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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O COEFICIENTE DE ESCOAMENTO DE SUB-BACIAS DO RIO DAS MORTES - MT CUIABÁ - MT FEVEREIRO/2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS

MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O COEFICIENTE DE ESCOAMENTO DE SUB-BACIAS DO RIO DAS MORTES - MT

CUIABÁ - MT

FEVEREIRO/2018

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SILVIA CRISTINA STUPP GHELLERE

MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O COEFICIENTE DE ESCOAMENTO DE SUB-BACIAS DO RIO DAS MORTES - MT Linha de Pesquisa: Dinâmica Superficial e Subterrânea

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Recursos Hídricos do Instituto de Ciências Exatas e da Terra da Universidade

Federal de Mato Grosso, como parte dos

requisitos para obtenção do título de Mestre em

Recursos Hídricos.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Santos Silva Amorim

CUIABÁ - MT FEVEREIRO/2018

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Dedico este trabalho a meu esposo

Gustavo Henrique Ghellere que me

apoiou e incentivou em todos os

momentos e a meus pais Damaceno

Stupp e Rita Rosso Stupp que em sua

simplicidade sempre me incentivaram a

buscar o aprimoramento.

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AGRADECIMENTO

Ao meu esposo pelo apoio.

Aos meus pais pelo incentivo.

Ao meu orientador Professor Dr. Ricardo Santos Silva Amorim pelo incentivo e

acompanhamento.

Ao professor Dr. Fernando Ximenes de Tavares Salomão pelo estímulo na busca

de mais este objetivo.

Aos professores das bancas examinadoras pelo auxílio no enriquecimento do

estudo.

Ao Coordenador do Curso Professor Dr. Eduardo Beraldo de Morais por ser

inspiração no âmbito profissional.

À minha equipe de trabalho na Empresa Potencial Hidroambiental e Projetos Ltda,

pela parceria, compreensão e estímulo.

À minha amiga Joyce Teixeira Zamprone pelo auxílio profissional em

momentos de desafio.

Ao meu filho Samuel que me acompanhou neste momento, o tornando mais

especial.

A todos os professores do Programa pelos conhecimentos repassados.

Enfim, a todas as pessoas que direta ou indiretamente participaram da elaboração deste trabalho e me auxiliaram na vida acadêmica, o meu muito obrigado.

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O aumento do conhecimento é como uma

esfera dilatando-se no espaço: quanto

maior a nossa compreensão, maior o

nosso contato com o desconhecido.

Blaise Pascal

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RESUMO

O estudo da alteração no escoamento da bacia é de extrema importância para a compreensão das alterações causadas pelo diferentes usos do solo feito pelo

homem e suas conseqüências na produção de água na bacia. O intensivo uso

agropecuário da bacia do Rio das Mortes e a disponibilidade de dados no sistema

integrado nacional de informações hidrológicas nos permite buscar uma relação

entre a alteração no uso e ocupação do solo ao longo dos últimos 30 anos e a

alteração no coeficiente de escoamento das áreas de estudo dentro da bacia.

Optou-se dessa forma por estudar uma sub-bacia representativa do Alto Rio das

Mortes e uma sub-bacia representativa do Baixo Rio das Mortes a fim de analisar

as variações dentro da bacia. Observou-se que as duas sub-bacias apresentam

comportamento semelhante no que se refere à precipitação e vazão anual, se

correlacionando. A bacia do Baixo Rio das Mortes apresentou maior volume precipitado por unidade de área enquanto que a bacia do Alto Rio das Mortes

apresentou maior volume escoado anual por unidade de área. As duas sub-bacias

são exploradas por uso agropecuário. O Alto Rio das Mortes possui 486 pontos

com vazões outorgadas em novembro de 2017 sendo 98% para a irrigação. No

Baixo Rio das Mortes ha 25 pontos de vazões outorgadas em Novembro de 2017

sendo 83% para uso agropecuário (irrigação e criação animal). Os coeficientes de correlação apresentaram correlação forte entre o coeficiente de escoamento e o

uso agrícola, apresentaram também correlação forte entre o coeficiente de

escoamento e a vegetação natural. Enquanto no Alto Rio das Mortes uma maior

tava de vegetação proporciona uma redução no coeficiente de escoamento, no

Baixo Rio das Mortes uma maior taxa de vegetação proporciona um aumento no

coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de

escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

PALAVRA-CHAVE: Classificação de uso, hidrologia, correlação, bacia hidrográfica, balanço hídrico.

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ABSTRACT

The study of the flow change of the basin is of extreme importance for an understanding of the differences caused by the different uses of the soil. The

intensive agricultural use of the Rio das Mortes basin and availability of data at the

national integrated system of hydrological information seek to find a relationship

between the change in land use over the last 30 years and the change in the

coefficient of outflow of the areas of Study within the basin. It was chosen as a

way to study a representative sub-basin of the Upper Rio das Mortes and a sub-

basin representative of the Lower Rio das Mortes to analyze the variations within

the basin. It was observed that the two sub-basins present similar behavior

regarding annual precipitation and flow, correlating. The Lower Rio das Mortes

sub-basin presented the highest precipitation volume per unit area while the Alto

Rio das Mortes sub-basin presented the highest annual volume per unit area. The two sub-basins are exploited for agricultural use. Alto Rio das Mortes has 486

points with outflows granted in November 2017 and 98% for irrigation. In the

Lower Rio das Mortes there are 25 flow points granted in November 2017 and

83% for agricultural use (irrigation and animal husbandry). The correlation

coefficients showed a strong correlation between the flow coefficient and the

agricultural use, also showed a strong correlation between the flow coefficient and the natural vegetation. While in the Upper Rio das Mortes, a higher vegetation rate

provides a reduction in the coefficient of flow, in the Lower Rio das Mortes a higher

vegetation rate provides an increase in the flow coefficient of the sub-basin. In the

two sub-basins the flow coefficient shows a strong negative correlation with the

agricultural use.

KEYWORD: Classification of use, hydrology, correlation, hydrographic sub-basin, hydric balance.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Área de Estudo...................................................................................... 23

Figura 2: Posicionamento das bacias em estudo em relação à bacia do Rio das Mortes .................................................................................................................. 25

Figura 3: Posicionamento das estações fluviométricas e pluviométricas ............. 25

Figura 4: Grade de cobertura de cenas Landsat na bacia do Rio das Mortes...... 30

Figura 5: Mediana do volume precipitado mensal ................................................ 32

Figura 6: Correlação entre as medianas mensais ................................................ 33

Figura 7: Mediana do volume precipitado mensal por unidade de área ............... 33

Figura 8: Volume anual precipitado por m2 .......................................................... 34

Figura 9: Boxplot anual da precipitação por m2 .................................................... 35

Figura 10: Mediana do volume anual precipitado por m2 ..................................... 35

Figura 11: Máximo volume anual precipitado por m2............................................ 36

Figura 12: Mediana do volume escoado mensal .................................................. 37

Figura 13: Correlação da mediana do volume escoado mensal ........................... 38

Figura 14: Volume escoado anual ........................................................................ 38

Figura 15: Correlação dos volumes escoados anuais .......................................... 39

Figura 16: Volume anual escoado por unidade de área ....................................... 39

Figura 17: Pontos com vazões outorgadas nas bacias de interesse .................... 41

Figura 18: Usos da água no Alto Rio das Mortes ................................................. 41

Figura 19: Usos da água no Baixo Rio das Mortes .............................................. 41

Figura 20: Mediana mensal do coeficiente de escoamento superficial ................ 42

Figura 21: Comparação entre os volumes precipitados e escoados no mês de setembro no Alto Rio das Mortes ......................................................................... 43

Figura 22: Comparação entre os volumes precipitados e escoados no mês de setembro no Baixo Rio das Mortes ...................................................................... 43

Figura 23: Comparação entre os volumes precipitados e escoados no mês de abril no Alto Rio das Mortes ......................................................................................... 44

Figura 24: Comparação entre os volumes precipitados e escoados no mês de abril no Baixo Rio das Mortes ...................................................................................... 44

Figura 25: Comparação entre os volumes precipitados e escoados no mês de maio no Alto Rio das Mortes ................................................................................ 45

Figura 26: Comparação entre os volumes precipitados e escoados no mês de maio no Baixo Rio das Mortes .............................................................................. 45

Figura 27: Variação no coeficiente de escoamento mensal de 1985 a 1999 - Alto Rio das Mortes ..................................................................................................... 46

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Figura 28: Variação no coeficiente de escoamento mensal de 2000 a 2015 - Alto Rio das Mortes ..................................................................................................... 46

Figura 29: Variação no coeficiente de escoamento anual - Alto Rio das Mortes .. 47

Figura 30: Variação no coeficiente de escoamento mensal - Baixo Rio das Mortes ............................................................................................................................. 48

Figura 31: Variação no coeficiente de escoamento anual - Baixo Rio das Mortes 48

Figura 32: Comparação entre os coeficientes anuais das duas sub-bacias ......... 49

Figura 33: Correlação entre as médias quinquenais do coeficiente de escoamento ............................................................................................................................. 49

Figura 34: Comportamento das médias quinquenais ........................................... 49

Figura 35: Variação das taxas de uso e ocupação do solo ao longo dos anos na sub-bacia do Alto Rio das Mortes ......................................................................... 50

Figura 36: Variação das taxas de uso e ocupação do solo ao longo dos anos na sub-bacia do Baixo Rio das Mortes ...................................................................... 51

Figura 37: Classificação do uso do solo para o ano de 1985 ............................... 51

Figura 38: Classificação do uso do solo para o ano de 1995 ............................... 52

Figura 39: Classificação do uso do solo para o ano de 2000 ............................... 52

Figura 40: Classificação do uso do solo para o ano de 2005 ............................... 53

Figura 41: Classificação do uso do solo para o ano de 2010 .............................. 53

Figura 42: Classificação do uso do solo para o ano de 2015 ............................... 54

Figura 43: Consumo anual ................................................................................... 55

Figura 44: Consumo anual em relação à extensão territorial e mediana quinquenal ............................................................................................................................. 56

Figura 45: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 1985 e 2015 ............... 59

Figura 46: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 1985 e 2015 ............... 59

Figura 47: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 1985 e 2015 ............... 59

Figura 48: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 2000 e 2015 ............... 59

Figura 49: Correlação entre uso agrícola e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015 ............................................................................................ 59

Figura 50: Correlação entre vegetação e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015 ............................................................................................ 59

Figura 51: Correlação entre pastagem e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015 ............................................................................................ 59

Figura 52: Correlação entre usolo exposto e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015 ............................................................................................ 59

Figura 53: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 1985 e 2015 ............... 61

Figura 54: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 2000 e 2015 ............... 61

Figura 55: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 2000 e 2015 ............... 61

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Figura 56: Correlação entre uso agrícola e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015 ............................................................................................ 61

Figura 57: Correlação entre pastagem e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015 ............................................................................................ 61

Figura 58: Correlação entre vegetação e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015 ............................................................................................ 61

Figura 59: Correlação entre solo exposto e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015 ............................................................................................ 61

LISTA DE QUADROS Quadro 1: Estações analisadas para cada sub-bacia .......................................... 24

Quadro 2: Parâmetros curva chave das estações fluviométricas ......................... 26

Quadro 3: Falhas nas estações fluviométricas ..................................................... 26

Quadro 4: Áreas de influência em m2 para cada estação pluviométrica de acordo com a disponibilidade de dados - Alto Rio das Mortes ......................................... 28

Quadro 5: Áreas de influência em m2 para cada estação pluviométrica de acordo com a disponibilidade de dados - Baixo Rio das Mortes ...................................... 28

Quadro 6: Cenas e datas utilizadas no estudo ..................................................... 31

Quadro 7: Análise dos outliers encontrados nos dados apresentados na Figura 29 ............................................................................................................................. 47

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Estatística descritiva do volume precipitado anual por unidade de área. .. 36

Tabela 2: Estatística descritiva do volume escoado anual ........................................ 39

Tabela 3: Fatores associados ao consumo de água nas sub-bacias ........................ 56

Tabela 4: Matriz de correlação de Pearson no período 1985-2015 ........................... 58

Tabela 5: Matriz de correlação de Pierson em diferentes períodos .......................... 58

Tabela 6: Matriz de correlação de Pierson em diferentes períodos .......................... 60

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALTO Sub-bacia do Alto Rio das Mortes

ANA Agência Nacional de Água

BAIXO Baixo Rio das Mortes (Bacia do Rio Pindaíba)

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

HIDROWEB Portal do Sistema Nacional de Informações Hidrológicas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

MMA Ministério do Meio Ambiente

RM Rio das Mortes

SEMA Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14 2. OBJETIVOS .................................................................................................. 16

2.1. OBJETIVO GERAL ................................................................................ 16

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................. 16 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 17

3.1. BALANÇO HÍDRICO .............................................................................. 17

3.2. INFLUÊNCIA DOS USOS D'ÁGUA NA BACIA NA DISPONIBILIDADE HÍDRICA ........................................................................................................... 18

3.3. MUDANÇA DA COBERTURA VEGETAL E RELAÇÃO COM A HIDROLOGIA ................................................................................................... 20

4. METODOLOGIA ........................................................................................... 22

4.1. ÁREA DE ESTUDO ............................................................................... 22

4.2. LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES HIDROLÓGICAS .................... 24

4.3. TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES HIDROLÓGICAS ...................... 26 4.3.1. Estações Fluviométricas ................................................................. 26

4.3.2. Estações Pluviométricas ................................................................. 27

4.4. COMPARAÇÃO DO COMPORTAMENTO HIDROLÓGICO NAS SUB-BACIAS ............................................................................................................. 29 4.5. CLASSIFICAÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ......................... 29

4.6. OBTENÇÃO DO COEFICIENTE DE ESCOAMENTO DA BACIA.......... 31

4.7. USOS D'ÁGUA NA BACIA ..................................................................... 31 4.8. ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................ 31

5. RESULTADOS.............................................................................................. 32

5.1. COMPORTAMENTO HIDROLÓGICO ................................................... 32

5.1.1. Precipitação .................................................................................... 32

5.1.2. Vazão .............................................................................................. 37 5.1.3. Usos d'água nas sub-bacias ........................................................... 40

5.1.4. Coeficiente de Escoamento ............................................................ 42 5.2. USO DO SOLO ...................................................................................... 50

5.3. CONSUMO DE ÁGUA ........................................................................... 54

5.4. ESCOAMENTO DA BACIA X USO E OCUPAÇÃO SO SOLO .............. 57 5.4.1. Alto Rio das Mortes ......................................................................... 57

5.4.2. Baixo Rio das Mortes ...................................................................... 60

5.4.3. Considerações ................................................................................ 62 6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 64

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 66

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1. INTRODUÇÃO

Os limites percebidos para produzir alimentos para uma população global

crescente foram uma fonte de debate e preocupações para as idades. A produção

cresceu mais rapidamente do que a população e o consumo per capita aumentou.

Projeções de população indica que haverá uma desaceleração no crescimento

populacional, reduzindo a taxa de crescimento da agricultura em relação ao passado (FAO, 2012).

A quantidade produzida suficiente de forma a produzir desperdícios indica

um consumo alimentar global suficiente para quase todos sejam bem alimentados,

no entanto, isso não aconteceu, onde em países pobres o consumo foi

consideravelmente inferior ao consumo em países com menores índices de pobreza.

O que se justifica na baixa renda, falhas no desenvolvimento da agricultura e acesso limitado a alimentos produzido em outros países (FAO, 2012).

Essa realidade de acrescimo do per capta em consumo acrescido do

possível aumento de demanda com o consumo por pessoas hoje sem condições de

consumir pressionam a produção agrícola. Entretanto esta possui pressões

ambientais relacionada ao uso do solo, consumo de água e uso de agroquímicos

As áreas irrigadas vem se expandindo mundialmente, elevada principalmente devido á expansão nos países em desenvolvimento, principalmente

para o aumento da produção agrícola em mesma área (FAO, 2012).

A agricultura no Brasil possui importante participação no PIB nacional. O

agronegócio apresentou um aumento da vantagem corporativa em relação a outros

ramos de atividade da economia, desse modo, se tornando uma opção atrativa o investimento no agronegócio (GASQUES et al., 2004).

No Brasil a agricultura irrigada segue a tendência mundial sendo o maior

consumidor de água. O Brasil está entre os países com maior área irrigada do

planeta, embora ainda utilize apenas uma pequena parte do seu potencial para a

atividade. (ANA, 2017).

O impacto sobre os recursos hídricos pela mudança no uso da terra depende de fatores como a vegetação original, o tipo de vegetação que a substituirá,

a temporalidade da mudança, se é permanente ou temporária, o manejo do solo, e

aplicações relacionadas a água e nutrientes, como irrigação e fertilização

(SCANLON et al., 2007).

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As conversões para a agricultura irrigada diminuem a quantidade de água

disponível no curso d'água (SCANLON et al., 2007).

A pressão sobre os recursos hídricos no Brasil incentiva a pesquisa sobre o futuro deste recurso em quantidade e qualidade. A maior disponibilidade de

informações hidrológicas através de um sistema nacional integrado favorece estes

estudos.

O agronegócio representa 50,5% do PIB do estado de acordo com o Instituto

Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) (MT, 2015). E de acordo com Paulino et al (2011), o estado de Mato Grosso é o nono maior estado irrigante do

Brasil.

A bacia do Rio das Mortes tem sido intensamente explorada para uso

agropecuário. O estudo da interferência destas atividades na produção de água na

bacia se justifica pela importância na bacia do Tocantins-Araguaia, a qual este curso

d'água é importante afluente, como para a própria bacia do Rio das Mortes e seu potencial produtivo.

Para tanto definiu-se como área de estudo do Alto Rio das Mortes toda a

área de captação da estação fluviométrica de código 26100000 no HIDROWEB e

como área de estudo do Baixo Rio das Mortes a sub-bacia do Rio Pindaíba.

A partir de análise de dados hidrológicos do HIDROWEB e análise de uso do

solo a partir de imagem Landsat, este estudo objetivou verificar a influência da alteração do uso do solo nos últimos 30 anos no coeficiente de escoamento da sub-

bacia representativa do Alto Rio das Mortes e dos últimos 15 anos da sub-bacia do

Rio Pindaíba .

Verificou- se que existe forte correlação entre o coeficiente de escoamento

das sub-bacias com o uso agrícola, a vegetação nativa e o solo exposto.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar o impacto das mudanças na cobertura vegetal nos últimos 30 anos

sobre as variações do coeficiente de escoamento superficial em sub-bacia

representativa do Alto Rio das Mortes e nos últimos 15 anos em sub-bacia do Rio

Pindaíba representativa do Baixo Rio das Mortes.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Comparar o comportamento hidrológico das duas sub-bacias;

Identificar se ha relação entre a alteração no uso do solo e a variação no coeficiente de escoamento.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. BALANÇO HÍDRICO

Marcuzzo & Silveira (2010) citando a Lei de Lavousier afirmam que o balanço hídrico é um produto do princípio da conservação de massa da

água, ou seja, nada mais é do que o computo das entradas e saídas de

água de um sistema. Pode-se averiguar ou aferir a exatidão dos cálculos executados através do profundo conhecimento dos componentes físicos do

balanço hídrico e do princípio fundamental da conservação de massa

O balanço hídrico como o próprio nome diz é o balanço de entradas e saídas

de água da bacia, onde a entrada ocorre pela precipitação e as saídas por evapotranspiração e escoamento (COLLISCHONN & DORNELLES, 2013).

A precipitação ocorre quando uma massa de ar umido ascende, encontrando

condições de temperatura e pressão para que ocorra a condensação e formação de

gotas com tamanho tal que vençam a resistência do ar (GARCEZ & ALVAREZ,

1988).

O cerrado possui elevado índice de precipitação (1000 a 2000mm médios)

que são porém mal distribuídos, se concentrando em geral no verão ou no outono,

de forma que nesses períodos ocorra excesso de água, com intenso escoamento

superficial e possibilidade de enchentes, enquanto no inverno ha deficiência hídrica,

marcado por solos secos e vazantes nos rios (NIMER & BRANDÃO, 1989).

Marcuzzo & Melo (2011) em estudo da distribuição espaço-temporal e

sazonalidade das chuvas no estado do Mato Grosso comprovaram que os maiores índices pluviometricos se concentram na estação primavera-verão, ocorrendo de

outubro a março. Os menores índices ocorrem no inverno de julho a agosto. E os

meses de abril e setembro se configuram como meses que antecedem a mudança

do comportamento hídrico em Mato Grosso.

A interceptação da água precipitada é influenciada pela cobertura do solo e os tipos de uso na bacia, que também influenciam nas condições de infiltração da

água no solo (PRUSKI et al., 2014).

A evapotranspiração de uma bacia hidrográfica florestada engloba a

evaporação direta, a transpiração e a interceptação (LIMA, 2008).

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A evapotranspiração também afeta a retirada de água do solo pelas plantas,

fazendo com que o solo tenha menos umidade aumentando a taxa de infiltração e diminuindo o escoamento superficial (PRUSKI et al., 2014).

Parte da água precipitada é interceptada e o restante atinge o solo. Uma

parcela que atinge o solo irá infiltrar, suprindo a necessidade das plantas e

abastecendo o solo para supri-las futuramente, até atingir sua capacidade máxima

de armazenamento (capacidade de campo), a partir de então o volume que

ultrapassar essa capacidade é considerado excesso hídrico e irá abastecer o

aquífero freático (NIMER & BRANDÃO, 1989). A outra parcela irá escoar

superficialmente. Inicialmente, com o solo seco, o fenômeno predominante é a

infiltração, o empoçamento de água na superfície do solo que dará início ao

escoamento superficial iniciará somente quando a intensidade de precipitação

excede a taxa de infiltração ou quando a capacidade de acumulação de água no

solo for ultrapassada (PRUSKI et al., 2014)..

A vazão de um rio é o resultado da interação entre a precipitação e a bacia,

e depende das características da bacia que influenciam na infiltração, o

armazenamento e a evapotranspiração (COLLISCHONN & DORNELLES, 2013).

O coeficiente de escoamento médio anual (C) representa a parcela total

escoada na bacia com relação à precipitação total anual (TUCCI, 2017). Este é dado

pela divisão entre o volume precipitado anualmente pelo volume escoado anualmente e seus valores podem variar entre 0 e 1 (COLLISCHONN &

DORNELLES, 2013).

3.2. INFLUÊNCIA DOS USOS D'ÁGUA NA BACIA NA DISPONIBILIDADE

HÍDRICA

A utilização desordenada e o mau gerenciamento dos recursos hídricos são

fatores causadores de problemas sociais e ambientais de grande relevância relativo à disponibilidade quantitativa e qualitativa destes (BRANDÃO et al., 2012). Da

mesma forma que seus usos e a depreciação da qualidade da água ocorrem devido

à ações da sociedade, principalmente devido a fatores econômicos (uso do recurso

para obtenção de renda e falta de investimento publico em saneamento).

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A Política Nacional de Recursos Hídricos possui como um dos seus

objetivos assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de

água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos. Preconiza ainda que o regime de outorga de direitos de uso de recursos

hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos

da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água.

A Política Estadual de Recursos Hídricos de Mato Grosso possui como um

de seus princípios que todos os tipos de uso terão acesso aos recursos hídricos,

devendo a prioridade de uso obedecer a critérios sociais, ambientais e econômicos.

A Agência Nacional de Águas estabelece que qualquer atividade humana

que altere as condições naturais das águas é considerada um tipo de uso que pode

ser classificado como uso consuntivo ou não consuntivo.

Os usos consuntivos extraem água do curso d'água, como a irrigação, a

utilização na indústria e o abastecimento humano. Já os usos não consuntivos utilizam a água mas não consomem, como a geração de energia hidrelétrica, o lazer,

a pesca e a navegação (ANA, 2017).

De acordo com a FAO 80% da água doce utilizada possui finalidade

agrícola, 22% finalidade industrial e 8% finalidade doméstica.

A irrigação como uso consuntivo da água, não retorna toda a água extraída

para o curso d'água, causando uma redução na disponibilidade hídrica. E o que retorna, devido à manejo inadequado, pode possuir poluentes, depreciando também

a qualidade da água (LIMA, FERREIRA, CHRISTOFIDIS, 2017).

Outra forma de extração de água da bacia se refere ao conceito de água

virtual que diz respeito ao volume de consumo de água necessário para produzir

mercadorias negociadas para uma nação importadora ou exportadora, é um

complemento útil para análises de recursos hídricos de disponibilidade e uso de água por região (HANASAKI et al.,2010).

O comércio internacional de commodities traz fluxos internacionais de água

virtual (HOEKSTRA & HUNG, 2005).

A distribuição desigual da disponibilidade hídrica entre as diversas partes do

planeta, associada à relativa abundância de água nas Américas classifica o Brasil como bom reservatório de água (CARMO et al., 2007).

Carmo et al. (2007) observou que a exportação de commodities aumentou

significativamente e com ela o volume de água virtual exportada pelo país. Em

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menos de dez anos o volume exportado mais do que triplicou. Onde a soja se

destaca em termos de volume, com mais de 50 bilhões de m3 exportados em 2005,

com o país se consolidando como o maior exportador mundial desse produto. O peso relativo da produção de carne também cresceu expressivamente no período,

sendo que o aumento do rebanho brasileiro sinaliza no sentido do país se

estabelecer também como maior exportador mundial de carne.

De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços em

2017 os dez principais produtos da agropecuária geraram receitas aproximadas de

US$ 77,8 bilhões, respondendo por 36% das receitas totais do país com

exportações, com a soja como commoditie agropecuária com maior contribuição

para exportação desde 1997 (ano inicial da série histórica disponível).

3.3. MUDANÇA DA COBERTURA VEGETAL E RELAÇÃO COM A HIDROLOGIA

A alteração no uso do solo exerce efeitos tanto sobre a infiltração quanto

sobre a interceptação. Onde quanto maior a porcentagem de cobertura vegetal e rugosidade da superfície do solo, menor o escoamento superficial (PRUSKI et al.,

2014). Alterando comportamento de enchentes, vazões mínimas e vazão média.

(TUCCI, 2002)

O desenvolvimento econômico e a expansão das fronteiras agrícolas produziram alterações significativas na superfície e no uso do solo rural em países

em desenvolvimento como o Brasil (TUCCI & CLARKE, 1997).

Em revisão de literatura sobre o tema Santos (2010) afirmou que diversas

pesquisas tem comprovado que as atividades antrópicas podem provocar impactos

significativos sobre a dinâmica hídrica da bacia hidrográfica.

Autores afirmam que os estudos reforçam conhecimentos físicos já

consagrados na literatura como o de que ao remover a vegetação nativa ha uma

maior exposição do solo, causando selamento superficial (VALENTIN & BRESSON, 1992 apud BRANDÃO et al., 2006), que por sua vez promove menor infiltração

(PRUSKI et al., 1997), maior escoamento superficial (PRUSKI, 2009), afetando o

comportamento de enchentes, vazões médias e mínimas (TUCCI, 2002), enfim, alterando o balanço hídrico (GERMER et al., 2009 apud Santos, 2010).

As culturas anuais ou sazonais envolvem exposição do solo entre plantios

resultando na falta de proteção do solo em épocas que podem ser chuvosas, o solo

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podendo estar sujeito a energia do impacto de chuvas intensas que tendem a

produzir erosão e modificar as condições de infiltração do solo (TUCCI & CLARKE,

1997). Em revisão de literatura em 1997 os pesquisadores TUCCI & CLARKE

concluíram que ha vários estudos em bacias experimentais de poucos hectares

demonstrando que o desmatamento para utilização de culturas anuais produz

aumento do escoamento de longo período entretanto não encontraram estudos com

resultados consistentes para bacias maiores.

Relativo à comparação entre culturas, Souza & Alves (2003) constataram

que as diferentes formas de uso e manejo promoveram alterações no movimento da

água no solo e na resistência do solo à penetração. Dentre os tipos de uso, os

sistemas de pastagem e seringueira apresentaram os menores valores de infiltração

de água no solo, condutividade hidráulica do solo saturado e maior valor de

resistência do solo à penetração, em relação à vegetação natural e plantio direto. O plantio convencional apresentou valores um pouco superiores à pastagem no que se

refere a condutividade hidráulica e resistência à penetração nos primeiros 10cm de

profundidade, entretanto apresentou valores similares ao plantio direto em relação à

taxa de infiltração.

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4. METODOLOGIA

O presente trabalho foi realizado em duas sub-bacias da bacia hidrográfica do Rio das Mortes, importante afluente da bacia do Rio Tocantins- Araguaia. Sendo

o mesmo dividido em seis etapas: (i) Levantamento de informações hidrológicas, (ii)

tratamento de informações hidrológicas, (iii) comparação do comportamento

hidrológico das sub-bacias; (iv) análise do uso e ocupação do solo, (v)obtenção do

coeficiente de escoamento da bacia, (vi) levantamento dos usos d'água na bacia e

(vii) análise da relação da alteração no coeficiente de escoamento em relação à

alteração no uso do solo.

4.1. ÁREA DE ESTUDO

A bacia do Rio Tocantins-Araguaia é a quarta maior bacia brasileira, sendo o Rio Araguaia um importante Rio dessa bacia. O Rio das Mortes é o principal afluente

da margem esquerda do Rio Araguaia, encontrando-se no médio curso desse Rio (MELO; TEJERINAGARRO; MELO, 2007 apud ROSIN, 2015).

A sub-bacia do Rio das Mortes está inserida no Bioma Cerrado onde as

principais regiões fitoecológicas presentes são: Savana Parque, Savana florestada, Savana Arborizada e Floresta Estacional Semidecidual (SEPLAN, 2001 apud

ROSIN, 2015).

O Rio das Mortes que nasce na Serra do Roncador é considerado o mais

importante tributário do canal principal, com aproximadamente 60.000 km2 de área

de drenagem, flui através da margem esquerda, apresenta padrão sinuoso e

transcorre ao longo da Planície do Bananal em direção paralela com o Rio Araguaia (AQUINO et al., 2009).

Optou-se por analisar separadamente duas sub-bacias da Bacia do Rio das

Mortes, em diferentes altitudes, e dessa forma verificar as variações hidrológicas que

ocorrem em uma mesma bacia com altitudes e usos do solo diferentes.

A sub-bacia representativa do Alto Rio das Mortes escolhida foi a área de

captação da Estação Fluviométricas 26100000 nomeada Xavantina, localizada no

Rio das Mortes nas Coordenadas Lat -14:40:21 e Long -52:21:18 que está sob responsabilidade da Agência Nacional de Águas (ANA) sendo a Companhia de

Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) a operadora.

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A sub-bacia do Rio Pindaíba representativa do Baixo Rio das Mortes

escolhida foi a área de captação da Estação Fluviométricas 26150000 nomeada Rio

Pindaíba, localizada no Rio das Pindaíba afluente do Rio das Mortes, nas Coordenadas Lat -14:35:59 e Long -51:43:11, que está sob responsabilidade da

ANA sendo a CPRM a operadora.

A Figura 01 apresenta o posicionamento das sub-bacias em relação à Bacia

Tocantins-Araguaia, à Bacia do Rio das Mortes, ao território nacional, ao território

estadual e a variação de altitude na bacia do Rio das Mortes e sub-bacias.

Figura 1: Área de Estudo

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4.2. LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES HIDROLÓGICAS

As informações hidrológicas foram obtidas através do portal HIDROWEB (banco de dados de informações hidrológicas da ANA). Inicialmente analisou-se as

estações fluviométricas e pluviométricas disponíveis na bacia do Rio das Mortes.

Posteriormente analisou-se as sub-bacias do Alto Rio das Morte e do Baixo Rio das

Mortes e sua disponibilidades de informações hidrológicas.

Optou-se por analisar o Alto Rio das Mortes (Área de influência da estação

25100000) e a sub-bacia do afluente Rio Pindaíba representando o Baixo Rio das

Mortes.

As delimitações de Alto e Baixo Rio das Mortes adquiriu-se junto à

Secretaria de Estado e Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA-MT).

Para facilitar a análise as duas sub-bacias serão denominadas como Alto e

Baixo Rio das Mortes mesmo entendendo que não englobam o Alto e o Baixo Rio das Mortes como um todo, somente as representam.

Quadro 1: Estações analisadas para cada sub-bacia

Alto Rio das Mortes Baixo Rio das Mortes

Exutório Estação

Fluviométrica 26100000 26150000

Nome Xavantina Rio Pindaíba

Anos analisados 1985, 1995, 2000, 2005, 2010, 2015

2000, 2005, 2010, 2015

Estações Pluviométricas

1452000, 1552001, 1552002, 1552006, 1453000, 1454002, 1554005, 1555005

1351000, 1451000, 1452000, 1552001, 1552002, 1552006,

1652002

Estações utilizadas para preenchimento de falhas

1454000, 1554004, 1554006, 1555001,

1653000 -

A Figura 02 apresenta a bacia do Rio das Mortes dividida em 4 áreas: Alto

Rio das Mortes (área de estudo), Alto Rio das Mortes Jusante (área pertencente ao

Alto Rio das Mortes mas que não fez parte do estudo), Baixo Rio das Mortes (sub-

bacia do Rio Pindaíba que é área de estudo) e Baixo Rio das Mortes Jusante (área

do Baixo Rio das Mortes que não faz parte do estudo).

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Figura 2: Posicionamento das bacias em estudo em relação à bacia do Rio das Mortes

Figura 3: Posicionamento das estações fluviométricas e pluviométricas

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4.3. TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES HIDROLÓGICAS

4.3.1. Estações Fluviométricas

Os valores de vazão não obtidos através do banco de dados de medição

direta foram obtidos através da utilização da curva chave das estações. Sendo que

as curvas-chave das estações foram obtidas utilizando dados históricos de vazão e

cota das estações trabalhados no pacote estatístico SPSS.

Dessa forma obteve-se os coeficientes apresentados no Quadro 2 para

utilização em Equação 1 apresentada a seguir.

푄 = 푎. (ℎ − ℎ표) 1

Em que Q é a vazão; h é a cota; ho é a cota quando a vazão é zero; e a e b

são parâmetros ajustados.

Quadro 2: Parâmetros curva chave das estações fluviométricas

Estação Parâmetro Estimativa Erro Padrão

Equação da Curva chave

a 2,361 0,013

26100000 ho -39,008 0,178 푄 = 2,361. (ℎ − (−39,008)) , b 1,035 0,001

26150000 a 0,086 0,001

ho 141,171 0,152 푄 = 0,086. (ℎ − 141,171) , b 1,452 0,001

As falhas foram preenchidas por regressão linear e na indisponibilidade de

dados regionais, por mediana mensal quando falhas anuais inferiores a 25%.

Quadro 3: Falhas nas estações fluviométricas

Estação 26100000 26150000 Anos com falhas 1989 2005, 2011, 2015

Forma de preenchimento Mediana mensal Regressão linear com estação

26200000

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4.3.2. Estações Pluviométricas

O preenchimento de falhas em anos com falhas iguais ou inferiores a 25% foi realizado utilizando-se o Método da Ponderação Regional entre as estações na

região de influência da sub-bacia. Sendo estas: 1452000, 1552002, 1552006,

1552001, 1453000, 1454002, 1554005, 1555005, 1351000, 1451000, 1652002,

1452004, 1555001, 1551000, 1652000.

Considerou-se para cada falha, as três estações mais próximas, dando

preferência às estações em altitudes semelhantes.

O método da ponderação regional consiste em (X1, X2, X3). Onde para

preencher as falhas no posto Y, adota-se a Equação 2 a seguir:

푃푌 = . + + . 푌푚 2

Em que PY é a precipitação do posto Y a ser estimada:

PX1, PX2 e PX3 são as precipitações correspondentes ao mês que se

deseja preencher nos outros três postos;

Ym é a precipitação média do posto Y;

Xm1, Xm2 e Xm3 são as precipitações médias nas três estações vizinhas.

Realizou-se o descarte de anos com falhas superiores a 25% de falhas (3

meses).

Inicialmente efetuou-se a interpolação pelo Método dos Polígonos de

Thiessen, utilizado-se Software ArcGis, da sub-bacia para os anos sem falhas.

Posteriormente buscou-se estações para compensar os anos de falhas e para isso

realizou-se novas interpolações. Os Quadros 04 e 05 apresentam as estações e as

áreas correspondentes obtidas através de interpolação.

No Método dos polígonos de Thiessen a área de influência de cada estação

é obtida pela delimitação de área utilizando a distância mediana entre as estações vizinhas com dados disponíveis.

Nos anos sem dados ou com dados insuficientes realizou-se uma nova

interpolação da bacia com estações adicionais para compensar a estação faltante e

evitar crescimento exacerbado da influência de algumas estações sobre a sub-bacia.

Sendo assim houve a utilização de dados de estações vizinhas adicionais somente

para o preenchimento de falhas desses anos. O Quadro a seguir apresenta os anos

excluídos da análise e as estações utilizadas para compensar a falta destes.

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Quadro 4: Áreas de influência em m2 para cada estação pluviométrica de acordo com a disponibilidade de dados - Alto Rio das Mortes

Estações Anos sem

falhas

Anos com falhas

1990,1992,1993 1991 1995 1996-1997 1998 2002 2003 2005-2006

Esta

ções

Ano

s sem

Fal

has 1452000 3,5974E+09 3,5974E+09 3,5974E+09 3,5974E+09 3,5974E+09 3,5974E+09 3,5974E+09 3,8162E+09 3,5974E+09

1552001 3,5966E+09 3,3673E+09 3,3673E+09 3,3673E+09 3,3673E+09 3,3673E+09 3,3673E+09 3,7315E+09 4,9655E+09 1552002 2,7480E+04 2,7480E+04 2,7480E+04 2,7480E+04 2,7480E+04 2,7480E+04 2,7480E+04 2,7480E+04 2,7480E+04 1552006 1,1331E+09 1,1331E+09 1,1331E+09 1,1331E+09 1,1331E+09 1,1331E+09 1,1331E+09 1,1331E+09 1,1331E+09 1453000 3,4154E+09 3,4229E+09 3,4229E+09 3,4154E+09 3,4154E+09 3,4229E+09 3,4229E+09

8,8677E+09

1454002 2,5736E+09 2,6168E+09 2,6412E+09 2,5757E+09 4,2157E+09 1554005 9,9209E+09 9,6674E+09 1,0546E+10 8,1487E+09 8,8746E+09 9,7232E+09 1,0546E+10 1,1406E+10 1555005 8,1866E+08 1,6302E+09 1,7414E+09 1,7414E+09 8,1866E+08 7,4402E+08

Esta

ções

Ad

icio

nada

s 1554004 1,0603E+09

8,8424E+08

9,6480E+08 1653000 1,1770E+09 1,2476E+09 1,1770E+09 1,2476E+09 1,1770E+09 1,2476E+09

1554006

4,7825E+08 5,4152E+08 1,0264E+09

1,5322E+09 1555001 2,3752E+08 2,3752E+08 6,4346E+08 1454000 1,5742E+09

Área total (m2) 2,5056E+10 2,5056E+10 2,5056E+10 2,5056E+10 2,5056E+10 2,5056E+10 2,5056E+10 2,5056E+10 2,5056E+10

Quadro 5: Áreas de influência em m2 para cada estação pluviométrica de acordo com a disponibilidade de dados - Baixo Rio das Mortes Estações 1452000 1552001 1552002 1552006 1351000 1451000 1652002 Área total (m2)

Anos sem falhas 852195497,54 526390277,28 5060833031,14 3000636751,31 126939932,68 18305914,71 23199953,44 9608501358,09 2010-2013 852195497,52 526390277,32 5078824155,88 3000951541,26 126939932,66 0,00 23199953,44 9608501358,08

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4.4. COMPARAÇÃO DO COMPORTAMENTO HIDROLÓGICO NAS SUB-BACIAS

A comparação do comportamento hidrológico nas sub-bacias teve as

seguintes etapas:

1º. Análise visual dos dados;

2º. Plotagem de gráficos individualizados (vazão e precipitação) no

Microsoft Excel;

3º. Plotagem de gráficos conjuntos (vazão e precipitação) no Microsoft

Excel;

4º. Análise da estatística descritiva; 5º. Análise do coeficiente de correlação.

4.5. CLASSIFICAÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Para a geração de mapas temáticos seguiu-se as seguintes etapas:

1º. Obtenção de arquivos shape das seguintes fontes: ANA, INPE, SEMA-

MT;

2º. Buscou-se conhecer a grade de cobertura de cenas Landsat na bacia do

Rio das Mortes (Figura 4);

3º. Analisou-se as imagens Landsat disponíveis para os anos. Buscando

imagens mais limpas, livres de nuvens e fumaça;

4º. Após análise optou-se por analisar imagens do Satélite Landsat 5 para os anos 1985, 1995, 2000, 2005 e 2010 e do Satélite Landsat 8 para o

ano de 2015 (Quadro 6);

5º. Da mesma forma, após análise das imagens disponíveis utilizou-se as

cenas da bacia apresentadas na Figura 04;

6º. Download de imagens de satélite (Landsat 5 do site do INPE e Landsat 8

do site da USGS); 7º. Definiu-se as bandas para uso (Landsat 5 (5, 4, 3) e Landsat 8 (6, 5, 4);

8º. Realizou-se a composição das imagens, composição simples com

resolução de 30 metros;

9º. Realizou-se o mosaico das imagens utilizando Software ArcGis;

10º. Realizou-se a classificação das imagens na seguinte sequência:

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I. Definição de amostras (para isso tirou-se duvidas comparando com

sequência de imagens do Google Earth e também utilizou-se amostras

de locais já conhecidos); II. Classificação não supervisionada (que consiste na identificação de tipos

de coberturas de solo utilizando os padrões de resposta espectral de

cada objeto);

III. Aplicação do filtro para melhorar a qualidade da classificação;

IV. Análise temporal de imagens para verificar a qualidade da classificação

feita;

V. Separação de classe: Agricultura, Pastagem, Solo exposto e Vegetação;

VI. União dos polígonos conforme cada classe definida;

VII. Cálculo da área de cada classe definida..

Figura 4: Grade de cobertura de cenas Landsat na bacia do Rio das Mortes

Fonte: ROSIN, 2015

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Quadro 6: Cenas e datas utilizadas no estudo

4.6. OBTENÇÃO DO COEFICIENTE DE ESCOAMENTO DA BACIA

Obteve-se o coeficiente de escoamento da bacia através da seguinte Equação:

퐶 = 3 Em que C é o coeficiente de escoamento da bacia, Q é a vazão (m3/mês e m3/ano) e P é a precipitação anual (m3/mês e m3/ano).

4.7. USOS D'ÁGUA NA BACIA

O levantamento de usos com vazões outorgadas foi realizado junto à

Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA-MT).

4.8. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise estatística dos resultados foi realizada utilizando-se o Microsoft

Excel. No qual analisou-se a estatística descritiva e o coeficiente de correlação de

Pearson.

.

Ano\Cena 223_068 223_069 224_068 224_069 224_070 224_071 225_070 225_071 226_070 226_0711985 27/mai 12/jun 03/jun 03/jun 05/jul 19/jun 10/jun 10/jun 17/jun 03/jul1995 10/jul 26/jul 15/jun 15/jun 15/jun 15/jun 06/jun 06/jun 13/jun 28/mai2000 05/jun 05/jun 12/jun 30/jul 30/jul 30/jul 21/jul 03/jun 10/jun 10/jun2005 03/jun 18/mai 10/jun 10/jun 10/jun 10/jun 16/mai 03/jul 08/jun 08/jun2010 17/jun 17/jun 08/jun 08/jun 08/jun 26/jul 15/jun 15/jun 22/jun 22/jun2015 17/jul 17/jul 24/jul 24/jul 22/jun 22/jun 31/jul 01/jul 07/ago 07/ago

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5. RESULTADOS

5.1. COMPORTAMENTO HIDROLÓGICO

5.1.1. Precipitação

A análise dos dados de precipitação indicaram que o período chuvoso nas

bacias inicia no mês de outubro e dura até o mês de abril. Os meses de menor

volume precipitado são os meses de junho, julho e agosto.

Devido à sua maior área de captação as precipitações no Alto Rio das

Mortes representam um maior volume do que no Baixo Rio das Mortes. Esse

comportamento é ilustrado no Figura 05.

Figura 5: Mediana do volume precipitado mensal

Sendo a correlação entre o volume precipitado nas bacias forte e positiva,

com coeficiente de correlação de 0,98, como ilustrado na Figura 6.

Entretanto, ao analisar a mediana da precipitação nas bacias por unidade de área, ja que a bacia do Alto Rio das Mortes é aproximadamente 2,61 vezes maior

que a bacia do Baixo Rio das Mortes, constatou-se que a mediana da precipitação

por metro quadrado é maior no Baixo Rio das Mortes. Comportamento este ilustrado

na Figura 7.

0,00E+00

5,00E+08

1,00E+09

1,50E+09

2,00E+09

2,50E+09

3,00E+09

3,50E+09

4,00E+09

4,50E+09

Out

ubro

Nov

embr

o

Deze

mbr

o

Jane

iro

Feve

reiro

Mar

ço

Abril

Mai

o

Junh

o

Julh

o

Agos

to

Sete

mbr

o

m3

Alto RM

Baixo RM

Page 34: MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O …...coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

33

Figura 6: Correlação entre as medianas mensais

Figura 7: Mediana do volume precipitado mensal por unidade de área

Demonstrando a importância de considerar o tamanho da bacia na análise quando se trabalha com precipitação em unidade de volume.

Observando a mediana mensal na Figura 7 nota-se que no mês de fevereiro

ocorre uma quebra de tendência de ascensão, com volume médio precipitado

inferior ao volume médio precipitado no mês de março. Essa característica também foi observada por Oliveira Filho et al. (2001) ao

analisar o regime pluviométrico da região do Projeto Rio Formoso na Bacia do Rio Araguaia.

Constata-se que, em valores medianos, os maiores volumes precipitam no

mês de janeiro nas duas sub-bacias.

0,0E+00

1,0E+09

2,0E+09

3,0E+09

0,0E+00 2,0E+09 4,0E+09 6,0E+09

Baix

o RM

Alto RM

0,00000

0,05000

0,10000

0,15000

0,20000

0,25000

Out

ubro

Nov

embr

o

Dez

embr

o

Jane

iro

Feve

reiro

Mar

ço

Abril

Mai

o

Junh

o

Julh

o

Agos

to

Sete

mbr

o

m3 /

m2

Alto RM

Baixo RM

r = 0,98

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34

Analisando-se o volume precipitado anual observou-se que no Baixo Rio

das Mortes o volume precipitado anual por metro quadrado foi maior (Figura 8). Enquanto o volume no Baixo Rio das Mortes não apresenta tendência clara, no Alto

Rio das Mortes ha uma tendência clara de redução do volume anual precipitado ao

longo dos anos.

Nos 15 anos comparados (anos em que houve dados nas duas estações)

houve três anos no Alto Rio das Mortes (2005, 2006 e 2015) e um ano no Baixo Rio

das Mortes (2013) em que houve um volume precipitado anual muito acima da

média

Figura 8: Volume anual precipitado por m2

A fim de analisar as causas desses volumes discrepantes elaborou-se o

boxplot anual apresentado no Figura 9. Neste percebe-se que no Alto Rio das Mortes no ano de 2005 não houve grande desvio do valor médio entretanto houve

volumes mensais máximos, neste ano ocorrendo o terceiro maior volume máximo da

série de 30 anos nesta sub-bacia e o maior volume máximo dos 15 anos

comparados com o Baixo Rio das Mortes. Observa-se também que é somente nos

anos de 2005, 2006 e 2007 que o Alto Rio das Mortes apresenta máximos

superiores ao Baixo Rio das Mortes.

0,00,20,40,60,81,01,21,41,61,82,0

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

2011

2013

2015

m3 /m

2

Alto RM Baixo RM

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35

Figura 9: Boxplot anual da precipitação por m2

Enquanto no ano de 2005 o volume anual é alavancado por ocorrência de

volumes máximos que desvia bastante da média, no ano de 2006 o volume total

anual é alavancado por uma sequência de maiores volumes mensais que alavancou

a média anual.

Ja em 2015 ocorre um volume anual precipitado maior contradizendo a

tendência de queda já observada na série na Figura 8 e agora na Figura 10.

Figura 10: Mediana do volume anual precipitado por m2

Quanto à análise de tendência os dados permitiram observar que enquanto

os dados de mediana no Baixo Rio das Mortes não permitem observar uma

tendência clara, as máximas, apresentadas no Figura 11, permitem. Observa-se que

ha uma tendência de aumento das máximas observadas no Baixo Rio das Mortes.

Enquanto no Alto Rio das Mortes, com uma série histórica maior, é possível observar

uma tendência clara de redução tanto das máximas quanto dos valores medianos.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

Alto

Baix

oAl

toBa

ixo

Alto

Baix

oAl

toBa

ixo

Alto

Baix

oAl

toBa

ixo

Alto

Baix

oAl

toBa

ixo

Alto

Baix

oAl

toBa

ixo

Alto

Baix

oAl

toBa

ixo

Alto

Baix

oAl

toBa

ixo

Alto

Baix

oAl

toBa

ixo

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

m3/

m2

0,000,020,040,060,080,100,120,140,16

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

m3 /m

2

Alto Baixo

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36

Analisando o volume por unidade de área as duas sub-bacias não

apresentam correlação.

Figura 11: Máximo volume anual precipitado por m2

A Tabela 1 apresenta informações de estatística descritiva. Neste confirma-

se que o desvio padrão é maior no Alto Rio das Mortes, bem como o intervalo de

volume precipitado.

Tabela 1: Estatística descritiva do volume precipitado anual por unidade de área.

Alto RM Baixo RM Média 0,9948 1,2524 Erro padrão 0,0653 0,0486 Mediana 0,8580 1,2524 Desvio padrão 0,3634 0,1943 Variância da amostra 0,1321 0,0377 Curtose -1,0071 1,2918 Assimetria 0,5715 0,9517 Intervalo 1,1794 0,7313 Mínimo 0,5170 1,0159 Máximo 1,6964 1,7472

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,619

8519

8619

8719

8819

8919

9019

9119

9219

9319

9419

9519

9619

9719

9819

9920

0020

0120

0220

0320

0420

0520

0620

0720

0820

0920

1020

1120

1220

1320

1420

15

m3/

m2

Alto Baixo

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37

5.1.2. Vazão

Analisando as vazões registradas nas duas bacias constatou-se que no Alto Rio das Mortes ocorre uma maior oscilação nas vazões registradas, com um maior

intervalo e consequente maior variação no nível d'água.

Observa-se no Figura 12 que os maiores volumes são registrados nas duas

sub-bacias no mês de março e que no mês de setembro registrou-se as menores

vazões.

Figura 12: Mediana do volume escoado mensal

Da mesma forma, como ocorreu com os dados de precipitação, observa-se

que no mês de fevereiro ocorre uma redução na vazão nas duas bacias, contradizendo a tendência de ascensão do período.

Este pode ser um reflexo da menor precipitação na bacia neste mês em

relação aos meses vizinhos.

A Figura 13 apresenta a correlação entre as medianas mensais. Para estes

dados as duas bacias apresentaram forte correlação positiva com r=0,99.

As vazões registradas no Alto Rio das Mortes são mais elevadas que na sub-bacia representativa do Baixo Rio das Mortes (Figura 14). Isso só é possível

pois a estação relativa à sub-bacia do Baixo Rio das Mortes está localizada no Rio

Pindaíba, afluente do Rio das Mortes pela margem direita, e não no Rio das Mortes.

0,00E+00

5,00E+08

1,00E+09

1,50E+09

2,00E+09

2,50E+09

Alto RM

Baixo RM

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38

Figura 13: Correlação da mediana do volume escoado mensal

Figura 14: Volume escoado anual

Na análise de correlação entre os dados de volume anual observou-se

correlação positiva (r=0,70), conforme apresentado na Figura 15.

0,0E+00

1,0E+08

2,0E+08

3,0E+08

4,0E+08

5,0E+08

6,0E+08

7,0E+08

8,0E+08

0,0E+00 1,0E+09 2,0E+09 3,0E+09

Baix

o RM

Alto RM

02E+094E+096E+098E+091E+10

1,2E+101,4E+101,6E+101,8E+10

2E+10

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

m3

Escoamento Anual

Q Alto RM

Q Baixo RM

r = 0,99

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39

Figura 15: Correlação dos volumes escoados anuais

Tabela 2: Estatística descritiva do volume escoado anual

Alto Baixo Média 1,58E+10 3,89E+09 Erro padrão 3,31E+08 2,67E+08 Mediana 1,55E+10 3,71E+09 Desvio padrão 1,84E+09 1,07E+09 Variância da amostra 3,40E+18 1,14E+18 Curtose -4,65E-01 1,12E+00 Assimetria 2,93E-01 1,18E+00 Intervalo 7,30E+09 3,71E+09 Mínimo 1,21E+10 2,72E+09 Máximo 1,94E+10 6,43E+09

A fim de isolar o efeito do tamanho da bacia no escoamento obteve-se o

volume anual escoado por metro quadrado. Neste, ilustrado na Figura 16, constatou-

se que não somente a maior área de captação influencia na maior vazão no Alto Rio

das Mortes, mas também o maior escoamento, contribuição, por metro quadrado.

Figura 16: Volume anual escoado por unidade de área

0,0E+00

1,0E+05

2,0E+05

3,0E+05

4,0E+05

5,0E+05

6,0E+05

7,0E+05

8,0E+05

0,0E+00 2,0E+05 4,0E+05 6,0E+05 8,0E+05 1,0E+06

Baix

o RM

Alto RM

00,10,20,30,40,50,60,70,80,9

1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015

m3 /

m2

Alto Baixo

r = 0,70

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40

5.1.3. Usos d'água nas sub-bacias

A bacia do Rio das Mortes possui usos consuntivos e não consuntivos. É de interesse deste estudo os usos consuntivos e dessa forma buscou-se dados

referentes aos usos na bacia do Rio das Mortes que se enquadrassem nesse grupo.

Estes foram obtidos junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso

(SEMA-MT).

Nestes se teve acesso à quantidade de outorgas nas sub-bacias de

interesse e as vazões máximas instantâneas outorgadas.

A partir desta constatou-se que na sub-bacia representativa do Alto Rio das

Mortes ha, em novembro de 2017, 486 pontos com vazões outorgadas e na sub-

bacia do Rio Pindaíba representante do Baixo Rio das Mortes 25 pontos com vazões

outorgadas.

Destes, 98% da vazões outorgadas no Alto Rio das Mortes são para irrigação, onde no Baixo Rio das Mortes esta taxa é de cerca de 75%.

Enquanto no Alto Rio das Mortes os 2% restantes se referem a saneamento,

no Baixo Rio das Mortes ha uma maior diversificação de uso com 16% de uso

industrial e 6% de uso entre irrigação e criação animal, os outros 3% são divididos

entre criação animal, saneamento e serviços.

A Figura 17 apresenta o posicionamento dos pontos com vazões outorgada nas sub-bacias de interesse.

As Figuras 18 e 19 apresentam a quantificação dos diferentes tipos de usos

com vazões outorgadas junto à SEMA-MT nas duas sub-bacias de interesse.

Não foi possível a quantificação exata da vazão mensal e anual aduzida pois

informações como pontos de outorga, vazão outorgada, tipo de uso, numero de

pivôs de irrigação outorgados, vazão diária e mensal outorgada, número de pivôs

licenciados, da vazão outorgada quanto realmente está sendo aduzida, entre outras,

não constam no mesmo banco de dados. O levantamento de algumas destas

informações depende de analise documentamental, ou seja, não ha banco de dados

com síntese delas disponível, desta forma onerando muito o estudo, pois somente

para este estudo seria necessário a análise de no mínimo 511 portarias estaduais e

suas solicitações de alteração, já que é um processo dinânimo.

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41

Figura 17: Pontos com vazões outorgadas nas bacias de interesse

Figura 18: Usos da água no Alto Rio das Mortes

Figura 19: Usos da água no Baixo Rio das Mortes

Fonte: SEMA, 2017. Fonte: SEMA, 2017.

98%

2%

AquiculturaCriação AnimalIndústriaIrrigaçãoIrrigação, Criação animalConsumo humano, Saneamento e OutrosPulverizaçãoSaneamentoServiços

1%16%

75%

6%1%1%

Criação AnimalIndústriaIrrigaçãoIrrigação, Criação animalConsumo humano, Saneamento e OutrosPulverizaçãoSaneamentoServiços

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42

5.1.4. Coeficiente de Escoamento

A análise da mediana mensal do coeficiente de escoamento apresentou o

comportamento hidrológico na bacia que permitiu a classificação dos meses como

de período chuvoso, período seca e período de transição.

Observa-se na Figura 20 as medianas dos coeficientes mensais de

escoamento nas duas sub-bacias de interesse.

Figura 20: Mediana mensal do coeficiente de escoamento superficial

Neste foram desconsiderados os meses de junho, julho e agosto que

possuem meses sem precipitação o que resulta em ausência de coeficiente. A partir

de análise anterior dos dados de precipitação e vazão, estes meses ja haviam sido

enquadrados como meses de seca, e portanto meses em que não ha análise de

coeficiente de escoamento pela ausência de precipitação.

Os meses de outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março

foram enquadrados como meses de chuva.

Nestes a mediana dos coeficientes mensais variou entre 0,26 e 0,38 no Alto

Rio das Mortes e entre 0,10 e 0,36 no Baixo Rio das Mortes. O que pode ser

influenciado pelo formato da bacia. Ja que a sub-bacia do Alto Rio das Mortes é

maior e alongada e a sub-bacia do Baixo Rio das Mortes é menor e circular.

De acordo com Collischonn & Dornelles (2013), uma bacia circular causaria uma concentração do escoamento superficial, ja que o escoamento de um grande

numero de efluentes tenderia a chegar ao mesmo tempo no exutório. Ja na bacia

alongada vai ocorrendo contribuição em vazão ao longo da bacia, tornando o

escoamento mais lento.

Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio

Alto 0,60 0,26 0,20 0,22 0,28 0,32 0,38 0,66 2,16

Baixo 0,36 0,10 0,10 0,15 0,25 0,30 0,36 0,82 2,86

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

C

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43

Os meses restantes, setembro, abril e maio foram enquadrados como meses

de transição. Onde na metodologia tradicional setembro e maio são meses de seca

e abril é mês chuvoso. Estes meses foram definidos como meses de transição devido ao seu

comportamento diferenciado e de transição (valores do coeficiente de escoamento

que não se enquadram tanto no período de chuva como no período de seca).

O mês de setembro é o ultimo mês do período de seca. Neste observou-se

que no Alto Rio das Mortes tanto a incidência quanto a magnitude dos eventos,

proporcionalmente à vazão, são inferiores aos que ocorrem neste mesmo mês na

sub-bacia representativa do Baixo Rio das Mortes.

Esta característica é visível nas Figuras 21 e 22. Figura 21: Comparação entre os volumes precipitados e escoados no mês de setembro no Alto Rio das Mortes

Figura 22: Comparação entre os volumes precipitados e escoados no mês de setembro no Baixo Rio das Mortes

0,E+00

5,E+08

1,E+09

2,E+09

2,E+09

3,E+09

3,E+09

4,E+09

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

m3

Q

P

0,E+00

2,E+08

4,E+08

6,E+08

8,E+08

1,E+09

1,E+09

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

m3

Q

P

Page 45: MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O …...coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

44

O mês de abril representa o ultimo mês do período de chuva, este apresenta

comportamento diferente nas duas sub-bacias. Enquanto no Alto Rio das Mortes a

precipitação média e a vazão média são iguais (1,7.109m3/mês), no Baixo Rio das Mortes a precipitação (média = 6,3.108 m3/mês) apresenta média superior à vazão

(5.108 m3/mês). Entretanto também ha uma oscilação maior de valores extremos

inferiores de precipitação, gerando uma mediana do coeficiente menor no Alto Rio

das Mortes. Este comportamento pode ser observado nas Figuras 23 e 24.

Figura 23: Comparação entre os volumes precipitados e escoados no mês de abril no Alto Rio das Mortes

Figura 24: Comparação entre os volumes precipitados e escoados no mês de abril no Baixo Rio das Mortes

O mês de maio representa o primeiro mês do período de seca. Entretanto

ainda não ocorrendo volume nulo de precipitação mensal. Neste mês, no Alto Rio

das Mortes ha incidência de maiores volumes precipitados proporcionalmente à

vazão. Este comportamento pode ser observado nas Figuras 25 e 26.

0,0E+005,0E+081,0E+091,5E+092,0E+092,5E+093,0E+093,5E+094,0E+094,5E+09

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

2011

2013

2015

m3

Q

P

0,0E+00

2,0E+08

4,0E+08

6,0E+08

8,0E+08

1,0E+09

1,2E+09

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

m3

Q P

Page 46: MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O …...coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

45

Figura 25: Comparação entre os volumes precipitados e escoados no mês de maio no Alto Rio das Mortes

Figura 26: Comparação entre os volumes precipitados e escoados no mês de maio no Baixo Rio das Mortes

Desta forma constatou-se que no final do período de seca (setembro) e no

final do período de chuva (abril) ocorre maior incidência e magnitude proporcionalmente à vazão, de precipitação, no Baixo Rio das Mortes. E que no

inicio do período de seca (maio) este comportamento ocorre no Alto Rio das Mortes.

A compreensão deste comportamento diferenciado permite compreender os

valores do coeficiente mensais que são apresentados Nas Figuras 27 a 31.

As Figuras 27 a 29 apresentam a variação mensal e anual do coeficiente de

escoamento do Alto Rio das Mortes. Observa-se que estes não apresentam tendência clara e que ha sete outliers.

Analisando-se os dados de base constatou-se que estes outliers ocorrem

nos meses de março, abril e outubro e se devem a estiagens, queda brusca no

volume precipitado em relação aos meses vizinhos, enquanto a vazão se mantém

estável.

0,E+00

5,E+08

1,E+09

2,E+09

2,E+09

3,E+09

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

2011

2013

2015

m3

Q P

0,E+001,E+082,E+083,E+084,E+085,E+086,E+087,E+08

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

m3

Q P

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46

De acordo com Nimer & Brandão (1989) um fator negativo dos cerrados, que

contempla a bacia do Rio das Mortes, é a ocorrência de veranicos (regime de secas

dentro da estação chuvoso) que pode persistir durante duas ou três semanas.

Figura 27: Variação no coeficiente de escoamento mensal de 1985 a 1999 - Alto Rio das Mortes

Figura 28: Variação no coeficiente de escoamento mensal de 2000 a 2015 - Alto Rio das Mortes

A Figura 29 apresenta os coeficientes de escoamento anual no Alto Rio das Mortes que varia de 0,31 a 0,47.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

01/0

4/19

85

01/1

0/19

85

01/0

4/19

86

01/1

0/19

86

01/0

4/19

87

01/1

0/19

87

01/0

4/19

88

01/1

0/19

88

01/0

4/19

89

01/1

0/19

89

01/0

4/19

90

01/1

0/19

90

01/0

4/19

91

01/1

0/19

91

01/0

4/19

92

01/1

0/19

92

01/0

4/19

93

01/1

0/19

93

01/0

4/19

94

01/1

0/19

94

01/0

4/19

95

01/1

0/19

95

01/0

4/19

96

01/1

0/19

96

01/0

4/19

97

01/1

0/19

97

01/0

4/19

98

01/1

0/19

98

01/0

4/19

99

01/1

0/19

99

C

0123456789

01/0

4/20

0001

/10/

2000

01/0

4/20

0101

/10/

2001

01/0

4/20

0201

/10/

2002

01/0

4/20

0301

/10/

2003

01/0

4/20

0401

/10/

2004

01/0

4/20

0501

/10/

2005

01/0

4/20

0601

/10/

2006

01/0

4/20

0701

/10/

2007

01/0

4/20

0801

/10/

2008

01/0

4/20

0901

/10/

2009

01/0

4/20

1001

/10/

2010

01/0

4/20

1101

/10/

2011

01/0

4/20

1201

/10/

2012

01/0

4/20

1301

/10/

2013

01/0

4/20

1401

/10/

2014

01/0

4/20

1501

/10/

2015

C

04/99

03/93

10/07

10/13

10/11 04/10

04/14

Page 48: MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O …...coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

47

Figura 29: Variação no coeficiente de escoamento anual - Alto Rio das Mortes

Analisando o coeficiente anual na Figura 29 observa-se alguns pontos que

se distanciam mais do valor mediano que são identificados no mesmo. Estes se

referem aos anos de 1986, 1993, 1995, 1999, 2001, 2004, 2007, 2010 e 2012.

Quadro 7: Análise dos outliers encontrados nos dados apresentados na Figura 29

Ano Fenômeno

1986 e 2001 Queda no volume escoado em relação ao ano anterior, enquanto a precipitação apresentou o mesmo comportamento.

1993 e 1999 Queda tanto nos volumes de vazão quanto de precipitação. Entretanto a queda na precipitação foi mais pronunciada.

1995 Queda na precipitação e aumento da vazão. 2004 Aumento da precipitação

2007 e 2010 Queda na precipitação em comparação aos anos vizinhos.

2012 Redução tanto da vazão quanto da precipitação, onde a redução no volume de vazão foi maior.

As Figuras a seguir apresentam a variação mensal e anual do coeficiente de

escoamento do Baixo Rio das Mortes. Observa-se que estes também não

apresentam tendência clara.

Os outliers observados ocorrem nos meses de março e abril devido à

períodos de estiagem, menor volume mensal precipitado.

0,300,330,350,380,400,430,450,480,50

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

C

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48

Figura 30: Variação no coeficiente de escoamento mensal - Baixo Rio das Mortes

A Figura 31 apresenta o coeficiente de escoamento anual na sub-bacia

representante do Baixo Rio das Mortes. Este varia entre 0,20 e 0,50.

Os valores de coeficientes que mais se afastam da linha de tendência

central são referentes aos anos de 2001, 2002, 2004, 2009 e 2010.

Em 2001, 2009 e 2010 ocorreu uma grande redução do volume escoado em relação aos anos vizinhos. Sendo que a precipitação se manteve com volume

semelhante.

Em 2002 houve uma grande queda no volume precipitado.

Em 2004 a vazão se aproximou do dobro do volume em relação aos anos

vizinhos e a precipitação manteve volume semelhante.

Figura 31: Variação no coeficiente de escoamento anual - Baixo Rio das Mortes

Comparando-se os coeficientes anuais nas duas sub-bacias, apresentados

na Figura 32, constatou-se a inexistência de correlação (r=0,01).

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

01/0

4/20

0001

/10/

2000

01/0

4/20

0101

/10/

2001

01/0

4/20

0201

/10/

2002

01/0

4/20

0301

/10/

2003

01/0

4/20

0401

/10/

2004

01/0

4/20

0501

/10/

2005

01/0

4/20

0601

/10/

2006

01/0

4/20

0701

/10/

2007

01/0

4/20

0801

/10/

2008

01/0

4/20

0901

/10/

2009

01/0

4/20

1001

/10/

2010

01/0

4/20

1101

/10/

2011

01/0

4/20

1201

/10/

2012

01/0

4/20

1301

/10/

2013

01/0

4/20

1401

/10/

2014

01/0

4/20

1501

/10/

2015

C

0,100,150,200,250,300,350,400,450,500,55

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

C

04/02 03/04 04/07 04/10 04/13 04/14

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49

Figura 32: Comparação entre os coeficientes anuais das duas sub-bacias

Entretanto analisando as médias quinquenais obteve-se uma correlação forte

negativa (r=-0,83) entre os coeficientes das duas sub-bacias. Sendo o comportamentos

destes ilustrados nas Figuras 33 e 34.

Figura 33: Correlação entre as médias quinquenais do coeficiente de escoamento

Figura 34: Comportamento das médias quinquenais

0,0000

0,1000

0,2000

0,3000

0,4000

0,5000

0,6000

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

C Alto RM

Baixo RM

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Baix

o RM

Alto RM

0,000

0,100

0,200

0,300

0,400

0,500

1985 1995 2000 2005 2010 2015

C

Alto Baixo

r = -0,83

Page 51: MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O …...coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

50

5.2. USO DO SOLO

As Figuras 35 e 36 ilustram a variação do uso e ocupação nos anos estudados para as duas sub-bacias.

Nestes é possível observar que enquanto na sub-bacia do Alto Rio das

Mortes ha um crescimento gradual do uso para agricultura e solo exposto, a sub-

bacia do Baixo Rio das Mortes apresentou crescimento gradual de uso para

pastagem.

Observa-se que a maior substituição de mata por uso antrópico aconteceu

entre os anos de 1985 e 1995 no Alto Rio das Mortes. E entre os anos 1985 e 2000

na sub-bacia representativa do Baixo Rio das Mortes. As duas sub-bacias no ano de

2000 com a mesma taxa de ocupação do solo por vegetação. Ocorrendo desde

então no Alto Rio das Mortes predominância de uso antrópico agrícola enquanto no

Baixo Rio das Mortes o uso antrópico pecuário é mais representativo. O solo exposto foi considerado como uma condição temporária que pode ser

convertida tanto em agricultura quanto em pastagem, na agricultura, ja que as

imagens são de período de seca, pode ser devido ao vazio sanitário e período pós-

colheita, que tendem apresentar solo exposto em áreas agricultáveis. Em relação à

pastagem pode se referir a áreas abertas ou área com rotação entre agricultura e

pastagem.

Figura 35: Variação das taxas de uso e ocupação do solo ao longo dos anos na sub-bacia do Alto Rio das Mortes

1985 1995 2000 2005 2010 2015

Vegetação 76,36 49,38 35,60 39,26 32,16 36,42

Pastagem 6,10 32,47 18,77 21,97 34,89 32,61Solo Exposto 17,54 8,75 31,76 23,38 19,52 16,07Agricultura 0,00 9,41 13,87 15,39 13,43 14,90

0102030405060708090

%

Page 52: MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O …...coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

51

Figura 36: Variação das taxas de uso e ocupação do solo ao longo dos anos na sub-bacia do Baixo Rio das Mortes

As Figuras 37 a 42 apresentam os mapas temáticos do uso e ocupação do

solo no período nas duas sub-bacias.

Figura 37: Classificação do uso do solo para o ano de 1985

1985 1995 2000 2005 2010 2015

Vegetação 79,99 58,93 35,14 45,11 37,99 45,41

Pastagem 18,37 26,82 27,85 43,77 44,22 41,69Solo Exposto 1,64 1,93 31,57 7,86 9,42 7,81

Agricultura 0,00 12,32 5,45 3,26 8,37 5,10

0102030405060708090

%

Page 53: MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O …...coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

52

Figura 38: Classificação do uso do solo para o ano de 1995

Figura 39: Classificação do uso do solo para o ano de 2000

Page 54: MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O …...coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

53

Figura 40: Classificação do uso do solo para o ano de 2005

Figura 41: Classificação do uso do solo para o ano de 2010

Page 55: MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O …...coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

54

Figura 42: Classificação do uso do solo para o ano de 2015

Observa-se que na Figura 39 a cena 225-070 apresenta uma proporção

consideravelmente superior de solo exposto em relação à cena 225-071. Isso se

deve à data da cena, pois para conseguir uma melhor visibilidade, qualidade de

imagem, foi necessário escolher cenas de datas diferentes. E no ano de 2000 a melhor cena 225-070 escolhida é do dia 21 de julho, período ja bem mais seco que a

cena 225-071 que é do dia 03 de junho.

Ja na Figura 40 observa-se o inverso, a cena 225-071 apresenta uma

proporção consideravelmente maior de solo exposto que a cena 225-070, o que se

deve pelo mesmo motivo ja que a cena 225-071 é do dia 03 de julho e a 225-070do

dia 16 de maio.

5.3. CONSUMO DE ÁGUA

No balanço anual entre água que entra na bacia através da precipitação e a

água que sai através da vazão no exutório, ocorre um consumo de água pela bacia. Esta água consumida é utilizada para a produção vegetal e em parte retorna à

atmosfera pela evapotranspiração.

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55

Definiu-se então como consumo a parcela da precipitação que não se

converteu em vazão, ou seja, que de alguma forma foi consumida.

A Figura 43 apresenta o volume anual consumido nas duas sub-bacias. Neste observa-se que o volume consumido na sub-bacia do Alto Rio das Mortes é

superior ao consumido na sub-bacia do Baixo Rio das Mortes.

Entretanto sabe-se que a sub-bacia do Alto Rio das Mortes é cerca de 2,61

vezes maior que a sub-bacia do Baixo Rio das Mortes. Esta maior extensão permite

maior captação de precipitação e maior consumo para manutenção dos sistemas

naturais.

Dessa forma para poder comparar o consumo nas duas sub-bacias analisou-

se o consumo por unidade de área. Este é apresentado na Figura 44.

Nesta observa-se que fazendo uma análise quinquenal, a mediana de

consumo é maior no Alto Rio das Mortes entre 2000 e 2005 e entre 2010 e 2015. Ja

entre 2005 e 2010 a mediana quinquenal de consumo é maior no Baixo Rio das Mortes.

Dessa forma, ocorre em mediana, um maior consumo no Alto Rio das

Mortes, entretanto este é próximo ao consumo no Baixo Rio das Mortes analisando-

se por unidade de área. Estes não apresentaram correlação.

O maior consumo no Alto Rio das Mortes pode estar ligado a fatores como

os apresentados na Tabela 03.

Figura 43: Consumo anual

0,0E+005,0E+091,0E+101,5E+102,0E+102,5E+103,0E+103,5E+104,0E+104,5E+105,0E+10

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

m3/

ano

Consumo Alto Consumo Baixo

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56

Figura 44: Consumo anual em relação à extensão territorial e mediana quinquenal

Tabela 3: Fatores associados ao consumo de água nas sub-bacias

Fator Alto RM Baixo RM Interferência Forma da

Bacia Alongada Circular Tempo de Concentração, Tempo de Pico.

Área de Contribuição 2.505.565,51 ha 960.850,13ha

Área de captação; Retenção de Água no solo. Manutenção dos sistemas

naturais Altitude 323m a 924m 73m a 476m Vento; Evapotranspiração,

Taxa de uso agrícola Maior Menor Escoamento superficial;

Infiltração

Tipo de Solo*

Latossolo Vermelho, Latossolo Vermelho-

Amarelo, Neossolo Quartzarênico

Latossolo Vermelho-Amarelo,

Neossolo Quartzarênico, Plintossolo Háplico Neossolo Litólico

Escoamento superficial, infiltração,

retenção de água no solo, evapotranspiração.

Outorga d'água

486 pontos com vazões outorgadas

25 pontos com vazões outorgadas

Redução na disponibilidade hídrica no

curso d'água. Uso

Agropecuário Commodities e Bovinos Bovinos e Commodities Exportação de água

*Informações extraídas do banco de dados do Ministério do Meio Ambiente

Um tema não tão atual, mas bastante debatido na atualidade, é o conceito

de água virtual, que questiona o impacto da exportação de água da bacia nas

commodities.

Considerando que para a produção de grãos que não permanecerão na

bacia, e em uma questão comercial e nacional, não permanecerão no país, ha um

consumo de água na bacia que não retornará de forma direta.

Ainda relacionado à produção agrícola, a pratica da irrigação promove um

aumento do consumo d'água na bacia, primeiramente na constituição dos grãos e

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

m3 /

m2

Consumo Alto Consumo Baixo Mediana Alto Mediana Baixo

Page 58: MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O …...coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

57

para a evapotranspiração. Ja que aumenta a disponibilidade hídrica ao longo da

bacia, o consumo hídrico maior pelas plantas, recarga da capacidade de campo do

solo, todos fatores suscetíveis ao fenômeno da evapotranspiração. Os tipos de solo existente no Alto Rio das Mortes são mais profundos e se

não, com maior capacidade de retenção de umidade (capacidade de campo). Dessa

forma suprindo a vegetação por mais tempo em caso de estiagem. O que

disponibiliza maior quantidade de água para a produção vegetal e

evapotranspiração.

Das características físicas mais significativas na comparação das duas sub-

bacias estão a forma e a área de contribuição.

A área de captação do ponto de controle no Alto Rio das Mortes é 2,61

vezes maior que a área da sub-bacia do Rio Pindaíba o que permite maior captação

da precipitação.

O formato da sub-bacia representativa do Alto Rio das Mortes é alongada enquanto o formato da sub-bacia representativa do Baixo Rio das Mortes é circular.

Dessa forma, no Baixo Rio das Mortes a água tende a chegar mais rápido ao

exutório, reduzindo seu consumo na bacia.

Mesmo a bacia do Baixo Rio das Mortes sendo caracterizada por áreas de

várzea, a sub-bacia em estudo se encontra na porção de montante do Baixo Rio das

Mortes, onde ainda ha uma variação na altitude de aproximadamente 400m.

5.4. ESCOAMENTO DA BACIA X USO E OCUPAÇÃO SO SOLO

5.4.1. Alto Rio das Mortes

Analisando a correlação entre as classes de uso do solo e o coeficiente de

escoamento utilizando o método de Pearson observou-se que os períodos

representados pelos anos 1985 e 1995, disponíveis para o Alto Rio das Mortes, não

apresentam correlação com o coeficiente de escoamento, entretanto observou-se

que nas duas sub-bacias, a partir do ano de 2000 existe correlação entre o

coeficiente de escoamento e a substituição de vegetação nativa por agricultura.

A tabela 04 apresenta a matriz de correlação de Pearson para o conjunto de dados completo, desde 1985. Observa-se que não ha correlação entre o coeficiente

de escoamento e as classes de uso.

Page 59: MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O …...coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

58

Tabela 4: Matriz de correlação de Pearson no período 1985-2015

C Vegetação Pastagem Solo Exposto Agricultura C 1,000 -0,003 -0,122 0,332 -0,197 Vegetação -0,003 1,000 -0,739 -0,341 -0,968 Pastagem -0,122 -0,739 1,000 -0,368 0,674 Solo Exposto 0,332 -0,341 -0,368 1,000 0,343 Agricultura -0,197 -0,968 0,674 0,343 1,000

Analisando os coeficientes de correlação desconsiderando o período 1985-

1995 (Tabela 5) obteve-se forte correlação negativa (r = - 0,90) com a agricultura,

indicando que no Alto Rio das Mortes o aumento das áreas agrícolas promovem a

redução no escoamento da bacia. Ou seja, o cultivo agrícola nesta bacia está

relacionado ao aumento de consumo de água na mesma. Ainda nesta tabela é possível observar que houve correlação negativa

moderada (r=-0,68) entre o coeficiente de correlação e a vegetação, e que houve

correlação positiva moderada (r=0,64) entre o coeficiente de correlação e o solo

exposto.

Observando período mais recente (2005-2015) observa-se que o coeficiente

de escoamento apresenta forte correlação negativa com a vegetação nativa e

agricultura (r = -0,90; r = -0,96) e moderada correlação positiva (r=0,59) com a

pastagem. Tabela 5: Matriz de correlação de Pierson em diferentes períodos 1985-2015 2000-2015 2005-2015 C Veg Past SE Agr C Veg Past SE Agr C Veg Past SE Agr C 1,00 0,00 -0,12 0,33 -0,20 1,00 -0,68 -0,19 0,64 -0,90 1,00 -0,90 0,59 0,02 -0,96 Veg 0,00 1,00 -0,74 -0,34 -0,97 -0,68 1,00 -0,59 0,14 0,93 -0,90 1,00 -0,89 0,43 0,99 Past -0,12 -0,74 1,00 -0,37 0,67 -0,19 -0,59 1,00 -0,88 -0,26 0,59 -0,89 1,00 -0,79 -0,80 SE 0,33 -0,34 -0,37 1,00 0,34 0,64 0,14 -0,88 1,00 -0,24 0,02 0,43 -0,79 1,00 0,27 Agr -0,20 -0,97 0,67 0,34 1,00 -0,90 0,93 -0,26 -0,24 1,00 -0,96 0,99 -0,80 0,27 1,00

Onde: C: Coeficiente de escoamento; Veg: Vegetação; Past: Pastagem; SE: Solo Exposto; Agr: Agricultura

Agrupando os usos de vegetação, pastagem e solo exposto em uma classe

denominada uso antrópico, que observa-se é uma correlação forte positiva (r=0,90) com o coeficiente de escoamento. A vegetação nativa apresentando uma correlação

forte negativa (r=-0,90) (Figuras 45 a 52).

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59

Figura 45: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 1985 e 2015

Figura 46: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 1985 e 2015

Figura 47: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 1985 e 2015

Figura 48: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 2000 e 2015

Figura 49: Correlação entre uso agrícola e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015

Figura 50: Correlação entre vegetação e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015

Figura 51: Correlação entre pastagem e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015

Figura 52: Correlação entre usolo exposto e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015

0,00,10,20,30,40,5

020406080

100

1985 1995 2000 2005 2010 2015

C%

Vegetação PastagemSolo Exposto AgriculturaC

0,00,10,20,30,40,5

020406080

100

2000 2005 2010 2015

C%

Vegetação PastagemSolo Exposto Agricultura

00,10,20,30,40,5

020406080

100

1985

1995

2000

2005

2010

2015

C%

Vegetação Uso Antrópico C

00,10,20,30,40,5

020406080

100

2000 2005 2010 2015

C%

Vegetação Uso AntrópicoC

0

5

10

15

20

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Agric

ultu

ra

C

0

10

20

30

40

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Vege

taçã

o

C

0

10

20

30

40

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Past

agem

C

0

10

20

30

40

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Solo

Exp

osto

C

r=-0,90 r=-0,68

r=-0,19 r=0,64

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60

5.4.2. Baixo Rio das Mortes

A sub-bacia do Rio Pindaíba, representante do Baixo Rio das Mortes, não

possui informações hidrológicas quinquenais entre os anos de 1985 e 2000, dessa

forma a análise nesta sub-bacia parte do ano de 2000.

A Tabela 6 apresenta a matriz de correlação de Pearson em dois períodos

diferentes, 2000 a 2015 e 2005 a 2015, isso porquê observou-se que da mesma

forma que ocorreu no Alto Rio das Mortes, os últimos três quinquenios apresentaram

correlação mais forte entre as classes.

Tabela 6: Matriz de correlação de Pierson em diferentes períodos

2000-2015 2005-2015

C Veg Past SE Agr C Veg Past SE Agr C 1,00 0,81 0,22 -0,33 -0,95 1,00 0,94 -0,37 -0,94 -1,00

Veg 0,81 1,00 0,68 -0,79 -0,59 0,94 1,00 -0,66 -1,00 -0,92 Past 0,22 0,68 1,00 -0,98 0,08 -0,37 -0,66 1,00 0,66 0,32 SE -0,33 -0,79 -0,98 1,00 0,03 -0,94 -1,00 0,66 1,00 0,92

Agr -0,95 -0,59 0,08 0,03 1,00 -1,00 -0,92 0,32 0,92 1,00 Onde: C: Coeficiente de escoamento; Veg: Vegetação; Past: Pastagem; SE: Solo Exposto; Agr: Agricultura.

Observa-se que o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte

positiva com a vegetação (r=0,81) e correlação forte negativa com a agricultura (r=-

0,95) entre os anos de 2000 e 2015. Ja no período entre os anos de 2005 e 2015 o

coeficiente de escoamento apresentou correlação perfeita negativa com a agricultura (r=-1,00), forte correlação negativa com solo exposto (r=-0,94) e forte correlação

positiva com a vegetação nativa (r=0,94).

As figuras 53 a 59 apresentam os comportamentos de cada classe e do

coeficiente de escoamento e os coeficientes de correlação. Percebe-se que a partir

do ano de 2000 o comportamento do coeficiente de escoamento se relaciona de

forma direta com a vegetação e de forma inversa com os usos antrópicos,

principalmente com a agricultura.

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61

Figura 53: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 1985 e 2015

Figura 54: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 2000 e 2015

Figura 55: Uso e ocupação do solo x C entre os anos de 2000 e 2015

Figura 56: Correlação entre uso agrícola e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015

Figura 57: Correlação entre pastagem e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015

Figura 58: Correlação entre vegetação e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015

Figura 59: Correlação entre solo exposto e o coeficiente de escoamento entre os anos de 2000 e 2015

00,10,20,30,40,5

020406080

100

198519952000200520102015

C%Vegetação PastagemSolo Exposto Agricultura

0,000,100,200,300,400,50

020406080

100

2000 2005 2010 2015

C%

Vegetação PastagemSolo Exposto Agricultura

00,10,20,30,40,5

020406080

100

2000 2005 2010 2015

C%

VegetaçãoUso antrópicoC

0

5

10

15

20

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Agric

ultu

ra

C

0

1020

30

40

50

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Past

agem

C

010

20

3040

50

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Vege

taçã

o

C

05

101520253035

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Solo

Exp

osto

C

r = 0,22

r = -0,33

r = 0,81

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62

5.4.3. Considerações No ano de 1985 a bacia do Alto Rio das Mortes possuía cerca de 76% de

vegetação nativa, ou seja, a alteração no uso natural do solo não era representativo

para causar alteração significativa no coeficiente de escoamento.

De acordo com os dados, a remoção da vegetação nativa não é tão

significativo na alteração do coeficiente de escoamento quanto a introdução do uso

agrícola, que no ano de 1985 ainda não existia na área na forma que existe hoje, em

grande escala com o uso de irrigação.

No ano de 2000 as taxas de vegetação estabilizaram no Alto Rio das Mortes

e chegaram ao seu mínimo no período estudado no Baixo Rio das Mortes.

De acordo com Lima (2008) a cobertura florestal apresenta maior radiação

líquida, dispondo de mais energia para o processo evaporativo. Além de que

espécies com sistema radicular superficial, o reservatório de suprimento sendo menor, a água disponível acaba mais rápido e a taxa de transpiração diminui mais

cedo. Ja as espécies com sistema radicular profundo continuaria a ter condições de

transpirar à taxa potencial por tempo mais prolongado. Explicando do ponto de vista

físico o decréscimo na perda por evaporação em bacias onde ha conversão de

floresta em pastagem por exemplo, resultando em aumento da produção de água

pela microbacia. Os efeitos da remoção de vegetação nativa, segundo Tucci & Clarke (1997),

é geralmente estudada em microbacias aparelhadas e relata que a substituição de

vegetação nativa por culturas anuais tende a promover um aumento no escoamento

superficial principalmente quando não ha manejo adequado.

O aumento do escoamento superficial tende a aumentar o volume escoado

na bacia, entretanto nas duas sub-bacias analisadas neste estudo este fenômeno

não foi observado. Ele pode ter ocorrido entretanto ter sido suplantado por ações

como a subtração de água do corpo hídrico para irrigação, dessedentação de

animais e indústria. Que promovem a remoção de água do rio e portanto a redução

do volume escoado no exutório (pontos de controle).

O levantamento de informações de outorga do uso da água nestas sub-

bacias indicaram que a irrigação é o uso predominante e mais representativo de água nas mesmas.

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63

A irrigação é consequência da modernização da agricultura que possibilitou

que o cerrado se tornasse produtivo em grande escala. De acordo com Marouelli

(2003) os cerrados foram incorporados à agricultura brasileira devido à avanços da tecnologia moderna, avanços no tratamento do solo, insumos e equipamentos. Isso

porquê no cerrado se encontram condições adversas à produção como a acidez do

solo, toxidez por alumínio, a baixa fertilidade do solo, regime de chuvas, veranicos,

período de claridade dentre outros.

O alto custo da terra associado ao investimento necessário para a produção

não permitem que a produção dependa de um regime de precipitação adequado. Neste contexto a irrigação se tornou um aliado na produção (LIMA et al., 2018).

Ainda de acordo com os mesmos autores a irrigação é um uso consumptivo

da água, ou seja, a água não retorna em sua totalidade ao curso d'água, reduzindo a

disponibilidade hídrica do manancial.

Além da correlação entre a agricultura e o coeficiente de escoamento, observou-se também a correlação entre o coeficiente de escoamento e a vegetação

nativa.

Este no Alto Rio das Mortes apresenta relação inversa e no Baixo Rio das

Mortes relação direta.

Lopes, Andreassian e Andrade (1999) em analise comparativa de sub-bacias

sob o mesmo clima e vegetação constataram que ha comportamentos diferentes entre as sub-bacias que são controlados por dissimilaridades locais de acordo com a

área da bacia.

Dessa forma acredita-se que a correlação forte positiva entre o coeficiente

de escoamento e a vegetação nativa na sub-bacia do Rio Pindaíba se refere à

características particulares desta sub-bacia, ja que diversos estudos, como o realizado por Rodriguez et al. (2015) comprovam que a presença de floresta

promove maior retenção d'água e infiltração, dessa forma tendendo a diminuir o

coeficiente de escoamento.

O solo exposto apresenta uma condição facilitadora do escoamento

superficial que tende a promover maior vazão no curso d'água. Onde segundo

Pinese Júnior, Cruz e Rodrigues, o solo exposto não propiciam aumento de

infiltração ou barreiras para o escoamento superficial.

Page 65: MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O …...coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

64

6. CONCLUSÃO

As duas sub-bacias apresentam características fisiográficas diferentes

onde o Alto Rio das Mortes apresente uma bacia alongada e com maior variação de

altitude, e a sub-bacia representante do Baixo Rio das Mortes é circular e com

menor variação de altitude.

Na sub-bacia do Alto Rio das Mortes incide um maior volume precipitado ja que a área de captação é maior, onde os volumes precipitados mensais apresentam

forte correlação positiva (r=0,98), entretanto por unidade de área o volume

precipitado é maior no Baixo Rio das Mortes, nesse caso não havendo correlação

entre as sub-bacias.

Essa característica não se reflete na vazão, onde as medianas mensais e o

volume anual no Alto Rio das Mortes são maiores, com correlação forte positiva entre as sub-bacias (r=0,99 e r=0,70 respectivamente) e também por unidade de

área o Alto Rio das Mortes apresenta volume de escoamento maior no ponto de

controle.

As duas sub-bacias são exploradas com uso agropecuário, onde a

agricultura é mais representativa no Alto Rio das Mortes, o que acaba refletindo na

maior quantidade de áreas irrigadas. Onde no Alto Rio das Mortes em 2017 houve 486 pontos com vazões outorgadas até o mês de novembro e na sub-bacia do Rio

Pindaíba representante do Baixo Rio das Mortes foram 25 os pontos com vazões

outorgadas. Destes, 98% da vazões outorgadas no Alto Rio das Mortes são para

irrigação, onde no Baixo Rio das Mortes esta taxa é de cerca de 75%. Enquanto no

Alto Rio das Mortes os 2% restantes se referem a saneamento, no Baixo Rio das

Mortes ha uma maior diversificação de uso com 16% de uso industrial e 6% de uso

entre irrigação e criação animal, os outros 3% são divididos entre criação animal,

saneamento e serviços.

A mediana dos coeficientes de escoamento nas sub-bacias variou entre 0,26

e 0,38 no Alto Rio das Mortes e entre 0,10 e 0,36 no Baixo Rio das Mortes.

Os meses de junho, julho e agosto foram enquadrados como meses de seca. Os meses de outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março foram

enquadrados como meses de chuva. E os meses de setembro, abril e maio foram

enquadrados como meses de transição, onde em setembro e abril ha uma maior

Page 66: MUDANÇA DA COBERTURA DO SOLO E O …...coeficiente de escoamento da bacia. Nas duas sub-bacias o coeficiente de escoamento apresenta correlação forte negativa com o uso agrícola.

65

precipitação no Baixo Rio das Mortes proporcionalmente à vazão, e no mês de maio

ha uma maior precipitação no Alto Rio das Mortes proporcionalmente á vazão.

Os coeficientes de escoamento anuais entre os anos de 2000 e 2015 nas duas sub-bacias não apresentaram correlação. Entretanto em análise da média

quinquenal houve correlação forte positiva (r=0,83).

O processo de substituição de vegetação natural por uso agropecuário

ocorreu com maior velocidade no Alto Rio das Mortes, onde em 1985 havia 76,83%

de vegetação natural enquanto no Baixo Rio das Mortes no mesmo ano havia

79,99% de vegetação natural. Nas duas sub-bacias, a partir do ano de 2000 se

estabilizou o desmatamento, onde no Alto Rio das Mortes havia 35,60% de

vegetação nativa e no Baixo Rio das Mortes havia 35,14% .

A qualidade das imagens variaram nas cenas sendo necessário escolher

cenas de diferentes datas para compor a imagem das sub-bacias. Entretanto ainda

assim foi possível estabelecer as correlações entre o coeficiente de escoamento e os diferentes usos do solo.

O consumo d'água (precipitação que não se converte em vazão) em volume

é maior no Alto Rio das Mortes. Entretanto levando-se em consideração a extensão

territorial e a mediana quinquenal, o consumo nas duas sub-bacias é similar mas

sem correlação.

Analisando a correlação entre o coeficiente de escoamento e os diferentes usos do solo nas sub-bacias observou-se que, considerando o estudo desde 1985

(Alto Rio das Mortes), não ha correlação, e que analisando a partir do ano de 2000

(período em que ha dados hidrológicos nas duas sub-bacias), o coeficiente de

escoamento apresentou correlação forte negativa com a agricultura (r=-0,90 no Alto

Rio das Mortes e r=-0,95 no Baixo Rio das Mortes), correlação moderada negativa

(r=-0,68) com a vegetação no Alto Rio das Mortes, correlação forte positiva (r=0,81)

com a vegetação no Baixo Rio das Mortes e correlação moderada positiva (r=0,64)

com solo exposto no Alto Rio das Mortes.

Acredita-se que a correlação negativa com a agricultura possa estar

associada a extração de água do corpo hídrico na irrigação, que está diretamente

relacionada à expansão da agricultura na bacia. E que a correlação forte positiva

entre o coeficiente de escoamento e a vegetação nativa se refere à características particulares desta sub-bacia. O solo exposto apresentou o comportamento

preconizado na literatura de favorecer o escoamento.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agência Nacional de Águas (ANA). Manual de procedimentos técnicos e administrativos de outorga de direito de uso de recursos hídricos da Agência Nacional de Águas. Ministério do Meio Ambiente. Brasília/DF. Agosto de 2013. Acessado em: Novembro de 2017. Disponível em:< http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sof/MANUALDEProcedimentosTecnicoseAdministrativosdeOUTORGAdeDireitodeUsodeRecursosHidricosdaANA.pdf. _____. Outros usos. Agência Nacional de Águas. Acessado em: Novembro de 2017. Disponível em:< http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/usos-da-agua/outros-usos>. _____. Irrigação. Agência Nacional de Águas. Acessado em: Novembro de 2017. Disponível em:< http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/usos-da-agua/irrigacao/irrigacao-1>. AQUINO, Samia; LATRUBESSE, Edgardo M.; SOUZA FILHO; Edvard Elias de. Caracterização Hidrológica e Geomorfológica dos afluentes da bacia do Rio Araguaia. Acessado em: Novembro de 2017. Disponível em:< http://lsie.unb.br/rbg/index.php/rbg/article/view/116/111>. ASSIS, Willian Teobaldo de. Avaliação do impacto do uso consuntivo de água para irrigação na Bacia Hidrográfica do Alto Rio das Mortes. Dissertação de mestrado. Acessado em Novembro de 2017. Disponível em:< http://www.ufmt.br/ppgrh/images/Convite_Dissertacao/2014/william.pdf>. BRANDÃO, V. dos S; CECÍLIO, R.A.; PRUSKI, F.F.; SILVA, D.D. Infiltração da Água no Solo. 3ª ed. ampliada e atualizada. Viçosa-MG. Editora UFV, 2006. BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Séries Históricas. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/series-historicas>. Acessado em: Janeiro de 2018. _______. Ministério do Meio Ambiente. Lei 9.433/1997. Política Nacional de Recursos Hídricos. Acessado em: Novembro de 2017. Disponível em:< http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=370>. _______. Ministério do Meio Ambiente. Download de dados geográficos. Acessado em: Março de 2017. Disponível em:< http://mapas.mma.gov.br/i3geo/datadownload.htm>. CARMO, Roberto Luiz do. et al. Água virtual, escassez e gestão: O Brasil como grande exportador de água. Ambiente & Sociedade. Campinas. v.X, n 1. p.83-96. Janeiro-Junho 2007. Acessado em Novembro de 2017. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/asoc/v10n2/a06v10n2>. COLLISCHONN, Walter & DORNELLES, Fernando. Hidrologia para Engenharia e Ciências Ambientais. Associação Brasileira de Recursos Hídricos. Porto Alegre:2013.

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