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MULHERES QUE SE DISTINGUIRAM NAS CIÊNCIAS ANTIGUIDADE Maria, a Judia (aproximadamente 273 AC) Maria era uma antiga filósofa grega e famosa alquimista, irmã de Moisés, que viveu no Egipto por volta do ano de 273 a.C. Alguns historiadores situam-na na época de Aristóteles (384-322 a.C.), uma vez que a concepção aristotélica dos quatro elementos formadores do mundo (o fogo, o ar, a terra e a água) condiz bastante com as ideias alquimistas de Maria, como o axioma de Maria: “o Um torna-se Dois, o Dois torna-se Três, e do terceiro nasce o Um como Quatro.” De entre as invenções de Maria estão o kerotakis, uma espécie de barril fechado e o banho de vapor. Tendo em vista efectuar um aquecimento lento e gradual dos elementos das suas experiencias, em vez de manipular as substâncias directamente no fogo, ela descobriu que era possível controlar melhor a temperatura se fosse por meio da água o que até hoje chamamos de “banho-maria”. Para além disso, inventou ainda dois equipamentos de destilação (alambique), com duas ou três saídas para destilados o dibikos e o tribikos e um aparelho para sublimação, sendo ainda atribuída a descoberta do ácido clorídrico. A maior parte das suas escrituras foram conservadas por Zósimos de Panópolis (300 d.C.), um alquimista grego do final do século III, que escreveu os livros de alquimia mais antigos de que se tem notícia.

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MULHERES QUE SE DISTINGUIRAM NAS

CIÊNCIAS

ANTIGUIDADE

Maria, a Judia (aproximadamente 273 AC)

Maria era uma antiga filósofa grega e famosa

alquimista, irmã de Moisés, que viveu no

Egipto por volta do ano de 273 a.C. Alguns

historiadores situam-na na época de Aristóteles

(384-322 a.C.), uma vez que a concepção

aristotélica dos quatro elementos formadores do

mundo (o fogo, o ar, a terra e a água) condiz

bastante com as ideias alquimistas de Maria,

como o axioma de Maria: “o Um torna-se Dois,

o Dois torna-se Três, e do terceiro nasce o Um

como Quatro.” De entre as invenções de Maria

estão o kerotakis, uma espécie de barril fechado

e o banho de vapor. Tendo em vista efectuar um

aquecimento lento e gradual dos elementos das

suas experiencias, em vez de manipular as

substâncias directamente no fogo, ela descobriu que era possível controlar melhor a

temperatura se fosse por meio da água – o que até hoje chamamos de “banho-maria”. Para

além disso, inventou ainda dois equipamentos de destilação (alambique), com duas ou três

saídas para destilados – o dibikos e o tribikos – e um aparelho para sublimação, sendo ainda

atribuída a descoberta do ácido clorídrico. A maior parte das suas escrituras foram

conservadas por Zósimos de Panópolis (300 d.C.), um alquimista grego do final do século

III, que escreveu os livros de alquimia mais antigos de que se tem notícia.

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DOS PRIMÓRDIOS DA ERA CRISTÃ ATÉ AO SÉCULO XVIII, INCLUSIVE

Hypatia de Alexandria (370- 415)

Hypatia nasceu em Alexandria, na Grécia,

por volta do ano 370 e morreu em 415. Foi

uma mulher não apenas ligada à ciência e à

matemática, mas também à filosofia. Era

professora de uma escola neoplatónica, sendo

uma acérrima defensora dos estudos da lógica

e da matemática e uma grande crítica da

religião e do misticismo. No campo da

astronomia, considera-se que foi a inventora

do astrolábio, do planisfério e do hidrómetro.

No campo da matemática, os seus escritos

foram importantes para o desenvolvimento

das hipérboles, das parábolas e das elipses,

tendo sido inspirada sobretudo por Pitágoras. Na historiografia contemporânea ela é

apontada como a melhor filósofa do seu tempo, ultrapassando todos os outros filósofos,

sendo ainda admirada pela sua extraordinária dignidade e virtude. Os seus Mestres na

filosofia foram Platão e Aristóteles. A proeminência de Hypatia era acentuada pelo facto de

ser simultaneamente mulher e pagã. Ela tinha, aliás, um comportamento pouco comum para

a época: exercia uma liderança na política e na luta contra as superstições e conduzia a sua

própria carroça, o que era visto como impróprio a uma senhora.

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Sophie Brahe (1556 – 1643)

Sophie Brahe foi uma mulher dinamarquesa

especialista em horticultura e estudante de

astronomia, química e medicina, tendo ficado

conhecida por ter coadjuvado o seu irmão Tycho

Brahe na realização de importantes observações

astronómicas. Viveu entre 1556 e 1643, tendo

conhecido sérios problemas financeiros pelo facto

de lhe ter sido retirado o dinheiro a que tinha

direito, devido à sua opção em estudar ciências.

Na realidade, a família encorajou-a a estudar

sobretudo horticultura e química, mas a sua

determinação fê-la desbravar outros campos do 3

saber, através da leitura de livros em alemão e de

livros em latim que ela pagava para serem traduzidos. Aliás, ela e o irmão foram muito

cúmplices na atitude de se interessarem pela ciência, pois a família entendia que estas não

eram actividades dignas das pessoas nobres. O interesse de Sophie pelo estudo da química e

da medicina alinhava-se com as ideias de Paracelsus, segundo o qual pequenas doses de

veneno poderiam servir como importantes fármacos. De entre as diversas actividades que

desenvolveu contam-se, por exemplo, a criação e manutenção de jardins de uma beleza

excepcional, a produção de horóscopos e a redacção da genealogia das famílias nobre da

Dinamarca, cuja primeira edição foi publicada em 1626.

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Elisabeth Hevelius (1647- 1693)

Elisabeth Hevelius viveu entre 1647 e 1693 e

pertencia a uma rica família de mercadores

que vivia na cidade de Danzig (actual Gdanks,

Polónia), a qual pertencia à Liga Hanseática.

O seu casamento com Hevelius, em 1663,

permitu-lhe desenvolver o seu interesse

pessoal pela astronomia, tendo passado a

colaborar com o seu marido na gestão do

Observatório que este possuía em Danzig.

Após a morte de Hevelius, em 1687, Elisabeth

concluiu e publicou a obra que ambos estavam

a compilar, com o título Prodromus astronomiae (1690), que consistia num catálogo de

1.564 estrelas e suas respectivas posições. Por estes feitos, Elisabeth foi considerada a

primeira mulher astrónoma e apelidada como “a mãe das cartas da lua”.

Émilie de Breteuil (1706-1749)

Émilie de Breteuil, também conhecida como

Marquesa de Châtelet, foi uma matemática

francesa que viveu entre 1706 e 1749. Sendo de

uma família abastada, Émilie recebeu uma

educação muito à frente do seu tempo para a

época, pois o seu pai permitiu-lhe aprender latim,

grego e alemão, e nunca a considerou apenas uma

“mulher a casar”, para assegurar 4

descendência. Ao longo da sua vida, Émilie

conviveu com nomes como Rousseau e Voltaire,

tendo este último considerado que ela seria

superior a ele, em virtude dos seus conhecimentos.

Voltaire estimulou Émilie a traduzir para a língua francesa o Principia Mathematica de

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Newton, trabalho que ela concluiu no ano da sua morte e que foi entregue à Biblioteca Real

do Rei Luís XIV. Nesta tradução foram ainda incluídos comentários seus, incluindo as suas

ideias relativas aos mecanismos envolvidos na noção de conservação da energia. Alguns

anos antes da conclusão desta tradução, em 1937, Émilie publicou um trabalho intitulado

Dissertação sobre a natureza e a propagação do fogo, baseado nas suas investigações sobre

a ciência do fogo. Estes estudos foram os precursores daquilo a que hoje se chama a

radiação infravermelha e da natureza da luz. Em sua homenagem foi dado o seu nome a

uma cratera de Vénus.

Caroline Herschel (1750- 1848)

Caroline Herschel foi uma astrónoma inglesa nascida na

Alemanha em 1750. Sendo irmã do astrónomo Sir William

Herschel, Caroline trabalhou com ele toda a sua vida. A sua

contribuição mais importante para a astronomia foi a

descoberta de vários cometas e em particular do cometa

periódico 35P/Herschel-Rigollet, que foi baptizado com o

seu nome. Tendo começado inicialmente por aprender

música e por ter aulas de canto, por influência do irmão que

tinha uma carreira musical como vocalista e organizador de

concertos, Caroline e William descobriram

progressivamente a paixão pela matemática e pela

astronomia. Aquilo que para eles era um passatempo passou a tornar-se na sua actividade

principal. Em virtude da sua colaboração com o irmão nas actividades de astrónomo do

primeiro, o Rei Jorge III decidiu atribuir a Carolina uma renda de quinze libras, facto que

pode ser considerado como a primeira vez em que uma mulher foi reconhecida pela sua

actividade científica. Antes da sua morte, Caroline catalogou em Inglaterra todas as suas

descobertas, tendo sido proclamada membro honorário da Sociedade Real de Astronomia e

da Academia Real Irlandesa. Recebeu ainda a Medalha de Ouro da Ciência da parte do Rei

da Prússia.

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Marie-Anne Pierette Paulze (Madame Lavoisier) (1758-1836)

Marie-Anne Paulze foi uma química francesa que

viveu entre 1758 e 1836 e é considerada a “mãe da

química moderna”. Casou-se antes de completar 14

anos com Antonio Lavoisier, com quem passou a

colaborar nas suas experiencias laboratoriais. Durante

dez anos dedicou-se à aprendizagem da química e da

língua inglesa. Nesta sequência, passou a dirigir o

laboratório nas ausências do marido e começou a

dedicar-se à tradução de obras científicas

extremamente importantes, do inglês para o francês e

vice-versa. Foi ainda uma exímia ilustradora das

publicações científicas do seu marido, representando

com grande minúcia os aparelhos utilizados nas experiências laboratoriais descritas. Os seus

trabalhos iniciais foram sobre a natureza do gesso e depois sobre tipos de iluminação

pública. Após a morte do seu marido, que foi guilhotinado em 1794, Marie-Anne continuou

os seus estudos e publicações. Viveu até aos 78 anos de idade e acabou por não ter o

reconhecimento devido, pois ninguém se interessou por escrever a sua biografia.

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Mary Anning (1799-1847)

Mary Anning foi considerada a maior especialista em

fósseis que o mundo alguma vez conheceu. De

naturalidade inglesa, viveu entre 1799 e 1847, sendo

oriunda de uma família numerosa de poucos recursos

económicos. Para conseguir obter proventos

suplementares ao fraco rendimento do pai, todos os

membros da família costumam coleccionar e vender

fósseis que apanhavam nas falésias da cidade de Lyme

Regis, situada no litoral sul do país. Acredita-se que

uma das primeiras grandes descobertas de Mary Anning

aconteceu quando ela tinha apenas 10 ou 12 anos de

idade e tratou-se do primeiro exemplar da espécie

Ichthyosaurus a ser conhecido pela comunidade

científica de Londres. Com a morte prematura do seu progenitor, Mary Anning intensificou

a sua capacidade de observação e de descoberta de material fóssil com utilidade científica e

começou a liderar o negócio da família neste domínio, o qual lhes permitia obter dinheiro

para sobreviverem. De um ponto de vista científico, a sua maior descoberta talvez tenha

sido o primeiro Plesiosaur. A falta de documentação que comprovasse as suas aparentes

geniais capacidades levou-a a ser quase esquecida 6

no domínio da paleontologia. No entanto, o facto de ser mulher e de ser oriunda de uma

família de baixo estatuto constituíram factores que chamaram a atenção da comunidade

científica para o trabalho de Mary Anning, sendo para alguns impossível que ela possuísse

todo o conhecimento que parecia evidenciar. Na realidade, ela não era apenas uma

coleccionadora de fósseis, sendo antes disso alguém que compreendia o valor dos achados

em termos científicos.

Ada Lovelace (1815-1852)

Ada Lovelace, de naturalidade inglesa, é reconhecida como a primeira programadora de

computador de toda a história. Foi a única filha legítima de Lord Byron e viveu entre 1815 e

1852. Considerada uma matemática talentosa, ficou conhecida principalmente por ter

escrito um programa que poderia ter utilizado a máquina analítica de Charles Babbage,

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constituída por unidade de controlo de memória, de aritmética, de entrada e de saída. Esta

máquina teve como objectivo ultrapassar os erros contidos nas tabelas matemáticas da

época e consistiu num avanço notório, após dez anos de trabalho no desenvolvimento de

uma primeira máquina, chamada máquinas das diferenças. Ada criou vários programas para

a máquina analítica e é, por isso, uma das poucas mulheres da história a figurar na área do

processamento de dados. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América criou

uma linguagem computacional a que chamou Ada, em sua homenagem. Em 1980 este

mesmo Departamento aprovou o Manual de Referência da dita linguagem, tendo sido criado

o código “MIL-STD- 1815”, que inclui a data de nascimento de Ada Lovelace. Também

para manter vivo o seu legado, a Sociedade Britânica de Computadores tem oferecido desde

1998 uma medalha com o seu nome e em 2008 iniciou uma competição anual para as

estudantes das áreas das ciências computacionais.

SÉCULOS XIX E XX

Marie Curie (1867 – 1934)

Marie Currie (com o nome de solteira Maria

Sklodowska) foi uma cientista francesa de origem

polaca que viveu entre 1867 e 1934. Foi galardoada

(em conjunto com o seu marido Pierre Curie e com

Henri Becquerel) com o Prémio Nobel da Física em

1903 pelas suas descobertas no campo da

radioactividade, que era um fenómeno pouco no

início do século XX, e como Prémio Nobel da

Química, em 1911, pela descoberta dos elementos

químicos rádio e polónio (nome que pretendia

homenagear a sua terra natal). Licenciou-se em

Ciências Matemáticas e Física na Sorbonne, em

Paris, e foi a primeira mulher a leccionar nesta

instituição de ensino superior. Numa atitude desinteressada, nunca patenteou o processo de

isolamento do rádio, permitindo a investigação das propriedades deste elemento por toda a

comunidade científica. Fundou o Instituo do Rádio, em Paris, que dirigiu até à sua morte.

Foi a primeira mulher a receber um Prémio Nobel e foi a primeira pessoa a receber dois

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Prémios Nobel em áreas diferentes. Morreu com leucemia aos 67 anos de idade,

provavelmente em virtude da exposição maciça que sofreu a radiações durante o seu

trabalho enquanto cientista.

Irène Joliot-Curie (1897- 1956)

Irène Joliot-Curie foi uma cientista francesa da área da

química, que viveu entre 1897 e 1956, sendo filha de

Marie Skodowska-Curie e de Pierre Curie e esposa de

Frédéric Joliot-Curie. Juntamente com o seu marido,

Irène Joliot-Curie recebeu o Prémio Nobel da Química

em 1935 pela descoberta da radioactividade artificial. A

atribuição deste Prémio Nobel trouxe a Irène fama e

reconhecimento por parte da comunidade científica,

tendo sido galardoada com o lugar de Professora na

Faculdade de Ciências de Paris, em 1937. A sua

investigação sobre a acção dos neutrões nos materiais

pesados constituiu um passo importante na descoberta

da fisão nuclear. O seu envolvimento político nos movimentos anti-fascistas em França, no

final dos anos 30, levou-a a integrar o Comité de Vigilância dos

Intelectuais Anti-fascistas. Em 1936 foi designada Sub-secretária de Estado da investigação

científica do governo francês, tendo sido uma das responsáveis pela criação, em França, do

Centro Nacional de Investigação Científica. Seguindo o legado de seus pais, Irène e o

marido sempre publicaram os resultados dos seus trabalhos de investigação, no pressuposto

de que seriam benéficos para toda a comunidade científica. Todavia, com o receio das suas

descobertas poderem vir a ser usadas para fins militares, deixaram de as tornar públicas,

tendo depositado toda a sua documentação sobre a fissão nuclear nos cofres da Academia

de Ciências Francesa, entre 1939 e 1949. A par da sua actividade científica e política, Iréne

desempenhou também algum activismo, tendo-se envolvido, por exemplo, na promoção da

educação das mulheres (Comité Nacional do Sindicato das Mulheres Francesas) e da paz

mundial (Conselho da Paz Mundial). Tal como a sua mãe, Marie Curie, também Irene

morreu prematuramente, aos 59 anos, com leucemia, em virtude da exposição a que era

sujeita a materiais radioactivos no decorrer dos seus trabalhos de investigação.

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Sofia Kovalevskaya (1850-1891)

Sofia Kovalevskaya nasceu em Moscovo e viveu entre

1850 e 1891. Foi a primeira mulher a distinguir-se como

matemática na Rússia e a primeira mulher a doutorar-se

em matemática na Europa, tendo obtido o lugar de

professora catedrática na Universidade de Estocolmo,

Suécia, em 1889. Uma das suas principais contribuições

para a área é agora conhecido como o teorema Cauchy-

Kowalevski. Ao longo da sua vida, enquanto matemática

nunca lhe foi oferecido um lugar de professora na Rússia,

embora tenha sido aceite como membro na Academia de

Ciências da Rússia, pouco tempo antes da sua morte prematura, aos 41 anos de idade, em

consequência de pneumonia. Para além da matemática, Sofia teve também desempenhos

notáveis na área da literatura, tendo publicado obras de ficção, revisões teatrais e artigos

sobre ciência para jornais de tiragem corrente. Na actualidade, a Associação de Mulheres de

Matemática (AWM) criou um programa para as escolas secundárias, com o nome de Sofia

Kovalevskaya, o qual visa apoiar financeiramente iniciativas de estímulo à aprendizagem da

matemática por parte das raparigas. A referida associação criou ainda um prémio anual,

também com o nome de Sofia Kovalevskaya, cujo objectivo é distinguir contribuições

significativas das mulheres na área da matemática aplicada ou computacional. A cratera

Kovalevskaya da Lua foi assim designada em sua honra.

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Gerty Theresa Cori (1896-1957)

Gerty Cori foi uma bioquímica americana, nascida em

Praga, República Checa, no seio de uma família judia,

tendo-se convertido ao catolicismo na sequência do seu

casamento com Carl Cori. Viveu entre 1896 e 1957 e

trabalhou sempre em colaboração com o seu marido em

diferentes instituições de investigação nos Estados Unidos

da América, país para onde emigraram após o matrimónio.

O foco dos seus trabalhos residia na forma como o

glicogénio era resintetizado no organismo, de maneira a

funcionar como reservatório e como fonte de energia. Em

1929, o casal Cori propôs uma teoria baptizada com o seu nome e que lhes permitiu receber

o Prémio Nobel da Medicina em 1947 (em conjunto com o médico argentino Bernardo

Houssay). Tal teoria, designada como o Ciclo de Cori, consiste na sua explicação sobre o

movimento da energia no corpo: dos músculos passa para o fígado e deste novamente para

os primeiros. O seu prestígio enquanto cientista não a isentou de sofrer o sexismo da

academia americana, pois diversas universidades quiseram oferecer um lugar de

investigador e professor ao marido, mas recusavam-se a contratá-la. Foi na Escola de

Medicina da Universidade de Washington, onde começou por ser assistente de investigação,

em 1931, que Gerty obteve finalmente um lugar de Professora Catedrática, mas apenas

quando Carl foi eleito Director do Departamento de Bioquímica da mesma instituição, em

1947. Ela ocupou esta posição até à sua morte, dez anos depois. Gerty Cori foi a primeira

mulher americana a receber um Prémio Nobel na ciência, tendo sido a terceira a nível

mundial a conseguir tal proeza, na sequência de Marie Curie e de Irène Joliot-Curie. Foi

dado o seu nome a uma das crateras descobertas na lua.

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Barbara McClintock (1902-1992)

Barbara McClintock foi uma cientista americana,

pioneira na área da botânica, tendo sido uma das

investigadoras mais distinguidas do mundo pelo seu

trabalho no domínio da citogenética. Viveu entre

1902 e 1992, e consagrou a sua carreira, sobretudo 10

nos anos 40 e 50, ao estudo do desenvolvimento da

citogenética do milho. Pelas suas descobertas ao nível

dos cromossomas do milho e pela descodificação da

informação neles contida, Barbara recebeu vários

prémios e foi eleita, em 1944, membro da Academia

Nacional de Ciências dos Estados Unidos da

América. Em 1983 recebeu o Prémio Nobel da Medicina pela sua descoberta da

transposição genética, tendo sido a única mulher até ao presente a receber um Prémio Nobel

não partilhado nesta área. Na biografia desta investigadora, parece importante destacar que

a sua mãe se inclinava a educá-la de acordo com os valores tradicionais da época (início do

séc. XX), relativos à educação das raparigas, que preconizavam sobretudo a adopção dos

papéis materno e conjugal para as mulheres, chegando inclusive a defender-se que a ida

para o ensino superior prejudicava um futuro casamento. Estas ideias, também defendidas

pela sua progenitora, ganhavam ainda mais expressão pelo facto de a sua família enfrentar

problemas económicos. O pai de Barbara opunha-se, contudo, às ideias tradicionais da

época e ela entrou na Universidade de Cornell em 1919.

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Mileva Marić (1875 - 1948)

Foi uma matemática sérvia e a primeira mulher

de Albert Einstein. Foi parceira, colega e

confidente de Einstein. O grau de participação

nas suas descobertas é muito discutido fora do

âmbito científico. Mileva Maric, era uma

brilhante cientista sérvia que abandonou a sua

carreira para cuidar dos dois filhos do casal.

Nasceu em Titel, na província de Vojvodina,

então parte do Império Austrohúngaro

(actualmente na Sérvia]]) em uma família

sérvia. Durante seus anos de universidade foi amiga de Nikola Tesla. Em 1896

ingressou à Instituto Politécnico de Zurich sendo a única mulher estudante. Einstein

começou seus estudos no mesmo ano. Einstein e Marić tiveram uma filha dantes de

casar-se, de nome Lieserl, a qual se acha que foi dada em adopção, ainda que seu

verdadeiro destino é incerto.

Einstein e Marić casaram-se o 6 de janeiro de 1903. Deste casal nasceram Hans Albert

Einstein, quem depois seria professor de engenharia hidráulica na Universidade de

Califórnia em Berkeley, e Eduard Einstein, quem foi internado em um instituto de saúde

mental, por padecer esquizofrenia.

Alguns autores pesquisaram sua vida durante décadas, como Djordje Krstic, cujo livro

"Albert e Mileva Einstein - seu amor e colaboração", que foi publicado em sérvio após

sair em esloveno e inglês, apresenta uma série de argumentos defendendo que as obras

revolucionárias foram produto de um trabalho em comum. Segundo Krstic, o casal

trabalhou junto até 1913 ou 1914, quando se separaram e, cinco anos mais tarde, se

divorciaram. A separação representou um golpe para ela do qual nunca se recuperou.

Os biógrafos de Mileva Maric concordam que ela viveu à sombra de seu marido,

entregue totalmente a ele e à família, orgulhosa de dizer que ambos formavam "uma

pedra", que é a tradução literal da palavra alemã "einstein". "O interesse tanto na Sérvia

como no mundo pela vida dela despertou há cerca de 20 anos, quando foram publicadas

as cartas de amor que Mileva guardou até sua morte e que "são de valor incalculável

porque revelam como Albert Einsten crescia como cientista junto a ela", explica a

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doutora Bozic. Em 1994, a Universidade de Novi Sad criou o prêmio Mileva Maric

para o melhor estudante de matemática. Também há um projeto para transformar em

museu a formosa casa que seu pai construiu para ela em Novi Sad.

MULHERES PORTUGUESAS – SÉCULO XX

Elvira Maria Correia Fortunato

Elvira Maria Correia Fortunato é de nacionalidade

portuguesa e licenciou-se em 1987 em engenharia

física e dos materiais na Universidade Nova de

Lisboa. É Professora Associada com Agregação na

mesma instituição. Já publicou mais de duzentos

trabalhos em revistas com arbitragem científica e

foi distinguida com vários prémios, sempre em

virtude da sua excelência na investigação. Em

2008 foi-lhe atribuído um prémio milionário por

parte do Conselho Europeu de Investigação (ERC),

devido ao seu projecto com o nome de “Invisível”,

no âmbito do qual a investigadora propõe fazer transístores e circuitos integrados

transparentes usando óxidos semicondutores, uma ideia arrojada e inovadora a nível

mundial. Este 1º Prémio, no valor de 2,5 milhões de euros, e que obteve a nota máxima da

tabela classificativa (8), lançou o nome de Elvira Fortunato para o top five mundial dos

investigadores em electrónica transparente.

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Irene Fonseca

Licenciada em Matemática pela Universidade de

Lisboa, Portugal, fez o mestrado e o

doutoramento na University of Minnesota,

Minneapolis, EUA. Em 2003 tornou-se na

primeira pessoa a ocupar a posição de Mellon

College of Science Professor of Mathematics, da

Carnegie Mellon University onde é também

directora do Center for Nonlinear Analysis. A

sua investigação centra-se nas áreas do cálculo de variações, mecânica dos meios

contínuos, teoria geométrica da medida e equações diferenciais parciais.

Em 1997, Irene Fonseca recebeu a Ordem de São Tiago, como reconhecimento da sua

contribuição para o progresso cientifico na União Europeia. Em 2004 recebeu o Women

of Distinction Award in Mathematics and Technology da Western Pennsylvania Girl

Scouts Trillium Council. O prémio reconhece o seu exemplo de liderança e a sua

carreira, assim como o seu esforço para encorajar mais jovens mulheres a seguirem uma

carreira de investigação em Matemática.

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