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Museologia comunitária como ação de educação patrimonial: o caso do Ecomuseu dos Campos de São José, SP MARIA SIQUEIRA SANTOS 1 Resumo Quintais, ruas, parques, praças, escolas, locais onde se manifestam os patrimônios culturais de uma comunidade. O solo comum do povo de um lugar. É neste solo comum que acontecem as atividades do Ecomuseu dos Campos de São José. Rodas de conversa, mostras de artes e saberes, oficinas de comunicação para jovens, plantio em áreas de recuperação ambiental, hortas comunitárias, campanha de separação de resíduos e construção de hortas pedagógicas em escola pública são exemplos de ações realizadas desde 2015 no bairro Campos de São José e, a partir de 2018, também no Jardim Diamante e no Jardim Americano, todos eles na Zona Leste da cidade, pelo Centro de Estudos da Cultura Popular CECP. Em diálogo com a Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários ABREMC e amparado nas reflexões do museólogofrancês Hugues de Varine, bem como apoiado em uma série de métodos de pesquisa de manifestações culturais (Espelho, espelho meu, de Julieta de Andrade; Questionários apresentados no livro Ciência do Folclore de Rossini Tavares de Lima e material disponibilizado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN), o CECP objetiva, com este projeto, valorizar saberes e fazeres para fortalecer os patrimônios culturais locais e, assim, dar sustentação às ações coletivas de moradores e ao desenvolvimento do exercício de cidadania. 1 Centro de Estudos da Cultura Popular, mestre em História.

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Museologia comunitária como ação de educação patrimonial: o caso do Ecomuseu dos

Campos de São José, SP

MARIA SIQUEIRA SANTOS1

Resumo

Quintais, ruas, parques, praças, escolas, locais onde se manifestam os patrimônios

culturais de uma comunidade. O solo comum do povo de um lugar. É neste solo comum que

acontecem as atividades do Ecomuseu dos Campos de São José. Rodas de conversa, mostras de

artes e saberes, oficinas de comunicação para jovens, plantio em áreas de recuperação

ambiental, hortas comunitárias, campanha de separação de resíduos e construção de hortas

pedagógicas em escola pública são exemplos de ações realizadas desde 2015 no bairro Campos

de São José e, a partir de 2018, também no Jardim Diamante e no Jardim Americano, todos eles

na Zona Leste da cidade, pelo Centro de Estudos da Cultura Popular – CECP.

Em diálogo com a Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários –

ABREMC – e amparado nas reflexões do ‘museólogo’ francês Hugues de Varine, bem como

apoiado em uma série de métodos de pesquisa de manifestações culturais (Espelho, espelho

meu, de Julieta de Andrade; Questionários apresentados no livro Ciência do Folclore de Rossini

Tavares de Lima e material disponibilizado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional – IPHAN), o CECP objetiva, com este projeto, valorizar saberes e fazeres para

fortalecer os patrimônios culturais locais e, assim, dar sustentação às ações coletivas de

moradores e ao desenvolvimento do exercício de cidadania.

1 Centro de Estudos da Cultura Popular, mestre em História.

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Sobre o conceito

Quase não cheguei à palestra do senhor Júlio Abe Wakahara que aconteceu em Jacareí

por ocasião do 4º Encontro Regional 2019 da Representação Regional do Vale do Paraíba –

Sistema Estadual de Museus (Sisem). Não tive tempo de pesquisar o trabalho desse mestre da

museologia paulista, mas o breve encontro com ele me fez encarar um problema que venho

enfrentando nos últimos anos: o de definir o que é um ecomuseu? E, por conseguinte, localizar

o chamado Ecomuseu dos Campos de São José neste conceito.

Pois eis que o senhor Wakahara, após meu amigo me apresentar a ele como “a pessoa

do Ecomuseu de São José dos Campos”, comentou: “Mas o Varine não gosta do termo

“ecomuseu”. [...] Por ele ser usado como uma marca”. Não sei se foi esse o comentário exato

do professor, mas são esses os signos que me ficaram e que me deram fôlego para começar este

texto. A ocasião não me era oportuna para responder filosoficamente e adentrar a conversa.

Gostei da provocação, porém, e cá estou eu às voltas com o conceito de ecomuseu. Este é,

todavia, um texto inicial, pois desvendar o contexto de gênese de um conceito, qualquer que

seja ele, é algo complexo e que demanda um grande envolvimento de tempo e espaço. Em

minha atual conjuntura, algo bem difícil de se empreender.

Existe uma anedota no campo da museologia que diz que o termo “ecomuseu” nasceu

numa mesa de restaurante, em 1971, numa conversa entre consultores do governo francês e

representantes civis do mesmo país, que também eram representantes internacionais dos

Museus. Hugues de Varine era um dos presentes, assim como seu predecessor na direção geral

do ICOM2, Georges Henri Rivière. Eles estavam discutindo a IX Conferência Geral do ICOM

(Conselho Internacional de Museus), que seria realizada na França naquele mesmo ano com o

tema “O museu a serviço do homem presente e futuro”. Discutia-se, além disso, maneiras de

enquadrar nas políticas públicas francesas uma ação museológica extensiva e que teria, como

primeiro protótipo, o Écomusée du Creusot Montceau-Les-Mines.

2 “Criado em 1946, o ICOM é uma Organização não-governamental que mantém relações formais com a

UNESCO, executando parte de seu programa para museus, tendo status consultivo no Conselho Econômico e

Social da ONU”. Georges Henri Rivière foi o primeiro diretor geral do ICOM, ocupando este cargo de 1946 a

1962. Hugues de Varine ficou como diretor da instituição entre os anos de 1965 e 1974. (Disponível em:

http://www.icom.org.br/?page_id=4. Acessado em: 20/07/2019.

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Para além do parto francês do conceito, qual o contexto da museologia que fez surgir,

em 1971, a palavra ecomuseu? Recuperar o conceito implica fazer recortes na história da

museologia para entender a gestação e, posteriormente, o desenvolvimento de práticas, mais do

que o nascimento de uma palavra.

Naquele ano, segundo fontes digitais do Minom (Movimento Internacional para uma

Nova Museologia)3, os encontros do ICOM foram decisivos e marcaram uma trajetória que

buscava a integração dos museus nas comunidades aonde eles estivessem localizados, além de

outras demandas organizacionais e políticas. Diz o quadro sumarizado sobre a Conferência de

19714:

“Confrontação entre reformadores de pensamento livre e tradicionalistas. Adesão e

acesso livre individual ou associativo: um sócio, um voto. Discussão e Revisão de

estatutos com fortes discussões. Redefinição do conceito de museu. Realçada a

importância do meio ambiente. Analisada a dimensão política do museu.”5

Nota-se que os encontros realizados em Grenoble e Paris foram tensos. O ICOM, que

até o momento era um órgão consultivo da Unesco (Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura) nos assuntos relativos ao Patrimônio Cultural e Museus,

tornou-se uma associação de profissionais de museus, revendo seus estatutos, ou seja, sua

missão, sua meta, suas estratégias, fazendo uma redefinição do conceito de museu e pontuando

a importância de conectar museus e meio ambiente. Em 1972 as discussões foram ainda mais

profundas e marcaram a Mesa Redonda de Santiago do Chile, promovida pela Unesco/ICOM,

sobre o papel dos museus. Nesta ocasião, foi redigida a Declaração de Santiago, em que os

membros dos países participantes elaboraram os Princípios do Museu Integral, ampliando as

possibilidades de ação e inserção dos museus nas comunidades, considerando que essas

3 O Movimento Internacional por uma Nova Museologia (Minom), já desenhado em 1972, veio ao mundo na

Conferência de Quebec, em 1984, porém seu registro só aconteceu no ano seguinte, em Lisboa, no II Atelier

Internacional Ecomuseu/Nova Museologia. 4 Disponível em: http://www.minom-icom.net/_old/signud/list_all.php?order=data&by=ASC. Acessado em:

06/08/2019. 5 Disponível em: http://www.minom-icom.net/_old/signud/list_all.php?order=data&by=ASC. Acessado em:

06/08/2019.

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instituições deveriam desempenhar um papel decisivo na formação/educação permanente das

pessoas.

É sabido que não foi apenas a museologia que passou por uma crise epistemológica.

Outras ciências também foram marcadas, em variados momentos da história, mas sobretudo na

segunda metade do século XX, por releituras autocríticas. O Museu, a Casa das Musas, cujo

poder seria o de guardar a memória física dos acontecimentos passados, sofreu também, a partir

de meados de 1960-70, por parte de proeminentes museólogos, críticas e novas propostas de

atuação. Embora datada no início da década de 1970, a proposta de uma museologia

micropolítica já vinha sendo gestada em âmbitos internacionais algumas décadas antes, é o que

podemos perceber acompanhando o documento disponibilizado online pelo Minom6.

Implantado em 1946 como um órgão consultivo da UNESCO, o ICOM tinha o objetivo

de ajudar a construir uma política pública global (ocidental, ao menos) para assuntos relativos

ao patrimônio. Constituída por conhecedores da área dos Museus, o ICOM, assim como a

UNESCO, emanou da França em busca de criação de uma rede de pessoas ligadas aos museus

nos países signatários da ONU (Organização das Nações Unidas) para a construção de uma

agenda positiva no que diz respeito à preservação do patrimônio museológico da humanidade.

No caminhar de sua caminhada, porém, e isto logo nos primeiros passos, o órgão, que se tornou

organização não-governamental, se voltou a pensar o papel educativo dos museus e estratégias

de aproximação das instituições museológicas das pessoas a serem “educadas”. Este viés

aproximou os museus também da antropologia, dos estudos de folclore, da psicologia social,

dos saberes populares.

Em 1962, no México, um Seminário Regional realizado pela UNESCO/ICOM abordou

o Museu como Centro Cultural da Comunidade. Nesse encontro discutiu-se:

“Museu como instrumento de educação popular. Atividades do museu em

conformidade com as necessidades locais. Recomendações inovadoras: - museu

entidade dinamizadora do desenvolvimento da comunidade. Comunidade entidade

dinâmica com interesses e preocupações comuns. Criação de pequenos museus como

promotores culturais das comunidades”.

6 Disponível em http://www.minom-icom.net/. Acessado em 25/07/2019.

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Da década de 1960 até 1971 e adiante, culminando com a organização do Minom, na

década de 1980, os profissionais e estudiosos de museus ligados ao ICOM foram estreitando

suas concepções e ideias, trazendo novidades para o campo da Museologia, inclusive criando

este campo do conhecimento, ampliando os objetos dos museus, repensando a linguagem

expográfica, incluindo novas temáticas, levando os museus a atuarem nos territórios e

incorporando espetáculos e conferências à grade de programação dos museus.

No Brasil, tem sido relevante a influência do pensamento museológico francês, não só

porque foi ali que o conceito de ecomuseu nasceu, mas porque foi dali que emanou uma grande

brasa de museologia comunitária que influenciou diversas iniciativas brasileiras, como o NOPH

– Ecomuseu de Santa Cruz, Ecomuseu da Serra de Outro Preto, Ecomuseu da Amazônia,

Ecomuseu de Maranguape, assim como o Ecomuseu dos Campos de São José.

“A temática da democratização cultural (ou “educação popular”) surge

especialmente relevante em França. Da apreciação crítica de que, até aí, o museu

tinha sido um instrumento ao serviço das elites sociais e intelectuais, é entendido que

a continuação da sua existência deve passar pela sua transformação em instituição

ao serviço de todos e utilizada por todos. O museu pode e deve ser um instrumento

privilegiado de educação permanente e um centro cultural acessível a todos. Em

função de tais posicionamentos, é defendido um conjunto de reformulações que, de

forma mais ou menos lenta, será adotado dentro e fora do território francês.”

(DUARTE, 2013: p. 101)

O museu moderno, cuja missão era informar os cidadãos acerca da história dos grandes

heróis do passado e criar uma identidade nacional, ficou localizado, de maneira geral, nas

antigas propriedades reais, palácios, igrejas ou grandiosos prédios tornados públicos. Nestes

locais, foram dispostas coleções de arte, achados arqueológicos, informações sobre a fauna e

flora de variadas regiões do globo. As peças foram organizadas, catalogadas, se tornaram um

acervo museológico e, enfim, apresentadas ao público. Neste museu, o acervo tinha status sacro.

Embora apresentado ao público, este não pode tocá-lo, pegá-lo, usá-lo. Além disso, os grandes

museus europeus, bem como os de países americanos influenciados pela museologia europeia,

costumavam priorizar as narrativas oficializadas, os acervos de reis, nobres, homens de grande

destaque e poderio econômico.

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A partir do pós II Guerra, dos movimentos de independência africana e dos movimentos

contraculturais europeus e norte-americanos, bem como da revisão identitária latino-americana,

os museus foram sendo repensados e recriados com o objetivo de ter “[...] um caráter dinâmico,

de centros de informação, lazer e de educação do público. Novas atribuições foram sendo

acrescidas àquelas já tradicionais de conservação e exibição de acervos, a exemplo de atividades

educativas, eventos culturais e de entretenimento”. (JULIÃO, 2002: p. 26) Questionava-se o

papel social dos museus e a necessidade de aproximação do cidadão comum desse importante

espaço de memória, ampliando as temáticas e os objetos dos acervos, bem como a linguagem e

os materiais expográficos.

“Os museus iniciam um processo de reformulação de suas estruturas, procurando

compatibilizar suas atividades com as novas demandas da sociedade. Deixam de ser

espaços consagrados exclusivamente à cultura das elites, aos fatos e personagens

excepcionais da história e passam a incorporar questões da vida cotidiana das

comunidades, a exemplo das lutas pela preservação do meio ambiente e da memória

de grupos sociais específicos. Atuando como instrumentos de extensão cultural,

desenvolvem atividades para atender a um público diversificado — crianças, jovens,

idosos, deficientes físicos — e, ao mesmo tempo, estendem sua atuação para além de

suas sedes, chegando às escolas, fábricas, sindicatos e periferias das cidades.”

(JULIÃO, 2002: p. 27)

Interessante que tenha emergido na França a crítica aos museus ditos “tradicionais”.

Justamente no país que inaugurou os museus nacionais, que democratizou os acervos de arte e

história de reis e nobres, exatamente ali a museologia moderna se tornou tão tradicional,

sagrada, distante das pessoas, das histórias cotidianas, dos objetos corriqueiros que marcam

toda uma geração de trabalhadores

“As novas ideias que sustentavam o modelo do ecomuseu provinham, por um lado,

da insatisfação de alguns pensadores franceses em relação à museologia tradicional,

que começaram a colocar em prática museus com uma finalidade descentralizadora

e, por outro, da influência de certas experiências de museus heterodoxos ou de

“vanguarda” nas ex-colônias. Em meio a este contexto de rupturas, o projeto

“ecomuseológico” visava permitir que a memória recolhida pelos etnólogos fosse

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restituída ao conjunto do grupo através de diversos instrumentos, sendo a exposição

de objetos materiais apenas uma expressão possível (Chaumier 2004:66). Um dos

primeiros museus pensados com o objetivo explícito de romper com os entraves da

museologia “restrita” e fragmentária, que vinha sendo colocada em prática nos

museus tradicionais franceses, seria criado em uma importante região industrial,

completamente à margem de qualquer referência à dita “alta” cultura.” (BRULON,

2015: p. 268)

Sobre o Ecomuseu do Cresout-Montceau-Les-Mines, sua constituição e os

desdobramentos dessa prática que já existe a quase 50 anos, além das semelhanças e diferenças

existentes entre as práticas ecomuseológicas brasileiras e francesas é um capítulo a mais nesta

história. Ficará para a próxima ocasião, pois tenho o objetivo, agora, de apresentar o Ecomuseu

dos Campos de São José e, ao menos, um de seus aspectos: as hortas urbanas como ação de

educação patrimonial.

O Centro de Estudos da Cultura Popular e o Projeto Ecomuseu

Quintais, ruas, parques, praças, escolas, locais onde se manifestam os patrimônios

culturais de uma comunidade. O solo comum do povo de um lugar. É neste solo comum que

acontecem as atividades do Ecomuseu dos Campos de São José. Rodas de conversa, mostras de

artes e saberes, oficinas de comunicação para jovens, plantio em áreas de recuperação

ambiental, hortas comunitárias, campanha de separação de resíduos e construção de hortas

pedagógicas em escola pública são exemplos de ações realizadas desde 2015 no bairro Campos

de São José e, a partir de 2018, também no Jardim Diamante e no Jardim Americano, todos eles

na Zona Leste de São José dos Campos, pelo CECP (Centro de Estudos da Cultura Popular).

Em 1985 foi criada a FCCR (Fundação Cultural Cassiano Ricardo) com o intuito de

promover a cena cultural da cidade. Para distribuir o recurso repassado para a área de cultura

pelo governo municipal, a FCCR era apoiada por seis Comissões Municipais, de caráter

consultivo e compostas por pessoas da sociedade civil. A função dessas comissões era participar

da construção das políticas públicas para as áreas de teatro, música, literatura, artes plásticas,

cinema e folclore.

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“Nesta época tiveram início os trabalhos da Comissão Municipal do Folclore, com o

objetivo de formar, informar e registrar as mais diversas manifestações da cultura

popular existentes e tão presentes em cada ser. Com estudo e documentação feitos

pela Comissão, pode-se avaliar a importância de cada gesto, do pensar, do agir e do

sentir na nossa personalidade.” (WEISS, 2012: p. 10)

Diversas pessoas fizeram parte da Comissão Setorial de Folclore, com destaque para a

atuação de Angela Savastano, folclorista e cientista social que fomentava o grupo e alimentava-

o com os conteúdos apreendidos na Escola de Folclore, entidade que atuava na cidade de São

Paulo e mantinha interlocução com ela. Dois importantes projetos foram propostos e realizados

pela Comissão de Folclore: o Piraquara e o Museu do Folclore (este último inicialmente

instalado na Igreja de São Benedito, localizada no centro antigo da cidade e tombada pelo

Condephaat em 1981).

Anos mais tarde as Comissões Municipais foram diluídas e cada grupo se reorganizou

como pode. No caso da Comissão de Folclore, alguns dos membros se mobilizaram e formaram,

mais tarde, uma (OSC) Organização da Sociedade Civil, o CECP, cujo objetivo era fomentar o

estudo e a pesquisa na área do folclore/cultura popular. Nesta altura o Museu do Folclore já

estava localizado na área do atual Parque da Cidade Roberto Burle Marx, antiga área da

Tecelagem Parahyba, da família de Olivo Gomes.

O CECP é, portanto, uma organização não-governamental sem fins lucrativos instituída

em 1999 com a finalidade de promover o estudo, a pesquisa, a difusão e a valorização dos

patrimônios material e imaterial em São José dos Campos, SP. Dentre as ações realizadas pelo

CECP, destacamos quatro delas que se articulam para o cumprimento de sua finalidade: a gestão

do Museu do Folclore de São José dos Campos, a salvaguarda da Biblioteca Maria Amália

Corrêa Giffoni, a produção da Coleção Cadernos de Folclore e o Projeto Ecomuseu.

Em março de 2015 o CECP iniciou, com o patrocínio da Petrobras/Governo Federal, a

execução do Projeto “Ecomuseu: um território, um patrimônio, uma comunidade”. Este projeto,

aprovado em seleção pública pelo Programa Petrobras Socioambiental 2014, já estava sendo

elaborado, porém, desde o início dos anos 2000, quando Angela Savastano, Flávia Diamante e

Nívea Oliveira iniciaram sua participação nos Encontros Internacionais de Ecomuseus e

Museus Comunitários (EIEMCs) e nas Jornadas de Formação em Museologia Comunitária,

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realizados pela Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários (ABREMC) para

discutir e possibilitar a troca de experiências nessa área de atuação.

Assim, em diálogo com a ABREMC e amparado nas reflexões do museólogo francês

Hugues de Varine, bem como numa série de métodos de pesquisa de manifestações culturais

(Espelho, espelho meu, de Julieta de Andrade; Questionários apresentados no livro Ciência do

Folclore, de Rossini Tavares de Lima e material disponibilizado pelo Instituto de Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional – IPHAN), o CECP objetiva, com este projeto, valorizar saberes

e fazeres para fortalecer os patrimônios culturais locais e dar sustentação às ações coletivas de

moradores para promover o exercício da cidadania.

Dialogando na perspectiva da Nova Museologia e traçando um percurso de renovação

e ampliação das coleções, exposições e ações, o CECP, em sua prática museológica, conflui

com o Centro Nayarit do Instituto Nacional de Antropologia e de História do México em seu

relatório na I Jornada sobre a Nova Museologia, ocorrida em Buenos Aires de 24 de outubro de

2001:

“Em primeiro lugar, pensamos que o nova museologia se insere no conceito de

Educação Popular, um processo teórico-metodológico de educação não formal, que

um grupo social ou uma comunidade cria e recria para estudar, conhecer, analisar e

transformar a realidade socioeconômica, política e cultural que os caracteriza a um

dado momento e em um espaço determinado. Por analogia, estamos convencidos de

que o museu comunitário e o ecomuseu territorial são, antes de tudo,

indiscutivelmente, espaços de educação popular. (LUGO APUD VARINE, 2013: p.

190.

Acervos e ações: a prática dos saberes agrícolas como ação de educação patrimonial

Para exemplificar a afirmação de que o CECP atua na esfera da educação popular tanto

nas ações ligadas ao Museu do Folclore quanto, posteriormente, nas ações do Ecomuseu dos

Campos de São José será apresentada aqui a experiência de construção de hortas comunitárias

em espaços urbanos.

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Essa experiência se deu a partir da implementação do Ecomuseu dos Campos de São

José, em 2015. Iniciadas as rodas de conversa com os moradores com o intuito de dialogar a

respeito dos saberes e fazeres locais, nos deparamos com diversos migrantes de outros estados

brasileiros que vieram à São José dos Campos para trabalhar nas fábricas e indústrias

emergentes na cidade a partir da década de 1950.

De fato, a cidade passou por diversos ciclos migratórios desde o final do século XIX,

quando se tornou um local de referência no tratamento da tuberculose. Pessoas de diversas

regiões do país se dirigiram à cidade para buscar a cura ou ao menos um conforto para seus

corpos cansados. Depois de descoberta a penicilina para o combate de bactérias, a Estância

Hidromineral e Climatérica, título joseense, perdeu sua função sanatorial. Porém, por ser uma

área geograficamente estratégica, localizada entre Rio Janeiro e São Paulo, entre a serra e o

mar, no Vale do Paraíba, São José foi sendo transformada em um importante polo industrial do

estado de São Paulo.

A indústria atraiu muitos trabalhadores. Não somente a indústria, também o comércio

era promissor, pois os trabalhadores das fábricas invariavelmente precisariam de roupas,

sapatos e alimentação que não poderiam produzir e teriam de comprar. Por outro lado, a vida

no campo continuava difícil, o homem muito mais submetido às intempéries das estações,

ocupado, junto com sua família, em garantir a subsistência familiar, e, de maneira extensiva, da

comunidade em que estava inserido. Uma geada, uma chuva de pedra, uma seca, um incêndio,

manifestações da natureza que hora ou outra dificultavam as condições de vida na roça. Além

disso, segundo relatos, as dificuldades de financiamento público e as questões trabalhistas

pesavam no cotidiano rural.

Voltando às rodas no bairro, nestas ocasiões se conversava sobre as histórias de vida

dos participantes, estimulando que cada um trouxesse um objeto de memória que pudesse

disparar uma narrativa acerca dos aprendizados familiares, dos costumes, dos fazeres. Peças de

artesanato, costuras, utensílios de cozinha, bolos e quitutes, exemplares de livros de poesia. Um

dia, lá pelas tantas, um dos participantes da roda comentou que seu saber era relacionado à roça.

Ele sabia plantar e tirar leite de vaca. Desdobramentos dessa conversa, meses depois começava-

se o plantio de árvores nativas para recompor a mata ciliar de um pequeno trecho do ribeirão

Alambari. Neste espaço, além das árvores, os moradores poderiam cultivar a agricultura. Com

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o poder público, conseguiu-se a autorização para o cultivo e cuidado do espaço, bem como as

mudas de árvores, um pouco de adubo e instruções acerca do plantio e manejo das plantas. O

restante do material foi fruto do empenho da comunidade envolvida e de seus amigos.

Conseguiu-se arame, mourão, ferramentas, mudas. Conforme a disponibilidade local, as mudas

foram sendo plantadas e muito bem cuidadas. Embora a quantidade não fosse expressiva em

termos macros, plantou-se cerca de 250 mudas, a pega foi de 100%, não tendo-se perdido uma

planta sequer. É importante frisar isto porque já se havia plantado extensivamente árvores

naquela região, porém, quando o CECP iniciou o plantio ali apenas uma árvore habitava aquele

espaço. E uma árvore aparentemente doente.

Também é importante lembrar que esse terreno, uma Área de Preservação Permanente,

encontrava-se, em 2015, coberto por entulhos de construção civil descartados irregularmente,

sofás e outros móveis, animais mortos. Antes do plantio das árvores foi necessária, depois de

uma série de ligações de moradores ao 156, a retirada de cerca de seis caminhões de entulho do

terreno. Assim que ficou limpo o local, foi feito o cercamento de uma pequena área, roçada do

mato, abertura dos berços e plantios das árvores. Em seguida, os mesmos moradores iniciaram

o plantio das hortaliças e outros gêneros alimentícios. Neste momento, enfrentamos a questão

da água para a irrigação das plantas. Depois debates realizados nas rodas de conversa (que

aconteciam semanalmente), consultas aos técnicos da Secretaria do Meio Ambiente, pesquisas

de sistemas caseiros de captação de água da chuva, montou-se um piloto para tal fim. Verificou-

se vantagens e desvantagens no uso desse reservatório, além da possibilidade de replicar o

sistema para outros espaços. Também se desenvolveu ali uma composteira e uma horta de ervas

medicinais, além da continuidade do plantio das mudas de árvores.

Numa outra área do bairro Campos de São José, uma região de fronteira, pois faz divisa

com dutos da Transpectro que transportam petróleo até a Refinaria Henrique Lage, a Revap,

localizada na Zona Leste da cidade, no entorno dos bairros onde o Projeto Ecomuseu é

desenvolvido, teve início em 2018 outro movimento de horta urbana comunitária. Assim como

a experiência descrita anteriormente, essa atividade foi fomentada pela ação do Ecomuseu dos

Campos de São José a partir de rodas de conversa e dos encontros com os moradores

interessados em transformar uma área pública degradada em horta. Conseguiu-se o apoio da

SEURBS (Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade, antiga Secretaria de Meio Ambiente)

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para a realização do cultivo. O Ecomuseu, por sua vez, mobilizou os moradores do entorno para

a realização de mutirões de limpeza e construção da horta, além de custear as ferramentas e

demais materiais necessários para o cercamento do espaço, além de mudas de plantas e caçamba

para complementar a limpeza do terreno, uma vez que a limpeza bruta já havia sido realizada

pela SMC (Secretaria de Manutenção da Cidade).

Nos bairros que foram abrangidos pelo Projeto Ecomuseu a partir de 2018, o Jardim

Americano e o Jardim Diamante, as hortas urbanas estão sendo iniciadas. Nestes bairros,

diferente do Campos de São José, há poucos espaços públicos para a instalação de ações como

essa, embora haja muito espaço vazio. Nos dois casos, são espaços pertencentes à Petrobras e

à CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), porém, pelo fato de não

serem espaços públicos, embora sejam espaços de uso público, as negociações para produção

nestes locais ainda estão sendo feitas.

Em todos esses casos aqui rapidamente descritos evoca-se o patrimônio local, o

território e os saberes agrícolas, para promover o desenvolvimento da comunidade. Tal

desenvolvimento passa pelo reconhecimento da população daquilo que compõe seu patrimônio

cultural e a percepção de que esse patrimônio pode ser acessado em benefício próprio e da

comunidade em que se vive. São ações de educação patrimonial. Nas palavras de Varine:

“A educação patrimonial é para mim uma ação de caráter global, dirigida a uma

população e a seu território, utilizando instituições como a escola ou o museu, mas

sem se identificar com qualquer uma delas em particular. Seu objetivo é claramente

o desenvolvimento local, e não uma mera aquisição de conhecimento sobre o

patrimônio, ou uma animação cultural. A proposta visa a levar o maior número

possível de membros da comunidade a conhecer, a dominar e a utilizar o patrimônio

comum dessa comunidade. A ação integra-se no projeto e no programa geral de

desenvolvimento do território que ela acompanha, eventualmente evoluindo em

função das necessidades deste desenvolvimento.” (VARINE, 2013: p. 137)

Lições da prática – Considerações Finais

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Em Comunidade: a busca por segurança no mundo atual, Zygmunt Bauman traz como

intertexto as análises de Ferdinand Tönies e Göran Rosenberg sobre as diferenças entre as

comunidades antigas e as sociedades modernas.

Ferdinand Tönies, segundo Bauman, pontua que nas comunidades pequenas e familiares

havia um entendimento compartilhado por todos os seus membros, um entendimento tácito, que

precedia a palavra, que era anterior a qualquer tipo de combinado ou regra social. (BAUMAN,

2003: p. 15). Também nessas comunidades, agora na acepção de Göran Rosenberg, as pessoas

viviam numa espécie de “círculo aconchegante”, um local idílico, que teria fundamentado os

primeiros agrupamentos humanos, seguindo a mesma lógica do entendimento comunitário de

Tönies. (BAUMAN, 2003: p. 16) Já nas sociedades modernas, compostas de grandes

agrupamentos populacionais oriundos de variadas regiões, localizadas em áreas urbanas, o

“entendimento compartilhado” foi substituído pelo “consenso”. Neste tipo de sociedade não há

um acordo tácito, pelo contrário, os acordos devem ser estabelecidos e é necessário vigilância

de todas as partes para que os tratos e regras não sejam quebrados.

“[...] Vejam bem: o consenso não é mais do que um acordo alcançado por pessoas

com opiniões essencialmente diferentes, um produto de negociações e compromissos

difíceis, de muita disputa e contrariedade, e murros ocasionais.” (BAUMAN, 2003:

p. 15)

No ponto em que estamos, século XXI, Brasil, São José dos Campos, cidade industrial

paulista, “sociedade moderna”, não temos a experiência da comunidade original, dos

agrupamentos isolados, pequenos e autossuficientes. Além disso, a distância entre a

comunidade original e a comunidade moderna fica ainda mais intensa com a ascensão da

comunicação entre os “de dentro” e os “de fora”, alterando o equilíbrio das relações e trazendo

novidades não imaginadas. Acaba-se o isolamento, a pequenez e, devido ao conhecimento de

coisas novas, o que é produzido “dentro” não é mais suficiente para aplacar os desejos... finda-

se a autossuficiência da comunidade.

“[...] A distância, outrora a mais formidável das defesas da comunidade, perdeu

muito de sua significação. O golpe mortal na “naturalidade” do entendimento

comunitário foi desferido, porém, pelo advento da informática: a emancipação do

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fluxo de informação proveniente do transporte dos corpos. A partir do momento em

que a informação passa a viajar independente de seus portadores, e numa velocidade

muito além da capacidade dos meios mais avançados de transporte (como no tipo de

sociedade que todos habitamos nos dias de hoje), a fronteira entre o “dentro” e o

“fora” não pode mais ser estabelecida e muito menos mantida.” (BAUMAN, 2003:

p. 18-9)

Nessa sociedade formada por migrantes das mais diversas regiões brasileiras, alguns

vindos de cidades, outros egressos da zona rural, uns vindos das regiões Norte e Nordeste,

outros provenientes do Sul e Sudeste do país, outras religiões, outros costumes, outros modos

de pensar e agir. Esse mosaico cultural que forma a população de São José dos Campos, em

especial as populações dos bairros Campos de São José, Jardim Americano e Jardim Diamante,

embora se fale em “comunidades”, não se trata de exemplares dessas comunidades antigas,

onde o entendimento era compartilhado. Nas comunidades onde o Ecomuseu dos Campos de

São José atua trata-se, portanto, de sociedades modernas onde busca-se um consenso.

“De agora em diante, toda homogeneidade deve ser “pinçada” de uma massa

confusa e variada por via de seleção, separação e exclusão; toda unidade precisa ser

construída; o acordo “artificialmente produzido” é a única forma disponível de

unidade. O entendimento comum só pode ser uma realização, alcançada (se for) ao

fim de longa e tortuosa argumentação e persuasão, e em competição com um número

indefinido de outras potencialidades – todas atraindo a atenção e cada uma delas

prometendo uma variedade melhor (mais correta, mais eficaz ou mais agradável) de

tarefas e soluções para os problemas da vida. E, se alcançado, o acordo comum

nunca estará livre da memória dessas lutas passadas e das escolhas feitas no curso

delas. Por mais firme que seja estabelecido, portanto, nenhum acordo parecerá tão

“natural” e “evidente” [...]. Nunca será imune à reflexão, contestação e discussão;

quando muito atingirá o status de um “contrato preliminar”, um acordo que precisa

ser periodicamente renovado, sem que qualquer renovação garanta a renovação

seguinte.” (BAUMAN, 2003: p. 18-9)

Esse trecho de Bauman descreve de maneira precisa o cotidiano das relações

interpessoais no Ecomuseu em questão. As práticas de construção de hortas urbanas são lições

sobre isto. Muito embora sejam ações de educação patrimonial e tenham aproximado os

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moradores do seu próprio patrimônio, colocando-os em situação de protagonismo no cuidado

do território vivido e responsabilizando-os para manutenção do espaço coletivo, melhorando o

ambiente da vizinhança e possibilitando pensar em atividades para geração de renda, no

momento em que uma horta é inaugurada num bairro uma série de problemas conheçam a

surgir: quem vai irrigar? Como será feita a distribuição dos alimentos? Quem vigiará para saber

o quanto cada um trabalhou? Como resolver o problema do roubo das plantas? Como irrigar

sem custos extras para os moradores? E a manutenção das ferramentas? São várias as demandas

e diversas as mediações que precisam ser feitas para que o consenso não se perca.

“[...] Mais do que como uma ilha de “entendimento natural”, ou um “círculo

aconchegante” onde se pode depor as armas e parar de lutar, a comunidade

realmente existente se parece com uma fortaleza sitiada, continuamente

bombardeada por inimigos (muitas vezes invisíveis) de fora e frequentemente

assolada pela discórdia interna; trincheiras e baluartes são os lugares onde os que

procuram o aconchego, a simplicidade e a tranquilidade comunitárias terão que

passar a maior parte do tempo.” (BAUMAN, 2003: p. 19)

Embora não haja um entendimento natural, embora nosso lugar sejam as trincheiras, vê-

se, ouve-se, percebe-se a importância da ação ecomuseológica para aquelas pessoas que viram

seu cotidiano, sua relação com os vizinhos, seu cuidado com os espaços públicos, o

entendimento de seu papel de cidadania transformados em decorrência de uma ação concreta

do terreno comum. Embora o trabalho progrida a passos curtos, cheio de altos e baixos e outros

contratempos, cada planta colhida, cada nova pessoa que se envolve com o Ecomuseu é um

fruto das sementes lançadas pelo Centro de Estudos da Cultura Popular ao longo de sua história

e de sua prática museológica.

Bibliografia

BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro:

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