIVAS DE RECICLAGEM
Por
REGINALDO FIDELIS
Esta tese foi apresentada às 14h00nim de 08 de dezembro de 2017 como requisito parcial
para a obtenção do título de DOUTOR EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, com área de
concentração em Gestão Industrial, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores
abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.
Profa. Dra. Vanina Macowski Durski Silva (UFSC)
Prof. Dr. Ubiratã Tortato (PUCPR)
Prof. Dr. Aldo Braghini Jr. (UTFPR-PG)
Prof. Dr. Luis Mauricio Martins de Resende (UTFPR-PG)
Prof. Dr. João Carlos Colmenero (UTFPR-PG) Orientador
Prof. Dr. Antônio Carlos de Francisco (UTFPR) Coordenador do PPGEP
A Folha de Aprovação assinada encontra-se no Departamento de Registros Acadêmicos da UTFPR – Câmpus Ponta Grossa
Dedico este trabalho à toda minha família, que soube compreender meus longos
momentos de ausência.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Grande Arquiteto do Universo, Deus, o Criador de todas as
coisas, pelo dom da vida, e pela inspiração nas longas madrugadas.
Ao meu orientador João Carlos Colmenero, fonte de inspiração, e que sempre
com seus atos demonstra a importância da pesquisa para construção do
conhecimento. Sem seus ensinamentos esse trabalho não seria realizado.
Aos professores Aldo Braghini Jr., Luis Mauricio Martins de Resende, Ubiratã
Tortato e Vanina Macowski Durski Silva por suas fundamentais contribuições a este
trabalho.
Aos colegas e professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia
de Produção da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa,
pelo apoio e partilha dos conhecimentos.
À Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), pela liberação
concedida para cursar o doutorado.
Aos meus colegas de profissão da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, Campus Londrina.
À Companhia Municipal de Transporte e Urbanização de Londrina pelas
informações fornecidas.
Agradeço a todas as Cooperativas de reciclagem que com prontidão se
dispuseram a me receber e não pouparam esforços para responder as indagações
realizadas.
Deixo um agradecimento especial aos meus amigos Marco Antonio Ferreira e
Eliene Moraes pelo auxílio na condução deste trabalho.
À minha mãe Salete Camargo, ao meu sogro Ademir Ouvidio de Souza, à
minha sogra Sonia Aico de Souza e minha cunhada Sheila Karen de Souza que são
exemplo de força, dedicação à família e ao trabalho.
A todos que colaboraram direta ou indiretamente para a realização desse
trabalho.
Por fim, agradeço àqueles que são o meu amor maior, a minha razão de viver:
à minha esposa Dayanne Aline de Souza Fidelis por ser minha ouvinte em momentos
de angústia. Ao meu primogênito Pietro de Souza Fidelis e minha filha Marieh de
Souza Fidelis, que compartilharam das privações de um pai envolvido em um trabalho
dessa natureza.
RESUMO
FIDELIS, Reginaldo. Método para determinação do desempenho das cooperativas de reciclagem. 2017. 143 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2017. Em países em estágio de desenvolvimento, as Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis apresentam-se como um modelo de política pública de gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos com Potencial Reciclável (RSUPR) e são fundamentais na cadeia de recuperação de recursos. Assim, este estudo objetiva propor um método para auxiliar a análise do desempenho das cooperativas em suas Atividades Operacionais na Cadeia da Reciclagem (AOCR): na gestão da coleta dos RSUPR, na gestão da produção, na gestão da comercialização dos resíduos e como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR. Para exemplificar a aplicação do método, realizou-se uma pesquisa longitudinal de algumas características das cooperativas sediadas em uma cidade brasileira de porte médio em suas AOCR. Foram utilizados para o tratamento dos dados os Modelos DEA-SBM e DEA-Window, Análise de Regressão Tobit, teste de Kruskal-Wallis, método AHP e SAW. Os resultados sugerem que os índices integrados de desempenho das cooperativas apresentam variabilidade nos cenários analisados (aspectos econômico, ambiental e social), indicando que as preferências de um decisor alteram os índices e ranking de desempenho das cooperativas. Apontam ainda, que as cooperativas são heterogêneas, com distintos níveis de desempenho e organização administrativa e possuem dificuldades de comunicação; os aluguéis pagos pelos centros de triagem e dos caminhões para coleta são muito distintos, há cooperativa organizada em setores administrativos e em outras o presidente exerce todas as funções administrativas. Indicam também a necessidade de manutenção e o aumento de ações públicas integradas às cooperativas de catadores, visando o maior controle nas operações de coleta, produção e comercialização dos RSUPR, pois o aumento no desempenho das cooperativas em suas AOCR é fundamental para a sua sobrevivência e para a melhoria da qualidade de vida dos seus cooperados. Palavras-chave: Desempenho das Cooperativas de reciclagem; Redes de cooperativas; Análise Envoltória de Dados; Resíduos sólidos reutilízaveis; Gestão de resíduos sólidos; Análise em dois estágios.
ABSTRACT
FIDELIS, Reginaldo. Method for determining the performance of recycling cooperatives. 2017. 143 p. Thesis (Doctorate in Industrial Egineering) – Federal University of Technology – Paraná. Ponta Grossa, 2017. In developing countries, Recyclable Material Collectors Cooperatives are presented as a public policy model for managing Urban Solid Wastes with Recyclable Potential (MSWRP) being fundamentals in the resources recovery chain. Thus, this study aims to propose a method to help analyze the management performance of cooperatives in their Operational Activities in the Recycling Chain (OARC): in the waste collection management, in production management, in waste marketing management and as an instrument of social inclusion, income generation and MSWRP reduction. To exemplify the application of the method, a longitudinal research was carried out on some characteristics of cooperatives based in a medium-sized city of Brazil in their OARC. For data treatment were used the DEA-SBM and DEA-Window Models, Tobit Regression, Kruskal-Wallis test, AHP and SAW method. The results suggest that the integrated performance indexes of cooperatives present variability in the scenarios analyzed (economic, environmental and social aspects), indicating that the preferences of a decision maker change the indexes and performance ranking of cooperatives. Furthermore, the results indicate that cooperatives are heterogeneous, with different levels of management performance and administrative organization, besides that presenting communication difficulties, and the rent paid by the collection centers for the collection trucks are very different, in some cases there is a cooperative organized with separated administrative sectors and in others all administrative functions are performed by the of the president of the same. Results also indicate the need for maintenance and increases of public actions thereby integrating the cooperatives and waste collectors, aiming to guarantee greater control in the collection, production and commercialization of MSWRP, since increases in cooperatives management performances in their OARC is fundamental for their survival and for the improvement of its member’s life quality
Keywords: Performance of recycling cooperatives; Cooperative networks; Data envelopment analysis; Reusable solid waste; Solid waste management; Two-stage analysis.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Sistema simplificado de gerenciamento integrado de resíduos ................. 27
Figura 2: Canais de distribuição diretos e reversos ................................................... 30
Figura 3: Sistemas de logística reversa .................................................................... 31
Figura 4: Representação das fronteiras CRS e VRS ................................................ 50
Figura 5: Fronteira de eficiência ................................................................................ 54
Figura 6: Hierarquia do método AHP ........................................................................ 65
Figura 7: Estrutura de análise ................................................................................... 69
Gráfico 1: Desempenho média mensal na gestão da coleta ..................................... 83
Gráfico 2: Desempenho média mensal na gestão da produção ................................ 88
Gráfico 3: Desempenho média mensal na gestão da comercialização ..................... 91
Gráfico 4: Desempenho mensal das cooperativas como um instrumento de inclusão
social, geração de renda e redução de RSUPR ....................................... 96
Gráfico 5: índices integrados de desempenho das cooperativas ........................... 106
Quadro 1: Variáveis de entrada e saída: Desempenho na gestão da coleta ............ 43
Quadro 2: Variáveis de entrada e saída: Desempenho na gestão da produção ....... 44
Quadro 3: Variáveis de entrada e saída: desempenho na gestão da comercialização
................................................................................................................. 44
Quadro 4: Variáveis de entrada e saída: desempenho das cooperativas como um
instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR 46
Quadro 5: Modelos de orientações de fronteira ........................................................ 56
Quadro 6: CRI para matrizes quadradas de ordem n ................................................ 67
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Estimativa da quantidade de municípios em que há existência de
iniciativas Coleta seletiva de resíduos sólidos .......................................... 28
Tabela 2: As cooperativas e associações nas cidades-sede da Copa do Mundo de
Futebol em 2014 (projeção) .................................................................... 37
Tabela 3: Estatística descritiva .................................................................................. 77
Tabela 4: Desempenho mensal (DEA-W) na gestão da coleta ................................. 80
Tabela 5: Desempenho médio mensal na gestão da coleta e regressão de Tobit .... 82
Tabela 6: Desempenho mensal (DEA-W) na gestão da produção ............................ 85
Tabela 7: Desempenho mensal da gestão na produção e regressão de TOBIT ....... 87
Tabela 8: Desempenho mensal (DEA-W) da gestão na comercialização ................. 89
Tabela 9: Desempenho mensal da gestão na comercialização e regressão de TOBIT
................................................................................................................. 91
Tabela 10: Desempenho mensal (DEA-W) das cooperativas como um instrumento
de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR .................. 93
Tabela 11: Desempenho mensal das cooperativas como um instrumento de inclusão
social, geração de renda e redução de RSUPR, e regressão de TOBIT 95
Tabela 12: Matriz de comparação pareada dos critérios do Especialista da área
econômica .............................................................................................. 98
Tabela 13: Matriz de comparação pareada dos critérios do Especialista da área
econômica .............................................................................................. 99
Tabela 14: Matriz de comparação pareada dos critérios do Especialista da área
econômica ............................................................................................ 100
Tabela 15: Matriz de comparação pareada dos critérios do Especialista da área
ambiental .............................................................................................. 101
Tabela 16: Matriz de comparação pareada dos critérios do Especialista da área
econômica ............................................................................................ 102
Tabela 17: Matriz de comparação pareada dos critérios do Especialista da área
social .................................................................................................... 103
Tabela 18: Índice integrado de desempenho das cooperativas .............................. 105
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÔNIMOS
ABREVIATURAS Coop1 Cooperativa 1 Coop2 Cooperativa 2 Coop3 Cooperativa 3 Coop4 Cooperativa 4 Coop5 Cooperativa 5 Coop6 Cooperativa 6 Coop7 Cooperativa 7
SIGLAS
AHP Análise Hierárquica de Processo - Analytical Hierarchy Process AOCR Atividades Operacionais na Cadeia de Reciclagem CBO Classificação Brasileira de Ocupações CMTU Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina CRS ou CCR Constant Returns to Scale (retorno constante de escala) CT Centro de Triagem DEA-SBM Slacks-Based Measure DEA-W ou DEA-window
Window Analysis
DMU Decision Making Unit (unidade de tomada de decisão) MNCR Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos PNSB Política Nacional de Saneamento Básico RSU Resíduos Sólidos Urbanos RSUPR Resíduos Sólidos Urbanos com Potencial Reciclável SAW Simple Additive Weighting SF Stochastic Frontier (fronteira estocástica) VRS ou BCC Variable Returns to Scale (retorno variável de escala)
ACRÔNIMOS AFNOR Associação Francesa de Normatização IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada DEA Data Envelopment Analysis (Análise Envoltória de Dados) BRICS Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA .............................................................................. 16
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA .............................................................................. 18
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 18
1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 18
1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 19
1.4 ESTRUTURA DA TESE ..................................................................................... 21
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 23
2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO BRASIL ................................................ 23
2.1.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e Inclusão Socioprodutiva do
Catador na Gestão dos RSUPR ................................................................... 23
2.1.2 Os Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil ......................................................... 26
2.1.3 A Reciclagem nos Canais de Distribuição Diretos e Reversos da Cadeia
Produtiva ....................................................................................................... 29
2.1.4 Gestão RSUPR e seus Atores: Uma Breve Visão Panorâmica Global .......... 31
2.1.5 Gestão RSUPR e seus Atores: Brasil ............................................................. 33
2.2 MÉTODOS DE MEDIDAS DE DESEMPENHO .................................................. 38
3 METODOLOGIA .................................................................................................. 41
3.1 FASES DA PESQUISA ..................................................................................... 41
3.2 DETERMINAÇÃO DAS VARIÁVEIS ................................................................. 42
3.2.1 Desempenho na Gestão da Coleta ................................................................ 43
3.2.2 Desempenho na Gestão da Produção ........................................................... 43
3.2.3 Desempenho na Gestão da Comercialização ................................................ 44
3.2.4 Desempenho das Cooperativas como um Instrumento de Inclusão Social,
Geração de Renda e Redução de RSUPR ................................................... 45
3.3. INSTRUMENTOS DE MENSURAÇÃO ............................................................. 46
3.3.1 A Escolha do Modelo Matemático ................................................................... 46
3.3.2 Fundamentos Teóricos do Modelo DEA ......................................................... 49
3.3.2.1 Análise envoltória de dados baseado em folgas (DEA-SBM) ...................... 59
3.3.3 Análises Estatísticas ....................................................................................... 60
3.3.3.1 Comparação entre amostras ........................................................................ 60
3.3.3.2 Análise de regressão .................................................................................... 61
3.3.4 Métodos Multicritérios como Ferramenta de Apoio à Tomada de Decisão ..... 62
3.3.4.1 Simple additive weighting (SAW) ................................................................. 63
3.3.4.2 Análise hierárquica de processo - Analytical hierarchy process (AHP) ....... 64
3.3.4.2.1 Construção de hierarquias ....................................................................... 65
3.3.4.2.2 Estabelecimento de prioridades ................................................................ 66
3.3.4.2.3 Consistência lógica das prioridades ......................................................... 66
3.3.4.2.4 Estabelecimento de critérios .................................................................... 67
3.3.4.2.5 Preferências do decisor ............................................................................ 68
3.3.4.2.6 Análise de sensibilidade ........................................................................... 68
3.4 ESTRUTURA DO MÉTODO PROPOSTO PARA DETERMINAÇÃO DOS
ÍNDICES DE DESEMPENHO DAS COOPERATIVAS ...................................... 68
3.5 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS ......................................................... 69
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 71
4.1 DESCRIÇÃO DAS COOPERATIVAS ESTUDADAS ......................................... 71
4.1.1 Coop1 ............................................................................................................. 72
4.1.2 Coop2 ............................................................................................................. 73
4.1.3 Coop3 ............................................................................................................. 74
4.1.4 Coop4 ............................................................................................................. 74
4.1.5 Coop5 ............................................................................................................. 75
4.1.6 Coop6 ............................................................................................................. 75
4.1.7 Coop7 ............................................................................................................. 76
4.2 OS DADOS ....................................................................................................... 76
4.3 DESEMPENHO DAS COOPERATIVAS ........................................................... 80
4.3.1 Desempenho na Gestão da Coleta ................................................................ 80
4.3.2 Desempenho na Gestão da Produção ........................................................... 84
4.3.3 Desempenho na Gestão da Comercialização ................................................ 89
4.3.4 Desempenho das Cooperativas como um Instrumento de Inclusão Social,
Geração de Renda e Redução de RSUPR ................................................... 93
4.4 ÍNDICE INTEGRADO DE DESEMPENHO ........................................................ 97
4.4.1 Cenário 1: Dimensão Econômica ................................................................... 98
4.4.2 Cenário 2: Dimensão Ambiental ................................................................... 100
4.4.1 Cenário 3: Dimensão Social ......................................................................... 102
4.5 SÍNTESE ......................................................................................................... 104
5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 110
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 112
APÊNDICE A ........................................................................................................ 127
APÊNDICE B ........................................................................................................ 135
APÊNDICE C ........................................................................................................ 141
14
1 INTRODUÇÃO
Historicamente, o resíduo sólido é inerente à atividade humana. No entanto,
o crescimento populacional, a urbanização, o desenvolvimento econômico e a
evolução tecnológica afetam os modos de produção, o estilo de vida e o consumo da
população, tendo, como consequência, o aumento da quantidade e da diversidade de
resíduos sólidos gerados. Esse fato, adicionado a recursos financeiros limitados, a
tecnologias básicas de tratamento e eliminação e à deficiente aplicação de
regulamentações referentes à gestão de resíduos, torna o seu manejo uma tarefa
difícil e complexa em países em desenvolvimento (CHEN et al., 2010; FU; LI; WANG,
2015).
Desde meados da década de 70, a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico aponta a reciclagem de resíduos como sendo uma das
prioridades na gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) (DEMAJOROVIC, 1995).
Segundo a Environmental Protection Agency of US (US EPA), a reciclagem é
ambientalmente a melhor estratégia para lidar com os RSU, seguida das estratégias
preventivas de redução e reuso de recursos (US EPA, 2004). A reciclagem também
tem sido apontada como uma estratégia-chave na gestão dos RSU pelo (1) enfoque
ambiental: na redução da poluição, na preservação dos recursos naturais, na
diminuição dos impactos ambientais, na diminuição dos resíduos destinados aos
lixões e aterros sanitários e, consequentemente, no aumento da sua vida útil, na
economia de energia elétrica, entre outros (GUTBERLET, 2015; KING; ZENG et al.,
2015; IPEA, 2010); (2) pelo enfoque econômico: na redução de custo para indústrias
em processar o reciclável em vez do recurso natural, na quantidade de indivíduos
(catadores) que retornam a ter participação econômica ativa na economia, na redução
dos custos de manutenção/criação de aterros sanitários ou lixões, na movimentação
da indústria de reciclagem, no incentivo à implantação de microempresas recicladoras
etc. (GUTBERLET, 2015; IPEA, 2010; PAUL et al., 2012, FIDELIS; FERREIRA;
COLMENERO, 2015; WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006); (3) pelo enfoque social:
na inclusão de catadores no mercado de trabalho, na geração de renda, na melhora
da qualidade de vida e no fortalecimento da cidadania dos indivíduos envolvidos
diretamente com a coleta e a triagem dos resíduos sólidos urbanos com potencial
15
reciclável (RSUPR) (PAUL et al., 2012; WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006;
ASSIM; BATOOL; CHAUDHRY, 2012; KING; GUTBERLET, 2015; ISWA, 2012).
O setor informal1 de reciclagem - normalmente composto de pessoas pobres,
excluídas da sociedade em razão de sua idade, condição social, baixa escolaridade
ou por não encontrarem alocação no mercado formal de trabalho (WILSON; VELIS;
CHEESEMAN, 2006; GUTBERLET, 2015) - tem sido parte fundamental na gestão dos
RSU em países em desenvolvimento, principalmente na realização das atividades de
coleta, classificação e comercialização dos RSU com potencial reciclável (RSUPR)
(WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006; MEDINA, 2000; PAUL et al., 2012; ASSIM;
BATOOL; CHAUDHRY, 2012; SANDHU; BURTON; DEDEKORKUT-HOWES, 2017).
Em muitos casos, o trabalho executado pelo setor informal subsidia o sistema
formal e pode ser considerado como uma prestação de serviço da qual as cidades
desfrutam (CAMPOS, 2014), pelo fato de os catadores sobreviverem apenas em
virtude da comercialização dos materiais (WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006;
ASSIM; BATOOL; CHAUDHRY, 2012) “...sem ter que pagar por isso, porque o ganho
ambiental é um subproduto dos interesses econômicos dos recicladores informais"
(SPIES; SCHEINBERG, 2010, p. 131). Segundo Wilson; Velis; Cheeseman (2006), é
possível melhorar os serviços de gestão dos RSU desde que os municípios percebam
a importância da reciclagem informal.
Alguns pesquisadores apontam a necessidade de integrar os sistemas de
reciclagem informal existentes nas operações de gestão formal de RSU realizados
nas cidades (por exemplo: ASSIM; BATOOL; CHAUDHRY, 2012; MEDINA, 2000;
WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006; WILSON et al., 2009; SASAKI; ARAKI, 2014,
CAMPOS, 2014). Segundo Wilson; Velis; Cheeseman (2006), é possível melhorar os
serviços de gestão de resíduos, desde que os municípios percebam a importância da
reciclagem informal.
No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) tem como um de
seus princípios a integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas
ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos
(BRASIL, 2010a) e, como consequência, os catadores informais ou organizados em
1 Utilizou-se a definição de setor informal de um estudo da German Technical Cooperation Agency (GTZ) de 2006 (SCHEINBERG et al., 2010; WEHENPOHL et al., 2007): o setor informal de resíduos sólidos refere-se a indivíduos ou empresas envolvidos nas atividades de reciclagem e gestão de resíduos, mas que não são contratados, financiados, reconhecidos ou autorizados pelos órgãos formais responsáveis pela gestão dos RSU.
16
associações e cooperativas têm participação direta na gestão de resíduos, por serem
os principais agentes responsáveis pela coleta, classificação e comercialização do
RSUPR.
Segundo o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis –
MNCR (2008), os catadores são responsáveis por 89% dos RSUPR que retornam
para as indústrias como matéria-prima. Assim, a cadeia produtiva da reciclagem no
Brasil depende da eficiência do trabalho dos catadores que estão na base do sistema
produtivo, coletando, processando e comercializando os materiais.
A cadeia produtiva pode ser definida como uma sequência de transformações
a que uma matéria prima é submetida em uma via econômica, iniciando na exploração
da matéria-prima em seu ambiente natural, passando pelos circuitos produtivos, de
consumo, tratamento, reaproveitamento e disposição final, até seu retorno à natureza
(AFNOR, 1987). Considerando essa definição de cadeia produtiva da Associação
Francesa de Normatização (AFNOR), o estudo do IPEA (2010) e a Política Nacional
de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010a), as atividades operacionais na cadeia de
reciclagem (AOCR) atribuídas às cooperativas de reciclagem têm início com a coleta
dos RSUPR pelo sistema porta a porta, passando pela classificação/triagem dos
resíduos por tipo de material em galpões ou centros de triagem (ou, de forma mais
especializada, em centrais de reciclagem) e finalizando com a comercialização dos
materiais, para sua posterior transformação nas indústrias.
No entanto, as cooperativas e associações possuem dificuldades gerenciais,
que levam as cooperativas a terem distintos graus de organização, de economias de
escala e de articulação com os outros elos da cadeia da reciclagem, por exemplo,
fazendo com que as cooperativas obtenham preços diferentes para um mesmo
produto comercializado (IPEA, 2010), limitando, então, seu desempenho na cadeia da
reciclagem. Assim se delineia a problemática desta pesquisa.
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
Nos países em crise, em estágio de desenvolvimento ou em transição, a
coleta, a classificação e a comercialização dos RSUPR são realizadas
predominantemente pelo setor informal (ASSIM; BATOOL; CHAUDHRY, 2012;
17
MEDINA, 2000; WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006; WILSON et al., 2009; VELIS
et al., 2012).
No Brasil, a partir da promulgação da PNRS, em 2010, as associações e as
cooperativas compostas por catadores passaram a ser os principais agentes na
gestão dos RSUPR (BRASIL, 2010a). Geralmente, as cooperativas e as associações
trabalham em pequena escala, utilizam tecnologia adaptada ao trabalho intenso, os
catadores possuem baixa remuneração, exercem trabalho não planejado e não são
registrados em previdência social (WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006; MAGERA,
2003).
De acordo com o IPEA (2013), a formalização dos catadores em
empreendimentos coletivos (associações e cooperativas) é essencial para a gestão
eficiente dos RSUPR, visto que esses empreendimentos surgem com o intuito de
fortalecer os catadores que, por sua vez, constituem o elo economicamente mais frágil
na cadeia de valor da reciclagem. As cooperativas proporcionam, aos seus membros,
viabilidade econômica e estrutural para tarefas de coleta, armazenamento,
processamento e comercialização dos RSUPR (MNCR, 2014; MEDINA, 2000), que
são fundamentais na cadeia de recuperação de recursos (GUTBERLET, 2015;
MEDINA, 2000) e na obtenção de investimentos e direitos junto aos governos federal,
estaduais e municipais.
Além disso, as cooperativas de reciclagem apresentam-se como um modelo
de política pública2 de gestão dos RSUPR (RIBEIRO et al., 2009, FIDELIS;
FERREIRA; COLMENERO, 2015). No entanto, devido à ausência de formação
profissional, de capacitação para o exercício da atividade, de educação formal e de
recursos financeiros e, também, por questões culturais inerentes aos próprios
catadores, as cooperativas de reciclagem não direcionam suas ações de forma a
otimizar suas atividades operacionais na cadeia de reciclagem (AOCR), que englobam
coleta, classificação, armazenamento e comercialização dos RSUPR. As cooperativas
apresentam alto grau de heterogeneidade, com distintos níveis de desempenho e
organização em suas AOCR, limitando e condicionando a efetividade de políticas
públicas eficientes (IPEA, 2010; TIRADO-SOTO; ZAMBERLAN, 2013).
2 Inclusão socioprodutiva do catador na gestão dos RSUPR, geração de renda e melhoria na qualidade de trabalho do catador, na redução da poluição, na preservação dos recursos naturais, na diminuição dos impactos ambientais, na diminuição dos resíduos destinados aos lixões e aterros sanitários etc.
18
Nesse contexto, emerge a seguinte pergunta problema: Como determinar os
índices de desempenho das cooperativas de reciclagem?
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA
1.2.1 Objetivo Geral
Propor um método para determinar os índices de desempenho das
cooperativas de reciclagem.
1.2.2 Objetivos Específicos
Tendo em vista o objetivo geral e a questão de pesquisa anteriormente
declarados, tem-se os objetivos específicos:
Definir os indicadores de produtividade nas atividades operacionais das
cooperativas de reciclagem na cadeia de valor da reciclagem.
Determinar os índices de desempenho das cooperativas de reciclagem em
relação às suas AOCR, ou seja, determinar os índices de desempenho: na
gestão da coleta dos RSUPR realizado pelas cooperativas; na gestão da
produção, que é composta pelas etapas de armazenamento,
classificação/triagem dos resíduos por tipo de material e prensagem dos
materiais (fluxo interno); na gestão da comercialização dos materiais.
Determinar os índices de Desempenho das cooperativas como um
instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR.
Determinar um índice integrado de desempenho a partir dos índices de
desempenho das cooperativas em suas AOCR e como um instrumento de
inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR.
Construir uma estrutura hierárquica que propicie a aplicação do método
proposto.
Aplicar o método proposto em um conjunto de cooperativas.
Verificar a aderência do método proposto.
19
1.3 JUSTIFICATIVA
De acordo com Medina (2000), países em desenvolvimento, em especial nos
países da Ásia e da América Latina, a reciclagem de resíduos sólidos municipais
depende da coleta realizada por trabalhadores informais, chamados de “catadores”.
Estes trabalhadores constituem um segmento marginalizado e vulnerável da
população, representando 2% da população residente nos municípios.
Dessa forma, pela amplitude, relevância e atualidade da problemática RSU,
os temas gestão de RSUPR e cooperativas de reciclagem têm chamado a atenção de
gestores governamentais e de pesquisadores (BRINGHENTI; ZANDONADE;
GÜNTHER, 2011; OGUNTOYINBO, 2012; GUTBERLET, 2015; WILSON; VELIS;
CHEESEMAN, 2006; MEDINA, 2000; MATTER; DIETSCHI; ZURBRÜGG, 2013;
WILSON et al., 2009; EZEAH; FAZAKERLEY; ROBERTS, 2013; CAMPOS, 2014;
FIDELIS; FERREIRA; COLMENERO, 2015, dentre outros).
O Brasil, como diversos outros países com economia em desenvolvimento,
apresenta preocupação com o crescimento na geração, coleta e disposição de RSU
(JABBOUR et al., 2014) e, por meio de portarias, decretos, leis e instruções
normativas que visam o gerenciamento dos RSU, direcionou, a partir de 2003, mais
de 500 milhões de reais para ações que envolviam a inclusão de catadores de material
reciclável na gestão dos RSUPR. No entanto, segundo o IPEA (2010), as associações
e cooperativas de reciclagem possuem dificuldades gerenciais, com distintos níveis
de organização, que restringe seu desempenho na cadeia da reciclagem.
Em países em desenvolvimento, é fundamental que as cooperativas
aumentem seu desempenho em suas AOCR (1) para melhora na renda, qualidade de
vida e de trabalho dos cooperados e (2) para sua inserção no sistema formal de gestão
dos RSU, pois é preciso que elas supram as necessidades do município na coleta e
no tratamento (classificação e comercialização) dos RSUPR.
Dessa forma, este estudo propõe um método para auxiliar a análise do
desempenho das cooperativas de reciclagem em cada uma das AOCR atribuídas às
cooperativas, pois, segundo o IPEA (2010), são indispensáveis para permitir a
formulação de instrumentos de medição compatíveis e efetivos referentes à gestão de
RSU com a inclusão socioprodutiva de catadores, informações de organização e
atuação das cooperativas, ou seja, informações relativas à coleta, ao processamento
dos materiais e aos resultados econômicos das operações de comercialização.
20
Propõe, também, um método para auxiliar a análise do desempenho das cooperativas
como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR,
pois, em países em estágio de desenvolvimento, as cooperativas de reciclagem
podem atuar como um modelo de política pública na gestão dos RSUPR com geração
de renda para as populações menos favorecidas (RIBEIRO et al., 2009; FIDELIS;
FERREIRA; COLMENERO, 2015; MEDINA, 2010; WILSON; VELIS; CHEESEMAN,
2006), além de ser um dos princípios da PNRS (BRASIL, 2010a).
Assim, este estudo justifica-se: (1) pela importância do Brasil no contexto
mundial3, e que o sucesso ou o fracasso na gestão de RSUPR no Brasil está
diretamente ligado ao desempenho das cooperativas de reciclagem em suas AOCR
(BRASIL, 2010a); (2) pela crescente quantidade de estudos acadêmicos, nacionais e
internacionais, relacionados à problemática “gestão de resíduos”; (3) pelo crescente
foco mundial na redução de resíduos sólidos, reutilização e reciclagem; (4) pela
concentração de esforços para a redução da pobreza, apresentada pela Organização
da Nações Unidas, em 2005, como um dos objetivos de desenvolvimento do milênio
(WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006), visto que a reciclagem é um meio de inclusão
social para populações menos favorecidas nos países em desenvolvimento (MEDINA,
2000; WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006; WILSON et al., 2009)
Além disso, este estudo: (1) realizará um estudo longitudinal de algumas
características das cooperativas em suas AOCR; (2) apresentará uma avaliação
comparativa entre as cooperativas de reciclagem, pois o isolamento, como parte da
exclusão social, leva as sociedades de catadores a desenvolverem seus próprios
hábitos e valores (WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006); (3) analisará o
desempenho das cooperativas nos setores da coleta, produção e comercialização,
identificando fatores que possam contribuir para o incremento no seu desempenho;
(4) analisará o desempenho das cooperativas como um instrumento de inclusão
social, geração de renda e redução de RSUPR, visto que, em países em
desenvolvimento, a reciclagem representa inclusão social, controle de resíduos,
redução de custos de tratamento e conservação de recursos naturais (WILSON;
VELIS; CHEESEMAN, 2006; GUTBERLET, 2015; FIDELIS; FERREIRA;
COLMENERO, 2015).
3 O Brasil é o quinto maior país do mundo em extensão territorial e populacional, a nona economia
mundial (IMF, 2016), responsável por 32% do produto interno bruto da América Latina (JABBOUR; JABBOUR, 2014) e integrante do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
21
Dessa forma, este estudo proporcionará uma visão geral do desempenho
das cooperativas de reciclagem em suas AOCR e como um instrumento de inclusão
social, geração de renda e redução de RSUPR, apresentando os aspectos que tornam
o desempenho das cooperativas (in)eficientes. Assim, poderá auxiliar o poder público
(federal, estadual e municipal) na realização de ações direcionadas à gestão de
RSUPR com inclusão socioprodutiva de catadores. De igual modo, poderá contribuir
com as cooperativas no sentido de auxiliá-las na melhoria dos processos contidos na
cadeia da reciclagem, pois parte-se do pressuposto que a aceitação de propostas de
melhoria por parte das cooperativas será mais eficiente se utilizado seu próprio
contexto.
Essa avaliação do desempenho é necessária pois, apesar de as cooperativas
estarem fundamentadas na economia solidária (GUTBERLET, 2015), encontram-se
inseridas em uma economia capitalista, de forma que o aumento em seu desempenho
é fundamental para a sua sobrevivência e para a melhoria da renda e da qualidade de
vida dos seus cooperados. Este estudo não incentiva a concorrência entre as
cooperativas, mas, sim, evidencia aquelas mais eficientes, a fim de que possam servir
de benchmarking para as outras e, consequentemente, contribuir para o aumento de
seus desempenhos.
1.4 ESTRUTURA DA TESE
O trabalho está descrito em cinco capítulos. No primeiro capítulo, são
apresentadas as diretrizes do trabalho, contemplando o contexto da pesquisa, os
fatores que motivaram a sua concepção, os objetivos e o problema de pesquisa, um
breve recorte temático, a relevância do tema e a justificativa para a realização da
pesquisa.
No segundo capítulo é apresentada a revisão bibliográfica, que abrange: a
gestão de resíduos sólidos no Brasil, que inclui a PNRS, as características dos
resíduos sólidos urbanos no Brasil, a reciclagem nos canais de distribuição diretos e
reversos da cadeia produtiva e a Gestão RSUPR e seus atores; apresenta também
algumas considerações sobre os métodos de medida de desempenho.
O terceiro capítulo é composto pelos procedimentos metodológicos que
norteiam a tese, englobando as fases da pesquisa, a determinação das variáveis, os
22
instrumentos de mensuração, os motivos que levaram à escolha do modelo DEA e
sua fundamentação teórica, as análises estatísticas utilizadas como ferramenta de
apoio, a estrutura do método proposto para determinação dos índices de desempenho
das cooperativas e a coleta e tratamento dos dados.
O quarto capítulo apresenta os resultados e a discussão, subdivididos em sete
etapas: a primeira, compreende uma descrição das cooperativas analisadas, em
relação a características específicas das cooperativas, como sua governança; as três
seguintes são compostas de apresentação dos índices de desempenho das
cooperativas em cada uma de suas atividades operacionais (coleta, produção e
comercialização); a quinta etapa é constituída pelos índices de desempenho das
cooperativas como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de
RSUPR; a sexta etapa corresponde à determinação dos índices integrados de
desempenho, utilizando três cenários distintos (econômico, ambiental e social); e a
sétima e última etapa apresenta uma síntese da análise dos resultados.
No último capítulo são apresentadas as considerações finais da pesquisa.
23
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO BRASIL
2.1.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e Inclusão Socioprodutiva do
Catador na Gestão dos RSUPR
O Brasil, ao longo das últimas décadas, tem apresentado uma preocupação
com a sustentabilidade ambiental (JABBOUR et al., 2014). Desde a promulgação da
Constituição Federal de 1988, muitos avanços foram alcançados na legislação
brasileira referentes aos temas resíduos sólidos, saneamento e inclusão
socioprodutiva do catador na gestão dos RSUPR; dentre eles, destacam-se a Política
Nacional de Saneamento Básico (PNSB - Lei n° 11.445/07) e a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (Lei n° 12.305/10):
Lei nº 11.445/2007, de 05 de janeiro de 2007, que estabelece as diretrizes
nacionais para o saneamento básico e para a política federal de
saneamento básico. Em seu artigo 57 modifica a Lei de Licitações e
Contratos (Lei nº 8.666/93), dispensando de licitação a contratação de
associações ou cooperativas de catadores formadas exclusivamente por
pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como
catadores de materiais recicláveis para o serviço de coleta seletiva4
(BRASIL, 2007);
Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, que institui Política Nacional de
Resíduos Sólidos. Esta lei é resultado de reflexões e discussões sobre os
desafios e as temáticas relacionadas ao manejo de resíduos sólidos e
limpeza urbana (artigo 7° da Lei n° 11.445/2007). Essa política reúne
princípios, objetivos e instrumentos, bem como as diretrizes relativas à
gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os
perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos
4 A Lei 12.305/2010, que instituiu a PNRS, define coleta seletiva como a coleta de resíduos sólidos
previamente separados de acordo com sua constituição e composição, devendo ser implementada pelos municípios como forma de encaminhar as ações destinadas ao atendimento do princípio da hierarquia na gestão de resíduos sólidos, dentre as quais inclui-se a reciclagem.
24
instrumentos econômicos aplicáveis. O PNRS previa a elaboração do
Planos Municipais de Gestão Integrada até 2 de agosto de 2012, e o
encerramento dos lixões até 2 de agosto de 2014 (BRASIL 2010a). No
entanto, o Senado Federal prorrogou o prazo para as cidades brasileiras
adequarem a gestão que fazem do lixo às regras da PNRS: até 31 de julho de
2018, para capitais de estados e municípios integrantes da Região
Metropolitana; até 31 de julho de 2019, para municípios com população
superior a 100.000 habitantes no Censo 2010; até 31 de julho de 2020, para
municípios com população entre 50.000 e 100.000 habitantes no Censo
de 2010; até 31 de julho de 2021, para municípios com população inferior
a 50.000 habitantes no Censo de 2010 (BRASIL, 2014).
Os catadores informais ou organizados em associações e cooperativas são
os principais agentes responsáveis pela coleta, classificação e comercialização do
RSUPR, tendo participação direta na gestão dos resíduos sólidos urbanos. O PNRS
(BRASIL, 2010a):
Tem como um de seus princípios o reconhecimento do resíduo sólido
reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador
de trabalho e renda e promotor de cidadania (Artigo 6º, VIII);
Apresenta em seus objetivos a integração dos catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos (Artigo 7º, XII);
Incentiva a criação e o desenvolvimento de cooperativas ou de outras
formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
(Artigo 8º, IV);
Exige como conteúdo mínimo do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que
deve ser atualizado a cada 4 anos, dentre outros, as metas para a
eliminação e recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à
emancipação econômica de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis (Artigo 15º, V);
Prioriza o acesso aos recursos da União dos Municípios que implantarem
a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de
associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas
por pessoas físicas de baixa renda (Artigo 18º, § 1º, II);
25
Exige que o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos
contenha os programas e as ações para a participação dos grupos
interessados, em especial das cooperativas ou outras formas de
associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas
por pessoas físicas de baixa renda (Artigo 19º, XI);
Estabelece que o plano de gerenciamento de resíduos sólidos descreva
sobre a atuação das cooperativas ou de outras formas de associação de
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis na gestão RSUPR (Artigo
21º, § 3º, I);
Obriga fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos
produtos (de algumas áreas específicas) a tomar todas as medidas
necessárias para assegurar a implementação e operacionalização do
sistema de logística reversa sob seu encargo, consoante o estabelecido
neste artigo, podendo, entre outras medidas, atuar em parceria com
cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis (Artigo 33º, § 3º, III);
Institui que, na gestão dos RSUPR, o titular dos serviços públicos de
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos deve priorizar a
contratação de cooperativas ou de outras formas de associação de
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas
físicas de baixa renda para prestação de serviço. A contratação de
cooperativas dispensa licitação pública (Artigo 36º, § 1º, § 2º);
Possibilita, ao poder público, instituir medidas indutoras e linhas de
financiamento para atender, prioritariamente, às iniciativas de implantação
de infraestrutura física e de aquisição de equipamentos para cooperativas
ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis (Artigo 42º, III);
Estabelece que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios
poderão instituir normas com o objetivo de conceder incentivos fiscais,
financeiros ou creditícios a projetos relacionados à responsabilidade pelo
ciclo de vida dos produtos, prioritariamente em parceria com cooperativas
ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis (Artigo 44º, II).
26
Em linhas gerais, a PNRS: (a) proíbe a utilização de aterros não controlados
e obriga o governo federal, os estados e os municípios a elaborarem planos de
tratamento de resíduos sólidos, estabelecendo metas e programas de reciclagem; (b)
prioriza a inclusão de catadores no sistema de coleta, beneficiamento e
comercialização dos RSUPR; e (c) insere as cooperativas de catadores na estrutura
formal dos programas federais, estaduais e municipais de incentivos financeiros para
a gestão dos RSUPR. O PNRS reconhece o resíduo sólido reutilizável e reciclável
como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor
de cidadania.
2.1.2 Os Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil
Os RSU são materiais, substâncias, objetos ou bens descartados resultantes
de atividades humanas em sociedade, a qual a destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder. São resultantes de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Já a
reciclagem é o processo de transformação dos resíduos sólidos que envolvem a
alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à
transformação em insumos ou novos produtos (ABNT, 2004; BRASIL, 2010a;
OLIVEIRA, 2012).
Os resíduos sólidos domiciliares são gerados nas residências e suas
destinações são de responsabilidade do poder público local (WAITE, 1995); são
compostos por: resíduos “orgânicos”, como restos de comidas etc.; resíduos
denominados “rejeitos”, como papel-toalha usado, papel de bala laminado etc.; e
resíduos “recicláveis”, como vidro, alumínio, papel/papelão etc.
O ciclo de resíduos sólidos domiciliares, desde sua obtenção como matéria-
prima até sua destinação e seus potenciais impactos ambientais, é apresentado por
Aguiar (1999) na Figura 1. O processo inicia-se a partir da obtenção da matéria-prima
do meio ambiente; as indústrias transformadoras convertem a matéria-prima em
produtos para consumo, para outras indústrias, empresas ou o consumidor final. Após
o uso pelo consumidor final, é gerado o resíduo orgânico, o rejeito e o reciclável. Os
resíduos orgânicos podem ser destinados a compostagem; os considerados rejeitos
podem ser incinerados ou destinados a aterros sanitários; já os recicláveis podem ser
27
direcionados aos centros de triagem, para classificação por tipo de material para
posterior comercialização das indústrias de reciclagem.
Figura 1: Sistema simplificado de gerenciamento integrado de resíduos
Fonte: Aguiar (1999)
A destinação incorreta dos resíduos, como, por exemplo, o plástico não
biodegradável, entre outros resíduos, ocasiona: diminuição da vida útil dos aterros
sanitários, onerando financeiramente o sistema; liberação de materiais tóxicos, pois,
se incinerados, liberam gases tóxicos; e a lixiviação de produtos químicos providos do
plástico (ZANIN; MANCINI, 2004; SIMONEIT; MEDEIROS; DIDYK, 2005).
Nos relatórios “Panorama dos resíduos sólidos no Brasil de 2008 a 2014”,
apresentados pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais (ABRELPE), o Brasil apresentou progressos na quantidade de
municípios que realizam a coleta seletiva dos RSU (Tabela 1); pouco mais de 55%
dos municípios brasileiros apresentavam alguma iniciativa de coleta seletiva em 2008,
já em 2014, esse percentual elevou-se para aproximadamente 65%. A Região Centro-
Oeste é a região com o menor índice de coleta seletiva, de 2008 até 2014, mas
apresentou o maior índice de crescimento, 65%. Já as regiões Sudeste e Sul sempre
apresentaram os maiores índices de coleta seletiva. No entanto, esses dados devem
ser analisados com cautela, pois foram considerados levando-se em conta que,
muitas vezes, trata-se apenas de disponibilização de pontos de coleta ou convênios
28
com cooperativas de catadores, e que nem sempre abrangem toda a área ou a
população dos municípios.
Tabela 1: Estimativa da quantidade de municípios em que há existência de iniciativas Coleta seletiva de resíduos sólidos
ano Brasil (%)
Regiões do Brasil
Norte (%) Nordeste (%) Centro-
Oeste (%) Sudeste (%) Sul (%)
2008 55.87 42.8 33.7 22.7 78.4 75.7
2009 56.64 44.1 34.2 26.1 78.7 76.2
2010 57.63 45.7 34.8 27.7 79.5 77.7
2011 58.63 46.5 36.3 28.1 80.1 78.8
2012 59.77 47.4 38.7 31.8 80.5 79.5
2013 62.10 49.5 40.4 33.8 82.6 81.9
2014 64.78 53.1 42.8 37.5 85 84.7
Fonte: ABRELPE (2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014)
A geração média de resíduos sólidos per capita no Brasil oscila entre 0,77 e
1,19 kg/dia, correspondendo a aproximadamente 0,98 kg/dia. A coleta regular de
resíduos sólidos abrange 98% da população residente de áreas urbanas e 80% de
todo o Brasil (IBGE, 2009).
Com relação à geração per capita de resíduos sólidos das regiões brasileiras,
medidas em kg/dia: Centro-Oeste, com 1,47, destacando-se o Distrito Federal com
2,47; Sul, com 0,81; Nordeste, com 1,03; Sudeste, com 0,88; e, finalmente, Norte, com
1,15 (IBGE 2009).
As características gravimétricas básicas dos resíduos sólidos urbanos
coletados no Brasil correspondem a: 31,9% com potencial reciclável; 51,4% são
compostos de matéria orgânica; e 16,7% são caracterizados como outros materiais.
Dos 31,9% que têm potencial reciclável correspondem: 9,09% a metais (7,21% de aço
e 1,88% de alumínio); 41,1% a papel, papelão e tetrapak; 42,3% equivalem ao plástico
(plástico filme, 27,9%; plástico rígido, 14,4%); e 7,5% ao vidro (IPEA, 2012).
A geração e as características físicas dos resíduos sólidos podem variar em
função de diversos aspectos, como sociais, econômicos, geográficos, climáticos,
períodos festivos, época do ano, dia da semana, acondicionamento das cargas etc.
(ROVIRIEGO, 2005).
29
2.1.3 A Reciclagem nos Canais de Distribuição Diretos e Reversos da Cadeia
Produtiva
A PNRS apresenta, no ciclo de vida do produto, um acordo setorial de
responsabilidade conjunta entre o poder público, fabricantes, importadores,
distribuidores ou comerciantes (BRASIL, 2010a). As empresas são responsáveis pelo
ciclo de vida do produto, significando ser responsável pelo destino final
ambientalmente correto de seus produtos pós-consumo e pós-venda.
Nesse sentido, a logística reversa é um fator importante para a efetivação da
PNRS, pois ela é a área responsável pelo retorno dos materiais pós-consumo e pós-
venda ao ciclo produtivo. A logística reversa é o processo de transferência de pós-
consumo, bem como o pós-venda de materiais, a partir de sua disposição para
reintegração no ciclo produtivo, sem causar grandes impactos ambientais, utilizando-
se dos canais reversos. O processo de transferência pós-venda corresponde ao
produto pós-venda, sem ou com pouco uso, que é devolvido por razões comerciais,
garantia ou defeitos de fabricação. Já o processo pós-consumo é responsável por
planejar, operar e controlar o fluxo de retorno dos produtos de pós-consumo em
função de seu estado de vida e origem (COELHO; CASTRO; GOBBO JR., 2011).
O fluxograma apresentado na Figura 2 expõe as principais fontes primárias
de pós-consumo, contendo as várias formas de coleta, os resíduos industriais e o
desmanche de bens duráveis. Contempla, também, as etapas principais de retorno de
uma parcela dos bens ao ciclo produtivo: a coleta pós-consumo, o processamento de
intermediários, a reciclagem industrial e a reintegração ao ciclo produtivo.
30
Figura 2: Canais de distribuição diretos e reversos
Fonte: Adaptado de Leite (1998).
A logística reversa preocupa-se com a gestão de resíduos, recuperação de
materiais (reciclagem), recuperação de peças ou recuperação do produto (através de
manufatura), ou seja, em equilibrar a diversidade de aspectos logísticos e retorno ao
ciclo produtivo dos diferentes tipos de bens e resíduos industriais, por meio da
reutilização controlada do bem e de seus componentes ou da reciclagem dos
materiais constituintes, dando origem a matérias-primas secundárias que serão
reintroduzidas no processo produtivo (LEITE, 1998; POKHAREL; MUTHA , 2009).
Segundo Coelho; Castro; Gobbo Jr. (2011), abrange a função da logística
reversa a retirada de produtos do mercado, inventários, programas de reciclagem de
resíduos perigosos e disposição de equipamentos obsoletos e de recuperação dos
recursos, de programas de reciclagem de resíduos domiciliares, dentre outros.
Pokharel; Mutha (2009) apresentam três grandes grupos o sistema de logística
reversa, definidos por: entradas; estrutura e processos, e resultados (Figura 3).
31
Figura 3: Sistemas de logística reversa
Fonte: Pokharel; Mutha (2009)
Não são recentes os estudos referentes à inclusão da reciclagem como um
canal reverso da logística. Zikmund; Stanton (1971) apresentavam a reciclagem como
um meio de retorno dos produtos comercializados para a cadeia produtiva. De forma
geral, a logística reversa é a área que regula, planeja, organiza e controla, de forma
econômica, eficiente e efetiva, o fluxo físico e as informações dos bens pós-consumo
e pós-venda, ao ciclo produtivo por canais reversos específicos.
Nesse sentido, a reciclagem é o canal reverso da logística reversa, por
agregar valor após o uso e evitar que o ciclo de vida do produto termine juntamente
com o consumidor final, promovendo conscientização ambiental e econômica e
responsabilidade social do consumidor (YANG, 1995; COELHO; CASTRO; GOBBO
JR., 2011; RAVI; SHANKAR, 2005).
2.1.4 Gestão RSUPR e seus atores: uma Breve Visão Panorâmica Global
A coleta de RSUPR representa uma estratégia importante em populações
menos favorecidas para geração de renda e ascensão social em países em
desenvolvimento e em transição, além de proporcionar às cidades crescimento
econômico, controle do lixo e conservação de recursos (MEDINA, 2000; EZEAH;
FAZAKERLEY; ROBERTS, 2013).
Nesse sentido, pesquisas vêm sendo realizadas em países da África, da
América Latina e da Ásia, para averiguar como estão sendo realizadas a gestão dos
resíduos sólidos e a inserção de catadores nessa atividade produtiva, com o intuito de
compreender e propor novas metodologias de gestão, estratégias para ampliar a
eficiência e taxas de reciclagem, formas de trabalhar com o setor informal e melhoria
32
nas condições de trabalho (OGUNTOYINBO, 2012; WILSON; VELIS; CHEESEMAN,
2006; OTENG-ABABIO; ARGUELLO; GABBAY, 2013; MEDINA, 2000; MATTER;
DIETSCHI; ZURBRÜGG, 2013; WILSON et al., 2009; EZEAH; FAZAKERLEY;
ROBERTS, 2013 ).
De acordo com Medina (2000), países em desenvolvimento, em especial nos
países da Ásia e da América Latina, a reciclagem de resíduos sólidos municipais
depende da coleta realizada por trabalhadores informais, chamados de catadores.
Estes trabalhadores constituem um segmento marginalizado e vulnerável da
população, representando 2% dos residentes nos municípios.
Em Hanói, Vietnã, a quantidade de catadores tem aumentado
consideravelmente, proveniente da riqueza urbana e de resíduos oriundos do rápido
crescimento industrial e do desenvolvimento econômico da cidade. Em sua maioria,
são mulheres com baixa escolaridade, de origem rural e com pouca/nenhuma
capacitação profissional, desfavorecendo sua entrada no mercado de trabalho formal
(MITCHELL, 2008).
Agarwal et al. (2005) aponta que, em muitas cidades da Índia, mais da metade
dos resíduos sólidos gerados não são coletados de forma apropriada, ocasionando,
em regiões densamente povoadas, condições sanitárias inapropriadas ao ser humano
e danos ao meio ambiente. A coleta RSUPR é realizada de forma manual, com um
saco, bicicletas ou triciclos, em lixões, locais públicos ou residências. No final do dia,
todos executam a triagem/classificação do material para posterior venda a pequenos
intermediários, que repassam esse material para as indústrias transformadoras. Os
catadores têm origem rural, migraram para os centros urbanos e fixaram-se na
atividade de reciclagem por dificuldades de encontrar emprego no mercado formal
trabalho.
No Paquistão, não há coleta formal de RSUPR. Em Lahote, por exemplo, a
coleta é realizada por várias categorias de catadores: homens, mulheres, crianças,
imigrantes e refugiados. São pessoas marginalizadas e em alto grau de pobreza. A
coleta porta a porta é realizada por catadores, chamados coletores de lixo, que
utilizam carroças puxadas por animais; posteriormente, é realizada a
triagem/classificação dos materiais e estes são vendidos a intermediários (ASSIM;
BATOOL; CHAUDHRY, 2012).
Em Abuja, Nigéria, tem ocorrido aumento na quantidade de RSUPR, mas sem
um investimento adequado de coleta, transporte, tratamento e instalações adequadas
33
para triagem/seleção dos materiais. A coleta é realizada de porta em porta tanto por
empresas privadas quanto por catadores. Em alguns distritos da cidade, os catadores
são oficialmente proibidos de realizar a coleta, por recolherem apenas o material
desejado e o restante ser despejado inapropriadamente ao redor da área de coleta
(IMAM et al., 2008).
As taxas de reciclagem das Filipinas passaram de 4%, em 1997, para 16,4%
em 2006. Fato atribuído ao programa de apoio liderado pela ONG “Linis Ganda”
(literalmente “Clean Beautiful”), que objetiva organizar, capacitar e fortalecer toda essa
cadeia produtiva por meio da separação na fonte dos RSUPR, compradores
itinerantes e negociantes (sucateiros ou lojas de sucata), para, finalmente, entregar
os RSUPR às indústrias de reciclagem (WILSON et al., 2009).
Na China, com a abertura das fronteiras para o comércio, tornou-se mais
lucrativo para as indústrias chinesas importar matérias-primas secundárias da Europa
e de outros países, que são altamente subsidiados, do que comprar materiais
produzidos localmente. O setor privado local e o setor informal continuam a reciclar
os RSUPR, embora sem o apoio do setor formal, e as taxas de reciclagem têm
diminuído (WILSON et al., 2009).
De forma geral, os catadores itinerantes, as cooperativas e as associações de
catadores de RSUPR têm-se mostrado como um dos principais agentes no processo
de inclusão social e formalização do processo de trabalho de reciclagem, incluindo as
atividades de coleta, separação, prensagem e destinação. Na maioria dos casos, a
mão de obra empregada é tipicamente de pessoas excluídas da sociedade, por sua
idade, sua condição social, baixa escolaridade, e que não encontravam alocação no
mercado formal de trabalho (MAGERA, 2003; ENGKVIST et al., 2010; MEDINA, 2000;
GUTBERLET, 2008; DAMGHANI et al., 2008).
2.1.5 Gestão RSUPR e seus Atores: Brasil
A figura do catador no Brasil surge como resultado de uma economia em
recessão e ampliação da exclusão social. Eles são pessoas excluídas da sociedade,
por problemas de saúde, baixa escolaridade, pela idade, condição social etc.
(MAGERA, 2003).
Os catadores passaram a participar do sistema de gerenciamento de RSUPR
em alguns municípios somente no final da década de 80 (DEMAJOROVIC;
34
RATHSAM; BESEN, 2006). A primeira cooperativa formada por catadores no Brasil é
a Cooperativa dos Catadores de Papel, Aparas e Materiais Reaproveitáveis
(Coopamare), fundada em 1989 no município de São Paulo. Ela é também
reconhecida como a primeira cooperativa a integrar um programa de gestão
compartilhada dos resíduos sólidos, instituído pela prefeitura municipal de São Paulo
no início da década de 90 (IPEA, 2013).
A organização dos catadores em torno do Movimento Nacional dos Catadores
de Materiais Recicláveis (MNCR), que surgiu em meados de 1999, permitiu que a
atividade dos catadores deixasse de ser vista apenas como resultante de um
problema social, ganhando status de solução socioambiental (SANTOS et al., 2011).
O MNCR, a partir do maior grau de organização e articulação social, passou a ter
respaldo para negociar, com as diferentes instâncias de poder, as questões inerentes
à sua cidadania social e sua atividade profissional (IPEA, 2013). Dessa forma, uma
série de regulamentos, normas, decretos e leis passaram a considerar aspectos
relativos ao trabalho dos catadores brasileiros. Alguns exemplos são descritos a
seguir.
O reconhecimento da atividade profissional dos catadores foi instituído pela
Portaria nº 397 do Ministério do Trabalho e Emprego, publicada em 2002, que inseriu
na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) a profissão “catador de material
reciclável”, com o código 5192-055. Atualmente, foram acrescentadas, pela CBO, mais
duas profissões relacionadas aos trabalhadores da coleta e seleção de material
reciclável, código 5192-106, com a profissão “selecionador de material reciclável” e o
código 5192-157, com a profissão “operador de prensa de material reciclável”. A
descrição sumária apresentada pela CBO para essas profissões é:
“Os trabalhadores da coleta e seleção de material reciclável são
responsáveis por coletar material reciclável e reaproveitável,
vender material coletado, selecionar material coletado, preparar
o material para expedição, realizar manutenção do ambiente e
equipamentos de trabalho, divulgar o trabalho de reciclagem,
administrar o trabalho e trabalhar com segurança” (CBO, 2016).
5 Catador de ferro-velho, Catador de papel e papelão, Catador de sucata, Catador de vasilhame, Enfardador de sucata (cooperativa) 6 Separador de material reciclável, Separador de sucata, Triador de material reciclável, Triador de sucata. 7 Enfardador de material de sucata (cooperativa), Prenseiro, Prensista.
35
A Lei nº 11.445, de 2007, que instituiu as diretrizes para a PNSB, em seu
artigo 57 dispensa a licitação para a contratação da coleta, processamento e
comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas
com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas
formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda (BRASIL, 2007).
Em 2010, foram instituídos a PNRS e o Programa Pró-Catador, de enorme
importância para o fortalecimento das cooperativas. A Lei nº 12.305, de 2 de agosto
de 2010, institui a PNRS, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos,
bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de
resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do
poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. Ela apresenta alguns pontos
fundamentais para a determinação estratégica dos catadores na gestão dos RSUPR
(descritos anteriormente).
O programa Pró-Catador, instituído pelo Decreto n.º 7.405, de 23 de dezembro
de 2010, tem a finalidade de integrar e articular as ações do Governo Federal voltadas
ao apoio e ao fomento à organização produtiva dos catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis, à melhoria das condições de trabalho, à ampliação das
oportunidades de inclusão social e econômica e à expansão da coleta seletiva de
resíduos sólidos, da reutilização e da reciclagem por meio da atuação desse segmento
(BRASIL, 2010b).
A PNRS prevê a destinação final ambientalmente correta dos resíduos
sólidos, a responsabilidade dos geradores de resíduos na logística reversa e prioriza
a inclusão social no sistema de coleta, beneficiamento e comercialização dos resíduos
sólidos com potencial reciclável. O Programa Pró-Catador auxilia as cooperativas e
associações de catadores de resíduos sólidos com potencial reciclável com linhas de
financiamentos e criação de programas governamentais, como o programa Cataforte
- Negócio Sustentável em Rede Solidária.
Como resultado de portarias, decretos, leis e instruções normativas de
fomento a essa atividade produtiva, algumas políticas públicas foram adotadas; por
exemplo: entre 2003 e 2010, mais de 280 milhões de reais foram disponibilizados para
ações envolvendo catadores de materiais recicláveis; a constituição do Comitê
Interministerial de Inclusão dos Catadores de Materiais Recicláveis; o programa
Cataforte, destinando mais de 240 milhões de reais para o fortalecimento do
cooperativismo em rede (BRASIL, 2009; BRASIL, 2010b).
36
Em grande parte das cidades brasileiras a coleta dos RSUPR é realizada pelo
setor informal da reciclagem. Ele é responsável pela coleta, o transporte, a separação
por tipo de resíduos, o acondicionamento, o beneficiamento e a comercialização dos
RSUPR. A estimativa da quantidade de catadores é contraditória nos órgãos de
pesquisa; por exemplo, é 400.000 pelo IPEA (2013) e 800.000 pela CEMPRE (2013)
e mais de um milhão pelo MNCR.
De acordo com o IPEA (2013), há no Brasil 387.910 pessoas que possuem
como ocupação principal a profissão de “catador ou catadora”, sendo que a Região
Sudeste acumula quase a metade do número de catadores, 41,6% do total; seguida
pelas regiões Nordeste (30%), Sul (15,2%), Centro-Oeste (7,6%) e Norte (5,6%). A
média nacional de idade é de 39,4 anos; a média de idade entre as regiões varia entre
36,5 e 40,6 anos. Mais de 60% dos catadores possuem idade entre 30 e 60 anos e
mais de 15% dos trabalhadores são idosos, com 6,5 % tendo acima de 70 anos, idade
considerada prioritária para as políticas de assistência e Previdência Social.
Do total de catadores (IPEA, 2013), 38,6% apresentam relação contratual de
trabalho, pela Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) ou Regime Jurídico
Único (RJU). No entanto, apenas 15,4% dos trabalhadores nessa atividade realizam
contribuição previdenciária, tendo as regiões Nordeste e Sul a menor (6,2%) e maior
(25,9%) participação na contribuição previdenciária, respectivamente. A taxa de
analfabetismo entre os catadores é alta, 20,5%, chegando a Região Nordeste ao
índice de 34%. O rendimento médio dos catadores de material reciclável é de
aproximadamente de R$ 571,56 (ou 1,12 salários mínimos), variando entre R$ 459,34
e R$ 629,89 nas regiões brasileiras. Os residentes em domicílios com pelo menos um
catador extremamente pobre, que recebe menos de R$ 70,00 per capita, é de 4,5%,
tendo a Região Nordeste o maior percentual, 8,4%. A participação de negros/pardos
entre as pessoas que trabalham como catadores é superior, 66,1%, em relação às
pessoas que se declaram brancas/outras. Muitos trabalhadores dessa atividade no
Brasil, 50,2%, residem em domicílios sem esgotamento sanitário, sendo a taxa mais
preocupante a da Região Norte, onde apenas 87,7% das residências com pelo menos
um catador não possui esgoto sanitário (IPEA, 2013).
Segundo o CEMPRE (2013), há no Brasil 800.000 catadores de material
reciclável e apenas cerca de 30.000 estão ligados a alguma das 1.175 associações
ou cooperativas de catadores distribuídas pelo país. Do total de resíduos sólidos
coletados, 31,9% correspondem à fração seca reciclável e 68,1%, à fração
37
molhada/outros. A taxa de recuperação da fração seca reciclável, em 2013, foi de
4,2% pelas cooperativas e 22,7% fora das cooperativas, totalizando 26,9%; já a
estimativa para 2014 era um total de 32,3%, sendo que 6,8% correspondem à
recuperação realizada pelas cooperativas e 25,5%, fora das cooperativas (CEMPRE,
2013).
Os catadores são o elo econômico e socialmente mais frágil da cadeia de
valor da reciclagem, que se fortalecem quando unidos por meio de cooperativas ou
associações de catadores (IPEA, 2013). As cooperativas e associações proporcionam
viabilidade de investimentos em infraestrutura e economia para as tarefas de coleta,
armazenamento, processamento e de comercialização dos RSUPR (MNCR, 2014) e,
ao trabalharem em conjunto, os catadores conseguem ter maior poder de barganha
com relação à comercialização de seu material coletado (IPEA, 2013), além de ser
uma importante ligação na cadeia de recuperação de recursos, evitando o depósito
de materiais recicláveis em aterros sanitários (GUTBERLET, 2015).
Outro fator que corrobora o fortalecimento dos catadores quando unidos por
meio de cooperativas ou associações de catadores é o seu faturamento, Tabela 2. O
faturamento das cooperativas cresceu 311% e o de outros canais de triagem (fora das
cooperativas) cresceu apenas 33%, ou seja, a receita líquida das cooperativas e o
rendimento dos catadores cresceram 300% e 33%, respectivamente.
Tabela 2: As cooperativas e associações nas cidades-sede da Copa do Mundo de Futebol em 2014 (projeção)
2010 2014 Crescimento (%)
Faturamento cooperativas (R$ milhões) 56,4 231.5 311
Faturamento de outros canais de triagem (fora das
cooperativas) (R$ milhões)
656 871.4 33
Receita líquida cooperativas (R$ milhões) 45.2 180.7 300
Número de catadores 7363 22089 200
Rendimento mensal do catador ligado à cooperativa (R$)
511.5 681.6 33
Fonte: CEMPRE (2013)
Não se pode negar a importância dos catadores e, principalmente, das
cooperativas e das associações no processo de gestão dos RSUPR no Brasil
(BRASIL, 2010a). No entanto, vale ressaltar que, apesar da importância das
cooperativas na gestão dos RSUPR, poucos são os municípios que remuneram as
cooperativas pelos serviços ambientais prestados.
38
As cooperativas e as associações apresentam diversas dificuldades
organizacionais causadas pelos seus próprios associados, que não conseguem se
adaptar aos regulamentos e normas impostos. Geralmente esses conflitos acontecem
pela baixa escolaridade e histórico de exclusão social. Muitos catadores preferem
trabalhar como autônomos a se submeterem a regulamentos e normas, mesmo que
seus rendimentos sejam inferiores aos obtidos em cooperativas e associações
(SOUZA; PAULA; SOUZA-PINTO, 2012).
2.2 MÉTODOS DE MEDIDAS DE DESEMPENHO
A produtividade, em nível básico, analisa a relação entre entradas e saídas
de um dado processo produtivo. Essa produtividade é expressa como a razão entre
as saídas geradas (produtos, ou outputs) e as entradas (insumos, ou inputs)
necessárias para tal (COELLI et al., 2005).
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =∑ 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠
∑ 𝑖𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜𝑠
Os conceitos de produtividade e desempenho têm recebido atenção nos
últimos anos. No contexto organizacional, a produtividade e o desempenho refletem
no desempenho geral, levando a aumentos ou reduções nas riquezas dos acionistas
(JAYAMAHA; MULA, 2011).
O conceito de desempenho pode ser expresso de várias formas. Para Mello
et al. (2005), eficiência consiste na comparação entre o que foi produzido e o que
poderia ter sido produzido com os mesmos insumos. Segundo Varian (1992),
eficiência é a habilidade de uma unidade produtiva maximizar os resultados de suas
operações (saídas) de acordo com um dado montante de insumos (entradas), ou
minimizar os insumos, mantendo-se fixo o montante de saídas resultantes do
processo.
Ainda segundo HAYNES; DINC (2005), desempenho pode ser definido como
a capacidade de uma unidade produtiva para produzir saídas a partir de um conjunto
de entradas. O desempenho de uma unidade de tomada de decisão (DMU) é sempre
relativo às demais unidades no conjunto analisado, de modo que o índice de
desempenho é sempre uma medida relativa.
Farrell (1957) baseou-se no trabalho Koopmans (1951) para definir uma
medida simples de desempenho que poderia levar em consideração múltiplas
39
entradas. O autor propõe que a eficiência das organizações consiste de dois
componentes, a eficiência técnica, que expressa a habilidade de uma organização em
obter máximos produtos (saídas) para um dado conjunto de insumos, e a eficiência
alocativa, que representa a habilidade da organização em otimizar os insumos de
acordo com seus respectivos preços e com a tecnologia de produção. O produto
dessas duas medidas fornecem a eficiência econômica ou o desempenho geral da
organização.
Há formas distintas de avaliar o desempenho: os métodos paramétricos e os
não paramétricos. Os métodos paramétricos supõem a existência de uma função
matemática pré-definida entre insumos e produtos, enquanto que os métodos não
paramétricos consideram que o máximo que poderia ter sido produzido é obtido
através da observação comparativa das unidades tomadoras de decisão mais
produtivas, sem o estabelecimento de uma função de produção.
Os métodos de fronteira de produção determinística mais utilizados são a
fronteira estocástica (SF) e a análise envoltória de dados (DEA). O primeiro é um
método paramétrico e o segundo, um método não paramétrico. O modelo DEA supõe
apenas a concavidade da função produção e ignora o ruído contido no dado; por outro
lado, o SF considera o ruído e depende da especificação funcional da função produção
(MOREIRA; FONSECA, 2005).
A SF possui limitações quando a amostra é pequena (amostras menores que
30), pois existe uma probabilidade positiva de que o estimador de máxima
verossimilhança seja infinito para amostras muito pequenas, ou seja, com um número
insuficiente de observações por agente não é possível distinguir a distribuição do ruído
da distribuição da produtividade (LISEO; LOPERFIDO, 2006).
O modelo DEA permite trabalhar com as entradas e saídas sem ter
conhecimento prévio, identifica a fronteira de eficiência e as DMUs eficientes que
estão sobre essa fronteira e, a partir disso, classifica as outras DMUs menos
eficientes, apresenta e projeta uma medida de eficiência que reflete a distância entre
os DMUs menos eficientes à fronteira de eficiência (COOPER; SEIFORD; TONE,
2007). O modelo DEA calcula o índice máximo de desempenho para cada DMU
relativa a todas as outras DMUs, tendo como princípio que cada DMU está na fronteira
de eficiência ou abaixo dela (CHARNES; COOPER; RHODES, 1978).
A fronteira de eficiência, obtida pelo modelo DEA, define a melhor combinação
de entradas na produção de saídas. As DMUs sobre a fronteira de eficiência são
40
assumidas como eficientes em relação às demais DMUs estudadas (COELLI et al.,
2005).
Assim, o modelo DEA tornou-se uma ferramenta amplamente utilizada para
medir e avaliar o desempenho das organizações em uma variedade de atividades, por
sua capacidade de trabalhar com múltiplas entradas e saídas sem ter que especificar
uma relação de produção e um sistema de ponderação (HAYNES; DINC, 2005).
41
3 METODOLOGIA
Nesse capítulo, são descritos os procedimentos metodológicos que
nortearão a tese, englobando as fases da pesquisa, a determinação das variáveis, os
instrumentos de mensuração, os motivos que levaram à escolha do modelo DEA e
sua fundamentação teórica, as análises estatísticas utilizadas como ferramenta de
apoio, a estrutura do método proposto para determinação dos índices de desempenho
das cooperativas e a coleta e tratamento dos dados.
3.1 FASES DA PESQUISA
Visando os objetivos propostos, este estudo fragmentou-se em cinco fases. A
primeira fase foi caracterizada por um amplo estudo: das leis e decretos que regulam
a gestão de resíduos no Brasil, em artigos científicos nacionais e internacionais que
envolviam a gestão de resíduos, cooperativas de reciclagem e análise de
desempenho. A segunda fase define e justifica as variáveis propostas para determinar
os índices de desempenho. A proposição de uma estrutura de análise ou um método
de análise para determinar os índices de desempenho compõe a terceira fase deste
estudo. Já a quarta fase, é composta por uma aplicação do método para verificar sua
aderência. A partir de reflexões das fases anteriores obtém-se a quinta fase, que
contém as conclusões do estudo, suas limitações e recomendações para pesquisas
futuras.
Dessa forma, os resultados deste estudo também podem ser entendidos
como um método a ser utilizado por governos municipais, estaduais e federal,
programas federais ou entidades (ONGs e MNCR, por exemplo) para verificar o
desempenho de cooperativas de catadores em suas atividades operacionais na
cadeia de reciclagem, para planejar políticas públicas ou ações de apoio às
cooperativas mais eficientes.
42
3.2 DETERMINAÇÃO DAS VARIÁVEIS
Como descrito anteriormente, este estudo propõe estudar os índices de
desempenho das cooperativas de reciclagem em suas AOCR (coleta, produção e
comercialização) e seus índices de desempenho como um instrumento de inclusão
social, geração de renda e redução de RSUPR. Totalizando quatro dimensões a
serem estudadas: desempenho na gestão da coleta, desempenho na gestão da
produção, desempenho na gestão da comercialização e desempenho das
cooperativas como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de
RSUPR.
Essa subdivisão para a determinação dos índices de desempenho foi
necessária: (1) para obter uma análise mais detalhada de cada etapa das AOCR
atribuídas às cooperativas, seguindo uma recomendação do IPEA (2010) que aponta
que é indispensável, para permitir a formulação de instrumentos de medição
compatíveis e efetivos referentes a gestão de RSU com a inclusão socioprodutiva de
catadores, informações de organização e atuação das cooperativas, ou seja,
informações referentes à coleta, ao processamento dos materiais e aos resultados
econômicos das operações de comercialização; e (2) para auxiliar na análise do
desempenho das cooperativas como um instrumento de inclusão social, geração de
renda e redução de RSUPR, pois a inclusão socioprodutiva dos catadores na gestão
dos RSU é um dos princípios da PNRS (BRASIL, 2010a).
Assim, a proposição das variáveis de entrada e saída para a determinação
dos índices de desempenho foi baseada na inclusão socioprodutiva dos catadores na
gestão dos RSUPR, nas AOCR atribuídas às cooperativas e nas entradas/saídas
comuns a todas as cooperativas. Neste estudo, não se trabalhou com informações
referentes a custos e investimentos, pois, em razão da heterogeneidade e dos
diferentes níveis de organização, grande parte das cooperativas não possui essas
informações ao longo do tempo. No entanto, em regiões brasileiras ou países que
apresentarem situações mais específicas referentes aos RSUPR, este método pode
ser expandido para considerar características locais, com inclusão ou exclusão de
variáveis.
43
3.2.1 Desempenho na Gestão da Coleta
As variáveis (Quadro 1) para a determinação dos índices de desempenho das
cooperativas na gestão da coleta foram definidas levando-se em consideração a
cobertura dos serviços prestados, a realização da coleta pelos sistemas porta a porta
e Small Volume Delivery Stations (PEVs) e o estudo de Chen (2010), que compara o
desempenho na gestão da coleta dos resíduos sólidos entre regiões urbanas e rurais
de Taiwan.
Quadro 1: Variáveis de entrada e saída: Desempenho na gestão da coleta
Variáveis Descrição das Variáveis
Entrada
C_COLET Quantidade de indivíduos (catadores) que trabalham na coleta,
composta por ajudantes, coletores e motoristas.
VEIC Quantidade de veículos utilizados.
Saída
COLETA Quantidade (Ton) de RSUPR coletados.
AREA Área (km2) de cobertura.
RESID Quantidade de residências atendidas.
Fonte: Autoria própria
3.2.2 Desempenho na Gestão da Produção
As variáveis (Quadro 2) utilizadas para a determinação dos índices de
desempenho da gestão na produção foram definidas a partir dos indicadores de “alta
importância” para avaliação da coleta seletiva com inclusão social, apresentada por
Bringhenti; Zandonade; Günther (2011), e adicionou-se quantidade de catadores
envolvidos no trabalho, uma vez que a produtividade é decorrente da eficiência e do
rendimento da mão de obra direta envolvida na execução da tarefa (SCHONBERGER;
KNOD, 1988).
44
Quadro 2: Variáveis de entrada e saída: Desempenho na gestão da produção
Variáveis Descrição das Variáveis
Entrada
P_PROD Quantidade de pessoas que trabalham na produção.
COLETA Quantidade (ton) de RSUPR coletados.
ITENS Quantidade de itens recicláveis vendidos, que representam a
qualidade na classificação dos resíduos. Quanto maior a diversificação
dos produtos, menor será a quantidade de rejeitos destinadas aos
aterros.
Saída
COMERC Quantidade (ton) de RSUPR processados e que efetivamente são
comercializados. Normalmente, todo o material processado é
rapidamente comercializado. As cooperativas raramente possuem
estoque de produtos processados, podendo-se supor que a
quantidade processada no setor de produção é a quantidade
comercializada.
Fonte: Autoria própria
3.2.3 Desempenho na Gestão da Comercialização
Assim como no desempenho na gestão na produção, as variáveis (Quadro 3)
utilizadas para a determinação dos índices de desempenho na gestão na
comercialização foram definidas a partir de alguns indicadores apresentados por
Bringhenti; Zandonade; Günther (2011) e, ao invés de considerar com o “average price
of marketing mix of recyclable material”, trabalhou-se com o preço médio mensal
obtido pela venda dos cinco principais materiais (papel, papelão, PEAD, PET, PEBD),
que representam mais de 60% do volume comercializado. Além disso, acrescentou-
se quantidade de RSU comercializados, pois as cooperativas possuem a tendência
de comercializar somente os itens de maior volume e valor comercial.
Quadro 3: Variáveis de entrada e saída: desempenho na gestão da comercialização (Continua)
Variáveis Descrição das Variáveis
Entrada
ITENS Quantidade de itens recicláveis vendidos.
COMERC Quantidade (ton) de RSUPR processados e que efetivamente são
comercializados.
45
Quadro 3: Variáveis de entrada e saída: desempenho na gestão da comercialização (Conclusão)
Variáveis Descrição das Variáveis
PAPEL,
PAPELAO, PEAD,
PET, PEBD
Preço (R$/ton) médio mensal obtido na venda do papel branco, papelão,
polietileno de alta densidade, polietileno tereftalato e polietileno de baixa
densidade colorido, respectivamente.
Saída
FAT_COM Volume (R$/ton) de negócios pela comercialização, que é o faturamento total
obtido pela comercialização dos resíduos.
Fonte: Autoria própria
3.2.4 Desempenho das Cooperativas como um Instrumento de Inclusão Social,
Geração de Renda e Redução de RSUPR
As variáveis (Quadro 4) utilizadas para a determinação dos índices de
desempenho das cooperativas como um instrumento de inclusão social, geração de
renda e redução de RSUPR foram definidas a partir da Política Nacional de Resíduos
Sólidos do Brasil (PNRS) (BRASIL, 2010a), em razão de: (1) ser reconhecida, pelo
relatório “Regional Assessment Report Services Municipal Waste Management in
Latin America and Caribbean, 2010”, apoiado pela Pan American Health Organization,
Inter-American Development Bank, Inter-American Association of Sanitary and
Environmental Engineering (ESPINOZA et al., 2010), como um avanço na gestão dos
RSUPR com inclusão socioprodutiva do catador; e (2) ir ao encontro a um estudo
realizado por VELIS et al. (2012), que apresenta um framework que classifica e analisa
possíveis intervenções, a fim de promover a inclusão e a integração do setor informal
no sistema de gestão dos RSUPR de uma cidade.
Em linhas gerais, a PNRS: proíbe a utilização de aterros não controlados e
obriga o governo federal, os estados e os municípios a elaborarem planos de
tratamento de RSU; reconhece o resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem
econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania;
prioriza a integração dos catadores às ações que envolvam a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; incentiva a criação e o desenvolvimento
de cooperativas; exige que o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos
contenha/inclua programas e ações para a participação dos grupos interessados, em
especial, das cooperativas; e fortalece a participação das cooperativas na cadeia de
reciclagem (BRASIL, 2010a).
46
Quadro 4: Variáveis de entrada e saída: desempenho das cooperativas como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR
Variáveis Descrição das Variáveis
Entrada
RESID Quantidade de residências atendidas.
ITENS Quantidade de itens recicláveis vendidos.
COLETA Quantidade (Ton) de RSUPR coletados.
CATADOR Quantidade total de pessoas que trabalham na cooperativa (total de
catadores).
Saída
COMERC Quantidade (ton) de RSUPR processados e que efetivamente são
comercializados.
RENDA Renda média dos catadores.
FAT_T Faturamento (R$) total das cooperativas, composto pela receita obtida
pela venda dos materiais, recebimento pelo serviço prestado às
empresas privadas ou aos órgãos públicos (caso haja), valores
oriundos de projetos para manutenção operacional das atividades
(caso haja) etc.
Fonte: Autoria própria
3.3 INSTRUMENTOS DE MENSURAÇÃO
Nesta seção, serão apresentados e justificados: o modelo matemático a ser
utilizado para a determinação dos índices de performance; as ferramentas estatísticas
para verificar a estabilidade dos índices de desempenho em relação ao tempo e os
fatores (variáveis) que afetam esses índices; o método multicritério de tomada de
decisão para a obtenção de um índice integrado de desempenho, que será formado
pela junção dos índices de desempenho das quatros dimensões estudas.
3.3.1 A Escolha do Modelo Matemático
Os métodos de fronteira de produção determinística mais utilizados são o
modelo paramétrico fronteira estocástica (SF) e o modelo não paramétrico análise
envoltória de dados (DEA) (MOREIRA; FONSECA, 2005). No entanto, A SF possui
limitações quando a amostra é pequena (amostras menores que 30), pois um número
insuficiente de observações por agente não é possível distinguir a distribuição do ruído
47
da distribuição da produtividade (LISEO; LOPERFIDO, 2006), além depende da
especificação funcional da função produção (MOREIRA; FONSECA, 2005).
Dessa forma, neste estudo, optou-se em utilizar com o modelo matemático
DEA para obtenção dos índices de desempenho das cooperativas de reciclagem, por:
permitir trabalhar com as entradas e saídas sem ter conhecimento prévio; identificar a
fronteira de eficiência e as DMUs eficientes que estão sobre essa fronteira e, a partir
disso, classifica as outras DMUs menos eficientes; apresentar e projetar um índice de
desempenho que reflete a distância entre os DMUs menos eficientes à fronteira de
eficiência (COOPER; SEIFORD; TONE, 2007).
O modelo DEA apresenta algumas vantagens e desvantagens (COOPER;
SEIFORD; TONE, 2007). As desvantagens: a priori, não é possível testar sua rigidez
estatística, assim como o erro relativo para estimação da fronteira de eficiência; só
são possíveis medidas de eficiência relativas dentro de um conjunto de DMUs
homogêneos; não é possível a comparação dos resultados apresentados pelo modelo
DEA entre grupos diferentes de DMUs. Vantagens: as entradas e saídas podem ser
mensuradas em diferentes unidades ou escalas; trabalha com insumos e produtos
sem conhecimento prévio; identifica a fronteira de eficiência e as DMUs eficientes que
estão sobre essa fronteira e, a partir disso, classifica as outras DMUs menos
eficientes; identifica e projeta uma medida de eficiência que reflete a distância entre
as DMUs menos eficientes à fronteira de eficiência; identifica metas alcançáveis
(targets) para as unidades sobre avaliação; estima as folgas (slacks - uso excessivo
de insumos para uma determinada produção ou a subprodução de saídas a partir de
um conjunto específico de insumos), que representam as melhorias necessárias para
possibilitar que um DMU ineficiente se torne eficiente, melhoria estas que podem ser
na forma de um aumento de saídas ou diminuição de entradas.
Outro fato importante que vale ser mencionado é a diferença entre as análises
de regressões estatísticas e o modelo DEA. As análises de regressões estatísticas
necessitam de uma função de produção e, por intermédio dessa função, assumem-se
hipóteses específicas sobre distribuições de erros, onde as variáveis independentes
relacionam-se com as variáveis dependentes. Já o método DEA calcula o índice
máximo de desempenho para cada DMU relativa a todas as outras DMUs, tendo como
princípio que cada DMU está na fronteira de eficiência ou abaixo dela (CHARNES;
COOPER; RHODES, 1978).
48
Assim, o modelo DEA tornou-se uma ferramenta amplamente utilizada para
medir e avaliar o desempenho das organizações em uma variedade de atividades, por
sua capacidade de trabalhar com múltiplas entradas e saídas sem ter que especificar
uma relação de produção e sistema de ponderação (HAYNES; DINC, 2005).
Dessa forma, a escolha do modelo DEA como instrumento para a
determinação dos índices desempenho das cooperativas de reciclagem em relação
às suas AOCR e como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução
de RSUPR, deu-se pelos seguintes motivos:
Pela capacidade do modelo em estimar índices individuais de eficiência
produtiva, de forma comparativa, em um conjunto de unidades produtivas
(CHARNES; COOPER; RHODES, 1978);
Provou ser uma abordagem eficaz na produção de informações detalhadas
sobre o desempenho da unidade, tanto em relação à fronteira de eficiência
quanto na determinação de unidades eficientes específicas, que são
utilizadas como parâmetros de melhoria para as outras unidades
(HAWDON, 2003);
Baseia-se em fatos efetivamente medidos, organiza fronteiras de eficiência
a partir disso e não se utiliza de pontos teoricamente projetados (COOPER;
SEIFORD; TONE, 2007);
Seus resultados são apresentados dentro de um quadro real, projetando
metas com valores atingíveis, uma vez que aqueles ali apresentados foram,
de fato, alcançados por algum elemento da rede que compõe a organização
(COOPER; SEIFORD; TONE, 2007);
Se adapta muito bem à avaliação de organizações sem fins lucrativos
(PEÑA, 2008);
O método DEA possui algumas vantagens sobre os métodos paramétricos
tradicionais, como a análise de regressão, pois a análise de regressão
calcula a eficiência da unidade organizacional por meio de uma
aproximação à média e ao desvio padrão, enquanto o DEA tem enfoque
nas observações individuais e otimiza a eficiência de cada unidade,
evitando problemas tradicionalmente associados aos modelos de
regressão que requerem a especificação das relações funcionais entre o
insumo e o produto (GREGOURIOU, 2007);
49
Tem sido aplicada em várias situações envolvendo a gestão de resíduos
(BENITO; SOLANA; MORENO, 2014; BENITO-LÓPEZ; MORENO-
ENGUIX; SOLANA-IBAÑEZ, 2011; CHANG; LIU; YEH, 2013; CHEN, 2010;
CHEN et al., 2010; DE JAEGER et al., 2011; GARCÍA-SÁNCHEZ, 2008;
HUANG; PAN; KAO, 2011; ICHINOSE; YAMAMOTO; YOSHIDA, 2013;
LOZANO; VILLA; ADENSO-DÍAS, 2004; MARQUES; SIMÕES, 2009;
MARQUES; CRUZ; CARVALHO, 2012; ROGGE; DE JAEGER, 2012 e
2013; SIMÕES; CARVALHO; MARQUES, 2012; SIMÕES; CRUZ;
MARQUES, 2012; WORTHINGTON; DOLLERY, 2001)
3.3.2 Fundamentos Teóricos do Modelo DEA
A Análise Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis - DEA), também
chamada de análises de fronteiras, é uma técnica da programação linear e foi
desenvolvida por Charnes; Cooper; Rhodes (1978), baseada no conceito teórico de
produção fronteira de Farrell (1957). O método avalia o desempenho de um conjunto
de unidades produtivas semelhantes (unidades de tomadas de decisão, amplamente
conhecida como DMUs, “decision making units”), utiliza diversas variáveis de entrada
(imput) para produzir diversas variáveis de saída (output) e apresenta os índices de
desempenho individuais de cada DMU, construindo uma fronteira de eficiência
formada pelas DMUs mais eficientes, ou seja, a fronteira é formada pelas DMUs que
tiveram a melhor relação entre as entradas e as saídas. As demais DMUs são obtidas
por meio da projeção dessas unidades ineficientes sobre a fronteira de eficiência.
A natureza não paramétrica do modelo DEA permite ao analista trabalhar sem
requerer uma suposição a priori sobre a exata importância relativa dos pesos das
variáveis de entradas e saídas. O modelo DEA assume que as informações sobre a
importância relativa dos pesos podem ser obtidas a posteriori, a partir das variáveis
observadas de forma endógena.
No entanto, os resultados obtidos pelo modelo DEA são sempre de forma
comparativa entre as unidades de um conjunto e, caso sejam acrescentadas novas
unidades produtivas, os índices de eficiência podem se alterar. Sendo assim, os
índices de eficiência deverão ser recalculados, pois, pelo método DEA, esses índices
são medidas comparativas entre as unidades avaliadas.
50
Existem dois modelos clássicos na DEA, Figura 4: o retorno constante de
escala (Constant Returns to Scale - modelo CRS ou CCR) e o retorno variável de
escala (Variable Returns to Scale – modelo VRS ou BCC)
Figura 4: Representação das fronteiras CRS e VRS
Fonte: Cooper; Seiford; Tone (2007)
O modelo CRS foi introduzido por Charnes; Cooper; Rhodes (1978). As
variações que são realizadas nas entradas do sistema produzem variações
proporcionais nas saídas, ou seja, a fronteira de eficiência é representada por uma
reta. O modelo básico CRS da DEA é apresentado a seguir, pelo seguinte modelo de
programação linear:
Considere i=(1, 2, ... , m), j=(1, 2, ... , n) e r =(1, 2, ... , s), o objetivo principal
é expressado por:
s
r
rjrj
a
i ywe1
,,maxmax (3.3.2.1)
Sujeito às restrições:
01
,,
1
,,
m
i
ijij
s
r
rjrj xvyw (3.3.2.2)
11
,,
m
i
ijij xv (3.3.2.3)
0, ,, ijrj vw (3.3.2.4)
0, ,, rjij yx (3.3.2.5)
Onde:
51
ijx , São as m variáveis de entrada das j DMUs
rjy , São as n variáveis de saída das j DMUs
ijv , Pesos das m variáveis de entrada das j DMUs
rjw , Pesos das n variáveis de saída das j DMUs
a
ie Escore de desempenho das j DMUs
A função objetivo e suas restrições, de (3.3.2.1) a (3.3.2.5), são justificada por
considerar que o desempenho seja definido pela sua capacidade de transformar
entradas em saídas, como mostrado a seguir:
m
i
ijij
s
r
rjrj
o
xv
yw
1
,,
1
,,
(3.3.2.6)
Onde:
s
r
rjrj yw1
,, representa o valor das saídas geradas pela unidade j,
m
i
ijio xv1
,, representa o valor das entradas geradas pela unidade j.
Considerando em (3.3.2.3),
11
,,
m
i
ijij xv (3.3.2.7)
A função objetivo (3.3.2.1) será a maximização da seguinte expressão:
s
r
rjrjj yw1
,, (3.3.2.8)
Cada unidade deverá ter um desempenho/eficiência de no máximo 100%, ou
seja,
1
1
,,
1
,,
m
i
ijij
s
r
rjrj
j
xv
yw
(3.3.2.9)
Que, reorganizada (3.3.2.9), transforma-se em uma das restrições (3.3.2.2)
da função objetivo (3.3.2.1):
01
,,
1
,,
m
i
ijio
s
r
rjro xvyw (3.3.2.10)
52
No contexto desta pesquisa, (3.3.2.1) refere-se a n cooperativas de
reciclagem, m variáveis de entrada ijx , , para produzir s variáveis de saídas rky , . O
modelo DEA computa n passos, um por cooperativa em cada conjunto de dados; cada
cooperativa é indicada uma vez e avaliada em relação a todas as outras cooperativas
no conjunto de dados. A referida cooperativa é indicada como “j ”. Para cada
cooperativa o modelo DEA calcula o desempenho global “* a
je ” e os pesos das
entradas “*
jv ” e das saídas “*
jw ” ótimas. O valor a
je indica o maior desempenho
para a cooperativa “j ”. (3.3.2.2) denota que cada unidade deverá ter um desempenho
de no máximo 100%. Para obtenção de (3.3.2.1) é necessário maximizar o numerador
de (3.3.2.9), para tanto, deve-se igualar o denominador de (3.3.2.9) a 1 e considera-
lo como restrição, obtendo-se (3.3.2.3). (3.3.2.4) e (3.3.2.5) indicam que todos os
dados de entrada, saída, pesos de entrada e pesos de saída devem ser estritamente
positivos.
Esse modelo DEA-CCR apresentado é uma modelagem primal conhecida
como Modelo dos Multiplicadores, pois os pesos são as variáveis de decisão.
O modelo dual desenvolvido a partir do Modelo dos Multiplicadores é
denominado Modelo do Envelope. Seja o processo produtivo com n DMUs como o
descrito em (3.3.2.1), considerando orientação a entrada, a j´ésima DMU pode-se
descrever que (Cooper; Seiford; Tone (2007)):
jmin (3.3.2.11)
Sujeito às restrições:
01
n
j
jijijj xx Para i=(1, 2, ... , m) e j=(1, 2, ... , n) (3.3.2.12)
01
n
j
jrjrj yy Para =(1, 2, ... , n) e r =(1, 2, ... , s) (3.3.2.13)
0j Para j=(1, 2, ... , n) (3.3.2.14)
A função objetivo é tida como um indicador de eficiência da DMU analisada,
ou seja, é o valor que deve ser multiplicado por todas as entradas de forma a reduzi-
los e assim obter valores que coloquem a DMU na fronteira eficiente. (3.3.2.12)
garante que a redução em cada uma das entradas não ultrapasse a fronteira definida
pelas DMUs eficientes. (3.3.2.13) garante que a redução das entradas não altere o
nível atual das saídas da DMU analisada (MELLO et al., 2005).
53
A partir da modelagem Dual e dos coeficientes j é possível determinar quais
DMUs eficientes podem ser adotadas como benchmarks para que as DMUs
ineficientes possam alcançar a eficiência (MARIANO; ALMEIDA; REBELATTO, 2006),
da seguinte forma: Para 0 a DMU não será um benchmarks para a DMU
analisada; Para 0 a DMU será um benchmarks para a DMU analisada.
Analogamente ao que foi exposto anteriormente, obtém-se o Modelo do
Envelope com orientação a saídas (Cooper; Seiford; Tone (2007)):
jmax (3.3.2.15)
Sujeito às restrições:
01
n
j
jijij xx Para i=(1, 2, ... , m) e j=(1, 2, ... , n) (3.3.2.16)
01
n
j
jrjrjj yy Para j=(1, 2, ... , n) e r =(1, 2, ... , s) (3.3.2.17)
0j Para j=(1, 2, ... , n) (3.3.2.18)
O modelo VRS foi introduzido por Banker; Charnes; Cooper (1984). As
variações que são realizadas nas entradas do sistema produzem variações não
proporcionais nas saídas, ou seja, substitui o axioma da proporcionalidade entre
entradas e saídas pelo axioma da convexidade. O modelo VRS permite que DMUs
que operam com baixos valores de entradas tenham retornos crescentes de escala e
que as que operam com altos valores tenham retornos decrescentes de escala. A
fronteira de eficiência é representada por segmentos de reta. O modelo CRS substitui
o axioma da proporcionalidade entre entradas e saídas apresentada no modelo CCR,
pelo axioma da convexidade. Para obter o modelo básico VRS da DEA, basta
adicionar uma restrição 11
n
j
j nas restrições da função objetivo (3.3.2.11) e
(3.3.2.15), e será apresentado em (3.3.2.19) e ( 3.3.2.25).
A fronteira de eficiência pode ser representada pela curva OAD, Figura 5.
Esse tipo de fronteira pressupões um ambiente com retorno variável de escala (VRS),
pois, no retorno constante de escala (CRS), a fronteira seria uma reta que passaria
pelos pontos O e A.
54
Figura 5: Fronteira de eficiência
Fonte: Autoria própria.
Cada conjunto de DMUs, entradas ou saídas geram uma fronteira de
eficiência diferente. Os índices de eficiência são calculados em função da forma de
projeção das DMUs ineficientes na fronteira. Nos modelos clássicos, duas formas de
projeção são utilizadas: os modelos orientados pela redução das entradas (input-
oriented) e os modelos orientados pela expansão das saídas (output-oriented).
Os modelos orientados pela redução das entradas (input-oriented)
calculam a redução máxima de insumos (entrada) para uma mesma produção
(saídas). Na Figura 5, a projeção de B será em 𝐵1 e o índice de eficiência será a razão
entre o segmento 𝐵2𝐵 e 𝐵2𝐵1 , ou algebricamente (Modelo VRS) (Banker; Charnes;
Cooper (1984)):
jmin (3.3.2.19)
Sujeito às restrições:
01
n
j
jijijj xx Para i=(1, 2, ... , m) e j=(1, 2, ... , n) (3.3.2.20)
01
n
j
jrjrj yy Para =(1, 2, ... , n) e r =(1, 2, ... , s) (3.3.2.21)
0j Para j=(1, 2, ... , n) (3.3.2.22)
11
n
j
j (3.3.2.23)
Onde DMU0 representa um de n DMUs em avaliação, 𝜃∗ representa a
eficiência do escore DMUj, xij e yrj são a i-ésima entrada e r-ésima saída,
55
respectivamente, para o DMUo. Se 𝜃 = 1, é uma solução factível para (3.3.2.19), e o
valor ideal para 𝜃∗ ≤ 1. Se 𝜃∗ = 1, o atual nível da entrada não pode ser reduzido,
indicando que o DMUj está sobre a fronteira.
Os modelos orientados pela expansão das saídas (output-oriented)
calculam a expansão máxima de produto (saída) para uma mesma utilização de
insumo (entrada). Na Figura 5, a projeção de B será em 𝐵3 e o índice de eficiência
será a razão entre o segmento 𝐵𝐵4 e 𝐵3𝐵4
, ou algebricamente (Modelo VRS) (Banker;
Charnes; Cooper (1984)):
jmax (3.3.2.24)
Sujeito às restrições:
01
n
j
jijij xx Para i=(1, 2, ... , m) e j=(1, 2, ... , n) (3.3.2.25)
01
n
j
jrjrjj yy Para j=(1, 2, ... , n) e r =(1, 2, ... , s) (3.3.2.26)
0j Para j=(1, 2, ... , n) (3.3.2.27)
11
n
j
j (3.3.2.28)
Onde DMU0 representa um de n DMUs em avaliação, 𝜃∗ representa a
eficiência do escore DMUo, xij e yrj são a i-ésima entrada e r-ésima saída,
respectivamente, para o DMUo. Se 𝜃= 1, é uma solução factível para (3.3.2.24), e o
valor ideal para 𝜃∗ ≤ 1. Se 𝜃∗ = 1, o atual nível da saída não pode ser aumentado,
indicando que o DMU0 está sobre a fronteira.
No entanto, a solução da programação linear poderá conter os slacks (folgas),
que é o uso excessivo de insumos para uma determinada produção ou é a
subprodução de saídas a partir de um conjunto específico de insumos. Os valores
slacks de entrada e saída podem existir nos modelos input-oriented e output-oriented.
Onde 𝑠− e 𝑠+ são os slacks de entrada e saída, respectivamente (Cooper; Seiford;
Tone (2007)).
𝑠𝑖− = 𝑥𝑖𝑗 − ∑ 𝜆𝑗𝑥𝑖𝑗
𝑛
𝑗=1
𝑖 = 1, 2, … , 𝑚; (3.3.2.29)
56
𝑠𝑟+ = ∑ 𝜆𝑗𝑥𝑖𝑗
𝑛
𝑗=1
− 𝑦𝑟𝑗 𝑟 = 1, 2, … , 𝑠;
O seguinte modelo de programação linear apresenta os possíveis slacks não-
zeros (exemplo para input-oriented):
𝑚𝑖𝑛 (∑ 𝑠𝑖−
𝑚
𝑖
+ ∑ 𝑠𝑟+
𝑠
𝑟
) (3.3.2.29)
Sujeito a:
∑ 𝜆𝑗𝑥𝑖𝑗 + 𝑠𝑖− ≤ 𝜃∗
𝑛
𝑗=1
𝑥𝑖𝑗 𝑖 = 1, 2, … , 𝑚;
∑ 𝜆𝑗𝑥𝑟𝑗 − 𝑠𝑟+ ≤𝑛
𝑗=1 𝑦𝑟𝑗 𝑟 = 1, 2, … , 𝑠;
𝜆𝑗 ≥ 0 𝑗 = 1, 2, … , 𝑛;
De forma geral, o desenvolvimento dos modelos com os tipos de orientações
e fronteiras é dado no Quadro 5.
Quadro 5: Modelos de orientações de fronteira
Tipo de
fronteira input-oriented output-oriented
CRS
min 𝜃 − 𝜀 (∑ 𝑠𝑖−
𝑚
𝑖
+ ∑ 𝑠𝑟+
𝑠
𝑟
) max 𝜙 − 𝜀 (∑ 𝑠𝑖−
𝑚
𝑖
+ ∑ 𝑠𝑟+
𝑠
𝑟
)
Sujeito a: Sujeito a:
∑ 𝜆𝑗𝑥𝑖𝑗 + 𝑠𝑖− ≤ 𝜃𝑛
𝑗=1 𝑥𝑖𝑗;
𝑖 = 1, 2, … , 𝑚
∑ 𝜆𝑗𝑥𝑖𝑗 + 𝑠𝑖− ≤𝑛
𝑗=1 𝑥𝑖𝑗;
𝑖 = 1, 2, … , 𝑚
∑ 𝜆𝑗𝑥𝑟𝑗 − 𝑠𝑟+ ≤𝑛
𝑗=1 𝑦𝑟𝑗 ;
𝑟 = 1, 2, … , 𝑠
∑ 𝜆𝑗𝑥𝑟𝑗 − 𝑠𝑟+ ≤𝑛
𝑗=1 𝜙𝑦𝑟𝑗 ; 𝑟 = 1, 2, … , 𝑠
𝜆𝑗 ≥ 0 ;
𝑗 = 1, 2, … , 𝑛
𝜆𝑗 ≥ 0 ;
𝑗 = 1, 2, … , 𝑛
VRS Adicionar ∑ 𝜆𝑗𝑛𝑗=1 = 1
Fonte: Cooper; Seiford; Tone (2007)
Cooper; Seiford; Tone (2007) apresentam outras variações do modelo DEA;
dentre elas, as mais usadas são o modelo DEA baseado em folgas (Slack Based
Measure – SBM) e a mensuração da eficiência intertemporal por meio do modelo DEA
“Análise de Janelas” (Window Analysis).
57
Os slacks são excessos de insumos ou escassez de produtos utilizados por
alguma DMU que podem estar numa parte da fronteira não eficiente por causa dessas
folgas, ou seja, algumas DMUs podem ser classificadas como eficientes, mas, em
razão dos slacks, são classificadas como falsos eficientes. Assim, o modelo DEA
baseado em folgas (Slack Based Measure), ou simplesmente DEA-SBM, trabalha
com esses slacks na forma de um único escalar que possui as propriedades: (i) a
mensuração é invariante em relação à mensuração de cada item entrada e saída; e
(ii) a mensuração é monótona decrescente em cada slack de entrada e saída.
A estimação da eficiência de uma DMUo por meio do DEA-SBM é realizada
pelo problema fracionado de programação linear em 𝜆, 𝑠−e 𝑠+(Cooper; Seiford; Tone
(2007)).
min𝛾,𝑠−,𝑠+
𝜌 =1 −
1𝑚
∑𝑠𝑖
−
𝑥𝑖𝑜
𝑚𝑖=1
1 +1𝑠
∑𝑠𝑟
+
𝑦𝑟𝑜
𝑠𝑟=1
(3.3.2.30)
Sujeito à
𝑥0 = 𝑋𝜆 + 𝑠−
𝑦0 = 𝑌𝜆 − 𝑠+
𝛾 ≥ 0, 𝑠− ≥ 0, 𝑠+ ≥ 0
Onde 𝑥𝑖𝑜, 𝑦𝑟𝑜, 𝜆, 𝜌, 𝑠𝑖− e 𝑠𝑟
+ são entradas, saídas, pesos das entradas e saídas,
vetores de folga, slack entrada e slack saída, respectivamente. Esse modelo assume
que 𝑋 ≥ 0. Se 𝑥𝑖𝑜 = 0, então exclui-se o 𝑠−
𝑥𝑖𝑜= 0. Se 𝑦𝑟𝑜 ≤ 0, então tem-se um número
positivo muito pequeno, de tal modo que 𝑠+
𝑦𝑟𝑜 assume um papel de penalidade.
O valor 𝜌 ∈ [0,1] da função objetivo 3.3.2.30 satisfaz as condições (i) e (ii),
pois o numerador e o denominador são medidos na mesma unidade para cada
expressão da função e o valor da função objetivo decresce após acréscimos em 𝑠− e
𝑠+; os outros termos são constantes.
O modelo DEA-SBM definido por meio das estruturas input-oriented (SBM-I)
é dado por (Cooper; Seiford; Tone (2007)):
𝜌𝐼∗ = min
𝛾,𝑠−(1 −
1
𝑚∑
𝑠𝑖−
𝑥𝑖𝑜
𝑚
𝑖=1
) (3.3.2.31)
Sujeito a
58
𝑥0 = 𝑋𝜆 + 𝑠−
𝑦0 = 𝑌𝜆
𝛾 ≥ 0, 𝑠− ≥ 0
O modelo DEA-SBM definido por meio das estruturas output-oriented (SBM-
O) é dado por:
𝜌𝐼∗ = min
𝛾,𝑠+(
1
1 +1𝑠
∑𝑠𝑟
+
𝑦𝑟𝑜
𝑠𝑟=1
)
(3.3.2.32)
Sujeito a
𝑥0 = 𝑋𝜆
𝑦0 = 𝑌𝜆 − 𝑠+
𝛾 ≥ 0, 𝑠+ ≥ 0
A mensuração da eficiência intertemporal de DMUs por meio da metodologia
DEA vem sendo objeto de estudo nas últimas décadas. Uma abordagem é a análise
por janelas (window analysis), ou DEA-window ou DEA-W (KLOPP, 1985). O
método DEA-window é um método estruturado que associa, em uma única aplicação,
os dados de um conjunto de DMUs distribuídos em diversos períodos de tempo, por
meio de múltiplas aplicações do DEA, considerando-se as diferentes combinações de
período (windows).
A window analysis consiste na separação dos períodos de tempo analisados
em diferentes grupos (windows). Assim, o primeiro passo é determinar o tamanho de
cada janela e a quantidade de janelas a serem construídas.
Seja n a quantidade de DMUs, k a quantidade de períodos, p o comprimento
de cada janela e w o número de janelas, tem-se (COOPER; SEIFORD; TONE, 2007):
𝑝 = {
𝑘
2, 𝑠𝑒 𝑘 𝑓𝑜𝑟 𝑝𝑎𝑟
𝑘 + 1
2, 𝑠𝑒 𝑘 𝑓𝑜𝑟 í𝑚𝑝𝑎𝑟
(3.3.2.33)
𝑤 = 𝑘 − 𝑝 + 1 (3.3.2.34)
Um exemplo hipotético: sejam 7 DMUs, analisadas durante os 12 meses do
ano de 2015. O comprimento de cada janela será p=6 e o número de janelas será w
= 7. Dessa forma, serão analisadas as janelas de: (1) janeiro a junho, (2) fevereiro a
59
julho, (3) março a agosto, (4) abril a setembro, (5) maio a outubro, (6) junho a
novembro, (7) julho a dezembro.
Após a construção de todas as janelas, o modelo DEA deve ser aplicado a
cada uma das janelas, considerando cada DMU de cada período (que pertence àquela
janela) como “diferente”. Nessa abordagem, o resultado final de eficiência de cada
DMU deve ser a média das eficiências obtidas em todos os períodos de tempo e em
todas as janelas, e o desvio padrão de cada DMU também pode ser calculado para
testar a estabilidade da sua eficiência no tempo.
3.3.2.1 Análise envoltória de dados baseado em folgas (DEA-SBM)
Neste estudo, utilizou-se o modelo não radial análise envoltória de dados
baseado em Folgas (DEA slacks-based measure – DEA-SBM) (TONE, 2001) para a
determinação dos índices de desempenho das cooperativas de reciclagem, por ir ao
encontro da definição de eficiência técnica de Koopmans (1951), o que não
necessariamente ocorre em modelos radiais (RUGGIERO, 2000). O modelo DEA-
SBM trabalha diretamente com os slacks (excessos de entradas ou déficits de saídas)
e não com a suposição de proporcionalidade entre entradas e saídas (COOPER;
SEIFORD; TONE, 2007).
Pelas características das cooperativas de reciclagem, que visam à inclusão
socioprodutiva de catadores, utilizou-se o modelo DEA-SBM com orientação output,
permitindo uma expansão máxima de produto para uma mesma utilização de insumo.
𝜌𝐼∗ = min
𝛾,𝑠+(
1
1 +1𝑠
∑𝑠𝑟
+
𝑦𝑟𝑜
𝑠𝑟=1
)
3.5.1
Sujeito a
𝑥0 = 𝑋𝜆
𝑦0 = 𝑌𝜆 − 𝑠+
𝛾 ≥ 0, 𝑠+ ≥ 0
Onde 𝑋, 𝑦𝑟𝑜, 𝜆, 𝜌 e 𝑠𝑟+ são entradas, saídas, peso das entradas e saídas, vetores de
folga e slack saída, respectivamente.
60
3.3.3 Análises Estatísticas
Apesar de não ser possível, por meio de estatística, testar no modelo DEA a
rigidez estatística e os erros de estimação da fronteira de eficiência, algumas análises
estatísticas contribuem para a realização de interpretações sobre as variáveis
estudadas, como: teste de comparação entre amostras, análise gráfica e análise para
identificar os efeitos das variáveis sobre a eficiência.
3.3.3.1 Comparação entre amostras
A mensuração da eficiência intertemporal, por meio do método DEA-windows,
gera um conjunto de índices que reflete o desempenho das DMUs em um determinado
período de tempo. A partir desses índices, pode-se verificar a estabilidade das DMUs
em relação ao tempo, ou seja, se as suas colocações (ranks) se alteram ao passar do
tempo.
Caso haja alteração nas colocações das DMUs, Brockett et al. (1998) indicam
o teste estatístico Kruskal Wallis, para verificar se essas alterações são significativas
ou não. A forma é a seguinte: consideram-se as n populações (DMUs),
simultaneamente, sob investigação; testa-se a hipótese nula “de que todos os DMUs
têm a mesma ordem de classificação” contra a hipótese alternativa “de que elas não
possuem a mesma ordem de classificação”. A aceitação da hipótese nula indica que
os DMUs mantêm suas posições relativas de eficiência no decorrer do tempo; já a
rejeição da hipótese nula aponta que as diferenças nas posições relativas de eficiência
são significativas. Essa análise pode auxiliar em possíveis interpretações à respeito
dos efeitos que as entradas e as saídas exerceram sobre o índice de eficiência.
Seja um conjunto formado por n DMUs e seja 𝐶𝑖𝑗 a classificação do DMUi no
período k, tem-se:
𝑅𝑗 = ∑ 𝐶𝑖𝑗𝑛𝑖=1 ; 𝑖 = 1 … 𝑛 e j= 1 … 𝑘
(3.3.3.1.1)
𝐻 =12
𝑘. 𝑛. (𝑛. 𝑘 + 1).(∑ 𝑅𝑗
𝑘𝑗=1 )
2
𝑘− 3. (𝑛. 𝑘 + 1)
(3.3.3.1.2)
61
Onde 𝑅𝑗 representa a soma das posições que representam a classificação de
cada DMU no período j; H é o índice calculado do Kruskal Wallis; e 𝜒𝑘−12 é valor
tabelado do Qui-quadrado com k-1 graus de liberdade. Se H < 𝜒𝑘−12 , não se pode
rejeitar a hipótese nula.
Caso ocorra a rejeição da hipótese nula, significa que pelo menos um conjunto
de DMUs, no período j, apresenta posições de classificação diferente de pelo menos
um outro conjunto de DMUs em um outro período. Assim, o teste de Dunn, como
apresentado em Dunn (1964), permite determinar quais grupos diferem, através de
um procedimento de comparação múltipla.
3.3.3.2 Análise de regressão
Para determinar quais fatores afetam significativamente o desempenho
(variável dependente), muitos estudos têm usado como segundo estágio de avaliação
do modelo DEA os modelos de regressão mínimos quadrados ordinários (OLS) e Tobit
(HOFF, 2007). No entanto, o modelo OLS aplicado aos escores do modelo DEA pode
apresentar estimadores inconsistentes, pelo fato de a variável dependente ser limitada
e normalmente truncada (GREENE, 2000), os escores apresentados pelo modelo
DEA tem valores no intervalo 10 score e, normalmente, várias unidades atingem
o valor 1, ou seja, é truncado em 1. Assim, o modelo de regressão que apresenta
estimadores mais consistentes é a regressão Tobit (ICHINOSE; YAMAMOTO;
YOSHIDA, 2013; GARCÍA-SÁNCHEZ, 2008; MARQUES; SIMÕES, 2009; TURNER;
WINDLE; DRESNER, 2004; ÇELEN, 2013; NAHRA; MENDEZ; ALEXANDER, 2009;
JIA; LIU, 2012), que foi projetado para estimar relações lineares entre as variáveis nos
casos em que a variável dependente mostra censura ou truncamento à esquerda ou
à direita (TOBIN, 1958)
O modelo de regressão Tobit também é conhecido como Modelo Censurado
Padrão Tobit, definido por uma distribuição gama (TOBIN, 1958). O modelo Tobit é
apresentado a seguir:
Seja ),... 2 ,1( nj
Tal que:
jJJ UXY '* , )0,max( **
JJ YY
e ),0(~ 2NU j (3.3.3.2.1)
62
Onde j' é o vetor de parâmetros da regressão (coeficientes); JX é o vetor
de regressores (variáveis independentes); e JU são os erros do modelo distribuídos
conforme ),0( 2N e condicionados aos JX .
O modelo de regressão Tobit pode apresentar estimadores inconsistentes dos
parâmetros sob heterocedasticidade (DEATON, 1997). Assim, utilizou-se o teste de
White para verificar a heterocedasticidade dos dados, expresso por:
eyyyw n
n
^1
^2
2
^
10
2^
2 (3.3.3.2.2)
Onde ),... 2 ,1( nj , e é o erro, J são os parâmetros, hipótese nula
0...: 320 nH (homoscedasticidade) e hipótese alternativa
0 lg : 11 JJ umaeparaH (heterocedasticidade).
3.3.4 Métodos Multicritérios como Ferramenta de Apoio à Tomada de Decisão
Este estudo apresentará, como exemplo, três cenários extremos para testar a
robustez do método proposto. Cada cenário representará as preferências de um
especialista da área econômica, social e ambiental.
Cada cenário irá gerar um índice integrado de desempenho composto pelos
índices de desempenhos obtidos nas quatro dimensões estudadas. Esse índice
integrado de desempenho fornecerá um ranking de classificação das cooperativas que
representará a simulação das preferências de um agente decisor municipal, pois não
há consenso nos municípios brasileiros sobre qual secretária municipal supervisiona
as cooperativas de reciclagem, por exemplo, em alguns municípios as cooperativas
estão sob a supervisão da Secretária Municipal de Meio Ambiente e em outros
municípios da Secretária Municipal de Assistência Social.
Dessa, torna-se necessário utilizar os métodos multicritérios como de apoio à
tomada de decisão neste estudo, pois a tomada de decisão em cenários permeados
pelo desenvolvimento sustentável é uma tarefa complexa, visto que este
desenvolvimento deve atender as necessidades do presente, não comprometendo a
capacidade das gerações futuras de atenderem suas próprias necessidades. A
tomada de decisão deve ser economicamente eficiente, ambientalmente prudente e
socialmente desejável (CMMAD, 1988).
63
Problemas dessa natureza envolvem múltiplos critérios, alternativas e
preferências que interferem no processo decisório. Nesse sentido, os métodos
multicritérios destacam-se como uma ferramenta para auxiliar na tomada de decisão,
considerando a subjetividade inerente no processo decisório, onde existem
alternativas pré-determinadas, em sua maioria as preferências são incertas ou há
divergência de opiniões entre os decisores (ROY; VANDERPOONTEN, 1996).
A literatura apresenta diversos estudos referentes ao gerenciamento de
resíduos sólidos por meio de ferramentas multicritério de tomada de decisão, com foco
em aspectos econômicos, sociais e ambientais, como exemplo: Hanan; Burnley; Cooke
(2013); Ziout et al. (2013); Carvalho et al. (2011); Nzila et al. (2012); Kontos; Komilis;
Halvadakis (2005).
3.3.4.1 Simple additive weighting (SAW)
O índice integrado de desempenho das cooperativas será obtido pelo método
SAW. O método SAW irá comparar as cooperativas utilizando os índices de
desempenho obtidos pelo modelo DEA-SBM em cada uma das quatro dimensões
estudadas, com objetivo de fazer uma classificação ascendente das alternativas para
uma determinada meta a ser atingida.
O método Simple Additive Weighting (SAW) (CHURCHMAN; ACKOFF, 1954),
também conhecido como combinação linear ponderada ou método de pontuação, é
uma técnica de tomada de decisão multicritérios. O método SAW compara alternativas
utilizando um índice de comparação (SAWj), obtidos por meio de atributos (critérios)
e pesos (ponderações), com objetivo de fazer uma classificação ascendente das
alternativas para uma determinada meta a ser atingida (YOON; HWANG, 1995).
𝑆𝐴𝑊𝑗 = ∑ 𝑤𝑗
𝑁
𝑗=1
. 𝑟𝑖𝑗 (3.3.4.1)
Onde N é o número de critérios, wj é o peso de cada critério J, rij é o valor da
i-ésima alternativa com seu respectivo j-ésimo critério e SAWj é o índice de
comparação.
Neste estudo, serão quatro critérios representados pelas quatro dimensões
estudadas, ou seja, os índices de desempenho das cooperativas de reciclagem em
suas AOCR (coleta, produção e comercialização) e os índices de desempenho das
64
cooperativas como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de
RSUPR. Os wj serão os pesos atribuídos pelos especialistas das áreas ambiental,
econômica e social em cada uma das quatro dimensões. Os rij representará o valor do
índice de desempenho de cada cooperativa em cada uma das quatro dimensões.
Segundo Batista (2003), o método SAW consiste em três passos: o primeiro
é determinar o peso de cada critério (as quatro dimensões estudadas) que pode ser
obtido por meio da Análise Hierárquica de Processo (AHP) (AFSHARI; MOJAHED;
YUSSUFF, 2010). O segundo passo refere-se à normatização dos dados, para torná-
los comparáveis; no entanto, neste estudo não será necessário normatizar os dados,
pois os índices de desempenho já estão na mesma escala e variando entre 0 e 1. O
terceiro passo diz respeito ao cálculo do índice SAW j.
Em síntese, uma pontuação de avaliação é calculada para cada alternativa,
multiplicando o valor escalado dado à alternativa desse atributo com os pesos de
importância relativa diretamente atribuídos pelo tomador de decisão seguido de soma
dos produtos para todos os critérios. A vantagem desse método é que é uma
transformação linear proporcional dos dados brutos, o que significa que a ordem
relativa de magnitude das pontuações padronizadas permanece igual (AFSHARI;
MOJAHED; YUSSUFF, 2010).
3.3.4.2 Análise hierárquica de processo - Analytical Hierarchy Process (AHP)
Analytical Hierarchy Process (AHP) é uma ferramenta para o auxílio no
processo de tomada de decisão, desenvolvida por SAATY (1977, 1980). Pode ser
utilizada na avaliação de critérios objetivos e subjetivos, organizando as variáveis de
decisão em sucessíveis níveis de importância, averiguando a inter-relação entre as
partes.
O método AHP, segundo Saaty (1980), é fundamentado em três princípios: a
construção de hierarquias, estabelecimento de prioridades e consistência lógica das
prioridades.
65
3.3.4.2.1 Construção de hierarquias
Possui o intuito de organizar/simplificar problemas complexos. A hierarquia
deve ser construída de modo que os elementos no mesmo nível devem ser
relacionados com elementos do próximo nível. De forma geral, é representada por
objetivo, fatores de decisão (critérios e subcritérios) relevantes e alternativas de
decisão (Figura 6).
Figura 6: Hierarquia do método AHP
Fonte: Autoria própria
Neste estudo serão utilizados apenas os níveis 1 e 2 da estrutura hierárquica,
pois o método AHP será aplicado somente para determinar os pesos de cada critério,
para utilização posterior do método SAW (AFSHARI; MOJAHED; YUSSUFF, 2010). Os
critérios são as dimensões utilizadas para a análise do desempenho das cooperativas
de reciclagem em cada uma das AOCR atribuídas às cooperativas (coleta, produção
e comercialização) e como um instrumento de inclusão social, geração de renda e
redução de RSUPR.
66
3.3.4.2.2 Estabelecimento de prioridades
O estabelecimento de prioridades tem como objetivo realizar uma síntese dos
valores/preferências do agente decisor e determinar de forma objetiva uma medida
global para cada uma das alternativas, estabelecendo, assim, a prioridade entre elas.
O agente responsável pela tomada de decisão atribui grau de importância aos
fatores (critérios e subcritérios) de decisão em cada um dos níveis de hierarquia.
Definindo prioridade das alternativas após a sintetização dos julgamentos.
Para sintetização dos julgamentos, realiza-se avaliação de preferências por
meio da comparação par a par de cada elemento dentro do seu nível hierárquico,
criando, assim, uma matriz quadrada de decisão. Em seguida, utiliza-se o método do
autovalor, para estimar os pesos relativos dos elementos de decisão em um dado
nível.
Esse método utiliza, para comparação par a par, uma escala de 1 a 9, ou uma
escala correspondente qualitativa, onde 1 corresponde a igual, 3 equivale a
moderado, 5 representa forte, 7 equivale a muito forte, 9 representa absoluto e os
valores 2, 4, 6 e 8 são valores intermediários (TZENG; HUANG, 2011).
Após a realização das comparações pareadas, os dados são inseridos em
uma matriz quadrada A de ordem n é denominada matriz de preferências, para cada
conjunto de elementos integrantes do mesmo nível hierárquico, de modo que sejam
comparados entre si em relação ao nível imediatamente acima.
𝐴 = [
𝑎11
1 𝑎12⁄⋮
1 𝑎1𝑛⁄
𝑎12
𝑎22
⋮1 𝑎2𝑛⁄
⋯⋯⋱
⋯
𝑎1𝑛
𝑎2𝑛
⋮𝑎𝑛𝑛
]
O preenchimento da matriz A é realizado por linhas, onde a diagonal principal
é preenchida com o valor 1, representando a comparação de um elemento com ele
mesmo. Na linha 1 são inseridas as importâncias que o elemento dessa linha tem em
relação a cada elemento de todas as colunas, e assim sucessivamente.
3.3.4.2.3 Consistência lógica das prioridades
A resolução da matriz A resulta no autovetor de prioridades (𝑤),
representando a medida de consistência de uma matriz. Sendo que n é o número de
67
fatores a serem comparados, 𝜆𝑚𝑎𝑥 é o autovalor máximo associado à matriz de
preferências e 𝑤𝑖𝑗 ∈ 𝐴, os vetores prioridade.
A partir da matriz de preferências construídas pelo analista, o autovetor de
prioridades é estimado por:
��. �� = 𝜆𝑚𝑎𝑥 . �� (3.3.5.1)
O �� é a matriz de comparação observada, 𝜆𝑚𝑎𝑥 é o autovalor máximo
associado à matriz �� e �� seu autovetor correspondente. Dessa forma, �� é o autovetor
estimado correspondente a 𝑤.
Quanto menor a diferença entre 𝜆𝑚𝑎𝑥 e o número de fatores, maior será a
consistência da matriz de comparação de pares ��. O índice de consistência (CI) e o
quociente de consistência (CQ) são dados, respectivamente, por:
𝐶𝐼 =𝜆𝑚𝑎𝑥−𝑛
𝑛−1 e 𝐶𝑄 =
𝐶𝐼
𝐶𝑅𝐼 (3.3.5.1)
O índice de consistência aleatório (CRI) é apresentado no Quadro 6.
Quanto maior o CQ, maior será a consistência. Se n = 2, o CQ é nulo; quando n= 3, o
CQ deve ser inferior a 0,05; quando n= 4, o CQ deve ser menor ou igual a 0,09; e,
para n> 4, CQ≤ 0,10, sendo esse o limite aceitável de inconsistência na aplicação do
método (LIBERATORE; NYDICK, 1997).
Quadro 6: CRI para matrizes quadradas de ordem n
n 3 4 5 6 7 8 9 10 11
CRI 0.52 0.89 1.11 1.25 1.35 1.40 1.45 1.49 1.51
Fonte: Saaty (1980).
3.3.4.2.4 Estabelecimento de critérios
Os critérios são utilizados como parâmetros de avaliação que permitem a
comparação entre o conjunto de alternativas, de acordo com um particular ponto de
vista, ou seja, os critérios são ferramentas que permitem a comparação das ações em
relação a pontos de vista particulares, modelando as preferências do decisor em um
nível global (ROY; BOUYSSOU, 1985).
68
3.3.4.2.5 Preferências do decisor
Nesta etapa, realiza-se a comparação entre os critérios e os subcritérios
em relação ao objetivo principal por meio da votação pareada. Essa comparação é
concretizada através da aplicação de um questionário, utilizando escala de 1 a 9
(APÊNDICE C), como mencionado anteriormente, envolvendo a inter-relação entre os
critérios e os subcritérios. Essa fase identifica o grau de importância dos critérios e
dos subcritérios em relação ao objetivo geral dentro da estrutura hierárquica.
3.3.4.2.6 Análise de sensibilidade
A análise de sensibilidade consiste em verificar o efeito de
preferências/pesos atribuídos pelo decisor a critérios e subcritérios na tomada de
decisão. Criando-se diferentes cenários, alterando-se ou não as prioridades das
alternativas. O principal objetivo da análise de sensibilidade é verificar quais os
critérios que mais influenciam o processo de tomada de decisão (SENTHIL;
SRIRANGACHARYULU; RAMESH, 2014).
3.4 ESTRUTURA DO MÉTODO PROPOSTO PARA DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES
DE DESEMPENHO DAS COOPERATIVAS
Com intuito elucidar a problemática proposta, a estrutura do método proposto para
determinar os índices de desempenho das cooperativas foi decomposto em oito
etapas, esquematizadas na Figura 7. A primeira etapa consiste na definição dos
indicadores (variáveis) de produtividade para determinação dos índices de
desempenho em cada uma das quatro dimensões estudadas, ou seja, os índices de
desempenho das cooperativas de reciclagem em suas AOCR (coleta, produção e
comercialização) e seus índices de desempenho como um instrumento de inclusão
social, geração de renda e redução de RSUPR. A segunda etapa corresponde à
realização de estatística descritiva para destacar aspectos relevantes das variáveis
estudadas. A terceira etapa refere-se à escolha do tipo de modelo DEA a ser aplicado,
DEA-SBM e DEA-Window. A aplicação do modelo DEA para obtenção dos índices de
desempenho das cooperativas em cada uma das quatro dimensões, corresponde à
69
quarta etapa. Na etapa cinco, a partir dos índices de desempenho obtidos pelo DEA-
Windows, é executado o teste de Kruskal Wallis para verificar a estabilidade das
DMUs em relação ao tempo. Já a verificação de quais fatores (entradas e saídas)
afetam significativamente os índices de desempenho, corresponde a etapa seis. A
etapa sete consiste na determinação, por meio do método SAW, de um índice
integrado de desempenho a partir dos índices de desempenho das cooperativas em
suas AOCR e como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução
de RSUPR. A etapa oito corresponde à coleta de informações sobre as cooperativas
por meio de dados oficiais (órgãos municipais) e por visitas in loco. A etapa nove é
composta pela verificação da aderência do método proposto e conclusão.
Figura 7: Estrutura de análise
Fonte: Autoria própria
3.5 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS
Para aplicação do método proposto, optou-se por trabalhar com um grupo de
sete cooperativas de um município do norte do estado do Paraná. As sete
70
cooperativas são responsáveis pela coleta dos RSUPR em 100% da cidade. No
entanto o método pode ser aplicado a qualquer conjunto de cooperativas.
Os dados abrangem os períodos de maio/2015 a dezembro/2015 e foram
obtidos junto à Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina (CMTU)
e por visitas in loco às sete cooperativas. Para a obtenção dos índices de desempenho
das cooperativas de reciclagem em suas AOCR (coleta, produção e comercialização)
e dos índices de desempenho como um instrumento de inclusão social, geração de
renda e redução de RSUPR foram utilizados somente dados oficiais fornecidos pela
CMTU, pelo fato de as cooperativas não possuírem um arquivo de registro organizado
relativo às suas operações. As visitas in loco às cooperativas forneceram informações
sobre aspectos de governança, estrutura física e equipamentos das cooperativas
(APÊNDICE A e APÊNDICE B). Esse procedimento teve o objetivo de suprir a
demanda por coleta de documentos, artefatos visíveis e realização de entrevistas
junto a pessoas que tenham função chave, direta ou indiretamente, em questões de
governança das cooperativas.
Dessa forma, coletaram-se informações não somente acerca das variáveis
utilizadas no modelo DEA, mas também informações relacionadas a aspectos de
governança das cooperativas, para posterior verificação da aderência do método
proposto.
Os softwares utilizados para auxiliar na análise dos dados foram software
OSDEA (versão 2.0), para obtenção dos índices de desempenho (modelo DEA-SBM);
o software EViews (versão 8.0), para análise de regressão Tobit; o software BioEstat
(versão 5.3), para determinar os índices de Kruskal Wallis; e a planilha eletrônica
EXCEL (versão 2016), para a organização dos dados, estatística descritiva, método
AHP e método SAW.
71
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 DESCRIÇÃO DAS COOPERATIVAS ESTUDADAS
Para exemplificar a aplicação do método, analisaram-se as cooperativas de
reciclagem sediadas no município de Londrina, no estado do Paraná (Brasil), cidade
com aproximadamente 553.393 habitantes (IBGE, 2010), no ano de 2015. Segundo a
Companhia Municipal de Trânsito de Londrina (CMTU), as cooperativas atendem
100% dos domicílios da área urbana, dos distritos, patrimônios e vilas rurais; possuem
contrato de prestação de serviço com a prefeitura para a coleta de RSUPR e acordos
de coleta com grandes geradores (órgãos públicos e empresas privadas).
O município possui sete cooperativas de reciclagem formada por catadores
(neste estudo, denominadas: Coop1, Coop2, ..., Coop7) que realizam a gestão dos
RSUPR. O gerenciamento de RSUPR promovido pelas cooperativas inicia-se pela
coleta, realizada semanalmente pelo sistema porta a porta, conforme contrato firmado
com a CMTU, por um motorista e dois ou três coletores, com caminhões baú ou
gaiola8. Em seguida ocorre a pré-triagem9 e, depois, a triagem, em esteiras ou mesas
de triagem10, onde são separados os materiais de acordo com suas características;
em seguida, são prensados11 para agregação de valor, para posterior
comercialização. A movimentação dos materiais entre a pré-triagem, triagem,
prensagem e armazenagem é feita por catadores denominados “pátio” que, em
algumas cooperativas, realizam essa atividade somente de forma manual e, em
outras, com paleteiras e empilhadeiras.
Todas as cooperativas possuem programa de controle de pragas (ratos,
baratas, moscas etc.), Estatuto Social, Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, atas de
assembleias gerais, diretoria funcionando, recolhimento de impostos, emissão de
notas fiscais, licença ambiental, licença sanitária, alvará de prevenção de incêndios e
alvará de funcionamento.
8 Caminhão com carroceria alongada verticalmente por uma tela de metal. 9 A pré-triagem ocorre quando o material coletado é depositado nos CT; é caracterizada pela organização do material a ser
encaminhado para as mesas de triagem e pela separação alguns materiais de maior volume, como papelão. 10 As mesas de triagem são geralmente construídas pelos próprios catadores com “pedaços de madeira” e “restos de materiais”, não possuindo padrão em suas dimensões. Os catadores acondicionam, ao redor das mesas de triagem, sacos plásticos de lixo superiores ou iguais a 60 litros, sacos “big bags” de dimensões iguais ou superiores a 0,90mx0,90mx1,20m, tambores plásticos de formato cilíndrico etc. 11 Local onde o material é compactado em formato de paralelepípedo (com peso normalmente superior a 80 kg), para
posteriormente ser encaminhado para a armazenagem, local onde o material é acomodado para comercialização.
72
As cooperativas relatam algumas dificuldades comuns entre elas, como: (i)
problemas de postura corporal para a execução do trabalho pelos catadores na
triagem e pelos catadores denominados “pátio”, que manuseiam os “sacos”12 de
materiais já triados, os “big bags” e os fardos prensados; (ii) há problemas de
reclamações de compradores pela mistura de materiais (problemas na triagem); (iii)
os catadores têm resistência na utilização dos equipamentos de proteção individual
(EPIs); (iv) alguns centros de triagem (CT) possuem pouca ventilação, falta de
luminosidade e forte odor; (v) muitos dos resíduos triados possuem baixa
comercialização, por falta de compradores, compradores que estão distantes (o custo
com o frete é maior do que o valor obtido pela comercialização) ou pelo baixo valor
comercial do material; (vi) instabilidade no contrato com o órgão público (a cada
renovação de contrato, há mudanças significativas na forma de valorização dos
materiais e no valor repassado para as cooperativas).
4.1.1 Coop1
Fundada em 2009, possui aproximadamente 162 cooperados. São
responsáveis pela sua gestão 8 cooperados (3 diretores, 4 responsáveis por setores
administrativos e 1 na recepção e arquivo) e 2 pessoas contratadas (1 administradora
e 1 contadora). Responsável pela coleta de 88.199 residências, comercializa
aproximadamente 30 tipos diferentes de resíduos. Coleta e comercializa uma média
mensal de 427.096 e 348.801 toneladas, respectivamente. Possui 4 centros de
triagem (CT), sendo 2 próprios (cedidos pela prefeitura ou por órgãos não
governamentais) e 2 alugados. A cooperativa possui 14 prensas (12 próprias e 2
comodato13); 1 extrusora de isopor (comodato); 4 balanças informatizadas (próprias);
1 esteira (própria); 2 empilhadeiras (1 própria e 1 comodato); 1 paleteira; 7 caminhões
próprios, dos quais 6 são utilizados para coleta (3 caminhões gaiola e 3 caminhões
baú) e 1 caminhão é utilizada para transporte de carga.
As atividades administrativas da cooperativa são realizadas por
departamentos. Os departamentos são compostos por catadores que receberam
treinamento ou pessoas contratadas especializadas, que abrangem os setores de
12 Os catadores acondicionam, ao redor das mesas de triagem, sacos plásticos de lixo superiores ou iguais a 60 litros, sacos
“big bags” de dimensões iguais ou superiores a 0,90mx0,90mx1,20m, tambores plásticos de formato cilíndrico etc. 13 Comodato é quando empresas ou intermediários emprestam equipamentos para as cooperativas e, em troca, as cooperativas
devem comercializar seus produtos com eles.
73
vendas, financeiro, produção, recursos humanos, procura de editais de fomento a
cooperativas etc. O departamento de vendas, por exemplo, comercializa
majoritariamente os produtos da cooperativa com indústrias transformadoras, grande
parte de seus clientes são da região de Londrina e o valor obtido pela venda dos
produtos é de acordo com o valor de mercado. Para agregar valor aos produtos, a
Coop1 possui padronização nos fardos prensados, padronização nas cargas de
caminhão, pontualidade nas entregas, faz extrusão do isopor, sem mistura na
separação por tipo de resíduo, e qualidade no atendimento ao cliente.
Os cooperados da Coop1 possuem vale-transporte, vale-alimentação, férias
remuneradas de 20 dias, 13º salário (de acordo com o fundo de reserva acordado com
cada cooperado de forma particular). Cada CT trabalha de forma administrativa
parecida; no entanto, os rendimentos dos cooperados são proporcionais ao
desempenho de cada CT e de cada catador.
4.1.2 Coop2
Fundada em 2011, possui aproximadamente 58 cooperados. É responsável
pela coleta de 31.313 residências. Comercializa aproximadamente 21 tipos diferentes
de resíduos. Coleta e comercializa, mensalmente, em média 158.215 e 127.227
toneladas, respectivamente. Possui 2 CT alugados; 4 prensas (1 própria e 3
comodato); 1 balança pequena (própria); 1 empilhadeira (comodato); 1 ônibus alugado
por aproximadamente R$ 5.000,00 mensais para transportar os cooperados; 3
caminhões utilizados na coleta, dos quais 1 caminhão gaiola (próprio) e 2 caminhões
(1 baú e 1 gaiola), que são alugados por aproximadamente R$ 3.000,00 mensais cada.
A gestão de cada CT é realizada de forma independente, somente a coleta é
unificada, ou seja, cada CT define a forma de comercialização, clientes, preços de
seus produtos, forma de trabalho dos catadores etc. Comercializam majoritariamente
com intermediários da região de Londrina e os valores dos produtos comercializados
geralmente são abaixo do mercado, por possuírem equipamentos em comodato. Para
agregar valor aos produtos, realizam apenas a prensagem dos resíduos em fardos.
74
4.1.3 Coop3
Fundada em 2012, possui aproximadamente 29 cooperados. É responsável
pela coleta de 24.482 residências. Comercializa aproximadamente 19 tipos diferentes
de resíduos. Coleta e comercializa, por mês, em média 87.885 e 69.503 toneladas,
respectivamente. Possui 3 CT (alugados); 3 prensas (próprias); 1 balança pequena
(própria); 1 esteira de triagem (própria); 2 empilhadeiras (próprias); 2 caminhões baú
utilizados na coleta, dos quais 1 é próprio e 1 é alugado por aproximadamente R$
6.000,00 mensais, incluindo motorista. A cooperativa fornece vale-transporte aos
cooperados.
A gestão de cada CT é realizada de forma independente, somente a coleta é
unificada, ou seja, cada CT define forma de comercialização, clientes, preços de seus
produtos, forma de trabalho dos catadores etc. Comercializam majoritariamente com
indústrias da região de Londrina e os valores dos produtos comercializados
geralmente são de acordo com o mercado; no entanto, sempre comercializam um
produto vinculado a outro, de forma que alguns produtos possam estar com o valor
abaixo do mercado. Para agregar valor aos produtos, realizam apenas a prensagem
dos resíduos em fardos.
4.1.4 Coop4
Fundada em 2013, possui aproximadamente 39 cooperados. É responsável
pela coleta de 18.806 residências. Comercializa aproximadamente 23 tipos diferentes
de resíduos. Coleta e comercializa uma média mensal de 137.746 e 110.426
toneladas, respectivamente. Possui 3 CT (alugados); 2 prensas (comodato); 3
caminhões utilizados na coleta, alugados mensalmente por aproximadamente R$
4.500,00 cada, incluindo motorista. Não possui balança, empilhadeira ou paleteira. A
cooperativa fornece vale-transporte aos cooperados.
A gestão de cada CT é realizada de forma independente, somente a coleta é
unificada, ou seja, cada CT define forma de comercialização, clientes, preços de seus
produtos, forma de trabalho dos catadores etc. Comercializam majoritariamente com
intermediários da região de Londrina e os valores dos produtos comercializados
geralmente são abaixo do mercado, por possuírem equipamentos em comodato. A
agregação de valor aos produtos se dá apenas pela triagem.
75
4.1.5 Coop5
Fundada em dezembro de 2013, possui aproximadamente 39 cooperados. É
responsável pela coleta de 21.953 residências. Comercializa aproximadamente 14
tipos diferentes de resíduos. Coleta e comercializa, mensalmente, em média 128.629
e 99,092 toneladas, respectivamente. Possui 3 CT (alugados); 4 prensas (2
comodatos e 2 alugadas por aproximadamente R$ 1.250,00 mensais cada); 1 balança
pequena; 1 esteira de triagem própria (financiada); 2 paleteiras (comodato) e, durante
o período de pesquisa, a cooperativa trabalhava com 3 caminhões utilizados na coleta,
passando para 2 caminhões, alugados mensalmente por aproximadamente R$
5.000,00. A cooperativa fornece vale-transporte aos cooperados.
A gestão de cada CT é realizada de forma independente, somente a coleta é
unificada, ou seja, cada CT define forma de comercialização, clientes, preços de seus
produtos, forma de trabalho dos catadores etc. Comercializam majoritariamente com
intermediários da região de Londrina e os valores dos produtos geralmente são abaixo
do mercado, por possuírem equipamentos em comodato. A agregação de valor aos
produtos se dá apenas pela prensagem dos resíduos em fardos.
4.1.6 Coop6
Fundada em dezembro de 2013, possui aproximadamente 17 cooperados. É
responsável pela coleta de 15.517 residências. Comercializa aproximadamente 12
tipos diferentes de resíduos. Coleta e comercializa, por mês, em média 90.132 e
68,547 toneladas, respectivamente. Possui 2 CT (alugados); 1 balança pequena
(própria); 1 veículo, modelo Volkswagen Kombi, alugado por aproximadamente R$
1.500,00 para transportar os cooperados; e 2 caminhões gaiola alugados por
aproximadamente R$ 6.500,00 mensais cada, utilizados na coleta. Não possui prensa,
empilhadeira ou paleteira.
A gestão dos CT é unificada. Comercializam seus produtos majoritariamente
com intermediários da região de Londrina e os valores dos produtos comercializados
geralmente são abaixo do mercado, por realizarem apenas a separação primária, sem
prensar os produtos em fardos.
76
4.1.7 Coop7
Fundada em 2015, possui aproximadamente 45 cooperados. É responsável
pela coleta de 19.723 residências. Comercializa aproximadamente 16 tipos diferentes
de resíduos. Coleta e comercializa, mensalmente, em média 192.197 e 150.513
toneladas, respectivamente. Possui 1 CT (alugado); 2 prensas (comodato); 1 balança
pequena (própria); 1 empilhadeira (própria); 3 caminhões utilizados na coleta, dos
quais 1 caminhão baú e 1 gaiola são próprios e 1 caminhão gaiola é alugado por
aproximadamente R$ 6.500,00 mensais, incluindo motorista. A cooperativa fornece
vale-transporte aos cooperados.
A cooperativa comercializa majoritariamente com indústrias da região de
Londrina e os valores dos produtos comercializados geralmente são abaixo do
mercado, por possuírem equipamentos em comodato. Para agregar valor aos
produtos, realizam apenas a prensagem dos resíduos em fardos.
4.2 OS DADOS
Os dados obtidos via CMTU para a determinação dos índices de desempenho
abrangem o período de maio a dezembro de 2015 e foram obtidos junto às
cooperativas (por visitas in loco) e com a CMTU que, dentre outras atribuições, é
responsável pela coleta e destinação final dos RSUPR do município de Londrina.
Vale ressaltar que grande parte das cooperativas não possui arquivo de
registro organizado relativo às suas operações. Assim, esse estudo usou, para
obtenção dos índices de desempenho das cooperativas em suas atividades
operacionais na cadeia da reciclagem, dados oficiais fornecidos pela CMTU. A Tabela
3 apresenta os valores médios das variáveis entradas/saídas durante o período de
pesquisa.
77
Tabela 3: Estatística descritiva (Continua)
Coop1 Coop2 Coop3 Coop4 Coop5 Coop6 Coop7
C_COLET av 38,00 12,00 8,00 8,00 11,00 4,00 12,00
sd 0,00 0,00 0,00 0,00 1,85 0,00 0,00
cv 0,00 0,00 0,00 0,00 16,84 0,00 0,00
P_PROD av 105,25 40,88 17,50 27,25 24,25 11,00 31,13
sd 6,45 9,14 1,07 5,70 12,03 3,55 9,82
cv 6,13 22,36 6,11 20,92 49,62 32,24 31,55
CATADOR av 162,25 57,88 28,50 39,25 39,25 17,00 45,13
sd 6,20 8,61 1,01 5,79 11,45 3,33 9,41
cv 3,82 14,88 3,56 14,75 29,16 19,61 20,85
VEIC av 7,00 4,00 2,00 2,00 2,75 2,00 3,00
sd 0,00 0,00 0,00 0,00 0,46 0,00 0,00
cv 0,00 0,00 0,00 0,00 16,84 0,00 0,00
AREA (km2/
semana)
av 39,10 19,27 12,33 10,05 15,13 3,71 3,86
RESID
(semana)
av 88.199,00 31.313,00 24.482,00 18.806,00 21.953,00 15.517,00 19.723,00
COLETA
(ton/mês)
av 427,10 158,22 87,89 137,75 128,66 90,13 192,20
sd 27,73 19,37 11,74 27,22 30,44 9,95 33,26
cv 6,49 12,24 13,36 19,76 23,66 11,03 17,31
COMERC
(ton/mês)
av 348,80 127,23 69,50 110,43 99,91 68,55 150,51
sd 18,64 19,41 7,57 21,10 23,05 5,47 22,95
cv 5,34 15,25 10,89 19,10 23,07 7,98 15,25
ITENS av 30,13 21,50 18,63 23,13 14,38 11,63 15,75
sd 2,90 3,59 1,51 2,90 2,20 1,41 1,39
cv 9,63 16,68 8,09 12,54 15,30 12,11 8,82
PAPEL av 420,00 390,00 410,00 370,00 410,00 380,00 370,00
sd 0,00 19,00 35,00 13,00 10,00 11,00 15,00
cv 0,00 4,87 8,54 3,51 2,44 2,89 4,05
PAPELAO
(R$/ton)
av 310,00 250,00 250,00 240,00 250,00 240,00 250,00
sd 1,00 12,00 24,00 7,00 31,00 0,00 13,00
cv 0,32 4,80 9,60 2,92 12,40 0,00 5,20
PEAD
(R$/ton)
av 1.350,00 1.250,00 1.070,00 1.220,00 1.180,00 1.240,00 1.250,00
sd 26,00 40,00 90,00 49,00 32,00 160,00 28,00
cv 1,93 3,20 8,41 4,02 2,71 12,90 2,24
78
Tabela3: Estatística descritiva
(Conclusão) Coop1 Coop2 Coop3 Coop4 Coop5 Coop6 Coop7
PET
(R$/ton)
av 1230,00 1000,00 1100,00 1010,00 1070,00 1210,00 750,00
sd 130,00 240,00 89,00 87,00 88,00 144,00 117,00
cv 10,57 24,00 8,09 8,61 8,22 11,90 15,60
PEBD
(R$/ton)
av 690,00 650,00 590,00 620,00 600,00 680,00 620,00
sd 50,00 94,00 36,00 87,00 81,00 93,00 88,00
cv 7,25 14,46 6,10 14,03 13,50 13,68 14,19
FAT_COM
(R$/mês)
av 149.144,39 42.268,72 22.840,18 45.768,79 31.385,46 22.077,00 45.480,87
sd 15.890,14 9.577,10 1.718,67 10.484,03 6.960,50 2.898,45 6.767,81
cv 10,65 22,66 7,52 22,91 22,18 13,13 14,88
RENDA
(R$/mês)
av 1.210,83 748,47 816,75 825,57 560,67 1.029,46 998,05
sd 101,87 69,58 50,96 47,63 47,63 151,34 118,79
cv 8,41 9,30 6,24 5,77 8,49 14,70 11,90
FAT_T
(R$/mês)
av 334.605,00 117.005,50 62.822,45 106.614,30 81.053,85 58.605,11 61.751,40
sd 20.045,32 17.108,63 4.408,66 20.323,45 20.323,54 3.171,73 7.721,50
cv 5,99 14,62 7,02 19,06 25,07 5,41 12,50
av=valor médio; sd=desvio padrão; cv=coeficiente de variação (%) (sd*100/av) Fonte: Autoria própria
O faturamento total das cooperativas (FAT_T) é composto pelo o
faturamento total obtido pela comercialização dos materiais e pelo valor repassado
pelo município às cooperativas para o pagamento: (1) do aluguel dos centros de
triagem (CT) (R$ 10,00 por m2 de área construída); (2) da contribuição previdenciária
(com limite de R$ 143,00 por catador); e (3) pelo serviço prestado na coleta (R$ 240,00
por tonelada comercializada). A área de abrangência da coleta (AREA) e o número de
residências atendidas (RESIDENCE) são repassados para as cooperativas pela
CMTU proporcionalmente à quantidade de cooperados de cada cooperativa. Essa
subdivisão de área e residências ocorre a cada nova renovação do contrato de
prestação de serviço.
De acordo com o coeficiente de variação, a maioria das variáveis não
sofreu grandes variações durante os meses de maio a dezembro de 2015, significando
que as cooperativas mantêm um “padrão” em suas atividades operacionais na cadeia
de reciclagem e conseguem suprir a atual necessidade de coleta do município, mas
79
isso não significa que as cooperativas trabalham de forma a otimizar seu desempenho
em suas AOCR.
Segundo o IPEA (2010), as cooperativas que coletam e processam acima
de 1.800 kg/catador/mês de RSUPR possuem alta eficiência; desse modo, todas as
cooperativas de Londrina são consideradas eficientes. No entanto, há cooperativa
cuja renda média mensal é de R$ 560,67 (inferior a um salário mínimo nacional - R$
788,00) e com comercialização média de 2.para as outrasa618 kg/catador/mês, ou
seja, apesar das cooperativas estarem coletando grande quantidade de resíduos, elas
estão falhando em algum ponto do processo.
O isolamento, como parte da exclusão social, leva as sociedades de
catadores a desenvolverem seus próprios hábitos e valores (WILSON; VELIS;
CHEESEMAN, 2006). Os catadores têm dificuldades em aceitar influências externas
que possam auxiliá-los na melhoria de suas atividades operacionais, para
consequente melhora no trabalho e na qualidade de vida. Assim, este estudo, a partir
do modelo DEA, identificará quais são as cooperativas de referência (benchmarkin)
dentre as cooperativas estudadas, para que estas, possam servir de referência para
as demais. Parte-se do pressuposto que a aceitação de propostas de melhoria por
parte das cooperativas será mais eficiente se utilizado o próprio contexto das
cooperativas.
Os índices de desempenho apresentados nas Tabelas 8, 10, 12 e 14 foram
obtidos pelo modelo DEA-SBM, a partir dos parâmetros conceituais do modelo DEA-
W. Em relação ao modelo DEA-W, o comprimento e a quantidade de janelas, nas
equações (3.3.2.33) e (3.3.2.34), foram obtidos da seguinte forma: a quantidade de
períodos “k=8” corresponde a quantidade de meses analisados (maio a dezembro, 8
meses); o comprimento de cada janelas “ p=4” (cada janela deve conter 4
períodos/meses; a quantidade de janelas “w=5” a serem estudadas, ou seja, as
janelas de maio-agosto, junho-setembro, julho-outubro, agosto-novembro e setembro-
dezembro.
As Tabelas 9, 11, 13 e 15 apresentam: o resultado médio mensal dos
índices de desempenho obtidos por meio do DEA-SBM e DEA-W com as janelas de
maio-agosto, junho-setembro, julho-outubro, agosto-novembro e setembro-dezembro;
o resultado do teste de Kruskal Wallis para averiguar a estabilidade dos índices e o
ranking dos desempenhos das cooperativas ao longo do tempo; e a regressão de
Tobit para determinar os fatores que afetam os índices de desempenho.
80
4.3 DESEMPENHO DAS COOPERATIVAS
4.3.1 Desempenho na Gestão da Coleta
Os índices de desempenho mensais obtidos pelo DEA-W em cada janela
estão representados na Tabela 4, e os índices de desempenho médios mensais estão
na Tabela 5 e no Gráfico 1.
Tabela 4: Desempenho mensal (DEA-W) na gestão da coleta (Continua)
Cooperativas Meses
maio junho julho Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Coop1
0.980 0.948 0.999 1.000
0.948 0.999 1.000 0.954
0.997 0.998 0.952 1.000
0.994 0.947 0.995 1.000
0.947 0.995 1.000 0.987
Coop2
1.000 0.933 0.895 0.885
1.000 0.964 0.955 0.979
0.985 0.976 1.000 0.983
0.736 0.760 0.743 0.748
0.760 0.743 0.748 0.730
Coop3
0.925 0.836 1.000 0.911
0.836 1.000 0.911 0.974
1.000 0.911 0.974 0.941
0.939 1.000 0.968 0.984
1.000 0.968 0.984 0.948
Coop4
1.000 0.860 0.854 0.841
0.861 0.854 0.841 1.000
0.835 0.816 0.943 1.000
0.684 0.779 0.812 0.782
0.779 0.812 0.782 0.798
81
Tabela 4: Desempenho mensal (DEA-W) na gestão da coleta
(Conclusão) Cooperativas Meses
maio junho julho Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Coop5
0.608 0.719 0.638 0.727
0.719 0.651 0.727 0.775
0.606 0.703 0.774 0.660
0.596 0.649 0.564 1.000
0.649 0.564 1.000 0.936
Coop6
0.895 0.946 1.000 0.950
0.946 1.000 0.950 0.939
1.000 0.950 0.939 0.975
0.938 0.927 0.964 1.000
0.927 0.964 1.000 0.944
Coop7
0.387 0.398 0.452 0.449
0.399 0.463 0.460 0.405
0.436 0.434 0.400 0.413
0.342 0.330 0.335 0.337
0.330 0.335 0.337 0.349
Fonte: Autoria própria
O teste de Kruskal Wallis (Tabela 5) indica que as cooperativas não fazem
grandes alterações em sua gestão de coleta, pois os índices e os ranking dos
desempenhos das cooperativas não apresentaram estatisticamente, ao nível de 5%,
diferenças significativas, permanecendo estáveis durante o período em estudo. No
Gráfico 1 e na Tabela 5, as cooperativas com o melhor e o pior índice de desempenho
obtiveram índice de desempenho limitado em 0,947 a 1,000 e 0,330 a 0,463,
respectivamente. As cooperativas que apresentaram maiores variações em seus
índices de desempenho foram a Coop2, que decresceu constantemente durante o
período estudado, e a Coop5, que apresentava baixa dispersão nos períodos de maio
a outubro, aumentando significativamente seu desempenho em novembro e
dezembro.
Os maiores índices de desempenho, em praticamente todos os meses,
foram obtidos pela Coop1, seguida da Coop6 e da Coop3. Por outro lado, a
82
cooperativa com o pior índice de desempenho foi a Coop7, seguida por Coop5, Coop4
e Coop2.
A Coop1 possui 7 caminhões próprios adquiridos junto a programas
governamentais de apoio a cooperativas de reciclagem, sendo 6 utilizados para coleta
e 1 para transporte de carga, enquanto as outras cooperativas possuem pelo menos
um caminhão alugado, com valor médio mensal de aluguel de R$ 4.500,00.
Tabela 5: Desempenho médio mensal na gestão da coleta e regressão de Tobit
Meses Desempenho
Coop1 Coop2 Coop3 Coop4 Coop5 Coop6 Coop7
Maio aA 0.980(3)* 1 (1) 0.925(4) 1(1) 0.608(6) 0.895(5) 0.387(7)
Junho aA 0.947(2) 0.966(1) 0.835(5) 0.861(4) 0.719(6) 0.946(3) 0.398(7)
Julho aA 0.999(3) 0.948(4) 1(1) 0.848(6) 0.632(6) 1(1) 0.450(4)
Ago aA 1(1) 0.888(4) 0.918(3) 0.795(5) 0.688(6) 0.947(2) 0.421(7)
Set aA 0.950(2) 0.875(5) 0.987(1) 0.875(4) 0.712(6) 0.933(3) 0.366(7)
Out aA 1(1) 0.823(5) 0.959(3) 0.875(4) 0.596(6) 0.968(2) 0.361(7)
Nov aA 1(1) 0.748(6) 0.984(4) 0.782(4) 1(1) 1(1) 0.337(7)
Dez aA 0.987(1) 0.730(6) 0.948(3) 0.798(5) 0.936(3) 0.944(4) 0.349(7)
Média aA 0.982(1) 0.876(4) 0.951(3) 0.846(5) 0.713(6) 0.958(2) 0.389(7)
Regressão TOBIT
AREA C_COLET RESID COLETA VEIC C
P-valor <0.0001 <0.0001 <0.0001 0.0038 <0.0001 <0.0001
Coeficiente 0.014781 -0.075551 0.00031 0.000000846 -0.08 0.753265
Teste de Kruskal Wallis e a Regressão de Tobit foram realizados com nível de significância de 5%.
* Valores entre parênteses representa o rank da cooperativa no referido mês;
a Letras minúsculas distintas significam que diferiram significativamente em relação aos índices de desempenho (Kruskal Wallis).
A Letras maiúsculas distintas significam que diferiram significativamente em relação ao ranking dos desempenho (Kruskal Wallis).
Fonte: Autoria própria
83
Gráfico 1: Desempenho média mensal na gestão da coleta
Fonte: Autoria própria.
As diferenças entre as cooperativas vão desde a contratação de um serviço
até a operacionalização da coleta. A Coop7 aluga um veículo para coleta por R$
6.500,00, com capacidade de 1.000 sacos e a Coop6 aluga por R$ 3.250,00, com
capacidade de 700 sacos. No entanto, a Coop6 apresenta maior região de coleta e
densidade domiciliar por km2. A Coop7, por exemplo, não realiza uma gestão de forma
a otimizar os insumos e produtos em relação à Coop1: cada veículo de coleta da
Coop7 é responsável por atender, semanalmente, aproximadamente 6.574 domicílios,
coletar aproximadamente 14,23 tonelada de RSUPR, abrangendo uma área de 1,287
km2; enquanto cada veículo de coleta da Coop1 atende aproximadamente 12.600
domicílios, coleta 13,55 toneladas RSUPR e abrange uma área de 5,586 km2. Cada
coletor da Coop7 é responsável por atender, semanalmente, aproximadamente 1.643
residências, ou 3,56 toneladas, e cobrir uma área de 0,321 km2; enquanto a
cooperativa Coop1, Cada coletor é responsável por atender semanalmente, 2321
residências, 2,50 toneladas e 1,029 km2.
De forma geral, a Coop1 se destaca em relação às demais por conseguir
equilibrar a quantidade de pessoas que trabalham na coleta e a quantidade de
veículos com a quantidade de RSUPR coletado, área de abrangência e a quantidade
de domicílios atendidos. Por exemplo: a Coop6 possui poucos coletores (com carga
semanal aproximada por coletor de 5 toneladas e 3.879 domicílios), que não retornam
aos CT até conseguirem cumprir a meta diária, trabalhando, assim, mais de 8 horas
0,300
0,400
0,500
0,600
0,700
0,800
0,900
1,000
Maio Junho Julho Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Ind
ice
s d
e d
ese
mp
en
ho
Meses
Coop. 1 Coop. 2 Coop. 3 Coop. 4 Coop. 5 Coop. 6 Coop. 7
84
diárias. A Coop3 possui uma área de coleta por veículo e coletor muito extensa (6,165
km2 por veículo e 1,541 km2 por coletor) em relação às demais cooperativas.
Pelo teste de White, os dados se apresentam de forma homocedástica (F-
estatistic = 0.939 e p-valor = 0.523, com nível de significância de 0.05). Desse modo,
os resultados apresentados pelo modelo de regressão Tobit têm parâmetros
consistentes e representaram os efeitos que as entradas e as saídas exercem sobre
os índices de desempenho das cooperativas em suas atividades operacionais na
cadeia da reciclagem.
Segundo a regressão de Tobit, a quantidade de pessoas que trabalham na
coleta (C_COLET) e a quantidade de veículos utilizados (VEIC) têm impacto negativo
nos índices de desempenho na gestão da coleta. A cada 1% de acréscimo no
C_COLET ou VEIC, o índice de desempenho decresce 7,5% e 8%, respectivamente.
A área de abrangência da coleta (AREA), a quantidade de domicílios
atendidos (RESID) e a quantidade de RSUPR coletados (COLETA) possuem impacto
positivo nos índices de desempenho. A cada 1% de acréscimo na AREA, RESID ou
COLETA, o índice de desempenho cresce 14,8%, 0,03% e 0,00008%,
respectivamente.
Assim, os índices de desempenho apresentados na Tabela 5 vão ao
encontro com a realidade apresentada pelas cooperativas. Sendo que a Coop1 pode
servir como opção de benchmarking para as outras cooperativas, ou seja, as
cooperativas podem utilizar as práticas utilizadas pela Coop1 para aumentarem seus
desempenhos na gestão da coleta.
4.3.2 Desempenho na Gestão da Produção
A produção inclui todo o fluxo interno de produção, composto pelas etapas
de pré-triagem, triagem, prensagem e armazenagem. A pré-triagem ocorre quando o
material coletado é depositado nos CT; é caracterizada pela organização do material
a ser encaminhado para as mesas de triagem e pela separação de alguns materiais
de maior volume, como papelão. A triagem é realizada em mesas de triagem; é a
separação dos materiais por tipo. Geralmente, as mesas de triagem são construídas
pelos próprios catadores com “pedaços de madeira” e “restos de materiais”, não
possuindo padrão em suas dimensões. Os catadores acondicionam, ao redor das
mesas de triagem, sacos plásticos de lixo superiores ou iguais a 60 litros, sacos “big
85
bags” de dimensões iguais ou superiores a 0,90mx0,90mx1,20m, tambores plásticos
de formato cilíndrico etc. Após a triagem o material é encaminhado para a prensagem,
onde material é compactado em formato de paralelepípedo (com peso normalmente
superior a 80 kg) para, posteriormente, ser encaminhado para a armazenagem, local
onde o material é acomodado para comercialização. A movimentação dos materiais
entre pré-triagem, triagem, prensagem e armazenagem é feita por catadores
denominados “pátio”, que em algumas cooperativas realizam essa atividade somente
de forma manual e, em outras, com paleteiras e empilhadeiras.
Os índices de desempenhos mensais obtidos pelo DEA-W em cada janela
estão representados na Tabela 6 e os índices de desempenho médios mensais estão
na Tabela 7 e no Gráfico 2.
Tabela 6: Desempenho mensal (DEA-W) na gestão da produção (Continua)
Cooperativas Meses
Maio Junho Julho Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Coop1
1.000 1.000 0.948 1.000
1.000 0.951 1.000 0.957
0.961 1.000 0.987 0.977
1.000 0.987 0.977 1.000
1.000 0.986 1.000 1.000
Coop2
0.977 1.000 0.904 0.959
1.000 0.904 0.959 0.936
0.937 0.996 0.971 0.955
0.996 0.971 0.955 0.959
0.983 0.967 0.969 0.944
Coop3
0.976 0.971 0.889 0.939
0.971 0.890 0.940 0.933
0.944 0.980 0.979 0.962
0.980 0.979 0.962 0.966
0.992 0.977 0.981 0.968
86
Tabela 6: Desempenho mensal (DEA-W) na gestão da produção
(Conclusão)
Cooperativas Meses
Maio Junho Julho Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Coop4
1.000 1.000 0.912 0.955
1.000 0.912 0.956 0.933
0.947 1.000 0.967 0.985
1.000 0.967 0.985 0.950
0.977 0.997 0.962 0.976
Coop5
0.960 1.000 0.866 0.930
1.000 0.866 0.930 0.905
0.898 0.965 0.935 0.973
0.965 0.935 0.973 0.997
0.947 0.978 0.998 0.948
Coop6
0.965 0.998 0.844 0.900
0.999 0.844 0.901 0.922
1.000 0.997 0.998 1.000
1.000 0.998 1.000 0.951
1.000 1.000 0.953 0.922
Coop7
0.975 1.000 0.961 1.000
1.000 0.961 1.000 0.923
0.963 0.997 0.977 1.000
0.997 0.977 1.000 0.985
0.982 1.000 0.989 0.977
Fonte: Autoria própria
Os índices de desempenho, na Tabela 7, mantiveram-se relativamente
estáveis, ao nível de 5% de significância estatística, (teste de Kruskal Wallis), só
apresentando uma discrepância no mês de julho. Já os ranking dos desempenhos das
cooperativas permaneceram estáveis durante o período em estudo, indicando que as
cooperativas não fazem alterações significativas em seu fluxo produtivo.
87
Tabela 7: Desempenho mensal da gestão na produção e regressão de TOBIT
Meses Desempenho
Coop1 Coop2 Coop3 Coop4 Coop5 Coop6 Coop7
Maio aA 1(1)* 0.977(3) 0.976(4) 1(1) 0.960(7) 0.964(6) 0.975(5)
Junho aA 1(1) 1(1) 0.971(7) 1(1) 1(1) 0.998(6) 1(1)
Julho bcA 0.953(2) 0.915(4) 0.908(5) 0.924(3) 0.877(7) 0.896(6) 0.962(1)
Ago acA 1(1) 0.977(4) 0.960(5) 0.978(3) 0.948(7) 0.950(6) 0.999(2)
Set acA 0.983(1) 0.965(4) 0.971(3) 0.961(6) 0.937(7) 0.979(2) 0.965(5)
Out aA 0.980(4) 0.959(7) 0.967(6) 0.989(3) 0.975(5) 1(1) 1(1)
Nov acA 1(1) 0.964(5) 0.973(4) 0.956(6) 0.997(20 0.952(7) 0.987(3)
Dez acA 1(1) 0.944(6) 0.968(4) 0.976(3) 0.948(5) 0.922(7) 0.977(2)
Média acA 0.987(1) 0.962(4) 0.959(6) 0.969(3) 0.948(7) 0.960(5) 0.983(2)
Regressão de TOBIT
P_PROD COLETA ITENS COMERC C
P-valor <0.0001 <0.0001 0.7483 <0.0001 <0.0001
Coeficiente -1.91E-03 -2.47E-06 2.13E-04 3.71E-06 0.949288
Teste de Kruskal Wallis e a Regressão de Tobit foram realizados com nível de significância de 5%.
* Valores entre parênteses representa o rank da cooperativa no referido mês;
a Letras minúsculas distintas significam que diferiram significativamente em relação aos índices de desempenho (Kruskal Wallis).
A Letras maiúsculas distintas significam que diferiram significativamente ao ranking dos desempenhos (Kruskal Wallis).
Fonte: Autoria própria
Dentre os índices de desempenho avaliados neste trabalho, os índices de
desempenho na gestão da produção apresentaram menor amplitude e dispersão,
variando entre 0,877 e 1,000 (Gráfico 2), indicando que as cooperativas realizam suas
atividades internas de produção de forma similar.
Os maiores índices de desempenho, em praticamente todos os meses,
foram obtidos pela Coop1, seguida das cooperativas Coop7, Coop4, Coop2, Coop6,
Coop3 e Coop5. Assim como na coleta, a Coop1 se destaca em relação às demais no
desempenho na gestão da produção. A Coop1 encaminha para comercialização uma
quantidade superior a 61%, 52%, 47%, 38%, 29% e 23% de tipos diferentes de
resíduos (ITENS), em relação as Coop6, Coop5, Coop7, Coop3, Coop2 e Coop4,
respectivamente; indicando que a Coop1 possui maior qualidade na triagem, menor
taxa de rejeitos e envia menos resíduos para aterros sanitários. Muitas cooperativas
descartam resíduos que possuem potencial reciclável pelo baixo preço de
comercialização, pela dificuldade em comercializar o resíduo, pela ausência ou longa
distância do comprador.
88
Gráfico 2: Desempenho média mensal na gestão da produção
Fonte: Autoria própria.
Segundo o teste de Tobit, Tabela7, (teste de White, F-estatistic = 1.575 e
p-valor = 0.1288), a quantidade de resíduos comercializados (COMERC) apresenta
impacto positivo nos índices de desempenho e a quantidade de pessoas que
trabalham na produção (P_PROD) e a quantidade de RSUPR coletados (COLETA)
têm impacto negativo nos índices de desempenho. Aumentar em 1% a COMERC e
reduzir em 1% P_PROD e COLETA geraria um aumento de nos índices de
desempenho de 0,000371%, 0,191% e 0,000247%, respectivamente, significando que
as cooperativas estão subutilizando seus insumos na geração de produtos, ou seja,
as cooperativas poderiam produzir mais com os mesmos insumos utilizados.
Assim, os índices de desempenho apresentados na Tabela 7 vão ao
encontro com a realidade apresentada pelas cooperativas. Sendo que a Coop1 pode
servir como opção de benchmarking para as outras cooperativas, ou seja, as
cooperativas podem utilizar as práticas utilizadas pela Coop1 para aumentarem seus
desempenhos na gestão da produção.
0,850
0,875
0,900
0,925
0,950
0,975
1,000
Maio Junho Julho Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Ind
ice
s d
e d
ese
mp
en
ho
Meses
Coop1 Coop2 Coop3 Coop4 Coop5 Coop6 Coop7
89
4.3.3 Desempenho na Gestão da Comercialização
Os índices de desempenho mensais obtidos pelo DEA-W em cada janela
estão representados na Tabela 8 e os índices de desempenho médios mensais estão
na Tabela 9 e no Gráfico 3.
Tabela 8: Desempenho mensal (DEA-W) da gestão na comercialização (Continua)
Cooperativas Meses
Maio Junho Julho Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Coop1
0.905 0.821 1.000 0.912
0.821 1.000 0.912 0.828
1.000 0.912 0.828 0.963
0.994 0.972 1.000 1.000
0.972 1.000 1.000 1.000
Coop2
0.688 0.696 0.647 0.686
0.696 0.647 0.686 0.597
0.647 0.686 0.597 0.610
0.782 0.717 0.704 0.653
0.717 0.704 0.653 0.643
Coop3
0.640 0.732 0.600 0.684
0.732 0.600 0.684 0.602
0.600 0.684 0.602 0.614
0.779 0.687 0.699 0.694
0.687 0.699 0.694 0.650
Coop4
0.681 0.770 0.791 0.741
0.770 0.791 0.741 0.877
0.791 0.741 0.877 0.877
0.845 1.000 1.000 0.899
1.000 1.000 0.899 0.924
90
Tabela 8: Desempenho mensal (DEA-W) da gestão na comercialização
(Conclusão)
Cooperativas Meses
Maio Junho Julho Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Coop5
0.665 0.713 0.665 0.713
0.713 0.665 0.713 0.507
0.665 0.713 0.507 0.560
0.825 0.604 0.654 0.684
0.604 0.654 0.684 0.554
Coop6
0.758 0.675 0.614 0.548
0.675 0.614 0.548 0.626
0.614 0.548 0.626 0.597
0.628 0.718 0.696 0.723
0.718 0.696 0.723 0.579
Coop7
0.828 0.642 0.586 0.611
0.642 0.586 0.611 0.481
0.586 0.611 0.481 0.503
0.734 0.571 0.603 0.677
0.571 0.603 0.677 0.616
Fonte: Autoria própria
Os índices de desempenho e os ranking dos desempenhos das
cooperativas (teste de Kruskal Wallis), Tabela 9, permaneceram estatisticamente
estáveis, ao nível de 5% de significância, durante o período em estudo, indicando que
as cooperativas não fazem alterações significativas em suas práticas de gestão para
comercialização dos materiais.
91
Tabela 9: Desempenho mensal da gestão na comercialização e regressão de TOBIT
Meses Desempenho
Coop1 Coop2 Coop3 Coop4 Coop5 Coop6 Coop7
Maio aA 0.905(1)* 0.688(4) 0.640(7) 0.681(5) 0.665(6) 0.758(3) 0.828(2)
Junho aA 0.821(1) 0.696(5) 0.732(3) 0.770(2) 0.713(4) 0.675(6) 0.642(7)
Julho aA 1(1) 0.647(4) 0.600(6) 0.791(2) 0.665(3) 0.614(5) 0.586(7)
Ago aA 0.933(1) 0.710(4) 0.708(5) 0.767(2) 0.741(3) 0.568(7) 0.641(6)
Set aA 0.900(2) 0.657(4) 0.645(5) 0.939(1) 0.556(6) 0.672(3) 0.526(7)
Out aA 0.988(1) 0.673(3) 0.671(4) 0.959(2) 0.623(6) 0.663(5) 0.569(7)
Nov aA 1(1) 0.653(7) 0.694(4) 0.899(2) 0.684(5) 0.723(3) 0.677(6)
Dez aA 1(1) 0.643(4) 0.650(3) 0.924(2) 0.554(6) 0.579(7) 0.616(5)
Média aA 0.942(1) 0.673(3) 0.668(4) 0.851(2) 0.653(5) 0.646(6) 0.611(7)
Regressão de TOBIT *
ITENS FAT_COM PAPEL PAPELAO PEAD PET PEBD COMERC C
P-valor 0.3882 <0.0001 0.0777 0.902 0.8077 0.3392 0.1937 <0.0001 <0.0001
Coeficiente 0.002 7.74E-06 -0.685 -0.008 0.022 -0.098 -0.176 -2.51E-06 1.109
Teste de Kruskal Wallis e a Regressão de Tobit foram realizados com nível de significância de 5%.
* Valores entre parênteses representa o rank da cooperativa no referido mês;
a Letras minúsculas distintas significam que diferiram significativamente em relação aos índices de desempenho (Kruskal Wallis).
A Letras maiúsculas distintas significam que diferiram significativamente em relação ao ranking dos desempenhos (Kruskal
Wallis).
Fonte: Autoria própria
Gráfico 3: Desempenho média mensal na gestão da comercialização
Fonte: Autoria própria.
0,400
0,500
0,600
0,700
0,800
0,900
1,000
Maio Junho Julho Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Ind
ice
s d
e d
ese
mp
en
ho
Meses
Coop1 Coop2 Coop3 Coop4 Coop5 Coop6 Coop7
92
A Coop1 apresentou os melhores índices de desempenho em praticamente
todos os meses e, comparativamente a Coop1, as demais cooperativas apresentaram
índices de desempenho muito baixo . A cooperativa com a pior índice de desempenho
foi a Coop7, seguida das cooperativas Coop6, Coop5, Coop3, Coop2 e Coop4. Com
exceção da Coop1 (Gráfico 3 e Tabela 8), que se destacou durante todo o período de
estudo, e a Coop4, que apresentou melhora a partir do mês de setembro, as
cooperativas obtiveram índices de desempenho muito similares, com pouca
dispersão, variando entre 0,481 e 0,828.
Os baixos índices de desempenho podem ser explicados pelo fato de as
cooperativas estarem presas à comercialização com intermediários ou determinadas
empresas. Muitas cooperativas trabalham com o empréstimo de equipamentos
(prensa, balança, paleteiras, empilhadeiras etc.) por comodato, que é quando
empresas ou intermediários emprestam equipamentos para as cooperativas e em
troca as cooperativas devem comercializar seus produtos com eles. Para
exemplificação, o valor de mercado por tonelada do PET, em maio/2015, era de R$
1.350,00, e a Coop2 comercializou por R$ 880,00 por estar presa a empresas que lhe
emprestaram equipamentos por comodato. Esse é um fato comum entre todas as
cooperativas estudadas, com exceção da Coop1, que é a única cooperativa que
possui todos os equipamentos e consegue comercializar seus produtos com o valor
de mercado.
Segundo a análise de regressão de Tobit, Tabela 9, (teste de White, F-
estatistic = 1.457 e p-valor = 0.1352), a quantidade de resíduos comercializados
(COMERC) e o faturamento total obtido pela comercialização dos resíduos
(FAT_COM) possuem impacto negativo e positivo nos índices de desempenho,
respectivamente. A cada 1% de acréscimo no COMERC e redução de 1% no
FAT_COM produziria um aumento de nos índices de desempenho de 0,000774%, e
0,000251%, respectivamente, indicando que, pela quantidade comercializada, os
faturamentos das cooperativas poderiam ser superior ao atual.
Assim, os índices de desempenho apresentados na Tabela 9 vão ao
encontro com a realidade apresentada pelas cooperativas. Sendo que a Coop1 pode
servir como opção de benchmarking para as outras cooperativas, ou seja, as
cooperativas podem utilizar as práticas utilizadas pela Coop1 para aumentarem seus
desempenhos na gestão da comercialização.
93
4.3.4 Desempenho das Cooperativas como um Instrumento de Inclusão Social,
Geração de Renda e Redução de RSUPR
Os índices de desempenho mensais obtidos pelo DEA-W em cada janela
estão representados na Tabela 10 e os índices de desempenho médios mensais estão
na Tabela 11 e no Gráfico 4.
Tabela 10: Desempenho mensal (DEA-W) das cooperativas como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR
(Continuação)
Cooperativas Meses
Maio Junho Julho Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Coop1
1.000 1.000 1.000 1.000
1.000 1.000 1.000 0.894
1.000 1.000 0.908 0.902
1.000 1.000 1.000 1.000
1.000 1.000 1.000 1.000
Coop2
1.000 1.000 0.612 0.722
1.000 0.616 0.816 0.653
0.705 1.000 0.808 0.744
1.000 0.808 0.756 0.697
0.922 0.775 0.756 0.801
Coop3
0.899 1.000 0.729 0.855
1.000 0.756 0.912 0.816
0.804 1.000 0.907 0.901
1.000 0.907 0.901 0.848
1.000 0.950 0.898 0.963
94
Tabela 10: Desempenho mensal (DEA-W) das cooperativas como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR
(Continuação)
Cooperativas Meses
Maio Junho Julho Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Coop4
1.000 1.000 0.854 0.871
1.000 0.863 0.914 1.000
0.968 1.000 1.000 1.000
1.000 1.000 1.000 0.950
1.000 1.000 0.929 1.000
Coop5
0.602 1.000 0.572 0.689
1.000 0.580 0.696 0.692
0.622 0.828 0.707 0.782
0.828 0.718 0.792 1.000
0.717 0.792 1.000 0.821
Coop6
1.000 1.000 1.000 0.912
1.000 1.000 0.912 0.966
1.000 1.000 1.000 1.000
1.000 1.000 1.000 0.986
1.000 1.000 0.985 0.875
Coop7
0.852 1.000 0.980 1.000
1.000 0.980 1.000 0.802
0.979 1.000 0.827 1.000
1.000 0.827 1.000 1.000
0.829 1.000 1.000 1.000
Fonte: Autoria própria
95
Tabela 11: Desempenho mensal das cooperativas como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR, e regressão de TOBIT
Meses Desempenho
Coop1 Coop2 Coop3 Coop4 Coop5 Coop6 Coop7
Maio aA* 1(1)* 1(1) 0.899(5) 1(1) 0.602(7) 1(1) 0.852(6)
Junho aA* 1(1) 1(1) 1(1) 1(1) 1(1) 1(1) 1(1)
Julho aA* 1(1) 0.644(6) 0.763(5) 0.895(4) 0.591(7) 1(1) 0.980(3)
Ago aA* 1(1) 0.885(6) 0.942(5) 0.946(4) 0.761(7) 0.956(3) 1(1)
Set aA* 0.950(3) 0.798(6) 0.907(4) 1(1) 0.708(7) 0.991(2) 0.821(5)
Out aA* 0.967(4) 0.7582(7) 0.917(5) 1(1) 0.789(6) 1(1) 1(1)
Nov aA* 1(1) 0.727(7) 0.873(6) 0.9395(5) 1(1) 0.986(4) 1(1)
Dez aA* 1(1) 0.801(7) 0.963(4) 1(1) 0.821(6) 0.875(5) 1(1)
Média aA* 0.985(1) 0.809(6) 0.902(5) 0.967(3) 0.772(7) 0.982(2) 0.954(4)
Regressão de TOBIT *
CATADOR ITENS FAT_T RESID RENDA COLETA COMERC C
P-valor 0.0281 0.406 0.0494 0.7514 0.0329 0.0016 0.0003 <0.0001
Coeficiente -4.51E-03 -0.00305 3.62E-07 -8.86E-07 0.00011 -6.69E-06 1.03E-05 0.840
Teste de Kruskal Wallis e a Regressão de Tobit foram realizados com nível de significância de 5%.
* Valores entre parênteses representa o rank da cooperativa no referido mês;
a Letras minúsculas distintas significam que diferiram significativamente em relação aos índices de desempenho (Kruskal Wallis).
A Letras maiúsculas distintas significam que diferiram significativamente em relação ao ranking dos desempenhos (Kruskal
Wallis).
Fonte: Autoria própria
Os índices e o ranking dos desempenhos das cooperativas (teste de
Kruskal Wallis), Tabela 11, permaneceram estatisticamente estáveis, ao nível de 5%
de significância, durante o período em estudo, indicando que as cooperativas não
fazem alterações significativas na gestão de suas atividades operacionais na cadeia
de reciclagem.
A Coop1 apresentou os melhores índices de desempenho em praticamente
todos os meses, seguida das cooperativas Coop6, Coop4 e Coop7. A cooperativa com
o pior índice de desempenho foi a Coop5, seguida de Coop2 e Coop3. As Coop1 e
Coop6 (Gráfico 4 e Tabela 10) apresentaram as menores dispersões nos índices de
desempenho; já as Coop5 e Coop2 obtiveram os maiores índices de dispersão.
96
Gráfico 4: Desempenho mensal das cooperativas como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR
Fonte: Autoria própria.
A Coop1 foi a cooperativa que melhor conseguiu transformar seus insumos
em produtos. Apesar de ter o menor de volume de material coletado (COLETA), 2,632
ton/catador/mês, de material comercializado (COMERC), 2,150 ton/catador/mês, e
não possuir o maior faturamento total (FAT_T) por catador (CATADOR), R$ 2.062,28
catador/mês, ela conseguiu manter a maior renda média mensal dos catadores
(RENDA). Além disso, a Coop1 possui a maior quantidade diferente de tipos de
produtos comercializados, gerando menos rejeitos e, consequentemente,
encaminhando menos resíduos aos aterros sanitários.
Por outro lado, várias cooperativas apresentam falhas em sua gestão.
Exemplificando: a Coop6 possui o maior volume de material coletado (COLETA),
5,302 ton/catador/mês, comercializado (COMERC), 4,032 ton/catador/mês e
faturamento mensal total (FAT_T) por catador de R$ 3.447,36, mas ela não conseguiu
transformar isso em uma renda média (RENDA) para os catadores superior à Coop1.
As Coop5 e Coop2 não conseguem obter uma renda média (RENDA) igual ao salário
mínimo nacional (R$ 788,00), apesar de terem maior COLETA, COMERC e FAT_T
por catador do que a Coop1.
A análise de regressão de Tobit, tabela 11, (teste de White, F-estatistic =
1.912 e p-valor = 0.063) aponta que a quantidade de resíduos coletados (COLETA) e
o total de cooperados (CATADOR) possuem impacto negativo nos índices de
desempenho. Reduzindo em 1% a COLETA e CATADOR, proporcionaria um
0,500
0,600
0,700
0,800
0,900
1,000
Maio Junho Julho Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Ind
ice
s d
e d
ese
mp
en
ho
Meses
Coop1 Coop2 Coop3 Coop4 Coop5 Coop6 Coop7
97
acréscimo de 0,451% e 0,00103% nos índices de desempenho, respectivamente, ou
seja, as cooperativas estão subutilizando seu potencial de coleta e mão de obra.
Já o faturamento total (FAT_T), a renda média mensal (RENDA) e a
quantidade de resíduos comercializados (COMERC) têm impacto positivo nos índices
de desempenho. Aumentando em 1% o FAT_T, RENDA e COMERC, geraria um
aumento de 0,0000362%, 0,01% e 0,00103%, respectivamente.
Assim, os índices de desempenho apresentados na Tabela 5 vão ao
encontro com a realidade apresentada pelas cooperativas. Sendo que a Coop1 pode
servir como opção de benchmarking para as outras cooperativas, ou seja, as
cooperativas podem utilizar as práticas utilizadas pela Coop1 para aumentarem seus
desempenhos como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução
de RSUPR.
4.4 ÍNDICE INTEGRADO DE DESEMPENHO
Este estudo apresentará, como exemplo, três cenários extremos. Cada
cenário representará as preferências de um especialista da área econômica, social e
ambiental. Cada cenário irá gerar um índice integrado de desempenho composto
pelos índices de desempenhos obtidos nas quatro dimensões estudadas. Esse índice
integrado de desempenho fornecerá um ranking de classificação das cooperativas que
levará em consideração as preferências de um agente decisor municipal (simulação
de um agente decisor municipal), pois não há consenso nos municípios brasileiros
sobre qual secretária municipal supervisiona as cooperativas de reciclagem, por
exemplo, em alguns municípios as cooperativas estão sob a supervisão da Secretária
Municipal de Meio Ambiente e em outros municípios da Secretária Municipal de
Assistência Social.
Para determinar esse índice integrado de desempenho das cooperativas em
suas AOCR e como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução
de RSUPR, utilizou-se o método SAW. O método SAW irá comparar as cooperativas
utilizando os índices de desempenho obtidos pelo modelo DEA-SBM e DEA-W em
cada uma das quatro dimensões estudadas, com o objetivo de fazer uma classificação
ascendente das alternativas para uma determinada meta a ser atingida.
98
Para a obtenção dos pesos de cada critério (as quatro dimensões estudadas
– gestão da coleta, gestão da produção, gestão da comercialização e as cooperativas
como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR)
utilizou-se a Análise Hierárquica de Processo (AHP) (AFSHARI; MOJAHED; YUSSUFF,
2010).
Cada cenário é representado por um especialista das áreas econômica,
social e ambiental. A especialista da área econômica é a gestora dos RSU do
município; da área ambiental é uma especialista em tratamento de resíduos sólidos;
e o especialista da área social é um ex-consultor/coordenador nacional (em 2012 e
2013) do Programa Cataforte, com profundo conhecimento em sustentabilidade e
cooperativismo.
4.4.1 Cenário 1: Dimensão Econômica
A especialista da área econômica entrevistada é gestora dos RSUPR do
município onde as cooperativas estão sediadas. A especialista estabeleceu as
prioridades dos critérios a fim de obter a relevância de cada dimensão em relação ao
objetivo principal (Tabela 12).
Tabela 12: Matriz de comparação pareada dos critérios do Especialista da área econômica
Critérios
Gestão
da
coleta
Gestão
da
produção
Gestão da
comercialização
Instrumento de inclusão
social, geração de renda e
redução de RSUPR
Gestão da coleta 1 7 7 8
Gestão da produção 1/7 1 4 1
Gestão da comercialização 1/7 1/4 1 1/4
Instrumento de inclusão
social, geração de renda e
redução de RSUPR
1/8 1 4 1
Fonte: Autoria própria
A especialista atribuiu maior grau de importância à gestão da coleta. Segundo
a especialista, todas as áreas são consideradas de suma importância e estão inter-
relacionadas; no entanto, a coleta dos RSUPR realizada pelas cooperativas recebe
destaque por ser o primeiro estágio da coleta seletiva, pois, quando o RSUPR é
coletado, há uma chance maior de ele não ir para o aterro sanitário. Caso os RSUPR
99
fossem coletados pelo sistema formal de coleta de RSU, todos os resíduos iriam para
o aterro sanitário.
Segundo as preferências da especialista consultada, os pesos obtidos pelo
método AHP correspondem a 0,683, 0,133, 0,051 e 0,133 para gestão da coleta,
gestão da produção, gestão da comercialização e as cooperativas como um
instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR,
respectivamente. O índice de consistência foi de 0,09, indicando que a especialista foi
consistente nas suas atribuições de preferencias para a tomada de decisão.
O resultado do índice integrado de desempenho das cooperativas em suas
AOCR e como instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR
está apresentado na Tabela 13. Vale lembrar que o índice obtido pelo método SAW é
a somatória dos produtos dos pesos dos critérios (método AHP) pelos índices de
desempenho de cada cooperativa (equação 3.3.4.1).
Tabela 13: Matriz de comparação pareada dos critérios do Especialista da área econômica
Índice de desempenho
Método
SAW
Cooperativas Coleta Produção Comerc.
Instrumento de inclusão
social, geração de renda
e redução de RSUPR
Coop1 0,982(1) 0,987(1) 0,942(1) 0,985(1) 0,981(1)
Coop2 0,876(4) 0,962(4) 0,673(3) 0,809(6) 0,868(5)
Coop3 0,951(3) 0,959(6) 0,668(4) 0,902(5) 0,931(3)
Coop4 0,846(5) 0,969(3) 0,851(2) 0,967(3) 0,879(4)
Coop5 0,713(6) 0,948(7) 0,653(5) 0,772(7) 0,749(6)
Coop6 0,958(2) 0,960(5) 0,646(6) 0,982(2) 0,946(2)
Coop7 0,389(7) 0,983(2) 0,611(7) 0,954(4) 0,554(7)
Fonte: Autoria própria
Segundo o método SAW e levando em consideração as preferências da
especialista, a cooperativa com maior índice de desempenho é a Coop1, seguida das
cooperativas Coop6, Coop3, Coop4, Coop2, Coop5 e Coop7.
A ordem de classificação está relacionada com as preferências atribuídas pela
especialista da área econômica. A especialista atribuiu maior peso a gestão da coleta
(0,683), assim, aumentam (diminuem) as chances das cooperativas que obtiveram os
maiores (menores) índices de desempenho na coleta, tenham maiores (menores)
índice integrado de desempenho.
100
Exemplificando, a Coop7 obteve índice de desempenho na gestão da coleta,
na gestão da produção, na gestão da comercialização e como instrumento de inclusão
social, geração de renda e redução de RSUPR de 0,389, 0,983, 0,611 e 0,954,
respectivamente. No entanto, índice integrado de desempenho da Coop7 foi de 0,554.
Resultado este, que sofreu grande influência das atribuições das preferências da
especialista da área econômica, pois o baixo índice de desempenho na gestão da
produção (0,389) contribuiu, de forma expressiva, para o baixo índice integrado de
desempenho.
4.4.2 Cenário 2: Dimensão Ambiental
A especialista da área ambiental é docente e pesquisadora na Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, na área de tratamento de resíduos. A especialista
estabeleceu as prioridades dos critérios a fim de obter a relevância de cada dimensão
em relação ao objetivo principal (Tabela 14).
Tabela 14: Matriz de comparação pareada dos critérios do Especialista da área econômica
Critérios
Gestão
da
coleta
Gestão
da
produção
Gestão da
comercialização
Instrumento de inclusão
social, geração de
renda e redução de
RSUPR
Gestão da coleta 1 4 1 7
Gestão da produção 1/4 1 1 5
Gestão da comercialização 1 1 1 5
Instrumento de inclusão
social, geração de renda e
redução de RSUPR
1/7 1/5 1/5 1
Fonte: Autoria própria
Segundo a especialista, todas as áreas são consideradas de grande
importância e estão ligadas entre si. Entretanto, a coleta dos RSUPR, a produção e a
comercialização dos materiais recebem um destaque especial. A gestão da coleta por
ser o primeiro estágio da coleta seletiva, quando os RSUPR são retirados do meio
ambiente; a gestão da produção por representar a qualidade do trabalho de triagem
das cooperativas, na qual a maior quantidade de itens triados significa que menos
101
itens irão para rejeito; e a gestão da comercialização por representar efetivamente a
quantidade de RSUPR que não voltam ao meio ambiente como rejeito.
Dessa forma, a especialista atribuiu maior grau de importância a gestão da
coleta, seguidos da gestão da comercialização e da gestão da produção. Segundo as
preferências da especialista consultada, os pesos obtidos pelo método AHP
correspondem a 0,457, 0,205, 0,287 e 0,051 para gestão da coleta, gestão da
produção, gestão da comercialização e as cooperativas como um instrumento de
inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR, respectivamente. O índice
de consistência foi de 0,08, indicando que a especialista foi consistente nas suas
atribuições de preferencias para a tomada de decisão.
O resultado do índice integrado de desempenho das cooperativas em suas
AOCR e como instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR
foi obtido pelo método SAW (equação 3.3.4.1) e está apresentado na Tabela 15.
Tabela 15: Matriz de comparação pareada dos critérios do Especialista da área ambiental
Índice de desempenho
Método
SAW
Cooperativas Coleta Produção Comerc.
Instrumento de inclusão
social, geração de renda e
redução de RSUPR
Coop1 0,982(1) 0,987(1) 0,942(1) 0,985(1) 0,972(1)
Coop2 0,876(4) 0,962(4) 0,673(3) 0,809(6) 0,832(5)
Coop3 0,951(3) 0,959(6) 0,668(4) 0,902(5) 0,869(4)
Coop4 0,846(5) 0,969(3) 0,851(2) 0,967(3) 0,879(2)
Coop5 0,713(6) 0,948(7) 0,653(5) 0,772(7) 0,747(6)
Coop6 0,958(2) 0,960(5) 0,646(6) 0,982(2) 0,870(3)
Coop7 0,389(7) 0,983(2) 0,611(7) 0,954(4) 0,603(7)
Fonte: Autoria própria
Segundo o método SAW e levando em consideração as preferências da
especialista da área ambiental, a cooperativa com maior índice de desempenho é a
Coop1, seguida das cooperativas Coop4, Coop6, Coop3, Coop2, Coop5 e Coop7.
A ordem de classificação está relacionada com as preferências atribuídas pela
especialista da área econômica. A especialista atribuiu maior peso a gestão da coleta
(0,457), seguidas da gestão da comercialização (0,287) e da gestão da produção
(0,205). Já as cooperativas como instrumento de inclusão social, geração de renda e
redução de RSUPR (0,051) adquiriu o menor peso atribuído pela especialista. Assim,
102
aumentam (diminuem) as chances das cooperativas que obtiveram os maiores
(menores) índices de desempenho na coleta, comercialização e produção, nessa
ordem, de terem os maiores (menores) índice integrado de desempenho.
Exemplificando, a Coop7 obteve índices de desempenho na gestão da coleta,
na gestão da produção, na gestão da comercialização e como instrumento de inclusão
social, geração de renda e redução de RSUPR de 0,389, 0,983, 0,611 e 0,954,
respectivamente. No entanto, índice integrado de desempenho da Coop7 foi de 0,603.
Mesmo a Coop7 tendo índice de desempenho das cooperativas como instrumento de
inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR de 0,954, esse índice
representou apenas 0,049 (0,051x0,954) do valor do índice integrado de desempenho.
Já o índice de desempenho na gestão da coleta (0,389) representou 0,178
(0,457x0,389) do valor do índice integrado de desempenho. Assim, a preferência da
especialista da área ambiental interfere expressivamente no índice integrado de
desempenho.
4.4.3 Cenário 3: Dimensão Social
O especialista da área social é um ex-consultor/coordenador nacional (em 2012
e 2013) do programa Cataforte, com profundo conhecimento em sustentabilidade e
cooperativismo. O especialista estabeleceu as prioridades dos critérios a fim de obter
a relevância de cada dimensão em relação ao objetivo principal (Tabela 16).
Tabela 16: Matriz de comparação pareada dos critérios do Especialista da área econômica
Critérios
Gestão
da
coleta
Gestão
da
produção
Gestão da
comercialização
Instrumento de inclusão
social, geração de renda
e redução de RSUPR
Gestão da coleta 1 4 1/5 1/8
Gestão da produção 1/4 1 1/7 1/9
Gestão da comercialização 5 7 1 1/3
Instrumento de inclusão
social, geração de renda e
redução de RSUPR
8 9 3 1
Fonte: Autoria própria
O especialista atribuiu maior grau de importância às cooperativas como um
instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR, seguido da
103
gestão da comercialização. Segundo o especialista, todas as dimensões estão inter-
relacionadas e são importantes, mas, como um dos objetivos da PNRS é a gestão de
resíduos sólidos com a inclusão socioprodutiva dos catadores, é fundamental que
sejam inseridos no sistema o maior número possível de catadores e com uma renda
digna. Para que isso ocorra, é necessário que a gestão na comercialização seja o
mais eficiente possível, isto é, os catadores devem comercializar seus produtos com
preços de mercado, evitando ao máximo os intermediários.
Segundo as preferências do especialista consultado, os pesos obtidos pelo
método AHP correspondem a 0,089, 0,039, 0,282 e 0,589 para gestão da coleta,
gestão da produção, gestão da comercialização e as cooperativas como um
instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR,
respectivamente. O índice de consistência foi de 0,09, indicando que o especialista foi
consistente nas suas atribuições de preferencias para a tomada de decisão.
O resultado do índice integrado de desempenho das cooperativas em suas
AOCR, apresentado na Tabela 17, foram obtidos pelo método SAW (equação 2.4.1).
Tabela 17: Matriz de comparação pareada dos critérios do Especialista da área social
Índice de desempenho
Método
SAW
Cooperativas Coleta Produção Comerc.
Instrumento de inclusão
social, geração de renda e
redução de RSUPR
Coop1 0,982(1) 0,987(1) 0,942(1) 0,985(1) 0,972(1)
Coop2 0,876(4) 0,962(4) 0,673(3) 0,809(6) 0,782(6)
Coop3 0,951(3) 0,959(6) 0,668(4) 0,902(5) 0,842(4)
Coop4 0,846(5) 0,969(3) 0,851(2) 0,967(3) 0,923(2)
Coop5 0,713(6) 0,948(7) 0,653(5) 0,772(7) 0,739(7)
Coop6 0,958(2) 0,960(5) 0,646(6) 0,982(2) 0,883(3)
Coop7 0,389(7) 0,983(2) 0,611(7) 0,954(4) 0,807(5)
Fonte: Autoria própria
Segundo o método SAW e levando em consideração as preferências do
especialista, a cooperativa com maior índice de desempenho é a Coop1, seguida das
cooperativas Coop4, Coop6, Coop3, Coop7, Coop2 e Coop5.
104
A ordem de classificação está relacionada com as preferências atribuídas pelo
especialista da área social. A especialista atribuiu maior peso às cooperativas como
um Instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR (0,589),
seguido do peso atribuído a gestão da comercialização (0,282), da gestão da coleta (
0,089) e da gestão da produção (0,039). Assim, aumentam (diminuem) as chances
das cooperativas que obtiveram os maiores (menores) índices de desempenho das
cooperativas como um Instrumento de inclusão social, geração de renda e redução
de RSUPR, tenham maiores (menores) índice integrado de desempenho.
Exemplificando, a Coop7 obteve índice de desempenho na gestão da coleta,
na gestão da produção, na gestão da comercialização e como um instrumento de
inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR de 0,389, 0,983, 0,611 e
0,954, respectivamente. O índice integrado de desempenho da Coop7 foi de 0,807.
Mesmo a Coop7 tendo baixo índice de desempenho na gestão da coleta, este afetou
apenas em 0,034 (0,089x0,389) no valor do índice integrado de desempenho. Já o
desempenho das cooperativa como um instrumento de inclusão social, geração de
renda e redução de RSUPR contribuiu, 0,562 (0,589x0,954), com a maior parte do
valor gerado no índice integral de desempenho. Assim, a preferência da especialista
da área ambiental interfere expressivamente no índice integrado de desempenho que,
neste cenário, a coop7 obteve melhor classificação em relação aos demais cenários.
4.5 SÍNTESE
As cooperativas apresentam estabilidade nos índices de desempenho nas
dimensões estudadas, teste de Kruskal Wallis, demonstrando que as cooperativas
não fazem grandes alterações em suas práticas de gestão e que os catadores têm
dificuldades em aceitar auxílio externo para melhoria em suas atividades operacionais,
corroborando o fato de que os catadores tendem a desenvolver seus próprios hábitos
e valores (WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006).
Apesar de, atualmente, todas as cooperativas atenderem as necessidades de
coleta do município, algumas delas não otimizam seus insumos em produtos de forma
eficiente e, caso seja explorado todo o potencial oferecido pelo município no campo
da reciclagem, poderão surgir problemas no futuro. Segundo a CMTU, o município
gerou, em 2015, 143.347.967 toneladas de resíduos urbanos e as cooperativas
105
coletaram aproximadamente 25% do potencial de RSUPR gerados14 pelo município,
perfazendo um total de 11.304.341 toneladas.
Dessa forma, o índice integrado de desempenho das cooperativas, obtido
por meio de três cenários (econômico, ambiental e social), apresentado na Tabela 18,
fornece subsídios para uma análise mais detalhada dos resultados.
Tabela 18: Índice integrado de desempenho das cooperativas
Cenários
Cenário 1: econômico Cenário 2: ambiental Cenário 3: social
Cooperativas Índice Ranking Índice Ranking Índice Ranking CV (%)*
Coop1 0,981 1 0,972 1 0,972 1 0,55
Coop2 0,868 5 0,832 5 0,782 6 5,24
Coop3 0,931 3 0,869 4 0,842 4 5,21
Coop4 0,879 4 0,879 2 0,923 2 2,83
Coop5 0,749 6 0,747 6 0,739 7 0,69
Coop6 0,946 2 0,870 3 0,883 3 4,48
Coop7 0,554 7 0,603 7 0,807 5 20,46
*Coeficiente de variação (CV) = desvio padrão / média aritmética
Fonte: Autoria própria
A variabilidade (coeficiente de variação) dos índices integrados de
desempenho das cooperativas (Tabela 18) em relação aos cenários estudados foi
muito baixa para a Coop1 (0,55%) e a Coop5 (0,69%), e muito alto para a Coop7
(20,46%), representando que os índices integrados de desempenho das cooperativas
Coop1 e Coop5 não foram afetados pelas preferências dos especialistas e os índices
integrados de desempenho da Coop7 foram afetados significativamente pelas
preferências dos especialistas.
14 Há, no Brasil, uma estimativa de que 31,9% dos resíduos urbanos gerados é composto por RSUPR (IPEA, 2012).
106
Gráfico 5: índices integrados de desempenho das cooperativas
Fonte: Autoria própria
Realizando uma comparação nos três cenários estudados (Tabela 18 e
Gráfico 5), as cooperativas Coop1, Coop2, Coop3, Coop5 e Coop6 obtiveram melhor
índice integrado de desempenho no cenário 1, em relação aos outros cenários, onde
o especialista atribuiu maior preferência à gestão da coleta. As Coop4 e Coop7
obtiveram melhor índice integrado de desempenho no cenário 3, em relação aos
outros cenários, no qual o especialista atribuiu maior preferência às cooperativas
como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR.
Nenhuma cooperativa obteve maior índice integrado de desempenho no cenário 2 em
relação aos outros cenários, em que havia uma maior preferência, em ordem
descendente, na gestão da coleta, na comercialização e na produção.
A Coop1 obteve o maior índice integrado de desempenho nos três cenários,
cujo menor e maior índice de desempenho foi no cenário 1 (0,981) e nos cenários 2 e
3 foi de 0,972. Resultado esperado, visto que a Coop1 possui o maior índice de
desempenho em todos as dimensões estudadas.
Por outro lado, as demais cooperativas apresentaram variabilidade nos
índices integrados de desempenho nos cenários analisados, indicando que as
preferências de um decisor alteram os índices e o ranking de performance das
cooperativas. Exemplificando: a Coop4 obteve a quarta colocação no ranking de
desempenho no cenário 1 e a segunda colocação nos cenários 2 e 3; a Coop7
alcançou a quinta colocação no cenário 3 e a última colocação nos cenários 1 e 2.
0,500
0,600
0,700
0,800
0,900
1,000
Coop1 Coop2 Coop3 Coop4 Coop5 Coop6 Coop7
Ind
ice
s d
e d
ese
mp
en
ho
Cooperativas
Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3
107
De forma geral, a eficiência ou a ineficiência das cooperativas podem ser
explicitadas pelas suas distintas práticas de gestão, que vão desde a separação das
atividades por departamentos até a incorporação de todas as atividades
administrativas pelo presidente da cooperativa, ou seja, as cooperativas estudadas
possuem distintos níveis de desempenho e organização em suas atividades
operacionais na cadeia da reciclagem, seguindo as tendências nacional e mundial
(IPEA, 2010; TIRADO-SOTO; ZAMBERLAN, 2013).
As atividades administrativas da Coop1 são realizadas por departamentos,
onde os integrantes da diretoria possuem participação ativa. Os departamentos são
compostos por catadores que receberam treinamento ou pessoas contratadas, que
abrangem o setor de vendas, financeiro, produção, recursos humanos, procura de
editais de fomento a cooperativas etc.; por outro lado, nas demais cooperativas,
apesar de existir uma diretoria, o presidente da cooperativa ou o responsável pelo CT
assume todas as funções administrativas.
Todas as cooperativas possuem mais de um CT, com exceção da Coop7.
Nas Coop2, Coop3, Coop4 e Coop5, cada CT tem autonomia gerencial independente,
ou seja, é como se existissem várias cooperativas dentro de uma, onde cada CT
possui um gerente (o CT sede é gerenciado pelo presidente). Por esse motivo, em
uma mesma cooperativa, há distinção em cada CT no fluxo de material, layout, formas
de triagem, padrão do prédio utilizado como CT, nas rendas dos catadores, na
qualidade de triagem, na seleção de compradores, nos preços obtidos pela
comercialização etc. Na Coop6, o presidente assume todas as funções administrativas
de seus dois CT. Todas as ações a serem executadas na Coop1 são decididas em
reunião departamental e todos os seus CT seguem o mesmo padrão de produção.
Vários CT possuem problemas estruturais, ocasionando reclamações dos
cooperados quanto alta temperatura e o odor. Os CT são barracões de no mínimo 450
m2, cobertura de zinco, pelo menos 6 metros de altura e sem forro. Situação agravada
nas Coop2, Coop3, Coop4, Coop5 e Coop6 que, em pelo menos um CT possui apenas
uma ou duas portas frontais, sem janelas. As cooperativas que possuem os CT mais
adequados são Coop1 e Coop7.
A Coop1 possui maior quantidade de itens diferentes vendidos e, por
consequência, envia a menor quantidade de rejeitos aos aterros sanitários. As
cooperativas possuem dificuldades em comercializar muitos tipos RSUPR pelo baixo
valor comercial (ou o frete é maior que o valor obtido pela comercialização), pela
108
dificuldade em encontrar um comprador ou pelo baixo volume de resíduo. Dessa
forma, muitos resíduos que possuem potencial reciclável são enviados aos aterros
sanitários como rejeitos.
O preço obtido pela comercialização de um mesmo resíduo é distinto entre
as cooperativas. A Coop1 é a única cooperativa que possui todos os equipamentos
necessários para o desenvolvimento da atividade, como mesas e esteira de triagem,
balanças, prensas, empilhadeiras, paleteiras etc. Alguns equipamentos foram obtidos
por investimento próprio, mas a maioria foi obtida por editais de fomento a
cooperativas de reciclagem junto ao governo federal e empresas privadas (a Coop1
possui um departamento que opera apenas com editais de fomento a cooperativas de
reciclagem). Fato importante, pois a Coop1 não é obrigada a comercializar seus
produtos com empresas específicas, podendo negociar e comercializar pelo melhor
valor. As demais cooperativas possuem alguns equipamentos em comodato (como:
paleteiras, balanças, prensas, empilhadeiras etc.) e são obrigadas a comercializar
seus produtos com empresas ou atravessadores específicos, tendo que vender seus
produtos abaixo do valor de mercado, corroborando Paul et al. (2012), por exemplo: o
valor de mercado por tonelada do PET, em maio/2015, era de R$ 1.350,00, e a Coop2
comercializou por R$ 880,00.
Outro problema na comercialização é a mistura de materiais na triagem e
na prensagem, ocasionando reclamação dos compradores, ao ponto de algumas
empresas não comercializarem com algumas cooperativas. Algumas não padronizam
o setor de triagem, onde cada catador organiza sua mesa de triar, mas não a mantém
sempre da mesma forma. Já na prensagem, acabam sendo misturados resíduos que
são visualmente parecidos.
A Coop1 se destaca, também (Tabela 3), pelo fato de possuir, por
cooperado, uma das menores quantidade de RSUPR coletados e comercializados, e
mesmo assim, possui um dos maiores faturamentos pela comercialização dos
materiais e o maior rendimento médio, indicando que ela possui melhor desempenho
na comercialização e no controle de despesas, por exemplo: (1) com exceção da
Coop1, as cooperativas pagam altos aluguéis para os CT, e em locais distantes, e não
conseguem quitar os aluguéis somente com os repasses da prefeitura; (2) algumas
cooperativas, como a Coop5, alugam a máquina de prensar por R$ 1.500,00 por mês,
sendo que o valor de um equipamento novo é de aproximadamente R$ 25.000,00; (3)
109
com exceção a Coop1, alugam os caminhões para coleta com valores muitos distintos,
com o valor mensal variando entre R$ 3.250,00 e R$ 6.500,00.
De acordo com o exposto, os índices de desempenho retratam a realidade
das cooperativas de reciclagem em relação às suas atividades operacionais na cadeia
de reciclagem. A Coop1 se destacou em todos os índices de desempenho, servindo
como uma opção de benchmarking para as outras cooperativas. Práticas
organizacionais, forma de coleta e processamento dos resíduos, formas de angariar
recursos financeiros, planejamento orçamentário, método de vendas, controle de
gastos, dentre outras ações usadas nessa cooperativa, podem ser utilizadas como
modelo de referência às outras cooperativas.
110
5 CONCLUSÃO
Este trabalho é pioneiro no estudo sobre desempenho de cooperativas de
reciclagem na gestão de RSUPR com inclusão socioprodutiva de catadores no
sistema de coleta seletiva de um município e pode ser utilizado por países em estágio
de desenvolvimento. Apresentou-se um método para analisar os índices de
desempenho das cooperativas de reciclagem em suas AOCR e como um instrumento
de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR. Para tanto, na escolha
das variáveis de entrada e de saída, levou-se em consideração aspectos sociais,
econômicos e ambientais, que priorizam a inclusão social, a geração/aumento de
renda do catador e a formação da sua identidade como cidadão. No entanto, em
países que apresentarem situações mais específicas referentes aos RSUPR, este
método pode ser expandido para considerar características locais, com inclusão ou
exclusão de variáveis. Aspectos de estrutura de governança, construção e
consolidação política das cooperativas não são aqui retratados, são apontados como
temas para futuros trabalhos.
Para unificar os índices de desempenho das quatro dimensões analisadas,
propôs-se um índice integrado de desempenho. Esse índice integrado de
desempenho leva em consideração as preferências de um agente decisor, em três
cenários extremos. Cada cenário representou as preferências de um especialista da
área econômica, social e ambiental, com o intuito de gerar um ranking de classificação
das cooperativas. O índice integrado de desempenho representa, em cada cenário,
uma simulação das preferências de um agente decisor municipal, pois não há
consenso nos municípios brasileiros sobre qual secretária municipal supervisiona as
cooperativas de reciclagem, por exemplo, em alguns municípios as cooperativas estão
sob a supervisão da Secretária Municipal de Meio Ambiente e em outros municípios
da Secretária Municipal de Assistência Social. Os resultados indicam que as
preferências de um agente decisor interfere no índice integrado de desempenho das
cooperativas.
A maioria das pesquisas a respeito do desempenho no gerenciamento de
RSU tem se concentrado somente na coleta e na reciclagem (CHEN, 2010) de
resíduos específicos, como componentes eletrônicos, enquanto este estudo analisou
mais detalhadamente a coleta e a destinação dos RSUPR com inclusão
socioprodutiva de catadores no sistema formal de coleta. Analisou, ainda, o
111
desempenho das cooperativas de reciclagem como um instrumento de inclusão social,
geração de renda e redução de RSUPR, que, além de gerar oportunidades no
mercado de trabalho a indivíduos socialmente excluídos, também oportuniza aos
municípios um serviço de qualidade na coleta seletiva e no tratamento dos RSUPR.
Essa avaliação de desempenho é necessária, pois, apesar de muitas
cooperativas estarem fundamentadas na economia solidária (GUTBERLET, 2015),
elas encontram-se inseridas em uma economia capitalista, de forma que o aumento
em seus desempenhos é fundamental para a sua sobrevivência e para a melhoria da
qualidade de vida dos seus cooperados. Este estudo não incentiva a concorrência
entre as cooperativas, mas evidencia aquelas mais eficientes, a fim de que possam
servir de benchmarking para as outras e, consequentemente, contribuir para o
aumento de seus índices de desempenho.
A aderência do método proposto foi demonstrada pela análise dos índices
de desempenho em gestão da coleta, produção e comercialização e, também, como
um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR, em
conjunto com os dados obtidos junto às cooperativas e ao órgão público responsável
pela gestão da coleta seletiva do município.
É importante reconhecer que a gestão eficiente das cooperativas em suas
AOCR é elemento essencial para a eficácia da gestão dos RSU em muitas cidades
de países em desenvolvimento (SANDHU; BURTON; DEDEKORKUT-HOWES, 2017;
WILSON; VELIS; CHEESEMAN, 2006; MEDINA, 2000; PAUL et al., 2012; ASSIM;
BATOOL; CHAUDHRY, 2012). Os resultados também indicam a necessidade de
manutenção e o aumento de ações públicas integradas às cooperativas de catadores,
visando o maior controle nas operações de coleta, produção e comercialização dos
RSUPR, com consequente melhora do desempenho das cooperativas em suas
AOCR.
Dessa forma, este estudo proporciona uma visão geral do desempenho das
cooperativas de reciclagem em suas AOCR e dos aspectos que tornam o
desempenho das cooperativas (in)eficientes, possibilitando ao poder público (federal,
estadual e municipal) realizar ações direcionadas à gestão de RSUPR com inclusão
socioprodutiva de catadores. De igual modo, este estudo poderá contribuir com as
cooperativas no sentido de auxiliá-las na melhoria dos processos contidos na cadeia
da reciclagem.
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127
APÊNDICE A - Questionário semiestruturado para entrevista in loco as cooperativas
128
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
Termo de esclarecimento
A Cooperativa ....................................................................................................... está
sendo convidada a participar do estudo sobre a gestão de resíduos urbanos com
potencial reciclável realizado pelas Cooperativas de Reciclagem. Com isso a
cooperativa poderá contribuir para avanços significativos na gestão dos resíduos
sólidos e melhoria das cooperativas para aumento na geração de renda e qualidade
de vida dos cooperados.
Queremos informar que o caráter ético desta pesquisa assegura a preservação da
identidade das pessoas participantes e da cooperativa.
Uma das metas para a realização deste estudo é o comprometimento do pesquisador
(a) em possibilitar, aos participantes, um retorno dos resultados da pesquisa.
Solicitamos ainda a permissão para a divulgação desses resultados e suas
respectivas conclusões, em forma de pesquisa, preservando sigilo e ética, conforme
termo de consentimento livre que será assinado pelo participante.
Agradecemos vossa compreensão e colaboração no processo de desenvolvimento
deste estudo.
Atenciosamente,
............................................................................. Prof. Ms. Reginaldo Fidelis Docente da UTFPR, Câmpus Londrina
129
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu________________________________________________________porta
dor do RG. Nº _____________________________, função na cooperativa:
_____________________________ aceito participar da pesquisa intitulada
“desempenho das cooperativas na gestão dos resíduos sólidos urbanos com
potencial reciclável” desenvolvido pelo acadêmico/ pesquisador Reginaldo Fidelis e permito que
obtenha informações via questionário, fotografia e filmagem da cooperativa. Tenho
conhecimento sobre a pesquisa e seus procedimentos metodológicos.
Autorizo que o material e informações obtidas possam ser publicados em aulas,
seminários, congressos, tese, palestras ou periódicos científicos. Porém, não deve ser
identificado por nome do respondente ou da cooperativa (sem prévia autorização) em
qualquer uma das vias de publicação ou uso.
O questionário, fotografias e filmagens ficarão sob a propriedade do
pesquisador pertinente ao estudo e, sob a guarda dos mesmos.
Londrina, .......de ................................... de 2016
__________________________________________
Nome completo do pesquisado
Cooperativa
130
COLETA
C1 – Tipos de veículos utilizados na coleta (transbordo):
(quantidade de caminhões, se são próprios ou alugador, valor do caminhão ou do
aluguel, capacidade em kg ou em sacos)
C2 – Como é realizada a coleta? (Periodicidade)
C3 – Como a cooperativa procede quando algum motorista, coletor ou ajudante falta?
C4 – Como a cooperativa procede quando há reclamações sobre a coleta?
C5 – A cooperativa realiza coleta de grandes geradores? (Citar alguns)
C6 – Há controle de custos de manutenção dos caminhões? Há controle da
quilometragem rodada pelos caminhões?
C7 – Quais são as principais dificuldades da cooperativa na realização da coleta?
C8 – Quais são as principais qualidades da cooperativa na coleta?
C9 – Outras considerações sobre a coleta
PRODUÇÃO
P1 – Qual a quantidade de barracões/entrepostos (centros de triagem-CT)?
(quantidade de CTs próprio, alugado (valor do aluguel?) ou comodato(em troca do
que?); localização dos CTs; área total e útil dos CTs; a forma de trabalho
(gerenciamento) de cada CT)
P2 - Quantidade de prensas e balanças?
As prensas e balanças são próprias, alugadas (valor do aluguel) ou comodato (em
troca do que?); Capacidade das prensas e balanças; custo de manutenção
(responsabilidade da cooperativa ou quem cedeu a prensa?).
131
P3 – Quantidade de esteiras? Quantas pessoas trabalham na esteira? A esteira é
própria, alugada (valor do aluguel?) ou comodato (em troca do que?)?
P4 – Houve dificuldades para implantar o trabalho com esteira (como foi a
aceitabilidade da esteira entre os catadores)?
P5 – A esteira realmente aumenta a capacidade de material triados pela cooperativa
(aumenta a produtividade)?
P6 – A cooperativa possui empilhadeira ou paleteira? A esteira ou paleteira é própria,
alugada (valor do aluguel?) ou comodato (em troca do que?)?
P7 – Como é organizado a posição de cada tipo de material que é triado nas mesas
de triagem? Há padronização? Quem organiza? Porque?
P8 – Há problemas referentes às mesas de triagem (reclamações dos catadores que
trabalham nas mesas de triagem)?
P9 – Há problemas de mistura de materiais pós triagem?
P10 – Como é à adaptação dos cooperados ao trabalho nas mesas e esteiras de
triagem?
P11 – Como foi à adaptação dos cooperados ao uso de IPIs?
P12 – Quais os principais motivos de falta ao trabalho (como: saúde, faltas sem
justificativas, etc.)?
P13 – Há pessoas com limitação física? Quantidade.
P14 – Há pessoas com limitação intelectual? Quantidade.
P15 – Qual a capacidade de triagem diária da cooperativa?
132
P16 – Quais são as principais dificuldades da cooperativa na produção? (mistura de
materiais, faltas ao trabalho, problemas de saúde etc.)
P17 – Quais as principais qualidades da cooperativa na produção?
P18 – Representação do fluxo de material
COMERCIALIZAÇÃO
C1 – Quem são os principais clientes da cooperativa (intermediários, indústrias, etc.)?
qual a proporção de vendas?
C2 –Qual o prazo médio de recebimento pela venda dos materiais?
C3 - Onde estão localizados (cidades) os compradores dos materiais?
C4 – Quem é responsável pelo transporte do material vendido?
(frete intermediários, indústrias, etc.)
C5 – Como funciona a venda dos materiais (como é feita a negociação)?
C6 – Quem é o responsável pela comercialização?
(recebeu treinamento; a quanto tempo faz isso; o que leva em consideração ao
trabalhar com um determinado comprador)
C7 – Há comunicação com outras cooperativas em relação a comercialização?
(se há cooperação entre as cooperativas; se elas trocam informações)
C8 – Quais são as principais dificuldades da cooperativa na comercialização?
C9 – Quais as principais qualidades da cooperativa na comercialização?
C10 – Outras informações relevantes
GERAL
133
G1.1 – Os centros de triagem trabalham de forma independente (comercializam
separado; distribuição dos valores aos cooperados; governança etc.)
G1 - Como é realizada a distribuição dos valores aos cooperados?
(ex.: paga-se as despesas e o restante é destinado para pagamento de cooperados
ou há um caixa para investimento)
G2 – A cooperativa possui fundo de reserva ?
G3 – Quais os principais motivos pelas faltas no trabalho?
G4 – Quais os problemas de saúde mais frequentes?
G5 – Há quantos membros na diretoria? Eles são atuantes? Receberam treinamento
para as funções?
G6 – Quando a cooperativa foi fundada?
G7 – A cooperativa possui parcerias? (empresas, condomínios, prefeitura, estado etc.)
G8 – Quais projetos a cooperativa foi comtemplada (projetos de fomento às
cooperativas)?
G9 – Quais requisitos de regularização que a cooperativa possui?
( ) Estatuto Social
( ) Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica- CNPJ
( ) Registro na OCE (Organização das Cooperativas do Estado)
( ) Atas de Assembleias gerais
( ) Diretoria funcionando,
( ) Recolhimento de impostos,
( ) Recolhimento de Fundos obrigatórios (FAT – 5% e Fundo de Reserva - 10%),
( ) Livros em dia,
( ) Emissão de notas fiscais,
134
( ) Balanço anual
( ) Filiada ao Movimento Nacional
( ) Licença ambiental
( ) Licença sanitária
( ) Licença do Corpo de Bombeiro (Alvará de Prevenção Contra Incêndios)
( ) Alvará de funcionamento
G10 – A cooperativa oferece cursos de capacitação? Quais?
G11 – O que a cooperativa faz para agregar valor aos produtos comercializados?
G12 – Quais são os serviços adicionais que a cooperativa oferece aos cooperados
(vale transporte, alimentação, férias, 13º salário etc.)?
G13 – A cooperativa tem um programa de limpeza, controle de animais e insetos
(ratos, baratas, moscas etc.)?
G14 – A infraestrutura da cooperativa é adequada para exercer a atividade
(ventilação, odor, barulho, iluminação etc.)
G15 – Quais são os maiores custos das cooperativas (em ordem decrescente)?
G16 – Quais são as principais dificuldades da cooperativa?
G16 – Quais as principais qualidades da cooperativa?
135
APÊNDICE B - Planilha para preenchimento pelas Cooperativas com informações
mensais sobre a Coleta, Produção, Comercialização e informações gerais
136
Planilha para preenchimento pelas Cooperativas com informações mensais sobre a Coleta, Produção, Comercialização e
informações gerais
Coleta (transbordo) Maio/15 Junho/15 Julho/15 Agosto/15 Setembro/15 Outubro/15
1 – Tipos de veículos utilizados na coleta
(transbordo):
( ) Caminhões, quantidade:
( ) Kombi, quantidade:
( ) outro_________________, quantidade
( ) outro_________________, quantidade
____________
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_____________
2 – Número de residências atendidas:
3 – Número de pessoas que trabalham na
coleta (coletores + motorista + ajudantes):
4 – Quantidade de material coletado:
5 – Distância média mensal percorrida pelo
caminhão:
6 – Custo do transporte
(combustível+manutenção do caminhão
(oficinas, trocas de óleo, pneus, seguros,
etc.)):
7 – Quantas vezes por semana é realizada a
coleta:
137
CONTINUAÇÃO: Coleta (transbordo) Novembro/15 Dezembro/15 Janeiro/2016 Fevereiro/2016 Março/2016 Abril/2016
1 – Tipos de veículos utilizados na coleta
(transbordo):
( ) Caminhões, quantidade:
( ) Kombi, quantidade:
( ) outro_________________, quantidade
( ) outro_________________, quantidade
____________
____________
____________
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____________
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____________
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_____________
_____________
2 – Número de residências atendidas:
3 – Número de pessoas que trabalham na
coleta (coletores + motorista + ajudantes):
4 – Quantidade de material coletado:
5 – Distância média mensal percorrida pelo
caminhão:
6 – Custo do transporte
(combustível+manutenção do caminhão
(oficinas, trocas de óleo, pneus, seguros,
etc.)):
7 – Quantas vezes por semana é realizada a
coleta:
138
PRODUÇÃO (triagem+prensa+alimentação
de material+etc.)
Maio/15 Junho/15 Julho/15 Agosto/15 Setembro/15 Outubro/15
8 - Quantidade de cooperados que trabalham
na produção (triagem+prensa+alimentação
de material+ etc.):
9 – Custos operacionais (água+luz+gastos
com EPIs)
10 – Valor investido com prensas+mesas ou
esteiras de triagem+instalações elétricas+
etc.
11 – Quantidade de material destinado para
comercialização:
CONTINUAÇÃO: Produção
(triagem+prensa+alimentação de
material+etc.)
Novembro/15 Dezembro/15 Janeiro/2016 Fevereiro/2016 Março/2016 Abril/2016
8 - Quantidade de cooperados que trabalham
na produção (triagem+prensa+alimentação
de material+ etc.):
9 – Custos operacionais (água+luz+gastos
com EPIs)
10 – Valor investido com prensas+mesas ou
esteiras de triagem+instalações elétricas+
etc.
11 – Quantidade de material destinado para
comercialização:
139
COMERCIALIZAÇÃO Maio/15 Junho/15 Julho/15 Agosto/15 Setembro/15 Outubro/15
12 – Quais os 5 principais produtos
comercializados:
1º______________, valor recebido por quilo
2º______________, valor recebido por quilo
3º______________, valor recebido por quilo
4º______________, valor recebido por quilo
5º______________, valor recebido por quilo
13 - Faturamento total recebido pela venda
dos materiais (R$).
14 - Quantidade de material comercializado
(kg)
CONTINUAÇÃO: Comercialização Novembro/15 Dezembro/15 Janeiro/2016 Fevereiro/2016 Março/2016 Abril/2016
12 – Quais os 5 principais produtos
comercializados:
1º______________, valor recebido por quilo
2º______________, valor recebido por quilo
3º______________, valor recebido por quilo
4º______________, valor recebido por quilo
5º______________, valor recebido por quilo
13 - Faturamento total recebido pela venda
dos materiais (R$).
14 - Quantidade de material comercializado
(kg)
140
INFORMAÇÕES GERAIS Maio/15 Junho/15 Julho/15 Agosto/15 Setembro/15 Outubro/15
15 - Tempo de existência da cooperativa
16 - Número total de cooperados
17 - Renda média dos catadores
18 - Investimento total realizado pela
cooperativa (prensas+esteiras ou mesas de
triagem+caminhões +etc.)
CONTINUAÇÃO: Informações gerais Novembro/15 Dezembro/15 Janeiro/2016 Fevereiro/2016 Março/2016 Abril/2016
15 - Tempo de existência da cooperativa
16 - Número total de cooperados
17 - Renda média dos catadores
18 - Investimento total realizado pela
cooperativa (prensas+esteiras ou mesas de
triagem+caminhões +etc.)
141
APÊNDICE C – Preferencias dos especialistas
142
O presente questionário tem como objetivo construir os pesos de cada critério
para a utilização posterior do método SAW. Os critérios são as dimensões utilizadas
para a análise do desempenho das cooperativas de reciclagem em cada uma de suas
atividades operacionais na cadeia da reciclagem e como um instrumento de inclusão
social, geração de renda e redução de resíduos sólidos urbanos com potencial
reciclável (RSUPR), ou seja, as dimensões são: gestão da coleta, gestão da produção,
gestão da comercialização e as cooperativas como um modelo de política pública de
gestão dos RSUPR.
Para responder ao questionário, deverá ser marcado em cada linha o grau de
importância de um item em relação ao outro. Para isso, deverá ser utilizada a
pontuação de acordo com a escala a seguir.
1 Igual importância Os dois elementos possuem igual importância para a decisão.
3 Importância moderada Um elemento possui importância moderada em relação ao outro.
5 Importância forte Um elemento possui grande importância em relação ao outro.
7 Importância muito forte Um elemento possui importância muito forte em relação ao outro
9 Importância Absoluta Um elemento é absolutamente mais importante que o outro.
2,4,6,8 Valores intermediários Valores intermediários
Fonte: Adaptado Saaty (2001)
Critérios Descrição do critério
Gestão da coleta Corresponde ao serviço prestado pelas cooperativas para o
munícipio na coleta dos RSUPR.
Gestão da Produção Corresponde ao processamento dos materiais realizados
pelas cooperativas nas etapas de armazenamento,
classificação/triagem dos resíduos por tipo de material e
prensagem dos materiais (fluxo interno);
Gestão da Comercialização Corresponde as práticas de comercialização dos materiais
processados pelas cooperativas.
As cooperativas como um
instrumento de inclusão social,
geração de renda e redução de
RSUPR
Corresponde a inclusão socioprodutiva do catador na gestão
dos RSUPR, geração de renda e na redução de resíduos
sólidos urbanos com potencial reciclável
Fonte: Autoria própria
143
Em relação aos critérios apresentados acima, compare as seguintes alternativas:
Gestão da coleta 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Gestão da produção
Gestão da coleta 9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Gestão da
comercialização
Gestão da coleta
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR
Gestão da produção
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Gestão da comercialização
Gestão da produção
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR
Gestão da comercialização
9 8 7 6 5 4 3 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Como um instrumento de inclusão social, geração de renda e redução de RSUPR
Explique os motivos que o(a) levou a atribuir essas preferências
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