Métodos de Coleta do Bentos

Carine G. R. Costa Carla Nishizaki

Danilo R. Vieira Natália T. Signorelli

Instituto Oceanográfico da USP

São Paulo, abril de 2009

Conteúdo

• Introdução

• Métodos diretos

- Organismos epífitos e borers- Fauna vágil- Fauna associada ao rizoma- Análise dos dados

• Bibliografia

Métodos de Coleta do Bentos

Ilustração: Posidonia oceanica

http://zr.molbiol.ru/posidoniaceae.html

Introdução

Nos últimos 30 anos a importância do seagrass tem se tornadouniversalmente aceita.

As técnicas usadas para as diferentes espécies de seagrass devem seranalizadas em detalhe, pois esses ambientes são habitatspreferenciais de muitas espécies adaptadas aos diferentesmicroambientes determinados pela complexidade estrutural daplanta.

IntroduçãoÁreas vegetadas

Foto: http://hablemosdelamar.wordpress.com/

Alguns autores distinguem as comunidades associadas às folhas dascomunidades associadas aos rizomas das seagrasses.

O seagrass altera notavelmente os habitats que colonizam, formandoos sistemas mais peculiares da área costeira. Sua composição,extensão e estrutura estão intimamente relacionadas às propriedadesbiológicas da espécie e às características do ambiente, como tipo equalidade de fundo, geomorfologia, regime hidrodinâmico, espessurada camada fótica e taxa de sedimentação.

IntroduçãoÁreas vegetadas

A Posidonia oceanica é endêmica da baciaMediterrânea, ocorrendo ao longo dequase todas as costas. É a espécie maisimportante tanto em complexidadequanto em persistência do sistema eextensão da área de ocorrência.

É o único seagrass a formar pradariascontínuas desde a superfície a 40m deprofundidade.

IntroduçãoA Posidonia oceanica

Foto:w

ww.regmurcia.com

Métodos de Coleta do Bentos

Ilustração: Posidonia oceanica

http://zr.molbiol.ru/posidoniaceae.html

Métodos diretos

Para fanerógamas, a maioria das técnicas de coleta da faunaassociada é do tipo direto. Isso ocorre pois a estrutura da plantadificulta o uso de dredges ou box-corers operados de um barco.

A complexidade do ambiente associado à P. oceanica torna necessárioo uso de diferentes métodos de coleta, uma vez que não se pode obterdados para todo o sistema usando apenas um tipo de coleta.

Para plantas simples, pode-se utilizar as mesmas técnicas de coletaque para fundos não consolidados.

Métodos diretosIntrodução

Representados por isópodas e poliquetas.

O estudo desses organismos requer amostras da planta, pois se fixammuito bem às folhas e caules.

Material

Métodos diretosOrganismos epífitos

• Rede de coleta;• Recipientes térmicos;• Fixadores (álcool, formol);• Freezer a -20°C;• Pinças;

• Réguas;• Formulários;• Lupas e microscópios;• Estufa;• Dessecante.

Métodos

• Coleta de amostras (de 2 a 50) em áreas de característicassemelhantes

• Coleta em quadrados de tamanho variável (de 20 a 30cm de lado)• Amostragem parcial em áreas de referência: em quadrados de 1m²cada, todas as plantas são examinadas e apenas as que contemanimais de interesse ao estudo são amostradas

• Amostragem seletiva eindependente: reconhece-se aespécie de interesse e coleta-seuma amostra da planta onde elafor encontrada

Métodos diretos: epífitos e borersOrganismos epífitos

Foto: http://invertebrates.si.edu/

Método

• Amostras ortotrópicas são coletadas e examindas minuciosamentepara revelar a presença desses animais

• Deve-se coletar de 5 a 6 amostras em um quadrado de 40cm de ladoe então mudar o local de coleta para minimizar o impacto

• O número total de amostras varia de 20 a 80• Pode-se usar redes de malha fina ou sacos plásticos para evitar aperda de isópodes

• As amostras podem ser congeladas ou fixadas em formol 4%

Métodos diretos: epífitos e borersBorers

Os métodos de coleta da fauna vágil associada à P. oceanica são os queapresentam maiores dificultadades amostragem. Os problemasdevem-se às dificuldades operacionais de amostragem através dacamada de folhas e sobre alguns tipos de substrato, formas decaptura de organismos móveis (decápodas, peracarida).

Para o estudo de comunidades de peixes ou verterados de grandeporte, o censo visual é a técnica que provou-se mais eficaz.

Há dois métodos utilizados normalmente:• Rede de arrasto manual• Air-lift

Métodos diretosFauna vágil

Material

• A rede (armação metálica com 60×40cm);• Bolsas de nylon extras;• Dois mergulhadores.

Método

A rede é análoga à utilizada porentomologistas. O método éeficaz somente para coleta deorganismos que estão na camadade folhas.

Métodos diretos: fauna vágilRede de arrasto manual

Foto: http://cas2.memphis.edu/

Métodos diretos: fauna vágilRede de arrasto manual

Método

Para a padronização, é necessário um número fixo de 60 coletas aolongo de uma linha contínua escolhida pelo mergulhador de acordocom a necessidade da pesquisa ou de acordo com a característica dobanco (no caso de distribuição não contínua).

Para mover os organismos para o fundo do coletor, é aconselhávelmover a rede por alguns metros em água aberta perpendicularmenteà direção seguida pelo mergulhador. Após esta etapa, fecha-se o sacode amostra e passa-se para a próxima amostra.

Método

No laboratório, deve-se ter cuidado no momento de esvaziar a redepara evitar que organismos do topo da rede e presos entre as costurassejam misturados às amostras.

É recomendável que sempre o mesmo mergulhador realize as coletas,para que os erros sistemáticos sejam constantes e os resultadossejam mais comparáveis.

As maiores eficiências são obtidas na coleta de espécies com “reflexode queda”, que se desprendem quando perturbadas ou em perigo(gatrópodes, isópodas e carangueijos ermitões).

Métodos diretos: fauna vágilRede de arrasto manual

Métodos diretos: fauna vágilRede de arrasto manual

O uso da rede captura mais organismos que outras técnicas.

Método

O número de réplicas varia de acordo com o objetivo do projeto,variando de 2 a 3 por estação, dependendo da variabilidade espaço-temporal na composição e estrutura da comunidade associada.

Uma vantagem desse método é que não remove partes da planta,apenas as folhas senescentes.

Métodos diretos: fauna vágilAir lift

Este método de coleta é apropriado para a coleta da fauna vágilassociada aos rizomas da P. oceanica. Também pode capturar osorganismos da camada de folha, embora com menos eficiência. Se forutilizado em áreas padrão pré-determinadas, o método permitetomar amostras quantitativas.

Material

• Air lift;• Cilindro de mergulho;• Tubo de pressão de alguns metros;• Primeiro estágio;• Quadrado de dimensões pré definidas;• Redes extras.

Métodos diretos: fauna vágilAir lift

As áreas são determinadas por um quadrado de metal ou PVC. Asáreas são, normalmente, de 1m², porém áres menores (40×40cm)permitem um número maior de réplicas.

O instrumento suga a área de referência com movimentos ritmadospara desobstruir a entrada do aspirador das folhas sobre as quais eleestava trabalhando.

O método é vantajoso por não ser destrutivo, porém pode ocorreruma limitação das coletas em função da logística e da disponibilidadede análises. Os dados são comparáveis aos fornecidos pela redemanual para a comunidade de moluscos. As amostras coletadas coma rede fornecem dados de abundância maiores que as do air lift.

Métodos diretosOrganismos associados ao rizoma

Material e equipamento requerido

• Box corer, corers cilíndricos, enxadas e pás;• Martelo ou malho;• Faca SCUBA;• Espátula de jardineiro resistente;• Moldura de referência;• Sacos ou recipientes para armazenar o material coletado.

Métodos diretosOrganismos associados ao rizoma

Metodologia

Este método é utilizado para espécies de seagrass com tamanhopequeno, especialmente quando o objetivo é medir também outrasvariáveis, como a biomassa, porém requer considerável esforçooperacional.

Para estudos de P. oceanica, são utilizados box corer (15×15×10cm),pás enxadas, faca e air-lift.

O box corer é inoxidável e seccionado em quadrados (de área5,2×15,2cm e altura 17,8cm, com volume 4,11dm³). Uma lâminatransversal permite que a parte inferior do corer seja fechada,evitando que parte do material seja perdida quando removida.

Métodos diretosOrganismos associados ao rizoma

Método

Porém, a inserção da lâmina causa grande impacto no banco.

Para minimizar os impactos, é preferível o uso do corer cilíndrico,com diâmetro variável entre 10 e 35cm, dependendo dos objetivos doestudo. Corers cilíndricos possibilitam uma menor área agredida.

Os corers geralmente são fáceis de operar manualmente, masprecisam ter serras e superfícies pontiagudas na base para facilitar ocorte de emaranhado de raízes e rizomas. Na parte superior, é fixadauma malha de 400µm que evita o derrame de material, e pode seroperada com a ajuda de um martelo.

Métodos diretosOrganismos associados ao rizoma

Método

Os corers podem ser utilizados em qualquer profundidade e emqualquer tipo de matte, provendo a estratificação da fauna dentro daamostra.

Quando não é necessário manter o matte e os sedimentos em suasposições naturais, pás de metal podem ser utilizadas como alavancaspara isolar porções de matte de 10×10cm, porém, sem precisãovolumétrica.

Métodos diretosOrganismos associados ao rizoma

Problemas e dicas práticas

Uma técnica que reduziria as dificuldades operacionais, o impacto nosistema e a perda de material (em caso de bancos em fundos de areia,com um desenvolvimento limitado ou inexistente de matte) poderiaser utilizar o air-lift.

Este método pode ser eficaz para espécies de tamanho reduzido deseagrass quando o volume sugado é delimitado pelo corer com umaprofundidade pré-estabelecida (entre 15 e 20cm). Deve-se escolheruma rede adequada de acordo com a granulometria do sedimento e ovolume a ser sugado.

Métodos diretosAnálise dos dados

As amostras coletadas através das diversas metodologias citadasanteriormente (rede, air-lift e corers), são trazidas ao laboratório efixadas (geralmente em formol 45%) ou separadas ainda frescas. Éfeita a identificação das espécies e os mais comuns índices ecológicossão aplicados.

Métodos de Coleta do Bentos

Ilustração: Posidonia oceanica

http://zr.molbiol.ru/posidoniaceae.html

Bibliografia

Bibliografia

BUIA, M.C.; GAMBI, M.C.; DAPPIANO M. (2004) The seagrasssystems. In: Gambi M.C., Dappiano M. (Eds), Mediterranean MarineBenthos: a Manual of Methods for Its Sampling and Study. BiologiaMarina Mediterranea, 11(Suppl. 1): 133–184.

Métodos de Coleta do Bentos

Ilustração: Posidonia oceanica

http://zr.molbiol.ru/posidoniaceae.html

Fim