22 Capítulo 2

O estudo e registro da música ocidental foi efetivamente valorizado a partir do período medieval, que vai do Século V ao século XV, quando a Igreja não poupou esforços para uma maior compreensão do fenômeno musical, usando todos os es-tudos dessa manifestação artística para estabelecer e reforçar a fé cristã.

Organizou-se nesse período a escrita musical por meio da utilização de símbolos para representar a duração e as frequências dos sons e dos silêncios, além

de se contribuir para uma maior divulgação das formas de compor.

A música religiosa medieval era conhecida como música sacra, en-quanto a música executada pelas pessoas não ligadas à Igreja e que não tinham pretensões religiosas era conhecida como música profana.

Após o período medieval, temos o período renascentista, que compreende o espaço de tempo entre 1450 e aproximadamente 1600.

Foi nesse período que a música polifônica foi mais explorada e valo-rizada, o que acabou influenciando diretamente a forma como a

Igreja compunha. A polifonia começou a entrar no mundo ecle-siástico de forma mais intensa a partir daí.

No Renascimento, a Ópera começou a ser estruturada e seus fundamentos começaram a ser preparados para sua chegada, no período Barroco.

Música medieval sacra Música medieval profana

Música renascentista

23Contextos históricos - períodos da música

Música barroca

O que se entende como música barroca compreende o que se produziu entre 1600 e 1750, pe-ríodo em que as composições vocais foram perdendo espaço para as composições instrumentais.

A orquestra ainda não estava organizada da maneira como a vemos hoje, e foi nesse período que ela tomou forma, estruturando-se.

Foi no período barroco que o baixo contínuo passou a ser usado com maior frequência, além de se intensificar, nesse período, a exploração acentuada do violino. O contraponto faz-se presente nas composições, e a variação de dinâmica é mais frequente. Podemos considerar que dois modos se destacaram neste período: o modo jônio (modo “maior”) e o modo eólio (modo “menor”).

A música se tornou exuberante com ritmos enérgicos e suas melodias com contrastes de timbres e com muitos ornamentos.

Você sabia?MODOS GREGOS

As escalas maiores e menores, tão comuns nos nossos dias, derivam dos modos jônio e eólico, que eram praticados na Grécia. Durante o século XV, diversos tratados musicais gregos foram traduzidos para o latim. Por meio dessas obras, chegou-se à conclusão de que a escolha do modo era o caráter fundamental para evocar diversas emoções a quem escutasse a música, e que os modos gregos eram idênticos aos modos eclesiásticos, podendo, assim, ser utilizados com o mesmo objetivo a que os gregos atribuíam.

Assim, os modos gregos nada mais são do que sequências de notas, ou seja, escalas musicais.

O modo jônio equivale à escala maior, que conhecemos pela sequência: tom, tom, semitom, tom, tom, tom, semitom, enquanto a escala menor é constituída pela sequência de notas: tom, semitom, tom, tom, semitom, tom, tom.

O Barroco foi marcado pelo surgimento da Ópera, gênero musical que mistura teatro e música. Em uma ópera, podemos perceber que as vozes interagem com a orquestra, de forma dramática; esses espetáculos eram representados em estruturas com grandes cenários.

CuriosidadesA ópera surgiu da união da poesia dramática e da música. Os rastros de sua origem podem ser

seguidos até a Grécia antiga, quando grandes dramaturgos − como Sófocles (496-406 a.C.), autor de Édipo Rei e Antígona − já usavam corais musicais na encenação das emocionantes tragédias gre-gas. Além de ter esse "DNA helênico", a ópera também possui como ancestrais os dramas bíblicos encenados na Idade Média. Sua origem moderna, porém, ainda rende muita discussão entre críticos e historiadores musicais. A ideia mais aceita é a de que a ópera, como a conhecemos hoje, surgiu no século 16, na Itália, quando músicos, cantores, poetas e dramaturgos se reuniam para produzir espetáculos batizados de "comédias madrigais". Apesar de seu texto integral ter-se perdido ao lon-go dos séculos, Dafne, de 1598, dos italianos Jacopo Peri e Ottavio Rinuccini, é reconhecida como a primeiríssima obra do gênero. Já a ópera mais antiga ainda preservada é Eurídice, também da dupla

24 Capítulo 2

Peri-Rinuccini, encenada pela primeira vez em 1601, em Florença, na Itália. Por unir música, poesia e dramaturgia, a ópera já foi descrita como "uma coisa bizarra", mas se estabeleceu como uma forma de arte sofisticada e, por vezes, incompreendida. O escritor inglês Lorde Chesterfield certa vez escre-veu: "As óperas são por demais absurdas e extravagantes. Olho para elas como uma cena mágica que agrada aos olhos e aos ouvidos, mas que sacrifica o entendimento".

Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/qual-e-a-origem-da-opera

Uma ópera sendo representada

A música do período barroco passa a ter um acompanhamento denominado baixo contínuo. Com essa base, os demais músicos poderiam inserir novas notas, a fim de enriquecer a melodia, o que resultava em melhor aproveitamento dos instrumentos e dos cantores.

Nesse período, valoriza-se a homofonia (que é o canto acompanhado de instrumentos musicais), as falas mais dramáticas (como na ópera), e a harmonização entre os vocais e os intrumentos (como nas cantatas).

A ária, também utilizada na música barroca, é uma composição feita para um cantor solista. As árias podiam estar inseridas em outras obras mais extensas e eram usadas nas óperas, cantatas e oratórios. Os solistas as utilizavam nas orquestras, e elas podiam ser apresentadas por mais cantores, formando duetos, tercetos e quartetos.

As sonatas são músicas instrumentais que, no Barroco, eram escritas para os músicos solistas de instrumentos de cordas ou sopro, executadas em conjunto com o baixo contínuo; essa constituirá uma característica específica criada na música do período.

Para saber mais: http://arte-barroca.info/musica-barroca.html

Oratório

O oratório é um gênero musical em que o canto tem um caráter mais narrativo. Similar à ópera, o gênero musical oratório distingue-se pela duração e também por ser uma obra não encenada, como a ópera.

Esse gênero possui a temática religiosa, embora existam oratórios profanos.

25Contextos históricos - períodos da música

1. Sobre a música do período barroco, marque a opção que mais define o modo como os composi-tores escreviam.

a) A música era racional e seguia normas rígidas.b) Os compositores utilizavam ornamentos e floreios para dar mais ênfase às músicas.c) A música religiosa católica predominou nesse período.d) A textura monofônica somente existia nas músicas da Igreja.

2. Das afirmativas abaixo, qual traz o melhor conceito sobre “ÁRIA” ?

a) Solo de cordofones friccionados, geralmente executado em óperas.b) Parte principal de uma polifonia coral.c) Movimento primeiro de uma orquestra de câmara.d) Melodia cantada com acompanhamento de instrumentos, escrita para um ou mais solistas.

3. As sonatas eram escritas preferencialmente para:

a) Orquestra sinfônica.b) Orquestra filarmônica.c) Instrumentos solistas.d) Cantores sopranos.

4. Uma das maneiras mais eficazes de se aprender música é experimentar a audição atenta das obras. Por isso, sugerimos que você escute uma composição barroca que contenha elementos como a ária e também escute uma obra denominada “Sonata”. Lembre-se: pesquise compositores do pe-ríodo barroco. Abaixo, escreva quais obras você ouviu e expresse sua impressão sobre a música, destacando principalmente a textura e quais os intrumentos utilizados.

ÁRIA

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SONATA

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Exercícios

26 Capítulo 2

O período barroco reúne uma grande variedade de músicos; dentre eles vale destacar :

Antônio Vivaldi

O músico Antonio Lucio Vivaldi nasceu em Veneza, na Itália, em 04 de março de 1678, e veio a falecer em Viena, Áustria, em 28 de julho de 1741. Foi padre, violinista e empresário teatral.

Vivaldi foi muito conhecido em seu tempo, porém, logo após sua morte, foi deixado de lado e redescoberto apenas no século XX, em um processo de reabilitação do Barroco, que o transforma em um dos nomes mais conhecidos e populares da história da música. Ele compunha com total liberdade e vivia de suas obras, o que não era comum naquela época.

Esteve vinculado à Igreja, pois foi ordenado padre, e muito cedo deixou de celebrar missas dedi-cando-se ao ensino. Vivaldi viveu em um período cujas músicas eram feitas para apresentações a um grupo seleto e restrito de ouvintes e logo caíam no esquecimento. Ele, porém, produzia de forma frenética, gabando-se de que era capaz de escrever um concerto mais rapidamente do que o copista era capaz de transcrevê-lo nas partituras.

Uma das composições mais lembradas e conhecidas de Vivaldi são os quatro concertos com o nome de As quatro estações, em que podemos perceber, a partir da orquestra, a descrição de cada estação sugerida pelo compositor.

Os concertos são acompanhados de quatro sonetos cuja autoria é até hoje cheia de contradições, que descrevem a música e constroem, na mente do ouvinte, a sensação de cada uma das estações. Talvez o próprio compositor os tenha escrito, mas também é possível que alguém, provavelmente um fã, tenha contribuído para a existência dos sonetos.

Nas partituras dos quatro concertos, Vivaldi traz indicações em alguns pontos do que a música estaria retratando, para que os músicos saibam qual trecho descreve os pássaros, o vento, o relâm-pago, bem como o cachorro.

SONETO

La Primavera Giunt’è la Primavera e festosetti La salutan gl’augei con lieto canto, E i fonti allo spirar de’Zeffiretti Con dolce mormorio scorrono intanto:

Vengon’ coprendo l’aer di nero amanto E lampi, e tuoni ad annuntiarla eletti Indi tacendo questi, gl’augelletti; Tornan’ di nuovo al lor canoro incanto:

E quindi sul fiorito ameno prato Al caro mormorio di fronde e piante Dorme’l caprar col fido can’ à lato.

Di pastoral zampogna al suon festante Danzan ninfe e pastor nel tetto amato Di primavera all’apparir brillante.

A primavera - tradução Chegada é a Primavera e festejando A saúdam os pássaros com alegre canto, E as fontes ao expirar dos Zéfiros Com doce murmúrio correm entanto:

Vem [um temporal] cobrindo o ar com negro manto E relâmpagos e trovões eleitos a anunciá-la Logo que eles se calam, os passarinhos Tornam de novo ao sonoro encanto.

Então sobre o florido e ameno prado, Ao caro murmúrio das folhas e plantas Dorme o pastor com fiel cão ao lado.

Da pastoral gaita de foles ao som festejante, Dançam ninfas e pastores sob o abrigo amado Da primavera surgindo brilhante.

(http://euterpe.blog.br/analise-de-obra/vivaldi-a-primavera)

27Contextos históricos - períodos da música

SONETO

La Primavera Giunt’è la Primavera e festosetti La salutan gl’augei con lieto canto, E i fonti allo spirar de’Zeffiretti Con dolce mormorio scorrono intanto:

Vengon’ coprendo l’aer di nero amanto E lampi, e tuoni ad annuntiarla eletti Indi tacendo questi, gl’augelletti; Tornan’ di nuovo al lor canoro incanto:

E quindi sul fiorito ameno prato Al caro mormorio di fronde e piante Dorme’l caprar col fido can’ à lato.

Di pastoral zampogna al suon festante Danzan ninfe e pastor nel tetto amato Di primavera all’apparir brillante.

A primavera - tradução Chegada é a Primavera e festejando A saúdam os pássaros com alegre canto, E as fontes ao expirar dos Zéfiros Com doce murmúrio correm entanto:

Vem [um temporal] cobrindo o ar com negro manto E relâmpagos e trovões eleitos a anunciá-la Logo que eles se calam, os passarinhos Tornam de novo ao sonoro encanto.

Então sobre o florido e ameno prado, Ao caro murmúrio das folhas e plantas Dorme o pastor com fiel cão ao lado.

Da pastoral gaita de foles ao som festejante, Dançam ninfas e pastores sob o abrigo amado Da primavera surgindo brilhante.

(http://euterpe.blog.br/analise-de-obra/vivaldi-a-primavera)

28 Capítulo 2

O nome correto para o concerto “A primavera”, de Vivaldi, é Concerto para violino, cordas e contí-nuo Op.8 nº1 RV.269 em Mi Maior – “Primavera”

Para fazer em salaO professor reproduzirá o Concerto nº 1 em Mi Maior “A Primavera” de A. Vivaldi. Após ouvir com

atenção a obra, faça uma relação dos instrumentos musicais utilizados nessa peça. Lembre-se de prestar bastante atenção.

Vamos à música!!

Instrumentos utilizados:

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J.S. Bach

Johann Sebastian Bach nasceu no dia 21 de março de 1685, em uma pequena cidade que fica atualmente no centro da Alemanha chamada Eisenach. Filho, neto e bis-neto de músicos, Bach, desde cedo, começou seus estudos em casa, porém, por perder seu pai muito cedo, antes de completar 10 anos e também sua mãe antes dos 9 anos, foi morar na casa do seu irmão mais velho, Johann Chris-toph, na cidade vizinha de Ohrdruf. Johann Chistoph cui-dou pessoalmente da fase inicial dos estudos musicais do irmão caçula.

Quando Bach completou o ensino fundamental, aos 15 anos, partiu com um amigo para estudar na Escola de São Miguel, em Luneburg, perto de Hamburgo, no norte da Alemanha. Ele só conseguiu esse feito graças à qualidade de sua voz e à prática como cantor de coro.

O ensino médio teve importância decisiva em sua for-mação: estudou lógica, retórica, latim, grego e teologia com professores importantes, além de ter tido contato com o idioma francês, a dança e a música dos compositores Lully e François Couperin.Evoluiu como intérprete de instrumentos de teclado e aprendeu os segredos da construção e da manutenção de órgãos.

Depois de terminar o ensino médio, Bach começou a trabalhar como violinista na orquestra do príncipe Johann Ernst, em Weimar, e, no mesmo ano, 1703, assumiu o cargo de organista em Arns-tadt, onde tinha vários parentes.

29Contextos históricos - períodos da música

Em 1717, após passar por várias cortes e empregos, Bach assume o cargo de mestre de capela da corte do príncipe Leopold, em Kothen. É o primeiro emprego que ele assume com vultosa impor-tância, pois ser mestre de capela significava ocupar a função central das atividades musicais de uma localidade.

Durante os seis anos em que permaneceu em Kothen, Bach escreveu a maioria de suas obras ins-trumentais pelas quais é conhecido hoje. Vejamos:

• Escreveu para cravo, as seis “Suites Inglesas”, as seis “Suites Francesas”, as seis “Partitas” e o pri-meiro volume de “O Cravo Bem Temperado”.

• Para violino solo, as três “Sonatas” e as três “Partitas”;

• As seis “Sonatas” para violino e cravo;

• As seis “Suites” para violoncelo solo;

• Diversas formações orquestrais com solistas;

• Os seis “Concertos de Brandemburgo”, excepcionalmente conhecidos;

• As quatro “Suítes para orquestre”, entre outras dezenas de obras para concerto.

Em 1723, Bach deixa Kothen para ocupar um cargo menos importante, o de Kantor, porém em uma cidade maior, Leipzig.

A partir de sua chegada a Leipzig, Bach se desvincula da música profana e passa a dedicar sua obra à música sacra, compondo o primeiro ciclo de cantatas destinadas a cada uma das celebrações do calendário eclesiástico, incluindo todos os domingos do ano e um grande número de feriados.

Bach fez mais de 200 cantatas , além de um conjunto enorme de músicas sacras, com textos do Novo Testamento.

Já no seu período final, ele volta a escrever música instrumental profana, como o segundo volu-me de “O Cravo Bem Temperado”. Bach teve 20 filhos com duas esposas e faleceu em 28 de julho de 1750, em Leipzig.

CuriosidadesTodas as obras de Bach recebem a sigla BWV, que significa Bach Werke Verzeichnis, ou seja, Catá-

logo das Obras de Bach, em alemão.

Vamos ouvir

Prelúdio e Fuga nº 1 em Dó Maior BWV 846 do Livro I do Cravo Bem Temperado