Mudançade hábito

9
2.9.2012 O diário de seis cariocas que encararam o desafio de ir para o trabalho de bicicleta por uma semana. P26 Mudança de hábito SOBRE RODAS. A atriz Bianca Joy: pausa no Parque da Cidade

description

Matéria que fizemos sobre o uso das bicicletas no Rio de Janeiro. Inclui o Dia Mundial Sem Carro e uma entrevista do SecretárioAltamirando. É a matéria de capa da revista O Globo do dia 2/9/2012.

Transcript of Mudançade hábito

Page 1: Mudançade hábito

2.9.2012

O diário de seis cariocas queencararam o desafio de irpara o trabalho de bicicletapor uma semana. P26

Mudançade hábito

SOBRERODAS.Aatriz Bianca Joy:pausa noParquedaCidade

Page 2: Mudançade hábito

OUTRADIREÇÃO.Cidade tem282quilômetros de cicloviae vai ganhar seuprimeiromapacicloviário no dia 22

Page 3: Mudançade hábito

UMACICLOVIANOMEIO DOCAMINHO

PORMARIANA [email protected] DANIELA [email protected]

REVISTA O GLOBO 2 DE SETEMBRO DE 2012

p27

CAPA

Que a bicicleta é uma das maneirasmais inteligentes de desafogar otrânsito — pelo menos em trechoscurtos e complementares — não hádúvidas. As vantagens sãomuitas. Éum meio de transporte econômico,

saudável e ecologicamente correto. Mas asdesvantagens, também. O Rio é quente de-mais, e ainda não está coberto por uma redecicloviária eficiente, com ciclovias, ciclofaixase faixas compartilhadas. Faltam conservação,sinalização e iluminação. E, principalmente,falta educação no trânsito. Tanto por parte dosmotoristas, que não respeitam as regras bási-cas de convivência (como manter sempre ummetro e meio de distância das bicicletas nasvias), quanto por boa parte dos ciclistas, queinsistem em andar nas calçadas ou na contra-mão dos veículos, quando deveriam agir exa-tamente como fazem em carros.Nos quesitos lazer e esporte, a bike é um su-

cesso na cidade. Vide o êxito de competiçõescomo o Tour do Rio, que termina hoje. Enca-rar a bicicleta como meio de transporte é ou-tra coisa. Mesmo assim, cresce a cada dia onúmero de pessoas que decidem incorporá-laà sua rotina: já são cerca de ummilhão de des-locamentos feitos por dia no Rio, segundo aSecretaria municipal de Meio Ambiente. EmSão Paulo, são 350 mil por dia.— Hoje, temos 282 quilômetros de ciclovia

na cidade, que é a segunda maior da AméricaLatina (a primeira é Bogotá). Ando por elas to-dos os fins de semana e sei que ainda hámuitoa se fazer em questões como conservação emanutenção — diz o secretário, AltamirandoFernandes, que no próximo Dia Mundial SemCarro, dia 22, vai inaugurar a gratuidade paratransporte de bicicletas nos trens da Superviae lançar o primeiro mapa cicloviário do Rio,como parte de um pacote de ações de consci-entização. — Não há como ter ciclovia na ci-dade toda, por isso estamos investindo nas ci-clofaixas e faixas compartilhadas. Cada vezque uma é inaugurada, fazemos campanha deconscientização, colocamos um reboque per-manente para inibir os carros que estacionamsobre elas,mas o carioca precisa entender quea bicicleta é um veículo como outro qualquere respeitar seu espaço.Para entender melhor a rotina de quem de-

cide adotar a bicicleta, a Revista O GLOBO fezum desafio a seis cariocas que moram pertodo trabalho: experimentar, durante uma se-mana, fazer o percurso de bicicleta. A ideia eraque eles abandonassem o carro na garagem,esquecessem o ônibus e o metrô lotados e re-latassem a experiência num diário. O resulta-do está nas páginas a seguir. l

Page 4: Mudançade hábito

REVISTA O GLOBO 2 DE SETEMBRO DE 2012

p28

UMA CICLOVIA NO MEIO DO CAMINHOREPORTAGEM DE CAPA

DIA 1. Aposentei a bicicleta há algunsanos, depois de um acidente que so-fri no Túnel Novo, indo para a Praiade Ipanema. Fui fechada por outrociclista, e me espatifei no chão. Antesandavamuito, principalmente quan-

do morava em Paris. Com mais de 400 quilôme-tros de ciclovias e pistas exclusivas, lá era seguroe prazeroso. Mas decidi aceitar o teste. Comomoro no Flamengo e tenho reuniões de um pro-jeto teatral em Botafogo e na Lagoa, imagineique fosse um bom desafio. Neste dia, fui até Bo-tafogo, seguindo o caminho que costumo fazerde táxi. Pobre de mim! As ruas são estreitas e asciclofaixas estão em estado deplorável. Na RuaFarani, tinha moto estacionada, árvore, orelhãoe hidrante no caminho, fora os buracos.DIA 2.Hoje a reunião era na Fonte da Saudade.

Pela Praia de Botafogo, fui pela pista do meio,mas tudo esburacado! Na Rua São Clemente, na-da de ciclovias ou ciclofaixas. Os carros passa-vam rentes ao meu guidão, ciclistas na contra-mão e ônibus colados ao meio-fio. Só pensavaem chegar logo na Rua Humaitá. “Lá tem ciclo-

via”, pensei. Cadê? Estava fechada! (Segundo aprefeitura, o trecho passa por recuperação)DIA 3. Hoje resolvi testar a bicicleta elétrica.

Peguei emprestada a de uma amiga, na Gávea, edecidi dar uma volta no Parque da Cidade antes— mas não imaginava que ela pesasse uns 50quilos. O que é isso, uma moto? Esta máquinaque veio facilitar a vida se revelou um estorvo.Mas serviu para dar umas boas risadas e memostrar que bicicleta elétrica, tô fora!DIA 4. No caminho de Botafogo para o Fla-

mengo, tentei ir pela Rua Voluntários da Pátria.Inferno! Optei em fazer um caminho alternativo,ir pelas ruazinhas. Rua Bambina, Marquês deOlinda, vento no rosto... Acho que finalmenteconsegui respirar. Ah, que delícia! Fico pensandoem adotar esse estilo de vida. São tantos benefí-cios. As bicicletas podem, sim, complementar otransporte público, mas é necessário criar espa-ço para elas, e segurança para quem usa.DIA 5. Uma volta na Praia de Ipanema e chego

à seguinte conclusão: só a educação domotoris-ta e a adoção da ciclofaixa permitirão o uso realda bicicleta como meio de transporte na cidade.

NOME:Bianca JoyIDADE: 31 anosPROFISSÃO:AtrizTRAJETO: Flamengo-Botafogo-LagoaMEIODETRANSPORTEQUECOSTUMAUSAR: Táxi

R. Fonte da Saudade

R. São Clemente

R. SenadorVergueiro

Praia deBotafogo

R. Humaitá

R. JardimBotânico

Trajeto de carroe de bicicleta

Page 5: Mudançade hábito

REVISTA O GLOBO 2 DE SETEMBRO DE 2012

p29

DIA 1. Já tinha pensado em ir de bici-cleta para o trabalho, mas achavaque não valeria a pena, pois não ga-nharia tempo. Acordei meia horamais cedo, deixei para tomar banhono trabalho, pois lá tem vestiário, e

segui a dica de um colega: levei a camisa socialdobrada numa pasta dentro da mochila. Co-mecei a pedalar pela Rua Paissandu, no Fla-mengo, na mesma mão dos carros. Segui pelaRua Senador Corrêa, depois pela Rua São Sal-vador, que é de paralelepípedos, o que compli-ca bastante. Na Rua do Catete, muitos pedes-tres atravessam fora da faixa, sem notar os ci-clistas, o que nos obriga a redobrar a atenção.Na Rua Mem de Sá e na Rua do Lavradio, naLapa, tive que ir pelas calçadas, pois as ruassãomuito estreitas emal acomodam os carros.Na Avenida Chile, preferi ir pela calçada, quequase não tem movimento, a ir na contramãodos carros. No total, levei 18minutos. Na volta,chama a atenção a pouca iluminação das ruas.DIA 2. Fiz uma pequena alteração no percur-

so para fugir do péssimo estado da Rua Sena-

dor Corrêa e São Salvador. Também optei porpassar pelo estacionamento da Catedral deSão Sebastião em vez da Rua do Lavradio. Maspassando muito rente ao meio-fio, me dese-quilibrei e caí! Na Lapa, tive que ir muito deva-gar, por causa domovimento intenso de pesso-as à noite. Na volta, também encontrei muitomovimento na Praça São Salvador, e tive que irempurrando a bicicleta.DIA 3. Na ida, enfrentei muitos ciclistas na

contramão. Na volta, decidi prender a barra dacalça jeans no pedal. Finalmente, aprendi queé importante usar roupas adequadas.DIA 4. Notei que o pior trecho do percurso

Laranjeiras-Centro é a junção das ruas Sena-dor Vergueiro, Marquês de Abrantes e Condede Baependi. Além do calçamento em parale-lepípedo, é muito movimentado e os veículosvêm de todo lado. Sem falar na Rua AugustoSevero, que é extremamente esburacada.DIA 5. Descobri que o trajeto de bicicleta é

muito mais rápido do que eu imaginava. Re-solvi então adotar a prática. Sem contar a eco-nomia, que, nomeu caso, é de R$ 140 pormês.

NOME: Igor SouzaIDADE: 32 anosPROFISSÃO:Analista de sistemasTRAJETO: Laranjeiras-CentroMEIODETRANSPORTEQUECOSTUMAUSAR:Metrô

Metrô Largodo Machado

Av. InfanteD. HenriqueMetrô Catete

R. das Laranjeiras

R. Paissandu

Metrô Glória

MetrôCinelândia

Metrô CariocaTrajeto debicicletaTrajetode metrô

Av.Chile

Page 6: Mudançade hábito

REVISTA O GLOBO 2 DE SETEMBRO DE 2012

p30

UMA CICLOVIA NO MEIO DO CAMINHONOME:RodrigoCostaIDADE: 36 anosPROFISSÃO:Analista de sistemasTRAJETO: Freguesia-BarraMEIODETRANSPORTEQUECOSTUMAUSAR:Carro

REPORTAGEM DE CAPA

DIA 1.Moro na Freguesia e trabalho noSesc, no ínício da Barra. Para dar iní-cio ao teste, acordei por volta das 7h esaí às 8h. Levei 19 minutos pedalan-do até o trabalho, pois em 90% dopercurso, de 4,2 quilômetros, há uma

ciclovia. O melhor trecho fica na Freguesia. Lá,alguns gradismargeiam a ciclovia, impedindo oscarros de estacionarem sobre a faixa exclusivados ciclistas.Mais para a frente, no bairro deGar-dênia Azul, no entanto, o translado fica prejudi-cado. Muito lixo, pontos de ônibus, carros e ca-minhões de entrega sobre a ciclovia. Para piorar,uma loja de motos “pintou” um estacionamentopara as motos dos clientes sobre a ciclovia, nosobrigando a disputar o trânsito com carros emvelocidade superior aos 60km/h permitidos.DIA 2. Fiz o mesmo percurso do dia anterior.

Hoje notei quemuitas pessoas que andamde bi-cicleta andamna contramão na ciclovia e nas ru-

as, o que é muito arriscado. Falta conscientiza-ção dos motoristas, mas dos ciclistas também.DIA 3. Saí às 8h e às 8h25m já estava na empre-

sa. Não posso reclamar: aqui temos bicicletáriose vestiários, o que é fundamental para quemquer adotar a bicicleta comomeio de transporte.DIA 4. Hoje resolvi parar numa loja de conve-

niências nomeio do caminho para tomar um ca-fé da manhã. Sinto falta de bicicletários emmui-tos lugares, como nos postos de gasolina. Ondeacorrentar as bicicletas com segurança? Afinal,sou consumidor domesmo jeito que os que che-gam de carro. Com um olho no pão e outro namagrela, seguimeupercurso entre o lixo e os car-ros estacionados na ciclovia até o trabalho.DIA5.Acordei atrasado e fuimais rápido. Notei

um novo sinal de trânsito no meio do caminho,com a faixa de pedestres terminando exatamen-te na ciclovia. À noite, fui direto de bike para aacademia, e procurei espalhar a ideia por lá...

Av. Ten CelMuniz deAragão

Linha Amarela

Trajeto de bicicletaTrajeto de carro

Page 7: Mudançade hábito

REVISTA O GLOBO 2 DE SETEMBRO DE 2012

p31

DIA 1. Saí pedalando de casa, na Aveni-da das Américas, no sentido contrá-rio ao dos carros, até a altura do Bos-que da Barra, e segui pela calçadajunto ao Bosque, que é a única solu-ção. Quando cheguei perto da Aveni-

da Ayrton Senna, as obras da Transoeste come-çaram a aparecer, diminuindo ainda mais o es-paço para a passagem de ciclistas e pedestres nacalçada. Um pouco mais adiante, peguei a ciclo-via, que fica no canteiro central da Ayrton Senna.Está bem conservada, mas não há um sinal noscruzamentos com os carros. Cheguei em 15 mi-nutos no trabalho. De ônibus, levo pelo menosmeia hora. Deixei a bicicleta no estacionamento.DIA 2. Fiz omesmo percurso. Notei pedestres e

ciclistas tentando atravessar embaixo do viadutoem direção ao Terminal Alvorada, sendo que alinão há nenhum sinal e o tráfego é intenso. Achoque seria importante o terminal ter umbicicletá-

rio e acesso para pedestres e ciclistas pelo ladoda Cidade da Música.DIA 3. Ainda bem que o dia estava lindo, por-

que nos dias de chuva vou continuar indo deônibus ou táxi. Estou sentindo falta de buzina efarol para voltar à noite, porque a iluminação noentorno do bosque é ruim e em alguns trechosnem vejo o chão, que tem pontes de madeira epregos. Furar o pneu ali não seria legal.DIA 4. Minha bike é emprestada, mas estou

pensando em comprar uma, porque percebi queganho tempo de manhã e gostei de incorporar oexercício à rotina. O ruim é que limita a varieda-de de roupas que posso usar e tenho que tomarum “banho de gato” quando chego ao trabalho.DIA 5. Notei que no bicicletário da empresa

tem só uma bicicleta elétrica. Pelo visto, como aspessoas trabalham de traje social, é difícil arru-mar disposição para ir pedalando. Mas o casualfriday poderia ser também o dia da bicicleta...

NOME:Patrícia EinsfeldIDADE: 34 anosPROFISSÃO:DesignerTRAJETO :Avenida dasAméricas-AvenidaAyrton Senna, na BarraMEIODETRANSPORTEQUECOSTUMAUSAR:Ônibus

VIVO

Av. dasAméricas

Av. JuanManuel Fanglo

Av. Luís CarlosPrestes

Trajeto de bicicletaTrajeto de ônibus

Page 8: Mudançade hábito

DIA 1. Acordei meia hora mais cedo doque o normal para me preparar parao início do teste. Como tinha umareunião à tarde, coloquei na bolsauma camisa social dobrada junto aomeu almoço (não abro mão de levar

meu almoço para o trabalho...). Moro numa ruatranquila do Jardim Botânico. Saí de casa pelacalçada, atravessei a Rua Jardim Botânico e fuiaté a ciclovia da Lagoa, onde comecei a pedalar.O dia estava lindo, e namesma hora pensei: “Porque nunca fiz isso antes?” Quando fui pegar a ci-clovia que desce a RuaHumaitá, vi que estava in-terditada, na altura da Fonte da Saudade, massem qualquer sinalização anterior. Fiquei perdi-do, sem saber o que fazer. Voltei para a calçadacheia de pedestres e não sabia se ia pela calçada,em meio às pessoas, ou se assumia a rua juntocom os carros. Como me informei anteriormen-te, as bicicletas devem agir como carros. Assimeu fiz, mas foi bastante tenso, porque os veículosnão te respeitam. Para cruzar a rua, aproveitei osinal, que estava fechado, e atravessei na faixa,com os pedestres. Um senhorme xingou,mas eu

não tinha opção! Do outra lado da rua não haviaespaço para bicicleta. Tive que empurrá-la até oescritório de design em que trabalho, na RuaMaria Eugênia, no Humaitá.DIA 2. Fiz omesmo trajeto, mas desta vez já sa-

bia que a ciclovia estaria interditada noHumaitáe fui sempre com os carros. O trajeto é curto, nãochego a suar. Estou gostando da ideia... Pelome-nos no inverno.DIA 3.Dia mais tranquilo, sem reuniões, então

fui com calma. Tenho levado emmédia 20minu-tos, um pouco mais do que levo de carro. Hojeera dia de feira na rua do meu trabalho. Foi im-possível passar de bicicleta. Tive de empurrá-la.DIA 4.Hoje já fui de capacete. Descobri que te-

nho que fazer exatamente o mesmo percursodos carros, subindo a ladeira e retornando na al-tura da Clínica São José, para evitar cruzar na fai-xa dos pedestres. A ciclovia segue interditada,sem qualquer motivo aparente.DIA 5. Decidi incorporar a bicicleta de vez à ro-

tina. Tem um bicicletário no meu trabalho, e pe-lo menos este problema não tenho de enfrentar.A volta à noite, sem trânsito, tem sido prazerosa.

REVISTA O GLOBO 2 DE SETEMBRO DE 2012

p32

UMA CICLOVIA NO MEIO DO CAMINHO

NOME:Rafael AyresIDADE: 56 anosPROFISSÃO:Diretor de criaçãoTRAJETO: JardimBotânico-HumaitáMEIODETRANSPORTEQUECOSTUMAUSAR:Carro

REPORTAGEM DE CAPA

Lagoa Rodrigode Freitas

R. Viscondeda Graça

R. Humaitá

R. JardimBotânico

Av. Borgesde Medeiros

Trajeto de bicicletaTrajeto de carro

Page 9: Mudançade hábito

DIA 1. Comecei numa terça-feira, diaem que eu remo na praia da Urca an-tes de ir para o trabalho, no Humaitá.Mesmo não tendo ciclovia na Urca, ocaminho até lá de bicicleta foi tran-quilo. Fazia um dia lindo. Moro perto

do RioSul, e até o trabalho há ciclovia em quasetoda a extensão. Mas está bem degradada, semsinalização, commuitos buracos e lixo. É precisoter muito cuidado nos cruzamentos, pois os car-ros entram nas ruas sem sinalizar. Em frente aoCemitério São João Batista, a ciclovia vira um es-tacionamento e fui obrigada a ir pela rua, nacontramão. A calçada é muito estreita e não hácomo dividi-la com os pedestres. Na altura daReal Grandeza, há postes e árvores interrompen-do a ciclovia. Levei 20 minutos até o trabalho.DIA 2. Tentei fazer outro caminho. Em vez da

ciclovia, decidi ir pelas ruas pequenas. É umaboa opção, mas para chegar a elas preciso atra-vessar ruas e cruzamentos bem movimentados,como os que ficam entre as ruas Voluntários daPátria e Real Grandeza. Lá, há um mês, fui atro-pelada quando estava atravessando de bicicleta

na faixa de pedestres por uma Kombi que avan-çou o sinal sem prestar atenção.DIA3.Hoje optei por ir de ônibus. É preciso an-

dar aproximadamente cinco quarteirões até oponto, na RuaMena Barreto. O ônibus faz omes-mo caminho que fiz no primeiro dia de bicicletae meu tempo total aumenta 15 minutos.DIA 4. Resolvi voltar para o caminho da ciclo-

via,mesmo com todos os obstáculos. A novidadeé que depois do trabalho fui para a aula de ioga,emCopacabana. Fui pelaMena Barreto até a Re-al Grandeza, onde segui pelo Túnel Velho. De-pois da Rua General Polidoro, a ciclovia é ótima.O túnel é escuro, mas havia outros ciclistas.DIA 5. Sábado! Excelente dia para a bicicleta.

Fui à praia. Nãome sinto segura no percurso en-tre Botafogo e Copacabana passando pelo túnelda Rua Princesa Isabel, um trajeto com históricoviolento. Resolvi seguir por Botafogo, pegar o Tú-nel Velho, como no dia anterior, e seguir paraIpanema. Foi delicioso. Já decidi adotar a bicicle-ta comomeumeio de transporte para o trabalho,mesmo sendo difícil e tendo muitos obstáculos,me sinto sempre fazendo um passeio.

REVISTA O GLOBO 2 DE SETEMBRO DE 2012

p33

NOME:Beatriz AmorimIDADE: 37 anosPROFISSÃO:ArquitetaTRAJETO :Botafogo-HumaitáMEIODETRANSPORTEQUECOSTUMAUSAR:Ônibus

Largo dosLeões

R. Real GrandezaR. General PolidoroR. Álvaro Ramos

R. Mena Barreto

R. Conde de Irajá

R. Voluntários da Pátria

Trajetode ônibusTrajetode bicicleta

R. São Clemente