Museu de Sines – a Exposição “O Seio de Tétis” » Portugal Romano

A exposição “O Seio de Tétis”

O termo “Sines” virá da palavra latina “sinus”: seio ou enseada. Esse duplo significado faz pleno

sentido nesta baía que protege os seus filhos da inclemência do mar e dos ventos e os alimentou com

os seus abundantes recursos marinhos, para que pudessem crescer ao longo dos séculos e criar as

raízes da cidade dos nossos dias.

Essa fecundidade do mar era personificada, na mitologia grega, pela deusa Tétis, mulher do Oceano e

mãe de todos os rios da Terra, que vivia numa gruta marinha situada nos confins do ocidente, onde o

sol se põe, pois era aí que Apolo, no fim da sua viagem diurna pelo firmamento, vinha dormir.

Esta exposição, organizada a partir das colecções de arqueologia do Museu de Sines, mostra objectos

que são testemunho dos homens que os criaram e utilizaram, quer no seu dia-a-dia, para tirar melhor

partido daquilo que a natureza lhes oferecia, quer nos rituais e devoções com os quais procuravam dar

um significado maior aos fenómenos com que se confrontavam.

É também um convite para partir à descoberta dos sítios arqueológicos de onde estas peças são

provenientes, e compreender melhor um território densamente povoado de vestígios, memórias e

lendas.

Época Romana: O Mar

Na tradição mediterrânica, o mar desempenha um papel fundamental: para além de via de

comunicação e comércio, fornece alimento e, talvez mais importante, uma forma de o conservar o sal.

Em período romano, Sines deveria ser um porto marítimo, na esfera da cidade de Miróbriga, dedicado

não só ao comércio, mas também à pesca e à manufactura de preparados de peixe, actividade

atestada pela identificação, na área adjacente ao castelo, de três fábricas relacionadas com esta

actividade.

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Museu de Sines – A exposição “O Seio de Tétis” » Portugal Romano http://www.portugalromano.com/2011/01/museu-de-sines-a-exposicao...

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A existência destas manufacturas pressupõe uma economia activa e dinâmica nas suas múltiplas

vertentes, com o respectivo capital humano: a pesca, a produção ou o comércio de sal, de recipientes

contentores (ânforas), com os respectivos centros oleiros, dos preparados de peixe nas respectivas

fábricas, cuja dimensão é variável, e a forma de os armazenar e comercializar. Os preparados de peixe

podiam ser produzidos com múltiplas variantes, à escala industrial, embora esta estivesse dependente

do mercado consumidor (para exportação, regional ou local). Estes “molhos” tinham múltiplas

utilizações culinárias, sendo extremamente populares no mundo romano.

Vestígios da actividade marítima são os cepos de âncora provenientes das águas ao largo de Sines. Da

arte da pesca, temos os pesos de rede e os anzóis. Da indústria transformadora, os almofarizes,

também utilizados em contexto doméstico.

Época Romana: O Quotidiano

Testemunhos da vida quotidiana, os utensílios em cerâmica e em vidro reflectem a qualidade de vida e

capacidade financeira dos seus utilizadores, bem como o seu período de utilização. A pujante economia

romana cria centros produtores e rotas comerciais, que permitem que todo o tipo de bens de consumo

esteja acessível em qualquer ponto do Império, não deixando de existir um mercado com centros de

produção de âmbito regional e local.

A qualidade e decoração dos utensílios domésticos reflectem, também, os atributos da vida quotidiana

sob domínio romano: a variedade e riqueza gastronómica desta época traduzem-se na multiplicidade

de formas de recipientes, bem como da sua decoração.

[Fragmentos de Terra Sigillata Clara - Africana. Época Romana. Cerâmica. Provenientes da envolvente

do Castelo de Sines]

Bastantes populares, a cerâmicas do tipo Terra Sigillata, utilizadas como louça de mesa, conhecem

bastantes centros produtores, os quais imprimem a sua marca ao nível da qualidade do fabrico, do

tema decorativo, ou a ausência dele, e até da cor do engobe que reveste os utensílios.

Época Romana: Religião e Rituais Funerários

A profunda reorganização administrativa efectuada sob o domínio romano implicou a reordenação das

cidades existentes e a criação de novos centros, muitos deles directamente relacionados com o apoio à

rede viária ou portuária. Dada a sua localização, Sines estaria na órbita da cidade de Miróbriga, o que

não excluiria a possibilidade da existência de alguns edifícios com carácter monumental. Deste tipo de

construções restam-nos apenas alguns materiais empregues, como tambores de colunas ou capitéis,

muitas vezes reaproveitadas em construções posteriores, com destaque para o Castelo.

Através do registo arqueológico apenas nos resta uma pequena parte, material, da complexidade da

religião e dos rituais funerários romanos. O culto aos muitos e diferentes deuses romanos, ou

adoptados, manifesta-se pela construção de templos e de estátuas, algumas com dedicatórias.

[Artefacto ritual (?) antropomórfico.

Época Romana. Cerâmica. Centro Histórico de Sines]

O culto romano privilegiava a incineração, sendo os despojos recolhidos em urnas de barro que eram

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Os balneários deMiróbriga (Filomena

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Paleolagoa de Óbidos naépoca romana –Eburobrittium

depois enterradas ou depositadas em columbarios. As necrópoles situavam-se no exterior dos

aglomerados populacionais, ao longo das vias de acesso, para que o indivíduo aí sepultado pudesse ser

relembrado pelos viajantes.

Entrada Livre

Aberto de terça a domingo, incluindo feriados (excepto Natal, Ano Novo e Páscoa)

10h00-13h00 / 14h00-17h00 (no Verão, o horário da tarde é 14h30-18h00)

Contactos

Tel. 269 632 237

Email [email protected]

Site: http://www.sines.pt/PT/VIVER/MEMORIA/MUSEUCVG/Paginas/default.aspx

Fonte e fotos: Museu de Sines/ Exposição “O Seio de Tétis: Colecções de Arqueologia do Museu de

Sines”.

alentejo Casa de Vasco da Gama Castelo de Sines Época Romana

exposição "O Seio de Tétis" Miróbriga Museu de Sines porto marítimo Sines

sinus


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