MULHERES NA PÓS-GRADUAÇÃO: QUAL O LUGAR DELAS? · ... antropóloga feminista que produz textos...

17
MULHERES NA PÓS-GRADUAÇÃO: QUAL O LUGAR DELAS? MICHEL ALVES FERREIRA 1 LINDAMIR SALETE CASAGRANDE 2 Resumo Este trabalho é desdobramento de uma pesquisa em andamento que terá como produto final a dissertação de mestrado, pretendendo mapear e discutir a presença e participação feminina na ciência e tecnologia (C&T) em um curso de pós-graduação stricto sensu da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), comparando-os com a presença masculina. O objetivo desta comunicação é apresentar um estudo comparativo entre o número de pesquisadoras e pesquisadores existentes nos programas de pós-graduação autorizados a oferecer vagas em nível de mestrado e doutorado no campus Curitiba da UTFPR em 2015. Buscou-de também identificar em quais cursos elas são mais presentes. Sabe-se que há pouco estímulo e muitas barreiras para as mulheres ingressarem e se manterem nas carreiras profissionais/acadêmicas de C&T, e este processo é perceptível desde a educação básica, refletidos nos números de mulheres que se interessam por conhecimentos exatos/tecnológicos. Isso reverbera consequentemente na quantidade de professoras/pesquisadoras presentes no ensino superior e na pós-graduação dessas carreiras. Os dados foram levantados nos sites de todos os programas ofertados pela UTFPR e nas bases de dados disponíveis da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), especialmente na Plataforma Sucupira, todos coletados no primeiro semestre de 2016. A análise destes dados apontou para a menor presença de mulheres nos cursos stricto sensu desta universidade, sendo que em um dos programas, o Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Energia (PPGSE) não há nenhuma mulher no quadro de professores/as. Somente dois programas, o Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental (PPGCTA) e o Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens (PPGEL) apresentam maior presença feminina do que masculina no quadro docente. Os dois cursos com conceito 5 na Capes: o Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE) e o Programa de Pós- Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial (CPGEI), tem maioria masculina dentre os docentes com 66,66% e 85,42% respectivamente. Com base nos dados apresentados nesta pesquisa se conclui que a pós- graduação stricto sensu da UTFPR se constitui como reduto masculino, pois os homens perfazem 72,33% do total de docentes que atuam neste nível de ensino. Palavras-Chave: Relações de Gênero; C&T; Participação Feminina. Considerações introdutórias Educação, Ciência e tecnologia são construtos do reconhecimento das influências dos grupos sociais nestes campos e dos espaços aos quais representam, não sendo possível afirmar categoricamente que eles são neutros. Também é possível inferir que, a educação expressa 1 Mestrando em Tecnologia e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade PPGTE, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Especialista em Neuropsicologia e Educação pelas Faculdades Itecne de Cascavel. Também é pesquisador do Núcleo de Gênero e Tecnologia GETEC da mesma universidade. Contato: [email protected]. 2 É Pós-Doutora em Estudos Interdisciplinares Sobre Mulheres, Gênero e Feminismos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Doutora e Mestra em Tecnologia pelo PPGTE. É Professora de matemática pela UTFPR desde 1994. Também faz parte do corpo docente do PPGTE. É pesquisadora e está na equipe de coordenação do GETEC, pela mesma universidade. E-mail para contato: [email protected].

Transcript of MULHERES NA PÓS-GRADUAÇÃO: QUAL O LUGAR DELAS? · ... antropóloga feminista que produz textos...

MULHERES NA PÓS-GRADUAÇÃO: QUAL O LUGAR DELAS?

MICHEL ALVES FERREIRA1

LINDAMIR SALETE CASAGRANDE2

Resumo

Este trabalho é desdobramento de uma pesquisa em andamento que terá como produto final a dissertação de

mestrado, pretendendo mapear e discutir a presença e participação feminina na ciência e tecnologia (C&T) em

um curso de pós-graduação stricto sensu da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR),

comparando-os com a presença masculina. O objetivo desta comunicação é apresentar um estudo comparativo

entre o número de pesquisadoras e pesquisadores existentes nos programas de pós-graduação autorizados a

oferecer vagas em nível de mestrado e doutorado no campus Curitiba da UTFPR em 2015. Buscou-de também

identificar em quais cursos elas são mais presentes. Sabe-se que há pouco estímulo e muitas barreiras para as

mulheres ingressarem e se manterem nas carreiras profissionais/acadêmicas de C&T, e este processo é

perceptível desde a educação básica, refletidos nos números de mulheres que se interessam por conhecimentos

exatos/tecnológicos. Isso reverbera consequentemente na quantidade de professoras/pesquisadoras presentes no

ensino superior e na pós-graduação dessas carreiras. Os dados foram levantados nos sites de todos os programas

ofertados pela UTFPR e nas bases de dados disponíveis da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (Capes), especialmente na Plataforma Sucupira, todos coletados no primeiro semestre de 2016. A

análise destes dados apontou para a menor presença de mulheres nos cursos stricto sensu desta universidade,

sendo que em um dos programas, o Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Energia (PPGSE) não há

nenhuma mulher no quadro de professores/as. Somente dois programas, o Programa de Pós-Graduação em

Ciência e Tecnologia Ambiental (PPGCTA) e o Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens

(PPGEL) apresentam maior presença feminina do que masculina no quadro docente. Os dois cursos com

conceito 5 na Capes: o Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE) e o Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial (CPGEI), tem maioria masculina dentre os docentes

com 66,66% e 85,42% respectivamente. Com base nos dados apresentados nesta pesquisa se conclui que a pós-

graduação stricto sensu da UTFPR se constitui como reduto masculino, pois os homens perfazem 72,33% do

total de docentes que atuam neste nível de ensino.

Palavras-Chave: Relações de Gênero; C&T; Participação Feminina.

Considerações introdutórias

Educação, Ciência e tecnologia são construtos do reconhecimento das influências dos

grupos sociais nestes campos e dos espaços aos quais representam, não sendo possível afirmar

categoricamente que eles são neutros. Também é possível inferir que, a educação expressa

1 Mestrando em Tecnologia e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade – PPGTE,

da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Especialista em Neuropsicologia e Educação pelas

Faculdades Itecne de Cascavel. Também é pesquisador do Núcleo de Gênero e Tecnologia – GETEC da

mesma universidade. Contato: [email protected].

2 É Pós-Doutora em Estudos Interdisciplinares Sobre Mulheres, Gênero e Feminismos pela Universidade Federal

da Bahia (UFBA). Doutora e Mestra em Tecnologia pelo PPGTE. É Professora de matemática pela UTFPR

desde 1994. Também faz parte do corpo docente do PPGTE. É pesquisadora e está na equipe de coordenação

do GETEC, pela mesma universidade. E-mail para contato: [email protected].

2

elementos de doutrinamento ideário da vida em sociedade, para fins específicos e produtivos

através das escolas, aparatos ideológicos do poder público e dos grupos detentores do poder

na sociedade, embora esses saberes possam produzir suas próprias ideologias através de suas

epistemologias constituídas/construídas (ALVES, 2002; FREITAG, 1980).

É pertinente destacar que as relações de poder entre os grupos sociais perpassam as

relações de gênero/sexo entre os sujeitos constituídos: ora sobrepujando, ora negando,

dominando ou imprimindo características e atributos de valor entre as categorias. Nesse

aspecto, os estudos de gênero em Ciência e Tecnologia (C&T) pretendem visibilizar aquelas e

aqueles que são desconsideradas e desconsiderados no processo de construção do saber

científico e tecnológico. Para este trabalho, discute-se o lugar das mulheres na pós-graduação,

assumindo aqui o pressuposto de que a C&T tem em sua personificação características

predominantemente masculinas, mas diga-se: masculinas perante o que é imposto pelos

grupos sociais reconhecidos como “detentores do poder” aos demais grupos na sociedade.

Este pensamento é corroborado pelo argumento de Cecilia Maria Bacellar Sardenberg

(2002), no sentido de que os estudos feministas possibilitam que a C&T considere as

mulheres, não somente na visibilização, mas na produção efetiva do conhecimento científico e

tecnológico, sendo “[...] chegada a hora de afirmarmos que o que fazemos, quando fazemos

tudo isso, é também o fazer de uma ciência feminista” (SARDENBERG, 2002, p. 113).

Considerando os pressupostos norteadores destacados nos parágrafos anteriores, o

objetivo central do artigo se fundamenta em apresentar um estudo comparativo entre o

número de pesquisadoras e pesquisadores atuantes nos programas de pós-graduação

autorizados a oferecer vagas em nível de mestrado e doutorado no campus Curitiba da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) em 2015. Vale destacar que este

estudo é componente de uma pesquisa em andamento e iniciada em março de 2016, que

resultará em uma dissertação a ser apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia

e Sociedade (PPGTE) da UTFPR, na qual se pretende verificar a presença e participação

feminina no Programa Stricto Senso mais antigo da UTFPR, integrante das chamadas hard

sciences3.

3 Campos do conhecimento que primam pelo pensamento lógico-matemático e pela reprodução de resultados

3

Como percursos metodológicos adotados, foi realizado o levantamento de presença

masculina e feminina nos respectivos programas stricto sensu da UTFPR, entre os meses de

março a junho de 2016, tendo como fontes de informação dados dos sites dos respectivos

programas, da própria UTFPR, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (Capes)4 e da Plataforma Sucupira5. Como recorte, foi escolhido o campus da capital

paranaense por ser o que possui o maior número de programas e os programas mais bem

avaliados da universidade pela Capes na avaliação trienal de 20136.

Com relação à organização deste trabalho, o mesmo está disposto em três grandes

pontos após esta consideração introdutória: o primeiro discorre sobre os construtos

acadêmicos de ciência, tecnologia e gênero, especificamente no tocante às mulheres na C&T.

Já o segundo apresenta os resultados preliminares obtidos no estudo comparativo,

relacionando com o corpo de estudo a ser desenvolvido na pesquisa que produzirá a

dissertação. No último ponto, serão feitas as considerações finais.

C&T e as mulheres

Duas correntes críticas à C&T são trazidas neste trabalho como elemento norteador da

esperados semelhantes e firmes em diferentes contextos; com a ausência da subjetividade são consideradas

hard sciences. As soft sciences são o oposto (LIMA e SOUZA, 2002; SCHIEBINGER, 2001). É importante

ressaltar que os autores deste trabalho, assim como as referências consultadas, não concordam com essas

divisões, pois além de promover a primazia de um conhecimento perante outro, descartando a sua

interdependência e interdisciplinaridade epistemológica, é reprodutora de estereótipos, o que legitima

preconceitos de acesso às minorias dos sujeitos às ciências duras. Apenas para ilustração, esse termo foi

mantido no artigo para evidenciar as questões de gênero na C&T. 4 A Capes é um órgão governamental ligado ao Ministério da Educação Brasileiro e é responsável pela avaliação

institucional dos programas, atribuindo requisitos mínimos de autorização e funcionamento através de

conceitos (numa escala onde 3 é o conceito mínimo e 7 é o conceito máximo). Nenhum programa no Paraná

atingiu o conceito máximo pela última avaliação trienal de 2013. Onze programas atingiram o conceito 6: a

Universidade Federal do Paraná (UFPR) com 7 programas e a Universidade Estadual de Maringá (UEM)

com 4 programas. A UTFPR conta com apenas 2 programas com conceito 5. Para maiores consultas, acessar

o relatório pelo sítio da Capes: <http://www.avaliacaotrienal2013.capes.gov.br/>.

5 Trata-se de uma base de dados para consulta aberta da Capes, onde concentram todos os dados acerca dos

Programas Stricto Sensu no país: estudantes, docentes, produção científica, propostas, financiadores, dados

cadastrais. Acesso: <https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/index.jsf>.

6 O relatório completo, ao qual aparecem os resultados da avaliação Capes sobre os programas descritos neste

trabalho, está disponível para consulta pública no link:

<http://www.avaliacaotrienal2013.capes.gov.br/resultados>.

4

pesquisa e pressuposto teórico fundante: os estudos de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS)

e os estudos da Filosofia da Ciência. A CTS se trata de um campo de trabalho interdisciplinar

e multidisciplinar, surgido no período pós segunda grande guerra do século passado nos

Estados Unidos e na Europa. A primeira forma, estadunidense, está interessada em refletir

acerca das consequências e efeitos gerados pelos artefatos, técnicas e tecnologias, imprimindo

aqui um caráter mais pragmático. A segunda forma, européia, analisa os fatores sociais e

econômicos que se relacionam com a C&T, caracterizada pelo Programa Forte, Relativismo, e

visão da ciência como um processo social. Sendo assim, as flexibilidades das interpretações

dos experimentos e resultados de pesquisas científicas e tecnológicas reforçaram a concepção

central europeia da CTS (LINSINGEN et. al. 2003).

Seus estudos questionam o caráter neutro da C&T, de modo que os sistemas, artefatos,

processos, métodos e técnicas produzidas têm em si mesmos componentes ideológicos e

políticos, servindo inclusive como elemento de dominação de um grupo social perante outro.

A CTS critica fortemente o caráter essencialista e triunfalista com que se produz C&T

(LINSINGEN et. al. 2003; MARX; SMITH, 1998; WINNER, 1986). Importante pontuar

temporalmente que a CTS foi influenciada também pelos reflexos dos movimentos da

contracultura estudantis e ambientalistas dos anos sessenta e setenta do século passado,

vivenciados basicamente no ocidente europeu e nos Estados Unidos.

Marilia Gomes de Carvalho (1998), antropóloga feminista que produz textos também

em CTS, destaca que a perspectiva determinística de se analisar e refletir acerca dos

fenômenos produzidos pelo ser humano, assim como as relações entre esses diferentes

fenômenos, influenciaram o determinismo científico e tecnológico como fundante de

progresso social. Significa dizer que quanto mais avançada tecnologicamente a sociedade for

maior o seu progresso social, o que para a autora isso se constitui em um erro, por se tratar de

uma visão reducionista e em alguns casos reprodutora de estereótipos afetivos, biológicos,

cognitivos e morais para valorar características de uma categoria de gênero em detrimento da

outra através de seus artefatos, métodos e processos.

Percebe-se uma forte crítica dessa autora à reificação da tecnologia (e por conseguinte

da ciência também) como alienante das pessoas que a produzem e consomem. A C&T é fruto

das necessidades de interação e controle sobre a natureza e sobre os demais grupos sociais,

5

onde também é possível identificar: que tecnologias são consideradas importantes,

fundamentais e/ou descartáveis para esses grupos, de modo que a “[...] revolução

‘tecnológica’ atual é assim o resultado do acúmulo de conhecimentos que vem se dando há

muito tempo, sendo impossível dizer qual foi o povo que mais contribuiui para esse

processo.” (CARVALHO, 1998, p. 93)

Interessante notar que, embora o texto de Carvalho (1998) tenha dezoito anos, é atual

no sentido de revelar contradições da C&T positivista, triunfalista e essencialista. Nesse

sentido é possível dizer que os estudos críticos feministas à C&T destacam que a

universalidade masculina naturalizada nesse campo deve ser subvertida, já que a C&T está

impregnada de valores e construtos culturais, poder e interesses econômico, indagando as

reais razões do aparente desinteresse e falta de aptidão das mulheres nas hard sciences.

Lourdes Bandeira (2008), além de Sardenberg (2002), argumentam em seus textos que

a universalização científica é perigosa, no sentido de desconsiderar outros sujeitos no

processo: suas características/identidades sociais, econômicas, religiosas, culturais e

cognitivas devem ser consideradas para derrubar o monopólio dos grupos sociais dominantes

hegemônicos que produzem e se intitulam a própria C&T, reproduzindo o patriarcado e a

dominação masculina como naturalizantes, invisibilizando consequentemente as mulheres na

C&T.

Interessante notar que essas autoras recorrem à filosofia da ciência, segunda corrente

crítica trazida a este trabalho, para questionar a presença e participação efetiva das mulheres

no pensar e produzir C&T. Aqui é pertinente recuperar as contribuições de Thomas Samuel

Kuhn (2006) no tocante aos paradigmas no processo epistemológico científico a partir da

filosofia da ciência, no sentido em que inexiste a neutralidade durante a utilização dos

pressupostos científicos válidos a cada caso. O autor correlaciona as mudanças de paradigmas

às mudanças contextuais políticas nas sociedades, de forma que os interesses dos grupos

sociais são determinantes na validação dos paradigmas que nortearão o saber e fazer científico

(e por conseguinte o tecnológico).

Quanto ao discurso científico e tecnológico, é importante frisar que a forma como este

comumente se produz e apresenta à sociedade quer a todo instante atestar um fundamento a

partir da uma realidade analisada para assim apresentar suas conclusões/leis. Novamente a

6

filosofia da ciência é util; Rubem Alves (2002, p. 139-140) descreve que

O discurso científico tem a intenção confessada de produzir conhecimento,

numa busca sem fim da verdade. Assim, ao entrar no mundo constituído pela

linguagem da ciência, descobrimo-nos, repentinamente, cercados de todos os

lados por questões epistemológicas. Em outras palavras: o que é decisivo,

aqui, é a relação entre o discurso e o objeto sobre que ele fala. Porque é nesta

relação que a verdade existe.

Para o autor, mais do que a verdade, a relação entre o discurso e o objeto científico e

tecnológico que possuem maior importância. Sendo assim, cada questão epistemológica e

cada relação cientificamente posta tem um caráter ideológico, o que converge para o quadro

teórico posto até aqui.

Nesse aspecto, os estudos críticos feministas à C&T podem ser considerados como

críticos ao próprio processo de fazer/saber científico e tecnológico se constituem em uma

forma de quebra paradigmática kuhniana, no sentido de que reivindica a presença,

participação e reconhecimento das mulheres que produzem C&T, denunciando a sua

invisibilidade enquanto categoria nos experimentos, produção e utilização de artefatos. Esses

mesmos artefatos interferem na saúde da mulher, nas relações de trabalho, nas relações

afetivas, com o próprio corpo, com outros sujeitos, inclusive no tocante à presença feminina

nas carreiras científicas e tecnológicas que produzem estes mesmos artefatos

(SCHIEBINGER, 2014).

Em seu estudo acerca das formas de violência simbólica que ocorrem em diferentes

cursos superiores do núcleo hard e soft, Lindamir Salete Casagrande e Ângela Maria Freire de

Lima e Souza (2015), autoras feministas influenciadas pelos construtos de CTS e da filosofia

da ciência, respeitando as suas devidas intersecções epistêmicas, apresentam uma certa

sistematização dos preconceitos e estereótipos de presença e participação feminina nas

carreiras científicas e tecnológicas (consideradas difíceis), não sendo lugares para mulheres.

Se convenciona de que elas não têm capacidade cognitiva, física e emocional de

estarem nesses cursos, mas o que é interessante é que essas convenções, chamadas pelas

autoras de violência de gênero, ocorrem desde a educação básica, o que reverbera certamente

na quantidade e volume de produção de mulheres na pós-graduação, recorte dado por este

estudo.

7

O que se percebeu nos construtos recuperados nesta seção textual é que tanto as

autoras e autores alinhadas/alinhados aos construtos de CTS, filosofia da ciência ou ambos,

entendem que a C&T podem ser operantes e reprodutoras em si mesmas de preconceitos,

estereótipos e dominação masculina. Também se percebeu que, para as autoras feministas

trazidas aqui, há o questionamento pela naturalização de atributos que reforçam a dominação

masculina nas diferentes instituições, especificamente nas de ensino, escopo deste trabalho.

Considerando que o quadro docente na educação básica é composto majoritariamente

por mulheres, de acordo com Kaciane Daniella Almeida e Nanci Stancki da Luz (2014),

especialmente em áreas do conhecimento que reforçam o atributo passividade/cuidado

feminino e materno no processo de ensino e aprendizado, porque esse quadro se inverte no

tocante às pesquisadoras que se dedicam às hard sciences? Mais: Como fazer com que o

acesso à pesquisa e docência nos programas stricto sensu de mulheres seja mais efetiva?

Corpo de estudo e resultados preliminares

Em 23 de setembro de 1909, a Escola de Aprendizes Artífices, instituição que quase

cem anos depois se transformaria na UTFPR, foi criada pelo governo federal com sede na

cidade de Curitiba. Em 1937 esta instituição voltou-se a ofícios e ocupações voltadas à

aprendizagem industrial, de acordo com as diretrizes nacionais e estadual, agora chamada de

Liceu Industrial do Paraná. Em 1978 são criados os Centros Federais de Educação

Tecnológica no Brasil, justamente para atender às demandas de ensino e mercado, federal e

estaduais na época (formação em massa de mão de obra especializada). Especificamente no

estado do Paraná, o antigo Liceu foi denominado Centro Federal de Educação Tecnológica do

Paraná (CEFET/PR). Nesse sentido, a sede estadual do então CEFET/PR ficou na cidade de

Curitiba. Havia, até os anos 2000, mais cinco unidades do CEFET/PR distribuídas pelo estado

paranaense. Hoje, a sede do CEFET/PR é a Sede Centro do campus Curitiba da UTFPR, além

de abrigar a reitoria da universidade. A Universidade tem, atualmente, 14 campi universitários

espalhados pelo Paraná (LIMA FILHO, 2005; UTFPR, 2016).

A partir dos anos 80 e 90, o CEFET/PR passou a ofertar cursos superiores e de pós-

graduação lato/stricto sensu. Em 2005, o CEFET/PR transformou-se na primeira e única

Universidade Tecnológica Federal. (LIMA FILHO, 2005; UTFPR, 2010). São três as sedes

8

que compõem o campus Curitiba. A que herdou a estrutura do antigo CEFET/PR é a Sede

Centro e as outras duas estão localizadas nos bairros Campo Comprido (sede Ecoville) e

Cidade Industrial (Sede Neoville).

Com relação aos programas stricto sensu do campus Curitiba da UTFPR: existem

atualmente 16 programas autorizados e/ou em funcionamento, porém para fins

metodológicos, serão apresentados os resultados de 14 programas. Os dois programas

excluídos do estudo iniciaram suas atividades após 2015, recorte temporal adotado. Quatro

dos 14 programas stricto senso possuem cursos de mestrado e doutorado. Destes quatro, dois:

o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais (PPGEM) e o

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPGEC) possuem conceito quatro. Já o

Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE) e o Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial (CPGEI) possuem conceito cinco

na avalição da Capes, sendo os melhores avaliados. Dez programas possuem apenas o

mestrado, sendo que seis dos 14 programas são mestrados profissionais e os programas

restantes são acadêmicos.

Os resultados do levantamento realizado nos sítios dos 14 programas, com domínio

UTFPR (2016), no sítio da Capes, no setor de recursos humanos da UTFPR e na Plataforma

Sucupira são apresentados a seguir, dispostos em seis gráficos: total de docentes nos cursos,

docentes de acordo com as áreas de classificação do conhecimento pela Capes, docentes

existentes em cada um dos programas e comparativo entre a presença de homens e mulheres

nas hard sciences e soft sciences.

A tabela 1 apresenta as características principais dos programas abordados neste

estudo. Procurou-se dispor as informações obtidas de acordo com o tipo de programa, o

conceito atribuído pela última avaliação da Capes e as suas respectivas áreas do

conhecimento.

Tabela 1: Características dos programas analisados

Programa Sigla Mestrado

Acadêmico

Mestrado

Profissional

Doutorado Conceito

Capes

2013

Área Capes

Engenharia Elétrica e Informática Industrial CPGEI SIM NÃO SIM 5 Engenharias

Administração PPGA SIM NÃO NÃO 3 Sociais

Aplicadas Computação Aplicada PPGCA NÃO SIM NÃO 3 Exatas/Terra

9

Ciência e Tecnologia Ambiental PPGCTA SIM NÃO NÃO 3 Ciências

Ambientais

Engenharia Biomédica PPGEB NAO SIM NÃO 3 Engenharias Engenharia Civil PPGEC SIM NÃO SIM 4 Engenharias

Estudo de Linguagens PPGEL SIM NÃO NÃO 3 Linguística

Engenharia Mecânica e de Materiais PPGEM SIM NÃO SIM 4 Engenharias Formação Científica, Educacional e Tecnológica PPGFCET NÃO SIM NÃO 3 Ensino de

Ciências / Matemática

Planejamento e Governança Pública PPGPGP NÃO SIM NÃO 3 Sociais

Aplicadas Química PPGQ SIM NÃO NÃO 3 Exatas/Terra

Sistemas de Energia PPGSE NÃO SIM NÃO 3 Engenharias

Tecnologia e Sociedade PPGTE SIM NÃO SIM 5 Multidisciplinar Matemática em Rede Nacional PROFMAT NÃO SIM NÃO 5 Exatas/Terra

Total 14 8 6 4 * 7

Fonte: Dados obtidos nos sítios da UTFPR, Base de dados Capes e Plataforma Sucupira – elaboração própria

Percebe-se que nove dos 14 programas apresentam o conceito mínimo na última

avaliação realizada pela Capes (3): dois das ciências exatas/terra, os dois programas das

sociais aplicadas, o programa da área de linguística, o programa de ensino de

ciências/matemática, dois das engenharias e o programa das ciências ambientais.

Gráfico 1: Total de docentes presentes no Campus Curitiba da UTFPR no final de 2015

Fonte: Dados obtidos no setor de Recursos Humanos (RH) da UTFPR – elaboração própria

O Gráfico 1 dispõe a informação quantitativa do total de docentes do Campus

Curitiba, independentemente se esses são atuantes nos 14 programas analisados.

O total de docentes presentes e atuantes no Campus Curitiba da UTFPR é de 752

profissionais. Esse montante é composto de mulheres e homens com titulações distribuídas

10

em graduação, especialização, mestrado ou doutorado. Desse total apenas 34,31% são

mulheres totalizando 258 professoras (Gráfico 1). Os homens correspondem a maioria, com

65,69% ou 494 professores. O gráfico 2 apresenta o levantamento de doutoras e doutores

presentes no Campus Curitiba.

Gráfico 2: Total de doutoras e doutores no Campus Curitiba da UTFPR no final de 2015

Fonte: Dados obtidos no setor de Recursos Humanos (RH) da UTFPR – elaboração própria

De acordo com os dados fornecidos pelo setor de recursos humanos da UTFPR, há

496 docentes com a titulação de doutoras e doutores, presentes no Campus Curitiba (Gráfico

2). Destes, 63,71% (equivalente a 316 docentes) são homens e 36,29% (180) são mulheres.

Estão desconsideradas nesta contagem os/as docentes sem doutorado e os/as que exercem

cargos administrativos na Reitoria (28 pessoas, sendo dez mulheres e 18 homens). É possível,

porém, que algumas dessas pessoas lotadas na Reitoria também estejam atuando nos

programas de pós-graduação existentes na universidade.

Comparando os dados dos Gráficos 1 e 2 percebe-se que há uma pequena diferença

entre a porcentagem de professoras do quadro docente (34,31%) e a porcentagem de

professoras com doutorado (36,29%). Estes números indicam que as mulheres buscam maior

titulação do que os homens. Com base nestes dados, entretanto, não é possível entender as

razões para este fato.

11

Gráfico 3: Total de docentes nos Cursos Stricto Sensu da UTFPR no final de 2015

Fonte: Dados obtidos nos sítios da UTFPR, Base de dados Capes e Plataforma Sucupira – elaboração própria

O Gráfico 3 apresenta a quantidade de docentes que atuam nos programas analisados.

Do total de 318 docentes distribuídos pelos 14 programas, 88 são mulheres, representando

27,67% e 72,33% são homens. Percebe-se a baixa representatividade feminina e essa

discrepância é acentuada quando foram combinados os resultados dos Gráficos 2 e 3 em um

novo gráfico, mantendo-se a tendência da baixa presença feminina na universidade. Percebe-

se que elas compõem 36,29% do total de docentes com doutorado (Gráfico 2) e apenas

27,67% do total de docentes da pós-graduação (Gráfico 3). Com base nestes dados surge um

questionamento: Por que o restante das doutoras presentes não se credenciam em um curso de

pós-graduação?

Gráfico 4: Comparativo da presença feminina X presença masculina no Campus Curitiba no final de 2015

Fonte: Dados obtidos nos sítios da UTFPR, Base de dados Capes e Plataforma Sucupira – elaboração própria

12

Apenas 48,88% do total de 180 doutoras do Campus Curitiba atuam nos cursos stricto

sensu. Do total dos homens, 72,78% do total de 316 doutores atuam nestes cursos analisados.

quando se verifica em que áreas há maior presença feminina, a partir das áreas do

conhecimento norteadas pelos critérios da Capes, as diferenças se acentuam, apresentadas no

gráfico 5. Apenas as àreas de linguística e ciências ambientais possuem mais mulheres do que

homens pesquisadores/professores, ambos os cursos localizados na área considerada soft

science.

Gráfico 5: Total de docentes da Pós-Graduação da UTFPR por área de classificação da Capes no final de 2015

Fonte: Dados obtidos nos sítios da UTFPR, Base de dados Capes e Plataforma Sucupira – elaboração própria

Quando se verificam as diferenças de representatividade entre cada um dos

programas, é ainda mais perceptível a falta de representatividade feminina nas chamadas hard

sciences, de acordo com o gráfico 5. Nota-se ainda na análise do gráfico que a área de

engenharia é a que possui a maior diferença representativa entre mulheres e homens. As

mulheres representam apenas 12,88% e os homens 87,12% do quadro docente da área.

Vale ressaltar que 8 dos 14 programas da universidade apresentados neste trabalho

pertencem às hard sciences, sendo que cinco são das diferentes engenharias e três são das

áreas de ciências exatas e da terra. Quanto aos programas das soft sciences, um deles é da área

de linguística, um da área de ciências ambientais, outro da área de ensino de ciências e

13

matemática, um da área multidisciplinar e dois na área de sociais aplicadas, totalizando 6

programas. Passa-se agora à quantidade de mulheres e homens presentes em cada um dos

programas.

Gráfico 6: Total de docentes por programa no ano de 2015

Fonte: Dados obtidos nos sítios da UTFPR, Base de dados Capes e Plataforma Sucupira – elaboração própria

O gráfico 6 apresenta as quantidades de docentes/pesquisadoras e pesquisadores em

cada um dos 14 programas analisados. Há um programa em específico da área de engenharias

que não possui nenhuma mulher professora/pesquisadora atuante e os programas que contém

maior presença e participação feminina (e mesmo aqueles que a presença é significativa)

pertencem às convencionadas soft sciences. Esse dado levantado corrobora com as

considerações de Casagrande e Lima e Souza (2015) quando argumentam que desde a

educação básica, as mulheres são desestimuladas a se interessarem pelas carreiras científicas e

tecnológicas, em razão de diferentes maneiras de violência de gênero sofridas ao longo da

vida escolar. As que persistem e chegam à pós-graduação também não estão livres dessas

formas de violências, e durante a realização da pesquisa que resultará na dissertação se espera

identificar mais claramente elementos debatidos neste trabalho.

14

O programa mais antigo da UTFPR possui, proporcionalmente a menor presença

feminina, que é o CPGEI, programa com histórico na universidade desde 1988. No ano de

1999 este programa passou a oferecer curso de doutorado. Ao lado do PPGTE, existente desde

1995, são os programas com a melhor avaliação conceitual pela Capes, juntamente com o

Programa de formação de professores em Matemática (PROFMAT) que é ofertado em rede.

Um terço do corpo docente do PPGTE é composto de mulheres, porém este também se

encontra na área considerada como soft sciences.

O Último gráfico (GRÁFICO 7) apresenta as diferenças entre a presença e

participação feminina nas hard e soft sciences.

Gráfico 7: Comparativo da presença feminina e masculina nos programas no ano de 2015

Fonte: Dados obtidos nos sítios da UTFPR, Base de dados Capes e Plataforma Sucupira – elaboração própria

Em ambos os casos o número de mulheres é menor do que o número de homens,

porém no caso das soft sciences a diferença percentual é menor entre mulheres (43,48%) e

homens (56,52%) do que nas hard sciences na qual as mulheres representam apenas 19,51%,

contra 80,49% de homens professores e pesquisadores, o que certamente corrobora com as

considerações e tessituras teóricas desenvolvidas até aqui.

Todas as informações apresentadas neste corpo de estudo do trabalho suscitam

questionamentos a serem verificados ao longo do processo que se encerrará com a

dissertação: em que aspectos essa pouca presença e participação são frutos de preconceitos e

estereótipos de gênero institucionalizados, desde a educação básica, especialmente no CPGEI,

programa mais antigo da universidade, pertencente às hard sciences? Como permitir que os

15

resultados levantados durante o processo de realização da dissertação forneçam bases para

que o respectivo programa, assim como a própria universidade, fomente e efetive a presença e

participação de grupos sociais minoritários ao que se convenciona como gênero e sexo

dominante, especificamente a mulher em uma universidade tecnológica de relevância para o

histórico paranaense e nacional?

Considerações finais?

Os passos realizados que permitiram a construção deste trabalho deixam evidente que

o fazer e saber científico está permeado de disputas de poder entre os diferentes grupos sociais

e esse poder perpassa pelas questões de sexo e gênero. O desafio em reconhecer que o

caminho de desconstrução de estereótipos que permeiam as relações de gênero é longo e por

vezes difícil, ainda mais em um país onde há carência informacional, alimentícia, econômica,

cultural, de acesso a melhores condições de vida. Especialmente das minorias, todas elas.

Os resultados deste trabalho evidenciaram que a baixa presença/participação feminina,

especialmente nas hard sciences, onde estas representam menos de 20%, de acordo com os

resultados obtidos, precisa ser debatido pelas instâncias da própria universidade e dos seus

respectivos programas. Mesmo os programas das soft sciences a presença feminina é menor

em comparação à masculina, havendo programas aos quais a presença de

pesquisdoras/professoras é menor do que 1/3 do total, o que suscita o interesse em investigar

se há estereótipos de gênero e preconceitos institucionalizados na universidade. Desvelar

elementos que dificulte ou impeça a presença da mulher na pós-graduação é fundamental para

responder adequadamente à pergunta título deste trabalho.

É no cotidiano e nas diferentes instâncias/instituições da sociedade que é possível

democratizar o acesso científico e tecnológico, jamais em lugares distantes da população.

Pensar o desenvolvimento efetivo de uma nação diz respeito a criar condições para que as

mulheres, categoria defendida para este estudo, se reconheçam e sejam reconhecidas como

participantes e atuantes do fazer e saber científico. Por isso estas considerações são apenas o

começo de uma jornada onde se busque responder dignamente à pergunta título: o lugar das

mulheres não é somente na academia, mas em quaisquer lugares e é hora de trabalhar para

isto.

16

Referências

ALMEIDA, Kaciane Daniella. LUZ, Nanci Stancki. Educação sexual: uma discussão para a

escola? Curitiba: Appris, 2014.

ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Loyola,

2002.

BANDEIRA, Lourdes. A contribuição da crítica feminista à ciência. Estudos feministas.

Florianópolis, v.16, n. 1, jan./abr. 2008. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0104-

026X2008000100020>. Acesso em: 20 jun. 2016.

CARVALHO, Marília Gomes de. Tecnologia e sociedade. In: BASTOS, João Augusto de

Souza Leão de Almeida. Tecnologia & interação. Curitiba: Cefet/PR, 1998, cap. 5, p. 89-

102.

CASAGRANDE, Lindamir Salete; LIMA E SOUZA, Ângela Maria Freire de. Violência

simbólica de gênero em duas Universidades Brasileiras. In: WANZINACK, Clóvis;

SIGNORELLI, Marcos Claudio (orgs). Violência, gênero e diversidade: Desafios para a

educação e o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Autografia, 2015, p. 79-108.

FREITAG, Bárbara. Quadro Teórico. In: Escola, estado e sociedade. São Paulo: Editora

Moraes LTDA, 6ª Ed., 1986, p.15-43.

KUHN, Thomas Samuel. A estrutura das revoluções científicas. Trad.de Beatriz Vianna

Boeira e Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva, 9ª Ed. 2006.

LIMA E SOUZA, Ângela Maria Freire de. O viés androcêntrico em biologia. In: COSTA,

Ana Alice Alcântara; SARDERNBERG, Cecília Maria Bacellar (orgs). Feminismo, ciência e

tecnologia: Salvador: REDOR/NEIM-FFCH/UFBA, 2002, p. 77-88.

LIMA FILHO, Domingos Leite. A universidade tecnológica e sua relação com o ensino médio

e a educação superior: discutindo a identidade e o futuro dos CEFETs. Perspectiva.

Florianópolis: v. 23, n. 02, jul./dez. 2005, p. 349-380. Disponível em:

<https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/9762/8992>. Acesso em: 16

jun. 2016.

LINSINGEN, Irlan V.; BAZZO, Walter A.; PEREIRA, Luiz T.V. O que é ciência, tecnologia e

sociedade? In: ________. Introdução aos estudos CTS: ciência, tecnologia e sociedade.

Espanha? OEI, 2003. p.119-156 (Cadernos de Ibero-América). Disponível em:

<http://oei.es/salactsi/Livro_CTS_OEI.pdf>. Acesso em: 10 mai. 2016.

MARX, Leo; SMITH, Merrie Roe. Introduction. In:_______ (Eds.). Does technology drive

history? The dilemma of technical determinism. Cambridge, Massachusetts. USA:MIT Press,

1998, p. IX-XV. Disponível em: <http://www.open.ac.uk/blogs/sirg/wp-

content/uploads/2011/05/1-Marx+Smith-DoesTechnologyDriveHistory-Intro2.pdf>. Acesso

em: 24 mai. 2016.

SARDERNBERG, Cecília Maria Bacellar. Da crítica feminista à ciência a uma ciência

feminista. In: COSTA, Ana Alice Alcântara; SARDERNBERG, Cecília Maria Bacellar (orgs).

Feminismo, ciência e tecnologia: Salvador: REDOR/NEIM-FFCH/UFBA, 2002, p. 89-120.

17

SCHIEBINGER, Londa. Expandindo o kit de ferramentas agnotológicas: métodos de análise

de sexo e gênero. Revista Feminismos. v. 2, n. 3, set./dez. 2014. Disponível em:

<http://www.feminismos.neim.ufba.br/index.php/revista/article/view/125/128>. Acesso em:

21 jun. 2016.

__________. O feminismo mudou a ciência? Trad.de Raul Fiker. Bauru: Edusc, 2001.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 22ª ed. rev. e ampl.

São Paulo: Cortez, 2002.

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Normas para a elaboração

de trabalhos acadêmicos. Curitiba: UTFPR, 2008.

WINNER, Langdon. Artefatos tem política? Daedalus, v. 109, n. 01, p. 121-136, win. 1980.

Trad.: Fernando Manso. Disponível em:

<http://www.necso.ufrj.br/Trads/Artefatos%20tem%20Politica.htm>. Acesso em: 12 jun.

2016.