Mundo Cana 5 Sep'11

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Setembro de 2011 | ano 03 | n o 05 MUNDO CANA O setor sucroalcooleiro tem gerado milhares de bons empregos. Isso precisa ser mostrado à sociedade Sustentabilidade Entrevista Xico Graziano Ganhos no canavial associados a ganhos ao meio ambiente Nutrição vegetal + eficiência no controle de plantas daninhas Investimentos nos subprodutos da cana para agregar valor

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Agribusiness Arysta LifeScience Sugar Cane

Transcript of Mundo Cana 5 Sep'11

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Setembro de 2011 | ano 03 | no 05

MUNDO CaNa

O setor sucroalcooleiro tem gerado milhares de bons empregos. Isso precisa ser mostrado à sociedade

Sustentabilidade

Entrevista Xico Graziano

Ganhos no canavial associados a ganhos ao meio ambiente

Nutrição vegetal + eficiência no controle de plantas daninhas

Investimentos nos subprodutosda cana para agregar valor

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MUNDO CaNa

pág. 10pág. 7

pág. 12pág. 14

pág. 16

pág. 18

pág. 24

pág. 5

EntrEvistaXico Graziano

“Cana para ocupar áreas de pastagens degradadas”

pág. 4

EditorialCaio GiustiResponsável de Marketing para Cana da Arysta LifeScience

UsinaUsina São José da Estiva (SP)

Iniciativas sustentáveis e redução de custos

ProJEtos EM CanaProjeto Ação - CoplacanaInformação e Tecnologia a campo

UsinaUsina Umoe (SP)Reaproveitamento inteligente

PEsqUisaNewton MacedoEstratégia no combate à broca

FornECEdorOrplana

Difusão de conhecimento e treinamento como

ferramentas

ANO 03 - NÚMERO 05

SETEMBRO DE 2011

MUNDO CaNa

A revista Mundo Cana é o veículo decomunicação oficial da Arysta LifeScience

para o mercado sucroalcooleiro.

Coordenação GeralAntonio Carlos Costa

Adriana TaguchiCaio Giusti

ProduçãoTexto Assessoria de Comunicações

Jornalista responsávelAltair Albuquerque (MTb 17.291)

redaçãoNadia Andrade

Fabricio Trevisan

FotosTexto Assessoria de Comunicações

Arquivo ArystaNeomarc

Projeto Gráfico e Design

Ronaldo Albuquerque

Tiragem2.000 exemplres

Arysta LifeScience do BrasilRua Jundiaí, 50 – 4º andar

São Paulo/SP – Brasil CEP.: 04001-904

Telefone: 55 11 3054-5000 Fax: 55 11 3057-0525

[email protected] dEPoiMEntos

Antonio Carlos Pimentel, Fernando Prati e

José Geraldo da Silva Manejo de herbicida

em cana crua

3pág. 26

artiGoSérgio BarbalhoUso correto de doses de herbicidas

pág. 21

ManEJoPronutivaNutrição e controle melhoram produção do canavial

ConsUltorJosé Tadeu Coleti

Como agregar valor à produção

5

10

14

Page 4: Mundo Cana 5 Sep'11

Caio Formigari Giusti, Responsável de Marketing para Cana da Arysta LifeScience

Excelente remuneração em 2011. Este é nosso setor sucroalcooleiro trazendo retorno financeiro para todos neste ano, sustentados em bons preços do ATR, do açúcar que se mantêm em alta, além do nosso extraordinário combustível chamado Etanol, com ótimos preços e grande demanda impulsionada pela crescente frota de carros flex fuel. São todos pontos positivos, mas não podemos deixar de comentar do ônus referente à redução do ATR por tonelada de cana, ocasionado por fatores climáticos relativos, registrando patamares de 9% a menos que na última safra; a estimativa de queda da safra girando em 10% versus o ciclo 2010/2011, podendo atingir um número ainda maior até dezembro; além do apoio conta gotas do governo federal para o setor sucroalcooleiro.

O momento, portanto, é propício para pensar em diversificar e agregar valor ao produto final, o que pode ser uma forma de fugir das oscilações ocasionadas pelo ciclo do mercado agrícola e de commodities.

De nossa parte, estamos em constante busca por novas tecnologias para ofertar às usinas e aos fornecedores de cana. Mas nossa busca está associada ao conceito de sustentabilidade que tanto temos ouvido falar nos últimos tempos.

E não era pra menos. Afinal, todos os esforços estão concentrados em aumentar a produtividade para atender à crescente demanda, porém, de forma sustentável, ou seja, atentos às questões de responsabilidade ambiental, social, cultural e educacional.

Assim, nessa quinta edição da revista Mundo Cana procuramos ilustrar diferentes casos de nossos parceiros, cada qual a sua maneira trabalhando para a sustentabilidade do negócio sucroalcooleiro nacional. Destacamos também as atuais e melhores tecnologias para controle de plantas daninhas na cana associados a melhor brotação e produtividade do plantio, bem como novos parâmetros de decisão para avaliar a dose e o timing correto de aplicações de herbicidas na cana, especialmente nesse cenário de elevado percentual de plantas daninhas ocasionado pela mudança do sistema de colheita, onde espécies devastadoras predominam como as cordas de viola, mucunas, mamonas entre outras de difícil manejo, além do atuante fator clima (seco e úmido).

A edição traz ricos exemplos de como manter seu negócio sustentável, minimizando os efeitos das oscilações do mercado e de projeções negativas de safra.

Convido vocês, clientes, parceiros e amigos a aproveitarem este Mundo chamado Cana.Ed

itor

ial

Investimento e Sustentabilidade

4

MUNDO CaNa

>

Page 5: Mundo Cana 5 Sep'11

Entrevista Xico Graziano

5

MUNDO CaNa>

>

Ele está envolvido com as questões

sustentáveis muito antes de o termo

ganhar a visibilidade e a importância

atuais. Xico Graziano, ex- Secretário

de Meio Ambiente do Estado de São

Paulo, sempre foi a favor da susten-

tabilidade. Graduou-se em agrono-

mia pela ESALQ, fez mestrado em

economia agrária na USP e douto-

rou-se em administração na FGV,

época em que escreveu “Questão

Agrária e Ecologia”, livro que ajudou

a levantar a bandeira ecológica

quando pouco se falava do tema.

Em entrevista à revista Mundo

Cana, na qual avalia o potencial do

agronegócio brasileiro e o cenário

da produção de cana-de-açúcar,

bem como da produção de energia

renovável e do etanol verde, Xico

enfatiza que é possível, sim, equili-

brar a expansão do capitalismo na

agricultura e destaca a necessidade

de investir em educação para ensi-

nar desde a infância a conviver com

a natureza, colhendo seus frutos e

ajudando a preservá-la.

É possível produzir sem ultrapassar os limites da agricultura sustentávelCom consolidada experiência em responsabilidade ambiental e agronegócio, Xico Graziano vê com clareza a liderança do Brasil na agricultura mundial.

AR

QU

IVO

qual sua avaliação sobre o poten-

cial do agronegócio brasileiro?

Extremamente positiva, face à dis-

ponibilidade de recursos naturais,

capacitação dos agricultores e tec-

nologias adequadas. Nós realmen-

te temos condições de liderar a

agricultura mundial e ser o grande

fornecedor de alimentos, matérias

primas e energia de biomassa.

Como você avalia o crescimento

da atividade agropecuária e seu

impacto sobre áreas preservadas

de biodiversidade como cer-

rado e pantanal? E em relação

à expansão da cana na região

amazônica? Não há dúvidas que a

expansão da fronteira agrícola im-

pacta os biomas naturais. Sempre

defendi que esse processo deve

“Realmente temos condições de ser o grande fornecedor

mundial de alimentos”

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MUNDO CaNa

ser muito bem regulado e cui-

dadoso, para não ultrapassar os

limites da agricultura sustentável.

Sinceramente eu acho que áreas

de cana-de-açúcar, com tecnolo-

gia correta e novas variedades,

deverão adentrar na região da

Amazônia. Mas jamais poderão

ser implantados canaviais a partir

do desmatamento de novas áreas

e, sim, ocupando pastagens de-

gradadas.

Considerando as demandas por

etanol e açúcar, como trabalhar

de forma a prevenir o avanço

desequilibrado do cultivo da

cana-de-açúcar? Fazendo-se

planejamento estratégico, unindo

governo e setor privado num

acordo de conduta socioambien-

tal. Não é difícil, basta se acredi-

tar que o Brasil deve se organizar

melhor para definir sua agenda na

economia globalizada.

Qual o principal desafio nesse

caminho? O desafio é cultural.

Vencer as resistências dos setores

mais atrasados, e normalmente

mais gananciosos, que ainda ra-

ciocinam como se vivêssemos em

meados do século passado. Hoje

a agenda ambiental é impositi-

va. Não adianta reclamar dela,

temos que adotá-la e dela tirar as

vantagens de que produz energia

renovável.

Essa mesma demanda também

refletirá positivamente como na

questão do aumento dos empre-

gos gerados a partir da expansão

do cultivo da cana-de-açúcar.

Como avaliar esse cenário? É

correto. O setor sucroalcooleiro,

ou sucroenergético, tem gerado

milhares de empregos – aliás, de

bons empregos, mesmo substi-

tuindo o corte da cana no facão

pela colheita mecanizada. Isso

precisa ser mostrado à sociedade.

Você acredita que hoje o grau

de conscientização do produ-

tor rural em relação à produção

sustentável é crescente e con-

solidado? Sim, é crescente, mas

ainda não consolidado. Os agri-

cultores estão sob a pressão da

votação do novo Código Florestal,

que confunde mentes e apaixona

demais o debate. Quando a nova

legislação estiver definida, a partir

do ano que vem, espero, aí sim

entraremos numa nova fase de

conscientização sobre a agricultu-

ra sustentável.

Quais os principais desafios no

caminho para ampliar essa cons-

cientização? Substituir as velhas

O SetOr

SucrOalcOOleirO

tem geradO

milhareS de

empregOS. aliáS,

de bOnS

empregOS

“ “

lideranças da agropecuária por

novos líderes, jovens agricultores,

que carregam na cabeça as idéias

da modernidade sem o ranço do

passado.

O novo Código Florestal precisa

equilibrar as questões ambien-

tal, social e produtiva. Como ter

uma legislação que cumpra esse

papel? Eu acredito que os acertos

políticos necessários à votação do

Código Florestal serão positivos,

definindo uma legislação que vai

avançar muito em relação àquela

que temos. O pagamento pelos

serviços ambientais está chegan-

do à agenda, representando uma

forma positiva, não repressiva, de

atuar na questão ecológica.

Page 7: Mundo Cana 5 Sep'11

7

MUNDO CaNa

selecionados a partir do perfil compa-

tível com a difusão de conhecimento,

tecnologias e ideias, foram mostrar

aos cooperados os resultados e be-

nefícios do uso do herbicida Dinamic.

Para isso, foram utilizados campos

demonstrativos em cana soca e cana

planta com dois tratamentos: um

com Dinamic e outro padrão da área,

todos com testemunhas.

A iniciativa começou timidamente

em 2010, e hoje já reúne 12 dos 42

representantes técnicos de vendas

da Coplacana, que estão distribuídos

em 11 filiais. Isso porque o Projeto

Ação integra-se à missão da coo-

perativa de auxiliar seus 9 mil coo-

perados a gerar receita com o seu

negócio e orientar quanto às ferra-

mentas tecnológicas mais adequadas

para o sucesso da atividade, de acor-

Projeto Ação leva informação e tecnologia a campo

Iniciativa envolve acompanhamento da cooperativa junto a seu fornecedor para indicar o uso mais adequado de cada tecnologia

Suprir a carência de informação no

campo e incrementar a produtivida-

de a partir da utilização de novos re-

cursos tecnológicos é a proposta do

Projeto Ação, idealizado pelo Res-

ponsável de Marketing para Cana

da Arysta LifeScience Caio Giusti, e

realizado em parceria com a Copla-

cana (Cooperativa dos Plantadores

de Cana do Estado de São Paulo).

A essência do projeto é focar nos pro-

blemas que os fornecedores da Coo-

perativa estão enfrentando no cená-

rio de produção da cana crua, somado

ao aparecimento de novas espécies

de plantas daninhas infestantes, em

especial as folhas largas como as cor-

das de viola, e oferecer orientação da

tecnologia mais adequada à solução

dos problemas. Os representantes

técnicos de vendas da cooperativa,

DIVULGAçãO

do com a necessidade de cada um.

“A proposta da Arysta foi muito bem

vinda uma vez que reuniu os con-

ceitos de negócio e tecnologia sem

perder o vínculo do cooperativismo.

O objetivo era posicionar o Dinamic

junto aos cooperados estabelecendo

os critérios de aplicação conforme o

negócio do produtor”, afirma Marcos

Farhat, gerente de relacionamento e

marketing comercial da Coplacana.

José Renato Gambassi, consultor

técnico comercial da Arysta, acres- >

Page 8: Mundo Cana 5 Sep'11

centa que a experimentação no

campo é mais produtiva, pois per-

mite novas observações do produto.

“Além das pesquisas já comprova-

das sobre os benefícios do herbici-

da, encontramos novas descobertas

e efeitos positivos”, completa.

Mais de 90% dos campos demons-

trativos realizados alcançaram resul-

tados relevantes com o posiciona-

mento mais adequado na aplicação

do herbicida. Em Piracicaba (SP), na

propriedade de Milton Berto, o re-

presentante técnico da Coplacana,

Pedro Bomback, montou 3 campos

demonstrativos, com testemunha e

diferentes produtos aplicados, entre

eles Dinamic. O resultado foi dupla-

mente benéfico no campo com o her-

bicida da Arysta. “Verificamos que no

local onde foi aplicado Dinamic houve

controle satisfatório em cima da folha

larga; já nos demais tratamentos sem

Dinamic, o controle foi ruim, com es-

cape de folha larga”, explica Pedro.

Outro caso foi acompanhado de

perto pelo representante Claude-

mir Langoni, que montou 3 campos

demonstrativos no fornecedor José

Rodolfo Penatti, de Saltinho (SP).

“Comparando a

área padrão do

fornecedor com o

campo demons-

trativo onde foi

aplicado o herbi-

cida Dinamic, fi-

cou evidente que

o fornecedor teria

problemas com a

colheita, ocasio-

nado pela corda

de viola, conside-

rando a área padrão, o que o levaria

a realizar repasse do herbicida no pe-

ríodo pós-emergente, refletindo em

mais custos com aplicação e mão de

obra. Enquanto o residual proporcio-

nado por Dinamic utilizado no campo

demonstrativo, mesmo com chuvas e

doses equilibradas com a época, foi

suficiente para que a cultura se de-

senvolvesse, sem a corda de viola

(predominância de I.hederifolia, es-

pécie de alto grau de dificuldade no

controle), e fe-

chasse no limpo,

sem a necessida-

de de novas apli-

cações”, explica

Claudemir.

Esse resultado

foi demonstrado

no Dia de Cam-

po que integra

a programação

do Projeto Ação,

reunindo cerca

de 30 fornecedores da Coplacana,

formadores de opinião. “Os partici-

pantes ficaram impressionados com

os resultados apresentados, o que

levou a novos pedidos da tecnolo-

gia Dinamic e solicitação de acom-

panhamento do representante para

direcionar o posicionamento da

aplicação, com dosagem compatível

com o solo, verificação do tipo de

planta daninha e outras questões”,

completa o representante técnico.

O sucesso do projeto está exata-

mente nesse acompanhamento da

cooperativa junto a seu fornecedor

para indicar qual a utilização mais

adequada de cada tecnologia, so-

mado à comprovação dos resulta-

dos com os campos demonstrativos.

Além disso, 100% dos campos rece-

beram a visita dos técnicos das usi-

nas que estavam próximas as áreas,

o que traz maior credibilidade para

o projeto e mais segurança ao pro-

dutor, que recebe dupla recomenda-

ção quanto ao uso do herbicida – da

cooperativa e da usina – com mais

8

MUNDO CaNa

O PROJETO NOS

AUXILIA A MANTER O

AGRICULTOR EM SUA

TERRA, PRODUzINDO

MAIS E COM MAIORES

GANHOS

“Marcos Farhat na sede da Coplacana

TEXTO

Page 9: Mundo Cana 5 Sep'11

perfilhamento, além de incrementar

a produtividade. E, por outro lado,

novos representantes da Coplacana

integrarão o projeto iniciando pelos

campos com o herbicida Dinamic.

José Rodolfo é um exemplo claro da

potencialização do Projeto Ação. O

fornecedor da Coplacana se mos-

trou satisfeito com o resultado dos

experimentos no campo demons-

trativo, e agora trabalha para mon-

tar o campo demonstrativo na pro-

priedade utilizando o fertilizante

Biozyme, no período de setembro

a dezembro, durante o plantio da

cana de verão.

Nessa segunda fase do projeto, os

novos campos demonstrativos de

Dinamic interagirão com os campos

de Biozyme e todos serão convida-

dos a participar dos dias de campo

que mostrarão os resultados alcan-

çados com Biozyme.

“Estamos otimistas com essa nova

fase, pois o resultado inicial não

poderia ser melhor. O Projeto Ação

motivou o envolvimento da equipe

e proporcionou ações de inclusão

de pessoas, pró-atividade, troca

de experiências e interatividade, o

que consequentemente reflete em

melhor desempenho do técnico de

vendas”, finaliza Marcos Farhat.

um técnico apoiando nas sugestões

para validar o resultado a campo.

“O Projeto Ação está nos auxiliando

em nossa tarefa de ajudar o forne-

cedor a produzir

mais, com melhor

qualidade e ter fa-

turamento maior,

em um momento

em que estão reto-

mando seus inves-

timentos. Além de

contribuir com o

objetivo maior de

manter o agricul-

tor em suas ter-

ras, fazendo com que produza mais

em sua propriedade ao invés de

apenas procurar por outras terras. A

meta é colaborar para que alcancem

a produção de 90 toneladas de cana

por hectare. Em 2010, foram em

média 80 toneladas por hectare e,

em 2011, a expectativa é de chegar

em 85 toneladas por hectare”, afir-

ma o gerente da Coplacana.

Os ganhos com a utilização ade-

quada do herbicida variam entre 8

e 10 toneladas por hectare, segundo

Gambassi, ao citar como exemplo a

Usina Santa Maria, do Grupo Pilon,

na qual foram registrados ganhos de

MUNDO CaNa

produção com a cana livre de plan-

tas daninhas.

Na primeira fase do projeto, em 2010

foram realizados seis dias de campo

resultantes de 12

campos demons-

trativos, reunin-

do cerca de 150

participantes.

As expectati-

vas agora estão

direcionadas à

segunda fase do

Projeto Ação,

quando os pro-

dutores que par-

ticiparam da primeira fase com os

campos demonstrativos de Dinamic

farão a experiência com o fertili-

zante foliar Biozyme, utilizado no

plantio de cana-de-açúcar, com o

objetivo de estimular a brotação e o

Dia de campo: Iracemápolis (SP)

9Dia de campo: Saltinho (SP)

NA PRIMEIRA

FASE DO PROJETO,

FORAM REALIzADOS

6 DIAS DE CAMPO

REUNINDO

150 PARTICIPANTES

““

Page 10: Mundo Cana 5 Sep'11

MUNDO CaNa

AUsina São José da Estiva, localiza-

da em Novo Horizonte (SP), é um

exemplo de como equilibrar as ati-

vidades da unidade com iniciativas ambien-

tais que a tornam uma empresa ambiental-

mente limpa e sustentável. Parte integrante

do Grupo W.J de Biasi, que reúne 1.600 co-

laboradores, a São José da Estiva possui

uma equipe de Gestão Ambiental e trabalha

somando tecnologia e produtividade para

evoluir como empresa e organismo social. O

complexo industrial do grupo é o mais im-

portante pólo gerador de empregos da re-

gião e investe no planejamento e execução

de projetos ambientais, como a re-

cuperação de nascentes e áreas de

preservação permanente. Já são

mais de 190 mil mudas de árvores

nativas e frutíferas, produzidas em

viveiro próprio e plantadas

na região.

Entre as iniciativas,

destacam-se a re-

ciclagem de resí-

duos provenien-

tes da produ-

ção canavieira,

como o benefi-

ciamento do bagaço

10

Julio Araujo: reciclagem e uso racional dos subprodutos

eStiva deStaca ambiente OrgânicO da ati-

vidade, inveStindO na reciclagem dOS Sub-

produtos da produção de cana-de-açúcar

>

Iniciativas sustentáveise redução nos custos da usina

para produção de ração animal, adubo na-

tural pela compostagem e vinhoto, energia

elétrica pela queima do bagaço e encami-

nhamento de materiais prejudiciais ao meio

ambiente a empresas que reciclam os resí-

duos de forma sustentável.

Os resultados são números expressivos de

subprodutos gerados que, consequente-

mente, refletem-se na redução de custos da

usina. Para contextualizar, estamos falando

de uma área plantada total de 26 mil hec-

tares, somados a outros 12.310 mil/ha admi-

nistrados pela usina. Em 2010, a área foi res-

ponsável pela moagem de mais de 3 milhões

de toneladas de cana, gerando produção de

144.860 m3 de álcool e 4 milhões de sacas

de 50 kg de açúcar.

Desse cenário, a produção de bagaço em

2010 chegou a mais de 827,8 mil toneladas

utilizadas para a produção de ração animal

(cerca de 80% da ração consumida pelos

animais do confinamento do Grupo W.J de

Biasi) e energia. Segundo Roberto Silva, ge-

rente ambiental da Estiva, foram utilizados

5.252 toneladas de bagaço hidrolisado para

ração animal e 132.728 MWh de energia pro-

duzida, sendo 61.209 MWh consumidos e

71.519 MWh comercializados.

Mas o destaque do reaproveitamento de

TEXTO

Page 11: Mundo Cana 5 Sep'11

cenário e até se beneficiam disso, quando

realizam a reciclagem seguindo padrões

agronômicos com critérios técnicos.

Um exemplo de que o setor está atento e

cada vez mais consciente quanto à impor-

tância de associar o ganho na lavoura ao

ganho ambiental, é a questão da aplicação

da vinhaça. Por meio do Plano de Aplicação

da Vinhaça (PAV) o setor aprendeu a usar os

benefícios desse fertilizante orgânico pro-

veniente da produção da cana, como fonte

de adubação dos canaviais.

Na Estiva, são produzidos 11,72 litros de vi-

nhaça por litro de etanol, alcançando produ-

ção total de 1.697.759,2 m³ de vinhaça, que é

fertirrigada em áreas de cana do Grupo W.J

de Biasi e de fornecedores, em aproximada-

mente 16.000 hectares. Além disso, hoje, 85%

da colheita da usina são realizados de forma

mecânica. Com isso, o consumo de água da

empresa é consideravelmente menor do que

anos atrás quando a cana precisava ser lava-

da por causa da queima na colheita.

“O setor precisa enxergar que tem material

reciclando na propriedade e não esgotan-

do, especialmente na região sucroalcoolei-

ra paulista, e fazer uso racional e adequado

dos subprodutos. Quanto mais reciclarmos

e equilibrarmos essa balança, mais perto es-

taremos do caminho da sustentabilidade”,

completa Júlio.

materiais realizado pela Estiva está no sub-

produto fabricado a partir da cinza da quei-

ma do bagaço e da torta de filtro, subprodu-

to da fabricação de açúcar, por processo de

compostagem, cujo produto final é utilizado

na área agrícola, como adubo. “Ele é rico em

potássio e fósforo, minerais provenientes

da cinza e da torta, respectivamente, e en-

riquecido pelo processo de compostagem,

tornado-se assim uma alternativa rica para

nutrição do solo”, explica Júlio Vieira de

Araújo, gerente agrícola do Grupo.

Além do benefício da reciclagem, Júlio expli-

ca que com esse subproduto utilizado para

nutrir o solo a empresa não fica totalmente

dependente de adubos químicos, que mui-

tas vezes, devido às intempéries do merca-

do, registram momentos de preços elevados

ou ainda escassez de produtos.

“Com o uso de subprodutos gerados a par-

tir dos resíduos da atividade sucroalcoolei-

ra, em uma área de 10 mil hectares de cana

é possível ter economia entre R$ 50,00 e

R$ 80,00 por hectare, com picos de até R$

100,00 por hectare, o que em um ano equi-

vale a R$ 600 mil a R$ 1 milhão em econo-

mia”, afirma Júlio.

Ou seja, se antes, para as indústrias era um

problema o destino dos resíduos da produ-

ção canavieira, hoje elas já dispõem de al-

ternativas e oportunidades advindas desse

DIVULGAçãO

11

MUNDO CaNa

cOm O uSO de

SubprOdutOS geradOS

a partir dOS reSíduOS,

é pOSSível ecOnOmizar

até r$ 100/ha em uma

área de 10 mil/ha

““Compostagem

Page 12: Mundo Cana 5 Sep'11

Na década de 50, quando o país vi-

venciou o início das transforma-

ções na produção de açúcar e álco-

ol no Brasil, foram publicados mais de uma

centena de estudos sobre vinhaça e seu uso

agrícola. Tais trabalhos permitiram concluir

que, de modo geral, em doses até 300 m3/ha,

a aplicação de vinhaça resulta em correção

da acidez, com aumento de pH, aumento da

biomassa microbiana, aumento da fertilida-

de e da produtividade de cana-de-açúcar.

Uma parcela da história evolutiva do culti-

vo da cana passou também pelas mãos do

agrônomo Valmir Barbosa, que hoje acumu-

la duas funções estratégicas na recém cria-

da Umoe Bioenergy, de Sandovalina, região

do Vale do Paranapanema (SP). A empresa é

um dos braços de geração de energia limpa

do empreendedor norueguês Jean Ulltveit-

Moe e uma das maiores empresas privadas

na Noruega.

Impulsionado pelo Programa Nacional do Ál-

cool ou Proálcool, criado em 14 de novembro

de 1975 pelo decreto n° 76.593, a consequen-

te maior produção de vinhaça e seu aprovei-

tamento consciente tornaram-se uma ques-

tão de abordagem necessária. No início da

década de 80, então recém formado, Valmir

resolveu aliar sua predileção por assuntos

ecológicos e mergulhar no mercado sucroal-

cooleiro, no qual, em suas palavras, “poderia

ajudar mais se estivesse dentro desse negó-

cio que era uma grande ameaça ambiental”.

Valmir trabalhou por 27 anos na Usina Santa

Elisa, em Sertãozinho (SP), e foi lá que im-

plementou alguns ideais pioneiros que con-

tribuíram para a quebra de paradigmas na

produção sucroalcooleira nacional. “Em 1987

cismei de desenvolver e promover a colheita

da cana sem queimada, o que era algo fora de

contexto naqueles dias. Sabia de mais duas

usinas que também trabalhavam nisso e tive

apoio da diretoria”, relembra Valmir.

Atualmente, 60% das propriedades brasilei-

MUNDO CaNa

Desafio na onda da energia limpa

gerenciamentO da circulaçãO de nu-

trienteS é eStratégia de adubaçãO e fa-

tOr de SuStentabilidade

TEXTO

Valmir faz parte da história da evolução do cultivo da cana

>

12

Page 13: Mundo Cana 5 Sep'11

MUNDO CaNa

tese de mestrado: “Ciclos biogeoquímicos

como subsídio para a sustentabilidade do

sistema agroindustrial da cana-de-açúcar”.

Conceitos utilizados pelo agrônomo em seu

novo desafio na Umoe Bioenergy.

Em sua proposição foram criadas modela-

gens matemáticas dos ciclos dos principais

elementos envolvidos no processo, índices de

eficiência e indicadores de sustentabilidade,

entre outras funções interligadas. Entre al-

guns ganhos estão

os trabalhos desen-

volvendo o uso da

vinhaça concentrada,

reduzindo volumes e

viabilizando aumento

da área beneficiada,

apartir do uso da vi-

nhaça em quase 100%

da área Usina.

“No moderno sistema

agroindustrial da cana-de-açúcar, o geren-

ciamento da circulação de nutrientes é uma

interessante estratégia de adubação, fator de

sustentabilidade e promotor de desenvolvi-

mento de tecnologias. Diante da perspectiva

de expansão da cultura da cana-de-açúcar e

da responsabilidade de dar sustentabilidade

à produção, a moderna agroindústria apre-

senta-se conceitualmente muito favorável à

sustentabilidade e ainda exige melhorias para a

efetividade desses conceitos”, conclui Valmir.

ras fazem uso do sistema mecanizado de co-

lheita de cana crua, atividade que se tornará

obrigatória até 2014 em algumas regiões. A

Usina Umoe é uma delas. “Se esse modelo

não tivesse sido desenvolvido e incorporado,

o negócio do etanol brasileiro não seria viá-

vel e não seria aceito no mercado atual. Se

começamos a colher sem queima em 1987,

o motivo não foi a legislação”, afirma. Val-

mir acrescenta que os benefícios da colheita

sem queimada são diversos, como diminui-

ção da impureza mineral da cana, moagem

de “cana fresca”, preservação da qualidade,

dispensa da operação de queima, fixação

do carbono, melhoria da fertilidade do solo,

proteção do solo contra erosão, melhor ma-

nejo da água, melhor desenho dos talhões,

menor custo de adubação, potencial de uso

da palha na energia elétrica e melhor rela-

ção com a comunidade local e global. “As

técnicas ambientais

e melhorias sociais

apenas são incorpo-

radas quando conse-

guem se provar eco-

nomicamente viáveis

e funcionais, e esse

foi e continua sendo

o desafio de muitos

pesquisadores e pro-

fissionais que dedi-

caram suas vidas à causa”, pondera.

Em 1996, Valmir recebeu premiação da Con-

federação Nacional da Indústria (CNI) pelo

case de produção de cana sem queima de-

senvolvido na Santa Elisa. Outra grande con-

tribuição deixada pelo agrônomo é um lega-

do sobre o reaproveitamento inteligente dos

elementos químicos no ciclo de produção

canavieira. Esta compilação de mais de duas

décadas de experimentação foi defendida

em 2007 na UNESP de Jaboticabal em sua

aS técnicaS

ambientaiS e melhOriaS

SOciaiS apenaS SãO

incOrpOradaS quandO

cOnSeguem Se prOvar

ecOnOmicamente viáveiS e

funciOnaiS

““

TEXTO

13

Usina Umoe em produção

Page 14: Mundo Cana 5 Sep'11

produção de açúcar mascavo, cachaça

arteSanal, meladO e fertilizanteS na prO-

priedade de jOSe tadeu cOleti

Opioneirismo e a inovação estão

no DNA da família Coleti, cujo

patriarca Antônio Coleti Sobri-

nho foi o primeiro plantador de cana da

cidade de Ipeúna, na região central do Es-

tado de São Paulo, há 50 anos. Além do

fornecimento de cana às usinas, o pioneiro

– que quando jovem já havia arrendado do

avô um alambique – aos 55 anos voltou a

se dedicar também à produção de cachaça,

atividade que seguiu até 1973.

Com os mesmos 55 anos, Tadeu Coleti, filho

caçula de Antônio, que já havia assumido

os negócios da família aos 40 anos, resol-

veu inovar mais uma vez com a produção

de açúcar mascavo e cachaça artesanal.

Nessa época, Tadeu Coleti já possuía larga

experiência no mercado de cana-de-açúcar

tendo trabalhado em diversas usinas, atuava

como consultor e palestrante, além de entre-

gar grande parte da produção de cana da fa-

zenda, em Ipeúna, para as usinas da região.

Com a experiência e vivência nos diferen-

tes cenários do mercado sucroalcooleiro,

Tadeu vislumbrou a oportunidade de inves-

tir em algo que agregasse valor à produção

de cana-de-açúcar, exatamente em um

momento de crise da atividade, em 1998.

“Escolhi a produção de mascavo porque

ele agregava valor em uma época em que

a cana perdia seu valor. Com a sobra de re-

síduos oriunda da produção de açúcar tam-

bém optamos por produzir cachaça artesa-

MUNDO CaNa

Inovação que agrega valor à produção

Tadeu criou a marca de açúcar mascavo Ipeçucar

TEXTO

>

14

Page 15: Mundo Cana 5 Sep'11

que o segredo está na harmonia entre as dife-

rentes atividades que desenvolve a partir da

cana-de-açucar, algo que não conquistou da

noite para o dia. “Foi preciso estudar, profis-

sionalizar o negócio, acumular conhecimen-

to, experiência, além

de manter a interface

com a indústria”, en-

sina o renomado con-

sultor e pesquisador

do mercado sucroal-

cooleiro, com mais de

40 trabalhos publica-

dos e participação em

diversos livros.

Tadeu Coleti credi-

ta parte importante

do sucesso de seu negócio ao fato de estar

próximo do dia a dia das usinas, participar

da rotina delas, discutir, trocar experiência,

desenvolver soluções aos problemas que

enfrentam, todas essas ações possibilitadas

por meio de seu trabalho de consultoria.

nal, mas nada como a grande produção de

meu pai antigamente”, explica o engenhei-

ro agrônomo, José Tadeu Coleti.

Assim nasceu a Ipeçucar, marca diferenciada

de açúcar mascavo da família Coleti, e a Ca-

chaça da Torre, nome

que faz referência à

antiga torre das colu-

nas de destilação do

negócio do pai de Ta-

deu. Além da produ-

ção de melado, tam-

bém comercializado

com empresas par-

ceiras, os resíduos da

produção de açúcar

mascavo e cachaça,

ricos em potássio, são aproveitados como

fertilizante na própria lavoura.

Juntando a propriedade de Ipeúna (SP) e

Tanabi (SP) com outras que Tadeu man-

tém no Estado de Minas Gerais, são 75 mil

toneladas de cana produzidas ao ano. Em

Ipeúna, são 240 hectares no total, sendo

175 destinados exclusivamente à cana-de-

açúcar, gerando emprego permanente para

20 pessoas, por conta da microfábrica.

A produção anual ultrapassa 13 mil tonela-

das de cana, das quais cerca de 11 mil to-

neladas são destinadas ao fornecimento

para usinas e o restante para fabricação do

mascavo. Para se ter ideia do significado de

“agregar valor” à produção canavieira, com

a comercialização do açúcar produzido com

2 mil toneladas de cana, em determinada

ocasiões, é possível faturar mais do que com

a comercialização de 10 mil toneladas de

cana entregue à indústria.

“Ao mesmo tempo, em 2008, quando os

preços do açúcar despencaram, destinamos

apenas 1400 toneladas de cana para o mas-

cavo”, contrapõe. O empresário, que defen-

de a diversificação na mesma cultura, explica

fOi preciSO

eStudar, prOfiSSiOnalizar

O negóciO, acumular

cOnhecimentO,

experiência, além de

manter a interface

com a indústria

15

TEXTO

MUNDO CaNa

Propriedade de Ipeúna (SP): produção de mascavo e cachaça

Page 16: Mundo Cana 5 Sep'11

brOca da cana vem ganhandO impOrtân-

cia nos últimos cinco anos no Brasil e

exige eStratégia adequada de cOmbate

Na atual escalada dos preços mun-

diais do setor sucroenergético,

principalmente do álcool com-

bustível, em paralelo ao déficit de maté-

ria prima no país, o pesquisador Newton

Macedo aponta para um período mínimo

de três anos para o Brasil reestabelecer o

equilíbrio de sua balança do setor.

“Hoje vivemos um paradoxo agrícola, em

que a obrigação de alcançar produtividade

deve ainda estar balanceada com a susten-

tabilidade no sistema produtivo. No mo-

delo praticado ocorre uma simplificação

do agroecosistema, no qual a opção pela

MUNDO CaNa

Broca da Canase intensifica no Brasil

TEXTO

monocultura acaba por expor aos riscos de

desequilíbrio ecológico, ocasionando pro-

blemas como a superpopulação de insetos,

entre os quais a broca”, explica o consultor

Newton Macedo.

Esta é a chave para a necessidade de se

adotar um cuidado customizado, que cada

produtor deve procurar em sua proprieda-

de. Newton explica que o controle bioló-

gico deve ser a primeira opção, desde que

haja possibilidade e viabilidade do méto-

do. “No caso dos cupins, por exemplo, não

há meio biológico econômico para esse

controle”, exemplifica.

De acordo com o pesquisador e consultor,

em propriedades com nível de infestação

de até 3% é possível fazer o uso do método

biológico, mas considerando o dobro do

tempo para atingir os resultados, e muitas

vezes lidando com a estagnação do qua-

dro. Em casos de focos de broca com níveis

de até 5% e acima, é necessário o uso de

métodos associados de combate.

Tendo como base esses números, o que se

observou na última década, mais especifica-

mente desde 2005, foi salto na quantidade

de ocorrências da broca, tanto nas praças

tradicionais de Piracicaba, Ribeirão Preto

e Vale do Paranapanema, como nas novas

16

Newton: introdução ao método de controle biológico

>

Page 17: Mundo Cana 5 Sep'11

regiões onde o cultivo se intensificou, como

Noroeste do Estado de São Paulo, Araçatu-

ba, São José do Rio Preto, Triângulo Mineiro,

Sul de Goiás e Mato Grosso do Sul.

Newton aponta mais precisamente para um

quadro de duplicação nos surtos, passando

nas regiões tradicionais de uma média de

2,5% para 5%, e nas novas regiões, onde

o número de inimigos naturais era menor,

de 5% para 10%. “O aumento da colheita

de cana crua e a proximidade com áreas de

cultivo de milho e sorgo – hospedeiros na-

turais da broca – ajudaram a ampliar esse

cenário”, avalia.

Basicamente, o que se observa nesse ambien-

te é a necessidade de adoção de métodos de

controle específicos para cada realidade, pre-

sença de especialistas capazes de entender

as particularidades do sistema e qualifica-

ção da mão-de-obra. “Entre as decisões que

devem ser levadas em conta podemos citar

a aplicação nos focos da praga e o timming

adequado para os procedimentos, além da

adoção de uso dos químicos do grupo dos In-

sect Grow Regulator (IGR), que contam com

baixo impacto natural”, explica Newton.

De acordo com o pesquisador, no cenário

atual não é possível o uso de métodos de

controle biológico apenas, e a solução está

na associação equilibrada com químicos.

“Para se ter uma base, até a década de 90

entre 40% e 45% de usinas contavam com

laboratórios para produção da vespa da

17

DIVULGAçãO

MUNDO CaNa

é neceSSária

a adOçãO de métOdOS

de cOntrOle

eSpecíficOS para

cada realidade

“ “

Cana com broca

cana (Cotesia flavipes), parasitas naturais da

broca da cana (Diatraea saccharalis); hoje,

são apenas 10% das propriedades que con-

tam com essas estruturas. “A análise acima

é de um dos principais responsáveis pela

introdução do método biológico no país há

mais de 30 anos, a partir de convênio com

o governo inglês chefiado pelo especialista

Fred Benetti, quando Newton era funcioná-

rio do Programa Nacional de Melhoramento

da Cana-de-Açúcar (Planalsucar).

“Existe hoje necessidade de se prepararem

técnicas por meio de cursos e MBAs sobre

o controle de pragas, e não há possibilidade

de o setor público sozinho dar conta dessa

lacuna. Cursos de capacitação de mão-de-

obra também serão necessários, e a iniciativa

privada tem papel fundamental nesse aspec-

to. Com expansão cada vez maior das áreas

agricultáveis, novas pragas poderão surgir, e

apenas o caminho da pesquisa pode reverter

esse cenário”, assinala Newton Macedo.

Page 18: Mundo Cana 5 Sep'11

da palha” em caminhos irregulares.

Dificilmente encobre todo o solo e

evita a germinação das ervas dani-

nhas como o melão de São Caetano,

Jetirana no Nordeste e corda de viola

no Sudeste, já adaptadas ao sistema

MUNDO CaNa

18

AntOnIO CArlOS FOnSECA PImEntElEngenheiro Agrônomo Corporativo de Irrigação e Herbicida da Usina Caeté

O manejo de herbicida em soca-

ria queimada é simples e eficien-

te. Colhe a cana, aplica o herbicida

em pré-emergência da cana e erva,

onde o alvo está ali, descoberto, que

é o solo. Controle garantido!

Com a colheita mecanizada em cana

crua, o alvo de aplicação – que é

também o solo – está escondido sob

a palha de espessura variada. Então,

como o herbicida chegará ao solo de

forma bem uniforme e na dose cer-

ta? Complicado não?

Sabemos que o herbicida fica bem dis-

tribuído sobre a palha e que desce para

o solo conduzido pela água de chuva

ou irrigação, por meio da “rachadura

de colheita de cana crua. Precisamos

de tecnologia de aplicação que faça

com que o herbicida atinja uniforme-

mente o solo sob a palha e de herbi-

cidas mais eficientes para o controle

desses tipos de ervas acima citados.

DIVULGAçãO

Top Depoimentos

?Qual o manejo de herbicida e inseticida mais adequado em cana crua?

Há algum manejo para reduzir o número de aplicações? Desenleirar a palha da linha para cigarrinha pode ser uma alternativa?

Page 19: Mundo Cana 5 Sep'11

19

Nas usinas do grupo Carlos Lyra –

unidade Nordeste trabalha-se com

vários tipos de situações:

1. Áreas de irrigação de salvação e

complementar: no período seco usa-

mos herbicida de alta solubilidade e

aplicados sobre a palha, direcionado

ao controle de ramas: melão de São

Caetano e Jetirana.

2. Áreas sem irrigação e pouca infes-

tação de ramas, no período seco e co-

lheita de cana crua: realizamos o con-

trole de pós-emergentes das ervas.

3. De janeiro a fevereiro há um pou-

co de chuvas, mas ainda utilizamos

herbicida de alta solubilidade em

cana crua, direcionado ao controle

de ramas citadas anteriormente.

4. De março em diante, acompanha-se

a previsão de chuvas e substitui para

um herbicida de média solubilidade

nas áreas de colheita de cana crua.

5. Áreas de socaria com infestação

de tiririca: utiliza-se o herbicida

apropriado, de alta solubilidade.

As três primeiras situações acima têm

como padrão o herbicida Dinamic.

FErnAndO JOSÉ PrAtIIrmãos TonielloDestilaria Santa Inês

O corte da cana crua (sem despalha

por fogo) – e, consequentemente, a

sua mecanização – tornou-se de fun-

damental importância, mas acarreta

acúmulo de uma grande quantidade

de palha no solo afetando assim seu

micro clima e, com isso, uma mudan-

ça radical em termos de tratos cul-

turais, preparo de solo, controle de

pragas, controle de ervas daninhas,

ação de geadas etc.

Nesse cenário, em relação às pragas,

a que surgiu com maior importância

é a cigarrinha das

raízes, pois é ca-

paz de destruir

um canavial, cau-

sando perdas de

até 50% em uma

safra. O controle

pode ser bioló-

gico, com o uso

de fungos que

atacam as ninfas

da cigarrinha; mecânico, pelo enlei-

ramento e afastamento da palha da

linha da cana; e químico, por meio

de inseticidas. Pode-se ainda utilizar

mais de um método.

O biológico é o mais ecológico. Po-

rém, depende muito das condições

climáticas para aplicação e a eficiên-

DIVULGAçãO

cia, às vezes, é muito baixa, neces-

sitando de várias aplicações para se

ter um bom efeito – e nem sempre

temos tempo suficiente para impe-

dir um grande ataque.

O mecânico creio que seja o menos

eficaz, pois ao retirarmos a palhada

do solo, perdemos um dos grandes

benefícios da

mesma, ou seja,

manter a umi-

dade do solo e o

melhor aprovei-

tamento da adu-

bação e ao mes-

mo tempo não

controla total-

mente o ataque

de cigarrinhas,

pois ainda temos grande quantidade

de palha a cada duas ruas – e hoje sa-

bemos que a cigarrinha está atacan-

do até em cana planta, devido à alta

população ao seu redor e com cer-

teza ainda atacará a cana enleirada.

O químico, sem dúvida, ainda é o de

melhor eficácia. Seu custo é elevado,

É NECESSÁRIO

FAzER LEVANTAMENTO

DA PRAGA PARA

SABERMOS O

MOMENTO CORRETO

DA APLICAçãO

MUNDO CaNa

Page 20: Mundo Cana 5 Sep'11

MUNDO CaNa

20

porém o retorno é garantido. Não

devemos utilizá-lo indiscriminada-

mente. É necessário que se faça le-

vantamento da praga para sabermos

o momento correto da aplicação, que

pode ser tanto tratorizada quanto aé-

rea, com alta eficiência. Quanto mais

no início da infestação for o controle,

melhor será o resultado.

No caso das folhas largas, cipós em

geral, o controle deve ser feito por

meio do uso de herbicidas específi-

cos e não deixar que a palhada faça

o controle sozinha, pois isso não

ocorrerá. Existem boas soluções

para o controle destes parasitas.

Em resumo, a palha da cana-de-

açúcar, a não ser que seja levada

para a indústria para ser queimada e

gerar energia (se compensar finan-

ceiramente?), deve ficar onde está

e como está, pois será grande alia-

da na produção sustentável da cana

para a próxima safra, desde que ve-

rificado os devidos cuidados citados

anteriormente.

JOSÉ GErAldO dA SIlvAsupervisor de tratos Culturais - vale do Rosário, da LDC SEV

Hoje, já é uma realidade a colheita

de cana crua. Em nossa unidade,

praticamente no meio da safra, es-

tamos com 93% de colheita meca-

nizados. Tem sido observada em

áreas com a cana crua mudança em

consequência do favorecimento de

espécies com maior capacidade de

germinação sob espessa cobertura

de palha, em comparação com outras

que têm a germinação impedida por

ação física ou alelopática da palhada.

Mas isso não assegura que teremos

controle eficiente de ervas e pragas.

Significa que temos que mudar a ma-

neira de efetuar o manejo em área de

cana crua.

Uma prática ado-

tada é a intensifi-

cação de aplica-

ção de herbicida

em PPI visando à

redução do ban-

co de sementes

já na implanta-

ção do canavial,

podendo reduzir

a aplicação pós

plantio e utilizan-

do uma aplicação

pós quebra lombo, baseando-se no

conhecimento da matologia da área

e nas características físico-químicas

dos herbicidas usados – o que nos dá

uma condição de menor uso de her-

bicidas nos demais cortes, pensando

que o melhor herbicida é a própria

cultura, que deve estar bem implan-

tada para assegurar o seu maior po-

tencial produtivo.

Com relação ao manejo de pragas

não acredito que desenleirar a palha

da linha seja uma forma eficiente de

controle de cigarrinha. Acredito no

desenvolvimen-

to de técnicas al-

ternativas, bem

como no mane-

jo integrado de

pragas, com uso

de produtos bio-

lógicos e inseti-

cidas, que pode-

rá dar equilíbrio

à cultura, o que

traz a possibili-

dade de redução

de defensivos e

maior interdependência do acúmulo

da palha com o passar dos anos com

a colheita de cana crua. Isso será ex-

celente para extrairmos o máximo

de cada ambiente de produção com

ganhos econômicos e sustentabili-

dade para o negócio.

O MELHOR

HERBICIDA É A

PRóPRIA CULTURA

QUE DEVE ESTAR

BEM IMPLANTADA

PARA ASSEGURAR

O SEU MAIOR

POTENCIAL

PRODUTIVO

“DIVULGAçãO

Page 21: Mundo Cana 5 Sep'11

Nutrição vegetal e controle

de plantas daninhas

Com o bom momento da cana-de-

açúcar no Brasil, impulsionado

pelo crescimento da produção de

carros flex e pela grande demanda mun-

dial por açúcar, principalmente pela China

e pela Índia, o aumento da área plantada

tornou-se necessidade para o setor. E com

ela veio também a necessidade de solucio-

nar dificuldades oriundas desse novo ce-

nário, visando proporcionar ao produtor o

máximo desempenho, eficiência e renta-

bilidade.

Atenta a esse cenário, a Arysta LifeScien-

ce desenvolveu o conceito PronUtiva

Cana, com produtos de proteção e nu-

trição vegetal que oferecem ganhos na

produtividade da cana-de-açúcar, ao pro-

porcionar o sucesso no estabelecimento

inicial do plantio e o consequente melhor

fechamento do canavial, o que por sua

vez influencia positivamente o controle de

plantas daninhas realizado pelo herbicida.

Chryz Serciloto, doutor em fisiologia e

bioquímica de plantas, afirma que ao as-

segurar o estabelecimento e a brotação

inicial da cana-de-açúcar o produtor ga-

rante a lucratividade de seu canavial. O

especialista explica que um dos pontos

chaves para o sucesso do sistema produti-

vo da cana-de-açúcar é garantir o estabe-

lecimento inicial do canavial, por meio da

adequada brotação de gemas seguida do

perfilhamento da cana.

O Biozyme, fertilizante foliar que integra o

conceito PronUtiva Cana, estimula o

enraizamento, a brotação e o perfilhamen-

to da cana-de-açúcar, garantindo o estabe-

lecimento e o desenvolvimento inicial das

plantas e, consequentemente, maior pro-

dutividade da cultura da cana-de-açúcar.

Desde 2010, a empresa vem realizan-

do experimentos a campo para compro-

var a eficiência do produto na nutrição

do canavial. Na ultima safra foram ins-

MUNDO CaNa

cOntrOle eficaz e nutriçãO vegetal SãO

ferramentaS que Oferecem ganhOS na

produtividade da cana-de-açúcar

21

KLEBER VILLA CLE

Figura 1

Desenvolvimento

inicial de cana

aos 75 dias após

o plantio com

aplicação de

Biozyme em sulco

de plantio (à direita)

e com o tratamento

padrão (à esquerda)

>

PADRÃO

Page 22: Mundo Cana 5 Sep'11

talados ensaios e demo-plots em vá-

rias localidades brasileiras. Biozyme

aplicado no sulco de plantio

proporcionou interessante

efeito na brotação e no de-

senvolvimento inicial da cana-

de-açúcar (figuras 1 e 2). Ob-

serve na figura 3 que houve

efeito positivo da aplicação de

Biozyme no incremento do nú-

mero de perfilhos no início do

desenvolvimento da cultura, independente

da localidade testada. Em relação à pro-

dutividade, também houve efeito positi-

vo de Biozyme em todas as localidades

avaliadas (figura 4). O incremento variou

entre 5,1 ton/ha (região de Pi-

tangueiras/SP) até 14,5 ton/ha

(região de Piracicaba/SP).

“O efeito na produtividade final

correlacionou-se com o perfi-

lhamento inicial, o que mostra a

importância do desenvolvimen-

to inicial da cana-de-açúcar em

relação à sua produtividade”,

explica o especialista.

22

MUNDO CaNa

O efeitO na

prOdutividade final

correlacionou-se

cOm O perfilhamentO

inicial, demOnStrandO

a impOrtância dO

deSenvOlvimentO

inicial

RODOLFO zAPAROLLI

Figura 2

Brotação inicial de

cana aos 30 dias

após o plantio

com aplicação de

Biozyme em sulco

de plantio (à direita)

e com o tratamento

padrão (à esquerda)

>

Efeito de Biozyme no número de

perfilhos da cana em cinco regiões

produtoras (avaliação feita entre

90 e 120 dias após o plantio)

Figura 3

Efeito de Biozyme na produtividade da

cana (TCH) em cinco regiões produtoras

Figura 4

PADRÃO

PESQUISA & DESENVOLVIMENTO ARySTA LIFESCIENCE

PESQUISA & DESENVOLVIMENTO ARySTA LIFESCIENCE

Page 23: Mundo Cana 5 Sep'11

MUNDO CaNa

Se por um lado a nutrição adequada no

início do plantio possibilita maior produti-

vidade, também beneficia toda a produção

do canavial auxiliando o herbicida no con-

trole das plantas daninhas na cana planta.

O especialista de desenvolvimento de pro-

dutos e mercados da Arysta LifeScience,

Sergio Barbalho, explica que a partir da ne-

cessidade do aumento do plantio da cana-

de-açúcar o setor passou a ter maiores di-

ficuldades para sua produção ao longo do

ano, principalmente pelo grande desafio de

se plantar o ano inteiro.

“Uma das principais dificuldades encon-

tradas pelo agricultor é o plantio da cana

na época seca, onde só é possível o plantio

em áreas irrigadas, tornando-as áreas de

difícil manejo de plantas daninhas, princi-

palmente devido à baixa umidade e à alta

evapotranspiração da água no solo”, avalia

o especialista.

Além disso, as áreas irrigadas na época

seca para o plantio da cana normalmente

são favoráveis à germinação das plantas

daninhas, mas desfavoráveis para utiliza-

ção da maioria dos herbicidas utilizados na

cultura, tornando isso um grande desafio

para a equipe técnica das usinas.

Posicionado para o manejo de cordas de

viola, capim brachiária e outras plantas

daninhas problemáticas em cana planta e

cana soca, o herbicida Dinamic se destaca

devido ao seu longo residual e seu coefi-

ciente de sorção baixo (Koc) como fatores

importantes para o controle das plantas

daninhas nesses períodos secos do ano.

“Nessas áreas, o herbicida Dinamic torna-

se um grande aliado no controle das plan-

tas daninhas na cana planta, principalmen-

te por suas características físico-químicas,

que permitem alta eficácia, mesmo com

pouca umidade no solo, e alta seletividade

na cultura, tornando-se uma necessidade

para as unidades produtoras no contro-

le desse problema em áreas irrigadas do

Brasil”, complementa o especialista.

Dessa forma, aliando nutrição e proteção

é possível alcançar resultados satisfatórios

com a lavoura de cana-de-açúcar mesmo

com os problemas advindos da nova rea-

lidade do mercado sucroalcooleiro, que

exige cada vez mais dos produtores e das

indústrias do setor. É com esse intuito que

a Arysta desenvolveu o conceito PronU-

tiva Cana para oferecer soluções com-

pletas que atendam às principais necessi-

dades dos produtores de cana.

COrrElAçãO dA mAIOr BrOtAçãO/PErFIlhAmEntO E O BOm COntrOlE dE PlAntAS dAnInhAS

23

Área tratada com Dinamic

Alta incidência de corda de viola

na Testemunha

Page 24: Mundo Cana 5 Sep'11

Apoio rumo àsustentabilidade

Orplana inveSte em treinamentO cOnS-

tante, difuSãO de cOnhecimentO e eStí-

mulO aOS cuidadOS ambientaiS

MUNDO CaNa

de cana pela qualidade em todo o país, o

que representou significativo avanço nas re-

lações do setor.

Hoje, o presidente da organização, Ismael

Perina Junior, informa que as atividades rea-

lizadas possuem foco orientativo e ocorrem

em parceria com as associações de agricul-

tores. Entre as ações de destaques promo-

vidas visando a manutenção do produtor

de cana-de-açúcar na atividade e de forma

sustentável, estão a assinatura de um pro-

tocolo ambiental para a redução do prazo

para o fim da realização da queima da cana

e o estímulo aos cuidados com as áreas de

preservação permanente.

“Estamos avançando nesse sentido. Na

região de Guariba (SP), por exemplo, rea-

lizamos parceria com a cooperativa da re-

gião, a prefeitura, a polícia municipal, o

sindicato rural e clubes municipais como o

Rotary, para realizar a recomposição da área

de preservação ambiental. E já temos dois

projetos: o Corrego Vivo e o Reflorestando

as Nascentes”, afirma.

O presidente da Orplana acrescenta que há

também, pelo protocolo ambiental, iniciati-

vas para estimular as associações a buscar

Organizar a classe dos produtores

e ampliar sua representatividade

no país e exterior. Esse era o ob-

jetivo inicial da Organização de Plantadores

de Cana da Região Centro-Sul do Brasil –

ORPLANA, fundada em junho de 1976.

Desde então, a entidade vem acumulando

êxitos em suas iniciativas para promover di-

fusão de conhecimento entre os fornecedo-

res de cana e diálogo com órgãos públicos,

privados e sociedade para mostrar a rele-

vância do papel do produtor na economia e

defender os interesses do setor.

Assim, pode se afirmar que o trabalho da

Orplana já em sua essência traz o conceito

de sustentabilidade. Com sede em Piracica-

ba (SP), a entidade reúne 34 associações de

fornecedores de cana nos Estados de São

Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,

Minas Gerais e Goiás, representando cerca

de 18 mil fornecedores de cana, que rece-

bem assessoria técnica e jurídica da entida-

de, por meio de suas associações.

As grandes conquistas datam desde

a década de 90, quando a Orplana

participou diretamente da implan-

tação do sistema de pagamento

Ismael Perina Junior: atividades têm foco orientativo

>

24EWERTON ALVES

Page 25: Mundo Cana 5 Sep'11

para os seus produtores utilização alterna-

tiva das terras onde há dificuldade de meca-

nização. “É preciso orientar os produtores

para inserir culturas perenes, frutíferas e

de reflorestamento”, acrescenta. Segundo

Ismael, cerca de 2% a 3% das terras que a

entidade representa são de áreas com difi-

culdade de mecanização, localizadas em re-

giões tradicionais de cultivo da cana.

Na linha da difusão de conhecimento aos

produtores, com apoio da organização, as-

sociações, cooperativas e sindicatos rurais

realizam treinamentos constantes para en-

sinar o uso correto de defensivos aos produ-

tores. A iniciativa tem registrado resultados

muito positivos levando conscientização

sobre os benefícios da utilização correta e

racional dos agroquímicos, evitando danos

ambientais e reduzindo custos.

Por outro lado, também realiza anualmente

encontro anual, que em 2011, em sua déci-

ma primeira edição, reuniu cerca de 300 pro-

dutores, técnicos do setor sucroenergético,

diretores de associações da região Centro-

Sul, imprensa e pesquisadores. Na ocasião,

a diretora vice-presidenta da Orplana, Maria

Christina Pacheco, fez um chamado à classe

produtora para manter a união em um mo-

mento crucial para o setor, que envolve a

discussão sobre as mudanças do Código Flo-

restal, já que caso não houvesse alterações

o Código colocaria a maioria dos produtores

na ilegalidade. “Tudo o que nós queremos é

continuar a produzir e com sustentabilida-

de”, ressalta Christina.

Em mensagem aos produtores da Orplana

presentes no evento, o Deputado Federal

Aldo Rebelo, afirmou: “A agricultura se en-

contra premida por uma lei anacrônica e

um decreto que a suspende. O projeto que

relatei enfrenta essa realidade, oferece so-

luções, tira os produtores da ilegalidade e

ainda mantém o Brasil com a mais rígida le-

gislação de proteção ambiental do mundo”.

Todas as iniciativas relatadas são expressivas

e fundamentais para a sustentabilidade da

atividade e seu consequente sucesso futuro.

E se refletem diretamente na produção equi-

librada do setor de cana-de-açúcar. Na safra

de 2010/2011, os fornecedores representa-

dos pela Orplana produziram 125 milhões

de toneladas de cana-de-açúcar, contabili-

zadas no sistema ATR de processamento de

dados do Consecana, representando 22% da

produção da região Centro-Sul (557 milhões

de toneladas) e 20% da produção brasileira

(620 milhões de toneladas).

tudO O que nóS

queremOS é cOntinuar

a prOduzir e cOm

SuStentabilidade

“ “

POLIANA TALIBERTI

25

Encontro da Orplana reuniu 300 produtores

MUNDO CaNa

Page 26: Mundo Cana 5 Sep'11

A região Centro-Oeste tem como

particularidade a seca definida du-

rante um longo período do ano.

Normalmente, o índice pluviomé-

trico nessa região é muito baixo,

principalmente entre abril e setem-

bro, prejudicando os tratos cultu-

rais na cultura da cana-de-açúcar,

sendo necessária a utilização de

novas tecnologias para o controle

das plantas daninhas.

As aplicações de herbicidas para a

região também são prejudicadas

principalmente por baixa umidade

no solo, baixa pluviosidade, baixa

umidade relativa do ar e altas tem-

peraturas. Nesse cenário, os produ-

tos mais ade-

quados para

a p l i c a ç ã o

d e v e r ã o

ter como

caracterís-

ticas ideais

a baixa fo-

mais produção sem aumentar a área

26

MUNDO CaNa

todegradação, baixa pressão de va-

por, longo período de controle, bai-

xo coeficiente de adsorção (KOC)

e solubilidade alta, promovendo

assim maior facilidade de atuação

e controle das plantas daninhas.

O herbicida amicarbazone se des-

taca por sua eficiência nessas áreas

com condições extremas e secas

prolongadas, sendo um produto

que não necessita de complemen-

tação com outros herbicidas e pro-

move o controle ideal das plantas

daninhas. Suas características físi-

co-quimicas são diferenciadas para

aplicação nessa época do ano. Em

especial podemos destacar seu lon-

go período de controle, já compro-

vado na região Centro-Oeste e o

controle das principais infestantes

presentes nas plantações de cana-

de-açúcar, em especial as brachia-

rias e cordas de viola.

Nesse período mais seco e críti-

co do ano, não devemos esquecer

de um item muito importante e

fundamental para o controle das

plantas daninhas, que é a dose

do produto. Ela deverá ser

ajustada de acordo com o

período em que o herbicida

ficará exposto ao ambiente, dando

assim maior segurança para que ele

atue bem após longo período de

estiagem. A utilização da dosagem

correta para esse período assegura

ao produtor excelente controle das

plantas daninhas com ampla seleti-

vidade em seu canavial.

Com estas ações, certamente te-

remos sucesso nas aplicações em

épocas secas, com canaviais livres

de brachiarias e cordas de viola,

promovendo assim uma colheita

mecanizada de alto rendimento e

alta produção, reflexo de um exce-

lente tratamento e doses ideais.

Artigo por Sérgio Barbalho *

*Sérgio Barbalho - Especialista de desenvolvimento de produtos e mercados da Arysta LifeScience

>

há neceSSidade dO uSO cOrretO de herbicidaS,

e em dOSeS certaS, para SupOrtar a Seca

Área de extrema seca em Goiás

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