N e s t a Edição -...

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MEDIUNIDADE A Impropriedade do Termo “Incorporação” Da Redação 07 ESPIRITISMO O Grande Desconhecido - José Herculano Pires 08 ESTUDO As Dez Pragas - Fátima Granja 10 ACONTECEU COMIGO Sonho Premonitório - Therezinha Oliveira 22 RECORDANDO CHICO O “Pinga Fogo” - TV Tupi - 3ª parte 28 18 CAPA A Páscoa na Visão Espírita - Equipe Editorial TRADIÇÃO Eles “baixam”? - Orson Peter Carrara 23 BIOGRAFIA Carlos Pastorinho - O autor de Minutos de Sabedoria 30 HAGIOGRAFIA Francisco de Assis - Uma Vida de Amor - parte 2 Da Redação 24 DESMISTIFICANDO Crianças como guias espirituais! Pssível? Marcos Augusto 27 TEOLOGIA O Espiritismo é Religião mesmo!? - Leandro Camargo 32 INFORMAÇÃO O Editor Recomenda - O Editor 35 CURIOSIDADES BÍBLICAS Você Sabia ... - Julieta Closer 15 Edição FidelidadESPÍRITA - ABRIL DE 2003 Nesta Nesta CONTO Há um Século - Hilário Silva / Francisco C. Xavier 16 REAFIRMANDO Nossos Critérios Editoriais - Da Redação 04 EDITORIAL O Espírita não põe a mão no bolso?! 03 REVUE SPIRITE As Três Causas Principais das Doenças Dr. Morel Lavallée / Desliens 06 Reprodução Reprodução Reprodução Reprodução Reprodução Reprodução

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MEDIUNIDADEA Impropriedade do Termo “Incorporação”Da Redação

07

ESPIRITISMOO Grande Desconhecido - José Herculano Pires08

ESTUDOAs Dez Pragas - Fátima Granja10

ACONTECEU COMIGOSonho Premonitório - Therezinha Oliveira22

RECORDANDO CHICOO “Pinga Fogo” - TV Tupi - 3ª parte 28

18 CAPAA Páscoa na Visão Espírita - Equipe Editorial

TRADIÇÃOEles “baixam”? - Orson Peter Carrara23

BIOGRAFIACarlos Pastorinho - O autor de Minutos de Sabedoria30

HAGIOGRAFIAFrancisco de Assis - Uma Vida de Amor - parte 2Da Redação

24

DESMISTIFICANDOCrianças como guias espirituais! Pssível? Marcos Augusto

27

TEOLOGIAO Espiritismo é Religião mesmo!? - Leandro Camargo32

INFORMAÇÃOO Editor Recomenda - O Editor 35

CURIOSIDADES BÍBLICASVocê Sabia ... - Julieta Closer15

Ed i çãoFidelidadESPÍRITA - ABRIL DE 2003

Nes ta Nes ta

CONTO Há um Século - Hilário Silva / Francisco C. Xavier16

REAFIRMANDONossos Critérios Editoriais - Da Redação 04

EDITORIALO Espírita não põe a mão no bolso?!03

REVUE SPIRITEAs Três Causas Principais das DoençasDr. Morel Lavallée / Desliens

06

Rep

roduçã

o

Reprodução

Rep

roduçã

o

Reprodução

Reprodução

Reprodução

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gramando com entusiasmo, alegria e organização para a concretização do ideal proposto. As dificuldades não nos devem desanimar, também, não nos devem desesperar conduzindo-nos à adoção de conceitos estranhos ao Espiritismo, que ferem e não es-clarecem. A propósito, é de se lamen-tar que, em nosso Movimento, a im-prensa escrita e falada se ocupe em acusar os que não cooperam quando deveríamos estimulá-los ao trabalho e valorizar os que ajudam há déca-das! Que pensarão os não espíritas? Quem sabe dirão: Religiões?! Todas iguais! Apregoam valores morais, contudo, estão sempre interessadas nos reai$ dos adeptos.

Somos responsáveis por aquilo que nossos atos e palavras despertam nos outros. O correto seria mostrar o ideal dos grandes espíritas, o amor daqueles que trabalham no anonimato durante anos, valorizar-mos as boas obras, trocarmos idéias de recursos aplicados, ajudarmos uns aos outros. Fazendo assim, os que co-nosco convivem, naturalmente se sentirão estimulados e saberão que não há alegria maior do que a de ser-vir com amor e idealismo na Seara do Senhor.

Jesus fez tanto com pouco!Claro que devemos nos orga-

nizar, fazer campanhas, mas cuidan-do para que a necessidade, muitas vezes criada pela ânsia de produzir sem planejamento prévio, nos obri-gue a esquecermos as orientações de Jesus: Meus discípulos serão reco-nhecidos por muito se amarem (Jo. 13:35).

Trabalhemos em silêncio, exemplificando com amor, pois que fé sem obras é morta (Tg. 2:20).

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Para o exterior

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Internet

AnualNúmero Avulso

Anual

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FidelidadESPÍRITA é uma publicação

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Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Departamento Doutrinário

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Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Departamento Editorial

EditorialEditorial

O Editor

ez por outra, ondas de mo-dismos ou opiniões curiosas Vinvadem o Movimento.Atualmente, estamos vendo

e ouvindo, na imprensa e, também, das tribunas a triste frase: O Espírita não põe a mão no bolso.

Os partidários dessa idéia, muitas vezes, sofrem a ausência de cooperação financeira para honra-rem os compromissos assumidos na administração de Centros e obras as-sistenciais. Contudo, não se pode exi-gir do outro o mesmo desprendimen-to e dedicação que se tenha.

É verdade, as obras assisten-ciais solicitam muita atenção, cons-trução, consertos, manutenção, folha de pagamento... Todavia, não pode-mos exigir, em nome do Consolador, recursos financeiros de quem quer que seja. O Espiritismo é doutrina de liberdade; e, se observarmos bem, o Espírita tem posto a mão no bolso várias vezes, ao longo de anos, e o mais importante, de maneira espon-tânea, voluntária. A diferença do Espiritismo para as outras teologias está no fato de primar pelo esclareci-mento.

É admirável ver as obras es-píritas edificadas voluntariamente e sem a obrigatoriedade do dízimo, que jamais deverá existir em nossas filei-ras.

Se estimularmos, com o pró-prio exemplo, os irmãos de jornada ao trabalho abnegado, ao desinteres-se material, à fraternidade e abrirmos campo para que se envolvam com a obra, todos se sentirão felizes e, natu-ralmente, cooperarão dentro das suas possibilidades. Contudo, lembremo-nos de Jesus: Fiel no pouco, fiel no muito (Luc.16:9-12). Se não temos recursos financeiros para a execução de grandes obras, atuemos com aqui-lo que possuímos, sem críticas e ofen-sas que de nada adiantarão, nos pro-

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Reafirmando

Em resumo, publicando-se as comuni-cações dignas de interesse, faz-se uma coi

insigni-ficantes ou más, faz-se mais mal do que bem.

Com efeito, desenvolvemos um critério próprio, cujo modelo figura ao lado desta pági-na, a fim de que nossos leitores possam estar tranqüilos quanto ao cuidado na análise dos ar-tigos que nos são enviados. Da mesma maneira, pedimos aos escritores que os textos, a nós en-dereçados, estejam rigorosamente dentro destes critérios.

Talvez que nos perguntem: Não será exagero?

Ao contrário de muitos jornais e revis-tas espíritas que dizem: Não nos responsabiliza-

mos pelos artigos assinados; a revista Fideli-

dadESPÍRITA, responsabiliza-se, doutrinaria-mente, por todos os artigos nela publicados por entender que expressam os postulados espíritas.

Por isso, julgamos que todo cuidado é pouco, por respeito à Doutrina Espírita e ao pú-blico ledor.

A seguir, apresentamos aos respeitáveis leitores e aos lúcidos articulistas Nossos Crité-rios Editoriais:

sa útil; publicando aquelas que são fracas,

Nossos Crité-rios Editoriais:

Não se saberia, pois, cercar-se muito de precauções para evitar as publicações lamentáveis; mais vale, em semelhante caso, pecar por excesso de prudência,

no interesse da causa.

Allan Kardec Revista Espírita 1863 pág. 159

Não se saberia, pois, cercar-se muito de precauções para evitar as publicações lamentáveis; mais vale, em semelhante caso, pecar por excesso de prudência,

no interesse da causa.

Allan Kardec Revista Espírita 1863 pág. 159

endo em vista o número crescente de no-vos assinantes, consideramos oportuno Treafirmarmos os critérios que norteiam a

seleção das matérias que ofertamos aos nossos leitores.

Com o propósito de divulgação e de Fi-delidade ao Espiritismo, esta revista se preocu-pa com a qualidade doutrinária dos seus arti-gos. Num período de popularização da Doutri-na, onde uma enxurrada de idéias antidoutriná-rias correm caudalosamente em nosso movi-mento, se faz necessário um critério editorial.

Todavia, recorremos aos textos de Allan Kardec e encontramos na Revista Espírita de 1863, maio - as seguintes orientações que fun-damentam nosso trabalho:

(...) Uma coisa pode ser excelente em si mesma, muito boa para dela fazer sua instrução pessoal, mas o que deve ser entregue ao público exige condições especiais...

(...) O que dizemos não é para desenco-rajar de fazer publicações, longe disso, mas pa-ra mostrar a necessidade de uma escolha rigo-rosa, condição sine qua non de sucesso...

(...) Uma coisa pode ser excelente em si mesma, muito boa para dela fazer sua instrução pessoal, mas o que deve ser entregue ao público exige condições especiais...

rigo-rosa

Não se saberia, pois, cercar-se muito de precauções para evitar as publicações lamentáveis; mais vale, em semelhante caso, pecar por excesso de prudência,

no interesse da causa.

Allan Kardec Revista Espírita 1863 pág. 159

Não se saberia, pois, cercar-se muito de precauções para evitar as publicações lamentáveis; mais vale, em semelhante caso, pecar por excesso de prudência,

no interesse da causa.

Allan Kardec Revista Espírita 1863 pág. 159

Da Redação

Abril 200304 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Nossos Cr i tér ios

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Tema Composição Linguagem CoesãoConteúdo

Doutrinário Total

0 - 3 Não publicar.

4 - 5 Não publicar. Fazer correções necessárias, arquivando o material.

6 - 7 Não publicar inicialmente. Corrigir cuidadosamente os erros ortográficos e principalmente os doutriná-

rios. Fazer nova avaliação do texto corrigido, publicando o artigo, com as devidas alterações, somente

na ausência de textos melhores e com muita reserva.

8 - 10 Publicar, priorizando os de notas 10.

Título do Artigo: Avaliação em:Articulista: Por:

Critério para publicação:

Atenção: Na avaliação, assinalar todos os itens que julgar necessários. Ao final, verificar quais quadrados assinalados dispõem de valores na frente. Transcreva os números para os quadrados maiores; some e coloque o resultado no últimoquadrado grande na parte superior direita. Assinalando, a seguir, no local indicado, a nota que possibilitará publicação ou não.

1- Análise textual (2 pontos)a) Quanto ao Tema, o texto: Foge completamente ao tema. Explora o assunto mas aborda superficialmente o tema. Aborda parcialmente o tema. (0,5) Aborda adequadamente o tema.

b) Quanto ao tipo de Composição:Dissertação, poesia, conto, etc... Foge totalmente. Foge parcialmente (mistura modalidades textuais). Atende ao tipo, porém, apresenta falhas de estrutura. Atende ao tipo, mas não utiliza todos os seus recursos. (0,5) Apresenta bom aproveitamento do tipo de compo- sição.

c) Quanto ao nível de Linguagem: Insuficiência vocabular e erros gramaticais. Variedade, entretanto, falha em propriedade vocabular e adequação gramatical. (0,5) Adequação gramatical e vocabular.

d) Quanto à Coesão do texto: É composto de frases soltas. Apresenta falhas de encadeamento (repetição excessiva de itens, frases incompletas ou emendadas).

Falta de adequação ao tema. Falta de coesão entre as idéias. Idéias contraditórias ou ambíguas. (0,5) Coerência absoluta.

2- Análise Doutrinária (8 pontos)

a) Quanto ao Conteúdo Doutrinário: (0,5) Não causa conflito. (0,75) Desperta interesse positivo. (0,5) Cita as fontes corretamente. (1,0) As fontes são de autores doutrinariamente corretos. (1,0) São exatas todas as citações sobre personagens da história, ou referências bíblicas/ evangélicas. (1,25) É útil para a edificação geral. (2.0) Doutrinariamente correto.

b) Quanto às Idéias: Desperta interesse, mas causa conflitos. Tem idéias conflitantes com o Espiritismo. É de interesse privado, particular. É vulgar no estilo e nas idéias. É fútil, pueril, e nada contribui. Inadequado quanto ao fundo. (1,0) Bom quanto ao fundo.

Abril 2003 05FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Editor ia i s

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suas funções, e nem é cuidando de um nem do outro que se fará desa-parecer a causa.

Não é, pois, vestindo a ca-misa de força num louco, ou lhe dando pílulas ou duchas, que se conseguirá repô-lo no estado nor-mal. Apenas acalmarão seus senti-dos revoltados; acalmarão os seus acessos, mas não destruirão o ger-me senão o combatendo por seus semelhantes, fazendo homeopatia espiritual e fluidicamente, como se faz materialmente, dando ao doen-te, pela prece, uma dose infinetesi-mal de paciência, de calma, de re-signação, conforme o caso, como se lhe dá uma dose infinetesimal de brucina, de digitalis ou de acônito.

Para destruir uma causa mórbida, a que combate-la em seu terreno.

Dr. Morel Lavallée

Revue Spirite

que as funções possam retomar seu estado normal. Se a doença proce-der do Espírito, não se poderia em-pregar, para a combater, outra coisa se não uma medicação espiritual. Se, em fim, como é o caso mais ge-ral, e, pode mesmo dizer-se, que se apresenta exclusivamente, se a do-ença procede do corpo, do perispíri-to e do Espírito, será preciso que a medicação combata simultanea-mente todas as causas da desordem por meios diversos, para obter a cu-ra. Ora, que fazem geralmente os médicos? Cuidam do corpo e o cu-ram; mas curam a doença? Não. Porque? Porque sendo o perispírito um princípio superior à matéria propriamente dita, poderá tornar-se a causa em relação a esta. E, se for entretavado, os órgãos materiais, que se acham em relação com ele, serão igualmente atingidos na sua vitalidade. Cuidando do corpo, des-truireis o efeito; mas, residindo a causa no perispírito, a doença vol-tará novamente, quando cessarem os cuidados, até que se perceba que é preciso levar alhures a atenção, cuidando fluidicamente o princípio fluídico mórbido.

Se, enfim, a doença proce-der da mente, do Espírito, o perispí-rito e o corpo, postos sob sua de-pendência, serão entravados em

ue é o homem?... Um com-posto de três princípios es-Qsenciais: o Espírito, o peris-

pírito e o corpo. A ausência de qual-quer destes três princípios acarreta-ria necessariamente o aniquilamen-to do ser no estado humano. Se o corpo não mais existir, haverá o Espírito e não mais o homem; se o perispírito faltar ou não puder fun-cionar, não podendo o imaterial agir diretamente sobre a matéria, poderá haver alguma coisa no gêne-ro do deficiente mental, mas jamais um ser inteligente. Enfim, se o Espí-rito faltar, ter-se-á um feto vivendo vida animal e não um Espírito en-carnado. Se, pois, temos três princí-pios em presença, esses três princí-pios devem reagir um sobre o outro, e seguir-se-á a saúde ou a doença, conforme haja entre eles harmonia perfeita ou desacordo parcial.

Se a doença ou desordem orgânica, como se queira chamar, procede do corpo, os medicamentos materiais, sabiamente empregados, bastarão para restabelecer a harmo-nia geral.

Se a perturbação vier do pe-rispírito, se for uma modificação do princípio fluídico que o compõe, que se acha alterado, será preciso uma modificação em relação com a natureza do órgão perturbado, para

Abril 200306 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

As TrêsCausas Principaisdas Doenças

As TrêsCausas Principaisdas Doenças(Paris, 25 de outubro de 1866 médium, Sr. Desliens)

Fonte:Transcrito do artigo: As três causas prin-cipais das doenças - Allan Kardec - Revis-ta Espírita - Fevereiro de 1867, pg. 55/56 - Tradução de Julio Abreu Filho - Ed. Edi-cel.

DissertaçõesEspíritasDissertaçõesEspíritas

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Mediunidade

essa é apenas uma idéia que decorre da impropriedade da palavra.

Muitos poderão afirmar que se trata apenas de uma questão terminológica, toda-via, as palavras são os símbo-los utilizados para transmitir-mos nossas idéias, mesmo que simplistas. A idéia, mesmo que correta, passa a ser errônea em face de uma simbolização in-correta.

É bem verdade que um estudioso, portador de certa ex-periência e conhecimento, en-tenderá a palavra “incorpora-ção” como um fenômeno psi-cofônico, mas, o incipiente, ini-ciante da Doutrina Espírita, não, passando a conhecer o fe-nômeno de forma equivocada pela nomenclatura utilizada.

Conhecendo essa pro-blemática, Allan Kardec nos ensinou: “Para as coisas novas necessitamos de palavras no-vas, pois assim o exige a clare-za de linguagem, para evitar-mos a confusão inerente aos

múltiplos sentidos dos próprios vocábulos”.

Nesses termos, não fica-mos impedidos de utilizar a ter-minologia “incorporação” des-de que expliquemos seu efetivo significado, especialmente, se estivermos transmitindo infor-mações a iniciantes na Doutri-na Espírita.

Todavia, sugerimos os termos: psicofonia e mediuni-dade falante, ambos adotados por Allan Kardec.

Da Redação

ncorporação. Esse termo já é tradicional no vocabulá-Irio dos espíritas brasileiros,

porém, é inadequado para des-crever o fenômeno a que se propõe.

O que o vocábulo “in-corporação” busca denominar são aqueles fenômenos em que o médium parece “tomado” pe-la entidade que se manifesta, reproduzindo o modo de ser do Espírito em seus gestos e ex-pressões faciais. Ocorre um transe global (envolve todo o corpo do médium), onde todo aparato motor do sensitivo fica em uso.

Entretanto, a adoção da expressão acima citada, traz a idéia de que o Espírito comuni-cante entra no corpo do médi-um à semelhança de um líqui-do que penetra uma garrafa, contudo, não é isso o que ocor-re. A ação é mental, perispírito a perispírito, nunca ocorrendo a substituição do Espírito en-carnado (médium) pelo Espírito desencarnado (comunicante),

A Impropriedade doTermo “Incorporação”

Para saber mais, consulte:1) Desafios da Mediunidade - Camilo/J. Raul Teixeira - Ed. Fráter, questão 28 1ª edição.

2) Mediunidade - Herculano Pires - Ed. Paidéia, 2ª edição, p. 37.3) Diversidade dos Carismas - Hermí-nio C. Miranda, Ed. Lachâtre, 3ª edição, p. 50 /54, vol. II.4) O Livro dos Médiuns - Allan Kardec, Ed. LAKE, 20ª edição.5)O Livro dos Espíritos - Allan Kardec, Ed. LAKE, 20ª edição, p. 24.6) Dicionário de Filosofia Espírita - La-martine Palhano Jr., Ed. CELD, 1ª edi-ção.

“Para as coisas novas necessitamos de palavras novas, pois assim o exige a clareza de linguagem, para evitarmos a confusão inerente aos múltiplos sentidos dos próprios vocábulos”. “Allan Kardec”

Abril 2003 07FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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não é fácil. Porque ninguém o co-nhece, ninguém acredita que se precisa estudá-lo, pensam quase todos que se aprende a Doutrina ouvindo Espíritos. Os intelectuais espíritas são confundidos com médiuns. Quem escreve sobre Es-piritismo não escreve, faz psico-grafia. Acham que para estudar a Doutrina é preciso desenvolver a mediunidade e receber maravilho-sas lições de Espíritos Superiores.

Não obstante o Espiritis-mo é uma doutrina moderna, per-feitamente estruturada por um grande pensador, escritor e peda-gogo francês, homem de letras e ciências, famoso por sua cultura e trabalhos científicos e que assinou suas obras espíritas com o pseu-dônimo de Allan Kardec. Saber

Espiritismo

do século passado, é hoje o Gran-de Desconhecido dos que o apro-vam e o louvam e dos que o ata-cam e criticam.

Durante muito tempo ele foi encarado com pavor pelos reli-giosos, que viam nele uma criação diabólica para perdição das almas. Falar em fenômenos espíritas era provocar votos de esconjuro. Ler um livro espírita era pecado mor-tal, comprar passagem direta para o Caldeirão de Belzebu. Médicos ilustres chegaram a classificar o Espiritismo como fábrica de lou-cos. Quando começaram a surgir os hospitais espíritas para doenças mentais, alegaram que os espíritas procuravam curar loucos que eles mesmos faziam para aliviar suas consciências pesadas. E quando viam que o Espiritismo realmente curava loucos incuráveis, diziam que os demônios se entendiam en-tre si para lograr o povo.

Hoje, a situação mudou. Existem sociedades de médicos es-píritas e as pesquisas de fenôme-nos mediúnicos invadiram as maiores Universidades do Mundo. Não se pode negar que a coisa é séria, mas definir o Espiritismo

odos falam de Espiritismo, bem ou mal. Mas poucos o Tconhecem. Geralmente o

consideram como uma seita reli-giosa comum, carregada de su-perstições. Muitos o vêem como uma tentativa de sistematização de crendices populares, onde to-dos os absurdos podem ser encon-trados. Há os que o aceitam como nova Goécia, magia negra da Antigüidade disfarçada de Cristia-nismo milagreiro. Grandes cien-tistas se deixaram envolver nos seus problemas e se desmoraliza-ram. Outros entendem que podem encontrar nele a solução para to-dos os seus problemas, conseguir filtros de amor e os 13 pontos da loteria esportiva. E, na verdade, os seus próprios adeptos não o co-nhecem. Quem se diz espírita ar-risca-se a ser procurado para fazer macumba, despachos contra ini-migos ou curas milagrosas de do-enças incuráveis. Grandes Insti-tuições Espíritas, geralmente fun-dadas por pessoas sérias, tornam-se, às vezes, verdadeiras fontes de confusão a respeito do sentido e da natureza da Doutrina. O Espiri-tismo, nascido ontem, nos meados

Abril 200308 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

O Grande José Herculano Pires

O Espiritismo surgiu em 18 de abril de 1857, com a edição de O Livro dos Espíritos.

Praga, maldição.

O nome verdadeiro de Allan Kardec era Hippolyte Leon Denizard Rivail, nascido em 03/04/1804.

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Não é fácil definir o Espiritismo, doutrina complexa,que abrange todo o campo do Conhecimento

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Fonte:PIRES, José Herculano. Curso Dinâmico de Espiritismo. 3ª edição. p. 1/5. Ed. J. Herculano Pires.

cas, baseadas nas provas da so-brevivência humana após a morte e nas religiões históricas e genési-cas do Cristianismo com o Espiri-tismo; considerado como a Reli-gião em Espírito e Verdade, anun-ciada por Jesus, segundo os Evan-gelhos; religião espiritual, sem aparatos formais, dogmas de fé ou instituição igrejeira, sem sacra-mentos.

Essa seqüência: Obedece às leis da Gnosiologia, pelos quais o conhecimento começa nas expe-riências do homem com o mundo e se desenvolve nas ilações do pensamento, na cogitação filosó-fica e determina o comportamento humano dentro do quadro da rea-lidade conhecida; como no Espi-ritismo essa realidade supera os li-mites da vida física, a moral se projeta no campo das relações do homem com a Divindade, adqui-rindo sentido religioso.

Colocando assim o pro-blema, a complexidade do Espiri-tismo se torna facilmente compre-ensível. Tudo no Universo se pro-cessa mediante a ação e o controle das Leis Naturais, que correspon-dem à imanência do Deus no Mundo através de suas Leis. Toda realidade verificável é natural, de maneira que os Espíritos e suas

Essa seqüência:

isso já é saber alguma coisa a res-peito, mas está muito longe de ser tudo. Doutrina complexa, que abrange todo o campo do Conhe-cimento, apresenta-se enquadrada na seqüência epistemológica de:

Ciência: Como pesquisa dos fenômenos chamados para-normais, dotadas de métodos pró-prios, específicos e adequados ao objeto que investiga, tendo dado origem a todas as ciências do pa-ranormal, até à Parapsicologia atual e seu ramo romeno, que se disfarça sob o pouco conhecido de Psicotrônica, para não assustar os materialistas.

Filosofia: Como interpre-tação da natureza dos fenômenos e da reformulação da concepção do mundo e de toda a realidade segundo as novas descobertas ci-entíficas; aceita oficialmente no plano filosófico, consta do Dicio-nário Filosófico do Instituto de França; no Brasil, reconhecida pe-lo Instituto Brasileiro de Filosofia, constando do volume Panorama da Filosofia em São Paulo, edição conjunta do Instituto e da Univer-sidade de São Paulo, coordenação do Prof. Luiz Washington Vitta.

Religião: Como conse-qüência das conclusões filosófi-

Ciência:

Filosofia:

Religião:

manifestações não são sobrenatu-rais, mas fatos naturais explicá-veis, resultantes de Leis que a pes-quisa científica esclarece. O So-brenatural só se refere a Deus, cu-ja natureza não é acessível ao ho-mem neste estágio de sua evolu-ção, mas o será possivelmente, quando o homem atingir os graus superiores de sua evolução. Todas as possibilidades estão abertas e franqueadas ao homem em todo o Universo, desde que ele avance no desenvolvimento de suas potenci-alidades espirituais, segundo as leis da transcendência.

Abril 2003 09FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Desconhecido

Conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento científico, visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles técnicos, históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos, ou lingüísticos), siste-matizar as suas relações, esclarecer os seus vínculos, e avaliar os seus resultados e apli-cações.

Jo. 16:7.

Conclusões, deduções.

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estão narrados no Antigo Testamen-to no livro Êxodo. A maioria dos es-tudiosos concorda em 1.270 a.C, um século depois da construção das grandes pirâmides.

Quanto ao local, a Antiga Civilização dos Egípcios - uma soci-edade hierárquica baseada na agri-cultura e muito dependente de tudo o que se relacionasse com o Rio Nilo - centrada em torno de Menfis, ao sul da atual cidade do Cairo.

Os israelitas eram utilizados pelo faraó Ramsés II, como mão de obra nas construções da sua cidade e viviam em sistema de servidão, num local situado entre 80 e 120 km à no-roeste dos principais assentamentos egípcios no Delta do Nilo.

Estudo

Bíblia se torna um valioso instru-mento que nos fornece importantes informações - que pelo fato de ter si-do considerada sagrada, ficaram re-lativamente preservadas no trans-correr de milênios da história huma-na.

Pensando dessa forma, dois cientistas americanos - John Marr, ex-chefe da seção de epidemiologia do Departamento de Saúde do Mu-nicípio de Nova York, e Curtis Maloy da Universidade de Columbia - intri-gados com o que narra o Livro Êxodo - onde a Bíblia conta a epopéia vivi-da por Moisés e os israelitas, descre-vendo a saída do povo errante da ser-vidão no Egito em busca da sua Ca-naã - formularam uma interessante hipótese sobre as dez pragas que te-riam assolado o Egito.

O trabalho transformado em documentário - BBC World Wide Américas, Inc e Oxford Scientific films - foi recentemente veiculado pelo canal de televisão da Discovery.

Passamos a relatar o interes-sante estudo realizado.

Decifrando a narrativa bí-blica, os cientistas foram montando como que um quebra-cabeça, cuja primeira pedra era saber o local e a data para a ocorrência dos fatos que

Bíblia é considerada, por muitos, um livro sagrado: A APalavra de Deus.No entanto uma considerá-

vel parcela de pessoas, que a princí-pio era constituída apenas por estu-diosos do assunto, e que vem cres-cendo à medida que os estudos vão sendo assimilados, consideram a Bí-blia, não um livro sagrado, mas sim, uma admirável obra que nos remete a remotos tempos da Civilização Hu-mana.

Os 73 livros, atribuídos a 36 autores, que constituem a Bíblia, se considerarmos os Antigo e Novo Tes-tamentos, abrangem aproximada-mente 16 séculos da História da Hu-manidade.

Ao lermos a Bíblia porém, devemos levar em consideração que ela foi escrita por criaturas que não tinham os recursos que temos hoje e interpretavam os acontecimentos e fenômenos naturais, usando seus parcos e rudimentares conhecimen-tos sobre todas as coisas.

Atualmente, com tudo o que detemos na área do conhecimento podemos avaliar essas interpretações e separar de um lado a lenda, o mito, como também a mensagem cultural que se formou, e do outro lado os fa-tos - o que realmente teria aconteci-do.

Olhando por esse prisma a

Abril 200310 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

As dez Documentário recentemente veiculado pelo canal de televisão da Discovery apresenta as teorias de dois cientistas americanos para

decifrar a narrativa bíblica

Fátima Granja - Campinas/SP

O quebra-cabeça

Reprodução

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observamos que os mananciais e po-ços não foram afetados.

Já se falou em maré verme-lha, em crescimento de algas. Mas não existia referência a algas verme-lhas em água doce. Sabia-se que o crescimento de algas é comum em águas salgadas sendo que algumas são extremamente tóxicas e nocivas para os peixes. Essas algas podem conter pigmentos vermelhos, cuja súbita multiplicação poderia causar a cor vermelha das águas. Mas, ne-nhuma delas teria sobrevivido nas águas doces do Nilo. Era o que se pensava.

Na primavera de 1997, um desastre ambiental chegou às man-chetes norte-americanas; alguma coisa estava profundamente errada com as águas dos rios do sudeste dos Estados Unidos - os peixes estavam morrendo aos milhões. O horror fi-cou ainda pior porque suas carnes estavam laceradas por chagas pro-fundas.

A idéia de um supervírus

carnívoro assolou a mídia.Todos os olhos voltaram-se

para a bióloga marinha JoAnn M. Burkholder, professora na Carolina State University.

Ela havia identificado um organismo, uma alga chamada Harmful Algal Blooms, a pfiesteria.

A pfiesteria é uma planta minúscula que se locomove na água batendo sua cauda em fuso e se tor-na tóxica com o estímulo de alguma coisa secretada pelos peixes.

A Dra. JoAnn e sua equipe haviam descoberto que a substância secretada pela reprodução da pfies-teria é uma neurotoxina que atordoa os peixes e dissolve sua carne ainda em vida.

Foram identificadas cinco toxinas - o conjunto de substâncias tóxicas que a pfiesteria produz e lan-ça na água para narcotizar e matar os peixes.

Até hoje a pfiesteria já ma-tou mais de um milhão de peixes nos rios da Carolina do Norte e a equipe

Abril 2003 11FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Pragas

www.vims.edu/pfiesteria/images.html

Fotografia da pfiesteria,

Virginia Institute of Marine Science

Na época “das pragas” os is-raelitas, depois de muitos anos de servidão, começaram a exigir sua li-berdade.

Seu líder Moisés ameaçou o faraó egípcio com a demonstração da força do seu Deus.

Seria a primeira praga.

“Ele (Moisés) levantou o ca-jado, feriu as águas que estavam no Rio, aos olhos do faraó e de todos os seus servos e toda a água do Rio se converteu em sangue. Os peixes do Rio morreram. O Rio poluiu-se, e os egípcios não podiam beber a água do Rio”. (Exo. 7:20/21).

Visitando o Egito dá para se ter uma idéia do quanto a primeira praga seria devastadora para essa so-ciedade agrícola há 3.000 anos - o Rio Nilo é uma força primordial para o país. Ele produz húmus e água po-tável para o povo, para os animais e para as plantações. Se algo aconte-cesse que tornasse suas águas inse-guras para beber ou banhar-se, cau-saria efeitos psicológicos terríveis.

Com relação à primeira pra-ga, há dois aspectos a considerar:

- Porque as águas tornaram-se vermelhas?

- O que matou os peixes?

Teria de ser algo especifica-mente relacionado ao Rio, pois con-tinuando a ler a descrição do Êxodo

1. A Água Transformada em Sangue

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2. As Rãs

todo o teu território. O Rio ferverá de rãs, e elas subirão e entrarão na tua casa, no teu quarto de dormir, sobre o teu leito, e nas casas dos teus ser-vos e do teu povo e nos teus fornos e amassadeiras...

Aarão estendeu a mão sobre as águas do Egito, e subiram as rãs e cobriram a terra do Egito”. (Exo. 7:27/28 e 8:2).

Marr e Maloy acreditavam que para o sucesso de seu estudo de-veriam ver as pragas se relacionando entre si.

Estavam à procura do elo crucial entre as duas primeiras pra-gas.

- A pfiesteria de alguma ma-neira teria criado as condições ne-cessárias para a ocorrência da se-gunda praga?

A ligação aqui parecia sim-ples.

Sem peixes para alimenta-rem-se dos girinos, imensas quanti-dades de rãs haviam se desenvolvido e depois abandonado o rio tóxico em direção à terra.

- Mas teria havido mesmo tamanha quantidade de ovas de rãs, e as rãs poderiam ter criado os pro-blemas descritos?

- Ou poderiam ser sapos!

O trabalho Marr e Maloy es-tava se tornando conhecido nos cír-culos científicos, principalmente de-vido aos debates na internet.

O professor Richard Wasser-sug PHd da Dalhousie University na Nova Escócia - autoridade mundial em anfíbios - havia desenvolvido suas próprias idéias a respeito da se-gunda praga.

Na Bíblia há uma única pa-lavra para especificar rãs e sapos - “sefatéia”.

da pesquisadora acredita que as toxi-nas podem gerar problemas de saúde para a população humana também.

Ocorreram alguns efeitos nos funcionários do laboratório de pesquisa, ao manipularem a alga - problemas renais, hepáticos - com a produção anormal das enzimas do fí-gado, sugerindo que o corpo estava tentando se livrar de toxinas, dores nas juntas, dores musculares severas, dores de cabeça extremamente for-tes.

Se a pfiesteria tivesse se re-produzido nos rios do Antigo Egito, o sangue derramado pelos peixes juntamente com os pigmentos ver-melhos que ocorrem em algumas va-riações da alga, poderiam ser a causa da cor vermelha do Nilo, como ocor-reu nos rios da Carolina do Norte, e as suas águas tornar-se-iam tão tóxi-cas a ponto de não serem mais potá-veis.

- Mas de onde teriam vindo essas algas mortais?

Dra. JoAnn explica que um verão muito quente com uma forte ocorrência do El Niño precedeu a multiplicação de algas nocivas em várias partes do mundo.

Se as mudanças no clima de-sencadearam uma multiplicação ma-ciça de algas nocivas na Carolina do Norte, o mesmo pode ter ocorrido no Antigo Egito.

Um delicado equilíbrio alte-ra-se e sobrevém o desastre seja nos Estados Unidos hoje, seja no Egito dos tempos bíblicos.

Para Marr e Maloy a pfieste-ria encaixava-se à primeira praga como uma luva.

Estavam prontos para pros-seguir para a segunda praga.

“... eis que infestarei de rãs

Em português a palavra rã é usada para designar um tipo de rã es-verdeada que habita as alagoas do mundo todo, porém também é usada para designar tudo que se pareça com uma rã - rãs, sapos, pererecas, rãs aquáticas etc.

Desta forma, não há motivo para “sefatéia” não poder ser tradu-zida para significar tanto rãs como sapos.

É interessante observar o comportamento das rãs mencionado na Bíblia, comportamento que se en-caixa muito bem como o comporta-mento dos sapos.

Sapos do gênero “Bufo” são comuns no mundo inteiro e põem uma imensa quantidade de ovos. Isto é, um indivíduo pode produzir cente-nas de milhares de ovos. Além disso, seu comportamento de migrar para a terra como está descrito na Bíblia a-tacando pães, entrando em fornos, é o comportamento dos sapos atuais. Eles são atraídos por pontos de luz e calor, porque os insetos também são atraídos para esses pontos, e às vezes morrem pelo calor ou pela luz, e ca-em no chão, e os sapos os devoram. Esse comportamento encaixa-se com o dos sapos modernos.

El Niño - nome dado ao fenômeno climático cíclico, cujas causas ainda são pouco conheci-das, que é desencadeado por um aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pa-cífico, na latitude das costas peruanas o que acarreta alterações na circulação atmosférica em escala global.

1

Sapo (Bufo marinus)

Foto: P. S. Bernarde

1

Abril 200312 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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5. A Peste dos Animais

4. As Moscas

“Aarão estendeu a mão com seu cajado e feriu o pó da terra e hou-ve mosquitos sobre os homens e sobre os animais. E todo o pó da terra transformou-se em mosquitos por to-da a terra do Egito... e houve mos-quitos sobre os homens e os ani-mais”. (Exo. 8:13/15).

Como os insetos não eram sua especialidade Marr e Maloy fo-ram até a Mississipe State Univer-sity, onde o especialista internacio-nal em insetos Richard L. Brown - curador e diretor do Museu de Ento-mologia do Mississipi - poderia aju-dá-los.

Havia condições favoráveis para o aparecimento de mosquitos - além do alimento e umidade havia, também, a localização das terras des-tinadas às pastagens que, certamen-te, era perto da água.

As larvas tiveram ali sua melhor clava. No entanto algo intri-gava o entomologista: era o fato de, na Bíblia constar que os mosquitos estavam atacando os homens e, tam-bém, outros animais.

“Todos os mosquitos que co-nhecemos que atacam humanos não atacam outros animais”, argumentou Brown.

Mas apontou à Marr e Ma-loy que deveria haver cerca de 100 espécies na época que poderiam ser traduzidos como mosquitos.

Os dois estudiosos conven-cidos de que as pragas deveriam ser interligadas, decidiram colocar o problema dos mosquitos de lado (pa-ra retomá-lo depois) e passar para a quarta praga.

“... e moscas em grande nú-mero entraram na casa do faraó, nas

Marr e Maloy ficaram satis-feitos pelo fato de os Sapos Bufo se-midomésticos encaixarem-se na des-crição bíblica. Diferente das desovas mais modestas das rãs, os ovos in-tactos dos sapos teriam produzido milhões de filhotes transformando-se em um verdadeiro pesadelo.

“... e morreram as rãs das casas, dos pátios e dos campos. E juntaram-nas em montes imensos, e a terra ficou poluída”. (Exo. 8:10).

- O que tudo isso significaria para a próxima praga?

Ao que tudo indica temos uma série de pragas que parecem es-tar interligadas:

Os peixes estavam morrendo devido a um ambiente tóxico.

As rãs ou os sapos estavam fugindo da água.

E depois todos morreram.Esses animais eram os gran-

des devoradores dos insetos e parece haver uma interligação entre todas essas coisas na direção de algo que seria realmente catastrófico.

O quadro estava montado para a terceira praga.

casas dos servos e em toda parte do Egito”. (Exo. 8:20).

Como a terceira praga, a quarta deveria ter uma ligação com a morte das rãs, cuja ausência permiti-ria uma explosão na população de insetos.

Não há contradição com res-peito à quarta praga assemelhar-se com a experiência moderna com re-lação a enxames de moscas.

- O único problema seria: de que tipo seriam elas?

Identificá-las era um passo crucial na conexão da quarta praga com as pragas subseqüentes. Nova-mente os cientistas buscaram ajuda. Agora junto a seu antigo professor em Harvard, Andrew Spielman - Harvard School of Public Health.

A abordagem de Spielman era começar com as moscas que não se encaixavam, eliminando-as, res-tando no final apenas uma candida-ta: a Mosca dos Estábulos.

A população de Moscas dos Estábulos poderia explodir enorme-mente no caso de haver introdução e manutenção de animais na área.

Com os cavalos, o gado e suas fezes se acumulando no solo, poderia haver uma multiplicação de moscas dos estábulos e elas picam.

Desovando mais do que 500 ovos por vez, mais do que qualquer outra mosca, era a candidata ideal para o enxame de moscas.

A seguir viria a quinta pra-ga, a peste dos animais, uma doença epidêmica do gado.

“...Eis que a mão de Iahweh ferirá os rebanhos que estão nos cam-pos, os cavalos, os jumentos, os ca-melos, os bois e as ovelhas com uma peste muito grave... (Exo. 9:3).

3. Os Mosquitos

Área onde a peste eqüina éendêmica. Essa distribuiçãoé paralela ao habitat doinseto vetor, mosquito dogênero Culicoides.

www.vet.uga.edu/vpp/IVM/PORT/Horse/vector/htm

Abril 2003 13FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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O vírus desenvolve-se nas células que revestem os vasos san-guíneos do corpo inteiro e esses se deterioram rapidamente. O fluido presente no sangue entra nos pul-mões e os animais afogam-se nos se-us próprios fluídos corporais.

E isso pode acontecer muito rapidamente. Animais que estavam perfeitamente bem às 11 horas da manhã, duas horas depois haviam morrido com a Peste Eqüina Africa-na.

Mas ela não afeta animais ruminantes.

Há um outro vírus intima-mente relacionado a essa mesma fa-mília que causa Bluetongue, doença que causa febre e afeta o sistema res-piratório, fazendo com que a língua do animal inche e se torne cianótica, mostrando uma coloração azulada.

Afeta o gado, ovelhas e ca-bras, que são ruminantes.

Parece que a ocorrência de Peste Eqüina Africana e a Blueton-gue simultaneamente poderia ser a explicação para essa praga.

- Se a quinta praga era real-mente composta por dois vírus, por que eles se espalharam numa mesma área em tão pouco tempo depois das outras pragas?

Esses dois vírus são transmi-tidos pelo mesmo inseto que é cha-mado de Colicóide ou Maruím ou ainda Pium.

Nos Estados Unidos, são chamados de Nocium porque são tão pequenos que quase não se vê.

O vírus se aloja nesses inse-tos e quando eles picam um animal em seguida do outro, o transmitem.

As coisas estavam começan-do a se encaixar.

Quando Breeze sugeriu a Peste Eqüina e a Bluetongue, dizen-do que elas eram transmitidas pelos Culicóides, Mar e Maloy relaciona-

...Mas não morreu nenhum dos animais dos filhos de Israel”. (Exo. 9:6).

Os dois estudiosos se dirigi-ram então ao Plum Island Animal Di-sease.

O Plum Island é um local on-de se estudam doenças muito perigo-sas, e costumava ser uma instalação de armazenamento dos vírus mais le-tais. Era administrado pelo exército.

Seu diretor, Roger Breeze, Agricultural Research Service, USDA, é um dos principais virologis-tas de animais do mundo.

A maioria das doenças mais perigosas para muitos animais é na verdade originária da África. Elas têm origem lá e chegam até os outros continentes. Por isso se tem muito interesse no controle dessas doenças africanas.

Era preciso encontrar uma moléstia que afetasse um grande nú-mero de espécies e não são muitas as doenças que fazem isso de maneira episódica.

Buscando saber qual teria sido a causa da quinta praga, na ver-dade foi desenvolvido um trabalho muito interessante sobre a Peste Eqüina Africana no Plum Island.

A Peste Eqüina Africana é uma moléstia que afeta cavalos, mu-las e jumentos. Não afeta ruminan-tes.

ram imediatamente com a terceira praga.

Os Culicóides seriam os can-didatos perfeitos para a praga dos mosquitos.

São muito pequenos, não dá para enxergar e quando picam a co-ceira é tremenda, muito parecida à infestação por piolhos.

Além disso, os Culicóides também explicariam como os israeli-tas escaparam desta praga. Esses mosquitos não voam muito, rara-mente cobrindo mais do que 50 me-tros, e não poderiam ter alcançado seus animais.

Então a conexão parecia ser entre os mosquitos da terceira praga e a moléstia animal da Quinta, pois os Culicóides picam tanto humanos quanto animais.

Estes mosquitos gostam de ambientes com água estagnada, on-de haja vegetação e matéria orgânica em decomposição.

As larvas que se alimentam desse material geram uma enorme população de adultos que seriam uma verdadeira praga.

Um ataque de Culicóides é alguma coisa de terrível. Eles entram nos cabelos, atacam o corpo inteiro que fica com manchas e coceiras.

Satisfeitos com seu progres-so, Marr e Maloy decidiram passar para a 6ª praga: as bolhas de pus...

Mosquitos dogênero Culicoides.

www.vet.uga.edu/vpp/IVM/PORT/Horse/vector/htm

Arquivo:

BBC Worldwide Americas, Inc.Discovery Chanel Images.Oxford Scientific Films.

Para saber mais, consulte:

1) Bíblia de Jerusalém;2) Esses homens fizeram o judaísmo - Editora Documentário - Rio de Janeiro;3) Enciclopédia Larousse Cultural.

Continua nopróximo número...

Continua nopróximo número...

Abril 200314 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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Curiosidades Bíblicas

Abril 2003 15FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Julieta Closer - Campinas/SP

V o c ê S a b i a . . .V o c ê S a b i a . . .

O estudo sistemático da Bíblia nos leva a descobertas interessantes sobre os povos, pessoas, regiões e fatos bíblicos, vejamos alguns desses:

O estudo sistemático da Bíblia nos leva a descobertas interessantes sobre os povos, pessoas, regiões e fatos bíblicos, vejamos alguns desses:

Fonte:1) Estudos Espíritas do Evangelho - Therezinha Oliveira - 3ª ed. 1997 - EME editora;2) Bíblia de Jerusalém - Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus 1985;3) Bíblia Sagrada - Sociedade Bíblica do Brasil - 1969;4) Bíblia Vida Nova - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Sociedade Bíblica do Brasil - 11ª ed. 1989.

s cirurgias de reimplante ainda são novidade em nossos tempos. Jesus porém realizou-a no ser-Avo do sumo sacerdote de nome Malco e que teve sua orelha decepada por Simão Pedro como nos contam os evangelistas Lucas 22, 50-51 e João 18, 10-11.

uem primeiro usou a palavra Bíblia (do grego “byblos” livro) para designar essa Qcoleção de textos como o “livro por excelência”, foi João Crisóstomo, patriarca de Alexandria entre os anos 398 a 404 d.C.

pagamento dos pedágios e seus valores tem sido motivo de muita reclamação dos motoristas Oque necessitam transitar pelas rodovias nos dias atuais, porém, esta cobrança não é nova, pois no reinado do rei Artaxerxes já se cobrava e se pagava o pedágio. Esdras 4, 13-20.

s tributos são pagos pelas pessoas desde o tempo de Jesus, tanto que quando alguns coleto-Ores começaram a perguntar se o Mestre Jesus não os pagava, Jesus diz a Pedro para ir ao mar e jogar o anzol, que pegasse o primeiro peixe, abrisse-lhe a boca e ali acharia uma moeda (um estáter) com a qual deveria pagar o tributo por ele (Pedro) e por Jesus. Mateus 17,27.

oão, o Batista da mesma família espiritual e carnal de Jesus, e, que foi o precursor, o anunciante da Jvinda do Messias, pregava no deserto e era uma pessoa diferente até na maneira de trajar-se, pois usava uma roupa de pêlos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins. Seus alimentos consis-tiam em gafanhotos e mel silvestre. Mateus 3,14. E há uma profecia de Isaias sobre João em Isaias 40,3.

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Paris ao tempo de Kardec.

Rep

roduçã

o

“Sr. Allan Kardec:Respeitoso abraço.Com a minha gratidão,

remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclareci-mentos da Humanidade, pois tenho fortes razões para isso.

Sou encadernador desde a meninice, trabalhando em grande casa desta capital.

Há cerca de dois anos casei-me com aquela que se re-velou minha companheira ide-

Conto

A pressão aumentava...Missivas sarcásticas

avolumavam-se à mesa.Quando mais desalenta-

do se mostrava, chega a paci-ente esposa, Madame Rivail - a doce Gaby - a entregar-lhe cer-ta encomenda, cuidadosamente apresentada.

O professor abriu o em-brulho, encontrando uma carta singela. E leu:

IIII

I

llan Kardec, o Codifi-cador da Doutrina Es-Apírita, naquela triste

manhã de Abril de 1860, estava exausto, acabrunhado.

Fazia frio.Muito embora a conso-

lidação da Sociedade Espírita de Paris e a promissora venda de livros, escasseava o dinheiro para a obra gigantesca que os Espíritos Superiores lhe haviam colocado nas mãos.

I

Abril 200316 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Hilário Silva

Há um SéculoHá um Século

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Fonte:O Espírito da Verdade . Hilário Sil-va/Francisco C. Xavier. p. 121/124. 1ª edi-ção. Ed. FEB.

um livro que o orvalho umede-cera.

Tomei o volume nas mãos e, procurando a luz mor-tiça de poste vizinho, pude ler, logo no frontispício, entre irri-tado e curioso:

‘Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e te-nha bom proveito. A. Laurent.’

Estupefato, li a obra O Livro dos Espíritos ao qual acrescentei breve mensagem, volume esse que passo às suas mãos abnegadas, autorizando o distinto amigo a fazer dele o que lhe aprouver”.

Ainda constavam da mensagem agradecimentos fi-nais, a assinatura, a data e o endereço do remetente.

O Codificador desempa-cotou, então, um exemplar de O Livro dos Espíritos ricamente encadernado, em cuja capa viu as iniciais do seu pseudônimo e na página do frontispício, leve-mente manchada, leu com emoção não somente a obser-vação a que o missivista se re-ferira, mas também outra, em letra firme:

“Salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação. Joseph Perrier”.

Após a leitura da carta

IIIIII

al. Nossa vida corria normal-mente e tudo era alegria e espe-rança, quando, no início deste ano, de modo inesperado, mi-nha Antoinette partiu desta vi-da, levada por sorrateira mo-léstia.

Meu desespero foi in-descritível e julguei-me conde-nado ao desamparo extremo.

Sem confiança em Deus, sentindo as necessidades do homem do mundo e viven-do com as dúvidas aflitivas de nosso século, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a fatalidade...

A prova da separação vencera-me, e eu não passava, agora, de trapo humano.

Faltava ao trabalho e meu chefe, reto e ríspido, ame-açava-me com a dispensa.

Minhas forças fugiam.Namorara diversas ve-

zes o Sena e acabei planejando o suicídio. ‘Seria fácil, não sei nadar’ - pensava.

Sucediam-se noites de insônia e dias de angústia. Em madrugada fria, quando as pre-ocupações e o desânimo me do-minaram mais fortemente, bus-quei a Ponte Marie.

Olhei em torno, con-templando a corrente... E, ao fixar a mão direita para atirar-me, toquei um objeto algo mo-lhado que se deslocou da amu-rada, caindo aos pés.

Surpreendido, distingui

providencial, o Professor Rivail experimentou nova luz a ba-nhá-lo por dentro...

Conchegando o livro ao peito, raciocinava, não mais em termos de desânimo ou so-frimento, mas sim na pauta de radiosa esperança.

Era preciso continuar, desculpar as injúrias, abraçar o sacrifício e desconhecer as pe-dradas...

Diante de seu espírito turbilhonava o mundo necessi-tado de renovação e consolo.

Allan Kardec levantou-se da velha poltrona, abriu a ja-nela à sua frente, contemplan-do a via pública, onde passa-vam operários e mulheres do povo, crianças e velhinhos...

O notável obreiro da Grande Revelação respirou a longos haustos, e, antes de re-tomar a caneta para o serviço costumeiro, levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima...

Abril 2003 17FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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No cárcere, José alcan-çou a confiança do carcereiro-chefe, que lhe confiou todos os detidos da prisão. Sucedeu, en-tão, que o copeiro e o padeiro do rei do Egito ofenderam a seu se-nhor, o monarca das terras do Nilo. O Faraó, irou-se contra seus dois eunucos, o copeiro-mor e o padeiro-mor, e mandou detê-los na casa do comandante dos guardas, na prisão onde José estava detido. O comandante dos guardas agregou-lhes José para que os servissem.

Ora, numa mesma noite, os dois, o copeiro e o padeiro do rei do Egito que estavam detidos na prisão tiveram um sonho, ca-da qual com a sua significação. De manhã, vindo encontrá-los, José percebeu que estavam aca-

Judá, Dan, Neftali, Gad, Aser, Issacar, Zabulon, José e Benja-mim).

Mais tarde, os hebreus re-feriam-se a si mesmos como ISRAELITAS ou como POVO DE ISRAEL ou, simplesmente, ISRA-EL. E, referindo-se ao Deus Úni-co, diziam: “O DEUS DE ABRA-ÃO, DE ISAAC E DE JACÓ" seus patriarcas.

Dos filhos de Jacó, os ir-mãos mais velhos invejavam JOSÉ e o venderam a mercadores que iam para o Egito.

Putifar, comandante dos guardas, o comprou. Mais tarde, sua esposa, desejando seduzir José e não conseguindo, acu-sou-o perante o marido de insul-tá-la e o esposo mandou que o aprisionassem.

ISRAELITAS

JOSÉ

Capa

.300 anos antes de Jesus, os israelitas viviam em re-1gime de semi-escravidão

no Egito, permanecendo nesse país cerca de 400 anos.

Abraão teve 2 filhos: Ismael, filho de sua escrava Agar, foi o primeiro e deu ori-gem ao povo árabe (ismaelitas); depois, de sua esposa Sarah, teve ISAAC e é este que tem impor-tância para a história dos he-breus.

Isaac também teve 2 fi-lhos: Esaú e Jacob.

JACOB veio a ser chama-do de ISRAEL (vencedor, que lu-ta com Deus - porque lutou com um anjo, sem desanimar, até ser ferido por ele). Teve 12 filhos, dando origem às 12 TRIBOS DE ISRAEL (Ruben, Simeão, Levi,

ISAAC

Esaú JacobJACOB

Abril 200318 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Equipe Editorial - Campinas/SP

A Páscoa é uma comemoração que tem valor espiritual para duas grandes religiões: o Judaísmo e o Cristianismo.

Para compreender sua importância é preciso contextualizar a Páscoa levando-se em conta as tradições de Judeus e Cristãos.

Um pouco de históriaUm pouco de história

1

Estudos Espíritas do Evangelho - Therezi-nha Oliveira, pág. 52.

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A Páscoa naA Páscoa na

A escravidão no EgitoA escravidão no Egito(Gênesis - Cap. 37 e 39 até 50)(Gênesis - Cap. 37 e 39 até 50)

EntendendoEntendendo

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pos de doces que o Faraó come, mas as aves os comiam na cesta, sobre a minha cabeça”. José res-pondeu assim: “Eis o que isto sig-nifica: as três cestas representam três dias. Mais três dias ainda e o Faraó te erguerá a cabeça, enfor-car-te-á e as aves comerão a car-ne acima de ti.”

Efetivamente, no terceiro dia, que era o aniversário do Fa-raó, tudo se sucedeu conforme a interpretação de José. O padeiro foi morto e o copeiro fora reabi-litado ao cargo, mas quando jun-to ao Faraó não se lembrou de José...

Dois anos depois, o Fa-raó teve um sonho que o pertur-bara profundamente, mas que nenhum dos seus magos e sábios conseguiram interpretar.

Ele estava junto do Rio Nilo e viu subir dali sete vacas de bela aparência e bem ceva-das, que pastavam nos juncos. E eis que atrás delas subiram do Rio outras sete vacas de apa-rência feia e mal alimentadas, e se alinharam ao lado das primei-ras, na margem do Nilo, devo-rando as vacas gordas. Então,

brunhados e perguntou aos eu-nucos do Faraó que estavam com ele detidos na casa de seu senhor: “Por que tendes hoje o rosto triste?” Eles lhe responde-ram: “Tivemos um sonho e não há ninguém para interpretá-los.”

“Sonhei - disse o copeiro - que havia diante de mim uma videira, e na videira três ramos: deram brotos, floresceram e as uvas amadureceram em cachos. Eu tinha na mão a taça do Faraó: peguei os cachos de uva, espre-mi-os na taça do Faraó e colo-quei a taça na mão do Faraó. Jo-sé lhe disse:

: colocarás a ta-ça do Faraó em sua mão, como outrora tinhas o costume de fa-zer, quando eras seu copeiro. Lembra-te de mim, quando te suceder o bem, e sejas bom para falares de mim ao Faraó, a fim de que me faça sair desta pri-são...’.”

O padeiro-mor viu que era uma interpretação favorável e disse a José: “Eu também tive um sonho: havia três cestas de bolos sobre minha cabeça. Na cesta mais alta havia todos os ti-

‘Eis o que isto signi-fica: Os três ramos representam os três dias, mais três dias e o Fa-raó te erguerá a cabeça e te resti-tuíra o emprego

‘Eis o que isto signi-fica: Os três ramos representam os três dias, mais três dias e o Fa-raó te erguerá a cabeça e te resti-tuíra o emprego

o Faraó acordou.Ele tornou a dormir e te-

ve um segundo sonho: sete espi-gas subiam de uma mesma has-te, granadas e belas. Mas eis que sete espigas mirradas e queima-das pelo vento oriental nasciam atrás delas. E as espigas mirra-das devoraram as sete espigas cheias. Então, o Faraó acordou: era um sonho!

O copeiro-mor, ao ficar sabendo do sonho perturbador do Faraó, lembrou-se de José que interpretara certa vez seu so-nho na prisão. Assim, o Faraó mandou chamá-lo e José inter-pretou o sonho:

Haverá sete anos de far-tura e sete anos de fome nas ter-ras do Egito, convém que o Fa-raó escolha um homem inteli-gente e sábio para seu adminis-trador.

O conselho agradou ao Faraó e a todos os seus oficiais. Então, o Faraó instituiu o pró-prio José como seu preposto em toda a terra do Egito.

E assim, quando os ir-mãos de José, nos sete anos de fome que se sucederam vieram ao Egito buscar alimento, este se revelou a eles e trouxe todo seu povo para morar no Egito.

Abril 2003 19FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Visão Espírita Visão Espírita

O sonhoO sonho

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Até que veio a décima praga. Tão terrível que fez o Fa-raó ceder completamente. Come-çou com uma instrução espiritu-al feita previamente aos israeli-tas através da mediunidade de Moisés.

Estavam no mês de Ni-sam. O calendário dos hebreus era lunar. Mês de Nisam corres-ponderia aproximadamente ao nosso mês de março (ou começo de abril, conforme as luas).

No 10º dia daquele mês, cada família (ou grupo familiar) deveria escolher um cordeiro de um ano. No 14º dia, imolá-lo no crepúsculo da tarde. Com seu sangue, marcar as ombreiras e a verga de suas portas, assar a car-ne e comê-la, acompanhada de pães asmos (ázimos, sem fer-mento) e ervas amargas. Estarem vestidos, sandálias nos pés, caja-do nas mãos. E comerem à pres-sa.

Por quê?! Porque é a Pás-coa do Senhor.

Porque naquela noite (Deus falando) virei pela terra do Egito e ferirei todos os primogê-nitos deles, desde os homens até os animais.

Mas, vendo o sangue do cordeiro nas casas dos israelitas, o Senhor ‘pessach’ (páscoa) ‘pas-saria por cima’ delas, ou seja, a praga não as atingiria.

Assim fizeram os israeli-tas e naquela noite do 14º dia de Nisam, a 10ª praga matou todos

10º dia daquele mês

14º dia

À medida que os anos passaram, o Faraó e José morre-ram e os novos governantes sen-tiram-se ameaçados com o cres-cimento da população dos israe-litas, por isso baixaram normas para limitar os direitos dos filhos de Israel e o controle da natali-dade. Esta última ordem dizia que a partir daquela data, todo filho homem que nascesse de uma família israelita seria mor-to.

Moisés, o futuro liberta-dor, nascera exatamente nesse período e seria morto. Sua mãe, contudo, o livra da morte colo-cando-o num cesto sobre as águas do Nilo. A princesa egíp-cia o encontrou e o educou como filho do palácio. Todavia, ele sempre soube de sua natureza is-raelita, e uma vez homem feito, viu um soldado egípcio, maltra-tando um escravo israelita, ten-tou defender seu compatriota e na luta corporal acabou por ma-tar o soldado egípcio. Isso lhe causou grandes problemas dian-te da corte egípcia. Moisés fugiu para o deserto de Madiã, depois teve a revelação divina para li-bertar seu povo persuadindo o Faraó com as pragas (ver nesta edição matéria de Fátima Granja sobre as dez pragas).

O Faraó, porém, resistia à ordem divina. Parecia concor-dar, mas assim que a praga ce-dia, voltava atrás na sua palavra e não deixava os israelitas parti-rem.

(ver nesta edição matéria de Fátima Granja sobre as dez pragas)

os primogênitos dos egípcios (e de seus animais), poupando os israelitas.

Tiveram de sair depressa, antes que o Faraó se arrependes-se da sua decisão (como já o fize-ra em outras vezes). Foi, portan-to, providencial a instrução para que já estivessem vestidos para a viagem e alimentados para par-tir. (Êxodo 11-12-13).

Tudo isso se passou há mais de 3 mil anos, como relata o livro Êxodo, na Bíblia. Mas até hoje os Judeus (remanescentes dos israelitas) celebram a Pás-coa, assim como lhes foi ordena-do fazer. Assam cordeiro (se ti-verem; ou representam) e, vesti-dos de modo especial, o comem, acompanhado de pães asmos, (sem fermento, simbolizando a necessidade de não mesclar seus costumes com idéias egípcias) e de ervas amargas (representando o sofrimento passado durante a escravidão no Egito).

Convencido ante a de-monstração terrível do grande poder do Deus de Israel, o Faraó atendeu, enfim, à ordem dele re-cebida e autorizou que o povo de Israel saísse do Egito.

Abril 200320 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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Therezinha Oliveira. Vídeo: A Páscoa dos Cristãos.

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Ver ilustração na capa desta Revista.2

A PáscoaA Páscoa 2

A Páscoa JudaicaA Páscoa Judaica

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mas humanos quais orgulho, in-veja, vaidade Páscoa (pessach) passam por cima de nós sem nos atingirem, pois que estamos un-gidos com o sangue do cordeiro.

O sangue é a essência da vida orgânica e simbolicamente dizemos: “Dei meu sangue por este trabalho". Significando nos-so esforço íntimo na execução de determinada tarefa. Assim, estar ungido, envolto com o “sangue do cordeiro" significa estar envolvido com o sublime ideal de Jesus, que nos salva das quedas morais à medida que nos esforçamos na prática do bem.

Para os Espíritas a Pás-coa também significa passagem, mas não como os israelitas que passaram de uma região para ou-tra, mas como passagem de um plano para outro da vida.

Quando Jesus desencar-nou na cruz, ressurgiu em Espí-rito na manhã do terceiro dia (Domingo). Não ressurgiu com o corpo físico, mas com seu peris-pírito ou corpo espiritual, dando demonstrações sobre a imortali-dade da alma, a Páscoa, Passa-gem da realidade física para a realidade espiritual.

Para os Espíritas, Jesus não está crucificado, a cruz é apenas o símbolo do sublime sa-crifício, da vida superando a morte, da passagem de um esta-do para outro, do qual o Cristo

Como vemos, para os is-raelitas, a Páscoa é uma festa da sua religião, instituída ao tempo de Moisés (cerca de 1.300 anos a.C) para comemorar o dia em que o povo de Israel conseguiu sair da escravidão em que vivia no Egito.

Jesus era judeu, portan-to, seguiu determinadas tradi-ções, aproveitando todo mo-mento para ensinar. Sua paixão e morte se deram no período da Páscoa.

Simbolicamente, Jesus é chamado pelo Evangelista João de O cordeiro de Deus. Certa-mente se referindo à história dos israelitas. Vejamos:

Na fuga do Egito foi um cordeiro imolado, cujo sangue serviu de sinal para que o Se-nhor não os ferisse de morte, que os salvou.

Simbolicamente, Jesus é um cordeiro (criatura mansa, dó-cil e útil) que viveu e morreu em sublime sacrifício após ensinar a Humanidade.

Quando vossos filhos perguntarem: “Que rito é este?” Respondereis: “É o sacrifício da Páscoa ao Senhor que passou por cima das casas dos filhos de Israel, no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas ca-sas."

Quando vivemos os ensi-nos de Jesus, os grandes proble-

deu um lindo testemunho.

A Páscoa, para os Ju-deus, é uma festa sócio-política, comemorando sua libertação do Egito, o dia de sua independên-cia.

A Páscoa, para os Cris-tãos Espíritas, a certeza da imor-talidade da alma, através da qual a vida venceu e vencerá sempre a morte, existente apenas para o corpo e não para o Espírito imor-tal.

Os Espíritas poderemos seguir determinados costumes, desde que entendamos o que simbolizam e a eles não esteja-mos apegados. O ovo significa vida e o coelho fertilidade. Quan-do presenteamos alguém com ovos de páscoa, deveríamos di-zer: que você tenha uma vida re-novada em Jesus e que seja fér-til, abundante de valores morais.

Para saber mais, consulte:1) A Bíblia de Jerusalém. Êxodo, cap. 11 12 e 13. Ed. Paulinas. São Paulo/SP;

2) OLIVEIRA, Therezinha. Estudos Espíri-tas do Evangelho. Pág. 52. Ed. CEAK. Campinas/SP;3) DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. Ed. Juerp. RJ/RJ;4) CAJAZEIRAS, Francisco. Elementos de Teologia Espírita. Pág. 121. Ed. EME. Ca-pivari/ SP.

Abril 2003 21FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

A Páscoa dos CristãosA Páscoa dos CristãosPara os Cristãos EspíritasPara os Cristãos Espíritas

ResumindoResumindo

Ovos e o Coelho,que significam?

Ovos e o Coelho,que significam?

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no plano espiritual, fora-me dado estar entre os demais confrades, junto a Divaldo e Chico. Como não me é usual recordar tais vivências, devo ter pedido ao Chico me aju-dasse a estimular-me a memória. E pedi, mesmo! Ainda que o papel fos-se o de uma fotografia.

Assim, graças à lucidez es-piritual e carinho fraterno de Chico Xavier, pude, finalmente, relacionar o sonho premonitório com o mo-mento em que as festividades pro-gramadas se concretizaram no plano material.

ouco antes do mês de novem-bro de 1980, tive um sonho Pespecial. Acredito tenha sido

uma vivência no plano do espírito, que me foi permitido guardar na me-mória e, depois, relembrar em vigí-lia.

Via-me em uma construção muito ampla, de altas paredes de ci-mento sem revestimento, muitas pessoas transitando de lá para cá. Parecia ser um conclave espírita. Em dado momento, achei-me frente a um banco que se alongava ao pé de uma das paredes. Acomodados nele, vários confrades de destaque na sea-ra espírita, inclusive os queridos Di-valdo Franco e Chico Xavier. Recor-do-me de que tomei assento ao lado direito do médium mineiro mas, lo-go a seguir, me levantei e inclinei-me frente a ele, falando-lhe algo (que seria?), e que ele me pedia um papel.

Ao acordar, lembrando o so-nho, me indagava, intrigada: Que papel poderia o Chico Xavier me pe-dir?

Sem nada entender, pensei que se tratasse apenas de uma fanta-sia da minha mente.

Chegando em novembro, fo-mos, um grupo de confrades campi-neiros, a Uberaba, onde Divaldo re-ceberia o título de cidadania que lhe fora concedido pela câmara munici-pal daquela cidade.

Parte das festividades aber-

tas ao público foi realizada no Ginásio Poliesportivo Fúlvio Fontoura e ali estávamos na noite do dia 5. Construção am-pla, de altas paredes de cimento sem qualquer revestimento. Entre-tanto, até aí eu nada relacionava com o sonho que tivera e do qual já esquecera.

Em certo momento, Chico Xavier adentrou o recinto, acompa-nhado por vários amigos e carinho-samente saudado por todos os pre-sentes. Quando passou ao meu lado, inesperadamente para mim, se dete-ve, me ofereceu o abraço e pediu a confrades de Votuporanga, que ali estavam fotografando o evento, ti-rassem uma foto de nós dois. Agra-davelmente surpresa, posei ao lado dele para que batessem a foto. Ao fi-nal, Chico olhou-me e disse: “There-zinha, você vai mandar essa foto pa-ra mim”. Atônita, nada lhe respondi e pensava: “Por que será que ele está pedindo isso a mim e não aos que es-tão batendo as fotos?” Em todo caso, conversei depois com os confrades de Votuporanga, pedindo-lhes me enviassem 2 cópias da foto: uma pa-ra mim e outra para enviar ao Chico. Gentilmente acederam e, oportuna-mente, pude atender ao que o Chico me solicitara.

No retorno a Campinas, re-memorando os acontecimentos, en-tendi o que acontecera. Quando dos preparativos daquelas festividades

Therezinha Oliveira - Campinas/SP

Encaminhe para a redação fatos espíri-tas como esse, absolutamente verídicos. Envie nome, telefone e endereço completos, estando disponível para eventual encontro com a redação. Após análise publicaremos seu caso na coluna: “Aconteceu Comigo”. Ressaltamos, ainda, que as histórias serão, após doação autoral, de propriedade exclu-siva dessa revista.

Nosso endereço: R. Luiz Silvério, 120, Vl. Marieta, Campinas/SP, CEP 13043-330.

ComigoACONTECEU

Fonte:Transcrito do Livro: De amigos para Chico Xavier - Divaldinho Mattos.Pedidos: Ed. DIDIER, fone (17) 421.2176.

Sonho Premonitório

Abril 200322 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Rep

roduçã

o

Nota da redação:O editor garante a veracidade dessa história.

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quem impõe, mas aponta a me-lhora moral como único caminho para a legítima felicidade.

Portanto, é hora de des-vincular o Espiritismo dessas comparações sem fundamentos.

Para adotarmos certas ex-pressões, é preciso conhecer a que se referem. Usá-las sem discerni-mento ou desconhecendo sua ori-gem gera interpretações nem sem-pre recomendáveis.

Referindo-se ao Espiritis-mo, aos Espíritas e aos Espíritos, estejamos atentos ao uso de certas expressões, pelo menos em respei-to à seriedade desta Doutrina que ensina o amor e convida a todos, como bandeira de suas ações, ao respeito às crenças alheias.

E já que o tema solicita es-tudar para conhecer, sugiro ao lei-tor conhecer O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, que é fonte segu-ra de informações e que ensejou o surgimento de diversos outros li-vros sobre o assunto, como por exemplo, Conversando sobre Me-diunidade e Médiuns e Mediuni-dades, editados pela Editora O Cla-rim. Este último, autoria de Cair-bar Schutel.

Tradição

frem, buscam ajuda. Se estão bem, procuram ajudar e caso alimen-tem sentimentos de ódio ou vin-gança, apresentam-se agressivos e, portanto, necessitados de escla-recimento. Aliás, estão por toda parte influenciando a vida huma-na e se comunicam de inúmeras formas. Apenas não são reconhe-cidos. Porém, nas reuniões mediú-nicas espíritas, a oportunidade da palavra lhes é oferecida. Nada mais que isso.

O fenômeno em si está dis-tante de algo ou alguém que vem de cima, “toma o corpo" de uma pessoa e age desta ou daquela for-ma. Para entender o assunto, é preciso estudar...

Julgar que os espíritas se reúnem para vulgaridades é, no mínimo, desrespeitoso. Pela serie-dade da Doutrina Espírita, que motiva pessoas sérias e honestas a se comprometerem com a carida-de e com o amor ao próximo, co-mo nivelá-la a tão ridícula ex-pressão?

O Espiritismo está no mundo para ajudar as criaturas a entenderem as razões do sofri-mento, explicando a origem, natu-reza e destinação dos filhos de Deus. Jamais comparece como

comum ouvir dizer que Espíritos “baixam" nos ECentros Espíritas. Esta afir-

mação sempre provém de quem desconhece o que sejam Espíritos e o processo pelo qual eles se co-municam, gerando a errada ex-pressão “baixam".

Eles, os Espíritos, não “baixam". Primeiro porque convi-vem conosco, lado a lado, partici-pando de nossas idéias, ideais, alegrias, tristezas, desejos e con-quistas. Eles, os Espíritos, são ape-nas os seres humanos antes ou de-pois da vida no planeta. E não “baixam"! Apenas se comunicam conosco através do pensamento. Sugerem e nos acompanham caso aceitemos suas sugestões.

Se forem bons, inspirarão bons pensamentos, bons senti-mentos. Se estiverem ainda com padrões mentais e morais de bai-xo nível, inspiram o ciúme, a in-veja, os maus pensamentos e in-fluenciam negativamente.

Mas, repetimos, não “bai-xam". Apenas comparecem às reuniões, como comparecem a qualquer lugar e mediante a pos-sibilidade do uso da palavra, utili-zam os médiuns para transmiti-rem o que estão sentindo. Se so-

Eles "baixam"?Eles "baixam"?Orson Peter Carrara - Matão/ SP

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Para adotarmos certas expressões, é preciso conhecer a que se referem

Para adotarmos certas expressões, é preciso conhecer a que se referem

Abril 2003 23FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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Hagiografia

Abril 200324 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Francisco de AssisFrancisco de AssisUma Vida de Amor. Uma Vida de Amor.

ontudo, no caminho, Fran-cisco ficou doente, não era Ca primeira vez que aquela

febre inesperada o consumia. Enfermo, foi levado a uma hospe-daria por amigos, lá delirou por três dias e na manhã do terceiro dia ele viu uma intensa luz e ou-viu uma voz espiritual que lhe di-zia:

- Francisco, retorna para sua casa e lá te será dito o que de-ves fazer.

Na manhã imediata, ele acordou rememorando os aconte-cimentos do “sonho”, julgou ti-vesse delirado e, agora, completa-mente reabilitado vestiu a arma-dura, montou no cavalo e quando pegou da brida, mãos intangíveis, como que o impediram, Francisco entrou em êxtase e quando saiu do transe estava, para seu espan-to, diante dos portões da cidade. Admirado, sem saber como havia retornado para casa, desejou vol-tar para a guerra, mas o cavalo, como que guiado por mãos invisí-veis, adentrou a cidade.Reprodução

Da Redação - Parte 2

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- Cala-te, interrompeu, Pi-etro di Bernardonne. Um covarde em casa, sim, mas um louco não! A partir de agora, Francisco, tua vida de folguedos terminou. Deve-rás trabalhar na minha loja e ve-rás o quanto te custará a covardia do retorno à casa paterna.

No dia seguinte, a loja de Pietro vendeu como nunca, todos desejavam saber da loucura de Francisco.

Contudo, os meses corre-ram e a voz não se fez ouvir nova-mente. Pietro di Bernardone sus-pendeu o castigo e Francisco re-tornou as atividades de costume. Todavia, ele estava diferente, não se interessava mais pelas festas, brincadeiras, fora tomado por uma serenidade que o permitira refletir profundamente sobre a vi-da.

Uma ocasião, retornando de madrugada, com amigos, para casa, sentou-se na praça, descan-sou o rosto entre as mãos aristo-cratas e silenciou. Instantes de-pois, um seu companheiro, per-guntou-lhe:

- Diga Francisco, em que pensas? Já sei, certamente pensas em se casar?! Diga qual o nome da ragazza?

Então, como que tomado em êxtase ele respondeu:

- É verdade, eu me casarei com a dama mais linda de todo o mundo, eu me casarei com dona pobreza! E no mesmo instante ele fora tomado por um tremor, le-vantou-se assustado dizendo:

- Que é isso? Que foi que falei? Quem é dona pobreza?

Os amigos riram. Francis-co estava de fato diferente. A fe-

O filho de Pietro di Ber-nardonne entrou em Assis e, à me-dida que varou a praça principal ouviu vozes menos dignas cochi-charem:

- Vejam, não é Francisco?- Ele não prometera, em

praça pública, os louros da vitó-ria?

- Retorna agora como um covarde?!

E o povo começou a gri-tar:

- Francisco voltou da guerra, é um covarde! Covarde!

Ele ouviu as vozes mas não se abalou, dirigiu-se para ca-sa, no que foi recepcionado com alegria por la signora Piccolina. Porém, o pai, quando soube que o nome da sua família era motivo de chacotas, retornou para casa com a rapidez de um raio e a fúria de um trovão.

Ao chegar, o peito arfava, os olhos tingiram-se de carmim, a face empalidecera-se e ao ver o fi-lho, encheu o pulmão de ar e gri-tou de punhos cerrados :

- Covarde! Então é verda-de, voltaste?!

- Tu me matas Francisco, matas teu pai de vergonha! Filho meu! Eu preferia receber-te mor-to, quisera, mil vezes, ver teu cor-po esquartejado, mas receber-te qual um herói e não como um co-varde!

- Francisco, por que fizes-te isso?!

- Pai, respondeu o jovem de Assis, eu ouvi a voz de Deus!

- Cala-te, meu filho, e Deus, agora, deu para falar com os malucos!

- Mas pai...

bre, a humilhação, a incompreen-são paterna de algum modo lhe deixaram diferente.

Um dia, passeando pelo bosque de Assis, vestido de velu-do, montado no seu cavalo garbo-so, viu um vulto que vinha em sua direção e ouviu a voz que ecoava sofredora:

- Afastai-vos da direção do vento, lepra...

Era um mendigo leproso, Francisco teve desejo de fugir, pe-gou da brida, mas de novo mãos intangíveis paralisaram as suas, o andarilho aproximou-se e o jo-vem de Assis pôde ver o horror da lepra. O enfermo estava desfigu-rado, os lábios carcomidos, a face em chagas, as mãos não possuíam mais os dedos e, então, dirigindo-se para Francisco, implorou:

- Dai-me uma moeda, se-nhor!

Ele fora tomado de asco, náuseas, mas uma força inexpli-cável o fez descer do cavalo, apro-ximar-se do leproso, pegar da mão enferma que se abria em feri-das pustulentas, beijá-la e deposi-tar várias moedas.

Depois do ósculo da fra-ternidade, toda náusea, todo asco, desapareceram. Feliz, montou no cavalo, e pela primeira vez soube que havia maior alegria em dar que em receber. Cavalgou alguns metros e quando voltou-se para dizer arrivederte, adeus, o mendi-go havia desaparecido.

A partir desse dia, ele pas-sou a distribuir o seu dinheiro pa-ra os pobres, com eles convivia fa-zendo vários amigos, e despertan-do a curiosidade do povo, que já o chamava de louco.

Abril 2003 25FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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Destarte, seja a vida de Francisco de Assis, um convite para aban-donarmos os preconceitos e ser-virmos a Humanidade em nome de Deus.

Para saber mais, consulte:1) LEGOFF, Jacques. São Francisco de Assis. Ed. Record;2) MILLER, René Fülöp. Os Santos que abalaram o mundo. Ed. José Olímpio;3) VALERIE, Martin. Cenas da Vida de São Francisco de Assis. Sá Editora;4) ROSSI, Pietro. Clara de Assis. Ed. Vo-zes;5) CECHINATO, Luiz. 20 séculos de cami-nhada da Igreja. Ed. Vozes;6) LAR CATÓLICO/ MG. Na luz perpétua;7) READER'S DIGEST. Depois de Jesus, o triunfo do Cristianismo;8) GAMBOSO, Vergílio. A vida de Santo Antônio. Ed. Santuário;9) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Livro III item IV, Cap. XI livro III. Ed. FEB;10) KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XIII. Ed. FEB;11) KARDEC, Allan. O Evangelho Segun-do o Espiritismo. Cap. XV. Ed. FEB.

Abril 200326 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

cidades espirituais, o que demons-tra que para atuar em nome de Deus, é preciso renunciar a si mes-mo e cultivar valores morais que nos colocarão em sintonia com as entidades superiores que assesso-ram todos os que se apresentam de boa vontade.

Certamente que o encon-tro com o mendigo leproso foi pa-ra Francisco uma oportunidade de experimentar seus valores morais; assistido pelos Espíritos amigos, que lhe conduziam, Francisco bei-jou o mendigo como símbolo de fraternidade, despojando-se de to-do preconceito, requisito necessá-rio para todos os que querem tra-balhar na obra do Senhor.

Antes da crença o enten-dimento, a fé raciocinada. O espí-rita aprende com todos aqueles que foram fiéis representantes do Cristianismo. E, trouxemos a figu-ra de Francisco de Assis como pa-radigma da paz, demonstrando que antes do Espiritismo Deus en-viou mensageiros para lhe prepa-rar o terreno no campo das idéias, e o poverello de Assis fez um pro-testo pacífico; ao se casar com “dona pobreza”, revivia no seio da luxuosa Igreja Romana os precei-tos de simplicidade implantados por Jesus. Desta maneira, fazendo

Um dia foi orar na igreja de São Damião.

Lá chegando, ajoelhou-se num altar improvisado, pois que a igreja estava bastante destruída. Buscou um crucifixo velho, pen-durado na parede que ruía. Recor-dou-se daquele Jesus e orou com fervor reproduzindo, com amor, o que Paulo de Tarso fez na estrada de Damasco:

- Senhor, que queres que eu faça?

E nessa hora intensa luz partiu do crucifixo em sua direção e uma voz forte e intensa pene-trou em seus ouvidos dizendo: (continua no próximo número, confira!).

Francisco de Assis julgou ter ouvido a voz do próprio Deus quando estava em delírio. Toda-via, não foi Deus que falou com ele e sim o seu guia mediúnico, era o início do desenvolvimento de suas faculdades espirituais.

A mediunidade não é pro-priedade do Espiritismo e está na Terra desde que o princípio inteli-gente alcançou a etapa humana. Contudo, é preciso lembrar que os Espíritos, quando reencarnam, fi-cam sujeitos aos costumes da épo-ca em que vivem e no Período Me-dieval, a Igreja Romana dominava o Ocidente. Logo, toda manifesta-ção espiritual era considerada di-vina ou demoníaca.

Todavia, Francisco come-çava a tomar posse das suas capa-

(continua no próximo número, confira!).

o bem, Francisco se santificou, é nesse sentido que os espíritas ad-miramos e respeitamos os santos. Nesse aspecto, os espíritas tam-bém temos almas que se santifica-ram através do exemplo, como Eu-rípedes Barsanulfo, Chico Xavier, Batuíra e uma série de outros no-mes que haveremos de trazer, na coluna Vultos do Espiritismo, nas edições futuras.

Explicação Espírita

O beijo da fraternidade

Os Espíritas crêem em santos?

Continua no próximo

número, não perca!.

Continua no próximo

número, não perca!.

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Possível?

nicam em reuniões mediúnicas sem saberem que desencarnaram. Na maior parte das vezes são socorridas pelos Espíritos amigos no plano do espírito, as que se comunicam o fa-zem por serem muito apegadas aos seus brinquedos ou aos familiares e aí, sim, se justifica a presença delas na reunião mediúnica, para recebe-rem ajuda, todavia não são casos muito comuns.

Observa-se, contudo, que muitos médiuns ficam condiciona-dos e oferecem um obstáculo para os Espíritos que desejam se comunicar. O Espírito fala normalmente, mas o médium, que capta o pensamento do comunicante, o revestirá com a fala confusa de uma criança dificultando a comunicação.

Desta maneira, fica evidente a necessidade do médium estudar Doutrina Espírita para conhecer as próprias faculdades, contribuindo para que o fenômeno mediúnico seja o mais natural possível.

Convidamos o leitor para es-tudar o caso ilustrativo que André Luiz nos oferta no livro: Entre a Ter-ra e o Céu (obra toda).

Desmistificando

rá de posse de sua, possível, baga-gem intelecto-moral, que lhe permi-tiria orientar alguém, como se ele mesmo fosse um guia mediúnico ou mentor. Daí, todo cuidado é pouco para não sermos vítimas de Espíritos brincalhões. Pouco provável que al-guém, desencarnado, queira perma-necer criança na vida espiritual, quando tem a possibilidade de se re-cordar das encarnações interessan-tes pelas quais passou, oportunidade de conhecer coisas novas, dialogar, aprender, estar com o raciocínio per-feito para melhor participar nas ati-vidades do mundo espiritual. Aque-les que já passaram da meninice, vez por outra dizem: “Que saudades da minha infância”. Mas quando se re-cordam das facilidades da vida mo-derna, liberdade de locomoção, vida amorosa, a alegria de ser pai e mãe, logo a nostalgia desaparece. Da mes-ma maneira os Espíritos. No mundo espiritual, aqueles que desencarna-ram na fase da infantilidade, costu-mam se mostrar “crescidos” e pode-rão se apresentar para aqueles que na Terra ficaram, com a forma de criança, apenas para ser identifica-do, uma vez que era assim conheci-do por eles quando encarnado.

Algumas crianças se comu-

ifícil acreditar que isso possa acontecer. Esclarece-nos o DEspiritismo que, uma vez de-

sencarnado, o Espírito, após fase de adaptação, poderá se recordar de suas vidas anteriores, retomando seu patrimônio espiritual.

O Espírito que desencarnou em estado infantil não é criança, es-tá criança e a infância é um período passageiro do corpo biológico, o Espírito é um ser imortal que já teve inúmeras existências.

Somente permanecerá como criança, no plano do Espírito, aque-les que precisarão reencarnar em breve, uma vez que se compreende a necessidade do reencarnante mergu-lhar no esquecimento das vidas pas-sadas. Não seria lógico que o Espíri-to retomasse sua condição de adulto, recuperasse sua bagagem intelecto-moral, para logo depois fazer o ca-minha contrário esquecendo-se de tudo novamente e se preparando pa-ra o retorno à carne. Permanecendo no estado que em breve voltará, faci-litará o trabalho dos Espíritos res-ponsáveis pela reencarnação.

Assim, se um Espírito per-manece criança no mundo espiritual significa que está, ainda, em proces-so de evolução espiritual, e não esta-

“muitos médiuns ficam condicionados e oferecem um obstáculo para os Espíritos que desejam se comunicar. O Espírito fala normalmente, mas o médium, que capta o pensamento do comunicante, o revestirá com a fala confusa de uma criança dificultando a comunicação”.

Marcus Augusto- Campinas/SP

Crianças como guias espirituais!Crianças como guias espirituais!

Abril 2003 27FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

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Recordando Chico

tem um ponto que se choca profun-damente, biologicamente falando, com os princípios bíblicos que de-fendemos nós, os evangélicos. É exatamente aquele ponto da reen-carnação, isto é, cada pessoa que nasce é sempre reencarnação de uma pessoa que faleceu, de uma pessoa que morreu. Assim é aprego-ado e ensinado pelos espíritas no mundo inteiro.

Esclareça o seguinte: Deus criou Adão e Eva, todos nós con-cordamos, creio que você também, a maneira como foi criado e o mun-do inteiro. Muito bem. Mas logo após a criação de Adão e Eva, as duas primeiras criaturas humanas, surgiram as duas outras criaturas humanas; são os filhos de Adão e Eva: Abel e Caim. Você poderia, dentro da sistemática espiritualista, dentro da doutrina da reencarna-ção, dar uma explicação aceitável de onde vieram, qual a procedência de Caim e Abel, os dois primeiros fi-lhos de Adão, isto é, pela ordem, a terceira e quarta pessoas humanas existentes aqui na Terra?

- A pergunta do nosso caro amigo, que nos interpela a respeito do texto bíblico, está emoldurada

ergunta de um pastor evan-gélico que você deve conhe-Pcer, porque ele é conhecido

em todo o Brasil, comanda um reba-nho de fiéis à sua religião de um mi-lhão e 500 mil pessoas, aproxima-damente. Trata-se do pastor Manoel de Melo. Ele próprio irá fazer a per-gunta a você, que foi gravada pelo nosso VT.

- Meu caro Xavier, meus cumprimentos. Convidado por este programa pela sua direção para lhe formular uma pergunta, quero fazê-lo com muito agrado, com muita sa-tisfação por conhecer você através da leitura, da sua fama, e que nin-guém de consciência tranqüila pode negar as suas qualidades mediúni-cas. Você, como uma das maiores autoridades espíritas ou espiritua-listas deste País, para não dizer des-te continente, por gentileza me res-ponda esta pergunta que está sendo formulada em meu nome pessoal e em nome de toda a minha organi-zação, isto é, de 1 milhão e meio de fiéis que represento neste País, de 4 mil pregadores que tenho a honra de liderar - O Espiritismo, Xavier,

Chico Xavier:

O “Pinga Fogo” TV Tupi 28 de julho de 1971 - Parte 3

Almir Guimarães:

Pastor Manoel de Melo:

Abril 200328 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

de tamanho carinho que inicial-mente nós agradecemos esse tom de fraternidade e ternura humana com que ele emoldura a questão para se dirigir a nós. Muito obrigado ao nosso caro pastor evangélico se-nhor Manoel de Melo, que nós to-dos admiramos como sendo o ori-entador desse grande e brilhante movimento que é “Cristo para o Brasil”. Mas sem desejar fazer con-tra perguntas, porque às vezes a contra pergunta não é uma prova de consideração para quem pergun-tou, mas a Bíblia é o nosso livro santo, livro de todos os Cristãos. Nós, os espíritas evangélicos, nos detemos no Testamento Novo para compreender a essência dos ensina-mentos de Nosso Senhor Jesus Cris-to e daqueles que o sucederam, os apóstolos da causa evangélica. Não temos maior intimidade com o Ve-lho Testamento. Entretanto, pedi-mos permissão ao nosso caro pastor evangélico senhor Manoel de Melo para considerar que no Livro de Gê-nese, no capítulo IV, versículos 16 e 17, vamos encontrar uma questão muito interessante para nossos es-tudos em conjunto, por que nós to-dos somos estudantes das letras sa-gradas. O capítulo IV trata, por exemplo, da união de Adão e Eva para o nascimento dos seus três fi-

Se Deus quisesse a dor ele não teria nos dado a anestesia através

da medicina. Emmanuel

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contra os princípios da reencarna-ção, permitimo-nos perguntar sobre o sofrimento das crianças, por exemplo. Não vamos nos referir aos adultos, porque seria alongar muito a resposta. Mas vamos pensar nas crianças. Por exemplo, nós, os espí-ritas, muitas vezes encontramos de-terminados casos de suicídio, e, às vezes, suicídio acompanhado de ho-micídio ou, às vezes, apenas de ho-micídio. Mas vamos encontrar nes-ses problemas complexo de culpa levado para além dessa vida e de-pois esse complexo de culpa renas-cido com aquele que é responsável por ele, através de sofrimentos que só podemos entender através da re-encarnação. Por exemplo: Muitas vezes temos encontrado, por exem-plo, irmãos nossos suicidas que dis-param um tiro contra o coração e que voltam com a cardiopatia con-gênita ou com determinados fenô-menos que a medicina classifica dentro da chamada Tetralogia de Fallow; nós vemos companheiros que quiseram morrer voluntaria-mente pelo enforcamento e que vol-tam com a Paraplegia Infantil; nós vemos muitos daqueles que preferi-ram o veneno e que voltam com más formações congênitas; outros que, às vezes, violentam o próprio ventre e que voltam também so-frendo as tendências e que, às vezes acabam se desencarnando com o chamado enfarto mesentérico. Nós vemos, por exemplo, aqueles que preferiram morrer pelo afogamento para se retirar da vida num ato de rebeldia contra as Leis de Deus. Te-mos, por exemplo, aqueles que pre-feriram o afogamento e que voltam com o chamado enfizema pulmo-nar. Aqueles que disparam tiros no próprio crânio e que voltam com tantos fenômenos dolorosos, como, por exemplo, a idiotia, quando o

lhos: Caim, Abel e Seth. Sabemos por esse texto, o capítulo IV do Li-vro de Gênese de Moisés, que Caim exterminou Abel. Entretanto, nos versículos 16 e 17, nós encontra-mos uma informação muito curio-sa; a informação de que Caim, em se retirando da face de Deus, se diri-giu para uma cidade ou uma terra chamada Nod, onde ele desposou aquela que foi sua esposa e teve com ela uma grande descendência. Então estamos perguntando se de-terminados textos do Antigo Testa-mento não seriam códigos que nós precisamos estudar com mais segu-rança para não cairmos, por exem-plo, em contradição do ponto-de-vista literal. Nós precisamos estudar com técnicos e pesquisadores de História, que nós os temos hoje em todas as direções - digo isso com o máximo respeito - porque, se Caim matou Abel antes do nascimento de Seth, mas casou-se numa cidade chamada Nod, onde encontrou a sua mulher, aquela que foi sua es-posa e com ela teve uma grande descendência, o assunto exige estu-dos especiais de nós todos, porque segundo a criação no Jardim Edêni-co a família inicial teria sido consti-tuída pelas quatro pessoas, às quais se refere o nosso caro pastor evan-gélico senhor Manoel de Melo: Adão, Eva e os dois filhos primeiros do casal. Vamos então estudar a questão. Com respeito à reencarna-ção, nós os espíritas estamos diante de uma realidade inconteste para nós. Mormente na vida mediúnica, temos assistido nestes quase 45 anos de Espiritismo evangélico à luz dos princípios Kardequianos a desencarnações e reencarnações. Mas permitimo-nos também per-guntar ao senhor Manoel de Melo, ao nosso pastor evangélico, e tam-bém àqueles que fazem objeções

projétil alcança a hipófise, porque nós estamos em nosso corpo físico subordinado ao nosso corpo espiri-tual. Então, principalmente os fenô-menos decorrentes do suicídio por tiro no crânio, são muito dolorosos, porque vemos a surdez, a cegueira, a mudez, e vemos esse sofrimento em crianças, incompatíveis com a misericórdia de Deus, porque nós sabemos que Deus não quer a dor. Diz Emmanuel - “Se Deus quisesse a dor ele não teria nos dado a aneste-sia através da medicina”. A dor é uma criação nossa, chegamos ao Além com determinado complexo de culpa e pedimos para voltar ao corpo trazendo as conseqüências de nossos próprios atos menos felizes. Então pedimos ao senhor Manoel de Melo, nosso caro pastor evangé-lico que tem trabalhado tanto e cujo o mérito nós todos reconhecemos e reverenciamos, para pensar conos-co nesses problemas.

- É Chico, precisamos estu-dar, mas o pastor também precisa estudar conosco, não é?

Continua no próximo número...

Continua no próximo número...

Almir Guimarães:

Abril 2003 29FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Para saber mais, consulte:Chico Xavier no pinga fogo. Pg. 31/35. Ed. Edicel.

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Biografia

Internacional Santo Maria Zacca-ria.

Às vésperas de sua pro-moção a diácono, renuncia ao sa-cerdócio, entre outras razões pela decepção que sofrera ante a recu-sa de Pio XII em receber o Mahat-ma Gandhi com seu habitual e simples traje branco.

Desempenhou, a partir daí, incansável atividade como jornalista, crítico de arte e profes-sor.

Em 1938 ingressou no magistério, como professor de Psicologia, Lógica e História da Filosofia e, em 1939, como pro-fessor de Latim do Colégio Pedro II; lecionou Latim e Grego no Instituto Ítalo-Brasileiro de Alta Cultura; em 1944, ingressa como professor de Latim no Colégio Mi-litar do Rio de Janeiro, após con-curso de títulos e provas, onde foi guindado a catedrático, em 1946, por concurso de títulos; em 1961, ainda por concurso de títulos e

p r o v a s , com defesa de tese, é b r i l h a n -t e m e n t e aprovado para cate-drático do Colégio Pe-dro II In-ternato, recebendo o título de do-cente; o Conselho Federal de Edu-cação aprovou-o como titular de Língua e Literatura Latina (1971), de Língua e Literatura Grega

arlos Juliano Torres Pasto-rino era carioca, tendo Cnascido a 4 de novembro

de 1910 e desencarnado a 13 de junho de 1980, no Hospital das Forças Armadas, em Brasília.

Setenta anos de uma vida invulgar, marcada por atividade polimorfa, a serviço de uma per-sonalidade singular, de uma inte-ligência brilhante e de vasta e complexa cultura.

Aos 14 anos, bacharela-va-se em Geografia, Corografia e Cosmografia, bem como em Por-tuguês, no Colégio Pedro II.

Sentindo vocação religio-sa, partiu para Roma, sendo apro-vado, em 1929, pelos examina-dores pontifícios, para diversas ordens menores; em 1931 foi aprovado para Ordem do Sub-Diaconato e, finalmente, em 1934, recebeu o diploma de apro-vação, cum laude, dos cursos de Filosofia e Teologia (ThD), forne-cido pelo renomado Colégio

Abril 200330 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Carlos Pastorino

[Do gr. polýmorphos.]Adj. Que se apre-

senta sob numerosas formas; multiforme: &.

[Do gr. chorographía, pelo lat. Choro-graphia.] S. f. 1. Estudo ou descrição geo-gráfica de um país, região, província ou mu-nicípio.

[Do gr. kosmographía, pelo lat. tard. cos-mographia.] S. f. Astr. 1.Astronomia descri-

1

2

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1

2

3

Reprodução

“Às vésperas de sua promoção a diácono, renuncia ao sacerdócio, entre outras razões pela decepção que sofrera ante a recusa de Pio XII em receber o

Mahatma Gandhi com seu habitual e simples traje branco”

O autor de Minutos de Sabedoria

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Foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Jornalis-tas e Escritores Espíritas, e em 1958 passou a colaborar com a Rádio Copacabana, onde mante-ve o programa Higiene Mental, escrevendo peças para rádio tea-tro, interpretadas por Dulcina e Odilon.

Divulgou o Esperanto, sendo delegado especializado da Sociedade de Esperanto do Rio de Janeiro.

Deixou 28 obras publica-das, dentre as quais avulta sua obra prima, sua obra de maturi-dade, a Sabedoria do Evangelho, da qual foram publicados apenas oito volumes, outros tantos ainda permanecendo desconhecidos do público. A Sabedoria é obra sem paralelo no gênero, contendo no-va tradução direta do grego dos textos neotestamentários, acom-panhada de eruditos comentários históricos, geográficos, exegéti-cos, hermenêuticos, alegóricos, simbólicos e espirituais.

Escreveu conhecidas obras didáticas de latim e espe-ranto, assim como publicou obras escritas diretamente em francês, espanhol e latim. Contam-se às centenas os seus artigos sobre educação, latim, grego, psicolo-gia, artes plásticas, poesia e espi-ritualismo, publicados na im-prensa periódica, particularmente

(1972) e de Lingüística (1974), tu-do para a Universidade Federal de Brasília. Entrementes, em 1972, foi aprovado como Tradutor Pú-blico de Francês, Italiano e Espa-nhol.

Pastorino foi, antes de mais nada, um humanista com-pleto; no Renascimento, dir-se-ia um “homem universal”. Foi escri-tor, poeta, jornalista, historiador, filólogo, músico e filósofo. Tran-sitava, ainda, com desenvoltura, pelas ciências exatas. Poliglota, era emérito conhecedor de seis línguas vivas, sem falar no seu profundo conhecimento de latim e grego clássicos, e das aborda-gens ao hebraico e sânscrito.

Fazendo-se Espírita em 1950, após a leitura e releitura de O Livro dos Espíritos, feitas em dois dias, Pastorino passou a de-senvolver intensa atividade dou-trinária. Começou a freqüentar o Centro Espírita “Júlio César”, no bairro de Grajaú. Fundou, após, o Grupo Espírita “Da Boa Vonta-de”, que funcionou em sua resi-dência na Rua Sete de Setembro, 223, posteriormente rebatizado como Grupo de Estudos “Spiri-tus”. Foi aí que surgiram fruto de seu trabalho como Cel. Jaime Ro-lemberg de Lima, o Lar Fabiano de Cristo, a CAPEMI e o SEI.

De 1954 a 1957 integrou o Conselho Federativo Nacional da FEB, como representante da União Espírita Paranaense.

Desenvolveu intensa cola-boração na Cruzada dos Militares Espíritas, tendo fundado, a 3 de outubro de 1953, o seu Núcleo no CMRJ, do qual foi o primeiro pre-sidente.

a Gazeta de Notícias, O Jornal do Comércio e a Revista Sabedoria, por ele fundada.

Toda essa impressionante cultura, toda essa notável produ-ção intelectual, toda essa sabedo-ria acumulada, não lhe tiravam a simplicidade e a espontânea mo-déstia. Não sufocava o interlocu-tor com o seu saber, adaptava-se a ele. Paciente e de trato amável, Pastorino sabia ensinar sem im-por e bastava partilhar-lhe o con-vívio, para se aprender imorre-douras lições.

Um homem sem rancores, sem mágoas, aberto a tudo e a to-dos, de profunda vivência evan-gélica, assim se mostrava ele.

Mas, foi também um ho-mem de ação, abrindo inúmeras veredas, que seriam percorridas por outros companheiros. Sempre começava algo novo, que trans-feria a terceiros, para dedicar-se ao que somente ele poderia fazer: desde sua ida para Brasília, em 1970, entregou-se, com paixão, a escrever a Sabedoria do Evange-lho, em meio aos aprofundados estudos e sua preciosíssima bibli-oteca de cerca de 15.000 volu-mes. Trabalho esse que lhe con-sumiu as energias e os últimos anos de vida, e que prossegue, es-tamos certos, no plano espiritual em que hoje se situa.

Abril 2003 31FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Fonte:Transcrito de: O Cruzado - 2º Semestre de 2001, nº 8.

Pastorino tornou-seespírita em 1950,

após leitura e releiturade O Livro dos Espíritos,

feitas em dois dias

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animalescas. Cada povo era por-tador de um conjunto de divin-dades próprio, em linhas gerais submetidas a um deus soberano.

Os mais conhecidos e im-portantes movimentos mono-teístas da história religiosa da Humanidade, são os de Moisés e Akenaton, este último, por volta de 1.400 a.C., aboliu os deuses tradicionais, o maior dos quais era Amon, estabelecendo o culto ao deus único, o deus-Sol, Áton, entretanto, após o seu desencar-ne o Egito retomou o culto de uma grande variedade de deuses.

Moisés, já havia insti-tuído o monoteísmo um século antes que Akenaton, convencen-do os Hebreus de que eram o po-vo escolhido por Iavé e que só a Ele deviam servir. Posteriormen-te o povo estabeleceu-se na Pa-lestina, o que gerou repercussões relevantes, especialmente para o Cristianismo e o Islamismo.

Como Moisés é anterior a Akenaton, é possível que te-

Teologia

anos (comprovação feita por in-termédio dos inúmeros vestígios de cerimônias fúnebres e a pro-visão de alimentos, utensílios e armas para uso dos mortos na sua "viagem" para outra vida).

O sentimento humano em relação à sua religião sempre foi um misto de respeito, medo e esperança.

Desenvolvendo-se as ci-vilizações do Mediterrâneo e do Médio Oriente (Egito, Me-sopotâmia, Grécia e Roma), suas civilizações passaram a povoar-se de incontáveis deuses e deu-sas, ora representados pela for-ma humana, ora com aparências

religião é um dos meios dos quais o homem tem Ase utilizado para encon-

trar o significado de sua existên-cia.

Em épocas remotas, a re-ligião, ensejou inúmeras guerras e confrontos entre os mais di-versos povos, contudo ao mes-mo tempo em que, acarretou momentos desagradáveis na história, contribuiu para con-cretização dos mais relevantes ideais de justiça e moralidade.

Apesar de todas as diver-gências conceituais e práticas entre as mais diversas religiões do mundo, uma coisa parece certa, entre elas encontramos a existência de um "outro mun-do", algo que escapa ao conheci-mento das pessoas, exercendo grandes influências sobre a Hu-manidade.

Até o homem pré-histó-rico, segundo antropólogos, possuía em seu meio social, grande ascendência religiosa, incluindo a crença numa vida futura, que remontam ao "Ho-mem Neanderthal" que habitou a Europa há mais de 50.000

Abril 200332 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

O EspiritismoO Espiritismo é religião mesmo?! é religião mesmo?!

Leandro Camargo - Hortolânida/SP

O Espiritismo, como

religião, diferente das

teologias tradicionais

por não utilizar

formas exteriores

para adorar a Deus

A Concepção de um Deus Único:

Os Deuses do Mundo Antigo:

Reprodução

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surgiram diversas seitas filosófi-cas e as religiões de mistério, como o mitraísmo persa e ou-tras.

Por volta dos anos 30 de nossa era, um jovem car-pinteiro, chamado Jesus, assom-brou o mundo, foi um verda-deiro marco na história da Hu-manidade, um divisor de águas. Percorreu todo país curando enfermos e proclamando uma nova forma de encarar Deus e a própria vida. É considerado o Messias prometido pelos profe-tas, contudo, os próprios judeus, em sua maioria não o aceitaram e não o aceitam como tal.

A vida de Jesus é narra-da, especialmente nos quatro evangelhos bíblicos, escritos por volta dos anos 65 e 100 d.C. Sua morte é considerada um ato de renúncia, de exemplificação para humanidade.

A palavra "cristão", adje-tivo que se referia aos segui-dores de Jesus Cristo, era ado-tada inicialmente com cono-tações pejorativas, mas, pouco a pouco, a disciplina e o fer- vor missionário fizeram recair sobre os mesmos a atenção das autoridades, surgindo as pri-meiras perseguições aos cris-tãos primitivos, culminando nos

Ensinamentos de Jesus:

nha influenciado o mesmo com a idéia do monoteísmo.

Após o estabelecimento dos Hebreus na Palestina, a religião nacional dos Judeus avançou vertiginosamente, dando origem a idéias que in-fluenciaram de forma extraor-dinária a crença do mundo, de então. Por volta do século VIII a.C., surgiram profetas como Amós e Oséias, que tentavam encontrar um sentido para as aparentes injustiças da vida hu-mana, concluindo que a pros-peridade era recompensa de Deus pela bondade, enquanto que a adversidade era considera-da um castigo.

Tempos depois, a contar do século VI a.C. o mundo gre-go passou a indagar-se sobre a natureza da realidade. Quem se entregou a tais indagações fo-ram, principalmente, Sócrates, Platão e Aristóteles. As teorias desses admiráveis pensadores influenciaram e influenciam o pensamento da Humanidade, bem como, dos primeiros pen-sadores cristãos, com destaque para Santo Agostinho (354-430), sendo indispensável dizer da conseqüente preponderância na religião.

Foi nesse período que

eventos onde eram lançados à arena para serem devorados pelos leões e queimados como tochas vivas. No entanto, o Im-perador Constantino no ano de 313 concedeu liberdade de cul-to aos cristãos em decorrência de uma visão especial que tivera. Teodósio se encarregou de tor-nar o cristianismo culto oficial da Igreja em 380; surge, então, no século V a "Igreja Católica Apostólica Romana".

Outras incontáveis reli-giões, de expressão universal, surgiram no mundo, a saber: o islamismo, o hinduísmo, Cren-ças indianas, o budismo, sabe-doria chinesa. O próprio Cristia-nismo teve importantes movi-mentos internos, como a Refor-ma protestante concretizada por Martinho Lutero.

Em meados do século XIX, no centro cultural do mun-do (a França), o progresso cientí-

Abril 2003 33FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

Profetas Hebreus:

O Mundo das Idéias na Grécia:

Fundação do Catolicismo:

O Espiritismo:

Religare, religar, voltar-se

ao Criador, unir-se a

Ele pelo pensamento e

sentimento: eis o

verdadeiro sentido da

religião espírita

Outros Movimentos Religiosos

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Abril 200334 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP

É nesse sentido que o Espiritismo se revela como re-ligião. O termo vem do latim, religare, e quer dizer religar, voltar-se ao Criador, unir-se a Ele pelo pensamento e senti-mento, dispensando toda e qual-quer fórmula ritualística, incen-tivando a fé raciocinada, pela qual, ciência e religião se com-pletam almejando o progresso humano. Os Espíritos Revelado-res, apontaram Jesus como guia e modelo da Humanidade.

A Doutrina Espírita, por-tanto, seguindo os passos do Cristo é a Terceira Revelação prometida por Jesus e adquire o seu aspecto religioso, quando re-vive na essência os preceitos evangélicos, contribuindo assim, para a transformação moral do homem. O Espiritismo é religião sim, mas religião do Espírito, da Verdade e da Razão.

Sócrates, Platão

e Aristóteles: suas

teorias influenciaram e

continuam influenciando

o pensamento humano.

1

Para saber mais, consulte:

O Livro dos Espíritos - Allan Kardec.

O Livro dos Médiuns - Allan Kardec.

O Evangelho Segundo o Espíritismo - Allan Kardec.

O Céu e o Inferno - Allan Kardec.

A Gênese - Allan Kardec.

História do Homem - Seleções do Reader's Digest 1975 p. 284/293.

2Conclusão:

fico e a mudança das idéias contribuíam para alterar a orga-nização da sociedade, conceden-do maior tolerância para todas as formas de pensamento, bus-cando o entendimento dos fatos pela razão.

O ambiente humano es-tava favorável a uma nova reve-lação e, naquele cenário, o Espi-ritismo surgiu.

A iniciativa foi dos Espí-ritos. Acontecimentos insólitos pululavam por toda parte. Os Espíritos manifestavam-se e co-municavam-se por fenômenos (efeitos físicos e intelectuais), chamando a atenção da Huma-nidade para a realidade espiri-tual da vida.

Allan Kardec codificou os ensinos dos Espíritos, deno-minando-os Espiritismo, sendo seus princípios fundamentais:

Deus;

A Criação;

Existência e sobrevivên-cia do Espírito;

Intercâmbio mediúnico;

Vidas sucessivas (reen-

carnação);

Evolução;

Lei de causa e efeito;

Pluralidade dos mundos habitados;

Unidade e solidariedade universal.

Conquanto, toda ifluên-cia que exerce e exerceu a reli-gião sobre a Humanidade, refle-timos: Seria a Doutrina Espírita uma religião?

Vejamos: o Espiritismo não possui:

- imagens sagradas;

- rituais, dogmas;

- corpo sacerdotal;

- objetos de culto, tais como: velas, incenso, vestimen-tas, paramentos, bebidas especi-ais, fumo etc.

Assim, o Espiritismo não é religião sob o ponto de vista das teologias tradicionais, que usam de exterioridades para adoração a Deus; consoante as instruções de Jesus: "Deus é Es-pírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade".

Evangelho de João 4:24.

O Livro dos Espíritos, item 625.

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Page 34: N e s t a Edição - nossolarcampinas.org.brnossolarcampinas.org.br/site/wp-content/uploads/2015/06/revista... · O Espiritismo é doutrina de liberdade; e, se observarmos bem, o

Estes e outros assuntos interessantíssimos abordados com clareza e objetividade.

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Obra bem escrita pelo querido confrade Divaldinho Mattos, da cidade de Votuporanga/ SP, homenageia o médium Chico Xavier com casos e experiências de pessoas respeitáveis do movimento Espírita. A pretexto de divulgar a obra, reproduzimos na coluna Aconteceu Comigo, desta revista, o sonho premonitório de Therezinha Oliveira com Chico Xavier. Nomes respeitáveis como de: Hernani Guimarães Andrade, Di-valdo Pereira Franco, Raul Teixeira, dentre outros, formam o quadro de tarefeiros que conviveram e ou tiveram experiências com o querido médium de Uberaba.

Livro recomendado para iniciantes e estudiosos.

De amigos para Chico Xavier

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