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Monografias do Curso de Fisioterapia Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

CAROLINA DE LIMA LOPES

ESTUDO SOBRE A EFICCIA DA ELETROESTIMULAO NEUROMUSCULAR DE MDIA FREQNCIA NA HIPOTROFIA MUSCULAR GLTEA EM MULHERES JOVENS

CASCAVEL 2004

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CAROLINA DE LIMA LOPES

ESTUDO SOBRE A EFICCIA DA ELETROESTIMULAO NEUROMUSCULAR DE MDIA FREQNCIA NA HIPOTROFIA MUSCULAR GLTEA EM MULHERES JOVENS

Trabalho de concluso do Curso de Fisioterapia do Centro de Cincias Biolgicas e da Sade, Universidade Estadual do Oeste do Paran - campus Cascavel. Orienta dora: Juliana Cristina Frare.

CASCAVEL 2004

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TERMO DE APROVAO CAROLINA DE LIMA LOPES

ESTUDO SOBRE A EFICCIA DA ELETROESTIMULAO NEUROMUSCULAR DE MDIA FREQNCIA NA HIPOTROFIA MUSCULAR GLTEA EM MULHERES JOVENSTrabalho de concluso do curso aprovado como requisito parcial para obteno do ttulo de graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paran.

_________________________________ Orientador: Prof. Juliana Cristina Frare Colegiado de Fisioterapia- Unioeste

_________________________________ Prof. Ms. Celeide Pinto Aguiar Peres Colegiado de Fisioterapia- Unioeste

_________________________________ Prof.Graciana Lcia Grespan Colegiado de Fisioterapia- Unioeste

Cascavel, 11 de fevereiro de 2004

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DEDICATRIA

Dedico este trabalho a algumas pessoas muito especiais em minha vida. Que na renncia sempre teceram gestos de ternura e amor. Que estiveram presentes em meus pensamentos incessantemente, sempre me orientando e me ajudando a ser uma pessoa melhor. Aos quais amo sem restrio.

A vocs meus queridos: Joelcio Lopes, Aparecida Gomes, Allan Lopes e Mrcio Puertas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeo a ti SENHOR pela proteo e amor, sou grata por tua presena que me conduz firme, no vacilante. Concedei-me a serenidade necessria para aceitar as coisas que no posso mudar, coragem para mudar aquelas que posso e sabedoria para distinguir uma das outras.

Aos meus pais queridos que das tuas lutas, vitrias e derrotas, tirei meu exemplo. Das tuas lgrimas e sorriso, o meu estmulo. Do teu amor, que nada me pede em troca, me fiz mais humana para glorificar a vida. A vocs que sabem do vai e vem dos dias, que se doaram inteiros e renunciaram aos seus sonhos tantas vezes, para que pudesse realizar os meus, no bastaria um muitssimo obrigado.

Meu agradecimento sincero a professora Juliana Cristina Frare que me mostrou com sabedoria que ser mestre no apenas lecionar, ensinar. No apenas transmitir o contedo programtico. Ser mestre ser orientador e amigo, guia e companheiro, caminhar com o aluno passo a passo. transmitir a este os segredos da caminhada. Agradeo as queridas amigas que me auxiliaram na realizao desse projeto, cedendo um pouquinho de seu tempo, de sua dedicao e do seu carinho. A todos, meu muito obrigada.

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RESUMO

A estimulao eltrica neuromuscular (EENM) um recurso freqentemente utilizado visando aumento da fora e hipertrofia muscular. O protocolo e a tcnica de aplicao so importantes fatores para que resultados efetivos sejam alcanados. Este estudo teve como objetivo principal verificar a eficcia de um protocolo de EENM de mdia freqncia (2500Hz modulada em 50Hz) sobre a musculatura gltea de mulheres jovens e saudveis. O estudo constou de 10 participantes, com mdia de idade de 22 anos, divididos aleatoriamente em dois grupos: o grupo I, no qual foi aplicada a tcnica de EENM e o grupo II, utilizado como grupo controle. Foram

realizadas 20 aplicaes num perodo de 7 semanas. Os participantes foram avaliados na 1 e 20 sesso, onde foram coletados dados referentes a hipertrofia gltea (perimetria), fora muscular e porcentagem de massa corprea (bioimpedncia). Ao final do trabalho observou-se reduo da porcentagem de gordura corporal com concomitante aumento da

porcentagem de massa magra (p < 0,05) no grupo submetido a EENM, o que mostra como favorvel a utilizao da eletroestimulao para manuteno da qualidade e ganho de massa muscular. A perimetria no apresentou diferena significativa aps o tratamento.

Palavras chave: Eletroestimulao, mdia freqncia, bioimpedncia, perimetria, fora muscular

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SUMRIORESUMO..................................................................................................................................iii LISTA DE ILUSTRAES...........................................................................................v 1 INTRODUO......................................................................................................................1 2 REVISO DE LITERATURA..............................................................................................4 2.1 SISTEMA MUSCULOESQUELTICO...........................................................................4 2.1.1 FUNDAMENTOS GERAIS ..........................................................................................4 2.1.1.1 Estrutura do Msculo Esqutico...............................................................................5 2.1.1.1.1 Fibra Muscular .........................................................................................................6 2.1.1.1.2 Miofibrilas..................................................................................................................8 2.1.1.1.2.1 FIlamentos de actina ...........................................................................................8 2.1.1.1.2.2 Filamentos de miosina .......................................................................................9 2.1.1.2 Funcionamento da estrutura esqueltica ............................................................ 10 2.1.1.2.1 Unidade motora .................................................................................................... 11 2.2 CONTRAO MUSCULAR ........................................................................................ 13 2.3 TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES............................................................................ 16 2.3.1 FIBRAS DO TIPO I..................................................................................................... 17 2.3.2 FIBRAS DO TIPO II .................................................................................................... 17 2.3.3 CARACTERISTICAS GERAIS DAS FIBRAS......................................................... 18 2.4 TIPOS DE AO MUSCULAR.................................................................................... 20 2.4.1 TRABALHO ISOMTRICO ....................................................................................... 20 2.4.2 TRABALHO DE FORA ............................................................................................ 21 2.4.2.1 Formas de fora ....................................................................................................... 22 2.5 REMODELAMENTO MUSCULAR .............................................................................. 24 2.5.1 FATORES NEURAIS .................................................................................................. 24 2.5.2 HIPERTROFIA MUSCULAR..................................................................................... 25 2.5.2.1 Teorias sobre o processo de hipertrofia .............................................................. 26 2.2.2.2 Pontos positivos ....................................................................................................... 28 2.5.3 HIPERPLASIA ............................................................................................................. 28 2.6 CORRENTES ELTRICAS .......................................................................................... 30 2.6.1 ASPECTOS FSICOS DAS CORRENTES ELTRICAS...................................... 30 2.6.2 TIPOS DE CORRENTE IDEAL ................................................................................ 30 2.6.2.1 Ativao com a eletroestimulao ........................................................................ 31 2.6.2.2 Treinamento com a eletroestimulao ................................................................ 32 2.6.3 FREQUNCIA DA CORRENTE ............................................................................... 33 2.6.4 AS MODULAES .................................................................................................... 34 2.6.5 FRMULA FUNDAMENTAL..................................................................................... 35 2.7 ELETROTERAPIA CLNICA......................................................................................... 36 2.7.1 PRECAUES ........................................................................................................... 37 2.7.2 CONTRA-INDICAES ............................................................................................ 37 2.7.3. PARMETROS MANIPULVEIS ............................................................................ 37 2.7.3.1 As formas de onda .................................................................................................. 37 2.7.3.2 Amplitude da Corrente ............................................................................................ 39 2.7.3.3 Durao do pulso..................................................................................................... 41 2.7.3.4 Frequncia dos pulsos.....................................................................42 2.7.3.5 Efeito Gildemeister e Inibio Wedensky.........................................44 2.7.3.6 Modo de estimulao .............................................................................................. 45

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2.7.3.6.1Controle dos ciclos ............................................................................................... 46 2.7.3.6.2 Controle das rampas............................................................................................ 47 2.7.3.7 Eletrodos e seleo dos stios de locao ......................................................... 48 2.7.3.7.1 Tipos de eletrodos................................................................................................ 48 2.7.3.7.2 Ponto motor ........................................................................................................... 49 2.7.3.7.2.1 Estratgia para locao dos eletrodos .......................................................... 50 2.7.3.7.2.2 Preparao da pele .......................................................................................... 51 2.7.3.8 Protocolos de estimulao ..................................................................................... 52 2.7.3.9 Corrente Russa ........................................................................................................ 53 2.8 FLACIDEZ MUSCULAR................................................................................................ 56 2.9 COMPOSIO CORPORAL........................................................................................ 58 2.9.1 MTODO DE BIOIMPEDNCIA .............................................................................. 58 2.9.2 PRESSUPOSTOS E PRINCPIOS....................................................................60 2.9.2.1Pressupostos ............................................................................................................. 60 2.9.2.2 Princpios........................................................................................61 2.9.3 APLICAO DO MTODO.................................................................61 2.9.4 FONTES DE ERRO .................................................................................................... 61 2.9.5 INSTRUMENTAO ................................................................................................. 62 2.9.6 FATORES INDIVIDUAIS ........................................................................................... 62 2.9.7 HABILIDADE DO EXAMINADOR ............................................................................ 63 2.9.8 FATORES AMBIENTAIS ........................................................................................... 64 2.9.9 EQUAES DE PREDIO.................................................................................... 64 3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 66 3.1 GRUPO I.......................................................................................................................... 69 3.2 GRUPO II......................................................................................................................... 70 4 RESULTADOS .................................................................................................................. 71 5 DISCUSSO...................................................................................................................... 77 6 CONCLUSO.................................................................................................................... 84 REFERNCIAS..................................................................................................................... 86 ANEXOS ................................................................................................................................ 92

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LISTA DE ILUSTRAES

TABELA 1- Resultados do grupo de acadmicos submetidos tcnica de EENM, mensurados atravs da bioimpedncia, perimetria e fora muscular na primeira e na vigsima sesso de tratamento ................................................................................ 72 TABELA 2- Resultados do grupo de acadmicos, mensurados atravs da bioimpedncia, perimetria e fora muscular na primeira e na vigsima sesso de tratamento .......................................................................................................................... 73 GRFICO 1- RESULTADOS INDIVIDUAIS DA PERIMETRIA NA 1a e 20a TERAPIAS ............................................................................................................................................. 73 GRFICO 2- RESULTADOS INDIVIDUAIS DA PERIMETRIA NA 1 a e 20 a TERAPIAS......................................................................................... ...74

GRFICO 3- RESULTADOS INDIVIDUAIS DA PORCENTAGEM DE GORDURA CORPORAL NA 1 a e 20a TERAPIAS ................................................................................ 74 GRFICO 4- RESULTADOS INDIVIDUAIS DA PORCENTAGEM DE GORDURA CORPORAL NA 1 a e 20a TERAPIAS ................................................................................ 75 GRFICO 5- RESULTADOS INDIVIDUAIS DA PORCENTAGEM DE MASSA MAGRA NA 1 a e 20 a TERAPIAS..................................................................75

GRFICO 6- RESULTADOS INDIVIDUAIS DA PORCENTAGEM DE MASSA MAGRA NA 1 a e 20 a TERAPIAS..................................................................76

GRFICO 7- MDIA DOS RESULTADOS DOS GRUPOS 1 E GRUPO 2 AVALIADOS NA 1 a e 20 a TERAPIAS...........................................................76

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1 INTRODUO

A fisioterapia uma cincia cujo principal objeto de estudo o movimento humano. Para isto, usa recursos prprios, fsicos ou naturais, objetivando promover, aperfeioar ou adaptar as capacidades iniciais de cada indivduo (OLIVEIRA, 2002). Os programas de fortalecimento muscular so procedimentos

importantes e muito utilizados na clnica fisioteraputica. Estes surgem da necessidade de se restabelecer s funes normais de um msculo quando este apresenta sua fora diminuda (GUIRRO, 2002). A estimulao eltrica para ativao do msculo esqueltico uma tcnica teraputica que tem sido utilizada na medicina fsica por mais de meio sculo. No incio dos anos 60 o uso da estimulao eltrica direcionouse, principalmente, para o controle da atrofia musculoesqueltica por denervao. Foi por muito tempo utilizada como uma terapia complementar para ajudar na reeducao de msculos (DELITTO, 2002; MACKLER, 2001). Eletroestimulao neuromuscular (EENM) significa a aplicao de uma corrente eltrica teraputica sobre o tecido muscular; atravs do sistema nervoso perifrico ntegro induzindo a uma contrao muscular

(BRASILEIRO, 2002). Visa o fortalecimento muscular (ganho de torque isomtrico), a hipertrofia e o treinamento muscular (JARUSSI, 2001; OLIVEIRA, 2002). Um interesse renovado nos efeitos da estimulao nervosa e, normalmente, da musculatura inervada (EENM), gradualmente, desenvolveu-

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se com o ressurgimento da estimulao eltrica no controle da dor e com o desenvolvimento de novos e mais sofisticados tipos de estimulador (MACKLER, 2001; KLD, 2003). A centelha que despertou esse grande interesse na EENM surgiu no ano de 1977. O pesquisador russo Yakov Kots (Universidade de Montreal), que desenvolveu a tcnica da estimulao, relatou que a EENM produziria ganhos de fora muscular, incrementando aos exerccios voluntrios (DELITTO, 2002). Esses incrementos acentuados de fora adquiridos pela elicitao de contraes musculares foram 10 a 30% maiores que aqueles conseguidos pela contrao muscular voluntria mxima (MACKLER, 2001; KLD, 2003). No Brasil, de acordo com Ayres, a estimulao eltrica foi introduzida por um grupo de eslovenos em 1989 (OLIVEIRA, 2002). Particularmente nas ltimas duas dcadas, houve uma grande expanso da EENM na fisioterapia, motivada basicamente por dois fatores: a popularizao dos aparelhos eletroterpicos e sua aplicao em msculos inervados (BRASILEIRO, 2002). A partir dos meados da dcada de 90 observou-se uma grande divulgao da Corrente Russa, principalmente com finalidades estticas para tratamento da flacidez muscular e para se produzir uma hipertrofia muscular (LEME, 2003; ALVES 2003; GUIRRO, 2002). A gordura localizada e a flacidez muscular so as principais problemticas que afligem a populao atualmente, principalmente o pblico feminino, o que leva ao grande aumento na procura por tratamentos proporcionados pela fisioterapia dermato funcional (JARUSSI, 2001).

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A EENM um importante complemento para inmeros programas de tratamento utilizados pela fisioterapia. Diferentes protocolos de EENM tambm podem interferir nos resultados obtidos nesse processo (NUNES, 2000). Frente a crescente necessidade de melhora do sistema muscular bem como do aspecto esttico da regio gltea e buscando a implementao de novas tcnicas teraputicas, identificou-se necessidade da realizao dessa pesquisa. Objetivando verificar os efeitos proporcionados pela estimulao eltrica neuromuscular na musculatura da regio gltea. Alm disso, a pesquisa visa ainda potencializar uma melhor performance da fora muscular gltea e possivelmente proporcionar a manuteno da qualidade e quantidade do tecido muscular com a EENM de mdia freqncia (SIVINI e LUCENA, 1999). Para viabilizar esta tcnica, optou-se pelo uso da eletroestimulao atravs da Corrente Russa, por ser esta uma corrente de mdia freqncia e que, segundo SIVINI e LUCENA (1999), causaria menor desconforto aos voluntrios submetidos ao tratamento, com uma melhor resposta muscular.

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2 REVISO DA LITERATURA2.1 SISTEMA MUSCULOESQUELTICO

2.1.1 FUNDAMENTOS GERAIS SOBRE A ESTRUTURA, FUNCIONAMENTO E METABOLISMO DA MUSCULATURA ESQUELTICA

Os tecidos musculares so responsveis pelos movimentos corporais (JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2000). Cerca de 40% a 50% do corpo so formados por msculos esquelticos (GUYTON e HALL, 2002). Tal msculo requer quase 50% do metabolismo corporal (SALTER, 2001). Aproximadamente 75% do msculo esqueltico so representados por gua e 20% por protenas (McARDLE, 1998). Os msculos esquelticos (mais de 400 no corpo humano), so os motores vivos que proporcionam movimento ativo para o esqueleto articulado, assim como mantm sua postura (SALTER, 2001). Esse tipo de msculo o mais abundante do organismo humano, sendo formado por clulas cilndricas longas e multinucleadas, com estriaes transversais, possuindo contrao rpida e voluntria

(JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2000). Em conseqncia transmitem seus movimentos aos ossos, sobre os quais se inserem, formando o sistema passivo do aparelho locomotor (SIQUEIRA, 2003; JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2000).

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O fortalecimento resultado de uma srie de adaptaes que ocorrem no sistema ne uromuscular e energtico da musculatura esqueltica. atravs do tecido conjuntivo que a contrao muscular transmitida a outras estruturas como tendes aponeuroses, ligamentos e ossos (WEINECK, 2000). A propriedade bsica do msculo esqueltico a contratibilidade do seu sarcoplasma, a qual possibilita a um determinado msculo tanto se encurtar, e ento proporcionar o movimento (contrao isotnica), quanto resistir ao alongamento sem permitir o movimento (contrao isomtrica), ou permitir alongamento enquanto mantm a tenso (contrao excntrica) (SALTER, 2001).

2.1.1.1 Estrutura do Msculo Esqueltico

O msculo esqueltico composto por vrios tipos de tecidos. Entre eles, as fibras musculares, o tecido nervoso, o sangue e os vrios tipos de tecido conjuntivo (POWERS e HOWLEY,2000). Essas fibras longas, finas e multinucleadas ficam paralelas umas s outras e a fora de contrao dirigida ao longo do eixo longitudinal da fibra (McARDLE, 1998). Na maioria dos msculos, as fibras se estendem por todo o comprimento do msculo (GUYTON e HALL, 2002). Dentre os tecidos conjuntivos encontra-se a fscia, que tem como funo manter os msculos individuais no lugar e separados entre si. Alm da fscia, considera-se mais trs camadas de tecido conjuntivo no msculo esqueltico: perimsio, endomsio e epimsio (POWERS e HOWLEY, 2000).

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O perimsio, circunda um feixe de at 150 fibras denominadas fascculos; seccionando o perimsio, observam-se as fibras musculares, que so as clulas musculares individuais. Circundando todo o msculo existe uma fscia de tecido conjuntivo fibroso conhecida como epimsio. Cada fibra muscular envolta e separada das fibras vizinhas por uma delicada camada de tecido conjuntivo que recebe a denominao de endomsio (McARDLE, 1998). E finalmente seccionando o perimsio , observam-se as fibras musculares, que so as clulas musculares individuais. Cada fibra muscular tambm recoberta por uma bainha de tecido conjuntivo denominada endomsio (WILMORE e COSTILL, 2001).

2.1.1 .1.1 Fibra muscular

A fibra muscular individual tem formato de um cilindro fino e alongado, que possui o comprimento do msculo, ao qual pertence, podendo chegar a 18 centmetros de comprimento e seu dimetro variar de 50 a 100 m (micromtros). Essas fibras musculares, uma bem prxima da outra, compe o msculo esqueltico (WEINECK, 2000). A quantidade de fibras em diferentes msculos varia de dez mil a mais de um milho (WILMORE e COSTILL, 2001). Ao observar cuidadosamente uma fibra muscular, verifica-se que ela envolta por uma membrana celular verdadeira (membrana plasmtica), a qual denominada sarcolema (POWERS e HOWLEY, 2000; WILMORE e COSTILL, 2001).

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O sarcolema um revestimento externo, constitudo por uma fi na camada de material polissacardeo, que contm inmeras e finas fibrilas colgenas (GUYTON e HALL, 2002). Em cada extremidade da fibra muscular, essa camada superficial do sarcolema, se funde com uma fibra tendinosa e por sua vez as fibras tendinosas juntam-se em feixes para formar os tendes dos msculos, que a seguir se inserem nos ossos (WILMORE e COSTILL, 2001; FOX E MATHEWS, 1983). O interior da clula muscular formado por um protoplasma especializado denominado sarcoplasma (sarco significa carne). O

sarcoplasma a parte lquida da fibra muscular (GUYTON e HALL, 2002; WILMORE e COSTILL, 2001). o local da obteno de energia anaerbia (gliclise), da sntese do glicognio (glicognio representa a forma com que a glicose fica armazenada dentro da clula), da degradao do glicognio e da sntese dos cidos graxos (WEINECK, 2000). Tambm contm em seu interior alm do glicognio, protenas, minerais e gorduras dissolvidas (WILMORE e COSTILL, 2001). No sarcoplasma tambm est presente uma extens a rede de tbulos transversos (Tbulos T), os quais so extenses do sarcolema (WILMORE e COSTILL, 2001; FOX e MATHEWS, 1983). Estes tbulos por sua vez, terminam em extremidades denominadas vesculas externas ou cisternas localizadas no retculo sarcopla smtico (FOX e MATHEWS, 1983). So interconectados quando passam entre as miofibrilas, permitindo que os impulsos nervosos recebidos pelo sarcolema sejam rapidamente transmitidos as miofibrilas (WILMORE e COSTILL, 2001).

Monografias do Curso de Fisioterapia Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Uma rede longitudinal de tbulos, conhecida como

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retculo

sarcoplasmtico, tambm encontrada no interior da fibra muscular (WILMORE e COSTILL, 2001). Esse retculo serve como local de

armazenamento de clcio, que essencial para a contrao muscular (GUYTON e HALL, 2002; WILMORE e COSTILL, 2001). Em estudos, determinou-se que a frao volumtrica do sistema reticular e dos tbulos T de aproximadamente 5% do volume total de uma fibra muscular. Com o treinamento de exerccios constantes, esse volume aumenta, em mdia, em cerca de 12% (FOX e MATHEWS, 1983).

2.1.1.1.2 Miofibrilas

Cada fibra muscular composta de vrias unidades pequenas denominadas miofibrilas, que esto agrupadas em feixes e seguem a extenso da fibra muscular, ocupando a maior parte do seu volume (cerca de 85%) (WEINSTEIN e BUCKWALTER, 2000; McARDLE, 1998). Cada uma dessas miofibrilas composta por um filamento longo e fino de sarcmeros ligados em srie. Esses filamentos consistem principalmente de duas protenas: actina e miosina (McARDLE, 1998; GUYTON e HALL, 2002); que so os elementos contrteis do msculo esqueltico (WILMORE e COSTILL, 2001).

2.1.1.1.2.1 Filamentos de actina

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Segundo WEINECK (2000) e FOX e MATHEWS (1983), os filamentos de actina so formados pela protena muscular especfica actina (forma a estrutura de suporte do filamento), pela protena reguladora troponina (composta por sub -unidades I, C, T) e pela tropomiosina. A tropomiosina uma protena em formato de tubo, longa e fina que se retorce em torno dos filamentos de actina (WILMORE e COSTILL, 2001). As extremidades da molcula de tropomiosina ficam engatadas nas molculas globulares de troponina (FOX e MATHEWS, 1983). A troponina uma protena mais complexa que se fixa entre os filamentos de actina e tropomiosina (WILMORE e COSTILL, 2001). A tropomiosina e a troponina atuam em conjunto de maneira intrincada com os ons de clcio para manter o relaxamento ou iniciar a ao de contrao (GUYTON e HALL, 2002). Cada molcula de actina possui um stio de ligao ativo, que serve como p onto de contato para com a cabea da miosina (McARDLE, 1998).

2.1.1.1.2.2 Filamentos de miosina

Cerca de dois teros das protenas totais do msculo esqueltico correspondem aos filamentos espessos de miosina. Cada molcula de miosina composta por dois filamentos proticos retorcidos conjuntamente: formando a cadeia pesada e a cadeia leve (WILMORE e COSTILL, 2001). Uma extremidade de cada filamento envolta numa cabea globular (cadeia pesada) denominada cabea da miosina. Cada filamento contm vrias dessas cabeas, as quais formam protuses no filamento de miosina

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para formar as pontes cruzadas que interagem durante a ao muscular com stios ativos especializados sobre os filamentos de actina (WILMORE e COSTILL, 2001; WEINECK, 2000). Essas projees denominadas pontes cruzadas, so importantes no processo de contrao (FOX e MATHEWS, 1983; SCOTT, STEVENS e MAcLEOD, 2001).

2.1.1.2 Funcionamento da Estrutura Esqueltica

Os filamentos de actina e miosina dispem-se ordenadamente na fibra muscular de forma paralela em faixas claras e escuras, provocando a aparncia estriada da musculatura esqueltica (WEINECK, 2000; McARDLE, 1998). Estes dois filamentos esto contidos entre um par de linhas chamadas linha Z (WEINECK, 2000). A estrutura delimitada por cada par da linha Z denomina -se sarcmero, sendo esta a unidade funcional da fibra muscular (McARDLE, 1998). Cada miofibrila composta por numerosos sarcmeros, unidos pela extremidade da linha Z. Cada sarcmero inclui o que encontrado entre cada par de linha Z, na seguinte seqncia: (1) banda I clara (designada faixa I) indica a regio do sarcmero onde existem apenas filamentos de actina; (2) banda A escura (designada faixa A) contm tanto filamentos espessos de miosina, quanto filamentos finos de actina; (3) zona H, poro central da banda A, aparecendo somente quando o sarcmero se encontra relaxado (em repouso); (4) banda A, constituda pelos filamentos de miosina e (5) segunda banda I (POWERS e HOWLEY, 2000).

Monografias do Curso de Fisioterapia Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2.1.1.2.1 Unidade motora

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A maioria, se no todos os neurnios que inervam os msculos esquelticos so da classificao A alfa () (SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997). Todas as fibras musculares inervadas por uma s fibra nervosa motora formam a chamada unidade motora. Cada fibra nervosa aps penetrar no ventre muscular, normalmente ramifica-se e estimula de trs a vrias centenas de fibras musculares esquelticas, sendo que, o fator determinante da quantidade de fibras inervadas, deve -se exclusivamente ao tipo de msculo em questo (SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997). Msculos grandes (como o glteo), que no precisam de controle muito exato, podem ter unidades motoras com vrias centenas de fibras musculares (GUYTON e HALL, 2002). Como d a entender, a quantidade de fora que pode ser gerada pelo sistema musculoesqueltico, depende da integridade dos elementos

contrteis e no-contrteis (endomsio, epimsio e perimsio) das unidades motoras (FRONTERA, 2001). Todas as fibras musculares inervadas pelo mesmo nervo motor se contraem e relaxam ao mesmo tempo, funcionando como uma unidade (SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997; FOX e MATHEWS, 1983). Conclui -se assim, que o fato do msculo contrair-se ou relaxar-se depende do somatrio de muitos impulsos recebidos pela Um em um determinado momento. A unidade motora (UM) ativada e as suas fibras motoras somente se contraem quando os impuls os excitatrios aferentes

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ultrapassam os impulsos inibitrios e o limiar atingido. Se a estimulao for inferior a esse limiar, no ocorre a ao da fibra muscular (MELLEROVICZ e MELLER, 1979). Em outros termos, um estmulo mnimo produz contrao de cada fibra muscular exatamente como o faria um estmulo mais forte. Esse fenmeno conhecido como Lei do tudo ou nada (FOX e MATHEWS, 1983). J que um nico neurnio inerva muitas fibras musculares na formao da unidade motora, infere-se naturalmente que a unidade motora tambm funcionar de acordo com a lei do tudo ou nada (WILMORE e COSTILL, 2001). Embora essa lei da fisiologia seja verdadeira para cada fibra muscular e unidade motora, ela no se aplica ao msculo como um todo. Portanto, possvel que o msculo exera foras de intensidades gradativas, indo desde uma contrao quase imperceptvel at o tipo mais vigoroso de contrao (FOX e MATHEWS, 1983). Se os estmulos so repetidos regularmente com uma freqncia suficientemente alta, a somao das freqncias contnua at ocorrer fuso completa de cada movimento, resultando em uma contrao. Nessas condies, diz-se que a unidade motora se encontra em tetania (contraes sucessivas rpidas, fundem se entre si), com a tenso sendo mantida num alto nvel, enquanto os estmulos continuam at surgir fadiga (estgio onde a fora de contrao atinge um mximo, de modo que qualquer aumento adicional da freqncia no produz qualquer aumento da fora contrtil) (FOX e MATHEWS, 1983; GUYTON E HALL, 2002).

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2.2 TRANSMISSO DOS IMPULSOS DOS NERVOS PARA AS FIBRAS MUSCULARES ESQUELTICAS - CONTRAO MUSCULAR

Os eventos que desencadeiam a ao de uma fibra muscular so complexos, sendo controlados e coordenados pelo crebro (SIQUEIRA, 2003). Para GUYTON E HALL (2002), cada fibra nervosa em geral ramificase e estimula centenas de fibras musculares esquelticas. A terminao nervosa forma uma juno, chamada de placa motora ou juno

neuromuscular ( nessa juno que ocorre a comunicao entre o sistema nervoso e muscular). O potencial de ao na fibra muscular se propaga nas duas direes, dirigindo-se para as suas extremidades (WILMORE e COSTILL, 2001). Na ausncia de clcio livre (caracterizado como estado de repouso), a troponina (presente no filamento de actina) inibe a ligao entre a ponte cruzada dos filamentos de actina com os filamentos pesados da miosina (WEINECK,2000; FOX e MATHEWS, 1983). O processo propriamente iniciado por um impulso motor originrio do crebro ou da medula. Quando um impulso nervoso gera um potencial de ao que alcana a juno neuromuscular, vesculas de acetilcolina (Acth) (localizadas dentro do terminal axnico) so liberadas dos terminais para o espao sinptico (fenda sinptica) (POWERS e HOWLEY, 2000).

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A Acth se difunde pela fenda neuromuscular, para ligar-se aos stios receptores da placa motora muscular, inervada pela respectiva terminao nervosa. Este por sua vez, ir excitar a fibra muscular (POWERS e HOWLEY, 2000). Se uma quantidade suficiente de acetilcolina ligar-se aos receptores, ser transmitida uma carga eltrica em toda a extenso da fibra muscular, resultando na abertura dos canais inicos de sdio na membrana muscular permitindo que o sdio entre. Esse processo caracteriza a despolarizao da membrana muscular, que acaba resultando na gerao de um potencial de ao. Essa fase denominada de Fase de Excitao-Juno (WILMORE e COSTILL, 2001). Alm da despolarizao da membrana da fibra muscular, preconiza -se que o impulso eltrico se propague atravs da fibra, promovendo a despolarizao do sistema de tbulos T, desencadeando a liberao de clcio pelas vesculas localizadas nos sacos laterais do retculo

sarcoplasmtico (McARDLE, 1998). O clcio liberado une -se aos filamentos de tropononia - tropomiosina nos filamentos de actina. Isso elimina a inibio que impedia que a actina se combinasse com a miosina para a formao da ponte cruzada e iniciasse o processo da contrao muscular (GUYTON e HALL, 2002). Essa fase de despolarizao dos filamentos denominada de Fase de Excitao-Juno da teoria dos filamentos deslizantes (FOX e

MATHEWS, 1983; WILMORE e COSTILL, 2001). A segunda fase do processo da ao muscular (denominada Fase de Contrao), inicia-se com a ativao de um componente enzimtico do

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filamento de miosina (o miosina ATPase); havendo a liberao da energia (ATP) armazenada na molcula de miosina. Essa energia liberada permite a translocao da ponte cruzada para um novo ngulo. Conseqentemente o msculo passa a desenvolver tenso, resultando no encurtamento do msculo (POWERS e HOWLEY, 2000; FOX e MATHEWS, 1983). A enzima ATPase degrada novamente a ATP ligada ponte cruzada da miosina para que haja o reacoplamento a outro stio ativo da molcula de actina. Esse ciclo de contrao pode ser repetido enquanto houver clcio livre e disponvel para se ligar a troponina, e a possvel degradao da ATP para fornecer energia. (POWERS e HOWLEY, 2000). O sinal para o trmino da ao muscular a ausncia do impulso nervoso na juno neuromuscular (FOX e MATHEWS,1983). Quando isso ocorre, o clcio ento bombeado de volta para o retculo sarcoplasmtico, onde armazenado at a chegada de um novo impulso membrana da fibra muscular (WILMORE e COSTILL, 2001). Quando o clcio removido, a troponina e a tropomiosina so desativadas, bloqueando a ligao entre as pontes cruzadas,retornando ao seu estado original de relaxamento

(WILMORE e COSTILL, 2001, MAcARDLE, 1998).

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2.3 TIPOS DE FIBRA MUSCULAR

O msculo esqueltico humano composto por uma coleo heterognea de fibras musculares, que variam estrutural, histoqumica e metabolicamente (FRONTERA, 2001). Nem todas as unidades motoras contm fibras musculares com as mesmas capacidades metablicas e funcionais. Algumas fibras so melhor equipadas para trabalharem

anaerobicamente, enquanto outras aerobicamente (FOX e MATHEWS, 1983). A maioria dos msculos esqueltico contm uma mistura de todos os tipos de fibras, mas sempre havendo o predomnio, de um tipo de fibra muscular. A existncia dessa variabilidade entre as fibras, ajuda a explicar de que modo as estruturas e a funes musculares se adaptam ao treinamento (FRONTERA, 2001; FOX e MATHEWS, 1983; SCOTT, STEVENS e MAcLEOD; 2001). Os tipos de fibras musculares podem ser classificados atravs de suas caractersticas histolgicas, contrteis e metablicas, em duas categorias principais: fibras do tipo I (denominadas fibras de contrao lenta) e fibras do tipo II (denominadas fibras de contrao rpida) (SCOTT, STEVENS e MAcLEOD 2001; MA cARDLE, 1998). As caractersticas de contrao lenta e contrao rpida das fibras musculares parecem ser determinadas precocemente na vida, talvez nos primeiros anos de vida. Aps o estabelecimento da inervao, nossas fibras musculares diferenciam-se (tornam-se especializadas) de acordo com o tipo de neurnio que as estimulam (WILMORE e COSTILL, 2001).

Monografias do Curso de Fisioterapia Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2.3.1 FIBRAS DO TIPO I

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As denominadas fibras do tipo I (fibras de contrao lenta ou fibras tnicas) so mais adequadas para contraes sustentadas o u repetitivas, que requerem tenso relativamente baixa (WEINECK, 2000: JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2000). Tais funes so bem sustentadas por um rico aporte sangneo e por uma grande quantidade de mitocndrias combinada com altos nveis de mioglobina. Conferindo fibra uma pigmentao vermelha caracterstica (FRONTERA, 2001; BIENFAIT 1995). Essas fibras caracterizam-se por serem resistentes fadiga e bem apropriadas para o exerccio aerbico prolongado ou de resistncia (WILMORE e COSTILL, 2001; MAcARDLE, 1 998).

2.3.2 FIBRAS DO TIPO II

As fibras tipo II, so tambm denominadas de fibras de contrao rpida ou fibras fsicas; podem ainda ser classificadas em vrios subtipos (IIa - contrao rpida resistente a fadiga e IIb - contrao rpida e pouco resistente a fadiga) (WILMORE E COSTILL, 2001; JUNQUEIRA e

CARNEIRO, 2000). Estas fibras so recrutadas em atividades que requerem desenvolvimento de aes rpidas e de altas tenses; atividades essas que podem vir a promover a hipertrofia muscular (WEINECK, 2000). Exibem um nmero reduzido de mitocndrias, uma capacidade limitada de metabolismo aerbio e pouca densidade de capilares (colorao branca). Todos estes fatores, contribuem para que essas fibras sejam

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portadoras de uma baixa resistncia fadiga, quando comparadas com as fibras do tipo I. No entanto essas fibras so ricas em enzimas glicolticas, as quais lhe provm uma grande capacidade anaerbia, requerida em atividades que necessitam de uma fonte de energia rpida (WILMORE E COSTILL, 2001). Essas fibras ainda possuem: (1) uma alta capacidade para a transmisso eletroqumica dos potenciais de ao, (2) um alto nvel de atividade de miosina ATPase, (3) um nvel rpido de liberao e captao do clcio por um retculo sarcoplasmtico altamente desenvolvido e (4) um alto nvel de renovao ( turnover) das pontes cruzadas, caractersticas essas que se relacionam com sua capacidade de gerar energia rapidamente para produzir contraes rpidas e vigorosas (MAcARDLE, 1998). Logo, com o retculo sarcoplasmti co mais desenvolvido, as fibras tipo II apresentam uma maior velocidade de ao, em torno de 5 a 6 vezes mais rpida quando comparada com as fibras do tipo I (BIENFAIT, 1993).

2.3.3 CARACTERSTICAS GERAIS DAS FIBRAS

As relaes precedentes indicam que a s fibras contrao rpida (CR) - tipo II so capazes de produzir maior tenso muscular mxima e um ritmo mais rpido de desenvolvimento de tenso que as fibras contrao lenta (CL) - tipo I (SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997). As propriedades bioqumicas e fisiolgicas relacionadas com essa dinmica contrtil, esto diretamente interligadas com as atividades da miosina ATPase, sua velocidade de liberao e captao do clcio a partir do

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retculo sarcoplasmtico. Lembrando que a miosina ATPase a enzima que degrada o ATP produzindo ADP (adenosina difosfato), fosfato inorgnico e energia para a contrao (WILMORE e COSTILL, 2001). Essas propriedades so mais ntidas, dentro das fibras CR que nas fibras CL (FOX e MATHEWS, 1983). A maioria dos msculos so compostos por aproximadamente 50% de fibras tipo I, 25% de fibras de tipo IIa e os 25% restantes so representados por fibras de IIb, sendo que, as fibras IIc representam apenas 1% a 3% dos msculos (WILMORE e COSTILL, 2001; WATKINS, 2001). Como foi menciona do anteriormente, as porcentagens de fibras CL e CR no so iguais em todos os msculos do corpo (WILMORE E COSTILL, 2001; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2000). Essa porcentagem de tipos de fibras lentas e rpidas contidas no msculo esqueltico pode ser influenciada pela gentica, pelos nveis hormonais no sangue e pelos hbitos de atividade fsica que o indivduo apresenta (POWERS e HOWLEY, 2000). As unidades motoras podem tambm influenciar se a fibra ser tipo I ou tipo II. Conseqentemente, quando mais fibras musculares o

motoneurnio estimular, maior a tenso de fora gerada (WILMORE e COSTILL, 2001). Pode-se concluir a partir do exposto, que todas as fibras de uma unidade motora, quando estimuladas atuam ao mesmo tempo e que diferentes tipos de fibras so r ecrutadas em diferentes estgios, dependendo da fora exigida para a realizao de uma atividade (WILMORE E COSTILL, 2001).

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2.4 TIPOS DE AO MUSCULAR

O trabalho muscular normalmente acompanha -se de um aumento da tenso intra muscular (GARDINER, 1995). Quando o aumento

acompanhado de uma mudana no comprimento do msculo, diz-se que a contrao isotnica. J no momento em que a tenso muscular aumentada, sem que haja alterao no comprimento do msculo (a fora de contrao exatamente igual e oposta s foras contrrias a ela), denomina se contrao isomtrica. Segundo CANAVAN (2001), neste tipo de contrao, no h alterao no comprimento de um msculo, o msculo gera fora, que trabalha para estabilizar uma articulao.

2.4.1 TRABALHO ISOMTRICO

O trabalho esttico (isomtrico) mais econmico do que qualquer outro tipo de contrao isotnica (concntrica e excntrica), mas fatigante quando mantida por perodos longos. Este tipo de contrao quando realizada contra resistncia mxima fornece o mtodo mais rpido para se obter a hipertrofia muscular dos msculos, em um determinado ponto de amplitude (BIENFAIT 1993). A velocidade de encurtamento presente em uma contrao isomtrica zero. Nessa ao, as pontes cruzadas de miosina so formadas e recicladas, produzindo fora, mas a fora externa muito grande para que os filamentos de miosina possam ser movidos. Eles permanecem em posio

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normal e, por essa razo, o encurtamento no pode ocorrer (WILMORE E COSTILL, 2001). Segundo TRIBASTONE (2001), um msculo que trabalhe

habitualmente em contrao isomtrica ou esttica, com movimentos lentos e de pouca amplitude, com o tempo aumenta o volume do seu sarcoplasma. Isso ocorre devido necessidade do msculo, em solicitar glicognio e oxigni o diretamente do seu sarcoplasma. Resultando em um aumento bastante significativo da potncia muscular.

2.4.2 TRABALHO DE FORA (POTNCIA)

O treinamento de fora tem um impacto positivo, no s no msculo esqueltico, mas tambm na excitao neuromoto ra, na integridade, na viabilidade do tecido conjuntivo e inclusive na sensao de bem-estar individual (FRONTERA, DAWSON e SLOVIK, 2001). Para propsitos conceituais, defini -se fora, como "a habilidade do msculo esqueltico em desenvolver potncia, com o objetivo de fornecer estabilidade e mobilidade dentro do sistema musculoesqueltico

(FRONTERA, DAWSON e SLOVIK, 2001). Para WILMORE e COSTILL (2001), fora definida como a capacidade mxima que um msculo ou grupo muscular pode gerar. Nas atividades musculares funcionais, vrios msculos

anatomicamente diferentes colaboram. As partes do grupo muscular que agem em sinergismo podem mudar com a posio do membro.

Conseqentemente muito difcil predizer, de consideraes tericas, a

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posio de trabalho mais eficiente que ir produzir a maior fora. Esta funo depende do nmero de unidades motoras ativadas e de suas freqncias de contrao (LUCENA, 1999).

2.4.2.1 Formas de Fora

A fora, nas suas formas de manifestao, pode ser dividida em diferentes tipos, de acordo com a forma de observao: (1) sob o aspecto da parcela de musculatura envolvida, diferencia-se fora geral de local (msculos isolados, ou grupos musculares); (2) sob o aspecto de especificidade da modalidade esportiva, fora geral e especial; (3) sob aspecto do tipo de trabalho do msculo, fora dinmica e esttica (WEINECK, 2000). A fora mxima esttica que um msculo capaz de desenvolver est diretamente relacionada rea de seco transversa do msculo, que composta sumariamente das seces transversais das diversas UM (WEINECK, 2000). O dimetro da fibra muscular de uma mulher equivale, em mdia, a cerca de 75% do valor do homem. Como conseqncia do aumento da seco transversa (em funo da hipertrofia das fibras) a fora total do msculo aumenta (MELLEROVICZ e MELLER, 1979). As vantagens em se realizar uma atividade esttica (como a obtida com a EENM) consiste em proporcionar ao paciente a fcil execuo da atividade proposta, com uma alta efetividade e possibilidade em se especificar de forma objetiva o grupo muscular escolhido para o trabalho. No entanto, este tipo de treinamento possui diversas desvantagens como: (1)

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influncia negativa sobre a elasticidade muscular; (2) capacidade de extenso como conseqncia da tenso muscular mxima; (3) provoca um rpido aumento da seco transversa, mas no uma capilarizao do msculo (WEINECK, 2000). Os fatores mecnicos do tipo de contrao muscular, do comprimento muscular e da velocidade de contrao afetam a habilidade do msculo para gerar fora. H um comprimento favorvel e uma velocidade favorvel no qual o maior nmero de pontes cruzadas entre as molculas podem ser formados (FRONTERA, DAWSON e SLOVIK, 2001). A fora tambm surge da interao entre o sistema

musculoesqueltico e o sistema que fornece o suporte neurolgico, metablico e hormonal. Os efeitos da idade, o desuso, a imobilizao e o trauma musculoesqueltico exigem considerao especial, por causa de seu impacto imediato e direto na funo muscular (CANAVAN, 2001). A fora mxima alcanada entre as idades de vinte e trinta anos. Na mulher adulta, a fora de qualquer grupo muscular menor do que no homem da mesma idade. Em mdia a fora muscular da mulher cerca de dois teros a do homem e reduz-se com a idade (LUCENA, 1999; POWERS e HOWLEY, 2000). O resultado mais bvio do treinamento de fora um aumento na capacidade funcional do msculo em gerar fora. Essas alteraes so provocadas por uma variedade de efeitos fisiolgicos, desencadeados na musculatura esqueltica (CARVALHO, SHIMANO e VOLPON, 2002).

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2.5 REMODELAMENTO MUSCULAR

Todos os msculos do corpo esto sob remodelamento contnuo para que melhor possam atender o que lhes exigido. Seus dimetros so modificados, seus comprimentos so alterados, suas foras so variadas, suas vascularizaes so modificadas e, at mesmo, os tipos de suas fibras so mudados, pelo menos em pequeno grau (GUYTON e HALL, 2002). A maior parte da evidncia sugere que a nica maneira de transformar efetivamente uma fibra CR numa fibra CL, ou vice-versa, reside em produzir uma inervao cruzada entre as duas fibras. Isto significa que o nervo que inerva originalmente uma fibra transplantado para inervar outra. Essa teoria ainda requer mais estudos em humanos para sua comprovao (FOX e MATHEWS, 1983). O que sabe que o treinamento induz a um aumento no tamanho e nas capacidades funcionais dos respectivos tipos de fibras, sem

aparentemente transformar um tipo em outro (FOX e MATHEWS, 1983). Os efeitos fisiolgicos desencadeados na musculatura esqueltica, durante perodos de treinamento de fortalecimento, incluem (1) fatores neurais, (2) aumento muscular (hipertrofia) e (3) hiperplasia.

2.5.1 FATORES NEURAIS

Monografias do Curso de Fisioterapia Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Tornou-se claro, que parte do ganho de fora

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que ocorre,

especialmente no incio de um programa de treinamento, deve -se s adaptaes neurais, e no hipertrofia (POWERS e HOWLEY, 2000). A tese de que fatores centrais so de significncia decisiva para o desenvolvimento da fora tambm est baseada na observao de que a fora pode aumentar sem uma hipertrofia proporcional do msculo. A explicao destes resultados pode ser que um ganho de fora aps um programa de treinamento devido no somente a mudanas no tecido muscular mas tambm a uma modifi cao no trfego de impulsos que alcanam os motoneurnios (LUCENA, 1999). As adaptaes neurais relacionadas ao treinamento de fora incluem, um recrutamento aumentado das UM e sincronizao da descarga destas (POWERS e HOWLEY, 2000).

2.5.2 HIPERTROFIA MUSCULAR

medida que a eficcia dos elementos neurais melhoram, ocorre a hipertrofia do msculo esqueltico. Uma maior tenso do msculo geralmente considerada como estmulo para a hipertrofia (WEINECK, 2000). Embora o mecanismo exato da hipertrofi a muscular ainda no esteja definitivamente esclarecido, provvel que cada estmulo externo extensivo acima do limiar desencadeie uma reao no msculo. Essa reao consiste num aumento da posio afetada pelo estmulo, e com isto, uma nova carga futura pode ser melhor enfrentada (WEINECK, 2000).

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Observa -se o aumento do msculo (hipertrofia) devido principalmente a um aumento na rea transversal de cada fibra muscular. Ocorre o engrossamento de cada fibra, com o aumento das miofibrilas. No msculo no treinado as fibras variam consideravelmente de dimetro (FOX e MATHEWS, 1983; WEINECK, 2000). As mudanas que resultam no aumento do tamanho da fibra muscular, podendo ser superior a 100% (aumento do dimetro), incluem: (1) remodelao das protenas musculares (actina e miosina), (2) aumento no tamanho e no nmero de miofibrilas por fibra muscular, (3) aumento da densidade capilar, (4) aumento quantitativo de substncias (h um aumento na quantidade de glicognio, mioglobina em msculos treinados), (5) aumento no nmero de sarcmeros, e (6) aumento na quantidade e fora dos tecidos conjuntivos, tendinosos e ligamentares (MELLEROVICZ e MELLER, 1979; FOX e MATHEWS, 1983). Embora a hipertrofia, seja verdadeira tanto para o homem, quanto para mulher, o fenmeno muito menos pronunciado na mulher. Isso porque a hipertrofia muscular regulada principalmente pelo hormnio testosterona, cujos nveis so cerca de 10 vezes mais altos no sangue de homens normais do que no de mulheres normais. Como outros fatores a serem considerados temos: (1) a menor quantidade de massa muscular nas mulheres e (2) maiores reservas de gordura subcutnea (FOX e MATHEWS, 1983; POLLOCK e WILMORE, 1993).

2.5.2.1 Teorias sobre o Processo de Hipertrofia Muscular

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Observaes de bipsias musculares confirmaram o argumento de que uma fibra de contrao rpida antes do treinamento continuar sendo uma fibra de contrao rpida aps o treinamento, com a mesma afirmao sendo verdadeira para as fibras de contrao lenta. Entretanto, estudos adicionais sugerem, mudanas nas propriedades bioqumicas e fisiolgicas das fibras musculares, com uma transformao progressiva do tipo de fibra durante o treinamento (MAcARDLE, 1998). Achados sugerem que o treinamento especfico (e talvez a

inatividade) podem induzir uma transformao verdadeira das fibras tipo I para tipo II (ou vice-versa). necessria mais pesquisa antes de poder emitir opinies definitivas acerca da natureza permanente da composio de um msculo em termos de fibras (MAcARDLE, 1998). POLLOCK E WILMORE (1993), concluram que a hipertrofia resultante tanto de um aumento da sntese protica, quanto de uma reduo no catabolismo de protenas. O que ocorre efetivamente o aumento da rea de seco transversa (principal fator para o aumento do msculo) das fibras do tipo I e do tipo II. Alm disso, observa -se uma resposta metablica dos dois tipos de fibra, com uma converso das fibras do tipo IIb para fibras do tipo IIa, indicando um aumento na capacidade oxidativa, aps o treinamento de fora (GUYTON E HALL, 2002). A hipertrofia da fibra muscular maior nos mtodos de treinamento de fora, onde a decomposio de ATP mais intensivamente exigida, como no caso, por exemplo, da eletroestimulao. Com o treinamento de fora pela eletroestimulao neuromuscular (EENM), ocorre no apenas uma hipertrofia

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das fibras musculares, mas tambm um aumento do sarcoplasma e da quota absoluta de tecido conjuntivo (WEINECK, 2000).

2.5.2.2 Pontos Positivos do Processo de Hipertrofia

A hipertrofia muscular pode ajudar a melhorar o desempenho fsico, adquirir novas habilidades ou compensar uma enfermidade ou leso de outras partes do corpo (POLLOCK E WILMORE, 1993). O treinamento em pacientes saudveis provoca mudanas de fora, durante as primeiras 6 a 12 semanas de um programa de treinamento atravs do recrutamento de unidades motoras adicionais e do aprendizado motor. Nas semanas seguintes, o incremento da fora muscular resultado da hipertrofia muscular (CANAVAN, 2001). No que refere-s e a durao do estmulo (contrao), preconiza -se que, a durao da contrao deve ser no mnimo 30% da durao mxima possvel da contrao (resistncia esttica). Porm, o tempo de contrao depende da fora aplicada e da condio de treinamento do msculo (MELLEROVICZ e MELLER, 1979). Para o treinamento com fora mxima, a durao da contrao deve ser de 5 a 25 segundos. Para WEINECK (2000), o tempo de tenso timo est em cerca de 6 a 8 segundos. J a intensidade do estmulo deve atingir cerca de 50 a 7 0% da fora mxima.

2.5.3 HIPERPLASIA

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Evidencia-se tambm, que o exerccio pode induzir a hiperplasia, que um aumento no nmero de fibras musculares (POLLOCK E WILMORE, 1993). O mecanismo para a hiperplasia, pode ser resultado de uma ruptura da fibra muscular, ou talvez ativao das clulas satlites (clulas envolvidas na regenerao do msculo esqueltico). Esta por sua vez, pode ser causada por exerccio de resistncia forte, e uso excessivo, ou pelo alongamento prolongado induzido pelo uso de peso. Porm, ainda h necessidade de mais estudos referentes a esse tema em humanos (WILMORE e COSTILL, 2001).

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2.6 CORRENTES ELTRICAS

2.6.1 ASPECTOS FSICOS DAS CORRENTES ELTRICAS

A corrente eltrica significa o fluxo de eltrons atravs de um material condutor. A intensidade a quantidade de eltrons que passa por uma seco transversa do condutor, em determinado intervalo de tempo. Para que ocorra a movimentao de eltrons, necessrio que exista uma diferena de potencial entre as extremidades do circuito. A resistncia oferecida ao deslocamento dos eltrons (AMATUZZI e GREVE, 1999).

2.6.2 TIPOS DE CORRENTE IDEAL

J se sabe h mais de 200 anos (SALGADO, 1999), que possvel excitar um msculo passando uma corrente eltrica atravs dele ou de seu nervo perifrico. A esta criao de potenciais de ao em clulas estimulveis com impulsos eltricos (ativao artificial) chamamos de eletroestimulao (SALGADO, 1999). A EENM (eletroestimulao

neuromuscular) consiste na reduo do potencial de repouso da membrana at o seu limiar com uma corrente eltrica aplicada superficialmente na pele. A corrente ideal aquela que permite reduzir a diferena potencial e desencadear um potencial de ao da maneira mais confortvel possvel para o indivduo, em outras palavras, os parmetros devem ser os mnimos (intensidade, energia e durao) (MAcKLER e ROBINSON, 2001).

Monografias do Curso de Fisioterapia Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2.6.2.1 A Ativao com a Eletroestimulao

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Dependendo

da

corrente

que

passa,

produz-se

um

tipo

de

despolarizao da fibra muscular e nervosa. Se a corrente que passa atravs da membrana nervosa pequena, a mudana no potencial transmembrana rapidamente retornar ao potencial de repouso. Por outro lado, se a corrente aplicada for suficientemente grande, um potencial de ao ser produzido e se propagar ao longo da membrana, promovendo a contrao muscular (SALGADO, 1999; KITCHEN e BAZIN, 1998). A contrao muscular induzida por ativao eltrica d-se de modo diferente daquele que ocorre durante a contrao voluntria. A principal diferena no recrutamento das UM; durante a EENM, as fibras do tipo II (rpidas e calibrosas) so as primeiras a serem recrutadas. Esse tipo de ativao acontece porque o estmulo eltrico aplicado externamente terminao nervosa e as clulas grandes (com resistncia axonal baixa) so mais excitveis (SALGADO, 1999; KITCHEN e BAZIN, 1998). Alm disso, as unidades motoras de conduo rpida, necessitam de menores intensidades de estimulao, o que pode explicar a capacidade da EENM produzir fortalecimento muscular com nveis menores que aqueles requeridos durante a contrao voluntria (SALGADO, 1999). Fibras musculares de contrao rpida (tipo II) so recrutadas para acrescentar fora muscular e rapidez ao movimento, estas respondem melhor a freqncias na faixa de 50-150 Hertz. As fibras do tipo I (contrao lenta) so as primeiras a se tornarem ativas; tm uma freqncia tetnica de 20-30 Hertz (LOW e REED, 2001). As fibras do tipo I ocupam de 25 a 30% do total

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de tempo de estimulao, enquanto que a s fibras do tipo II so recrutadas em cerca de 5% do tempo (GUIRRO, 2002). Durante o exerccio voluntrio, a fora de uma contrao aumentada de duas maneiras: aumentando-se o nmero de unidades motoras ativadas (recrutamento) e aumentando-se a freqncia de disparo das unidades motoras ativas (somao temporal). Os programas de estimulao eltrica empregam a mesma abordagem geral, embora no tenham habilidade de ajustar a ordem de recrutamento entre os tipos de unidades (GUIRRO, 2002). Quando um msculo ativado, para que a maioria das fibras musculares seja recrutada, altas foras so geradas. Apesar do incio rpido da fadiga, esse padro de contrao muscular est associado com mudanas nos msculos que levam a aumentos na fora muscular (MAcKLER e ROBINSON, 2001). Segundo ENOKA (1988) quanto maior o axnio, menor a ativao necessria para produzir fora. Essas unidades motoras maiores esto localizadas na superfcie do msculo, facilitando a sua contrao. SALGADO (1999) provou atravs dos seus experimentos, que a EENM no ativa diretamente o msculo, mas sim, as ramificaes das terminaes nervosas dentro do msculo, isto , h excitao dos nervos perifricos.

2.6.2.2 O Treinamento com Eletroestimulao

Um ponto que distingue a contrao voluntria da induzida por estimulao eltrica, que nesta observa -se uma ativao sincrnica das

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unidades motoras, ou seja, todas as unidades so recrutadas ao mesmo tempo (MAcKLER e ROBINSON, 2001). Para que haja o recrutamento seletivo das fibras musculares e se produza uma fora mxima, faz-se necessrio a aplicao de baixas freqncias de estimulao. Pois medida que a freqncia aumenta, h um aumento na deteriorao da resposta muscular (SALGADO, 1999).

2.6.3 FREQNCIA DA CORRENTE

A freqncia de um trem de estmulo definida como o nmero de ciclos por segundo, expressada em hertz (Hz) ou pulsos por segundo (pps) (KITCHEN e BAZIN, 1998; GUIRRO, 2002). As correntes alternadas de mdia freqncia, as quais variam de 1.000 a 4.000 Hz, podem promover a contrao muscular quando moduladas em baixa freqncia. A freqncia mxima de despolarizao depende do perodo refratrio absoluto, sendo que a sua durao depende da velocidade de conduo da fibra nervosa (GUIRRO, 2002). A freqncia de 2.500 Hz, alm de contemplar a velocidade de conduo nervosa, visa minimizar a irritao cutnea, tornando o estmulo mais agradvel (GUIRRO, 2002). Como o mecanismo contrtil no apresenta perodo refratrio, consegue -se com o aumento da freqncia atingir um instante em que cada nova contrao ocorre antes do trmino da precedente. Isso decorre do fato de existirem ons clcio em quantidades suficientes no sarcoplasma, at mesmo no intervalo entre os potenciais de ao para manter o estado de

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tetnia, sem permitir o relaxamento entre os potenciais de ao. Assim, a segunda contrao somada a anterior, de forma que a fora da contrao aumenta progressivamente com o aumento da freqncia de estimulao at atingir um limite mximo prximo freqncia de 50Hz (GUIRRO, 2002).

2.6.4 AS MODULAES

Modulao qualquer alterao que se faa na corrente original. Nas estimulaes excitomotoras, a modulao em amplitude comumente associada com a modulao em trens de pulso, caracterizada pela repetio seqenciada de uma srie de pulsos. A variao na amplitude do pulso possibilita uma contrao muscular mais fisiolgica, uma vez que o nmero de unidades motoras recrutadas proporcional ao incremento na amplitude da corrente. J os trens de pulso, al m de promover ciclos de contraorelaxamento, que minimizam o aparecimento de fadiga muscular, possibilitam uma contrao mais agradvel quando associados modulao em amplitude (GUIRRO, 2002; KLD, 2003). Nestas configuraes, a fibra se despolariza na freqncia de modulao (interrupo), conservando sua sensibilidade estimulao eltrica. As melhores caractersticas para essa interrupo so as exibidas pela Corrente Russa, pois h uma interrupo durante a qual a corrente nula. Alm disso, a p rpria forma do pulso quadrado mais adequada, pois composta pela contribuio de todas as harmnicas da freqncia base. Isto tende a excitar tecidos com janelas freqncias diferentes, resultando no recrutamento de mais clulas. Finalmente, a interrupo da mdia freqncia

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em diversas freqncias baixas, permite o trabalho das diferentes fibras musculares, de acordo com as velocidades timas de despolarizao de cada tipo de neurnio motor (KLD, 2003).

2.6.5 FRMULA FUNDAMENTAL (WEISS)

Lapicque definiu os dois parmetros fundamentais da excitabilidade: a reobase e a cronaxia (SALGADO, 1999). Lapicque definiu a reobase como sendo a intensidade de corrente mnima necessria para estimular um nervo por tempo indeterminado; e cronaxia de um nervo como a durao mnima do impulso necessria para obter uma estimulao com um nvel de intensidade de duas vezes a reobase (SALGADO, 1999). Quanto forma da onda, quando essa atinge a reobase, o potencial de ao est desencadeado. Logo, para que esse potencial seja mantido de uma maneira confortvel para o paciente, preciso fixar estes parmetros (SALGADO, 1999). Quanto a durao de pulso esta deve ser igual cronaxia do nervo que queremos excitar (SALGADO, 1999).

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2.7 ELETROTERAPIA CLNICA

Segundo SALGADO (1999), as correntes de mdia freqncia, entre as quais a corrente russa, possuem algumas caractersticas: Sem efeito polar (Despolarizadas) Cada eletrodo produz os mesmos processos eletrolticos Ausncia de propriedades Galvnicas No produzem hiperemia Variao da permeabilidade da membrana lipoprotica No apresentam riscos dos efeitos eletrolticos (cauterizao) Adequadas para tratamentos das camadas mais profundas dos tecidos O paciente tolera altas intensidades de corrente Todos os estmulos de baixa ou mdia freqncia geram despolarizao das fibras nervosas. Se o msculo est inervado, HAYES (2002) afirma que a EENM pode ser usada para: Fortalecer o msculo saudvel, melhorando o recrutamento das unidades motoras Facilitar a melhora da funo motora (i.e., reeducao) Melhorar a resistncia por meio da melhora da capacidade aerbica do msculo Promover circulao perifrica pela facilitao do retorno venoso por meio do efeito bomba promovido pela contrao muscular.

Monografias do Curso de Fisioterapia Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2.7.1 PRECAUES PARA UTILIZAO DA EENM

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Evitar tratar sobre a pele anestsica Evitar feridas abertas na rea de tratamento Evitar reas de extremo edema Evitar a EENM em reas de tecido adiposo excessivo No colocar eletrodos sobre os msculos da laringe, fari nge, perto do seio carotdeo (HAYES, 2002; MAcKLER e ROBINSON, 2001).

2.7.2 CONTRA-INDICAES PARA UTILIZAO DA EENM

Sobre reas torcicas Em regies do nervo frnico Em pacientes hipertensos Em reas de distrbio vascular Neoplasias Primeiro trimestre de gravidez Pacientes muito desorientados mentalmente (HAYES, 2002; MAcKLER e ROBINSON, 2001).

2.7.3 PARMETROS MANIPULVEIS CLINICAMENTE NA EENM

2.7.3.1 As Formas de Onda

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As correntes usadas na eletroterapia clnica contempornea podem ser divididas em trs tipos: contnuas, alternadas e pulsadas (BRASILEIRO, 2002; GUIRRO, 2002). A corrente pulsada amplamente utilizada na EENM, sendo definida como um fluxo unidirecional ou bidirecional de partculas carregadas que periodicamente so interrompidas, por um perodo de tempo finito (BRASILEIRO, 2002). A corrente alternada pode se apresentar na forma apolar

(despolarizada) caracterizando-se por inverter a sua direo em intervalos regulares de tempo (GUIRRO, 2002). A corrente alternada freqentemente fornecida sob altas freqncias, o que diminui a impedncia da pele e assim faz chegar mais corrente aos nervos motores (KITCHEN e BAZIN, 1998). Por causa desta rpida oscilao da corrente alternada, to logo o nervo repolarizado e estimulado novamente, produz-se uma corrente que vai somando maximamente contrao muscular (PRENTICE, 2002). A corrente pulsada caracterizada por uma unidade elementar: o pulso eltrico. Um nico pulso definido como um evento eltrico isolado, separado por um tempo finito do prximo evento. Cada pulso dura apenas uns poucos ms, seguidos ento por um intervalo interpulso. Os pulsos eltricos podem exibir formas diferentes; no caso da corrente russa sua forma quadrada (BRASILEIRO, 2002). Outra classificao para os tipos de corrente a diferenciao em: monofsica ou bifsica. As bifsicas (Corrente Russa) so caracterizadas quando duas fases opostas esto contidas em um nico pulso. Formas de onda bifsica simtrica permitem que ambos os eletrodos sejam ativos durante os respectivos ciclos alternados. Este efeito pode ser particularmente

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usado quando grupos musculares grandes, como o glteo mximo, tem que ser estimulados (LEME,2003). A sugesto pelo pulso bifsico em funo da menor irritao na pele decorrente dos efeitos inicos, e do desconforto da eletroestimulao (BRASILEIRO, 2002; GUIRRO, 2002). Os pulsos bifsicos atendem s exigncias do sistema nervoso, ou seja, uma taxa rpida de mudana e uma alta freqncia de pulsos dentro de cada burst (trens de pulso), o que reduz o risco de acomodao dos axnios e no produz efeitos polares (CURRIER, 1983). Usando a forma de onda mais confortvel para um paciente individualmente, pode-se aumentar a intensidade da contrao produzida (BRASILEIRO, 2002). Uma forma de onda com uma corrente de pico alta permite uma estimulao mais profunda, aumentando potencialmente o nmero de unidades motoras ativadas (CURRIER, 1983). Alm disso, os pulsos bifsicos podem ser simtricos ou assimtricos. Pulsos simtricos com um intervalo interfase parecem ter preferncia clinica em relao aos pulsos assimtricos, particularmente se o alvo for excitao de fibras motoras (BRASILEIRO, 2002; MAcKLER e ROBINSON, 2001).

2.7.3.2 Amplitude da Corrente

Nos regimes de treinamento existe uma relao direta entre a intensidade da contrao produzida eletricamente e o aumento da fora muscular. Os sujeitos tm de estar capacitados para suportar contraes produzidas eletricamente em altas intensidades. Quanto maior a intensidade

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tolerada, maior ser o nmero de unidades motoras recrutadas (situadas mais profundamente) e maior a profundidade de ativao, a partir dos eletrodos de superfcie. Normalmente variam de 100 a 200 miliampr (BRASILEIRO, 2002; PRENTICE, 2002). Vrios auto res hipotetizaram que os indivduos com maior eficcia de contrao podem ter padres de ramificao das fibras motoras relativamente mais superficiais (BRASILEIRO, 2002). Alm disto, com o decorrer do treinamento, a tolerncia do indivduo aumenta, logo, no podemos fixar um valor para a intensidade (SALGADO, 1999). A intensidade da corrente deve ser constantemente elevada tanto intra quanto inter-sesses. Esta necessidade justificada pela acomodao ao estmulo eltrico (GUIRRO, 2002; MAcKLER e ROBIN SON, 2001). medida que a amplitude aumentada, tanto as fibras grossas mais distantes do eletrodo como os pequenos axnios prximos ao eletrodo so excitveis (KW, 199_). Para conseguir hipertrofia muscular, que o propsito usual, so aplicadas correntes de alta intensidade que produzem contraes musculares mximas tolerveis, em sries de poucos segundos, separadas por perodos de repouso um pouco mais longos (LOW e REED, 2001; HAYES, 2002). O aumento na amplitude promove nos tecidos neuromusculares a estimulao das fibras nervosas de dimetro progressivamente menor e o recrutamento de unidades motoras a grandes profundidades em relao superfcie da pele. Promovendo assim uma mudana na performance

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muscular, aumentando a produo de fora e a percepo sensorial ao estmulo (CURRIER, 1983). Um fator importante a se considerar reside no fato que a excitao sensitiva sempre precede a motora independente da forma de onda utilizada e do local em que se executa a estimulao eltrica (GUIRRO, 2002). A estimulao eltrica normalmente provocar respostas sensitivas antes das respostas motoras (BRASILEIRO, 2002). GUIRRO (2002), concluem que os nervos motores necessitam de uma maior intensidade de estimulao para que ocorra a sua despolarizao, quand o comparados aos sensitivos. Se a amplitude ou durao do estmulo for suficientemente aumentada, respostas motoras sero produzidas e sobrepostas estimulao sensitiva

(BRASILEIRO, 2002; MAcKLER e ROBINSON, 2001).

2.7.3.3 Durao do Pulso

A durao do pulso, equivale ao tempo decorrido entre o incio e o trmino de todas as fases de um nico pulso; erroneamente classificada como largura de pulso (BRASILEIRO, 2002; KITCHEN e BAZIN, 1998). Um pulso excessivamente longo torna -se desconfortvel, por outro lado, pulsos muito curtos so ineficazes para desencadear o processo de contrao (BRASILEIRO, 2002; CURRIER, 1983). A durao do pulso deve ser relativamente curta, pois as fibras-alvo so axnios motores que possuem o mais baixo limiar de ativao (da classe de maior tamanho, A-Alfa) (CURRIER, 1983).

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A amplitude dos pulsos necessria para iniciar um potencial de ao maior quando os pulsos so de pequena durao. O uso de pulso de longa durao pode minimizar a amplitude necessria e a transfe rncia total de cargas, o que diminui o risco de leso tecidual (GUIRRO, 2002). A combinao adequada entre a amplitude do estimulo e a durao do pulso determina quais fibras nervosas sero ativadas pela estimulao eltrica. As fibras motoras grossas, ou motoneurnios alfa, so os mais facilmente excitveis pela estimulao eltrica.

2.7.3.4 Freqncia dos Pulsos

Normalmente so produzidos pulsos muito curtos com intervalo entre eles relativamente longos. Tal construo leva a total independncia entre a freqncia e a durao de pulso, ao menos sob uma perspectiva fisiolgica (BRASILEIRO, 2002). Uma durao de pulso aumentada estimula as fibras nervosas de dimetro progressivamente menor e aumenta a magnitude das reaes dos tecidos. Aumentando assim a produo de fora e a percepo sensorial ao estmulo (CURRIER, 1983). Diversos estudos j avaliaram as respostas neuromusculares diante de diferentes freqncias de estimulao. Estas freqncias, em contraes voluntrias mximas contnuas, esto em torno de 30 a 70 Hertz (na EENM entre 50 e 100 Hertz). Promovendo uma mudana progressiva da resposta muscular (de contraes isoladas at a tetania completa) (CURRIER, 1983). Os pesquisadores concordam que o aumento na freqncia de estimulao

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alm da freqncia tetnica, no altera a fora do msculo, pois a mxima tenso j havia sido encontrada (BRASILEIRO, 2002). Dependendo das fibras constituintes do msculo estimulado, esta regularidade da contrao estimulada ocorre entre 20 e 35 pulsos por segundo (Hertz). Quando a freqncia de estimulao aumentada acima de 35Hz uma pequena fora adicional obtida na contrao muscular, mas a ao regular existente no alterada (LEME, 2003). Uma freqncia de 50 pulsos por segundo (pps) fornece tanta produo de tenso quanto freqncias mais altas (HAYES, 2002). Quando um estmulo de um pulso por segundo dado, uma contrao espasmdica passageira do msculo definida. Quando a freqncia do estmulo aumentada, a contrao espasmdica isolada torna-se menos pronunciada e a tenso muscular aumenta. Quando a freqncia aumentada ainda mais, a contrao espasmdica isolada fica completamente perdida e uma contrao muscular regular aparece (LEME, 2003). O uso de freqncias de estimulao de 2.200 e 2.500 Hz pode ser atribudo aos trabalhos de KOTS (1977) (conhecidas como Corrente Russa). Estas correntes so administradas sob formas de envelopes a 50 Hz, o que minimizaria o desconforto sensorial da pele, e permitiria assim, uma estimulao motora de maior intensidade, resultando em maior fora de contrao (BRASILEIRO, 2002; LEME, 2003). Uma das suas vantagens est relacionada resistncia (impedncia) que o corpo oferece conduo da corrente eltrica. A impedncia do corpo capacitiva e, em sistemas capacitivos quanto maior a freqncia menor ser a resistncia presente. Outro fator importante que, devido a menor

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resistncia oferecida pelo corpo humano passagem da corrente estimulao a nvel muscular ser bem mais profunda (LEME, 2003). As correntes de mdia freqncia reduzem a resistncia para o seu fluxo, fazendo, novamente, este tipo de forma de onda bastante confortvel, podendo tolerar intensidades mais altas (PRENTICE, 2002).

2.7.3.5 Efeito Gildemeister e Inibio Wedensky

A estimulao de um msculo ou fibras neuromusculares com freqncias maiores que a sua velocidade de despolarizao e repolarizao mxima, faz com que essas fibras se despolarizem na sua freqncia prpria, tornando a despolarizao assncrona, ou seja, a cada pulso de corrente no corresponde uma despolarizao da fibra. A despolarizao da fibra nervosa segundo esse princpio de somao chamado de Efeito Gildemeister (KLD, 2003). Ao se estimular continuamente uma fibra nervosa com corrente de mdia freqncia, pode ocorrer despolarizao desta fibra inclusive no perodo refratrio relativo. Alm disso, a fibra pode ter dificuldade em continuar a se despolarizar, promovendo a fadiga da placa motora. Esse fenmeno devido a duas causas: (1) se durante a estimulao, alguns pulsos coincidem com o perodo refratrio, causando maior dificuldade na repolarizao, (2) o retorno ao potencial de repouso da membrana torna -se cada vez mais demorado, terminando por no mais se estabelecer, enquanto durar a estimula o. Este bloqueio conhecido como Inibio Wedensky. A fadiga da placa motora terminal aumenta com o aumento da freqncia da

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estimulao eltrica e no consegue mais converter os impulsos eltricos em despolarizaes da membrana da fibra muscular oposta (KLD, 2003).

2.7.3.6 Modo de Estimulao

O modo de estimulao proporcionado pela corrente de mdia freqncia utilizado no estudo foi o modo sincronizado, que permite que a corrente passe por todos os canais ao mesmo tempo estimulando agonistas e antagonistas (LEME, 2003). A base terica para seu uso que a estimulao eltrica mxima pode fazer com que quase todas as unidades motoras em um msculo se contraiam de forma sincronizada: algo que no pode ser conseguido na contrao voluntria, segund o se alega. Isso permitiria a ocorrncia de contraes musculares mais fortes com a estimulao eltrica e portanto maior hipertrofia muscular (LOW e REED, 2001). O ganho de fora, independente do posicionamento, pode dever-se ao fato da estimulao el trica promover uma despolarizao sincrnica, a qual leva a um recrutamento mximo e simultneo das unidades motoras (GUIRRO, 2002). A EENM mais desgastante e fatigante que o exerccio voluntrio normal. Isto resultante da excitao sincrnica da uni dade motora quando a estimulao eltrica usada, enquanto a atividade fisiolgica normal ocorre assincronicamente (LEME, 2003).

Monografias do Curso de Fisioterapia Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2.7.3.6.1 Os controles dos Ciclos on / off (taxa de repetio de trens de pulso)

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Nos programas de EENM, os controles on time / off time so essenciais, j que a contrao estimulada contnua do msculo esqueltico leva a uma fadiga muscular muito rpida, o que implica numa queda da fora gerada (BRASILEIRO, 2002). A estimulao intermitente necessria nos casos de estimulao neuromuscular em que h necessidade de ajustes entre o perodo de contrao e de repouso (GUIRRO, 2002). O Ciclo on permite a eleio do tempo de passagem dos trens de pulso, ou seja, o tempo para manter a contrao. Este tempo varivel de acordo com o que se deseja e com o estado do msculo (LEME, 2003). O Ciclo off indica o tempo de repouso entre uma contrao e outra. Tambm varivel de acordo com o estado muscular (LEME, 2003). Nas primeiras sesses de um programa de estimulao eltrica neuromuscular, um perodo relativamente longo de repouso (T on / T off 1:5 at 1:3) deve ser usado para a capacidade do msculo de continuar a responder. Com o passar das sesses, o tempo de repouso deve ser reduzido progressivamente (1:2 at 1:1), e o tempo de estimulao deve ser aumentado (LEME, 2003); GUIRRO, 2002). Quando o msculo estiver treinado, o tempo off pode ser reduzido progressivamente, assim como o tempo on aumentado em grande proporo, relativamente ao ciclo de estimulao. O limite entre os valores desses parmetros ainda no est muito bem estabelecido (LEME, 2003).

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Intervalos entre as contraes so necessrios para permitir o reabastecimento energtico do msculo e evitar a produo de cido ltico; se isso no for respeitado, as contraes no podero ser mantidas em altas intensidades (BRASILEIRO, 2002; KITCHEN e BAZIN, 1998).

2.7.3.6.2 Os controles da rampa (subida / descida)

Com o controle da rampa, a carga do pulso pode aumentar gradativamente dentro de um determinado perodo de tempo, normalmente variando de 1 a 5 segundos, permitindo ento um aumento progressivo da contrao muscular. H tambm uma rampa de descida, resultando em uma diminuio gradual da carga at o fim do tempo de contrao (BRASILEIRO, 2002). Os controles da rampa indicam o tempo de subida e descida do estmulo, respectivamente, ou seja, se a contrao vai ser lenta at chegar ao seu limite mximo ou rpida e, da mesma forma, se o relaxamento vai acontecer lentamente ou no. Esta variao tambm depender do tipo de contrao que se deseja estimular (LEME, 2003). A subida lenta permite que a amplitude do estmulo seja aumentada gradualmente, com as fibras sendo recrutadas proporcionalmente (GUIRRO, 2002). As modulaes de rampa no incio e no fim do perodo de estimulao oferecem uma forma mais confortvel de contrao (recrutamento gradual de unidades motoras) em uma variedade de aplicaes (BRASILEIRO, 2002).

Monografias do Curso de Fisioterapia Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2.7.3.7 Eletrodos e Seleo dos Stios de Locao

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2.7.3.7.1 Tipos de eletrodos

Eletrodos so como pequenos microfones que so usados para ouvir os msculos (SALGADO, 1999). Os eletrodos tm como funo bsica transmitir a corrente, que est sendo gerada no equipamento ao paciente (GUIRRO, 2002). Este eletrodo deve ser proporcional ao msculo que se quer estimular. Em relao ao tamanho, pode-se dizer que eletrodos com pequenas reas de deteco permitem maior aproximao e portanto maior seletividade. Para msculos maiores e mais largos, so necessrios eletrodos maiores e mais separados um do outro (SALGADO, 1999). A rea dos eletrodos necessria para a estimulao depende em parte da rea de tecido excitveis a ser estimulada. Na utilizao da EENM sobre msculos como quadrceps/glteo grandes eletrodos de estimulao so utilizados (BRASILEIRO, 2002; MAcKLER E ROBINSON, 2001). Os eletrodos grandes promovem uma maior resposta motora com menor estmulo doloroso (GUIRRO, 2002). Nas aplicaes de EENM, os eletrodos so fixados sobre a pele, os chamados eletrodos de superfcie (BRASILEIRO, 2002). No caso dos eletrodos de borracha um agente de acoplamento, como um gel eletricamente condutivo, torna -se necessrio para fornecer um caminho de menor resistncia passagem da corrente eltrica (BRASILEIRO, 2002).

Monografias do Curso de Fisioterapia Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Os eletrodos

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de borracha produziram maior torque absoluto,

apresentando maior corrente e menor impedncia, quando comparados aos eletrodos de metal (BRASILEIRO, 2002). GUIRRO (2002), analisaram trs tipos de eletrodos (metlico, auto -adesivos, silicone -carbono), utiliza ndo-se parmetros da corrente idnticos para todos. Concluiu que os eletrodos de borracha -carbono produziram maior torque muscular com uma menor resistncia. BRASILEIRO (2002), constatou que essencial uma presso firme e uniforme sobre os eletrodos, para que possa haver uma condutibilidade tambm uniforme entre eletrodo e a pele. A intensidade da estimulao, o tamanho dos eletrodos, bem como sua adequada fixao, so condies essenciais para a obteno de uma contrao muscular induzida.

2.7.3.7.2 Escolha do ponto de estimulao - o ponto motor

Os eletrodos devem ser colocados nos pontos motores pois o ponto onde a impedncia menor, isto , onde a resistncia passagem da corrente menor (SALGADO, 1999; LOW e REED,2001). O ponto motor o local onde o nervo penetra no epimsio e ramificase dentro do tecido conjuntivo, onde cada fibra nervosa pode inervar uma nica fibra muscular ou at mais de 150 fibras musculares. No local da inervao o nervo perde sua bainha de mielina e forma uma dilatao que se insere numa depresso da fibra muscular: o ponto motor (KW, 199_; HAYES, 2002).

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Freqentemente localizada na juno do tero proximal com os dois teros distais do ventre do msculo, est a posio onde possvel influenciar o maior nmero de fibras nervosas motoras (KITCHEN e BAZIN, 1998). O local do ponto motor sempre menos sensvel, logo, a estimulao atravs deles so melhores que em outras reas por possibilitar o recrutamento de um maior nmero de fibras musculares (KW, 199_; KITCHEN e BAZIN, 1998). Assim o limiar motor apresenta -se diminudo nesse ponto e, como conseqncia, a intensidade da corrente necessria para a contrao muscular vai ser menor, ao passo que o limiar sensitivo encontra-se elevado, fazendo o paciente ter uma percepo diminuda ao estmulo (GUIRRO, 2002). Alm disto so nestes pontos onde a estimulao mais confortvel, e capacitamos o indivduo para suportar maiores intensidades de corrente (SALGADO, 1999; MAcKLER E ROBINSON, 2001). O conforto durante a estimulao eltrica fator fundamental para o seu sucesso podendo at limitar sua aplicao (GUIRRO, 2002).

2.7.3.7.2.1 Estratgias para locao dos eletrodos

Segundo SALGADO (1999) importante considerar alguns pontos: Selecionar a proximidade apropriada do local proposto para o grupo muscular em questo, mantendo o mnimo de tecido entre o eletrodo e as fibras musculares

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Selecionar a posio apropriada dos eletrodos em relao fibra muscular. Quando possvel, os eletrodos devem ser colocados paralelamente s fibras para maximizar a sensibilidade e a seletividade Evitar as regies de terminao motora. Se isso ocorrer, as amplitudes observadas sero tipicamente menores Minimizar as interferncias de msculos adjacentes atravs da seleo correta do tamanho dos eletrodos e distncia entre os mesmos.

2.7.3.7.2.2 Preparao da pele

Este procedimento preliminar efetuado para que sejam removidos debris cutneos (inclusive as clulas epiteliais mortas), excesso de oleosidade, suor / sujidades, poeira e plos existentes em sua superfcie. Para que seja facilitado um bom contato entre o eletrodo e a pele, o que reduzir a resistncia eltrica ao nvel da interface (KITCHEN e BAZIN, 1998; SALGADO, 1999; HAYES, 2002). importante manter a impedncia da pele a mais baixa e balanceada possvel. Para preparar a pele usa-se um papel toalha embebido em lcool que deve ser friccionado contra a pele em um nico sentido e direo para evitar o acmulo de energia esttica. (SALGADO, 1999). A regio a ser tratada, deve ser posicionada de modo confortvel e apropriado, de modo que o paciente fique relaxado e sejam evitados movimentos desnecessrios (LOW e REED, 2001; HAYES, 2002). Para obter um melhor fortalecimento

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com a EENM, coloque o msculo na extenso de repouso ou em uma amplitude levemente alongada (HAYES, 2002).

2.7.3.8 Protocolos de Estimulao

O

objetivo

das

aplicaes

de

EENM

quando

se

procura

o

fortalecimento muscular atingir o mximo tolervel de contraes. A amplitude de estimulao deve ser aumentada gradualmente at que o limiar motor seja alcanado e excedido; alguns dias de adaptao podem ser necessrios (BRASILEIRO, 2002). Em um esforo por melhorar o torque muscular, alguns pesquisadores tm escolhido intensidades de estimulao eltrica pela sensao individual do paciente. Outros tm pr-selecionado as intensidades de estimulao que produzem nveis especficos de torque numa proporo entre 60% e 87% da contrao isomtrica voluntria mxima (GUIRRO, 2002). Nos experimentos de GUIRRO (2002), foram observadas alteraes sempre crescentes da intensidade intra ou interestimulaes. O protocolo utilizado consistia em sempre iniciarem a sesso seguinte numa intensidade igual ou superior anterior, respeitando-se a sensao volunt ria. Este procedimento permitiu que a contrao muscular fosse mantida dentro de um padro de uniformidade durante todo o perodo de estimulao, sempre no seu nvel mximo. O tempo de estimulao varia de acordo com o tipo de treinamento de fora, sendo o tempo de repouso dependendo desse tipo de treinamento (SALGADO, 1999; HAYES, 2002). Ganhos de fora do recrutamento da

Monografias do Curso de Fisioterapia Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 unidade motora provavelmente chegam ao ponto mximo

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aproximadamente 20 a 25 sesses (HAYES, 2002). O grande aumento de fora propiciado pela EENM pode estar relacionado com o nmero de contraes isomtricas realizadas na intensidade