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SOCIOLOGIA Profº Ney Jansen Professor de sociologia do Colégio Estadual do Paraná MUNDO DO TRABALHO

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SOCIOLOGIA

Profº Ney Jansen

Professor de sociologia do

Colégio Estadual do Paraná

MUNDO DO TRABALHO

Taylorismo-Fordismo

O TAYLORISMO-FORDISMO Após a revolução industrial os avanços tecnológicos foram

constantes assim como o foram as manifestações dos trabalhadores

contra a exploração do sistema capitalista

No início do século XX o norte-americano Frederic W. Taylor

(1856-1915) desenvolveu um modelo de gestão e

organização da produção e do trabalho

Problemas visto por Taylor:

1-perda de competitividade das empresas

2-trabalhadores produziam aquém do esperado

3-trabalhadores davam muito palpite no processo de produção,

eram muito exigentes e indisciplinados com relação a horários

Foco de Taylor: EFICIÊNCIA

Justificativa: racionalização

da produção e do trabalho

Abaixo trecho do clássico livro de F. W. Taylor (1856-

1915), Princípios de Administração Científica (1911) :

No passado, o homem estava em primeiro lugar; no futuro, o

sistema terá a primazia […] o objetivo duma boa organização é

o aperfeiçoamento de seus homens de primeira ordem; e, sob

direção racional, o melhor homem atingirá o mais alto posto.

[…]

Este trabalho foi escrito:

Primeiro – Para indicar, por meio duma série de exemplos, a

enorme perda que o país vem sofrendo com a ineficiência de

quase todos os atos diários. […]

Terceiro – Para provar que a melhor administração é uma

verdadeira ciência, regida por normas, princípios e leis

claramente definidos, tal como uma instituição […]

Como elementos do mecanismo do sistema podem ser

referidos:

1o) estudo do tempo, com os materiais e métodos para realiza-

lo corretamente;

2o) chefia numerosa e funcional e sua superioridade sobre o

velho sistema do contramestre único;

3o) padronização dos instrumentos e material usados na fábrica

e também de todos os movimentos do trabalhador para cada

tipo de serviço; […]

7o) fichas de instrução para o trabalhador;

8o) ideia de tarefa na administração, associada a alto prêmio

para os que realizam toda a tarefa com sucesso; […]

11o) sistema de rotina; […]

[…] Como elemento incidente neste grande benefício à

produção, cada trabalhador é sistematicamente treinado para

alcançar o mais alto grau de eficiência e aprende a fazer espécie

de trabalho superior […]; ao mesmo tempo adquire atitude

cordial para com seus patrões e condições de trabalho,

enquanto antes grande parte de seu tempo era gasta em crítica,

vigilância suspeitosa e, às vezes, franca hostilidade. Este

benefício generalizado a todos os que trabalham sob o sistema

é, sem dúvida, o mais importante elemento na questão. […]

TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de Administração

Científica. Editora Atlas S.A. São Paulo, 1995.

Pressupostos

1- “O operário não é pago para saber e sim para fazer”;

2-Separação entre planejamento e execução: níveis

hierárquicos, ordens são claras e bem definidas;

3-Preocupação com o controle do tempo e ritmo do

trabalho; cronometragem do trabalho;

4-Estabelecimento de níveis mínimos de produtividade.

5-Rígida padronização da produção;

6-Extrema fragmentação e simplificação extrema do

trabalho;

7-Remuneração individualizada; Prêmios de produtividade;

8-Distribuição de manuais de boa conduta aos funcionários;

9-Exigência de mão de obra com mínimo de qualificação;

10-Intensificação do ritmo e a produtividade do trabalho;

Objetivo final: redução de custos; produção e consumo em

massa

Henry Ford (1862-1947) aprofunda a mecanização

introduzindo a linha de montagem e a esteira rolante

(ligação/conexão entre partes isoladas no processo de

trabalho)

Consequências Eficiência:

Tempo médio de produção de um automóvel reduziu de 12:30 para 1:30

Margem de manobra para aumentos salariais em virtude de ganhos de produtividade

Intensificação de ritmos, tempos e processos de trabalho (acidentes e lesões, stress)

Passividade/docilidade do trabalhador (acatar ordens)

Produção em massa exige consumo em massa (classe trabalhadora tem que virar classe consumidora. Ex: cartão de crédito)

Depoimento da operária e filósofa Simone Weil (1909-1943):

Na minha vida de fábrica foi uma experiência única [...] para mim pessoalmente veja o que significou o trabalho na fábrica. Mostrou que todos os motivos exteriores (que antes eu julgava interiores) sobre os quais, para mim, se apoiava o sentimento de dignidade, o respeito por mim mesma, em duas ou três semanas ficaram radicalmente arrasados pelo golpe de uma pressão brutal e cotidiana. E não creio que tenham nascido em mim sentimentos de revolta. Não, muito ao contrário. Veio o que era a última coisa do mundo que eu esperava de mim: a docilidade. Uma docilidade de besta de carga resignada. Parecia que eu tinha nascido para esperar, para receber, para executar ordens –que nunca tinha feito senão isso- que nunca mais faria outra coisa. Não tenho orgulho de pensar isso. É a espécie de sofrimento que nenhum operário fala; dói demais só de pensar. [...]

Dois fatores condicionam esta escravidão: a rapidez e as ordens. A rapidez: para alcançá-la, é preciso repetir movimento atrás de movimento, numa cadência que, por ser mais rápida que o pensamento, impede o livre curso da reflexão e até do devaneio. Chegando-se à frente da máquina, é preciso matar a alma, oito horas por dia, pensamentos, sentimentos, tudo [...] As ordens: desde o momento em que bate o cartão na entrada até aquele em que se bate o cartão na saída, elas podem ser dadas, a qualquer momento, de qualquer teor. E é preciso sempre calar e obedecer. [...] Engolir nossos próprios acessos de enervamento e de mau humor; nenhuma tradução deles em palavras, nem em gestos, pois os gestos estão determinados, minuto a minuto, pelo trabalho. Esta situação faz com que o pensamento se dobre sobre si, se retraia, como a carne se retrai debaixo de um bisturi. Não se pode ser “consciente”.

WEIL, Simone. Carta a Albertine Thévenon (1934-5) In BOSI, E. A condição operária e outros estudos sobre a opressão. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1979, p. 65. Reproduzido em TOMAZI, N. D. Sociologia para o ensino médio. Saraiva. São Paulo: 2010.

Sugestão de filme:

“CARNE e OSSO”

(Brasil, 2011, aprox. 60 minutos)

Tema: documentário sobre o trabalho em frigoríficos no Brasil (MS e SC)

O que observar: identificação de uma série de pressupostos do taylorismo-fordismo

Sugestão de filme:

“TEMPOS MODERNOS”

(USA, 1936, aprox. 1:30) Tema: ironiza o taylorismo-fordismo

O que observar: os movimentos no trabalho, a preocupação com o

tempo, o stress, o desespero

Referências:

PINTO, Geraldo Augusto. A Organização do Trabalho no Século 20: fordismo, taylorismo e toyotismo. Ed. Expressão Popular. São Paulo: 2007.

TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de Administração Científica. Editora Atlas S.A. São Paulo, 1995.

WEIL, Simone. Carta a Albertine Thévenon (1934-5) In BOSI, E. A condição operária e outros estudos sobre a opressão. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1979, p. 65. Reproduzido em TOMAZI, N. D. Sociologia para o ensino médio. Saraiva. São Paulo: 2010.