Métodos convencionais e atuais de diagnóstico de LER/DORT em … · 2019-02-25 · A existência...
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Doutoranda: Edna Lúcia Coutinho da Silva
Profa. Dra. Veridiana Resende Novais Simamoto
Profa. Dra. Meire Coelho Ferreira
Profa. Dra. Letícia Machado Gonçalves
Prof. Dr. Adriano Mota Loyola
Métodos convencionais e atuais de diagnóstico de LER/DORT
em cirurgiões dentistas
1ª Edição
São Luís - MA Universidade CEUMA
2018
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (UNICEUMA) Universidade Ceuma Processamento técnico Catalogação na fonte elaborada pela equipe de Bibliotecárias:
Gleice Melo da Silva – CRB 13/650 Luciane de Jesus Silva e Silva Cabral – CRB 13/629
Michele Alves da Silva – CRB 13/601 Verônica de Sousa Santos Alves – CRB 13/621
Silva, Edna Lúcia Coutinho da.
Métodos convencionais e atuais de diagnóstico de LER/DORT em cirurgiões dentistas. [Recursos Eletrônico]. / Edna Lúcia Coutinho da Silva, Veridiana Resende Novais Simamoto, Meire Coelho Ferreira, Letícia Machado Gonçalves, Adriano Mota Loyola. - São Luís: UNICEUMA, 2018.
ISBN 978-85-7262-038-3
1. Odontologia. 2. LER/DORT. 3. Cirurgião dentista. 4. Métodos de diagnóstico. I. Título.
CDU:616.314
S586m
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Métodos convencionais e atuais de diagnóstico de LER/DORT em cirurgiões
dentistas
1) Considerações Gerais sobre DORT (Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho)
As Lesões por Esforços Repetitivos (LER)/Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (DORT) representam um problema de saúde comum e
prevalente na contemporaneidade, afetando inúmeras classes de trabalhadores
(BRASIL, 2012).
Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) foram
inicialmente denominados lesões por esforços repetitivos (LER) por apresentarem um
fator casual relacionado à maior velocidade e repetição dos movimentos executados
durante a jornada de trabalho (BRASIL, 2012).
No dia 05 de agosto de 1998, o Ministério da Previdência e Assistência Social
(MPAS) baixou a Ordem de Serviço 606 - Norma para a Avaliação de Incapacidade
para Fins de Benefícios Previdenciários - que utiliza a sigla DORT (distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho) ao invés da sigla LER (Lesão por Esforço
Repetitivo), para “evitar que na própria denominação já se apontem causas definidas”
(BRASIL, 2012).
Segundo o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS, 2003), em termos
conceituais, pode-se entender: DORT como uma síndrome relacionada ao trabalho,
caracterizada pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, tais como:
dor, parestesia, sensação de peso, fadiga, de aparecimento insidioso, geralmente nos
membros superiores, mas podendo acometer membros inferiores. Além dos sintomas
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de ordem física, ocorre o surgimento dos comprometimentos psicológicos, refletidos
no estresse e no surgimento de problemas psicossomáticos.
O termo foi modificado em razão de que a maioria dos trabalhadores com
sintomas no sistema musculoesquelético não apresenta evidência de lesão em
qualquer estrutura; e também porque além do esforço repetitivo (sobrecarga
dinâmica), outros fatores no trabalho podem ser nocivos para o trabalhador como
sobrecarga estática (uso de contração muscular por períodos prolongados para
manutenção de postura); excesso de força empregada para execução de tarefas; uso
de instrumentos que transmitam vibração excessiva; trabalhos executados com
posturas inadequadas (BRASIL, 2003).
A existência do trabalho repetitivo data de muito tempo, havendo relatos de
meados de 1700. O Japão foi um dos primeiros países a reconhecer esta patologia
como decorrente do trabalho. Por volta dos anos 1980 é que no Brasil começaram a
aparecer os primeiros casos de LER, e eles estavam ligados à profissão dos
digitadores (BRASIL, 2001).
As LER/DORT são doenças muito frequentes provocadas pela atividade
laboral. São patologias de difícil diagnóstico já que dependem do relato subjetivo de
quem as possui, bem como de aspectos psicológicos e da susceptibilidade
individual (BRASIL, 2001).
Muitas manifestações clínicas que acometem os dentistas e auxiliares estão
relacionadas diretamente ao ambiente de trabalho. As LER, atualmente renomeadas
de DORT, são um exemplo disto. Elas representam uma série de alterações que
atingem músculos, fáscias musculares, vasos, tendões, ligamentos, nervos e
articulações 13,18. São caracterizadas por dor crônica que afeta principalmente
pescoço, cintura escapular e membros superiores, cuja origem é a atividade laboral. É
muito comum haver dor, diminuição da força e fadiga do local afetado, havendo
tensão, contratura muscular e alteração da motricidade (BRASIL, 2012).
A prática Odontológica propicia a exposição do profissional ao risco de contrair
doenças ocupacionais, pois o desconforto e a postura inadequada dos cirurgiões-
dentistas durante o trabalho, a realização de movimentos repetitivos, além da
existência de jornadas de trabalho prolongadas associadas ao stress e à fadiga, são
alguns dos fatores determinantes para o aparecimento de distúrbios e doenças
musculoesqueléticas (BERNARDI e LOPES, 2016).
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O cirurgião-dentista pertence a um grupo profissional exposto a risco
considerável de adquirir algum tipo de LER/DORT, desde que certos fatores inerentes
às tarefas executadas estejam presentes, tais como: força excessiva, posturas
incorretas, repetição de um mesmo movimento e compressão mecânica dos tecidos
(BERNARDI e LOPES, 2016).
A LER\DORT é responsável também pela grande maioria dos afastamentos
temporários de profissionais do trabalho, podendo levar ao afastamento definitivo, pois
esses distúrbios podem provocar invalidez. Os cirurgiões-dentistas acabam por adotar
posições inadequadas ou viciosas, que poderão acarretar prejuízos para a sua saúde.
A falta de conhecimento aprofundado sobre a LER/DORT leva o profissional a não
procurar assistência médica diante da sintomatologia relacionada à posição de
trabalho (BERNARDI e LOPES, 2016).
É necessário que o cirurgião-dentista se conscientize da importância da
prevenção das LER\DORT. A adoção da prática ergonômica é essencial para os
cirurgiões-dentistas, uma vez que aumenta a produtividade, proporciona boas
condições das atividades laborais, maior conforto e segurança, previne a aquisição de
distúrbios osteomusculares, promove a redução de dores e fadiga, garantindo a
motivação e a satisfação na prática odontológica. Todos estes objetivos têm a função
de proporcionar um aumento da produtividade, procurando não ultrapassar a
capacidade do ser humano (MEDEIROS e SEGATTO, 2012).
2) Fatores de risco
a) Repetitividade
Ao realizar atividades que exijam frequência e continuidade, levando a
lesões que comprometem o desempenho e funcionalidade nas atividades
laborativas.
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b) Postura inadequada
Permanece na mesma postura por muitas horas e ficam expostos a cargas
estáticas.
c) Força excessiva
Ocasiona em sobrecarga para os sistemas osteomuscular e circulatório.
A força excessiva agrava o desgaste físico, aumentando o quadro de dor.
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d) Compressão/vibração
Ao utilizar alguns instrumentais que podem levar a comprometimentos das
extremidades superiores, podendo levar a quadros de parestesia e dor.
e) Esforço físico
f) Invariabilidade de tarefas
g) Fatores organizacionais e psicossociais
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3) Diagnóstico
O diagnóstico deve ser o mais precoce possível, evitando que lesões
sejam instaladas e que exija intervenções mais incisivas.
3.1) Estágios da DORT
a) Grau I: representa a fase inicial das lesões, onde as queixas são subjetivas e
a dor rara. Há relatos de sensação de peso e desconforto na região afetada,
como braços e ombros, sensação essa evidenciada geralmente pela manhã,
ao levantar. Pode haver dor quando a região afetada for comprimida e
comumente os portadores relatam que os objetos comuns parecem mais
pesados do que o habitual. Neste estágio as LER dificilmente prejudicam o
rendimento no trabalho e o prognóstico é ótimo;
b) Grau II: a dor nesta fase é mais intensa e localizada e aumenta à medida que
o quadro clínico evolui. A sintomatologia dolorosa está presente durante o
trabalho cotidiano, de forma intermitente. A dor, apesar de ser de média
intensidade, já afeta o rendimento no trabalho, principalmente nos momentos
de exacerbação. Pode haver calor, parestesia, leve edema e alterações de
sensibilidade. O repouso e a desaceleração do ritmo de trabalho
proporcionam o desaparecimento da dor. O prognóstico é bastante favorável;
c) Grau III: nesta fase a dor se intensifica ainda mais, tornando-se persistente.
Os trabalhadores têm mais queixas. O repouso somente alivia a dor, mas ela
persiste. É comum a perda da força muscular e a parestesia. O edema é
frequente e ocorre hipertonia muscular e sensível queda na produtividade. Há
dificuldades para segurar objetos e as tarefas cotidianas ficam prejudicadas.
Há dificuldade para dormir e dor noturna. O afastamento das atividades
laborais para poupar os membros afetados evitando dores já não surte mais
efeito. Há edema bem pronunciado na região afetada, calor, crepitação, perda
de movimentos, mãos frias e suadas e muita dor durante a realização de
movimentos simples. O prognóstico é reservado e depende muito do pronto-
atendimento;
d) Grau IV: esta fase é a mais grave e a de maior sofrimento para o paciente.
A dor é muito intensa e constante, podendo chegar ao insuportável. Qualquer
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movimento é fator agravante para a dor. Ocorrem atrofias, principalmente dos
dedos, perda da força muscular e dos movimentos. O paciente perde a
capacidade de trabalho e fica inválido. Essa fase é caracterizada por
distúrbios psicológicos, depressão, ansiedade e angústia, exatamente pela
perda da capacidade laboral e pelas dificuldades cotidianas impostas pela
doença. O prognóstico é sombrio. O próprio paciente não acredita na sua
capacidade de recuperação.
3.2) Prevenção
Um princípio muito importante para prevenir as LER/ DORT é a
ergonomia. Esta ciência estuda a atividade do homem no trabalho e tem como
objetivo a racionalização e simplificação do processo de trabalho, permitindo
ao trabalhador que ele produza mais e melhor, e tenha mais conforto e menos
fadiga (NARESSI e ORENHA, 2012).
A Ergonomia, como ciência, é um conjunto de saberes multidisciplinares
aplicados na organização da atividade laborativa e nos elementos que
compõem o posto de trabalho, com o objetivo de se estabelecer um ambiente
seguro, saudável e confortável, prevenindo agravos à saúde e contribuindo
para a eficiência produtiva. Dentro desse contexto, a Ergonomia aplicada à
Odontologia tem como finalidade obter meios e sistemas para diminuir o
estresse físico e cognitivo, prevenir as doenças relacionadas à prática
odontológica, buscando uma produtividade mais expressiva, com melhor
qualidade e maior conforto, tanto para o profissional quanto para o paciente
(NARESSI e ORENHA, 2012).
A implantação de diretrizes ergonômicas para orientação de postura
adequada, formas de tratamento, manuseio de instrumentais e adequação do
consultório odontológico no tratamento de paciente; e a sua legalização junto
aos órgãos competentes são extremamente importantes.
O atendimento odontológico planejado de forma estratégica é
indispensável para que um profissional ou uma organização possa atingir suas
metas, o que garante sua sobrevivência e seu desempenho social. O
estabelecimento de metas e objetivos pressupõe uma criteriosa avaliação
interna do ambiente em que se insere o profissional ou a organização,
permitindo estabelecer diretrizes de atendimento mais adequadas e eficazes
(MEDEIROS e SEGATTO, 2012).
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Algumas regras básicas de ergonomia para organização biomecânica
de trabalho tornam-se importantes, as quais podemos destacar: 1) O corpo
deve trabalhar, de forma desejável, com torque zero; 2) deve-se escolher a
melhor postura para se trabalhar de acordo com a exigência da tarefa; 3) as
bancadas de trabalho devem ser estruturadas de tal forma que o corpo
trabalhe na vertical, sem inclinação excessiva do tronco e sem elevação dos
membros superiores; e 4) eliminar os esforços estáticos (RANNEY, 2000).
4) Manifestações Clínicas
Os distúrbios osteomusculares são queixas comuns e de destaque entre os
CDs e revelam a íntima relação entre a prática odontológica e o
desenvolvimento de LER/Dort pelo desgaste físico e psicológico a que o
profissional é submetido no seu cotidiano laboral. Os distúrbios
musculoesqueléticos representam graves problemas para os dentistas,
interferindo inclusive na sua capacidade funcional. Problemas como
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degeneração de discos intervertebrais na região cervical da coluna, bursite,
tendinite e artrite nas mãos são doenças muito prevalentes em dentista.
a) Síndrome do túnel do carpo: é compressão do nervo mediano em nível de
punho devido à inflamação dos tendões, espessamento e fibrose. Produz dor
e impotência funcional durante a flexão do primeiro, segundo e terceiro
dedos e borda interna do quarto dedo. É a síndrome de mais interesse para
o cirurgião-dentista, porque representa um distúrbio ocupacional frequente
principalmente entre periodontistas e endodontistas, e está mais ligada à
repetição do movimento do que à força empregada.
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a.1) Avaliação
Teste de Phalen
Posição do paciente: sentado ou em pé, com os cotovelos fletidos à 90º e
com os punhos com o dorso em contato e à 90º de flexão.
Descrição do teste: o terapeuta instrui o paciente para realizar uma flexão
do punho e colocar o dorso da mão em contato com a outra mão,
permanecendo por 1 minuto.
Sinais e sintomas: esse teste serve para diagnosticar a síndrome do túnel
do carpo e o aparecimento de formigamento ou dormência na mão,
principalmente na região que vai até o 3º dedo, demonstra positividade do
teste.
OBS: o teste de Phalen invertido é o mesmo teste, porém é realizado com
os punhos em extensão máxima, ou seja, em posição de “reza”.
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Teste de Tinel
Posição do paciente: sentado ou em pé, com o punho em supinação e palma da mão
aberta.
Descrição do teste: o terapeuta percute com o seu indicador as regiões do túnel do
carpo e do túnel de Gyon.
Sinais e sintomas: no momento da percussão, nos trajetos dos nervos mediano e
ulnar nos túneis carpais, o paciente refere à sensação de formigamento ou choque
irradiado para o 3º dedo no caso de síndrome do túnel do carpo e no 5º dedo no caso
da inflamação do túnel do nervo ulnar.
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b) Bursite: é a inflamação da membrana sinovial ocorrendo geralmente no
ombro, provocada por movimentos de flexão e abdução do braço, causa
bastante dor.
c) Cervicobraquialgia: é a dor na região cervical da coluna, podendo se
disseminar para os membros superiores. É provocada por fadiga muscular,
movimentos repetitivos e posturas incorretas. Os músculos mais suscetíveis
são o trapézio, o elevador da escápula, os romboides, o supraespinhoso e os
cervicais.
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Avaliação:
Posição do paciente: sentado com os braços estendidos no limite máximo
que suportar ou em pé, em decúbito dorsal.
Descrição do teste: o terapeuta utiliza o goniômetro para avaliar o máximo
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de amplitude de movimento articular que o paciente alcança sem referir
dor.
Sinais e sintomas: Limitação nos movimentos da articulação do ombro,
dor irradiada e
d) Tenossinovites: são inflamações das bainhas tendinosas, geralmente
acometem os músculos flexores do punho e dedos, causando dor e
dificuldades de realizar movimentos. Há presença de edema e perda de força
muscular.
Avaliação:
Sinais e sintomas/ Diagnóstico Dor ao longo do polegar. Pode aparecer gradualmente ou subitamente.
Progressivamente a dor será sentida no punho e pode irradiar até o antebraço.
A dor geralmente piora com a atividade da mão e do polegar, principalmente na preensão e flexão do punho.
Edema pode ser observado na face radial da base do polegar.
Sensação de que o polegar está com dificuldade em movê-lo livremente.
Pode ser percebida dormência na parte de trás do polegar e dedo indicador.
Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e exame atento do punho, mão e polegar, incluindo à sua função motora e nervosa, é geralmente suficiente para o diagnóstico de uma tenossinovite de De Quervain.
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4.1) Investigação Diagnóstica
O diagnóstico das LER/Dort é basicamente clínico e é feito através de estudo
da vida profissional pregressa, da história da doença e de exame físico minucioso. São
analisados o tipo de função realizada no trabalho, a frequência dos movimentos, os
equipamentos empregados, a postura durante a jornada, as condições ambientais, o
tempo na função, a existência de pausas durante o trabalho e as relações
interpessoais com colegas e superiores.
Inicialmente, quando surgem os sintomas, a primeira providência a ser tomada
é o afastamento imediato dos fatores de risco, cessando com atividades que
demandam esforço repetitivo e imobilizando a região afetada. Recomenda-se ainda
fazer repouso e procurar um médico imediatamente. Na realidade, como os sintomas
aparecem lentamente, o profissional muitas vezes se acostuma com eles, postergando
a consulta ao médico, o que acaba comprometendo o sucesso do tratamento, já que a
doença vai evoluindo, e quanto mais tardio o tratamento, pior será o prognóstico.
Neste sentido, torna-se importante seguir os seguintes passos:
a) Investigação da história clínica
As queixas mais comuns são: dor localizada, irradiada ou generalizada,
desconforto, fadiga e sensação de peso. Podendo ocorrer ainda: parestesia,
dormência, diminuição de força, edema, choque. Torna-se importante
considerar o tempo de duração, localização, intensidade, tipo ou padrão,
momentos e formas de instalação, fatores que acentuam ou atenuam,
variações no tempo.
b) Considerar comportamentos e hábitos relevantes
Verificar os hábitos que possam agravar o quadro clínico, tais como: uso
excessivo de computador, postura inadequada nas atividades realizadas no
cotidiano e no ambiente de trabalho, sobrecarga de peso, exercícios que
sobrecarreguem as articulações.
c) Verificar antecedentes pessoais e familiares
Histórico de traumas, fraturas e outros quadros que possam ter desencadeado
ou agravado os processos de dor crônica; além da existência de outros
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membros da família apresentar diabetes, doenças reumatológicas, distúrbios
hormonais, dentre outros que mereçam atenção.
d) Realizar anamnese ocupacional
Torna-se de extrema importância avaliar o ambiente de trabalho, a disposição
dos mobiliários, os equipamentos, duração da jornada de trabalho, se há
existência do tempo de pausas, execução e frequência de movimentos
repetitivos, existência de sobrecarga estática, identificação de músculos e
articulações mais utilizados.
e) Realizar exame físico detalhado
Avaliar força, amplitude de movimento articular, se há presença de edema,
contraturas, deformidades.
f) Realização de exames complementares
Avaliar a necessidade de solicitar radiografia, ultrassonografia,
eletroneuromiografia, cintilografia óssea, tomografia computadorizada,
mediante a necessidade e particularidade de cada caso em questão.
5) Tratamento
A constituição de uma equipe interdisciplinar torna-se fundamental para a
reabilitação, funcionalidade e melhora na qualidade de vida. Neste sentido,
vários profissionais são importantes nesse processo.
a) Médico reumatologista:
Para avaliar as condições clínicas, prescrever medicamentos e solicitar
exames de imagem e/ou complementares.
b) Fisioterapeuta:
Avaliar os aspectos biomecânicos e propor exercícios que melhorem as
condições motoras.
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c) Psicólogo:
Promover suporte psicológico diante da atividade estressante e rotineira,
minimizando a ansiedade e reorganizando as idéias no ambiente de
trabalho.
d) Terapeuta ocupacional:
Realizar adequações e adaptações na rotina laboral, organizando o
ambiente de trabalho mediante as questões ergonômicas; orientando e
prescrevendo o uso de órteses para imobilizar as áreas comprometidas,
além de adequar a rotina laborativa com pausas e atividades que
promovam conforto e bem-estar.
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Considerações Finais
O cirurgião-dentista pertence a um grupo profissional exposto a risco
considerável de adquirir algum tipo de LER/DORT, desde que certos fatores
inerentes às tarefas executadas estejam presentes. Portanto, torna-se
imprescindível a sensibilização dos profissionais para mudança de hábitos e
rotinas que sejam prejudiciais à saúde, havendo a necessidade da prevenção
desde a vida acadêmica e estendendo-se à carreira profissional.
Cabe ressaltar que os acometimentos posturais são os mais negligenciados
pelos cirurgiões-dentistas, pois seus efeitos só serão percebidos depois de anos.
Portanto torna-se de suma importância que os profissionais adotem medidas
preventivas, praticando atividade física de forma regular, adotem as orientações
previstas no ambiente de trabalho, com realização de pausas para reduzir os
danos na prática profissional.
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REFERÊNCIAS:
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repercussões na saúde: velhas questões e desafios que continuam. Cadernos
de Terapia Ocupacional da UFSCar; São Carlos Vol. 26, Ed. 1, (2018): 119-
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BERNARDI, M.A.; LOPES, A.R. Prevalência de DORT e Análise do Risco
Ergonômico em Odontólogos de Foz do Iguaçu. Pleiade, 10(19): 76-83,
Jan./Jun., 2016
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Ações Programáticas Estratégicas, Área Técnica de Saúde do Trabalhador.
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de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Dor relacionada ao
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