Mudanças nas regras do jogo

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Artigo publicado no Coffee Break em 23 de maio de 2006.

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notícias da edição Ano VIII - Nº 1713 - 23/05/2006

Leia artigo de especialista em cafeicultura empresarial Acompanhe, abaixo, artigo assinado por Mara Luiza Gonçalves Freitas, especialista em cafeicultura empresarial e mestre em administração pela Ufla (Universidade Federal de Lavras), que faz uma reflexão sobre a consolidação do consumo de café de qualidade no Brasil.

Mudanças nas regras do jogo em prol da consolidação do consumo de café de qualidade no Brasil: uma reflexão Todos os caminhos conduzem à qualidade. Pelo menos é isso que as linhas e entrelinhas dos discursos proferidos por todos os agentes que representam as principais instituições do agronegócio café têm defendido. Tanto que falar da não qualidade, que na verdade ainda representa a base do consumo per capita nacional, bem como do mercado marginal do café, ultimamente, é tido como um discurso ultrapassado e tabu. Mas, será?

O fundamento da prática mercantil, dentro da perspectiva do marketing, centra-se na capacidade do ambiente de negócios interpretar ou até mesmo antever necessidades das pessoas e instigá-las o consumo. Nesse último, centra-se a magia do marketing: a de despertar ou criar o desejo no consumidor, levando-o a efetivar uma troca mercantil (moeda corrente por produto ou serviço, com distintos níveis de valor agregado). O mercado cafeeiro, considerando a expansão do mercado de cafés especiais no Brasil, tem se mostrado muito eficiente nesse sentido, ao despertar em consumidores mais exigentes o desejo de uma saborosa experiência sensorial, por meio da apreciação de uma xícara de café com maior valor agregado.

Outrossim, verifica-se que boa parte das companhias, que têm seus negócios focados no consumidor, não tem medido esforços para diversificar seu portfólio de cafés, especializando boa parte dessa carteira, no mercado de cafés diferenciados. Sustentar esse processo, por sua vez, gera um custo que supera a verba de marketing de torrefações e canais de distribuição importantes, como cafeterias e o varejo. Esse custo se concentra, fundamentalmente, no preço da saca do café verde, responsável por aproximadamente 60% do custo final do kg do café industrializado.

A trava de preços do café (hedge), considerando a volatilidade das cotações internacionais desse produto, apresenta-se como importante alternativa de sustentação da lucratividade da cadeia agroindustrial do café, em função do seu caráter estratégico. De acordo com dados do último relatório publicado pelo CNC (Conselho Nacional do Café), em 2006, tratando sobre a situação da cafeicultura brasileira, esse agronegócio ainda continua acumulando prejuízos, principalmente na ponta produtora. Por sinal, registra-se aqui que, se o cafeicultor vai mal, todo o resto vai, uma vez que a base de sustentação da oferta da almejada qualidade do café parte dele. Sem recurso ou rentabilidade, não há como o produtor investir em produção de café, com qualidade técnica (cafés diferenciados).

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Assegurar, por sua vez, um patamar mínimo de preços ao cafeicultor é sinônimo de garantia de oferta de produto, com qualidade técnica, no médio e longo prazos. Nesse sentido, a aquisição de contratos (compra, venda e opções) da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) e CPR (Cédulas de Produto Rural), apresentam-se como ferramentas importantes no processo de estabelecimento de estratégias de comercialização.

Considerando que não existem sistemas de seletrons públicos disponíveis e tampouco processos industriais economicamente viáveis para utilização de grãos defeituosos (desvio de qualidade que somente pode ser evitado nos processos de produção, colheita e pós-colheita do café), que poderiam, no curtíssimo prazo, resolver o problema da oferta de cafés de baixa qualidade no país é visível que há uma necessidade de melhor refletir sobre o estabelecimento de um mercado de contratos de café (futuro e spot), que atenda tanto objetivos empresariais das torrefações brasileiras, quanto dos cafeicultores e, ao mesmo tempo, reflita a realidade do mercado.

Boa parte dos estudos que realizei, voltados ao agronegócio café, concentram-se na análise do segmento industrial, mais especificamente no setor de café torrado em grão e/ou moído. Esse setor, além de registrar importantes cases de sucesso empresarial, tem, no momento, executado duas ações importantes para o agronegócio nacional: uma relacionada ao processo de elevação do consumo de cafés, por meio de certificação de indústrias e, respectivamente, de marcas de cafés nacionais (PQC — Programa de Qualidade do Café, da Abic); e outra relacionada ao processo de alavancagem da inserção internacional da torrefação brasileira, via comercialização de cafés diferenciados nacionais com valor agregado pela industrialização (PSI — Programa Setorial Integrado para Cafés Industrializados, da Apex).

Ambas as ações, interdependentes, que são coordenadas pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), demandam como pré-requisito para o seu sucesso, a garantia de oferta de padrões mínimos de qualidade, em escala, que permitam a preservação dos padrões dos cafés industrializados (mesclas ou blends) e o respeito a contratos, especialmente os internacionais.

Refletindo sobre a necessidade apresentada pela Abic à BM&F, sugerindo a criação de um contrato para cafés arábica, no padrão tipo 8 (360 defeitos), verifica-se, nessa solicitação, um real empenho da instituição em conduzir as torrefações brasileiras à consolidação do processo da qualidade, que vem sendo construído a duras penas.

Tipo 8 é o padrão mínimo de qualidade proposto pelo PQC/Abic aos industriais de café brasileiros. Esse programa de certificação privado, tem como escopo promover a elevação do consumo de cafés no mercado nacional, que responde pela absorção de 15,6 milhões de sacas (dados 2005), por meio da difusão de informações de uma forma mais clara e inteligente para o consumidor brasileiro, visando a criação de uma nova cultura de consumo de café no país.

Por detrás dos selos de qualidade e o perfil de sabor, propostos pelo programa de qualidade da Abic, há uma crescente demanda por cafés diferenciados no mercado, combinada com uma mudança no perfil empresarial do industrial de café brasileiro, que, gradativamente, setorialmente falando, vem se profissionalizando. A imprescindível adequação tecnológica e as mudanças de percepção sobre qualidade do café, por parte de importantes canais de distribuição instalados no país (Carrefour e Pão de Açúcar, por

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exemplo), têm contribuído para a aceleração do processo, principalmente no estrato das 100 maiores torrefações do país.

Embora para o agronegócio café o tipo 8 não seja a “menina dos olhos” de ninguém, é perceptível que, no momento, esse é o máximo dentro do possível, considerando a atual conjuntura do mercado. Num futuro próximo (entre três a seis anos, estimo), esse patamar de qualidade deve evoluir formalmente para o padrão BM&F, no contexto da grande torrefação.

Ainda que as 100 maiores torrefadoras brasileiras respondam por aproximadamente 60% do café industrializado no país, boa parte do consumo dos 15,6 milhões de sacas, está sob a responsabilidade de micro, pequenas e médias torrefações, com forte perfil de atuação regional. Essas, por sinal, têm problemas semelhantes aos dos cafeicultores de pequeno e médio porte, com o gradativo processo de descapitalização e escassez de capital de giro, combinado com problemas de inadequação tecnológica e problemas de concorrência desleal e autofágica.

Considerando esse perfil, verifica-se a inexistência de estimativas em relação ao tempo em que se levará para que todas as torrefações brasileiras produzam cafés dentro dos parâmetros propostos pelo PQC/Abic. É certo que, até o momento, nem todas as existentes no Brasil detêm o selo de Pureza da mesma instituição, uma vez que esse como aquele são de cunho privado, não compulsório. Isto é, para tê-los em sua embalagem, há a necessidade da torrefação se associar a Abic.

Se houver uma maior adesão de industriais de café aos negócios realizados no mercado futuro, é certo que a prática de aquisição de matérias-primas, por meio da relação indústria e produtor, já institucionalizadas em cadeias produtivas como a do frango e do fumo, por exemplo, tende a conferir maior estabilidade de preços praticados no médio e longo prazos, inclusive no mercado físico. Tudo indica que, em breve, o maior mercado consumidor dos cafés brasileiros, será o próprio Brasil. E essa mudança nas relações torna-se importante. Além disso, é visível que a demanda por cafés diferenciados, para o atendimento do mercado internacional de torrados, também tem se posicionado de uma forma positiva e crescente em função do processo de diversificação dos negócios das torrefadoras.

Em tese, o aproveitamento da expertise e da segurança oferecida pela solidez de uma bolsa de mercadorias situada em território nacional no processo de negociação futura de café, gera uma certa independência da volatilidade de preços do café imposta por bolsas internacionais, como a nova-iorquina (Nybot). Primeiro em função do aumento do volume diário de negócios realizados num pregão ocorrido no Brasil. Segundo pela geração de garantias em termos de preços mínimos e a padronização da qualidade dos grãos ofertados ao mercado. A combinação de ambos é imprescindível para a sustentabilidade econômica dos negócios ao longo de toda a cadeia produtiva.

Mudanças, tanto no comportamento empresarial (de cafeicultores e industriais), quanto na forma de estabelecimento de contratos, combinadas com as ações de marketing atualmente empreendidas, sem dúvida, colocam o agronegócio café nacional com seus “dois pés” no século XXI. Então, primando pelo bom senso no agronegócio, que a convergência de interesses prevaleça.

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