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Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana Nº 244 - DEZEMBRO/2016 www.pastoraloperaria.org.br QUAL NATAL QUEREMOS CELEBRAR? Dom Reginaldo Andrietta, Bispo Diocesano de Jales Referencial da CNBB para a Pastoral Operária “O que você quer ganhar no Natal, este ano?” As respostas dadas por 70 crianças e adolescentes de uma entidade socioeducativa de Jales, interior do Estado de São Paulo, nos últimos dias, surpreendeu as educadoras que lhes dirigiram essa pergunta e tem emocionado quem toma conhecimento do que disse- ram. A maioria disse que queria uma cesta básica, pois, como afirmou uma dessas crianças, “em casa está fal- tando tudo, até mesmo comida”. Como celebrar o Natal no Brasil, hoje, sabendo que o país vive situações sociais alarmantes? Os desempregados ainda são milhões. Muitos têm em- prego informal, sem garantia de direitos. A vio- lência cresce, até mesmo nas escolas. Os professores são mal remunerados. Os hospitais continuam pre- cários e superlotados. Os ecossistemas são destruídos. A disparidade de renda é grande. O acesso à alimen- tação, à habitação e à terra é restrito. Movimentos sociais que lutam por direitos da classe trabalhadora são reprimidos. Os índices assustadores de violência confirmam a tragédia na qual nos encontramos. Resta-nos espe- rança? Sim, esperança. Não a confundamos com ex- pectativa. A expectativa é passiva. A esperança é ativa. Para compreendê-la, comparemos com uma mulher grávida. Todo o seu ser vai se transfor- mando em vista do novo ser que ela gera. Aman- do-o, ela se engaja. A esperança é assim, nos encoraja, nos compromete com a novidade que desejamos. Qual Natal desejamos e nos comprome- temos, então, a celebrar? O Natal da futili- dade ou da fraternidade? O Natal da ga- nância ou de ações em favor dos socialmente excluídos? O Natal da extravagância ou da con- vivência saudável? O Natal dos homicídios ou do respeito à vida? O Natal da corrupção ou da honestidade? O Natal dos vícios ou da sobriedade? O Natal mercantilista ou humanista? O Natal dos analfabetos polí- ticos ou dos cidadãos conscientes e res- ponsáveis? O Natal de todos os desejos ou do que é essencial? O essencial, sem dúvida, é Jesus Cristo. É seu Natal que celebramos. Saiba- mos, pois, distinguir o que é verdadei- ro e o que é fútil na forma que o Natal é comemorado. Inspiremo-nos, para isso, na exortação do apóstolo Paulo: “Não vos conformeis com as estru- turas deste mundo, mas transformai- vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito” (Rm 12,2). Celebremos, pois, o Natal como um novo nascimento, apren- dendo com as crianças e os ado- lescentes, a desejar o que é, na realidade, necessário; aprenden- do também com os mais cale- jados na vida, a lutar pelo que é justo. Que tal, então, engajarmo-nos para que to- dos recebamos a tão so- nhada cesta básica, por exemplo, do trabalho em condições dignas, de ges- tões econômicas e políticas incorruptíveis, da sustentabilidade ambiental e do de- senvolvimento humano integral? Renovemos, pois, nosso engajamento com o aniversariante, festejado no Natal, de gestar uma co- existência humana realmente justa e fraterna. Que nossos projetos pes- soais e sociais correspondam ao que celebramos no Natal. Que esse Natal seja, portanto, digno de um novo nascimento. Assim como “o povo que vivia nas trevas viu uma gran- de luz” (Mt 4,16), que nossa luz seja Jesus. Ele, sim, nos conduz pelos caminhos da justiça e da paz. Jales, 06 de dezembro de 2016.

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Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana

Nº 244 - DEZEMBRO/2016www.pastoraloperaria.org.br

QUAL NATAL QUEREMOSCELEBRAR?

Dom Reginaldo Andrietta, Bispo Diocesano de JalesReferencial da CNBB para a Pastoral Operária

“O que você quer ganhar no Natal, este ano?” As respostas dadas por 70 crianças e adolescentes de uma entidade socioeducativade Jales, interior do Estado de São Paulo, nos últimos dias, surpreendeu as educadoras que lhes dirigiram essa pergunta etem emocionado quem toma conhecimento do que disse- ram. A maioria disse que queria uma cesta básica, pois,como afirmou uma dessas crianças, “em casa está fal- tando tudo, até mesmo comida”.

Como celebrar o Natal no Brasil, hoje, sabendo que o país vive situações sociais alarmantes? Osdesempregados ainda são milhões. Muitos têm em- prego informal, sem garantia de direitos. A vio-lência cresce, até mesmo nas escolas. Os professores são mal remunerados. Os hospitais continuam pre-cários e superlotados. Os ecossistemas são destruídos. A disparidade de renda é grande. O acesso à alimen-tação, à habitação e à terra é restrito. Movimentos sociais que lutam por direitos da classe trabalhadorasão reprimidos.

Os índices assustadores de violência confirmam a tragédia na qual nos encontramos. Resta-nos espe-rança? Sim, esperança. Não a confundamos com ex- pectativa. A expectativa é passiva. A esperança éativa. Para compreendê-la, comparemos com uma mulher grávida. Todo o seu ser vai se transfor-mando em vista do novo ser que ela gera. Aman- do-o, ela se engaja. A esperança é assim, nosencoraja, nos compromete com a novidade que desejamos.

Qual Natal desejamos e nos comprome- temos, então, a celebrar? O Natal da futili-dade ou da fraternidade? O Natal da ga- nância ou de ações em favor dos socialmenteexcluídos? O Natal da extravagância ou da con- vivência saudável? O Natal dos homicídiosou do respeito à vida? O Natal da corrupção ou da honestidade? O Natal dos vícios ouda sobriedade? O Natal mercantilista ou humanista? O Natal dos analfabetos polí-ticos ou dos cidadãos conscientes e res- ponsáveis? O Natal de todos os desejosou do que é essencial?

O essencial, sem dúvida, é Jesus Cristo. É seu Natal que celebramos. Saiba-mos, pois, distinguir o que é verdadei- ro e o que é fútil na forma que o Natal écomemorado. Inspiremo-nos, para isso, na exortação do apóstolo Paulo:“Não vos conformeis com as estru- turas deste mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possaisdistinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o quelhe agrada, o que é perfeito” (Rm 12,2).

Celebremos, pois, o Natal como um novo nascimento, apren-dendo com as crianças e os ado- lescentes, a desejar o que é, narealidade, necessário; aprenden- do também com os mais cale-jados na vida, a lutar pelo que é justo. Que tal, então,engajarmo-nos para que to- dos recebamos a tão so-nhada cesta básica, por exemplo, do trabalho emcondições dignas, de ges- tões econômicas e políticasincorruptíveis, da sustentabilidade ambiental e do de-senvolvimento humano integral?

Renovemos, pois, nosso engajamento com o aniversariante,festejado no Natal, de gestar uma co- existência humana realmente justae fraterna. Que nossos projetos pes- soais e sociais correspondam aoque celebramos no Natal. Que esse Natal seja, portanto, digno de umnovo nascimento. Assim como “o povo que vivia nas trevas viu uma gran-de luz” (Mt 4,16), que nossa luz seja Jesus. Ele, sim, nos conduz peloscaminhos da justiça e da paz.

Jales, 06 de dezembro de 2016.

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2 - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana

Informes de PO

Testemunho de vida

19ª ASSEMBLEIA NACIONAL

A Pastoral Operária Nacional já se prepara para a 19ª Assembleia em 2017. Na expectativa de reunir representantes delegados de todas as dioceses que tem a PO,e convidados/parceiros. Será momento rico para aprofundar a ação e refletir os rumos da PO junto à classe trabalhadora.

Tema: Trabalho digno é nosso direito, lutar por ele é nosso dever!

Lema: O clamor dos trabalhadores, chegou aos ouvidos do Senhor! (Tg 5, 4).

Datas: 07 a 10 de setembro de 2017

Local: Aparecida - SPDesde então motivamos aos grupos de base nas dioceses que comecem a viver esse momento, a

rezar os clamores da classe trabalhadora, e a experiência de Deus no trabalho. Como processo depreparação enviamos para os grupos um Questionário para análise da realidade, com perguntassobre o mundo do trabalho e dos/as trabalhadores/as, e a atuação da Pastoral nessa realidade.Conclamamos o envolvimento de todos/as nessa tarefa a fim de que possamos fazer uma boa escutadas mais diversas realidades do nosso Brasil.

Pedimos desde então, que coloque esse processo de preparação em suas orações pelo bom êxitodessa caminhada.

SUBSÍDIO SOBRE GRUPOS DE BASEA Coordenação Nacional da Pastoral Operária está atualizando os subsídios PO Como e Para

Quê e sobre Grupos de Base. Esse trabalho é fruto do projeto de revitalização da Pastoral, iniciado em 2016. Inicialmente a Coordenação Colegiada, com o apoio dealguns membros da PO, atualizara O subsidio sobre Grupos de Base e agora submeteu-se para análise com alguns grupos. Esperamos que no início de 2017 cheguenos grupos de base esse importante material de estudo e metodologia.

MAURICIO AMORIM - Ele é de luta!!! Lutou todos os dias!!!

É impossível falar da história da Pastoral Operáriado Espírito Santo sem falar do estivador MaurícioAmorim. Ele foi um dos principais articuladores para aformação da Pastoral na Arquidiocese de Vitória. Se-gundo o metalúrgico aposentado, José Ferreira Ma-chado, o Maurício Amorim conheceu a experiência daAção Operária Católica de São Paulo e quis implantá-laem terras capixabas. Para isso, segundo José, ele con-vidou vários amigos das Comunidades Eclesiais de Base.

A história de Maurício Amorim se assemelha coma de muitos trabalhadores do interior do Espírito San-to. Nascido em Baixo Guandú, onde conheceu Anita,sua esposa, Maurício Amorim mudou-se para Barrade São Francisco, outro município do interior, em buscade dias melhores. Contudo, a baixa na colheita do caféfez com que ele migrasse para a Grande Vitória, pas-sando a residir em Campo Grande, bairro do municí-pio de Cariacica, periferia urbana. Sua nova profissãopassou a ser de estivador da Cia Docas do EspíritoSanto.  

Esse contexto de migração é uma marca muito fortena origem da Pastoral Operária no Espírito Santo. Noinício da década de 1970 estava em alta o êxodo rural.Os grandes projetos das grandes empresas (VALE,Aracruz Celulose, CST..) se incumbiam de trazer ohomem do campo, sem experiência de trabalho urba-no, para buscar novas oportunidades na cidade. Oinchaço da área urbana trouxe consigo o grito porinfraestrutura que respondesse às novas necessidadesdas cidades. O município de Cariacica se tornou umbolsão de empobrecidos sem perspectivas por contada ausência de condições mínimas de vida onde mora-vam. Daí a necessidade de organização dos trabalha-dores. E Maurício Amorim viu na Pastoral Operáriaesse instrumento de mobilização.

Quando chegou em Cariacica, Maurício Amorimbuscou participar da Igreja local. Deixou marcas pro-fundas na formação de comunidades eclesiais de base.Sua ligação com D. João da Mota e Albuquerque, ar-cebispo da arquidiocese de Vitória na época, foi umdos fatores que motivou sua militância na PastoralOperária. Foram viagens para São Paulo, Minas Ge-rais, Rio de Janeiro, dentre outros, colaborando com aconsolidação da Pastoral Operária Nacional e muitasvisitas aos trabalhadores de todo o estado do Espírito

Marina Oliveira e Elaine Dal GobboPO do Espírito Santo

Desamarrem as sandálias e descansemEste chão é terra santa, irmãos meus!

Venham, orem, comam, cantemVenham todos

E renovem a esperança no Senhor.

Joel Elói Franz

Santo. A partir da dinâmica de trabalho da PastoralOperária, foi presença nas diversas organizações dostrabalhadores do interior e da cidade. Contribuiu para aconstrução de diversas chapas de oposição nos sindi-catos da grande Vitória, tais como, construção civil,estivadores, metalúrgicos.

Maurício Amorim também contribuiu na formaçãoda Central Única dos Trabalhadores no Espírito Santoe na construção do Partido dos Trabalhadores no esta-do. Ele acreditava que a classe trabalhadora organiza-da, conseguiria ser protagonista de uma mudança nasrealidades de morte que viviam. Um homem sempreantenado à realidade da sociedade, que quando refletiacoletivamente a Palavra de Deus, ajudava as pessoas aentenderem o que estavam vivenciando e a partir dis-so, a importância da organização para transformar. 

A casa da família Amorim, em Campo Grande, sem-pre esteve de portas abertas para a classe trabalhado-ra. O terraço transformou-se na sede da Associaçãodos Trabalhadores Desempregados, do Partido dosTrabalhadores e das oposições sindicais.  

A realidade da sociedade foi mudando com a con-solidação do sistema neoliberal no mundo e no Brasilos resultados foram catastróficos. O individualismoimpregnado causou a desmobilização dos trabalhado-res e um desemprego ainda maior. Nesse sentido, Mau-rício Amorim, preocupado com a sobrevivência dasfamílias trabalhadoras, e a partir da Campanha daFraternidade de 1999, cujo lema era: “Sem Trabalho...Por quê?”, começa as reflexões sobre uma nova for-ma de organização, a economia popular solidária. Naarquidiocese de Vitória, vários projetos se efetivaram.Em Cariacica também, com a farmácia Alternativa, oBanco Sol e a COOBLOFAC. E ele sempre puxando acoordenação arquidiocesana e das áreas pastorais dePastoral Operária para assumirem esse novo jeito dese organizar.

A luta pela vida gerou a Marcha pela Vida e Cidada-nia, que acontece há 18 anos, socializando as diversaslutas da classe trabalhadora no estado, unindo igrejas,sindicatos, movimento popular e todas as forças quebuscam a Vida em primeiro lugar. Importante lembrarque o companheirismo da esposa foi fundamental nes-ta caminhada militante, na educação dos filhos, na re-taguarda acolhedora da família ao longo dos sessenta

anos de união. Hoje, como resultado dessa educação,os filhos em suas categorias de trabalho têm participa-ção em partido político, em sindicatos, inclusive ques-tionando as diretorias que não respondem aos anseiosda classe. De alguma forma, a militância do patriarcaesteve presente e surtiu frutos.

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Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - 3

Oficina Dívida Pública. O que as mulheres têm a ver com isso?

Nos dias 19 e 20 de agosto, Francismarina (articuladora sudeste) , Antonia Carrara (PO SP) e Cira Maia (PO Nordeste) participou, representando a PO Nacional,da Oficina Dívida Pública. O que as mulheres tem a ver com isso? Na ocasião foi debatido sobre O Estado brasileiro no contexto atual - efeito latino-americano;A degradação ambiental e sua relação com a financeirização da vida - Impactos sobre a vida das mulheres; A Dívida Pública como alicerce do atual modelo: origem,principais credores, ciclo da dívida; Formas de resistência e possibilidades de reversão do aprisionamento pela dívida.

A noite Francis e Cira participaram também de uma roda de conversa sobre o Haiti e Brasil: O que temos em comum? A atividade acontece dentro da Campanhade Solidariedade Permanente com o Haiti.

Encontro de Articulação Norte e NordesteUm momento de aprofundamento da conjuntura nacional, da mística pastoral, integração,

união e fortalecimento das dioceses.Mônica Fidelis - Liberada Nacional

Nos dias 25 e 26 de novembro em Fortaleza/CE aconteceu o Encontro de Articulação Norte e Nordeste, com representantes das dioceses de Manaus/AM; João Pessoae Campina Grande/PB; Fortaleza, Maracanaú e Itapipoca/CE; Mossoró e São Gonçalo/RN; Bacabal(Pedreiras) e Imperatriz/MA; Recife/PE e Salvador/BA e a liberada nacional Mônica Fidelis. Ausen-tes Teresina/PI e Guarabira/PB. Contamos também com a presença do Padre Ermanno Allegry(Adital).

Iniciamos com um momento de mística e as palavras de motivação e esperança Pe. ErmannoAllegry. Com a contribuição de Reginaldo Aguiar (Economista do DIEESE/CE) na análise de con-juntura, refletimos sobre a PEC-55 (pretende limitar o crescimento da despesa primária da uniãonum prazo de vinte anos), utilizando-a como um guarda-chuva das outras reformas como aprevidenciária, da educação e Projetos de leis e o que representa para a classe trabalhadora. Surgi-ram alguns questionamentos: Qual será a atuação da PO nessa cultura de resistência, frente aosnovos desafios? Como integrar a classe trabalhadora nessa luta? Como interagir com a juventude?Por que o movimento sindical esta quieto? Como desconstruir a cultua do ódio, preconceito e domedo?

Nas inserções brotaram algumas ideias, frente a atuação da PO: Fortalecer e potencializar asatividades de formação, através de rodas de conversa, seminários, debates, encontros nas comuni-dades; Promover atos públicos sobre as perdas de direitos; Interagir e apoiar as ações realizadas pela juventude (ocupações, saraus, debates, aulas públicas ...); Fortaleceruma estrutura de resistência nas categorias sindicais, EPS, Grito das/os Excluídas/os e Movimentos de mulheres; Potencializar os nossos materiais de formação como oJornal Conquistar e as cartilhas; Intensificar a participação dos militantes da PO nas ações promovida pelos movimentos populares em defesa das/dos trabalhadoras/es, nosentido de fortalecer a luta popular; Intensificar ações unificadas com as pastorais sociais, CEBs, CARITAS e na comunidade. Fortalecer e ampliar a ideia de uma POengajada, participativa, articulada.

Algumas experiências concretas das dioceses: integração e ações conjuntas com as pastorais sociais, caritas e CEB’S; Acompanhamentos dos grupos de EconomiaPopular Solidária; realização nas bases de momentos fortes de espiritualidade e consciência crítica de base, participação nas ações dos movimentos populares contráriasas medidas do governo federal.

A partir das discussões, o grupo definiu algumas ações para 2017, são elas: Dois encontros de articulação norte e nordeste (10 a 12 de março - João Pessoa e 10 a 12de novembro - Recife) e um seminário (13 a 16 de julho em Fortaleza), este último finalizando com um ato público. Tendo em vista o resultado positivo das visitas desse anoàs dioceses de Campina Grande, João Pessoa, Fortaleza, Itapipoca, Mossoró, São Gonçalo e Recife, ficou definido também que Mônica continuará as visitas as dioceses.Os próximos em Guarabira, Salvador, Manaus, Imperatriz, Bacabal (Pedreiras) e Teresina. O encontro de articulação norte e nordeste é um espaço de conscientização eaprofundamento da fé. O ponto forte é o jeito de celebrar, planejar, confraternizar, trocar experiências.

Boas notícias!A PO de João Pessoa iniciou esse ano, um acompanhamento de um grupo de mulheres que se reúnem quinzenalmente no bairro do Jardim Veneza, periferia da

cidade. Essas mulheres conversam sobre: Mercado de trabalho informal e informal e seus desafios cotidiano para as mulheres, violência contra as mulheres, asrelações de gênero no ambiente familiar e o empoderamento feminino. O grupo também produz artesanato como geração de renda para suas famílias. A coorde-nadora do grupo Magna Guimarães, participou pela primeira vez, do encontro de articulação norte e nordeste em Fortaleza (novembro deste). Mônica participou deuma reunião em novembro, e falou sobre a Pastoral Operária no Brasil e seus desafios, também sobre a importância do empoderamento feminino, da espiritualidadede luta e da organização da classe trabalhadora frente a conjuntura atual.

Equipe de projeto da PO do Norte e Nordeste

Na ocasião da visita pastoral Mônica se reuniu com parte da equipe de projeto norte e nordeste, iniciou o planejamento para a elaboração de um projeto de formação,articulação e revitalização dos grupos de base da região norte e nordeste.

Revitalização do Sul

Em 2017 está em nosso Plano Pastoral retomar o diálogo e a reestruturação da POno Sul. Trabalho já iniciado em 2016, mas que visa ampliar para o próximo ano, coma visita em algumas dioceses, e a realização de 3 seminários (RS, SC e PR) e umseminário regional (3 estados juntos) para discutir a realidade do mundo do trabalhoe a organização de novos grupos da PO.

Em Curitiba – Arquidiocese de Curitiba iniciou durante esse ano um Grupo daPastoral Operaria na Vila das Torres, no Centro de Formação Santo Dias. O Grupoiniciou com ajuda da PO Nacional representada por Jardel, e outros militantes da PO.Com reunião quinzenal, o grupo iniciou estudos sobre a Encíclica Laudato Si.

Acolhemos também com alegria mais um grupo da PO, na cidade de Araucária –

Diocese de São José dos Pinhais, que iniciou esse ano com a iniciativa e acompa-nhamento do Pe Leocádio Zytkowski. Jardel esteve com eles no dia 7 de dezembro.O grupo tem realizado diversas atividades como curso: cursos profissionalizantespara auxiliar na geração de renda, manifestações em defesa dos direitos, apoio às greves nas fabricas (essa é uma região de muitas fábricas)

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4 - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana

Minas GeraisEm junho deste ano, a PO Nacional esteve em

visita aos grupos de base de algumas dioceses deMinas Gerais, representado pelo liberado JardelLopes, visitou os grupos de:

Ubá – Diocese de Leopoldina, reúne na co-munidade a mais de 30 anos. “A PO tem uma con-tribuição muito grande nessa cidade”, afirma Clau-dio, militante e secretário de saúde da cidade. O

grupo pretende retomar a Panificadora comunitáriaque tinha antes.

Ponte Nova – Diocese de Mariana, o gruporeúne a cada 15 dias, com uma média de 7 partici-pantes, tem feito estudos da Campanha da

Fraternidade e da Encíclica Laudato Si. Há maisde 30 anos na cidade, a PO tem história junto aosindicato da construção civil, lutas urbanos de aces-so a cidade, romarias dos/as trabalhadores/as.

Cataguases – Diocese de Leopoldina, a Lu-cia Helena é uma das fortes lutadoras da Pastoral,

com a Economia Solidária, e com um grupo culturalde Jovens, de identidade afro, que lutam pelo forta-lecimento dos direitos e doterritório cultural. Nessegrupo tivemos uma boa con-versa sobre o acesso aosdireitos.

Ipatinga – Diocese de

I t a b i r a / C o r o n e l

Fabriciano, nos encontra-mos na paróquia com umgrupo de trabalhadores/as,

Coordenação Nacional da PastoralOperária em missão pelo BRASIL

onde conversamos sobre os direitos dos/as traba-lhadores/as. Também com visita à Associação deConfecções Ir Doroty, que atua com Economia So-lidária. A Pastoral em Ipatinga iniciou em 1983.

Na cidade de Pompeu – Diocese de Sete La-

goas, a PO trabalha com Economia Solidária, junta-mente com a Pastoral da Criança, na produção de

produtos naturais, multimistutra, orgânicos, remédi-os, horta comunitária. A PO de Pompeu chegou ater convenio com a prefeitura para entrega demultimistura para a merenda escolar.

Na grande Belo Horizonte, estivemos em Ibirité

– Diocese de Belo Horizonte, com a associaçãoComunitária dos Moradores do bairro Morada daSerra (Ascobamos), com o companheiro Raimundo.Diversos grupos de trabalhos e projetos que aconte-cem nesse espaço: mulheres, geração de renda, ba-zar, etc.

Espírito SantoNo Espírito Santo, Mônica Fidelis e Jardel Lopes

visitaram grupos nos dias 19 a 21 de agosto. EmCariacica – Arquidiocese de Vitória, região metro-

politana de Vitória, visitamos os grupos: FarmáciaPopular, que atua com a produção de remédios ca-seiros, com preço popular para comunidade; Coo-perativa de blocos, uma iniciativa de geração de rendaa partir da Campanha da Fraternidade de 1999(Fraternidade e os Desempregados); Banco Sol, ban-co solidário, Oficinas de Artesanato e Computaçãona política de Economia Solidária; Centro deComercialização de Economia Solidária, que reúneempreendimentos produzidos nos bairros. Visitamostambém a Associação Pe. Gabriel, motivador das

Pastorais Sociais que foi as-sassinado em 1989, em VilaVelha. O grupo da PO reú-ne-se sempre nesse espaçoe guarda um belo acervo dahistória.

No dia 21, reuniu-se o En-contro de Estadual da PO doEspírito Santo. Aproximada-mente 80 pessoas, com for-mação da conjuntura com o

Profº Mauricio (UFES), místicas, partilhas, e festajunina. Reunimos com a coordenaçãoarquidiocesana, na casa do saudoso Mauricio Abdala,onde fomos acolhidos afetuosamente pela sua famí-lia. Partilhamos a bonita caminhada que a PO desselocal faz com as romarias, formações, cursos bíbli-cos em parceria com CEBI, formação política, reti-ros. Viva a PO!

Rio de JaneiroNo dia 29 de agosto, em Volta Redonda, Mônica

e Jardel participaram do seminário estadual da Pas-toral Operária. Com o tema: “A crise do capitalis-

mo e suas consequências para a classe traba-lhadora no Brasil”. Aproximadamente 80 partici-pantes, membros da PO e parceiros. O evento acon-teceu na Universidade Federal Fluminense.

São PauloJardel assessorou uma roda de conversa, reali-

zada pela PO do Ipiranga, sobre os Encontros doPapa com os Movimentos Populares, na Casa daSolidariedade.

Mônica e Jardel participaram do Encontro deFormação da PO estadual, juntamente com Movi-

mento dos Trabalhadores Cristãos.E no dia 30 de outubro em São Paulo acontece

um ato e uma missa que relembra o assassinato docompanheiro Santo Dias. Na ocasião, os liberadosestavam presentes assim como os militantes da POdo estado.

Todo ano, no local onde Santo foi assassinado,companheiras e companheiros de luta pintam o chãocom as palavras: AQUI FOI ASSASSINADO OOPERÁRIO SANTO DIAS DA SILVA, PELAPOLICIA MILITAR, NO DIA 30/10/1979. Após oato, saímos em caminhada para o cemitério, lá acon-teceu a missa. Nesse dia reuniram-se ali, muitos jo-vens da Escola Estadual Santo Dias e um grupo te-atral que está realizando uma peça sobre Santo Dias.

ParanáEm Ponta Grossa – Diocese de Ponta Gros-

sa, Jardel participou do Encontro de Formação daPastoral Operária, no dia 3 de dezembro, com os

Coordenação Nacional da PastoralOperária em missão pelo BRASIL

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Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - 5

temas: criminalização dos movimentos populares,reforma trabalhista e reforma da previdência. Nomesmo encontro foi indicado para a nova coorde-nação, Karim Comerlatto e Ronaldo Monisco.

Região NordesteA PO Nacional representada pela liberada Mô-

nica Fidelis esteve em visita pastoral aos grupos debase de parte da região nordeste. Mônica estavaacompanhada de Leila Cristina, articuladora da re-gião Norte e Nordeste. Visitamos os grupos dos es-tados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Nor-te e Ceará.

.Campina Grande/PBAs visitas aos grupos de base da PO do Nordes-

te se iniciou na cidade de Campina Grande. Existena diocese três grupos de base de PO nas comuni-dades de Monte Castelo, Santa Rosa e Bodocongó.Estão entre quinze a vinte pessoas e se reúnem a

cada quinze dias. A PO de Campina Grande tem umfórum dos grupos de base com dois representantesde cada grupo, reúnem mensalmente para planejar eencaminhar ações conjuntas. Também acompanhaum grupo de economia solidária. A PO conta com oapoio do Pe. João Barbosa.

O grupo apresentou informações sobre a reali-dade local, questões como o aumento no número detrabalhadoras/es desempregas/os; a violência con-tra as mulheres e jovens, a crise da água (criseHídrica), a insegurança quanto às mudanças na apo-sentadoria, e atuação da Pastoral Operária frente aesses fatos. Se percebe a importância da formaçãopolítica e teológica como instrumento deenfrentamento à conjuntura local e nacional.

Participações: Grito das/os excluídas/os; Conse-lho paroquial, Coordenação das pastorais sociaisdiocesana, Frentes Populares, Fórum de EPS (Par-ticipação em feiras artesanais) e sindicato.

Fortaleza/CEComeçamos com a leitura bíblica Isaias 51. 1-8Após a reflexão bíblica e a conjuntura atual: Nossa

luta tem um significado forte, para animar e fortale-

cer a classe trabalhadora, estamos vivendo uma cri-se política, econômica, social mas também de valo-res e respeito ao próximo. Se faz necessário rever anossa história e ver como nos organizávamos, Isaíastraz essa esperança viva, nos encoraja.

O grupo apresentou algumas questões atuais so-bre a PO local:

Hoje existem dois grupos no município deMaracanaú em Macejana e Timbó (O município fazparte da região metropolitana da cidade), Palmeirase João Paulo ll.

A postura do Papa Francisco e suas encíclicas vemabrindo algumas portas, mesmo que poucas. O grupovem fortalecendo as ações em conjunto, uma maiorarticulação com os movimentos populares (Frentespopulares) e pastorais sociais; a parceria entre PO eCEBs ; CÁRITAS. Conseguiu recurso para os gru-pos de EPS, e deu início à revitalização do sítio da POatravés de um projeto “Amigos do Sítio” com adesãode mais de 150 pessoas e da casa da PO.

Realizam em Maracanaú todo segundo sábadodo mês, feiras solidárias e atividades culturais na pra-ça. O projeto de revitalização da praça, se chama“Praça Viva”, elaborado pela PO de Maracanaú noconjunto Timbó, por Joelma, Jamile e Lucíola.

As atividades de formação acontecem atravésdas reuniões nos grupos de base e encontros esta-duais. Na perspectiva de trabalhar junto com a ju-ventude trabalhadora e EPS.

Realizou uma atividade sobre direitos e previdên-cia, conseguiu o espaço na igreja. Padre Hermanoassessorou um seminário tendo como pano de fundoo Grito das/os Excluídas/os, com o tema: Exclusãodos povos da América Latina em Maracanaú.

Itapipoca/CE

O grupo de Itapipoca que tem em torno de seispessoas, se reúne mensalmente.

Conversamos sobre a Encíclica Laudato Si e o

cuidado com a casa comum. A PO esteve presentena luta pela limpeza urbana e reciclagem do lixo nacomunidade no início do ano.

Continuar na luta é um desafio para o grupo, exis-te uma dificuldade em motivar as pessoas para par-ticipar, mas existe a necessidade de que precisamcontinuar atuando junto à classe trabalhadora e ofortalecimento da PO local.

Mossoró/RNA PO é uma referência na cidade, no sentido de

ação conjunta e promover denúncia. Participações:Na paróquia, Frentes Populares, Grito das/os Exclu-ídas/os, As-sentamento,ocupações emovimentosindical maisintenso nascategorias docomércio ee d u c a ç ã o .Realizaramencontros de

formação, rodas de conversa principalmente duran-te os pré-gritos.

São Gonçalo/RNMônica e Leila foram recepcionadas por Lúcia,

Kaciele, Fátima, Marlene, Rosário, Emanuel, Josimar,Fátima e Edson. Esse grupo desenvolve trabalhos

na Associação Amigos a Serviço da Vida em que aPO acompanha, na sua maioria são colaboradoresdo grupo de economia solidária e começam a acom-panhar a PO local. Refletindo sobre a realidade lo-cal e nacional surgiram temas como: aumento do de-semprego e da violência contra a mulher e jovens,idade penal, corrupção (Irregularidades na prefeitu-ra local), manipulação da grande mídia e direitos hu-manos. A Liberada nacional sugeriu ao grupo que sereúnam para discutir com mais tempo esses temas ecomo podem atuar frente a esses desafios. Faloutambém sobre utilizar nossos materiais: jornal Con-quistar e Cartilhas (8 de março, 1º de maio e SantoDias) como instrumento de formação contínua.

Recife/PESão cinco participantes diretamente, na sua mai-

oria mulheres. Se reúnem mensalmente. O maiordesafio está na questão do desemprego, que aumen-tou muito na região de Jaboatão dos Guararapes, epara as/os trabalhadoras/es empregadas/os, as ame-aças são as perdas dos direitos já adquiridos. Tam-bém foram analisados temas como reciclagem/MeioAmbiente e as eleições municipais na cidade. Outrodesafio é a nossa atuação enquanto PO. O gruporealizou um fórum social com o tema: Aspecto Soci-al e Cultural diante do contexto educacional e con-temporâneo. Assessoria de Renato Maia, doutor emCiências Sociais - UFRN

Participação: Movimento Ocupe o Centro Cultu-ral Miguel Arraes, Grito das/dos Excluídos, FrentePopular.

João Pessoa/PBO grupo de João Pessoa tem sete pessoas dire-

tamente envolvidas, na ocasião conversamos sobrea Encíclica Laudato Si e as ações/falas do PapaFrancisco, o que isso representa positivamente paranós como Pastoral social, também sobre as perdas

dos direitos dos/as trabalhadores/as, terceirização,desemprego, conjuntura política, eleições municipaise Economia Solidária. O grupo se reúne mensalmente,às vezes quinzenalmente. A PO de João Pessoa estáinserida no conselho paroquial e é uma referênciapara a paróquia quando se trata de questões dos tra-balhadores. Participa dos cursos de Fé e Política, dacomunidade, Pastorais Sociais e Frentes Populares.Acompanha o grupo de EPS criado a partir de umencontro de formação da PO local, esse grupo par-ticipa de feiras de economia solidária.

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6 - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana

Sindicatos e Democracia.Imposto Sindical ou

Contribuição negocial?João Carlos Teixeira

Renan Bernardi Kalil  Procuradores do Trabalho

Coordenador e Vice-Coordenador Nacional de

Promoção da Liberdade Sindical (CONALIS) do MPT

O financiamento das atividades sindicais é um dos principais temas que suscitadebates no mundo do trabalho. A permanência de elementos corporativistas nalegislação brasileira e a transição incompleta ocorrida na Constituição Federal de1988 são características marcantes desta conjuntura.

O ponto central para democratizar o financiamento sindical no Brasil passa porenfrentar o imposto sindical (também chamada de contribuição sindical) e a regu-lamentação de um mecanismo que combine ação sindical com a participação dosrepresentados na definição do seu formato.

O imposto sindical é mecanismo compulsório de custeio dos sindicatos, concebi-do com a finalidade de controlá-los. Para que uma entidade tenha direito a receberos valores oriundos do imposto sindical, basta a realização do registro no Ministériodo Trabalho, não havendo necessidade de promover qualquer atividade ou deatuar em prol dos representados pelo sindicato.

Uma das principais funções atribuídas às entidades sindicais é a negocial. Con-tudo, dados do Ministério do Trabalho mostram que mais de 5.000 sindicatosrepresentantes de trabalhadores, em um universo de aproximadamente 11.000entidades, nunca celebrou qualquer acordo ou convenção coletiva. Excluindo ossindicatos de trabalhadores rurais, de servidores públicos e outros que possuemespecificidades no processo negocial, ainda restam cerca de 2.000 entidades quenunca negociaram.

Também, é relevante mencionar a considerável quantidade de sindicatos queexiste apenas formalmente, embora receba a verba do imposto. São conhecidosos casos de federações patronais que concedem salas para servirem como sedede entidades fantasmas, ou seja, são locados espaços para a indicação de ende-reços de entidades que existem somente no âmbito formal.

Uma das consequências negativas da permanência do imposto sindical é aperpetuação de um ambiente que estimula a fragmentação da representaçãosindical, sem qualquer benefício ao empregado ou ao empregador, fator que com-promete a legitimidade das entidades. Segundo o Ministério do Trabalho, no Brasilhá mais de 16.000 sindicatos, sendo que 11.000 representam trabalhadores e6.000, empresas.

Sendo assim, percebe-se que a manutenção de uma contribuição compulsóriade trabalhadores e empresas para o custeio de sindicatos estimula a existência deentidades que existem somente para receber o imposto sindical e não para atuarem favor de seus representados, além de enfraquecer a defesa dos interesses declasse.

Com os objetivos de democratizar as relações de trabalho e de viabilizar asubsistência dos sindicatos é importante o estabelecimento de uma contribuiçãoque seja vinculada às atividades desenvolvidas pelas entidades e que permita aexpressão de opinião de todos os representados.

Uma proposta interessante é a criação da contribuição negocial, em que a suacobrança estaria ligada à realização de negociação coletiva e a definição dosvalores ocorreria em assembleia, na qual seriam facultados os direitos de voz e devoto a todos os membros da categoria, bem como a manifestação de oposição.

Dessa forma, o envolvimento dos representados com as atividades sindicaisseria estimulado, uma vez que teriam o poder de examinar os termos das tratativasconduzidas pelo sindicato e trabalhadores e empresários seriam atraídos para asdiscussões relacionadas ao cotidiano da entidade.

A extinção do imposto sindical e a regulamentação de uma contribuição negocialtambém teriam o mérito de adequar a legislação brasileira às normas internacio-nais e à lei das centrais sindicais. A Organização Internacional do Trabalho en-tende que contribuições como o imposto sindical contrariam o princípio da liber-dade sindical, mas outras, como a contribuição negocial, estão em conformidadecom o referido princípio. Ainda, deve-se destacar a lei que regulamentou ascentrais sindicais, elaborada em consenso com as entidades, que em seu art. 7ºprevê que a regulamentação da contribuição negocial levará à extinção do im-posto sindical.

Portanto, para que seja possível dar um passo em direção ao fortalecimentodos sindicatos e à democratização das relações coletivas de trabalho são urgentesa extinção do imposto sindical e a regulamentação da contribuição negocial.

Economia solidária:uma outra economia

é possível

Lourença Santiago RibeiroCoordenadora da Trilhas Incubadora Social Marista.

As mudanças estruturais ocorridas no Brasil, apartir da década de 70, fragilizaram o modelo tradi-cional de relação de trabalho, interferindo na políti-ca, na economia, no mundo do trabalho e, por con-seguinte, nas questões sociais. Essa situação podiaser observada a partir do aumento da informalidadee na precarização das relações formais de empregoe trabalho, já que, devido à falta de oportunidadesde trabalho, as pessoas aceitavam que seus direi-tos fossem negados. Nesse contexto, surgem nopaís alternativas ao modo de produção existente.Tais iniciativas se fundamentam nos princípios dasolidariedade, da sustentabilidade, do trabalho cole-tivo, da cooperação, da prática da autogestão e acentralidade no ser humano.

Apesar de a Ecosol ter surgido como alternativapara geração de trabalho e renda, uma análise pre-liminar na literatura aponta para a existência de aomenos três vertentes, ou três abordagens diferen-tes para a Economia Solidária: a primeira faz umolhar para o modelo de gestão praticado por Em-preendimentos Econômicos Solidários, a autogestão,a segunda discorre sobre a importância da econo-mia solidária na organização dos trabalhadores, nageração de trabalho e renda e de inclusão social e aterceira vertente tem investigado a EcoSol comooutro modelo de desenvolvimento, que preocupa-se com o ser humano e com o meio ambiente.

A autogestão acontece através da adoção depráticas que valorizam e propiciam participação, de-mocracia, coletividade e autonomia de um coletivo.Trata-se de um exercício cotidiano de partilha, quefortalece os relacionamentos e a cooperação entreos membros do empreendimento. A horizontalidadenas relações, a transparência e a confiança sãofundamentais nesse modelo de gestão. Nessa for-ma de organização, todos os trabalhadores partici-pam tanto da tomada de decisão quanto de suaexecução. O poder de decisão cabe, portanto, ex-clusivamente aos trabalhadores.

A história mostra que a EcoSol se fortalece emmomentos de crise do capitalismo. Foi assim naInglaterra no século XVIII quando surgiu o movi-mento cooperativista, e no Brasil, no final do séculoXX e início do século XXI, quando do surgimento domovimento nominado de Economia Solidária. Nessesentido, tendo em vista a situação econômica esocial, especialmente do Brasil e dos países da Amé-rica Latina, que passam por um período de estag-nação econômica, bem como de diminuição dospostos formais de trabalho, a EcoSol constitui-secomo uma possibilidade real de inclusão social, ge-ração de trabalho e renda e de superação da po-breza, e mais, como um modelo de desenvolvimentopara o país.

São muitas experiências no Brasil e no mundoque mostram ser possível produzir, distribuir e con-sumir de forma justa, solidária e sustentável, ge-rando trabalho e distribuição de renda, superando aalienação do trabalho e promovendo o bem viver.

Economia Popular SolidáriaSindical

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Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - 7

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Campanha da Fraternidade: Defesaincontestável da Criação Divina

Jardel N. Lopes

Liberado Nacional da PO

Biomas brasileiros e defesa da vida é o tema da

Campanha da Fraternidade para 2017

Com certeza essa é uma sequência ao temade 2016, o Cuidado da Casa Comum. Temaesse tão carinhosamente conclamado peloPapa Francisco na Encíclica Laudato Si, que sefaz necessário com urgência, ser tratado emtodos espaços vivenciais hoje. Refletir eaprofundar o conhecimento sobre os biomasbrasileiros e seus povos, com toda abiodiversidade presente nesses, nos ajudaráa viver a caridade com a Mãe Terra.

Muitos devem perguntar mais uma vez:por que a igreja se preocupa com a ecolo-gia, o cuidado com o planeta? É fato que oPapa Francisco tem nos provocado a culti-var uma “cultura ecológica”, uma “ecologiaintegral”. E essa passa por “um pensamen-to, uma política, um programa educativo,um estilo de vida e uma espiritualidade”(Laudato Si, 111). Por outro lado, a igrejado Brasil já tem um histórico de Campanhasda Fraternidade com o tema da terra (1986),água (2004), Amazônia (2007), vida no pla-neta (2011), e Casa Comum, nossa respon-sabilidade (2014), entre outros temas emdefesa dos povos oprimidos.

Com o Papa Francisco, mais especificamen-te a Encíclica Laudato Si, inaugurou-se definiti-vamente um novo olhar, pensar, sentir, vivera fé a partir de uma espiritualidade ecológica.A quem cabe o cuidado da Criação? O cuida-do com a Mãe Terra e toda a suabiodiversidade, não se trata apenas de umativismo ecológico. A proposta de uma ecolo-gia integral presente na Encíclica Laudato Si,exige de nós cristãos um novo jeito de (con)-viver e celebrar a fé, considerando a Criação.

A população brasileira hoje “com mais de200 milhões de habitantes, 80% vivem nascidades. O impacto dessa concentraçãopopulacional sobre o meio ambiente produzdilemas que põem em risco as riquezas natu-rais”. (Cf. Texto-Base da CF 2017, p. 14).Importante lembrar que o processo da IIAssembleia Popular Nacional, Na construçãodo Brasil que queremos, em 2010, (fruto da4ª Semana Social Brasileira - SSB); trabalhousobre os direitos e deveres ambientais, a par-tir dos biomas.

Os biomas brasileiros são: Amazônia, Caa-tinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pan-tanal. Cada qual com sua biodiversidade eco-lógica e cultural. A cultura dos povos se dá nolugar em que os pés pisam, que vivenciam asexperiências, de acordo com seu clima, comi-das, festejos, histórias, costumes, e tudo queenvolve todas as formas de vida daquele lu-gar. Deste modo, defender os direitos da ter-ra é defender o direito dos povos. O descan-so dos/as trabalhadores/as está atrelado ao

descanso da terra. “Em nossas casas garan-timos o direito da terra respirar, ou colocamoscimento em tudo”?, destacou o Sr. Raimundo,no encontro da PO de São Paulo.

Sabe-se que o Brasil continua na mira dasgrandes potências mundiais. Um país commaior reserva e 12% da água doce do mun-do, além de reservas de minérios e petróle-os. Os interesses internacionais sobre os re-cursos naturais têm sido cada vez maiores.Três fatos têm chamado atenção no territó-rio nacional, que diz respeito ao avanço docapital sobre três (3) biomas brasileiros: a) aexploração do Cerrado, o avanço doagronegócio, como defende a CampanhaNacional em Defesa do Cerrado e a preser-vação da água no bioma, lançada em 2016,por mais de 30 organizações do Cerrado. “Nos-so Cerrado está totalmente destruído. Oagronegócio estáavançando. A pro-dução de soja, mi-lho, cana-de-açúcare eucalipto no terri-tório Guarani-Kaiowá trouxe pre-juízo para a nossacomunidade”, afir-ma o índio ElsonGuarani-Kaiowá, nolançamento dacampanha. Junto aessa exploração doCerrado vem o pro-jeto MATOPIBA,instituído pelo De-creto 8447, emmaio de 2015, pelogoverno federal,sob pressão doagronegócio. b) OFracking na regiãosul, sobretudo nonoroeste do Paraná,bioma Mata Atlânti-ca. Fracking é ummétodo utilizadopara extrair o petró-leo e o gás de xistonas camadas dosubsolo. São utiliza-dos milhões de litrosde água no subsolo,misturados comsubstância química(por sinal,cancerígena, comalto nível de conta-minação de todas as

espécies), com forte pressão e área. Esseprocesso é extremamente prejudicial aos se-res humanos e aos recursos naturais. C) Porfim, ainda nos recordamos do crime emParacatu de Baixo e Bento Rodrigues, emMariana-MG. Um massacre humano, o ex-termínio de espécies naturais e vegetais, e acontaminação do Rio Doce.

Como encaramos isso tudo? Essas ame-aças, aos humanos, à fauna, à flora, aosrios, à água doce, aos mananciais, não sãoda nossa responsabilidade? A Campanha daFraternidade 2017 vem nos ajudar a resta-belecer uma consciência verdadeiramente di-vina. Essa é a nossa primeira tarefa queDeus nos dá: Cultivar e guardar a Criação(Gn 2, 15).

RENOVAÇÃO DA ASSINATURA DOCONQUISTAR

A messe é grande e os operários são poucos, pedi aoSenhor da messe que envie operários para vossa messe

(Mt 9, 37-38).

Prezados/as Apoiadores,Agradecemos a sua colaboração com a assinatura do Jornal Conquis-

tar, essa ferramenta de comunicação e formação a serviço dos trabalha-dores e das trabalhadoras. O Jornal Conquistar é impresso 4 edições aoano, com a tiragem de 2.000 exemplares por edição. Para você que jáassina, pedimos a sua renovação. E para você que gostaria de assinar,agradecemos a sua generosidade de contribuir com o Jornal Conquistar,de acordo com as indicações no quadro abaixo. A sua contribuição émuito importante para o serviço da Pastoral Operária. Participe!

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8 - Boletim CONQUISTAR da Pastoral Operária Nacional - Comunicação a serviço da classe trabalhadora urbana

DIRETRIZES EM VISTA DE UMATEOLOGIA DO TRABALHO

Mundo Urgente

ASPECTOS BÍBLICOS 

Antigo Testamento 1. Deus é criador onipotente (Gn2,2; Jó 38-41;

Sl 104; Sl 147). Ele plasma o homem à sua imagem;convida-o a cultivar a terra e a guardar o jardimde Éden em que o pôs” (cf Gn 2,15). Ao primeirocasal é confiada a tarefa de submeter a terra e dedominar sobre todo ser vivente (cf Gn 1,28).

2. No desígnio do Criador, as realidades terrenas,boas em si mesmas, existem para o homem. O deslum-bramento ante o mistério da grandeza do homem leva osalmista a exclamar: “Que é o homem, para nelepensardes? Que são os filhos de Adão, para quevos ocupeis deles? Entretanto, vós o fizestes quaseigual aos anjos, de glória e honra o coroastes. Des-te-lhes poder sobre as obras de vossas mãos; vóslhe submetestes todo o universo” (Sl 8,5-7).

3. O trabalho  pertence à  condição  origináriado  homem e  precede à sua  queda; não é, portan-to,  nem punição nem maldição. Ele se torna fadigae pena por causa do pecado que quebrou o relacio-namento confiante e harmonioso com Deus (cf Gn3,6-8). Da árvore do conhecimento do bem e domal (cf Gn 2,17), o homem tudo recebeu como dom.A tentação de ser como deuses (cf Gn 3,5) tornou osolo ingrato e hostil (cf Gn 4,12). Só do suor da fronteserá possível extrair o alimento (cf Gn 3,17-19).Mesmo assim, o homem continua a ser cultivadore guardião da criação.

4. O trabalho é fonte de riqueza; é instrumentoeficaz contra a pobreza (cf Pr 10,4). Mas o trabalhonão deve ser idolatrado. O princípio fundamental daSabedoria é o temor do Senhor; a exigência que daíderiva, precede o lucro: “Vale mais um pouco com otemor do Senhor, que um grande tesouro com a in-quietação” (Pr 15,16). “Mais vale o pouco com jus-tiça do que grandes lucros com iniquidade” (Pr 16,8).

5. Central ao ensinamento bíblico sobre o traba-lho é o mandamento do repouso sabático. A me-mória e a experiência do sábado constituem um ba-luarte contra a escravização do homem ao trabalho,voluntário ou imposto, contra toda forma de explo-ração, encoberta ou manifesta. O repouso sabáticofoi instituído em defesa do pobre, e pode durar oque for necessário (Ex 23,10-11). O acúmulo de benspor parte de alguns pode tornar-se uma subtraçãode bens a outros.

 

Novo Testamento 1. Jesus dedicou-se ao trabalho manual na ofi-

cina de José (cf Mt 13,55 - Mc 6,3).2. Jesus condena o comportamento do servo in-

dolente que esconde debaixo da terra o talento (cfMt 25,14-30).

3. Jesus louva o servo fiel e prudente que o pa-trão encontra aplicado em cumprir a tarefa que lhefora confiada (cf Mt 24,46).

4. Jesus descreve sua missão como um

DIRETRIZES EM VISTA DE UMATEOLOGIA DO TRABALHO

Pe Miguel Pipolo - Assessor da PO Nacional

“O trabalho é uma necessidade, faz parte do sentido da vida nesta terra, é caminho dematuração, desenvolvimento humano e realização pessoal”. (Papa Francisco - “Laudato Si”).

trabalhador. ”Meu Pai trabalhou até agora e eutambém trabalho” (Jo 5,17).

5. Jesus descreve seus discípuloscomo operários na messe do Senhor, que é a hu-manidade a evangelizar (cf Mt 9,37-38). Para elesvale o princípio geral: “o operário é digno do seusalário” (Lc 10,7).

6. Jesus ensina a não se deixar escravizar pelotrabalho;  ganhar o  mundo  inteiro  não é o  objeti-vo da vida (cf Mt 8,36). Fundamental é não correr orisco de negligenciar o Reino de Deus e a sua justi-ça (cf Mt 6,33), de que necessita. O trabalho en-contra seu lugar, o seu sentido e o seu valor somen-te se orientado para o Reino, coisa única e necessá-ria que jamais lhe será tirado (cf Lc 10,40-42.)

7. Jesus realiza obras portentosas para libertar ohomem da doença, do  sofrimento e da morte. Osábado proposto como dia de libertação e observa-do só formalmente em seu conteúdo autêntico e valororiginário, é reafirmado por Jesus no seu valororiginário: “O sábado foi feito para o homem, enão o homem para o sábado!” (Mc 2,17).

8. Jesus realiza curas no sábado (cf Mt 12,9-14;Mc 3,1-6; Lc 6,6,-11; 13,10-17);14,1-6). Libertar domal, praticar a fraternidade e a partilha é conferirao trabalho o seu significado mais nobre, aquele quepermite à humanidade encaminhar-se para o Sába-do eterno, no qual o repouso se torna festa a que ohomem interiormente aspira.

 

ResumoA atividade humana de enriquecimento e de trans-

formação do universo pode e deve fazer vir à tonaas perfeições nele escondidas. Os escritos de Pauloe João ressaltam a dimensão trinitária da criação eo laço entre o Filho-Verbo e a criação (cf Jo 1,3;1Cor 8,6; Cl 1,15-17). Em Jesuse por meio dele o universo não éum amontoado casual, mas um“cosmo”, cuja ordem ohomem deve descobrir, ajudar elevar à plenitude. Em Jesus Cris-to o trabalho humano se trans-forma em serviço prestado àgrandeza de Deus. O trabalhodeve ser considerado como meiode santificação e animação dasrealidades terrenas no Espíritode Cristo.

 

Os Padres da IgrejaEles nunca consideraram o

trabalho como “obra servil”,assim pensado naquela época.Sempre consideraram o traba-

lho como “obra humana”. Assim sendo:1. São João Crisóstomo. Mediante o trabalho o

homem governa com Deus o mundo; juntamentecom Ele é sempre seu senhor, e realiza coisas boaspara si e para os outros. O ócio é nocivo ao serhumano, enquanto a atividade favorece o seu corpoe o seu espírito.

2. São Basilio Magno - Santo Atanásio.  O cris-tão é  convocado a trabalhar não só para conseguiro pão, mas também por solicitude para com o próxi-mo mais pobre, ao qual o Senhor ordena dar de co-mer, de beber, de vestir como acolhimento, atenção.

3. Santo Ambrósio. Cada trabalhador é a mãode Cristo que continua a criar e a fazer o bem.

4. Teodoreto de Ciro. Com o seu trabalho elaboriosidade, o homem participa da arte e da sabe-doria divinas e torna mais bela a criação, o cosmo jáordenado pelo Pai; suscita aquelas energias sociaise comunitárias que alimentam o bem comum a fa-vor sobretudo dos mais necessitados.

“Penso que os sofrimentos do momento pre-sente não se comparam com a glória futura quedeverá ser revelada em nós. A própria criaçãoespera com impaciência a manifestação dos fi-lhos de Deus. Entregue ao poder do nada, nãopor sua própria vontade, mas por vontade da-quele que a submeteu-, a criação abriga a espe-rança pois ela também será libertada da escra-vidão da corrupção, para participar da liber-dade e da glória dos filhos de Deus” (Rm 8,18-21). É pelo trabalho que o ser humano realiza o seudestino de também ser criador. Ele verá então ”umnovo céu e uma nova terra”(Ap 21,1).

EXPEDIENTE:EQUIPE DE COMUNICAÇÃO.Jornalista: Antonia Carrara/MTB 13746-SP • Revisão: Antonia Carrara

Diagramação: Maria do Amparo • Colaboradores: Jardel Neves Lopes, Monica Helena Fidelis

SECRETARIA NACIONAL DA PASTORAL OPERÁRIARua Guarapuava, 317 - Moóca • São Paulo-SP • CEP 03164-150

Tel.: (0xx11) 2695-0404 • Fax: (0xx11) 2618-1077

E-mail: [email protected] - site.: www.pastoraloperaria.org.br

APOIO: Associação Irmã Dorothy