Nº 37 - Universidade Veiga de Almeida, UVA Rio de Janeiro ... · fascinadas com as fantasias, os...

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA | TIJUCA | BARRA | CABO FRIO Nº 37 • FEVEREIRO 2012 • ANO 11 Junto com o verão, chega o perigo. A dengue ano após ano deixa cidades e mais ci- dades em alerta. De acordo com dados da SES-RJ, só ano passado, foram registrados 168.242 casos e 140 óbitos relacionados à dengue. Se você não quer entrar para a estatística, faça a sua parte. Todos os anos as pesso- as vão para as ruas e ficam fascinadas com as fantasias, os adereços e os carros ale- góricos. No carnaval, a po- pulação está mais feliz, está mais alegre. Qual a magia em torno do carnaval? Por que o Brasil e o mundo param e assistem a esse espetáculo? Descubra lendo a reportagem na pág. 11 Turismo pág.9 Escola de Design Carnaval, a festa de todos Você já ouviu falar em Couch- surfing? Essa é a nova forma que as pessoas encontraram de conhecer outros países, sem pagar hospeda- gem. Conhecido como um serviço de hospitalidade baseado na inter - net, ele pode ajudar a realizar seu sonho economizando uma parte da sua viagem. Leia mais na pág.6 Conheça o mundo com a ajuda do Couchsurfing Possibilidade de epidemia deixa Rio de Janeiro em alerta Foi o tempo em que apenas modelos muito magras eram capas de revistas de moda. é tendência em outros países e, cada vez mais no Brasil, uma moda específica para quem veste tamanho GG. Saúde Moda Plus Size ganha espaço no Brasil Para o mercado de trabalho, ter uma graduação completa dei- xou de ser diferencial. Se você quer ter mais visibilidade na hora de concorrer a uma vaga de tra- balho ou se deseja uma promo- ção, está no momento de investir em uma especialização. Conheça a importância de uma pós-gradu- ação no currículo. Leia mais na pág. 8 Cultura Já imaginou unir a história do surf , exposições e música ao vivo em um só lugar? Vá ao Museu do Surf em Cabo Frio. Lá você vai conhecer a histó- ria do surf brasileiro e mundial, contado através de pranchas e outras peças. Saiba mais na página 5. O bom do surf, fora d’água Educação Educar sem bater Especialistas e pais discutem os aspectos do Projeto de Lei 7.672/2010, mais conhecido como “Lei da Palmada”. O projeto visa acabar com os castigos corporais dados por pais a seus filhos, mas as dúvidas são muitas, e as opini- ões divergem. Saiba mais! O novo Código Florestal, em votação no Congresso é polêmico e tem sido alvo de protestos de entidades de proteção ambiental. O Presi - dente da Comissão de Direito Ambiental da OAB/RJ explica o que muda com essa reforma. pág.3 Meio ambiente em pauta Geral Power Soccer é a nova modalidade de esporte no Brasil Atualidades Relativamente nova, a modalidade esportiva que proporciona a oportunidade de pessoas com tetraplegia voltarem a praticar espor- te chega ao Brasil. Conheça mais sobre o Power Soccer, futebol em cadeira elétrica. pág.7 Pós-Graduação: diferencial no mercado de trabalho pág.12 Atualidades pág.10

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA | TIJUCA | BARRA | CABO FRIONº 37 • FEVEREIRO 2012 • ANO 11

Junto com o verão, chega o perigo. A dengue ano após ano deixa cidades e mais ci-dades em alerta. De acordo com dados da SES-RJ, só ano passado, foram registrados 168.242 casos e 140 óbitos relacionados à dengue. Se você não quer entrar para a estatística, faça a sua parte.

Todos os anos as pesso-as vão para as ruas e ficam fascinadas com as fantasias, os adereços e os carros ale-góricos. No carnaval, a po-pulação está mais feliz, está mais alegre. Qual a magia em torno do carnaval? Por que o Brasil e o mundo param e assistem a esse espetáculo? Descubra lendo a reportagem na pág. 11

Turismo

pág.9

Escola de Design

Carnaval, a festa de todos

Você já ouviu falar em Couch-surfing? Essa é a nova forma que as pessoas encontraram de conhecer outros países, sem pagar hospeda-gem. Conhecido como um serviço de hospitalidade baseado na inter-net, ele pode ajudar a realizar seu sonho economizando uma parte da sua viagem. Leia mais na pág.6

Conheça o mundo com a ajuda do Couchsurfing

Possibilidade de epidemia deixa Rio de Janeiro em alerta

Foi o tempo em que apenas modelos muito magras eram capas de revistas de moda. Já é tendência em outros países e, cada vez mais no Brasil, uma moda específica para quem veste tamanho GG.

Saúde

Moda Plus Size ganha espaço no Brasil

Para o mercado de trabalho, ter uma graduação completa dei-xou de ser diferencial. Se você quer ter mais visibilidade na hora de concorrer a uma vaga de tra-balho ou se deseja uma promo-ção, está no momento de investir em uma especialização. Conheça a importância de uma pós-gradu-ação no currículo. Leia mais na pág. 8

Cultura

Já imaginou unir a história do surf, exposições e música ao vivo em um só lugar? Vá ao Museu do Surf em Cabo Frio. Lá você vai conhecer a histó-ria do surf brasileiro e mundial, contado através de pranchas e outras peças. Saiba mais na página 5.

O bom do surf, fora d’água

Educação

Educar sem bater Especialistas e pais discutem

os aspectos do Projeto de Lei 7.672/2010, mais conhecido como “Lei da Palmada”. O projeto visa acabar com os castigos corporais dados por pais a seus filhos, mas as dúvidas são muitas, e as opini-ões divergem. Saiba mais!

O novo Código Florestal, em votação no Congresso é polêmico e tem sido alvo de protestos de entidades de proteção ambiental. O Presi-dente da Comissão de Direito Ambiental da OAB/RJ explica o que muda com essa reforma.

pág.3

Meio ambiente em pauta

Geral

Power Soccer é a nova modalidade de esporte no Brasil

Atualidades

Relativamente nova, a modalidade esportiva que proporciona a oportunidade de pessoas com tetraplegia voltarem a praticar espor-te chega ao Brasil. Conheça mais sobre o Power Soccer, futebol em cadeira elétrica.

pág.7

Pós-Graduação: diferencial no mercado de trabalho

pág.12

Atualidades

pág.10

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Fevereiro 2012

A luz amarela da preo-cupação pela qualida-de de vida urbana no mundo acendeu quan-

do mais de 50% da população da China passou a morar nas cidades. Os Estados Unidos têm quase 80% da sua população concentrada no meio urbano. O Brasil já tem 85% do seu contingente populacional habitando os aglomerados urbanos.

A visita do presidente dos Es-tados Unidos, Barak Obama, em março de 2011, ao Brasil rendeu, além de muitos acordos políticos e comerciais, a formação de um pro-grama binacional chamado JIUS- Joint Initiative on Urban Sustaina-bility, visando ao desenvolvimento e à aplicação de mecanismos de sustentabilidade nas cidades bra-sileiras. No início de janeiro de 2012, uma delegação brasileira conduzida pela ministra do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, esteve em Nova York e Philadelphia de-senvolvendo parcerias e avaliando

possíveis projetos aplicados de sustentabilidade urbana.

A cidade escolhida para iniciar este programa foi o Rio de Janeiro, tendo em vista o Fórum Mundial de Meio Ambiente e Sustentabili-dade, a RIO+20, que será realizada em junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro. Até lá, existe todo um empenho para efetivar as propos-tas de três temáticas escolhidas para a sustentabilidade urbana do programa JIUS. Particularmente, estou acompanhando o manejo e o uso sustentável das águas urbanas para duas regiões cariocas: a Bai-xada de Jacarepaguá e a Baixada de Sepetiba.

Na Baixada de Jacarepaguá, o foco estará centrado na qualidade e no manejo do Complexo Lagu-nar da região e nas áreas baixas circunvizinhas. Na Baixada de Se-petiba, a preocupação será com a drenagem e a qualidade das águas das bacias hidrográficas e da faixa marginal de proteção. Esta opor-

tunidade fará com que a nossa re-gião seja uma vitrine para mostra de um protótipo de aplicação das melhores tecnologias de sustenta-bilidade adaptadas para as nossas necessidades.

Nos próximos meses, até a vés-pera da Rio+20, será concentrado esforço para definir, planejar e fe-char acordos bilaterais entre Brasil e EUA, além de se tentar operacio-nalizar a engenharia financeira des-tes acordos. O objetivo será anun-ciar projetos fechados pelo JIUS no Fórum Governamental da RIO+20 com mecanismos de sustentabili-dade urbana, além de políticas de sustentabilidade inovadoras para as cidades do futuro.

Para a comunidade da Baixada de Jacarepaguá, fica a certeza de que a sustentabilidade urbana da região passa pela recuperação do complexo lagunar. Nela se refle-tem todas as consequências de um meio urbano que se desenvolveu sem planejamento e infraestrutura

adequados com os padrões mínimos de sustentabilidade.

Cabe à sociedade identificar os proble-mas que afligem a re-gião, hierarquizá-los, discuti-los e propor alternativas que pos-sam ser implemen-tadas pelo governo, com as possíveis parcerias público pri-vadas – PPPs, e pela classe empresarial. Talvez este seja o melhor modelo de mobilização social que possa ser experi-mentado, visando ao desenvolvimento da sustentabili-dade urbana para o Rio de Janeiro.

Se conseguirmos promover esta mobilização, já teremos mui-to o que mostrar no Fórum Social da RIO+20. Por fim, vale sempre lembrar que a sustentabilidade se baseia em três princípios: partici-

pação social, inclusão e meio am-biente equilibrado.

David ZeeAmbientalista e professor da Universidade Veiga de Almeida

Editorial

Diretor-Executivo de Desenvolvimento de NegóciosAlexandre Antonello

Diretora de MarketingLeila Vital

Diretor de Admissão e Processo de MatrículaAdriano Gomes

Assessora de MarketingTatiana Rodrigues

DesignersAna Clara Tavares Rafael Geraldo

Jornalistas ResponsáveisAline MuguetLuciana Parreiras

DiagramaçãoRafael Geraldo

EstagiáriosAline GuimarãesFabiane FernandesFernanda D’Oliveira

ColaboraçãoFabiana LeonardoFabiane MottaFelipe Armando

RevisãoPress Release

Tiragem3 mil exemplares

Assessoria de Comunicação Rua Ibituruna, 108 – Tijuca – RJCEP 20271-020Tel.(21) 2574-8989 | 2574-8991Fax. (21) 2574-8908E-mail: [email protected]

VeigaFocoem

Sustentabilidade Urbana

Fevereiro 2012

3 Geral

O Congresso Nacional debate, desde o ano passado, o projeto de

reforma do Código Florestal. O novo código é controverso e vem gerando protestos de entidades e personalidades que acreditam que o texto é um retrocesso. A justificativa dada ao projeto é tra-çar os limites entre a preservação da vegetação nativa e as diversas atividades econômicas, tanto no campo quanto nas cidades.

O código em votação estabele-ce disposições transitórias e per-manentes, com critérios a serem seguidos a partir de 22 de julho de 2008, data da publicação do Decreto 6.514/2008, que define penas previstas na Lei de Crimes Ambientais. Segundo o Presidente da Comissão de Direito Ambiental da OAB/RJ e membro da Comis-são Nacional de Direito Ambiental da OAB Federal, Flávio Ahmed, do

ponto de vista da proteção am-biental, o novo código é menos protetivo.

“Ele cria exceções e abranda a proteção das denominadas APPs (Áreas de Preservação Permanen-te), que foram as maneiras que o legislador anterior encontrou de estabelecer restrições ao uso de áreas que são fundamentais para proteção dos biomas brasileiros”, explica.

Conforme ele esclarece, o novo projeto mantém as Áreas de Preservação Permanente (APPs), mas permite o manejo em área de reserva legal, o uso de morros de menos de 100m de altura, além de exonerar a propriedade com me-nos de quatro módulos da com-posição da reserva, dentre outros pontos que traduzem, sim, uma menor proteção.

Entidades como Greenpeace e Avaaz e personalidades como

a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva já se manifestaram publicamente contra o projeto, sob a justificativa de que o novo códi-go anistiaria desmatadores. Flávio Ahmed explica que, do ponto de vista técnico, não é correto falar

em anistia, embora do ponto de vista prático, os empreendedores rurais fiquem isentos do pagamen-to de multas ambientais a que es-tavam sujeitos.

“Não se pode falar em anistia porque o proprietário rural só não pagará a multa se recuperar a área degradada. E existem hipóteses em que não poderá, mesmo re-

cuperando, se ver livre de tais penalidades”, esclarece. Por isso, para o advogado, a mo-bilização é legítima, oportuna e consistente. “Faltou uma discussão aprofundada com a sociedade civil para a busca de um texto que representas-se os anseios da pluralidade do povo brasileiro e aten-desse às nossas múltiplas demandas socioambientais”, defende.

VotaçãoO texto do projeto de re-

forma do Código Florestal (Lei 4.771/1965) era do então deputa-do Aldo Rebelo (PCdoB-SP), hoje ministro do Esporte. Aprovado em maio do ano passado na Câmara dos Deputados, o texto-base do projeto do novo código seguiu para o Senado, onde também foi aprovado, mas com alterações. Por isso, o texto voltará para a Câmara, para que os deputados analisem as modificações feitas pelos senadores.

De acordo com Ahmed, a previ-são é que isso ocorra em março, e a tendência é de que seja imediata-mente encaminhado à Presidência da República para sanção, o que implica na aceitação do projeto ou veto de alguns dos dispositivos.

Propaganda em celulares e tablets cresce no paísO número de smartphones e tablets

aumenta cada dia mais no Brasil e, com isso, cresce também o mobile

advertising, ou anúncios móveis. Dados da eMarketer mostram que o mercado, em fran-ca expansão, deve ter aumento de 47% em investimentos em 2012, totalizando US$1,8 bilhões.

No entanto, esse panorama de crescimen-to esperado para o mundo não deve ser visto na mesma proporção no Brasil. Segundo o sócio da F.biz e Head de Mobilidade e Plata-formas Emergentes Marcelo Castelo, a explo-são que vemos hoje em mobile, no Brasil, já aconteceu há dois anos nos Estados Unidos.

Ele explica que, até pouco tempo, os preços de smartphones e planos de dados restringiam o consumo a uma pequena parte da população. “Agora, temos celulares avan-çados por valores inferiores a R$300, e planos de acesso à internet que custam R$ 0,50 por dia de uso”, destaca.

Atualmente, o Ministério das Comunica-ções busca reduzir o preço de smartphones por meio de isenções fiscais. O objetivo é popularizar a venda dos aparelhos fabricados no país e acelerar o acesso das classes C e D à internet. Mas, para Castelo, a proposta de desoneração de impostos ainda é muito re-cente para modificar as projeções de vendas já estabelecidas.

De acordo com o Head de Mobilidade e Plataformas Emergentes, independentemen-te da redução, o crescimento nas vendas é uma realidade. “O telefone celular é um dos principais desejos de consumo do brasileiro, e

seu preço está em queda, o que significa que a curva de crescimento será ainda mais acen-tuada neste ano”, avalia Marcelo Castelo.

Além da expectativa do mercado, o espe-cialista explica que a publicidade no celular evolui não apenas à medida que os disposi-tivos ganham características mais avança-das, mas, principalmente, com a adesão de grandes players ao formato. “Hoje, vemos marcas globais como Unilever e Coca--Cola investindo massivamente em campanhas para celular. Ao tomar c o n h e c i m e n -to do leque de formatos, s e g m e n t a -ções, preços e benefícios do mobile ad-vertising, as marcas impul-sionam o ca-nal e este se renova cons-tantemente”, afirma Cas-telo.

Congresso debate novo código florestalTexto aprovado no Senado em 2011 deve ser votado antes de março na Câmara dos Deputados

E-lixo, o problema do século passado continuaA discussão sobre o destino adequa-

do para o lixo não é nova, mas ga-nha contornos mais atuais quando

é acrescido o problema do lixo eletrônico. O destino final do e-lixo, proveniente de equi-pamentos eletroeletrônicos – celulares, te-levisões, computadores, entre outros – tem gerando preocupação sobre as consequên-cias desse acúmulo no futuro.

Segundo o professor da área de meio ambiente da UVA, David Zee, os perigos de descartar esse tipo de equipamento

sem nenhum controle estão relacionados à demora na de-gradação de seus componentes e à natureza de suas c o m p o s i ç õ e s . “Além de metais e plásticos, esses eletroeletrônicos possuem me-

tais pesados, como mercú-rio, cádmio, ar-

sênico e cromo. Metais esses

que podem cau-sar sérios proble-

mas à saúde, caso en-trem na cadeia alimentar

do homem”, afirma.Como são de difícil degra-

dação, os metais pesados podem contaminar aterros sanitários e

lençóis freáticos, o que representa um risco ao equilíbrio ambiental. Um exemplo

histórico desse perigo é o caso da cidade de Minamata, no Japão. No início da década

de 1950, centenas de pessoas morreram intoxicadas por mercúrio após a ingestão de peixes contaminados.

Pouco tempo depois das mortes, desco-briu-se que a fábrica da cidade era a culpada por não tomar cuidado com o destino final do mercúrio, utilizado como catalizador e despejado indiscriminadamente na baía da cidade. A história serviu de alerta sobre os riscos que esses elementos podem repre-sentar se estiverem em contato com seres vivos. Porém, mais de meio século depois, pouca coisa mudou em relação à coleta de materiais tóxicos.

Nos últimos anos, com a retomada do tema em função dos debates mundiais so-bre preservação do meio ambiente, algumas iniciativas têm surgido no país. Campanhas sazonais do Ministério do Meio Ambiente têm buscado a conscientização da popula-ção, por exemplo.

Conforme dados do Programa das Na-ções Unidas para o Meio Ambiente (PNU-MA), de 2011, a reciclagem, em todas as suas formas, emprega 12 milhões de pes-soas no Brasil, China e Estados Unidos. O relatório revela, ainda, que a separação e o processamento de itens recicláveis susten-tam 10 vezes mais empregos que aterros sanitários ou incineração.

No entanto, para David Zee, “o problema é que no Brasil existe muito mais propagan-da do que ação”. Segundo ele, a maioria dos centros de reciclagem desses materiais é da iniciativa privada e não existem políticas pú-blicas para o descarte correto dos materiais. “O que a sociedade precisa entender é que a origem de tudo isso é o consumo, que pre-cisa ser sustentável. Caso esse ciclo vicioso não seja quebrado, as gerações futuras vão pagar”, alerta.

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Fevereiro 2012

Atualidades

Verão é época de preocupa-ção com o cor-

po e de começar dietas. E uma das primeiras coisas que

as pessoas costumam mudar é a alimentação, aderindo a produtos light ou diet. Mas o que nem todo mundo sabe é que esses produtos são muito diferentes e podem afe-tar diretamente no emagrecimen-to.

Para o endocrinologista Alexan-dre Ferreira, o problema é que o consumidor brasileiro ainda não se conscientizou da importância de observar o rótulo das propriedades nutricionais dos produtos, parte por desatenção, parte pela corre-ria da vida moderna. “Juntamente a isso, os fabricantes de produtos alimentícios também contribuem para essa desatenção, pois nem sempre disponibilizam nos rótulos uma tabela nutricional clara e cor-reta”, afirma.

Ele esclarece que os produtos light são aqueles reduzidos em, ao menos, 25% de algum componen-te fornecedor de calorias. Já os produtos diet são aqueles em que

um dos componentes nutricionais é retirado. “Os produtos diet são recomendados para quem tem res-trição alimentar a algumas subs-tâncias e precisa de dietas espe-ciais, como no caso de pacientes diabéticos, celíacos e portadores de colesterol alto”, explica.

Ainda de acordo com o especia-lista, alimentos classificados como “zero” contêm 0% de calorias, po-dendo ser consumidos por diabéti-cos, pois substituem os açúcares por produtos não calóricos. “Po-rém, eles continuam contendo em sua composição gordura e sódio, o que não é tão recomendado para pessoas que desejam emagrecer ou que possuam problemas como colesterol alto e hipertensão”, aler-ta.

Mariana Oliveira conta que já comprou um produto errado por não conferir o rótulo da embala-gem. Ela trabalha em uma platafor-ma de petróleo e diz que, em fun-ção da atividade que desempenha, engordou e não conseguiu recupe-rar o peso. “Costumo fazer dieta e tomo refrigerante zero porque meu namorado tem diabetes, mas

achava que todo produto diet não tinha gordura. Só consegui ema-grecer depois de receber orienta-ção de uma nutricionista”, afirma.

Já a estudante universitária Fabiane Souza costuma consumir produtos diet, mas revela que não sabe qual a diferença entre eles e os produtos light. “Moro com meu tio, que é diabético, e por isso compro muita coisa diet. E como estou de dieta, acho que os ali-mentos que ele compra funcionam pra mim. Sempre achei que diet emagrecesse”, diz.

Segundo o endocrinologista, o alimento mais indicado para ema-grecer são os classificados como light, porque foram feitos especial-mente para quem cuida da saúde. “Se há uma redução nas quantida-des de gordura, açúcar ou calorias, esses produtos são mais recomen-dados para quem quer manter o peso ou emagrecer. Mas também é possível encontrar alimentos que sejam light e diet ao mesmo tempo. Assim, podem ser consumidos por quem possui restrições nutricionais específicas e também busca mais qualidade de vida”, explica.

O rótulo pode afetar sua dieta

Especialista explica a diferença entre produtos light, diet e zero

O brasileiro já se acostu-mou a consumir ado-çantes. Muitos levam o

produto na bolsa, caso precisem adoçar um cafezinho ou suco em algum local. Seja por indicação médica, desejo de emagrecer ou diferença no paladar, os edulcoran-tes são substâncias que precisam ser ingeridas com cautela, para não causar problemas à saúde.

Segundo a doutora em alimen-tos e nutrição pela UNESP e nutri-cionista clínica da LEV em Uber-lândia (MG), Ana Cristina Tomaz Araújo, os adoçantes são subs-tâncias habitualmente usadas na dieta para reduzir o valor calórico dos alimentos e a oferta de açúcar comum. Os edulcorantes possuem alto poder adoçante e, em sua maioria, têm pouca ou ausência de calorias.

A especialista esclarece que a principal diferença entre ado-çantes sintéticos e naturais é a origem. “Os naturais são extraídos de alimentos. Os artificiais são produzidos em laboratório e têm como base diferentes substâncias com contraindicações, indicações e quantidade de ingestão diária aceitável”, explica.

Em todo o mundo, a discussão sobre os benefícios e malefícios dos adoçantes sintéticos é grande. Países como EUA e Inglaterra, por exemplo, proíbem o uso de cicla-mato de sódio, porque, entre ou-tros motivos, na década de 1970,

estudos com ratos apontaram efeitos carcinogênicos em ado-çantes com essa substância. Já no Brasil, seu uso é permitido, mas com limite diário.

De acordo com a Dra. Ana Cris-tina, não há motivo para preocupa-ção, pois os critérios de comercia-lização de produtos comestíveis são variáveis entre os países. A Agência Nacional de Vigilância Sa-nitária (ANVISA) orienta o consu-mo de adoçante de acordo com a ingestão diária aceitável (mg/kg/dia) e faz ressalvas para alguns grupos, como gestantes, lac-tantes, crianças e doentes com fenilcetonúria. “Se o consumo for racional e orientado por um médico ou nutricionista, não fará mal para a saúde”, orienta a nutricionista.

Sinal verdeQuanto a certezas, a

única unanimidade entre médicos e nutricionistas é quanto ao uso de sucra-lose, adoçante que possui como matéria-prima o açúcar comum, retirado da cana-de-açúcar. “Trata--se do adoçante com maior margem de segurança de ingestão, além de ter um sabor bastante agradável e sem contraindicações, po-dendo ser usado por todos os públicos”, afirma.

Conheça os mitos e as verdades sobre adoçantes

Siga as dicas da nutricionista para

não errar• Adoçantes são substâncias do-

ces, mas não são como o açúcar. Por isso, não espere o mesmo sabor para substâncias tão diferentes.

• Fique atento ao rótulo, às doses de ingestão e quanto à possibilidade de uso culinário.

• Na dúvida, procure um profissio-nal de saúde e use o bom senso.

Fevereiro 2012

5 Turismo

Cabo Frio é conhecida por suas belas praias e clima privilegiado que atraem não apenas tu-

ristas de diversos locais do Brasil, como também chama a atenção dos amantes do surf. As pranchas marcam presença nas praias Brava e do Peró, mas a mais conhecida é a Praia do Forte, que se estende até os picos preferidos dos sur-fistas, como as praias do Foguete e das Dunas – esta última, com montes que chegam a 30 metros.

E para quem curte o surf tam-bém fora da água, o Museu do Surf

em Cabo Frio, que tem hoje 518 pranchas, além de tantas outras peças que ajudam a contar a his-tória do surf brasileiro e mundial, é uma boa pedida.

O museu foi fundado em 1997, e é um projeto sem fins lucrativos que está aberto a doações. A ideia de reunir pranchas e outros arte-fatos de surf surgiu colecionando pranchas, como conta o curador do museu, Telmo Moraes.

“Começamos comprando al-gumas pranchas antigas para de-corar a sala. Quando tínhamos 21 pranchas é que nos veio a ideia de

montar um museu de surf para a preservação da história do espor-te”, diz.

O acervo é composto por pranchas de madeirite dos anos 50, longboards dos anos 50 e 60, pranchas de campeões brasileiros e mundiais, mais de 2 mil fotos do surf antigo, entre outras peças. Mais de 90% das pranchas do acervo são compradas ou trocadas por outras mais novas, e o peque-no restante é renovado através de doações.

O museu está construindo uma nova sede em frente ao Teatro

Municipal da região e, segundo Telmo Moraes, o prédio terá dois andares, com elevador e 655 m² de área construída, com atrações como sala de cinema, café, loja de surf, bar temático, biblioteca, loja de souvenirs, área de exposição, carros antigos em tamanho original com pranchas correspondentes ao ano do carro.

Nas palavras do curador, a nova sede trará um espaço em que surfistas e admiradores do surf podem, além de visitar o acervo, reunir-se para falar e aprender so-bre o esporte.

“O Museu do Surf será, com certeza, o novo point da cidade, com música ao vivo nos finais de semana, exposições itinerantes de artistas plásticos que usam o surf como tema, palestras, cursos e muito mais”, diz.

Além de exposições por todo Brasil, o Museu do Surf permite também que os interessados fa-çam uma vista virtual através do site http://www.museudosurf.com/. Entre exposições e visitas, já foram contabilizados aproxima-damente 300 mil visitantes. As visitas são gratuitas.

O bom do surf, fora d’água

Armação de Búzios é uma cidade paradisíaca. Localizada na Região dos Lagos, a 165 quilômetros do município do Rio, Búzios, como é conhecida, conta com 23 praias em seu litoral. O munícipio foi descoberto pelos franceses e utilizado durante muito tempo como rota de contrabando de pau brasil e escravos.

A partir do século XIV, a pesca foi a principal fonte de renda dos moradores da região. Já no século XX, após a passagem do furacão da década de 60, a atriz Brigitte Bardot, a cidade virou ponto turístico e entrou na rota de muitos que visitam o país.

Atualmente, a região é dominada pelos turistas e oferece inúmeras opções de pousadas, hotéis e resorts, além de inúmeros bares e restaurantes, lojas e uma intensa vida noturna, atraindo pessoas de todas as idades.

O grande point de Búzios é a Rua das Pedras. Localizada no centro da cidade, lá se reúnem todas as tribos que procuram diversão e boa gastronomia. Outra parte muito importante da cidade é a Orla Bardot, com sua grande diversidade de hotéis e restaurantes.

Para quem deseja conhecer belas praias, a melhor opção é um passeio de escuna, onde os visitantes, além de aprenderem sobre a história do local, podem se deliciar mergulhando.

Búzios, além de linda, é uma cidade muito agradável, e é a cara do verão.

Pé na Estrada

Fabiane Motta Aluna do 8º período de Com. Social/Jornalismo - Campus Tijuca

Búzios: o paraíso é aqui

Diversas famílias, procu-rando sair da rotina des-gastante e entediante

do dia a dia, buscam novas aven-turas, novas experiências. São problemas como stress, trabalho e dinheiro que motivam, na maioria das vezes, a procurarem um am-biente com mais tranquilidade. A dedicação e o contato com a fa-mília são muito importantes para o afastamento temporário dessas preocupações.

Como sempre, os mais motiva-dos em fazer algo, ainda mais fora do padrão, são os filhos. Para que essa tranquilidade buscada não se torne mais uma preocupação, quando se envolve crianças, todo cuidado é pouco. São necessários todos os cuidados possíveis pré, durante e pós-viagem.

A coordenadora do Curso de Tu-rismo, Selma Azevedo, explica que “é necessário verificar os docu-mentos da criança e se as vacinas estão em dia. Fazer uma pesquisa

sobre preços de passagens e pa-cotes de viagem esclarecerá a me-lhor opção para a família. Estabe-leça limites de compras, é normal crianças quererem comprar tudo que veem pela frente”.

Para crianças mais novas que cresceram e estão acostumadas a viver em lugares com altas tem-peraturas, talvez não seja uma boa opção se deslocarem para ambien-tes muito frios. Conhecer o hotel e proximidades ao local onde irão se hospedar é muito importante, caso precisem de uma farmácia, um su-permercado ou resolver algum pro-blema com urgência, por exemplo.

A coordenadora dá outra dica: “Prefira lugares que ofereçam di-versão garantida, como parques, bons pontos turísticos, praias, hotéis fazendas, resorts”. Entre-tenimento é fundamental quando se trata de crianças, então, bus-que isso no passeio para que você possa ter um tempo para si e seu parceiro.

Viagem com crianças: descanso ou uma nova preocupação?

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Fevereiro 2012

Capa

Conheça o mundo com a ajuda do couchsurfing

Saltos OrnamentaisTaekwondoTênisTênis de MesaTiro com ArcoTiro EsportivoTrampolim AcrobáticoTriatloVelaVôlei de PraiaVoleibol

Conheça os Esportes das Olimpíadas de 2016

O Projeto CouchSurfing (CS) é um serviço de hospitalidade com base na internet. Em 2010, atingiu a marca de 2 milhões de membros

em mais 180 países e territórios. A partir de vários indicadores, estima-se que muitos membros usavam o site de uma forma muito

ativa, com 47% oferecendo os seus sofás a viajantes (enquanto outros 23% diziam “talvez” e outros esta-vam viajando). O cadastro é gratui-

to. Acesse o site www.couchsur-fing.org e conheça as experiências de quem tem muitas histórias para contar. (Fonte: Wikipédia)

Conheça o couchsurfing

Ceder seu sofá pode ser a solução para o problema de alguém e vice-versa. Já pensou

em viajar pelo mundo sem se pre-ocupar com dinheiro para hospe-dagem? É um sonho que pode se tornar realidade com o couchsur-fing (CS). Conhecido como um ser-viço de hospitalidade baseado na internet (www.couchsurfing.org), ele proporciona “hospedagem” de uma pessoa ou até de um grupo de pessoas em outras cidades e países com diversos objetivos.

A jornalista, autora do blog “Eu moro onde você tira férias” e couchsurfer, Ana Carolina Boccar-do, costuma comparar o CS como filme “A corrente do bem”. “Para mim, o couchsurfing é um resgate da crença no outro ser humano, é abrir as portas da sua casa, mas, mais que isso, abrir os olhos e ou-vidos para saber um pouco mais daquela pessoa, daquela cultura e daquele país, ao mesmo tempo em que tenta explicar um pou-co de você e do Brasil.”

Dar a volta ao mundo, participar de congresso, conhecer outro país na visão de um nativo, in-dependentemente de qual desses seja o seu objetivo, o couchsurfing pode ajudá-lo. Ana já hospedou, ou no ter-mo usado no couch-surfing, cedeu seu sofá, para mais de 70 pessoas de vários países. En-tre eles, es-tão Bélgica,

França, Inglaterra, Áustria, Hun-gria, Holanda, Nova Zelândia, Itá-lia, Chile, Bolívia, Venezuela, EUA, Jordânia, Brasil, entre outros.

A ansiedade tomou conta de Ana Carolina na primeira vez em que cedeu seu sofá. “Fui buscar uma couchsurfer italiana no me-trô, fiz jantar, tomamos o vinho que ela me deu de presente. Eu entreguei a ela o meu kit: mapas da cidade e do metrô e livrinhos com atrações paulistanas. Eu es-tava super ansiosa para agradar! É uma sensação doida, parece que o seu melhor amigo está indo visitá--lo, só que você não o conhece. E a sensação se repete todas as vezes que hospedo.”

Ana Carolina diz que o CS hoje tem um enorme significado em sua vida. “Ele está intimamente ligado às minhas viagens e aos grandes amigos que fiz pelo mundo.” Isso mesmo, além de hospedar, ela também já foi hospedada na Fran-ça, Turquia, Cuba, Argentina, Chile,

Austrália, entre ou-tros pa-

íses. Mas nem todas as experiências

foram legais. Ana conta que já teve um hóspede que não toma-va banho e tudo dele fedia. “Re-sultado: era abrir a porta do meu apartamento que já sentia aquele cheirinho. Esse cara deveria ter ficado cinco dias em casa e ficou três, pois eu conversei com ele e disse que não estava dando certo. Afinal, o sofá é seu e você tem esse direito.”

O neurocientista Rodrigo Si-queira de Souza, que terá a sua pri-meira experiência em usar o sofá de alguém em breve também sabe o que é ter uma experiência ruim com o CS. Como o Réveillon do Rio de Janeiro é muito procurado, ele se dispôs a receber um grupo de

oito (8) pessoas de vários países: Uruguai, Alemanha, Itália, Suécia e do Brasil mesmo, de Minas Ge-rais. “Eu ia buscar duas uruguaias de carro quando elas desembarca-ram, mas elas simplesmente não aguentaram esperar um pouco. Elas queriam ser buscadas extre-mamente cedo, ligaram reclaman-do e disseram que iriam esperar, mas não foi o que aconteceu.”

Mesmo com algumas experi-ências não tão enriquecedoras, o neurocientista e a jornalista concordam que, no fim, as expe-riências boas valeram mais do que tudo “e as ruins serviram de piada para os amigos depois, além de as pessoas não ganharem referên-cias positivas, pois não fizeram por merecer”, completa Ana Carolina.

Ela diz o que se deve le-var em c o n t a na hora de ana-lisar o p e r f i l

de alguém para saber se o aceita como hóspede: “Algumas coisas são questões de segurança, que todos deviam seguir, e outras são bem pessoais”, diz.

Segundo a couchsurfer, é im-portante que o perfil da pessoa no site esteja completo, com foto, que a pessoa tenha referências positivas ou “vouchs” e o mínimo de envolvimento com a comuni-dade local ou comunidades por onde passou como viajante. “Se for novato e não tiver referências, eu marco um encontro antes num local público, para depois decidir se hospedo ou não”, conta.

Como critérios pessoais, Ana avalia se o perfil e a solicitação que a pessoa fez “combinam” com ela. “É um pouco subjetivo, mas, por exemplo, se a pessoa tem interes-se em saber e ir a lugares de mú-sica brasileira, que eu adoro, se o perfil dela tem coisas que me agra-dam, como profissões inusitadas ou lugares exóticos para onde via-jou, se os motivos da viagem são interessantes e pessoas com his-tórias incríveis”, exemplifica. Ainda segundo a jornalista, é importante

sentir que a pessoa leu o seu

perfil e que re-almente

“o es-co lheu”.

“Isso faz toda a dife-

rença!”.

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7 Capa

Power SoccerA nova modalidade de esporte no Brasil

O esporte, novamente, rompe barreiras sociais e limites físicos. A in-

clusão é a parte mais almejada da nova modalidade paradesportiva: o Power Soccer (PS). Ele propor-ciona a oportunidade de pessoas com tetraplegia praticarem espor-te. Para quem ainda não conhece o Power Soccer, ou Futebol em Cadeiras de Rodas, a modalidade é praticada por homens e mulhe-res com deficiência, de qualquer idade, que usam cadeiras motori-zadas no seu dia a dia.

O futebol em cadeira de rodas surgiu no final da década de 70 simultaneamente na França e no Canadá. A modalidade parades-portiva foi criada oficialmente em 2005. Logo após, nasceu a Fede-ração Internacional de Futebol em Cadeira de Rodas (FIPFA). A pri-meira Copa do Mundo do esporte aconteceu em 2007, com a parti-cipação de poucos países. Hoje, ela está presente em mais de 15 países da América do Norte, do Sul, Europa, Ásia e Oceania.

No Brasil, um dos pioneiros é Ricardo Gonzáles, presidente da Associação Brasileira de Futebol

em Cadeira de Rodas (ABFC). Ele tem hoje 30 anos, mas ficou te-traplégico aos 16 anos durante as férias. “Eu estava indo jogar fute-bol, como fazia todos os dias, e sofri um acidente de carro”, conta. Mesmo após o acidente, Ricardo continuou a ter contato com vários esportes por gostar muito, apesar de não poder praticar nenhum de-les. Em 2009, ele conheceu o Po-wer Soccer, e diz que seus olhos voltaram a brilhar. “Para mim, não tem diferença. Sinto a mesma emoção e sensação de liberdade de quando eu jogava bola. É uma conquista.”

O presidente da ABFC conta que, após 30 anos, o Power Soccer já é reconhecido pelo Comitê Pa-raolímpico Internacional (IPC). Seu objetivo é exibir a nova modalida-de do esporte nas Paralimpíadas do Rio, em 2016. “A expectativa é que o esporte se torne uma mo-dalidade paraolímpica e entre nas Paraolimpíadas do Rio de Janeiro como esporte de exibição. Se isso acontecer, o Brasil poderá partici-par da sua primeira paraolimpíada, em casa”, diz.

O Power Soccer ajuda no de-

senvolvimento de diversas áreas na vida dos praticantes, como qualquer outro esporte. Para o adolescente Ramon Pereira de Freitas, 20 anos, o PS está pro-porcionando a realização de um sonho. Ele sempre foi apaixonado por futebol. Mas ainda criança, foi diagnosticado com distrofia muscular de Duchenne, uma do-ença degenerativa progressiva e irreversível da musculatura esque-lética.

A mãe do Ramon, Liliana Pereira de Freitas, contou que “até 8 anos ele era um garoto como qualquer outro e adorava jogar futebol com os amigos e na escola. Quando as limitações que a doença impôs a Ramon começaram a aparecer, os amigos deixavam ele ficar no gol. Depois, passou a apitar os jogos. Enfim, estava sempre fazendo algo relacionado ao futebol”.

Ramon é flamenguista fanático e, após terminar o segundo grau, ele decidiu continuar os estudos e fazer algo relacionado ao futebol. O adolescente optou pela facul-dade de Gestão Desportiva, mas infelizmente o curso não abriu. “Fiz um curso de treinador de futebol

pela internet, li vários livros, es-tava sempre vendo algo sobre es-porte, mas faltava alguma coisa. E quando eu conheci o PS é como se Deus tivesse mandado um presente para mim. Pretendo ser jogador profissional”, diz o adoles-cente, que conta os dias para os treinos do seu time, aos sábados, na Barra da Tijuca. “Hoje sou uma pessoa mais feliz, a minha saúde está melhor, a falta de ar que eu sentia diminuiu muito, sinto-me realizado”, conta o atleta, com um sorriso.

O esporte também reflete na saúde física e mental dos prati-cantes. Segundo o coordenador de saúde da ABFC, Alexandre dos Reis, o Power Soccer ajuda o atle-ta no reflexo, coordenação, força de vontade, no desenvolvimento de táticas, estratégias e na capa-cidade de cálculo espacial. “Aqui, eles trabalham o espírito competi-tivo, e isso ajuda muito no desen-volvimento”, completa.

O esporte também exerce seu papel de inclusão social. Assim como a escola, o trabalho e a re-ligião, o Power Soccer proporciona a convivência com outro grupo de

pessoas e de diversas idades. A mãe de Ramon, Liliana Perei-

ra de Freitas, fala com entusiasmo dos benefícios da prática do es-porte: “Ele ganhou novos amigos, mais habilidade com a cadeira de rodas, ânimo, satisfação. Nos treinos, ele vê pessoas que têm tantas dificuldades quanto ele e acredito que isso dê a ele ânimo para continuar”, explica.

A mãe do adolescente destaca que vê-lo colocar em prática tudo o que ele deseja e sua realização pessoal é fantástico. “Por mais di-fíceis que as coisas pareçam ser, nada é impossível para Deus”, fala emocionada.

Ricardo Gonzáles, responsá-vel por devolver esperança de dias melhores aos brasileiros que sofriam por não poder praticar nenhum esporte, acredita que o Power Soccer só tem a crescer. “Nós somos o primeiro país a se tornar membro da FIPFA, repre-sentado pela ABFC”, conta orgu-lhoso. Gonzáles ressalta que agora é importante disseminar o esporte nos outros estados e estimular a formação de mais times.

Se você se interessa ou conhece alguém que possa se interessar pelo Power Soccer, entre em contato com a Associação Brasileira de Futebol em Cadeira de Rodas (ABFC) pelo Facebook ou pelo site www.abfc.org.br.

O JogoRápido e dinâmico, incentiva o trabalho em equipe e desenvol-ve habilidades esportivas que

melhoram a vida das pessoas com deficiência física.

O ElencoEquipe de 8 jogadores

time com 4 jogadores em quadraUnissex, idade livre

O EspaçoDimensões da arena:

14-18m x 25-30m(quadra de basquete)

A bolaDiâmetro de 32,5 cm

1,5 vezes a bola de futebol tradicional

A partida2 tempos de

20 minutos cada

A arbitragem1 juiz e 2 assistentes

Os equipamentosCadeira de rodas motorizada com

footguardVelocidade máxima: 10 km/h

Motor e bateria de carro

Conheça as regras

Foto

s: F

IPFA

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Fevereiro 2012

Atualidades

Os mais modernos di-zem que “casamento é coisa do passado”, é “brega” e que hoje

“pouquíssimas pessoas estariam dispostas a assumir um compro-misso sério”. Mas as informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são contrárias a todas essas afir-mações. Dados divulgados pelo IBGE mostram um crescimento sig-nificativo no número de casamen-tos realizados no Brasil nos últimos anos.

Cerca de um milhão de matri-mônios foram registrados no ano de 2010, em todo o país, o que,

segundo o Instituto, representa um aumento de 4,5% em relação ao ano de 2009. Grande parte dos noi-vos estava casando pela primeira vez, enquanto uma parcela menor está em seu segundo matrimônio.

A idade média para o enlace matrimonial para as mulheres era de 20 a 24 anos, enquanto para os homens esse momento se dava a partir dos 30 anos. Mas o novo per-fil aponta as mudanças: as mulhe-res estão casando cada vez mais tarde e os homens, querendo casar cada vez mais cedo.

Hoje, para ambos, a faixa dos 25 a 29 anos tem sido o momento perfeito para a união. Segundo a

socióloga Ofélia Ferraza, a tendên-cia de união entre pessoas muito jovens estava fortemente ligada às tendências culturais e religiosas dos nossos antepassados, e hoje essa tradição já não é mais man-tida.

A supervisora de call center Ju-liana Rezende, 23 anos, já foi casa-da. A jovem se casou aos 16 anos e se divorciou aos 22. “Eu casei muito nova e me arrependi. Acre-dito que o casamento poderia ter dado certo se nós fossemos mais maduros”, confessa.

Questionada sobre um segundo casamento ela é enfática: “Pre-tendo me casar novamente, mas

não agora”. Juliana acredita que o casamento após os 25 anos é mais interessante: “Hoje já estou mais madura. Acredito que daqui há alguns anos vou conseguir lidar melhor com o dia a dia de uma vida a dois”.

A socióloga Ofélia Ferraz acre-dita que “a tendência de casamen-tos entre cônjuges cada vez mais maduros demonstra um desenvol-vimento socioeconômico entre as partes envolvidas”.

Dentro da realidade apontada pelo IBGE, está o gerente de frota Vinicius Weyll, 29 anos. Ele se ca-sou há quase um ano e confessou que gostaria de ter se casado antes.

Vinícius acredita que, para o sucesso de um casamento, além do amor “o casal deve respeitar a individualidade do outro, ser cúm-plice, amigo e conhecer bem um ao outro”. Ainda segundo o gerente, maturidade é fundamental para ter um relacionamento saudável.

A estabilidade financeira tam-bém é outro fator determinante. A estudante de Psicologia Karina Kascher, 24 anos, namora há qua-se quatro anos e só pensa em se casar após o término do curso de graduação. “Preciso estar estabi-lizada financeiramente. Acredito que seja a base para se viver bem e com tranquilidade”, diz.

Brasileiros estão casando mais

Pós-Graduação: diferencial no mercado de trabalhoCom as facilidades de in-

gresso no Ensino Supe-rior, o nível de escolari-

dade do brasileiro aumentou. Com esse aumento, a graduação deixou de ser diferencial e passou a ser exigida como nível básico. Para se destacar e ter mais chances no momento de se candidatar a uma vaga, ter no currículo um curso de pós-graduação ou estar cursando um é um diferencial.

De acordo com o coordenador de Pós-Graduação e Extensão da Universidade Veiga de Almei-da (UVA) no Campus Cabo Frio, Reinaldo Nicolai, analisando pela ótica das empresas, quanto maior a qualificação, melhor o serviço realizado, menor o custo e maior a satisfação do cliente. “Assim, muitas empresas investem na qua-lificação em pós-graduação dos empregados através de bolsas de estudos porque sabem que o retor-no é alto e garantido”, diz.

A procura por especializações também vem crescendo de forma acelerada. Segundo o coordena-dor, a busca pela especialização demonstra que o profissional não se acomodou e procura crescer na área. No entanto, alguns cuidados

são necessários ao escolher uma pós-graduação.

“Ciente da área profissional em que atua e querendo se espe-cializar, a pessoa deve procurar um curso em sua área numa ins-tituição que seja reconhecida pelo mercado de trabalho, pela socieda-de e, principalmente, pelo Estado, que é o que dá legitimidade a partir do diploma. Depois, no momento da matrícula, é estar atento com a documentação necessária para evitar problemas futuros no pro-cesso de certificação”, aconselha.

Nas palavras do coordenador, fazer um curso de pós-graduação significa esforço, dedicação, em-penho, renúncia, “portanto é um grande investimento”, conclui. Ainda segundo Nicolai, esse in-vestimento tem que trazer como retorno uma formação de quali-dade e um diploma respeitado no mercado.

Quando a barreira é a falta de tempoA falta de tempo é a principal

queixa de quem já se formou e deseja aperfeiçoamento profissio-nal. Para se adaptar a essa reali-dade, as universidades começam

a investir pesado em educação a distância (EAD). De acordo com o Censo de Educação Superior, o nú-mero de universidades que ofere-cem cursos a distância aumentou 360% entre 2002 e 2008.

O EAD é uma modalidade que pode custar até 60% menos do que os cursos presenciais, sendo van-tajoso também em relação à mo-bilidade e à facilidade de estudar na hora e local que a pessoa puder. Para facilitar a vida dos profissio-nais que não podem se ausentar de casa ou do trabalho, a Universi-dade Veiga de Almeida lançou dez cursos de pós-graduação a distân-cia, com início no próximo mês de abril.

As inscrições estão abertas para os MBAs em Educação Cor-porativa, Finanças Corporativas, Gestão de Projetos, Gestão Empre-sarial, Educação e Tecnologia, Ne-gócios de Petróleo, Gás e Energia, Administração de Imóveis, Planeja-mento e Gestão Ambiental, Gestão de Recursos Humanos e Marketing e Comunicação Empresarial. A aula inaugural acontece dia 14 de abril. Mais informações pelo site www.uva.br.

Educação

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9 Saúde

Uma simples visita ao dentista pode prevenir muitas doenças. Uma delas é o câncer da cavidade

oral, ou câncer de boca, como é mais co-nhecido. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que essa neo-plasia maligna será responsável por cerca de 14 mil novos casos este ano, estando entre os 10 tipos de câncer mais incidentes para 2012.

Segundo o dentista e especialista em patologia bucal Fábio Ramôa Pires, os da-dos do INCA colocam a cavidade oral, em média, como o 6º local mais frequente para câncer nos homens e o 10º para as mu-lheres. “Existem grandes variações nestes números quando comparamos diferentes regiões e estados do país”, ressalta.

O câncer de boca é uma denominação que inclui os cânceres de lábio e de cavida-de oral. Ele costuma aparecer em pacientes adultos a partir dos 40 anos, mas a frequ-ência em pacientes jovens também está crescendo.

O especialista explica que apesar de os homens serem mais acometidos do que as mulheres, essa relação vem mudando ao longo dos anos, especialmente com o maior número de mulheres fumando e consumin-do álcool. “Hoje, a relação é de dois a três homens para cada mulher acometida, mas acredita-se que, em algumas décadas, a frequência será semelhante em ambos os sexos”, afirma.

De acordo com Fábio, as principais cau-sas do câncer de boca continuam sendo o tabagismo e o etilismo – consumo de

bebidas alcoólicas – crônicos. “Quando o paciente é exposto a ambos os agentes si-multaneamente, estima-se que seu risco de desenvolver câncer de boca seja 30 vezes maior do que o de um paciente que não es-teja exposto a estas substâncias”, destaca. O INCA informa, ainda, que má higiene bu-cal e uso de próteses dentárias mal ajusta-das também são fatores de risco.

Quando o assunto é câncer, a regra geral é: quanto mais cedo for detectado, maiores serão as chances de cura. Mas um dos prin-cipais problemas do câncer de boca é que, em seus estágios iniciais, a doença é habi-tualmente indolor e, por isso, pode não ser percebida pelo paciente.

De acordo com o dentista, as primeiras manifestações clínicas geralmente incluem a presença de feridas ou inchaços que não cicatrizam, ou a presença de manchas bran-cas ou vermelhas na boca. “Dor não é um achado comum nas fases iniciais do câncer de boca e quando está presente pode sig-nificar que a doença já está em fase mais avançada”, informa.

O procedimento padrão, conforme ex-plica Fábio, é a realização de uma biópsia, que inclui a remoção de um fragmento da lesão, sob anestesia, para ser analisado em um laboratório especializado. “Uma vez confirmado o diagnóstico de câncer oral, o paciente deve ser encaminhado para um médico cirurgião de cabeça e pescoço para que seja programada a melhor estratégia de tratamento, que pode incluir cirurgia, radioterapia e quimioterapia e suas combi-nações”, explica.

O verão chegou e trouxe junto o perigo. Pela rapidez com que se reproduzem e a alta

capacidade de sofrerem mutações genéticas, os vírus e bactérias exigem atenção, especialmente em territórios tropicais. No Brasil, a grande preocupação da popula-ção e das autoridades, nos últimos anos, é o vírus da dengue, doença causada pelo mosquito transmis-sor, infectado, aedes aegypt.

A doença já causou grandes epidemias na história do país, e voltou a assolar os brasileiros, prin-cipalmente os cariocas, em 2006, quando o número de casos regis-trados da doença voltou a crescer

em todo o país. De acordo com dados levantados pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Ja-neiro SES-RJ), só no ano passado, foram registrados 168.242 casos e 140 óbitos, relacionados à dengue.

Com a ameaça de uma pos-sível nova epidemia no Estado, a Secretária de Saúde do Rio lançou a campanha “10 Minutos Contra a Dengue”. Com o objetivo de cons-cientizar a população que com apenas 10 minutinhos do seu dia é possível eliminar focos da den-gue que possam existir em suas residências. Essa conscientização “reforça a factibilidade do combate à dengue e a necessidade de uma ampla mobilização da sociedade

para que a resposta seja realmen-te efetiva”, afirma o superinten-dente de vgilância epidemiológica e ambiental da SES-RJ, Alexandre Chieppe.

A variação de um novo tipo da dengue, o tipo 4, tem sido a grande preocupação, já que esse novo sorotipo é pouco conhecido no país. Em circulação em outros países, esse novo tipo da doença tem poucos registros no Brasil. Os sintomas do tipo 4 são os mesmos em qualquer tipo da doença, isto é, a pessoa contaminada pode apre-sentar febre alta de inicio súbito, dor de cabeça, prostração, dor retro-orbitária, dores nas articula-ções, náuseas, vômitos e manchas

avermelhadas pela pele. Entretan-to ela deixa crianças e idosos mais vulneráveis, principalmente aque-les que já foram diagnosticados com os sorotipos 1, 2 e 3.

A enfermeira líder da Emergên-cia da Clinica São Vicente, Bruna Motta de Carvalho, afirma que o vírus tipo 4 não é mais perigoso do que os outros três existentes. “Ele causa preocupação porque deixa as pessoas que já foram contami-nadas mais suscetíveis às mani-festações mais graves da doença”. E a enfermeira ainda explica que, a cada nova infecção, as chances de se contrair a dengue hemorrági-ca aumentam. Alexandre Chieppe completa dizendo que o risco está

concentrado na falta de imunidade da nossa população para o vírus tipo 4.

Chieppe contou que existem estudos sendo realizados para avaliar as características de todos os vírus que circulam pelo país, in-clusive o da dengue, o que possibi-lita identificar possíveis mutações do vírus. “Esses estudos ajudam, também, no desenvolvimento de vacinas e de ações como forma de prevenção da doença”, explica. No entanto, ele faz questão de ressal-tar que para os próximos 10 anos o combate deve continuar sendo feito através de ações preventivas e da conscientização e orientação da população.

Possibilidade de epidemia deixa Rio de Janeiro em alerta

Câncer de boca, prevenção é o melhor tratamento

Autoridades deixam claro para população que os 10 minutos diários são fundamentais para evitar a epidemia

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Atualidades

A palmada deixou de ser corretivo

Educação é algo que se aprende em casa. Cada família tem seu método para educar, geralmente

passado de geração para geração. Se os pais foram criados de uma maneira, tendem a passar a mes-ma educação para seus filhos e a utilizar os mesmos métodos para corrigi-los.

Além de deixar o filho sem me-sada, sem permissão para brincar com os amigos e até mesmo sem assistir a televisão, muitos se uti-lizam da famosa palmada como corretivo. Mas em muitos casos, os pais exageram e acabam espan-cando os filhos. Alguns pais defen-dem o uso da “palmada corretiva”, mas segundo a psicóloga Carine Eleutério, existem outras formas de mostrar à criança o que é certo e errado, “de fazer a criança en-tender como deve proceder, o que lhe é permitido ou não fazer, o que seus pais esperam dela”.

Para defender a criança e o adolescente do abuso dos pais e responsáveis, foi criado o Projeto de Lei 7.672/2010 - Educação sem

uso de castigos corporais, conhe-cido como Lei da Palmada. O ter-mo “Lei da Palmada” não agrada autoridades como o delegado da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ e coordenador do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDECA Rio de Janeiro), Pedro Pereira.

“Esse termo foi criado pela mí-dia e não concordo com ele, por-que ele reforça um estereótipo, mi-nimizando uma situação tão grave e danosa, além de tirar o foco do enorme problema que queremos combater, que é a naturalização do uso dos castigos corporais contra crianças e adolescentes”, explica o advogado. Ainda segundo ele, a fu-tura lei visa melhorar ainda mais a proteção de crianças e adolescen-tes e o fortalecimento dos vínculos familiares, incluindo novos artigos na Lei nº 8.069/90 (ECA).

Marcia Oliveira, coordenadora da campanha permanente “Não Bata, Eduque”, acredita que é ne-cessário discutir e deixar claro que bater não educa. “Bater apresenta risco para a saúde física e mental da

criança, ensina a criança a bater, a mentir para evitar os castigos físi-cos, afasta a criança dos pais e não ensina o que é certo e errado”, diz.

A coordenadora explica que, como a curto prazo, “bater” apre-senta um resultado imediato, por-que paralisa um ato de malcriação e interrompe uma discussão, o ato é bastante praticado, mesmo tendo um preço alto. “Traz senti-mentos negativos tanto para as crianças, como tristeza, medo, raiva, ódio, vontade de fugir, entre outros, quanto para os pais, como a tristeza, sentimentos de culpa e incompetência, arrependimento”, enumera.

Marcia conta que, a longo pra-zo, bater deixa de funcionar e, em muitos casos, os pais passam a au-mentar a frequência e a intensida-de do uso dos castigos físicos. “Os pais utilizam, inclusive, instrumen-tos como: chinelos, cintos, colhe-res de pau, varas de goiaba, cabo de vassoura etc.”. Ainda segundo a coordenadora, um ambiente vio-lento deteriora as relações familia-res e dificulta a comunicação e a

solução de forma pacífica.Hoje, com a aprovação do pro-

jeto de lei em dezembro de 2011, muitos pais estão apreensivos com o que efetivamente essa lei traz de novo. A comunicóloga Walquiria Kascher, 31 anos, tem dois filhos e acredita que uma palmada no mo-mento certo pode ajudar a educar. “Eu já dei algumas palmadas no meu filho mais velho, mas jamais o machucaria. Muito pelo contrário, acredito que a função dos pais é educar e proteger em primeiro lu-gar”, completa.

Walquiria e muitos outros pais não são a favor da “Lei da Palma-da”. Ela acredita que o governo deve explicar melhor como será essa lei, destacando os pontos importantes e explicando-os para a população. “Da forma que eu es-cuto falar hoje desse projeto de lei, não sou a favor. Acredito que, se as informações dessa lei fossem mais claras, até pudesse ser a favor”, confessa.

O delegado da Comissão de Di-reitos Humanos da OAB/RJ, Pedro Pereira, acredita que nenhuma lei

por si só transforma a realidade. “A lei é um dos instrumentos des-sa mudança de atitude, mentali-dade, comportamento, mentes e corações. É importante que todo cidadão, além de ser solidário com aqueles que sofrem violência, ajudem a cobrar do poder público a efetivação da lei através de po-líticas públicas, com programas e projetos preventivos e de atendi-mento direto, de maneira especial, com o fortalecimento e estrutura-ção dos Conselhos Tutelares.”

A coordenadora da Campanha Permanente “Não Bata, Eduque” concorda e diz que esse será um longo e rico processo. “Com o de-senvolvimento de campanhas de sensibilização e a divulgação de práticas positivas de educação, as crianças e adolescentes vão come-çar a entender que não é “natural” apanharem, e os pais, que não é natural bater.” Ainda segundo Mar-cia, o exercício da tolerância e do diálogo respeitoso, essenciais para a convivência democrática, passa-rão a ser mais valorizados, em de-trimento do uso da violência.

Relação de países que garantem por lei o direito da criança e do adolescente a serem educados e cuidados sem o uso de castigos corporais e tratamento cruel ou degradante:

Sudão do Sul 2011 Hungria 2005Polônia 2010 Romênia 2004Quênia 2010 Ucrânia 2004Tunísia 2010 Islândia 2003Costa Rica 2008 Nepal* 2002Listenstaine 2008 Alemanha 2000Luxemburgo 2008 Bulgária 2000República de Moldávia 2008 Israel 2000Espanha 2007 Croácia 1999Holanda 2007 Letônia 1998Nova Zelândia 2007 Dinamarca 1997Portugal 2007 Chipre 1994Uruguai 2007 Áustria 1989Venezuela 2007 Noruega 1987Grécia 2006 Finlândia 1983Itália* 2006 Suécia 1979

*A Suprema Corte já declarou a proibição dos castigos corporais e o tra-tamento cruel e degradan-te, porém isso não confirma a proibição por lei.

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Fonte de lucro e diversão, a festa carnavalesca movimenta a economia do Brasil. Com fantasias,

máscaras, confete e serpentina, o Carnaval anima turistas de todo o mundo. A maior festa popular do Brasil é considerada um dos even-tos mais animados e envolventes.

Segundo a professora e coor-denadora do Curso de Pós-Gradu-ação em Figurino e Carnaval da Universidade Veiga de Almeida (UVA), Helena Theodoro, o que antes “era uma grande e confu-sa confusão”, com o surgimento da primeira escola de samba, em 1928, no Rio de Janeiro, passou a ser coisa séria.

A professora afirma que, de um jeito singular, as escolas pas-saram a refletir toda a mistura de povos e raças que compõem a cultura brasileira, ainda que com

algumas influências europeias dando origem ao universo do car-naval brasileiro que hoje o mundo inteiro conhece.

O samba, o axé, o maracatu e os outros ritmos do Brasil encan-tam estrangeiros. As diferenças culturais estão na maneira de se “pular” o carnaval pelo país afora, entretanto, a animação é sempre a mesma em qualquer lugar, e foi isso que fez do país referência em carnaval.

Hoje, o Estado do Rio de Ja-neiro se destaca dentre os outros e é o palco principal dessa folia. Segundo informações divulgadas pela RioTur, só no ano passado, a cidade bateu recorde de turistas e foliões na rua, sagrando-se, as-sim, o estado com o maior carna-val de rua do Brasil.

Ainda segundo dados da Rio-Tur, o Rio de Janeiro movimenta

cerca de R$1 bilhão em cada car-naval. Escolas de samba e blocos de carnaval se preparam com me-ses de antecedência e têm mui-to trabalho para deixar o evento grandioso.

Com a arrecadação de aproxi-madamente U$800 milhões, a rede hoteleira também acompanhou esse crescimento e teve um regis-tro de quase 100% de seus quartos preenchidos e de pacotes vendidos. O Sambódromo, onde acontecem os tradicionais desfiles das escolas de samba cariocas, teve sua lota-ção máxima.

“Os desfiles e as escolas de samba chamam a atenção do gran-de público, pois apresentam toda a arte e o esforço desenvolvidos du-rante o ano por aquela comunidade. Além de toda a realização pessoal, temos, também, a realização profis-sional”, observa Helena Theodoro.

Cultura

Centenário de Jorge Amado e Nelson RodriguesO

ano de 2012 mar-ca o centenário do nascimento de dois dos maiores gênios

da literatura brasileira, o escritor baiano Jorge Amado e o drama-turgo Nelson Rodrigues. As home-nagens vão desde sambas-enredo a filmes e exposições, exaltando a importância desses escritores não só no Brasil, mas em todo o mundo.

Segundo a mestre em Linguís-

tica Aplicada e coordenadora do Curso de Letras da UVA, professo-ra Flávia Maria Baptista da Cunha, apesar de estilos diferentes, o principal legado dos dois escrito-res foram de obras clássicas à lite-ratura brasileira e ao teatro nacio-nal. “Nelson Rodrigues foi autor de 17 peças e teve seus espetáculos encenados no mundo inteiro. Já a obra literária de Jorge Amado passou por diversas adaptações para o cinema, teatro e televisão”,

destaca.Nelson Rodrigues nasceu em

Recife, em agosto de 1912, e se mudou ainda pequeno para o Rio de Janeiro. Foi criado na zona nor-te da cidade e no clima da época, com vizinhas solteironas e viúvas amarguradas que deram vida, tempos depois, às suas obras literárias. A professora ressalta que suas peças tinham como re-ferência os problemas sociais e os traumas familiares. “O teatro bra-sileiro deve muito a ele, que pode ser considerado o principal criador do teatro moderno”, avalia.

Jorge Amado nasceu em Ita-buna, Bahia, também em agosto de 1912. Em 1918, já alfabetiza-do por sua mãe, mudou-se para Ilhéus, onde passou a frequentar a escola. No ginásio, começou a trabalhar em jornais e a participar da vida literária local, se tornando um dos fundadores da Academia dos Rebeldes. “Ele foi um dos es-critores mais queridos do público brasileiro, apresentando a Bahia ao mundo com personagens como Gabriela e Dona Flor, retratando sempre a baianidade em suas obras”, destaca.

Mais semelhanças do que diferenças

O talento de ambos os escri-tores apareceu cedo. No caso de Nelson, ocorreu um fato que depois se transformaria em um dos casos favoritos do escritor: o concurso de redação na classe.

Apesar de sua pouca idade, ele escreveu um conto sobre adulté-rio. A professora, em choque, logo tratou de inventar um empate para não ter que ler a obra de Nel-son. Além disso, aos 13 anos, já trabalhava como repórter policial no jornal “A Manhã”, fundado por seu pai, Mário Rodrigues.

Jorge também ingressou cedo na carreira jornalística. Em 1922, criou um pequeno jornal, “A Lu-neta”, distribuído para vizinhos e parentes. Nessa época, foi es-tudar em Salvador, em regime de internato, no Colégio Antônio

Vieira, de padres jesuítas. Devido à bela redação que apresentou ao padre Luiz Gonzaga Cabral, com o título de “O Mar”, recebeu elogios e fez com que o religioso passasse a lhe emprestar livros de autores portugueses e de outras partes do mundo.

Para a professora Flávia, ape-sar do centenário, suas obras não envelhecem, pelo contrário, “continuam contemporâneas, mostrando o dia a dia do povo brasileiro com seus problemas e dificuldades”.

Carnaval, a festa de todosMaior festa popular do país movimenta a economia e espalha alegria para foliões e empresários

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Fevereiro 2012

A Moda Plus Size vem ganhando espaço difundido por ícones brasileiros e interna-

cionais. Entusiastas da quebra do tabu da “magreza” exibida nas passarelas, as modelos plus size vêm causando furor na internet e nas revistas mais conceituadas de moda, conquistando capas e ensaios pra lá de sensuais. Exem-plo disso são as fotos da edição de junho (2011) da Vogue Itália, que traz na capa as tops plus size Tara Lynn, Candice Huffine e Robyn La-wley.

Numa tradução literal, plus size significa tamanho maior. No Brasil, embarcando no sucesso das pági-nas da internet, Juliana Ricci, au-tora do blog “Hoje Vou Assim Plus Size” e aluna de Fonoaudiologia da Universidade Veiga de Almeida, conta que sua inspiração para a criação da página, que completa dois anos em março deste ano, veio após uma entrevista a que assistiu na TV com Cris Guerra, do blog Hoje Vou Assim.

“Fiquei encantada e me inspirei totalmente na ideia de moda como arte e forma de expressão. Logo quis criar uma versão GG, para que, de uma maneira despreten-siosa e informal, pudesse trocar experiências e falar sobre o assun-to com mulheres que, como eu, gostam de moda e são considera-das ‘fora dos padrões’”, revela.

O blog HojeVouAssimPlusSize.com é um canal direto com as leitoras e, em média, conta com oito mil visitas mensais. O maior e mais surpreendente pico de vi-sitação registrado foi em novem-bro de 2011, com 18.500 visitas.

A blogueira acredita que a maior queixa de uma gordinha seja a di-ficuldade de encontrar roupas atu-ais e com estilo em lojas que não sejam especializadas em moda grande. “As leitoras não querem somente roupas que as sirvam. Elas querem, sobretudo, igualdade na hora de fazer compras e roupas que valorizem o corpo da mulher com curvas”, defende.

Pensando nisso, uma marca brasiliense lançou uma linha Plus Size, visando atender todas as clientes. E foi uma aposta que deu certo. A loja contava com peças que iam ampliando a numeração, sem criar uma linha diferenciada. Já em terras internacionais, em uma aposta tímida, a Saks, na Quinta Avenida em Nova York, vai passar a oferecer tamanhos gran-des de grifes de luxo como Chanel, Yves Saint Laurent, Alexander Mc-Queen, Marc Jacobs e Valentino, talvez também por influência dos números altíssimos.

Em janeiro de 2010, foi criado o Fashion Weekend Plus Size, mais um grito de independência contra os padrões empurrados pela mí-dia. Inspirado na “Full Figured Plus Size”, a semana de moda para mu-lheres que usam manequim GG, realizada em Nova York, a Fashion Weekend Plus Size, hoje faz parte do calendário da moda brasileira e conta com duas edições anuais. “Nada mais justo termos mulheres lindas e talentosas, para nos inspi-rarmos. Como consumidora, toda vez que as vejo nas passarelas ou nos editoriais, projeto minhas ex-pectativas na conquista da beleza em todos os tamanhos”, afirma Juliana.

Manequim GG ganha espaço no mundo fashion

Escola de Design

Rio entra em cena nos projetos de design da UVA

Após um ano em que a sustentabilidade norteou os projetos da Escola de Design

da Universidade Veiga de Almei-da, em 2012, será o “Design Ca-RIOquês” que terá destaque na escola. Conhecido mundialmente por suas belezas naturais e, mais recentemente, pelos grandes

eventos que vai sediar, o Rio de Janeiro está se desenvolvendo e ganhando evidência no cenário mundial.

Para a coordenadora da Escola de Design e do Curso de Gradu-ação Tecnológica em Design de Interiores do Campus Barra, Lour-des Luz, a cidade está em alta e está na moda. “Hoje, temos

um Rio de Janeiro mais seguro e tranquilo e teremos a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Será um orgulho para nós contribuir, de certa forma, com a divulgação desse idioma carioquês”, conta.

Lourdes Luz explica que o tema será introduzido em aulas, palestras e eventos dos Cursos de Design da UVA de diferentes

formas. “De estamparia a vinhe-tas, de projetos de interiores a la-boratórios de criação, o nosso Rio será o tema”, destaca. Para esse ano, estão previstos vários even-tos. Destaque para a 5ª edição do Design-se – que mostra as inicia-tivas da área –, para a premiação dos Novos Talentos da Escola de Design e para a Mostra Curta

Animados de universitários. Em 2012, haverá também uma

comemoração especial pelo ani-versário de dez anos do Curso de Design de Interiores. “Como sem-pre, vamos trazer convidados es-peciais para as aulas e promover muita integração com o mercado de trabalho”, afirma a coordena-dora.

Projetos e eventos da Escola de Design terão como inspiração a Cidade Maravilhosa