Muito além do peso: o que estamos servindo às nossas crianças
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Muito Além do Peso O que estamos servindo às nossas crianças?
Juliana Nólibos
Nutricionista (PUCRS) e mestranda em
Epidemiologia (UFRGS)
Documentário Muito Além do Peso
Transição Nutricional Infantil no Brasil
EXCESSO DE PESO
+ de 8 vezes a frequência de déficit de peso
33,5% OBESIDADE
14,3%
IBGE, 2010.
REGIÃO SUL
3º LUGAR EM EXCESSO DE PESO E OBESIDADE INFANTIL
EXCESSO DE PESO 36,6%
OBESIDADE 16,7%
Epidemiologia
Brasil
RS
Porto Alegre
• 1/3 das crianças com excesso de peso
• Doenças cardiovasculares são a causa de morte no 1
• 3º lugar em excesso de peso e obesidade infantil
• Altos índices de DCVs e câncer
• Capital nacional do excesso de peso e obesidade
Muito além do peso
Excesso de peso está relacionado a:
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS
DIABETES TIPO II
CÂNCERES
DEPRESSÃO
ESTRESSE
MORTALIDADE PRECOCE
Cerca de 80% das crianças obesas permanecem com excesso de peso na vida adulta
GÊNESE DA OBESIDADE
A criança aprende sobre o mundo e desenvolve o seu comportamento
Fatores psicossociais Ambiente familiar e escolar influenciam:
Na criação do sistema de valores
No comportamento alimentar
Desenvolvimento da auto-imagem e auto-estima da criança
Família é o maior exemplo reconsiderar seus próprios hábitos alimentares
Uma intervenção na alimentação da criança só surte efeito se acompanhada de uma mudança de comportamento da família
O que estamos fazendo de errado?
Características da nossa alimentação:
Cereais refinados (brancos)
Açúcar refinado
Sal em excesso
Carnes e laticínios em excesso
Substâncias xenobióticas
(conservantes, corantes artificiais,aromatizantes
artificiais, agrotóxicos, contaminantes)
Poucas fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes
CORANTES
Essenciais na indústria padronização e barateamento
dos produtos
Cores são escolhidas para atrair o consumidor
A maioria dos corantes utilizados em alimentos são sintéticos
Histórico de irresponsabilidade e antiética uso de
substâncias altamente tóxicas para adulterar alimentos impróprios para o consumo ou torna-los atrativos
Uma pesquisa realizada com 486 crianças hiperativas:
60% da amostra referiu problemas de
aumento da hiperatividade após o consumo de alimentos e bebidas coloridos artificialmente.
3 corantes sintéticos foram testados nessa amostra e em um grupo controle composto por 172 indivíduos:
tartrazina (INS 102): pode desencadear reações alérgicas (asma,
bronquite, urticária, rinite, náusea, eczema e dor de cabeça)
vermelho amaranto (E123): proibido nos Estados Unidos desde 1976
por ser possivelmente carcinogênico
amarelo crepúsculo (E110): banido na Noruega e Finlândia, que pode
provocar reações anafiláticas e alérgicas, semelhantes às causadas pela tartrazina
Essas substâncias integram a lista dos 11 corantes artificiais permitidos no Brasil.
CORANTES
23 crianças consumiram bebidas contendo o corante tartrazina:
a maioria apresentou aumento severo dos níveis de hiperatividade, agressividade, prejuízo à coordenação
motora, surgimento de asma e/ou eczema, comportamento violento e prejuízo à fala
A tartrazina está presente em alimentos industrializados sucos
artificiais, gelatinas, isotônicos, bolos prontos, sorvetes e salgadinhos
O corante amarelo crepúsculo também ocasionou essas reações, porém, em menor número e intensidade
CORANTES
Industrialização da alimentação
Produtos altamente processados de baixo valor nutricional em variadas embalagens coloridas
Produtos de marca possuem maior valor simbólico do que alimentos naturais e caseiros (sem embalagens e sem propagandas)
Universo do consumo o caseiro, natural e verdadeiramente saudável não são alvo de incentivo social
Alimentação natural e preparada de maneira caseira é associada à pobreza
Comida ultraprocessada é considerada a representação da globalização, do desenvolvimento tecnológico e da ascensão econômica
Processos psicológicos
O uso de junk food costuma ocorrer em função de uma manipulação dos adultos por parte das crianças
Os pais cedem às exigências dos filhos, mas devem demonstrar firmeza nessas situações
Caso contrário, esses comportamentos geram um ciclo vicioso que traz apenas malefícios à saúde psicossocial e física da criança
É importante que os adultos não caiam nessa chantagem emocional.
Os pais devem se conscientizar de que eles são os responsáveis pela alimentação da criança e não cabe a ela ainda decidir o que comer.
Não se deve forçar a criança a comer ou transformar o episódio durante a refeição em uma situação estressante.
O melhor é servir a preparação, incentivar a criança a comer (e dar o exemplo), mas deixa-la brincar com a comida, fazer sujeira e levar o seu tempo
Cada alimento deve ser oferecido cerca de 15 vezes, com preparos e apresentações diferentes, para estimular a criança a assimilar essa novidade.
Política e Alimentação
A disparidade entre o valor investido pelo governo em divulgação de hábitos promotores da saúde em comparação com o investido pelo setor alimentício em propaganda é chocante
Nos Estados Unidos, são gastos 51 milhões de dólares pelo governo federal para a divulgação de hábitos alimentares saudáveis e exercício físico, enquanto 1,6 bilhão é gasto pela indústria alimentícia em marketing de produtos hipercalóricos e pouco nutritivos
Mais de 3X o investimento em ações de promoção à saúde!
Casos Mc Donald’s e Coca-Cola
Sedentarismo e Mídia
Em média, as crianças passam 3 horas na escola e 5 horas assistindo televisão ou em frente ao computador por dia
Relação de horas em atividades sedentárias (televisão e computador) diretamente ligada ao aumento da obesidade
Excessiva exposição à publicidade imprime forte marca na formação psicossocial da criança
Mais de 70% da publicidade veiculada pela mídia fast food, guloseimas e bebidas açucaradas e artificiais
Publicidade de alimentos ocupa o 2º lugar no total de publicidade na televisão voltada ao público infantil
Crianças influenciam em 92% das compras de alimentos, tendo como fatores determinantes: publicidade na TV, personagem famoso e embalagem
Como resolver?
Regulamentação do marketing de alimentos
Qualidade das merendas escolares,
Implementação de ações de educação alimentar e nutricional, com especial atenção às crianças
Estudos indicam que as ações mais bem sucedidas são: as que tem duração de pelo menos um ano, que envolvem a família, que fazem parte das atividades regulares da escola e que são abordadas de maneira lúdica ou interativa.
Consumo consciente escolher e valorizar produtos ou
empresas que atendam às nossas exigências baseadas em princípios éticos.
Gostou???
Para mais detalhes, informações e referências, leia o artigo
completo Muito além do peso: o que estamos servindo às nossas crianças?, publicado no livro CINEMA, ÉTICA E SAÚDE: VOLUME 2 – DIREITOS HUMANOS (página 465), disponível gratuitamente
no link:
http://www.bestiario.com.br/CINEMA_ETICA_SAUDE_2.pdf
Muito obrigada pela atenção!