Multiplicação Melão Andino
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PRODUÇÃO DE MUDAS DE MELÃO ANDINO
Richard W. Lischka, Angelita Bortoli1, Carolina Q. Velloso1, Denilson Dortzbach1,
Rafael P. Marçal1, Ronir Schlosser1, Marcelo Borghezan
INTRODUÇÃO
A origem do Melão Andino (Solanum muricatum) não é realmente conhecida, porém as primeiras
plantas e frutas descritas vem da região dos Andes na Colômbia, Perú e Chile. O crescimento é ereto e
pode necessitar de tutoramento para suportar o peso dos frutos.
A produção de mudas constitui-se numa das etapas mais importantes do sistema produtivo hortícola,
dela depende o desempenho final das plantas nos canteiros de produção, tanto do ponto de vista nutricional,
quanto do tempo necessário à produção e, consequentemente, do número de ciclos produtivos possíveis
por ano (Carmello, 1995).
A fisiologia da semente pode ser afetada por vários fatores como principalmente o ambiental, entre
eles a água é o fator que mais influencia o processo de germinação. O substrato tem a função de fornecer
umidade adequada e proporcionar condições para a germinação das sementes e o desenvolvimento das
plântulas (Figliolia et al., 1993).
A casca de arroz carbonizada é considerada um bom substrato para germinação de sementes e
enraizamento de estacas por apresentar boas características de aeração e drenagem (Souza, 1993).
Neste trabalho buscou-se avaliar métodos de propagação para Melão Andino, visando a formação de
mudas para o sistema produtivo.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Laboratório de Morfogênese Vegetal - FIT/CCA/UFSC, com o objetivo de
avaliar a produção de mudas de Solanum muricatum sob condições in vitro e ex vitro.
Germinação in vitro
A desinfestação das sementes, provenientes de frutos maturos, constituiu-se na imersão em etanol
70% (1 min), hipoclorito de cálcio 2,5% (20 min), etanol 70% (1min), benomyl 0,5g/l (30 min) e três
sucessivas lavagens em água destilada estéril. As sementes foram inoculadas nos meios de cultura: T1)
meio MS (Murashigue & Skoog, 1962) sólido (ágar 6g/L); T2) vermiculita com água destilada autoclavada;
T3) vermiculita com meio MS e T4) plataforma de papel filtro sobre meio MS. Os tubos foram mantidos em
sala de crescimento sob condições controladas de temperatura (25 ± 2°C), intensidade luminosa (25
µmol.m-2.s-1) e fotoperíodo de 16 horas.
Germinação ex vitro
Após lavagem, as sementes provenientes de frutos maturos, foram dispostas em bandejas de isopor
de 72 células, em diferentes substratos: T1) areia grossa lavada; T2) substrato comercial Plantmax®; T3)
mistura de substrato comercial Plantmax® (50%) e casca de arroz carbonizada (cac) (50%) e T4) mistura de
esterco de galinha (10%), casca de arroz carbonizada (40%) e solo de encosta (50%). As bandejas foram
colocadas em túnel de nebulização intermitente, ali permanecendo por 50 dias.
Estaquia
Estacas sem folhas, retiradas da região mediana dos ramos, contendo 3 gemas foram utilizadas
para este trabalho. As estacas foram dispostas em bandejas de isopor de 72 células, em diferentes
substratos: T1) areia grossa lavada; T2) substrato comercial Plantmax®; T3) mistura de substrato comercial
Plantmax® (50%) e casca de arroz carbonizada (cac) (50%) e T4) mistura de esterco de galinha (10%),
casca de arroz carbonizada (40%) e solo de encosta (50%). As bandejas foram colocadas em túnel de
nebulização intermitente.
Tanto para a produção de mudas in vitro quanto ex vitro, o delineamento experimental foi
completamente casualizado (DCC). A avaliação ocorreu em intervalos de 48 horas, avaliando-se a
percentagem de germinação. A avaliação das estacas se deu após 50 dias, onde foram analisados o
número e o tamanho de raízes. Os resultados obtidos nas avaliações foram submetidos ao teste de
separação de médias SNK (5%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Germinação in vitro
a b c daaa bbb ccc dddO início da germinação no tratamento 1 (Figura 1-a), meio MS com ágar, foi observado nove dias
após a inoculação, prosseguindo até o 28° dia. No tratamento 2 (Figura 1-b), com sementes cultivadas em
vermiculita com água, a germinação teve início cinco dias após a inoculação, continuando até o 22º dia. Para
os tratamentos 3 (Figura 1-c) e 4 (Figura 1-d), o início da germinação teve inicio no sexto dia até o 22º dia.
Figura 1: Germinação in vitro de melão andino: a) Meio MS com ágar (T1), b) Vermiculita com água (T2), c) Vermiculita
com meio MS (T3), d) Papel filtro com meio MS (T4).
Observa-se que houve diferenças significativas entre os tratamentos e que as sementes cultivadas
em vermiculita com água (T2), apresentaram os melhores resultados dentre todos os tratamentos (78% de
germinação). O menor percentual de germinação nos demais tratamentos parece estar relacionado à
presença de sacarose, que nesta fase mais inicial da germinação parece ter função osmótica (Figura 2).
0
10
20
30
40
50
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70
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rcen
tage
m d
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Ágar
Vermiculita
Plataforma papel
Vermiculita + água
0
10
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c54
b66
a78
Ágar
Vermiculita
Ágar
Vermiculita
Plataforma papel
Vermiculita + água
Plataforma papel
Vermiculita + água
Ocorreu também diferença significativa entre T1 (44% de germinação), T3 (54% de germinação) e T4
(66% de germinação), que possuíam em comum o meio de cultura. Entre eles os melhores resultados
foram apresentados pelo meio MS, em plataforma com papel filtro, possivelmente por melhor atender as
necessidades de água e oxigênio durante o processo de germinação. Os piores resultados foram
observados no tratamento com meio de cultura acrescido de ágar, que parece estar relacionado com a
menor disponibilidade de água (Figura 2).
Figura 2: Germinação do melão andino in vitro nos diferentes tratamentos.
* Valores seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste SNK a 5% de significância.
Germinação ex vitro
0102030405060708090
100
c10
b30
a58
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Mistura
Areia
Plantmax + cac
Plantmax
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enta
gem
de
Ger
min
ação
0102030405060708090
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b30
a58
a60
Mistura
Areia
Plantmax + cac
Plantmax
Mistura
Areia
Plantmax + cac
Plantmax
Porc
enta
gem
de
Ger
min
ação
O substrato plantmax apresentou a maior taxa de germinação (60%), não diferindo estatisticamente
do tratamento plantmax+cac (58%). A menor taxa de germinação ocorreu no tratamento composto pela
mistura (argila+cac+esterco) (10%) (Figura 3).
Figura 3: Germinação de melão andino ex vitro em diferentes substratos.
* Valores seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste SNK a 5% de significância.
Para que ocorra a germinação, é necessário que as condições de umidade e aeração sejam
adequadas. O substrato composto pela mistura (argila+cac+esterco) proporcionou um excesso de umidade
e uma baixa aeração, ocasionando a menor taxa de germinação.
O tratamento composto por areia lavada pode ter apresentado esta taxa de germinação (30%)
(Figura 3), devido a uma baixa umidade, já que este material apresenta uma boa aeração. Os melhores
tratamentos (plantmax e plantmax+cac) atingiram uma relação aeração/umidade mais adequada para a
germinação desta espécie.
Estaquia
0
1
2
3
4
5
Com
prim
ento
de
Rai
z (c
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a3,31
a3,36
a3,63
a3,98
Mistura
Plantmax + cac
Plantmax
Areia
Aos 50 dias da implantação do experimento, o comprimento médio das raízes não apresentou
diferenças significativas entre os tratamentos (Figura 4). Observou-se porém diferença no aspecto das
plantas, onde aquelas que estavam no substrato plantmax apresentavam melhor vigor que nos demais
tratamentos.
Figura 4: Comprimento médio de raízes das estacas em diferentes substratos.
* Valores seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste SNK a 5% de significância.
Quanto ao número de raízes, os dados demonstraram que o tratamento composto por areia
proporcionou maior número médio de raízes (22,2 raízes/estaca), apresentando diferença estatística dos
demais tratamentos. O menor número de raízes foi observado nos tratamentos mistura de substratos (11,0
raízes/estaca) e plantmax+cac (13,8 raízes/estaca) (Figura 5).
Estes resultados evidenciam o favorecimento do crescimento radicular em substratos com maior
porosidade, ocorrendo menor compactação e maior aeração do substrato. Devido à alta umidade presente
no local onde as bandejas se encontravam, esta aeração foi determinante para o desenvolvimento da
cultura.
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5
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20
25
Núm
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de R
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s
c11
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b17,8
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Mistura
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Plantmax
Areia
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25
Núm
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s
c11
bc13,8
b17,8
a22,2
Mistura
Plantmax + cac
Plantmax
Areia
Figura 5: Número médio de raízes das estacas em diferentes substratos.
* Valores seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste SNK a 5% de significância.
O substrato deve garantir por meio de sua fase sólida a manutenção mecânica do sistema radicular e
estabilidade da planta; da fase líquida, o suprimento de água e nutrientes e; da fase gasosa, o suprimento de
oxigênio e a saída do dióxido de carbono entre as raízes (Lamaire, 1995).
CONCLUSÕES
Os melhores resultados de germinação in vitro ocorreram com as sementes cultivadas em vermiculita com
água;
A germinação das sementes de Solanum muricatum pode ser realizada tanto em condições in vitro, como
ex vitro;
A formação de mudas de Melão Andino, via estaquia pode ser realizada em areia;
O substrato comercial plantmax® apresenta uma boa condição estrutural e nutricional para a formação das
mudas de Melão Andino.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARMELLO, Q.A.C. Nutrição e adubação de mudas hortícolas. In: MINAMI, K. Produção de mudas de alta
qualidade em horticultura. São Paulo: T.A. Queiroz, p. 33-37 1995.
FIGLIOLIA, M. B. (Coord.). Sementes flores- tais tropicais. Brasília: ABRATES, p. 137-174, 1993.
LAMAIRE, F. Physical, chemical and biological properties of growing medium. Acta Horticulturae, v. 396, p.
273-284, 1995.
Murashige, T. and Skoog, F. A revised medium for rapid growth and bioassay with tobacco tissue culture.
Physiology Plantarum. v.15, p. 473-497, 1962.
SOUZA F.X., Revista Lavoura Arrozeira v. 46 n.406, jan./fev., pag.11,1993.