Mundo maravilhoso

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Texto: Mundo maravilhoso Autor: Luiz Gonzaga Pinheiro Música: What a wonderful world

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Texto: Mundo maravilhoso

Autor: Luiz Gonzaga Pinheiro

Música: What a wonderful world

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Quando eu nasci o mundo era lindo, mesmo visto pela janela descolorida da minha casa.

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Havia muitos risos, muitas flores e cata-ventos que nunca paravam de girar.

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O mar não trazia manchas, nem corpos, nem garrafas; os barcos eram pequenos e

românticos como camafeus.

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Eu me deitava no chão e ficava olhando os desenhos nas nuvens.

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Os invernos deixavam córregos mansinhos que levavam nossos barcos de papel para

além-bairro.

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Havia muitas crianças brincando de índios contra mocinhos nos capinzais.

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Os passarinhos não eram tão medrosos

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Borboletas pousavam em nossas mãos.

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Os sapos cantavam tanto que o mundo se enchia de melodias estranhas.

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As tardes eram nostálgicas, cheias de saudade, impregnadas de uma poesia misteriosa com

cheiro de flores silvestres.

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Quando alguém falava em Deus, logo tirava o chapéu em sinal de respeito.

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Ainda existiam árvores majestosas desafiando minha habilidade de menino travesso.

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As mulheres faziam rendas, cantavam e contavam histórias de um ou outro ancestral.

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A fumaça que se via vinha das chaminés, dos cachimbos, de coivaras preparando a terra .

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Que maravilhoso o mundo em que vivi e que meus netos desconhecem.

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Por isso guardo velhas fotos de flores, de tardes, de quintais, aromas desconhecidos que

palavras modernas não traduzem.

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Por isso tenho discos velhos, poemas velhos, gestos velhos, sentimentos velhos, como se

fosse um museu ambulante.

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Até meu tempo é velho: o tempo da consciência.

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