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Estrutura do corpo 14 Célula 16 Tecidos 20 Generalidades sobre o esqueleto 32 Generalidades sobre a musculatura 42 Anatomia Geral

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Estrutura do corpoDivisão do corpo humano (A, B)

O corpo humano está dividido em tronco (em sentido amplo)* e membros superiores e in-feriores. O tronco é subdividido em cabeça, pescoço e tronco (em sentido estrito)*. Neste, estão situados o tórax, o abdome e a pelve.

Os membros superiores estão unidos ao tron-co pelo cíngulo do membro su perior (cintura peitoral), e os membros inferiores, pelo cín-gulo do membro inferior (cintura pélvica). O cíngulo do membro superior, constituído por duas clavículas (1) e duas escápulas (2), está sobreposto em cada lado no tronco, sendo móvel em rela ção a este. O cíngulo do membro inferior, com posto dos dois ossos do quadril (3) e do sacro (4), está inserido no tronco.

Termos gerais (A-G)Principais eixos

Eixo longitudinal (vertical) (5) = na posição ereta, faz um ângulo reto em relação ao solo. Eixo transversal (horizontal) (6) = faz um ângulo reto em relação ao eixo longitudi nal, indo da esquerda para a direita. Eixo sagital (7) = dirige-se do plano posterior para o anterior do corpo, na mesma direção da sutura sagital (“fl e cha”), fazendo um ângulo reto com os dois eixos antes mencionados.

Principais planos

Plano mediano = esse plano, determinado pe-los ei xos longitudinal e sagital, por isso tam-bém denominado plano sagital mediano (8), divide o corpo em duas metades aproximada-mente iguais, os antímeros (por isso também chamado plano de simetria). Qual quer plano vertical paralelo ao plano sagital mediano é chamado plano sagital ou paramediano (9).

Plano frontal ou coronal (10) = esse plano, determi nado pelos eixos transversal e longitu-dinal, dispõe-se para lelo à fronte e faz um ân-gulo reto em relação ao plano sagital mediano.

Planos transversos (11) = situam-se em ângu-los retos em relação ao plano sagital mediano e ao plano frontal. Na posição ereta, dispõem-se horizontalmente e são determinados pelos eixos sagital e transversal.

Termos de direção no espaço

Cranial = em direção ao crânio (12)Superior = para cima, na posição ereta (12)Caudal = em direção às nádegas (13)Inferior = para baixo, na posição ereta (13)Medial = para o meio, em direção ao plano mediano (14)Lateral = para os lados, afastado do plano mediano (15)Médio = no meio (16)**Mediano = sobre o plano medianoProfundo = para o in terior do corpo (17)Superfi cial = para a su perfície do corpo (18)Rostral = em direção ao narizAnterior = para frente (19)Ventral = em direção ao ventre (19)Posterior = para trás (20)Dorsal = no sentido do dorso (20)Proximal = em direção à parte dos membros próxima ao tronco (21)Distal = em direção à parte dos membros dis-tante do tronco (22)Ulnar = no sentido da ulna (23)Radial = no sentido do rádio (24)Tibial = no sentido da tíbia (25)Fibular = no sentido da fíbula (26)Palmar ou volar = na ou em direção à palma (27)Plantar = na ou em direção à planta (28)

Termos de orientação dos movimentos

Flexão = inclinaçãoExtensão = alongamentoAbdução = afastamento do corpoAdução = aproximação do corpoRotação = giro, voltaCircundução = rodeio (em círculos)

** N. de T. No meio de duas estruturas, uma medial e outra lateral, o termo correto é intermédio; médio é usado no meio de duas estruturas, uma anterior e outra posterior, ou uma superior e outra inferior.

* N. de T. Os termos tronco em sentido amplo e tronco em sentido estrito não constam da Terminologia Anatômica e não são utilizados no Brasil.

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B Esqueleto (vista lateral)

C Principais eixos

D Plano sagital mediano

F Plano frontal

G Plano transverso

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A Esqueleto (vista anterior)

Plano transversoe plano paramediano(sagital)

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Célula (A)A célula representa a menor unidade de um ser vivo. Distinguem-se seres vivos unicelula-res (protozoários) e multicelulares (metazoá-rios). O tamanho das células humanas oscila entre 5 e 200 μm. A duração de sua vida é variável. Há célu las que vivem apenas alguns dias (por exemplo, leucócitos granulares) e células que permanecem por toda a vida do ser humano (neurônios).

As células mostram formas diferentes, havendo estreita relação com sua função (por exemplo, células musculares estriadas).

Todas as células são constituídas pela mem-brana celular, citoplasma (1) e núcleo ou ca-rioplasma (2), que contém corpúsculos nucle-ares, os nucléolos (3). O núcleo está separado do citoplasma pela mem brana nuclear ou nucleolema (4).

Citoplasma

O citoplasma está dividido em organelas celulares, esqueleto celular e inclusões citoplasmáticas. Eles situam-se na matriz aquosa ou hialoplasma.

À microscopia eletrônica, vê-se que cada cé-lula é envolvida por uma membrana celular composta por três camadas, o plasmalema (5). Ela geralmente apresenta uma superfície muito irregular, que pode também conter fi nos apêndices, os microvilos. A camada externa dessa membrana é composta de glicoproteí-na e tem aproximadamente 20 nm, o glico-cálice. É através dele que células homólogas, especifi camente ou não, podem se reconhecer mutuamente.

Organelas celulares

Primeiramente, temos o retículo endoplasmá-tico (6). Ele consiste em canais, cisternas e túbulos e pode ser granular ou agranular (6). Finos grânulos, os ribossomos, estão aderidos à superfície externa da dupla membrana do retículo endoplasmático granular. Eles têm aproximadamente 15-25 nm e consistem em

ácido ribonucléico e moléculas protéicas. O retículo endoplasmático granular está locali-zado nas células com importante função de síntese protéica, enquanto o retículo endo-plasmático agranular exerce outras funções na célula. Assim, ele é importante nas células do fígado, nas trocas metabólicas dos lipí-deos.

De especial importância, as mitocôndrias (7) são as fornecedoras de energia para a célula. Têm cerca de 6 μm de comprimento e podem se enrolar ou executar movimentos circulares. Seu número e tamanho dependem do tipo de célula e sua função.

O aparelho de Golgi (8) consiste em vários dictiossomos* (golgiossomos). Cada dictiosso-mo é formado por uma pilha de 5-10 sáculos achatados. O aparelho de Golgi é responsável pela formação e manutenção do glicocálice e também realiza a síntese e transformação bioquímica de elementos cedidos pelo retículo endoplasmático.

As demais organelas são os lisossomos (9) e os peroxissomos.

Esqueleto celular

Os microtúbulos pertencem a um conjunto de fi lamentos específi cos da célula, junto com os centríolos (10) e os cinetossomos. Os centrío-los, geralmente dois, estão quase sempre situ-ados nas proximidades do núcleo. Os microtú-bulos fazem parte do citoplasma que envolve o centrossomo, o centroplasma. O esqueleto celular confere à célula movimentos ondula-tórios, mas, por outro lado, também participa dos movimentos intracelulares (ver pág. 18).

Inclusões citoplasmáticas

Estas incluem os ribossomos, grânulos ou vacúolos de lipídeos (11), glicogênio (12), pig-mentos (13) e triglicerídeos, assim como dife-rentes componentes do esqueleto celular. Elas estão contidas na matriz aquosa.

* N. de T. No Brasil, o termo dictiossomo é mais usado em biologia vegetal, sendo pouco utilizado em biologia geral e animal.

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A Esquema de uma célula à microscopia eletrônica (de Faller, A.: Der Körper des Menschen, 11. Auflage Thieme, Stuttgart 1988)

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Núcleo (A, B)

O núcleo (A) ou carioplasma é uma estrutura vital. Seu tamanho depende do tamanho da célula. Normalmente, toda célula tem um ou mais núcleos. Na célula viva, o núcleo torna-se visível graças a uma refração mais forte. Ele está separado do citoplasma por uma membrana nuclear dupla (1). Somente quan-do está fi xado vê-se a estrutura do núcleo, cuja riqueza em ácido nucléico no núcleo in-terfásico (núcleo entre duas fases da divisão) aparece como a cromatina (2). A cromatina, transmissora da herança genética, aparece, na divisão do núcleo, sob a forma de cromos-somos.

Um nucléolo (3) é constituído de proteínas e contém grande quantidade de ácido ribonucléico (RNA). O número e o tamanho dos nucléolos são diferentes para cada célula. No sexo feminino, encontra-se, no núcleo interfásico, junto à membrana nuclear ou ao nucléolo, um cariossomo especial denomina-do cromatina sexual (4). Por meio dessa cromatina podemos verifi car a qual sexo a célula pertence. Ela é importante na classifi cação do sexo, sendo especial-mente visível nos núcleos dos leucócitos granulares do sangue (granulócitos). Neles, apresenta-se sob a forma de baqueta de tambor. No entanto, é preciso encontrar pelo menos seis baquetas de tambor, num mínimo de 500 granulócitos, para se poder fi rmar o diagnóstico de sexo “feminino”.

Ciclo vital (C-H)

Cada célula possui a capacidade de trocar substâncias, distinguindo-se troca de forma-ção e troca de degradação. A primeira consiste na absorção de substâncias para a formação e sustentação da célula, permitindo sua fun-ção; a segunda descarta o material transfor-mado após a utilização metabólica.A absorção de substâncias pela célula é chamada de fagocitose ou pinocitose. Células glandulares podem produzir seletivamente determinadas substâncias, o que é chamado de secreção. A soma das oxidações celulares é denominada respiração celular.

Em relação ao movimento celular, em primeiro lu-gar, existe um signifi cativo movimento citoplasmá-tico intracelular, exemplifi cado pela movimentação das mitocôndrias ou pelo deslocamento de inclusões.

Movimentos mais intensos aparecem durante cada divisão celular.

Outro movimento celular é aquele similar ao movi-mento amebóide, devido à expansão de apêndices citoplasmáticos, os pseudópodes. Especialmente ilus-trativo é o movimento amebóide presente nos leucó-citos, por exemplo, granulócitos e monócitos.

Finalmente, em certas células ocorre um movimento realizado por pequenos e delgados apêndices exis-tentes na superfície da célula, denominados cinocí-lios, originados dos cinetossomos. Forma-se uma corrente ciliar quando várias células com cí lios se agrupam (epitélio ciliar). Havendo apenas um cílio na célula, sendo este maior do que os outros, fala-se em célula fl agelada.

Reprodução por divisão celular. Distinguem-se a mitose, a meiose e a amitose. Cada divisão celular ocorre apenas depois da divisão do núcleo, sendo que o núcleo interfásico se torna um núcleo em divi-são, no qual os cromossomos são visí veis com seus movimentos típicos (cariocinese).

A mitose divide-se em diferentes fases que são a prófase (C), a prometáfase (D), a me-táfase (E), a anáfase (F, G), a telófase (H) e uma fase de re construção, na qual os núcleos das duas células-fi lhas retornam novamente à interfase. Sob o nome meiose compreende-se o pro-cesso de divisão reducional, isto é, no qual o número de cromossomos no núcleo torna-se a metade (número haplóide). Isso ocorre nas fases 1 e 2 da divisão que precede a formação das células sexuais nas gônadas masculina e feminina.

Na amitose há um estrangulamento do nú-cleo, sem que os cromossomos se tornem visíveis. O modo de distribuição dos cromos-somos é ainda desconhecido, sendo a divisão do núcleo seguida pela divisão do citoplasma celular.

Para pormenores mais abrangentes, consultar os li-vros “Histologie, Zytologie und Mikroanatomie des Menschen” de Leonhardt, H., 8a edição Thieme, Stut-tgart 1990; “Taschenatlas der Zytologie, Histologie und mikroskopischen Anatomie” de Kühnel, W., 9a edição Thieme, Stuttgart 1995.

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Núcleo sob aumento de 12.000 vezes. Aspecto à microscopia eletrônica

Leucócito com cromatina sexual, mostrando um núcleo segmentado. Aumento aproximado de 1.000 vezes. (As figuras A e B foram extraídas de Leonhardt, H.: Histologie und Zytologie des Menschen, 8. Auflage Thieme, Stuttgart 1990)

Esquema da mitose (de Leonhardt, H.: Histologie, Zytologie und Mikroanatomie des Menschen, 8. Auflage Thieme, Stuttgart 1990)

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TecidosO tecido é a união de células e seus derivados que possuem a mesma diferenciação e função. Vários tecidos se unem para formar um ór-gão. De acordo com o tipo de união entre as células, distinguimos diversos tipos de teci-dos. A classifi cação mais utilizada considera a estrutura histológica e sua função, indepen-dentemente do modo de união das células. Neste volume são descritos os tecidos epite-lial, de sustentação e muscular. O tecido nervoso é descrito no volume 3.

Tecido epitelial (A-G)

Tecidos epiteliais são uniões de células polié-dricas fi rmemente justapostas que podem ser divididos pela função, pela disposição e pela forma das células epiteliais.

Com base nas suas funções, distinguem-se epitélios de revestimento (superfi cial), glan-dular e sensorial. O epitélio de revestimen-to (superfi cial) é um epitélio de proteção, que forma uma camada protetora sobre as super-fícies externa e interna do corpo humano, impedindo a penetração de bactérias ou a de-sidratação do corpo. Além disso, os epitélios facilitam as trocas de substâncias, como, por exemplo, nos epitélios de secreção e de absor-ção que podem, por um lado, eliminar subs-tâncias internas para fora da célula (secreção) e, por outro lado, encaminhar substâncias externas para o interior da célula (absorção). O tecido epitelial também pode ser estimula-do. Esta recepção de estímulos é realizada de forma diferenciada por células epiteliais espe-cializadas em alguns epitélios.No epitélio glandular estão todas as células epite-liais que elaboram secreções e as lançam para uma superfície interna ou externa, através de ductos de excreção (glândulas exócrinas) ou diretamente no sistema vascular (glândulas endócrinas).

A disposição diferenciada das glândulas exócrinas no epitélio de revestimento nos permite distingui-las em endoepiteliais e exoepiteliais. Também são classi-fi cadas, quanto à quantidade de secreção e modo de eli minação, em glândulas écrinas, apócrinas e holócri-

nas. Células glandulares écrinas secretam abundante e constantemente e ocorrem nos tratos respiratório, digestório e ge nital (ver vol. 2). Exemplos de glândulas apócrinas são as glândulas mamárias e su doríferas, e de glândulas holócrinas, as glândulas sebáceas.

Cada epitélio sensorial, especializado, é dis-cutido individualmente nos órgãos dos senti-dos (ver vol. 3).

Todos os epitélios estão assentados na membrana basal, que representa o limite entre estes e o tecido conectivo subjacente.

Quanto à disposição das células, temos epi-télios simples (A-C) ou estratifi cados (D, E), havendo ainda epitélios pseudo-estrati-fi cados (F). Nos epitélios estratifi cados, ape-nas a fi leira mais inferior de células mantém contato com a membrana basal, enquanto no epitélio pseudo-estratifi cado todas as células mantêm contato com a membrana basal, mas nem todas alcançam a superfície.

Quanto à forma das células, pode-se falar de epitélio pavimentoso (escamoso) (A), epi-télio isoprismático (cúbico) (B) ou epitélio prismático alto (cilíndrico) (C).

O epitélio pavimentoso é essencialmente um epitélio de proteção, podendo ser queratinizado ou não-que-ratinizado. O epitélio da pele é pavimentoso querati-nizado, ao passo que, em partes da superfície interna do corpo humano com grande solicitação mecânica (como, por exemplo, na cavidade bucal), encontra-se o epitélio pavimentoso não-queratinizado (E). O epitélio pavimentoso simples não-queratinizado é formado por células bem moldadas e reciprocamente encaixadas (= quebra-cabeça) e é encontrado no re-vestimento das membranas serosas (mesotélio) ou nos vasos sangüíneos e linfáticos (endotélio). Célu-las epiteliais cilíndricas podem apresentar apêndices e cílios; fala-se então de epitélio ciliado (F), como, por exemplo, o do trato respiratório.

Os epitélios isoprismático (cúbico) e primástico alto (cilíndrico) têm a função de secreção e absorção. Encontram-se, por exemplo, nos túbulos renais (iso-prismático) e no tubo digestivo (prismático alto). Um tipo especial é o chamado epitélio de transição (G), cujas células podem se adaptar a qualquer tensão. O epitélio de transição é encontrado nas vias excre-toras de urina.

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Epitélio pavimentoso estratificado não-queratinizado

C Epitélio prismático alto simples

B Epitélio isoprismático simplesA Epitélio pavimentoso simples

D Epitélio prismático alto estratificado

E F Epitélio ciliado, pseudo-estratificado

G Epitélio de transição

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Tecidos de ligação e sustentaçãoEsses tecidos são compostos por feixes celulares de amplas malhas, formadas por células fi xas e livres e pela substância intercelular. As célu las fi xas são sempre nomeadas de acordo com o tecido que elas formam; temos, portanto, células fi brosas, células cartilaginosas, células ósseas, etc. A substância intercelular nos tecidos de sustentação maduros é composta pela substância fundamental e pelas fi bras diferenciadas.

Diferenciam-se:

Tecido conectivo: Embrionário, reticular, intersti-cial, fi broso denso e adiposo.

Tecido cartilaginoso: Hialino, elástico e fi brocarti-laginoso.

Tecido ósseo.

Tecido conectivo (A, B)Além das células fi xas e livres, encontram-se, na substância intercelular, fi bras reticulares, colágenas e elásticas e a substância funda mental (proteoglica-nas e glicoproteínas).

Células fi xas: Fibrócitos (células fusiformes; suas precursoras, os fi broblastos, podem formar substân-cia intercelular ou fi bras), cé lulas mesenquimais e reticulares, células pigmentares e adiposas.

Células livres: Histiócitos (células polimorfas), macrófagos (movimentos amebóides) e, em menor número, linfócitos, plasmócitos, monócitos e granulócitos.

A substância intercelular contém fi bras, entre as quais as fi bras reticulares (fi bras em rede), semelhan-tes às fi bras co lágenas (ver adiante), encontradas nos capilares, nas membranas basais, nos túbulos renais, etc. Um segundo grupo de fi bras é representado pelas fi bras colágenas, compostas por fi brilas e unidas por uma substância cementante, podendo ser encontra-das em todos os tecidos de sustentação. As fi brilas são onduladas, quase inelásticas e sempre organi-zadas em feixes, sendo encontradas princi palmente nos tendões, na membrana timpânica, etc. Pode-se ainda distinguir diferentes tipos de colágeno (I – III) no tecido conectivo, dependendo da constituição da molécula protéica. Finalmente, há as fi bras elásticas (amareladas), que se organizam em redes fi brosas. São encontradas nas artérias mais próximas ao co-ração, em diversos ligamentos (ligg. amarelos, ver pág. 68), etc. A substância intercelu lar contém ainda a substância fundamental, composta parcialmente

pelas células do tecido e que facilita as trocas de subs-tâncias entre as células e o sangue.

O tecido conectivo embrionário contém células mesenquimais e substância fundamental mucoge-latinosa. Aparece principalmente sob a forma de mesênquima.

O tecido conectivo reticular (A) possui fi bras re-ticulares e cé lulas reticulares que têm a função de fagocitose e de armazenamento (depósito). Essas cé-lulas de senvolvem uma intensa e especializada troca de substâncias (metabolismo). Diferencia-se em teci-do conectivo linforreticular (linfonodos, etc.) e tecido conectivo mielorreticular (medula óssea).

O tecido conectivo intersticial é um tecido frouxo, de forma indefi nida, encarregado principalmente de preencher os espaços entre outras estruturas (mús-culos, etc.). Além das funções de preenchi mento e deslocamento, o tecido conectivo intersticial permite realizar trocas genéricas de substâncias e também tem a função de regeneração. Além das células (fi -brócitos, células adiposas), contém principalmente fi bras colágenas, redes de fi bras elásticas, fi bras reti-culares e substância fundamental.

O tecido conectivo fi broso (B) caracteriza-se por ter uma grande quantidade de fi bras colágenas. As célu-las e a substância fundamental, em comparação com o tecido conectivo intersticial, estão aqui reduzidas. Distinguem-se o tecido conectivo fi broso não-modela-do (por exemplo, na derme, esclera, dura-máter, etc.) e o tecido conectivo fi broso modelado (por exemplo, nos tendões e nas aponeuroses).

O tecido adiposo, que possui grandes células com um núcleo achatado na periferia. Distingue-se em tecido adiposo monovacuolado, branco, e plurivacuo-lado, castanho. Este é encontrado em grande quan-tidade nos recém-nascidos, mas é escasso no adulto (por exemplo, na cápsula adiposa do rim). Além das células adiposas, o tecido adiposo também contém tecido conectivo intersticial (disposição em lóbulos). Diferencia-se em tecido adiposo de reserva (de-pende do estado nutricional) e tecido adiposo de constituição (independe do estado nutricional). Este último é encontrado em articulações, medula óssea, corpo adiposo da bochecha, etc. O primeiro tipo, exis-tente profusamente na tela subcutânea, é consumido quando necessário, e as células assumem a forma de células reticulares. Especialmente no emagrecimento acentuado (caquexia), vê-se no citoplasma um acú-mulo líquido (célula adiposa serosa).

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Tecido conectivo fibroso da derme. Aumento aproximado de 300 vezes (As figuras A e B foram extraídas de Leonhardt, H.: Histologie, Zytologie und Mikroanatomie des Menschen, 8. Auflage Thieme, Stuttgart 1990)

Tecido conectivo reticular. Aumento aproximado de 300 vezes

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Tecido cartilaginoso (A-C)

O tecido cartilaginoso é elástico à pressão (fl exível) e à tensão (compressível). É re-sistente e composto por células e substância intercelular. O tipo de substância intercelular é defi nido pelo tipo de tecido cartilaginoso. Diferenciamos as cartilagens em hialina, elástica e fi brosa.

As células cartilaginosas, os condrócitos, são ricas em água, glicogênio e lipídeos. Elas têm uma forma esferóide, assemelhando-se a uma vesícula, tendo o núcleo o mesmo formato. É na substância intercelular, muito rica em água (até 70%), que está constituída a base da função de sustentação da cartilagem. É vir-tualmente avascular e desnervada, com uma estrutura fi brilar (fi bras e substância funda-mental com proteoglicanas, glicoproteínas, lipídeos e eletrólitos).

Cartilagem hialina (A)

A cartilagem hialina é levemente azulada e leitosa, apresentando na substância interce-lular uma grande quantidade de fi bri las co-lágenas e algumas redes de fi bras elásticas. As fi brilas colágenas da cartilagem articular se dispõem na direção da maior demanda mecânica. As células situadas nas lacunas cartilaginosas (condroplastos) são envolvidas por uma cápsula que as isola da substância intercelular, formando um halo celular. As células podem estar mais ou menos organi-zadas em fi leiras ou colunas (pág. 28) e for-mam, juntamente com o halo, um condrônio ou corpo condral. Cada célula origina várias células-fi lhas. Exter namente, a cartilagem é revestida por uma membrana fi brosa, o peri-côndrio, que se prolonga mais ou menos na cartilagem.

As cartilagens hialinas que suportam muita pressão (superfícies articulares dos membros inferiores) possuem maior teor de glicosami-noglicana (sulfato de condroitina) do que as que suportam menos pressão (por exemplo, as superfícies articulares dos membros supe-riores).

Por causa da avascularidade, isto é, escassez de vasos sangüíneos, o tecido cartilaginoso fi ca mais propenso a processos degenerativos em seu interior, que são causados por altera-ção das fi bras colágenas, cujas fi brilas coláge-nas fi cam visíveis ao microscópio (“desmas-caramento”). Como o teor de água e de sulfato de condroitina diminui com a idade, a capaci-dade para suportar peso da articulação (ou da cartilagem hialina) também decresce.

Além disso, podem-se encontrar, já muito pre-cocemente, de pósitos de cálcio na intimidade da cartilagem hialina.

Encontra-se cartilagem hialina nas cartila-gens articulares, cartilagens costais, cartila-gens do trato respiratório, na cartilagem epi-fi sial e no esqueleto de modelo cartilaginoso. A cartilagem epifi sial tem suas células car-tilaginosas dis postas em colunas ou fi leiras. A partir desta formação é que ocorre o cres-cimento intrínseco da cartilagem (pág. 28) e nela se baseia o crescimento ósseo.

Cartilagem elástica (B)

Ao contrário da coloração azulada da cartila-gem hialina, a cartilagem elástica mostra-se amarelada, diferente daquela. A substância intercelular contém grande quantidade de re-des de fi bras elásticas e menor quantidade de fi brilas colágenas. A maior quantidade dessas redes é que lhe confere fl exibilidade e elasti-cidade. Não apresenta depósitos de cálcio e é encontrada na orelha, epiglote, etc.

Cartilagem fi brosa (C)

A cartilagem fi brosa, também chamada de fi -brocartilagem, possui menos células do que as demais, porém é mais rica em feixes de fi -bras colágenas. É encontrada principalmente nas sínfi ses (discos) intervertebrais (pág. 66) e na sínfi se púbica (pág. 34).

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Cartilagem fibrosa (disco intervertebral). Aumento aproximado de 180 vezes (Figuras A – C extraídas de Leonhardt, H.: Histologie und Mikroanatomie des Menschen, 8. Auflage Thieme, Stuttgart 1990)

Cartilagem elástica (cartilagem da orelha). Aumento aproximado de 180 vezes

Cartilagem hialina (cartilagem costal). Aumento aproximado de 180 vezes

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Tecido ósseo (A, B)

O tecido ósseo é formado pelas células ós-seas, os osteócitos, substância funda mental, fi brilas colágenas, substância cementante e diversos sais. A substância fundamental e as fi brilas colágenas consti tuem a substância intercelular, o osteóide. As fi brilas pertencem à parte orgânica, e os sais, à parte inorgâ-nica do osso. Os principais sais são fosfato de cálcio, fosfato de magnésio e car bonato de cálcio. Encontramos ainda sais de cálcio, potássio e sódio ligados ao cloro e fl úor.

Os sais defi nem a dureza e a resistência de um osso. Um osso sem sais, isto é, “descalcifi ca-do”, torna-se fl exível. A calcifi cação defi ciente pode ter como origem a carência de vitamina ou uma disfunção hormonal. A carência de vitamina pode ser devida à ausência de in-cidência de raios ultravioletas no corpo sem haver, portanto, a transformação de provita-minas em vitaminas. A calcifi cação defi ciente provoca amolecimento dos ossos, como, por exemplo, o que aparece no raquitismo.

Não são apenas os sais os responsáveis pela dureza dos ossos, mas também o componen-te orgânico. A elasticidade óssea é perdida quando não há substrato orgânico sufi ciente. Em tal condição, a sobrecarga no osso pode torná-lo quebradiço. A proporção entre sais inorgânicos e fi brilas colágenas muda duran-te o curso da vida. Nos ossos de recém-nasci-dos, a quantidade desses sais é de aproxima-damente 50%, mas aumenta até atingir 70% no adulto idoso e, com isso, os ossos perdem sua elasticidade, isto é, sua fl exibilidade e re-sistência mecânica diminuem. A destruição do componente orgânico pode ser obtida ar-tifi cialmente pela maceração.

De acordo com a disposição das fi brilas, dis-tinguem-se dois tipos de ossos, o primário e o lamelar. O osso primário tem estrutura semelhante à do tecido conectivo calcifi ca-do e aparece no homem principalmente no período de desenvolvimento. No adulto, é encontrado no labirinto ósseo e nas suturas do crânio.

Os ossos lamelares (A, B), mais importan-tes e freqüentes, mostram uma clara estrati-fi cação causada pela disposição paralela das fi brilas colágenas, as lamelas (1), que se al-ternam com as células ósseas (2). A organiza-ção lamelar se faz ao redor de canais vascu-lares, os canais centrais ou canais de Havers (3). Um canal vascular com suas lamelas é chamado osteônio ou sistema de Havers (A). Há fi bras colágenas que possuem um arranjo espiralado para a direita (4), medindo cerca de 2-3 μm de espessura, e fi bras colágenas com um arranjo espiralado para a esquerda (5), mais espessas, que medem cerca de 5-10 μm de espessura. Este duplo arranjo das fi bras colágenas provoca um aumento na du-reza do osso.

Entre os osteônios, encontram-se lamelas intermediárias (6), que são constituídas de restos de antigos osteônios. Os canais vascu-lares nos osteônios co municam-se através de pequenos canais trans versais denominados canais perfurantes ou canais de Volkmann (7). A formação e a disposição dos osteônios dependem da força mecânica exercida no osso. Com a modifi cação da pressão, os os-teônios se reorganizam. Essa reorganização dos osteônios pode ser obser vada macrosco-picamente. Assim, pode-se estudar particu-larmente o comportamento das trajetórias das linhas de tensão, pela observação do fêmur, que se estrutura de acordo com a mu-dança da pressão.

A nutrição dos ossos provém do periósteo (pág. 32). A medula óssea é nutrida através dos forames nutrícios (aa. nutrícias).

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Esquema da substância compacta da diáfise de um osso longo

Sistema de Havers. Aumento aproximado de 400 vezes. No centro: canal central (de Havers) com tecido conectivo perivascular (de Leonhardt, H.: Histologie, Zytologie und Mikroanatomie des Menschen, 8. Auflage Thieme, Stuttgart 1990)

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Desenvolvimento ósseo (A-C)A formação óssea é realizada pelo osteoblasto (1), que se diferencia a partir de células mesenquimais. Os osteoblastos liberam uma substância intercelular seletiva, o osteóide, que no início é composta por substância fundamental e fi bras colágenas. A partir dos osteoblastos, desenvolvem-se os osteócitos, as células ósseas. Os osteoclastos (2), células de des-truição óssea, participam na remodelagem óssea.

Distinguem-se a ossifi cação direta ou desmal (A) e a ossifi cação indireta ou condral (forma ção óssea de substituição) (B, C).

A ossifïcação desmal ou osteogênese membra-nosa (A) é o desenvolvimento do osso a partir do tecido conectivo. Este é rico em células me-senquimais que se diferenciam em osteoblastos (1) e depois em osteócitos. Ao mesmo tempo, formam-se as células de destruição óssea, os osteoclastos (2). Além disso, surgem também as fi brilas colágenas. O osso original é um osso fi broso que depois se torna um osso lamelar. Os ossos de ossifi cação desmal são os ossos do crânio, da face e a clavícula.

Na ossifi cação condral ou osteogênese car-tilaginosa (B, C), há necessidade da forma-ção prévia de um modelo cartilaginoso do esqueleto, que é então substituído por osso. O crescimento ósseo só é possível enquanto existir tecido cartilaginoso. A formação óssea de substituição é feita pelos condroclastos, células diferenciadas do tecido cartilaginoso, que destroem a substância cartilaginosa e per-mitem que os osteoblastos formem uma nova substância óssea. Há dois tipos conhecidos de ossifi cação condral, a ossifi cação endocondral (C) e a ossifi cação pericondral. A ossifi cação endocondral (3) se inicia no interior de uma cartilagem e aparece mais freqüentemente na região das epífi ses. As epífi ses representam as extremidades dilatadas dos ossos longos (pág. 32), ao passo que o corpo desses ossos é denominado diáfi se. A ossifi cação pericondral (4) se inicia no peri-côndrio (5) e se limita à diáfi se. No limite entre a epí-fi se e a diáfi se encontra-se a cartilagem epifi sial (6), necessária para o crescimento longitudinal do osso. A parte da diáfi se que se liga à epífi se denomina-se metáfi se e se desenvolve por ossifi cação endocondral (ver adiante).

No interior da cartilagem epifi sial, a ossifi cação se processa em várias zonas. Primeiramente, é no lo-cal de união da epífi se com a diáfi se que se situa a zona da cartilagem de crescimento, formada por car-tilagem hialina que, na sua parte epifi sial, não sofre infl uência da ossifi cação. Junto a essa cartilagem em “repouso” se encontra a zona de cartilagem seriada (7), a zona de crescimento. Aqui se processa a divi-são e multiplicação das células. A camada seguinte, situada na parte diafi sial, é a zona da cartilagem hi-pertrófi ca (8) na qual já aparece calcifi cação. Anexa a essa zona situa-se a zona de cartilagem calcifi cada. Nesse local, a cartilagem é destruída por condroclas-tos e substituída por osteoblastos que passam a for-mar o tecido ósseo. Neste processo há condrócitos em degeneração que nos permitem diferenciar, na diáfi se, a ossifi cação endocondral (9) da ossifi cação pericondral. O osso formado por ossifi cação endo-condral pode vir a ser substituído secundariamente por osso formado por ossifi cação pericondral. A rea-bsorção do osso endocondral se processa pela migra-ção interna de osteoclastos.

O crescimento em espessura na região da diáfi se se processa na sua superfície através de deposição de nova matéria óssea logo sob a camada osteogênica do periósteo. Enquanto isso, o canal medular (10) se amplia por reabsorção óssea. Todos os processos de crescimento são controlados por hormônios.

Na epífi se, a ossifi cação só se inicia após o nasci-mento, com exceção das epífi ses distal do fêmur e proximal da tíbia. Nessas duas epífi ses (e no cubói-de), a ossifi cação se inicia logo antes do nascimento, no 10o mês de gestação (sinal de maturidade fetal!).

Notas clínicas Numa radiografi a permanece, na extremidade da cartilagem de crescimento, uma fi na linha denominada linha epifi sial*.

Tecido muscular (A-D)

O tecido muscular é caracterizado por células alongadas que contêm os miofi lamentos cons-tituídos por miofi brilas. Essas miofi brilas é que conferem às células musculares a capacidade de contração. Considerando-se a microestru-tura e o comportamento funcional, podem-se distinguir três grupos de tecido muscular: a

* N. de T. Em clínica radiológica, é mais conhecida como linha de crescimento.

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A Ossificação desmal

Ossificação condral do osso longo(esquemática). Na epífise, a ossificaçãoendocondral e na diáfise, a ossificaçãopericondral

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Ossificação na região dacartilagem de crescimento

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musculatura lisa (A), a musculatura estriada (B, D) e a musculatura cardíaca (C).

Musculatura lisa (A)

É constituída por células alongadas, fusi-formes, com 40-200 μm de comprimento e 4-20 μm de espessura, contendo um núcleo centralizado. As miofi brilas, difíceis de serem visualizadas, não apresentam estrias. Duas células musculares são unidas numa unidade funcional por fi bras reticulares transversais. A função (contração) da musculatura lisa é involuntária, e a conexão com o axônio (si-napse) é realizada diretamente com a célula muscular (ver vol. 3).A fi bra muscular lisa pode aumentar seu volume ou multiplicar-se sob a ação de hormônios*. Ocorre não apenas um aumento do volume da célula muscular, mas também o aparecimento de novas células. Como exemplo, temos o útero, no qual as fi bras musculares podem atingir até 800 μm de comprimento.

Musculatura estriada (B, D)

É formada por células musculares (fibras musculares) que podem atingir 10-100 μm de espessura e até 15 cm de comprimento. Os núcleos se lo calizam na direção do eixo lon-gitudinal da fi bra muscular, logo abaixo da superfície. Suas miofi brilas são bem visíveis e formam uma estriação longitudinal. As es-trias transversais são formadas por alternân-cia periódica de faixas “I” (isotrópicas), delga-das, claras e pouco refrativas, e de faixas “A” (anisotrópicas) ou “Q”, largas, escuras e bem refrativas. Na faixa A, encontra-se uma zona clara (H) com uma tênue linha escura media-na (M), e na faixa I, encontra-se uma delgada linha anisotrópica mediana (Z). Entre duas linhas Z, o segmento de miofi brilas é denomi-nado sarcômero (D).

Cada célula muscular esquelética possui vários núcleos. O sarcoplasma possui uma quantidade variável de mitocôndrias (sarcos-somos). Considerando a função, distinguem-se fi bras musculares fásicas (convulsivas) e

fi bras musculares tônicas. Sob a denominação de fi bras fásicas estão aquelas conhecidas como fi bras musculares “vermelhas”, ricas em hemoglobina e mitocôndrias (contração iso-métrica de longa duração), e fi bras muscula-res “brancas”, ricas em miofi brilas (contração isotônica de curta duração). A coloração de um músculo é dada pelo volume de sangue e pela quantidade de mioglobina encontrada no sarcoplasma. A cor também é determinada pela quantidade de água e de miofi brilas. Fica assim ex-plicado por que músculos diferentes têm colorações diversas. Fibras mais delgadas e com menos quantida-de de água e de fi brilas apresentam cor mais clara, ao passo que fi bras mais espessas apresentam cor mais escura.

O sarcolema envolve cada fi bra muscular como se fosse uma cápsula de tecido conectivo. Entre essas fi bras encontra-se um delgado tecido conectivo, o endomísio. Várias fi bras musculares juntas são en-volvidas pelo perimísio interno** e formam os feixes primários.

O perimísio externo*** é o envoltório de tecido conec-tivo que envolve vários feixes primários, formando uma unidade de fi bras carnosas, o músculo.

As fi bras musculares estriadas esqueléticas estão sub-metidas à vontade (voluntárias), e sua inervação é feita pelas placas motoras (ver vol. 3).

Musculatura cardíaca (C)

As fi bras cardíacas são ricas em sarcoplasma e estão dispostas em rede. Existe estriação transversal, porém os sarcômeros são mais curtos. A faixa isotrópica “I” é mais estriada do que a da musculatura esquelética. O núcleo das fi bras musculares cardíacas é de localiza-ção central. A quantidade de sarcossomos é também maior do que a da musculatura es-quelética. Além disso, a musculatura cardíaca apresenta estrias refringentes, discos intercala-res, encontrados na região das linhas Z. Sobre detalhes estruturais, ver o vol. 2.

* N. de T. O aumento do volume celular é chamado hipertro-fi a, e o aumento do número de células, hiperplasia.

** N. de T. Na Terminologia Anatômica, o perimísio interno recebe o nome de perimísio.

*** N. de T. Na Terminologia Anatômica, o perimísio externo recebe o nome de epimísio.

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Cortes longitudinal e transversal da musculatura lisa (A), da musculatura estriada (B)e da musculatura cardíaca (C). Aumento aproximado de 400 vezes (de Leonhardt,H.: Histologie, Zytologie und Mikroanatomie des Menschen, 8. Auflage Thieme 1990)

A B C

Esquema das miofibrilasem relaxamento e contração

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Generalidades sobreo esqueleto

Classifi cação dos ossos (A-F)

Os ossos formam uma unidade rígida, o es-queleto, que, juntamente com as articulações, constitui a parte passiva do sistema locomo-tor, que é movimentado pela parte ativa do sistema locomotor, a musculatura. Os ossos apresentam diferentes formas dependendo de sua função e localização no corpo humano. Macroscopicamente, podemos distinguir dois tipos diferentes de estrutura óssea. Na super-fície óssea, encontra-se geralmente uma es-trutura mais maciça, a substância compacta ou cortical (1)*. No interior dos ossos curtos e planos e nas epífi ses e metáfi ses dos ossos longos, vemos uma estrutura constituída de tramas de pequenas trabéculas ósseas, se-melhante a um tricô, que é a substância es-ponjosa (2). Nos seus espaços, encontra-se a medula óssea. Nos ossos planos da calvária, a substância compacta é denominada lâmi-na externa (3) e lâmina interna (4). Entre as duas lâminas, encontra-se o díploe (5), que corresponde à substância esponjosa.

Ossos longos (A-C)

Um osso longo, como, por exemplo, o úmero (A), é constituído por um corpo, a diáfi se (6), e por extremidades, as epífi ses (7). No corpo de um osso longo (B, C), encontra-se um canal medular (8), que contém medula óssea ver-melha ou amarela e apresenta, portanto, uma forma tubular. O crescimento do osso longo se faz basicamente em uma direção principal.

Ossos planos (D)

Nos ossos planos existem duas lâminas de substância compacta, entre as quais se encontra a substância esponjosa. Como exemplo de osso plano, tem-se a escápula e alguns ossos da cal-vária, como o osso parietal (D). Seu crescimento se faz basicamente em duas direções principais.

Ossos curtos (E)

Os ossos curtos, dos quais fazem parte os os-sos do carpo (por exemplo, o osso capitato, E), são constituídos externamente por substância compacta e internamente por substância es-ponjosa.

Ossos irregulares

Entre eles está cada osso que não pôde ser classifi cado nos tipos anteriores, como, por exemplo, as vértebras.

Ossos pneumáticos (F)

Estes ossos apresentam no seu interior cavi-dades aéreas (seios) revestidas por mucosa (9) e são encontrados no crânio (osso etmói-de, maxila [F], etc.).

Ossos sesamóides

Os ossos sesamóides são encontrados no es-queleto do pé e da mão**. Também podem estar inseridos em tendões, como, por exem-plo, a patela, o maior osso sesamóide.

PeriósteoO periósteo reveste todo o osso, com exceção de suas superfícies articulares. É constituído de um estrato fi broso e um estrato osteogênico. No periósteo, encon-tram-se muitos vasos sangüíneos, linfáticos e nervos. Os últimos condicionam a sensação de dor, quando se golpeia o osso. No estrato externo (fi broso), a quan-tidade de vasos é maior, e no estrato interno, rico em células, há muitos capilares. Neste estrato é que se formam os osteoblastos importantes para a formação do osso. Quando há ruptura do osso, uma fratura, a reparação óssea é realizada pelo periósteo.

Os vasos sangüíneos e os nervos penetram no osso através dos forames nutrícios. Em alguns ossos, encontram-se canais ósseos que também dão passa-gem a vasos sangüíneos, que na maioria das vezes são veias. Nestes casos, fala-se de veias emissárias. Essas veias emissárias são encontra das, por exem-plo, na região da calvária.

* N. de T. Na Terminologia Anatômica, as substâncias corti-cal e compacta são diferentes.

** N. de T. Ossos sesamóides também são comuns no crânio, sendo chamados ossos suturais.

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Corte transversal no terçoproximal (B) de um osso longo(vista proximal)

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Anatomia Geral34

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Articulações

Os ossos do esqueleto estão unidos, uns aos outros, através de articulações contínuas ou descontínuas. Sob a denominação de arti-culações contínuas compreende-se o grande grupo das sinartroses, que une dois ossos diretamente um ao outro, formando uma uni-dade fi xa que restringe o movimento.

Articulações contínuas (A-H)Articulações fi brosas (A-E)ou sindesmoses

Por sindesmose, entende-se a união entre dois ossos feita por fi rmes feixes paralelos de tecido conectivo com fi bras colágenas ou elásticas. As sindesmoses podem ser largas ou estreitas. Um tipo de sindesmose mais rígida é a membrana interóssea (A1), for-mada principalmente por fi bras colágenas, na região do antebraço; sindesmoses menos rígidas, formadas principalmente por fi bras elásticas, são encontradas nos ligg. amare-los na região dos arcos vertebrais.

Uma forma especial de sindesmose são as suturas cranianas. Entre os ossos do crânio encontram-se as suturas (B, C, D, E), que mantêm um tecido conectivo, remanescente daquele que formou o osso, intercalado entre os ossos. Apenas com o desaparecimento to-tal desse tecido conectivo é que se completa o crescimento do crânio, permanecendo então somente as suturas. Considerando a forma das suturas cranianas, podemos classifi cá-las em sutura serrátil (B), como, por exem-plo, a sutura sagital, a sutura escamosa (C, D) como aquela vista entre o osso parietal e o osso temporal e, fi nalmente, a sutura pla-na (E), entre os dois ossos nasais.

Uma outra forma especial de sindesmose é aquela encontrada na fi xação dos dentes nos processos alveolares, a gonfose, tam-bém denominada em cunha ou pino. Nela, a união do dente com o osso é feita por um tecido conectivo disposto como um coxim amortecedor.

Articulações cartilagíneas (F) ou sincondroses

O segundo grande grupo das articulações contínuas é o das sincondroses (F2), que unem dois ossos por meio de cartilagem hiali-na. Elas são encontradas principalmente nas cartilagens epifi siais, durante a adolescência. Cartilagens hialinas também são encontradas entre a 1a, 6a e 7a costelas e o esterno. A união cartilaginosa desapa rece quando a função de crescimento se completa. A cartilagem epifi -sial é então substituída totalmente por tecido ósseo.

Sínfi se (G)

Sínfi ses são uniões entre dois ossos por meio de cartilagem fi brosa e tecido conectivo. São encontradas, por exemplo, entre os dois ossos do púbis, a sínfi se púbica (G), e constituem um subgrupo das articulações cartilagíneas.

Sinostose (H)

É a formação de osso onde havia articulação, como, por exemplo, entre os ossos que for-mam o osso do quadril ou entre a epífi se e a diáfi se dos ossos longos após o término do crescimento.

Notas clínicas As articulações podem se ossifi car, quando então não se fala mais em sinostose, mas em uma entidade especial, a anquilose. Portanto, uma anquilose foi, ante-riormente, uma articulação funcional. Normal-mente, a anquilose surge de um processo pato-lógico. Como anquilose fi siológica temos aquela que aparece entre os processos articulares das vértebras sacrais.

Articulações descontínuasou sinoviais (A-C)

As articulações sinoviais, as diartroses, apresentam: faces articulares (1), uma cápsu-la articular (2), a cavidade articular (3) entre as faces articulares e ainda formações anexas especiais (ligamentos, discos, lábios e bolsas sinoviais).

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Sutura escamosaC

Sutura sagitalB Corte de sutura escamosaD

Membrana interóssea A Sutura internasalEOsso do quadril em vistamedial, antes da sinostose

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SínfiseG Osso do quadril em vistalateral, depois da sinostose

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Numa articulação que envolve dois ossos, o osso que se desloca é denomi nado segmento móvel e o que fi ca em relativo repouso, seg-mento fi xo.

Pode-se estabelecer a amplitude do movi-mento de uma articulação pela medida do ângulo de excursão (4), isto é, o ângulo entre o ponto inicial e o ponto terminal do movi-mento. O momento do ângulo de excursão de uma articulação sinovial pode ser restringi-do por vários fatores. Estes consistem no au-mento de tensão na cápsula articular e nos ligamentos, que podem limitar o movimento (limitação ligamentar) (ver pág. 38), proces-sos ósseos (limitação óssea) e partes moles adjacentes (limitação por partes moles). En-tende-se por posição mediana (5) a posição entre o ponto inicial e o ponto terminal do movimento, quando todas as partes da cáp-sula articular estão, por exemplo, igualmen-te tracionadas ou relaxadas.

Notas clínicas A amplitude do movimento de uma articulação é atualmente avaliada a partir de uma posição neutra (- 0 -), pelo método SFTR de Russe e Gerhardt (C). A posição neutra (zero) de todas as articulações é considerada aquela na qual o corpo está em posição anatômica, isto é, ereto, com os membros superiores pendentes lateralmente ao longo do corpo e as palmas das mãos voltadas para frente. Essa posição deve ser fi elmente observada, pois implica diferenças com relação aos métodos de medição anatômi-ca e antropológica. Os movimentos são medi-dos nos planos Sagital, Frontal, Transversal e de Rotação (SFTR). Quanto ao valor numérico da medida angular, deve-se observar que o 1o número é relativo à extensão, retroversão, ab-dução, rotação lateral, supinação ou um movi-mento para a esquerda, de acordo com a função da articulação; o 2o número refere-se à posição neutra (zero) e o 3o, às posições opostas ao 1o número.

Faces articulares

Uma articulação sinovial é composta de no mínimo duas faces articulares. Elas são qua-se sempre revestidas por cartilagem hialina (6) e raramente por cartilagem fi brosa ou te-cido conectivo com deposição de cartilagem fi brosa.

A cartilagem apresenta-se fortemente aderida ao osso, e sua superfície é lisa e brilhante. A espessura da cartilagem varia, sendo em mé-dia 2-5 mm; no entanto, áreas extremamen-te espessas, com 6 mm, são encontradas na patela. A nutrição da camada cartilaginosa é feita internamente por meio do líquido sino-vial e externamente por difusão através dos capilares da membrana sinovial.

Cápsula articular

A cápsula articular pode ser tensa ou frouxa e se insere próximo à superfície cartilaginosa das faces articulares dos segmentos ósseos. É composta por duas camadas, uma interna, a membrana sinovial (7), e uma externa, a mem-brana fi brosa (8). A membrana sinovial con-tém fi bras elásticas, vasos e nervos. A quan-tidade de vasos está diretamente relacionada à atividade da articulação, de tal modo que articulações com grande atividade têm maior número de vasos do que aquelas com pouca atividade. A membrana sinovial tem apêndi-ces adiposos que se salientam para dentro da articulação, as pregas sinoviais (9) e os vilos sinoviais. A membrana fi brosa, de espessura variável, tem poucas fi bras elásticas, mas é rica em fi bras colágenas. A irregularidade da superfície da membrana fi brosa pode permitir, nas regiões mais delgadas, a formação de sa-liências da membrana sinovial. Essas saliên-cias são chamadas pelos cirurgiões ortopedis-tas de cistos sinoviais*.

* N. de T. No original, Ganglion, cuja tradução é gânglios. Porém, o termo gânglio é usado na Terminologia Anatômi-ca apenas para nomear estruturas do sistema nervoso.

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Corte da articulação do joelhoA

Ângulo de excursão e posição neutraB Método da posição neutra e anotação SFTR C

Plano transverso e rotação

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Articulações descontínuasou sinoviais (continuação)Cavidade articular (A, C)

A cavidade articular (1) é um espaço capilar em forma de fenda que contém um líquido articular lubrifi cante, a sinóvia ou líquido si-novial, que é um líquido claro, viscoso, rico em fi lamentos de mucina, com características de clara de ovo. Além da função lubrifi cante, a sinóvia tem a função de nutrir a cartilagem. Sua viscosidade depende diretamente da quantidade de ácido hialurônico e inversa-mente da temperatura (quanto mais baixa a temperatura, mais viscosa é a sinóvia). Como a sinóvia pode ser considerada um fi ltrado do plasma san güíneo, a sua composição, isto é, suas propriedades químicas e físicas podem ser utilizadas como recurso para o diagnóstico de várias doenças.

Formações especiais

Ligamentos (2). São denominados, segundo sua função, ligamentos de reforço (para a cáp-sula articular), ligamentos de orientação (nos movimentos) ou ligamentos de limitação (que restringem o movimento). Pela sua localiza-ção, pode-se falar em ligg. extracapsulares, ligg. capsulares e ligg. intracapsulares.

Discos ou meniscos articulares (3) são estruturas constituídas de tecido conectivo colágeno e tecido cartilaginoso fi broso. En-quanto o disco articular divide uma cavidade articular completamente, o menisco só a di-vide parcialmente. Discos ou meniscos têm a função de orientar e melhorar o contato das superfícies articulares, podendo até separar a cavidade articular em duas câmaras articula-res distintas, como no caso das articulações temporomandibular e esternoclavicular. Após doença ou remoção deles (discos ou menis-cos), sua regeneração é possível.

Lábios articulares (4). Os lábios articulares são formados por tecido conectivo colágeno com algumas células cartilaginosas dissemi-nadas e servem para ampliar uma superfície articular.

Bolsas sinoviais podem se comunicar com a cavidade articular (5). Podem ter a forma de sacos, maiores ou menores, revestidos por membrana sinovial (6), sendo um ponto fraco da articulação; porém, ampliam a cavidade articular.

Forças de contato

O momento de força que age nas duas faces que se articulam, no sentido de mantê-las em contato, é de natureza diversa. Primeiramente, temos a presença de músculos que ultrapas-sam as articulações e que mantêm o contato íntimo entre as faces. Outro fator é a presen-ça dos ligamentos de reforço da cápsula, que também garantem contato íntimo. Temos de considerar também as forças de coesão e a pressão atmosférica que colaboram para a aproximação das faces articulares. A pressão atmosférica mantém as faces articulares uni-das por uma força que representa, numerica-mente, o produto resultante da multiplicação da menor área de superfície articular pela pres-são atmosférica.

Notas clínicas As articulações estão sujeitas ao envelhecimento, que faz a cartilagem articular avascular perder sua elasticidade (7). Encon-tram-se atrofi as por envelhecimento nas superfí-cies articulares (8) e proliferações cartilaginosas traumáticas, que também podem ocorrer nas margens cartilaginosas da face articular. Essas proliferações cartilaginosas podem se organizar em tecido ósseo, por migração de células osteo-gênicas, afetando a mobilidade e comprometen-do a função da articulação. Entre outras, essas proliferações podem ocorrer nas sínfi ses inter-vertebrais (ver também pág. 74). Entretanto, al-terações articulares semelhantes também podem aparecer na juventude, quando determinadas articulações forem solicitadas em excesso.

Classifi cação das articulações sinoviais (A-F)As articulações sinoviais podem ser clas-sifi cadas por vários critérios. Um destes as classifi ca em relação ao número de eixos de movimento, e tem-se assim as articulações

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Corte da articulação do joelhoA

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uni, bi ou multiaxiais. Uma segunda clas-sifi cação considera os graus de liberdade, de acordo com a mobilidade recíproca dos elementos articulares, isto é, o número de eixos nos quais é realizado o movimento. Tem-se assim articulações com um, dois ou três (translação) graus de liberdade. Uma outra classificação baseia-se no número de elementos que constituem uma articu-lação, podendo-se ter articulações simples e compostas. A articulação simples é formada por dois elementos articulares unidos por uma cápsula. Encontrando-se mais de dois elementos contidos na mesma cápsula, fala-se de articulação composta (por exemplo, a articulação do cotovelo, B).Muitas articulações podem ser combinadas entre si. São articulações combinadas obrigatórias as que se encontram em pontos distintos dos mesmos dois os-sos (por exemplo, articulação radioulnar proximal e distal). Articulações combinadas por forças motrizes são aquelas nas quais várias articulações são movi-das por um ou mais músculos, que as ultrapassam (por exemplo, articulações da mão e dos dedos e seus respectivos músculos fl exores, pág. 185).

Além disso, as articulações podem ser clas-sifi cadas pela forma das superfícies arti-culares:

A articulação plana tem duas superfícies ar-ticulares planas e apresenta dois graus de liberdade, possibilitando diferentes movi-mentos de deslizamento (por exemplo, arti-culações dos processos articulares da coluna vertebral).

O gínglimo (A), uma articulação em dobradiça, é formado por uma superfície articular convexa e outra côncava. Muitas vezes en contra-se, na superfície articular côncava, uma elevação em forma de crista, que se en caixa numa depres-são da superfície articular convexa. Por meio de fortes ligg. colaterais (1) consegue-se uma melhor fi xação. Gínglimos (articulações em do-bradiça) têm um grau de liberdade (por exem-plo, articulação umeroulnar, B). O gínglimo e a articulação trocóidea são conceituados como articulações cilíndricas.

À articulação trocóidea perten cem as articu-lações em pivô e cilíndricas. São uniaxiais,

têm um grau de liberdade e apresentam uma superfície articular convexa cilíndrica e uma superfície articular côncava correspondente. O eixo de movimento corresponde àquele da superfície articular cilíndrica. Na articulação em pivô, a superfície articular convexa gira dentro da superfície articular côncava, au-mentada pelo lig. anular (2) (por exemplo, ar-ticulação radioulnar proximal, B). Na articu-lação cilíndrica ocorre o contrário: a superfície articular convexa gira em torno da superfície articular côncava (por exemplo, articulação radioulnar distal).

A articulação elipsóidea ou condilar possui uma superfície articular côncava e uma su-perfície articular convexa, as duas elípticas. Possui dois graus de liberdade, porém é mui-to móvel. Dois eixos principais se combinam para permitir um movimento composto, como a circundução (por exemplo, articulação ra-diocarpal).

A articulação selar (C) compreende duas su-perfícies articulares em forma de sela, cada uma delas com uma convexidade e uma con-cavidade. Apresenta dois graus de liberdade e dois eixos principais, porém é muito móvel, sendo possível a circundução (por exemplo, articulação carpometacarpal do polegar, D).

A articulação esferóidea (E), multiaxial, apre-senta uma superfície articular arredondada (cabeça) e uma concavidade correspondente. Uma articulação esferóidea pode mover-se em três graus de liberdade e possui três eixos prin-cipais (por exemplo, articulação do ombro, F). Uma forma especial de articulação esferóidea é a enartrose, na qual a concavidade é funda o bastante para conter o eixo da cabeça. Um exemplo de enartrose é a articulação do qua-dril, cuja concavidade (acetábulo) é aumentada pela presença do lábio articular.Uma forma especial de articulação semimóvel é a anfi artrose. Apresenta movimento muito limitado por possuir cápsula articular e ligamentos muito fi r-mes, tendo freqüentemente faces articulares irregu-lares (por exemplo, articulação sacroilíaca).

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Esquema de gínglimo(articulação emdobradiça)

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Esquema dearticulação selar

CDArticulação carpometacarpaldo polegar

Articulação do ombroFEsquema dearticulação esferóidea

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BArticulação do cotovelo, com as articulações umeroulnar, radioulnar proximal e umerorradial

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Generalidades sobre a musculatura (A-F)Classifi cação dos músculos esqueléticos

Nos músculos esqueléticos diferenciam-se uma origem* e uma inserção**. A origem sem-pre está no osso fi xo durante o movimento e a inserção está no osso que se desloca. Nos membros, a origem é sempre proximal e a in-serção sempre distal. Na origem, encontra-se freqüentemente a cabeça do músculo, contí-nua ao ventre do músculo (1), terminando no seu tendão (2). A força de um músculo depen-de, fi siologicamente, do seu corte transversal, isto é, da soma das secções transversas de todas as fi bras. A partir disso, calculamos a força absoluta do músculo.A disposição do ventre muscular depende do espaço disponível. Para a sua ação, é sempre importante a efi cácia do trajeto fi nal. O tendão do músculo pode, por exemplo, arquear-se ao redor de um osso, a tró-clea muscular, que atua como ponto de rotação, o hipomóclio. Um tendão longo pode se mostrar van-tajoso se, no compartimento em que se encontra, houver falta de espaço. Os melhores exemplos são os músculos longos dos dedos, cujos ventres muscu-lares estão situados no antebraço, mas cuja ação se realiza no nível dos dedos.

Diferenciam-se várias formas de músculos conforme a relação da fi bra muscular com o tendão. O mús-culo fusiforme (A) é composto de fi bras longas que possibilitam a realização de movimentos amplos, porém menos vigorosos. O tendão desse músculo é relativamente curto. Outra forma é representada pelos músculos semipeniformes (B), que possuem um longo tendão que perpassa todo o músculo e no qual se inserem, em um dos lados, as curtas fi bras do músculo. Com isso, conseguem um corte trans-versal relativamente maior e, conseqüentemente, uma força muscular maior. O músculo peniforme (C) tem a mesma estrutura do músculo semipenifor-me, exceto pelas fi bras, que se inserem em ambos os lados do tendão. Assinalem-se ainda os músculos multipeniformes, quando o músculo apresenta vá-rias disposições peniformes.

Podemos ainda descrever diversas origens para o mesmo músculo, diferenciando músculos com duas, três ou quatro cabeças. Essas cabeças unem-se em seguida para formar o ventre do músculo e terminam num tendão comum. Exemplos desse tipo de músculo são os músculos bíceps (D) ou tríceps do braço.

Se o músculo tiver apenas uma cabeça, mas uma ou mais intersecções tendíneas (3), é denominado, res-pectivamente, músculo uni ou multiventre (E). Um músculo biventre apresenta duas secções transver-sas musculares, formando dois ventres musculares semelhantes. Pela forma, podemos ainda diferenciar o músculo plano (F) de forma triangular, o músculo triangular, com um tendão plano, a aponeurose (4), e o músculo plano de forma quadrangular, o músculo quadrado.

Um músculo pode ultrapassar uma ou mais articula-ções. Fala-se então de músculos uni, bi, ou multiar-ticulares. Estes possibilitam que a articulação realize movimentos diversos e, às vezes, opostos. Como exemplo, temos os músculos interósseos da mão, que na articulação proximal fl exionam e, na articu-lação média e distal, estendem os dedos.

Os músculos que têm a mesma ação em determina-do movimento são músculos sinergistas e aqueles que realizam o movimento inverso são músculos antagonistas. A combinação de sinergistas e anta-gonistas pode ser alterada em diferentes movimen-tos. Por exemplo, na fl exão da mão, muitos músculos agem sinergicamente, mas, na abdução radial (late-ral), passam a atuar antagonicamente.

Para a função dos músculos é importante que, mes-mo em estado de repouso, eles mantenham um leve estado de tensão denominada tono muscular. Pode-se constatar num músculo uma insufi ciência ativa ou passiva. Na insufi ciência ativa, o músculo se esgota quando atinge sua contração máxima. Na in-sufi ciência passiva, por outro lado, a posição fi nal é atingida quando o músculo se esgota (por exemplo, a impossibilidade de fl etir o punho com a mão em fl exão). Diferencia-se na ação muscular uma função de movimentação, ativa, e uma função de estabili-zação, passiva. Um músculo pode agir de maneira passiva como estabilizador e de maneira ativa como movimentador.

* N. de T. Este termo não existe na Terminologia Anatômica. ** N. de T. Na Terminologia Anatômica, este termo signifi ca

simplesmente fi xação. Ofi cialmente, os termos ponto fi xo e ponto móvel substituem as clássicas origem e inserção.

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Exemplo de ummúsculo fusiforme

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Exemplo de ummúsculo semipeniforme

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Exemplo de ummúsculo peniforme

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Exemplo deum músculo bíceps

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Exemplo de ummúsculo multiventre

EExemplo de um músculo planoF

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Anexos dos músculos (A-D)

Para a função muscular são necessários dife-rentes anexos. São eles:

a) Fáscias, membranas de tecido conectivo fi -broso que envolvem músculos ou feixes mus-culares e possibilitam o deslizamento de uns em relação aos outros.

b) Bainhas tendíneas* (A, B), que permitem o melhor deslizamento de um tendão. A ca-mada interna, o estrato sinovial, possui uma lâmina visceral interna (1) situada diretamen-te ao redor do tendão e que se liga à lâmina parietal externa (3) por meio do mesotendão (4). Entre as lâminas visceral e parietal, en-contra-se líquido sinovial, que facilita o des-lizamento. Externa mente ao estrato sinovial acha-se o estrato fi broso (5).

c) Bolsas* (C, 6), que têm a função de pro-teger um músculo que se move diretamente sobre um osso.

d) Cartilagens sesamóides e ossos sesa-móides (D), encontrados nas regiões onde o tendão é mais exposto à tração. O maior osso sesamóide é a patela (7), que por um lado faz parte da articulação do joelho e, por outro lado, por meio do lig. da patela (8), fi xa o ten-dão do m. quadríceps femoral (9) na tíbia.

e) Corpos adiposos situam-se entre mús-culos individuais e também têm a função de facilitar seu deslizamento. Esses corpos adi-posos, encontrados em número variável (por exemplo, o corpo adiposo axilar), estão espa-lhados por todo o corpo.

Análise das funções musculares

A função dos músculos pode ser analisada por diversos métodos. O método mais fácil é pela palpação e inspeção. Em certos movimentos, a forma de um músculo pode ser determinada por meio delas.

O método anatômico possibilita a exposição dos músculos através de preparações. Pode-

se então avaliar a origem, a direção e a in-serção do músculo. No entanto, não se deve esperar estudar adequadamente, num ca-dáver, as funções musculares. Esse método indireto permite apenas conclusões parciais, sem considerar a ação conjunta de músculos individuais.

Outro método usado é a análise através da estimulação elétrica. A técnica consiste na estimulação produzida no ponto onde o ner-vo penetra no músculo. Esse método tem desvantagens: em primeiro lugar, só pode ser aplicado em músculos superfi ciais e, em segundo lugar, promove uma contração má-xima do músculo sem permitir que se leve em conta se essa contração muscular máxima pode estar, por exemplo, inibida ou limitada por outro músculo.

O método mais moderno é a eletromiografi a, no qual a captação dos potenciais de ação é feita por meio de eletrodos inseridos na profundidade da estrutura muscular. Com o auxílio da eletromiografi a, pode-se observar que, com o aumento de atividade do múscu-lo, um número maior de unidades motoras é acionado (fi bras musculares com placas mo-toras e nervos, ver vol. 3). A eletromiografi a tem mostrado que as fi bras de um músculo não entram em função ao mesmo tempo. En-quanto uma parte delas relaxa, a outra con-trai, atingindo-se um grau de contração ou relaxamento adequado.

A limitação desse método consiste na difi cul-dade em se defi nir exatamente a participação de músculos individuais num determinado movimento.

* N. de T. A Terminologia Anatômica aboliu o termo sino-vial que acompanhava estes anexos.

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2 Bainha tendínea com oestrato fibroso completo

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Bainha tendínea com o estratofibroso anular (em forma de anel)

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Osso sesamóide (patela)DBolsaC

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