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Notícias Limousine 3

Como sabem, os objectivos e processos de produção debovinos de aptidão carne, têm evoluído ao longo dos tempos.Actualmente, a tendência é a redução da mão-de-obra eaumento do efectivo, como forma de rentabilização dosrecursos. Isto implica uma diminuição da vigilância e daassistência aos animais por parte do homem nos momentosmais delicados, tais como os partos e a adopção dos recémnascidos. Com a redução do contacto com o homem, põe-se também o problema da manipulação das manadas nomomento das identificações, pesagens, vacinações ou outroscontrolos necessários, pois torna-se mais complicado executarestes trabalhos devido ao maior nervosismo e agressividadedos animais, por falta de familiarização com os humanos ehabituação aos maneio.

Neste contexto, a raça Limousine apresenta-se comgrandes vantagens como todos sabemos. As excelentesqualidades maternais da raça colocam-na em lugarpreponderante relativamente a um futuro cada vez exigente.De facto, os animais desta raça permitem que o criador fiquemais descansado mesmo relativamente a efectivos de maioresdimensões durante a época de partos, pois não exigem umavigilância apertada, uma vez que normalmente as vacasparem sozinhas e sem problemas. Quantos criadores não nosrevelam que não assistiram, ou nem sequer deram conta damaior parte dos partos da exploração? Quando foram ver jáo vitelo acompanhava a mãe cheio de vigor. Esta faculdadeda raça, permite aumentar o efectivo sem aumentar otrabalho, os problemas e as dores de cabeça.

Outra vantagem, é o fácil manuseamento oumanipulação dos animais da raça Limousine os quais seapresentam com temperamento normalmente dócil. Noentanto, sabemos que existem linhas genéticas de animaispotencialmente mais nervosos e/ou agressivos, e neste sentidopodemos e devemos melhorar as performances da raça,eliminando os animais que podem dar mais problemas, comoforma de garantir um futuro ainda mais promissor. A este temadedicamos um artigo nesta edição, que poderá ser um pontode partida para uma reflexão sobre as medidas a tomar defuturo.

O bovinicultor de hoje tem de estar informado e prontopara reagir com eficácia ás exigências com que ébombardeado diariamente. Exigências estas, que podem estarrelacionadas por um lado, com o bem estar animal eprodução de animais sem prejudicar o meio ambiente, e poroutro lado, com maior tecnologia e eficiência. Os mercadossão hoje mais exigentes e a concorrência é cada vez maior. Épreciso estar preparado para "não perder o comboio". Nessesentido, esta edição de Notícias Limousine apresenta umleque mais alargado de artigos técnicos, que abarcam temasdesde a reprodução à genética, passando pela alimentação epastagens entre outros, esperando deste modo ir mais deencontro aos seus interesses. Esperemos que goste!!!.

Contamos consigo - assine já, ou recomende a outrobovinicultor: "Notícias Limousine"!!!.

Jaime Bento

EM FOCO• II Dia Aberto de campo da ACL• Exportação de Reprodutor de grande qualidade paraEspanha• Aposta ainda maior na promoção da Raça Limousine• Nova secção de vendas de bovinos Limousine emwww.limousineportugal.com• Avaliação Genética da Raça Limousine

CURIOSIDADES• A facilidade de partos da Raça Limousine pode serinacreditável!!!

DIVULGAÇÃO• Entrevista com o Presidente da Câmara Municipal deOdemira• Limousine Português no Sudoeste Alentejano

MANEIO• Sem farpas... sem farpas!!!• Nos Eua criadores de Limousine seleccionam animaismais dóceis• Bem-estar animal nas explorações

ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO• O Processo digestivo dos bovinos• Apresentação do novo Programa / produtos para ainiciação / crescimento / engorda de Novilhos da RaçaLimousine

SANIDADE E PARASITOLOGIA• Doenças podais de origem infecciosa responsáveis porcoxeira• Coccidiose em animais de produção

PASTAGENS E FORRAGENS• Montado e bovinicultura extensiva• Pastagens e forragens biodiversas

GENÉTICA E MELHORAMENTO• ADN, base da vida - fonte de tecnologia• Garupa dupla? A culpa é do gene• O gene Culard na Raça Limousine

REPRODUÇÃO• Aborto em bovinos• Controlo do estro em bovinos• Princípios a ter em conta na escolha dos touros deInseminação artificial a emparelhar com cada vaca

HERD-BOOK• Touros divulgados por Inseminação Artificial em Portugal• Controlo de Performances Campanha de 2005• Certificação de Machos e Fêmeas para reprodução• Novo método de identificação dos animais inscritos no HBL

CONCURSOS E EXPOSIÇÕES• Exposições da Raça em 2006• FACECO 2006• Concurso Geral Agrícola de Paris

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Caros leitores, prezados bovinicultores.

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ACL - AASSOCIAÇÃO CCRIADORES LLIMOUSINEAPARTADO 33, 7630-909 ODEMIRA | TEL: 283322674 | FAX: 283322684 | EMAIL: [email protected]

Os itens marcados com * são de preenchimento obrigatório caso contrário a assinatura não será aceite. A ACL compromete-se a não divulgaros dados constantes nesta ficha a outras entidades, sendo os dados usados unicamente para fins de divulgação da revista ou divulgação deoutras informações que a ACL reconheça de similar interesse para os bovinicultores assinantes.

EU ABAIXO ASSINADO DECLARO QUE SOUBOVINICULTOR E ESTOU INTERESSADO EMRECEBER "NOTÍCIAS LIMOUSINE" A PARTIR DONº ANO INCLUSIVÉ.

*de de 200 *

A REVISTA "NOTÍCIAS LIMOUSINE" É EDITADA ANUALMENTE PELAACL, E É DISTRIBUIDA GRATUITAMENTE AOS ASSOCIADOS DAACL. TODOS OS RESTANTES BOVINICULTORES INTERESSADOS EMRECEBER ESTA REVISTA PODERÃO SER ASSINANTES E RECEBE-LAGRATUITAMENTE BASTANDO PARA ISSO QUE NOS DEVOLVAMESTA FICHA DEVIDAMENTE PREENCHIDA.

NOME / EMPRESA AGRÍCOLA*

MORADA*

CÓDIGO POSTAL* LOCALIDADE*

TELEFONE MARCA DE EXPLORAÇÃO* Nº CONTRIBUINTE*

NOTÍCIAS LLIMOUSINE FICHA DDE AASSINATURA

FICHA TÉCNICAPropriedade: Associação Portuguesa de Criadores da Raça BovinaLimousineDirector: Engº Jaime BentoPublicidade e Marketing: Engª Fátima VeríssimoSecretariado: Gabriela SoaresTextos: Engº António Correia; Engª Fátima Veríssimo; Engº JaimeBento; Dr. Rui SilvaColaboração Especial: Prof. Carlos Roquete (Universidade de Évora);Pierre Roy (SERSIA FRANCE); Engº Alexandre Duarte (PROVIMI); EngºAntónio Lopes (TRASCO, SA); Dr. Gonçalo Ortega (IBERIL); Drª

Teresa Cabrita (PFIZER Saúde animal); Engº David Crespo e PedroSantos (FERTIPRADO); Sébastien Stamane (HBL-França)Concepção gráfica: Mira D'acerto - Artes GráficasTel.: 283 320 120 / Fax: 283 320 129Tiragem: 3500 exemplaresPeriodicidade: AnualRegisto: isento de registo ao abrigo da alinea a) do artigo 12º doDecreto Regulamentar nº 8/99de 9 de Junho.Interdita a reprodução mesmo parcial, de textos, fotografias ouilustrações sob quaisquer meios e quaisquer fins, inclusivecomerciais.

Notícias Limousine Revista destinada a todos os bovinicultores interessados na raça Limousine

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II dia aberto de campo da ACLNo passado dia 22 de

Novembro de 2006, realizou-se oII Dia Aberto da ACL.Compareceram 30 associados eforam visitadas as exploraçõesHerdade das Carias em Arraiolos,da Associada Maria da GraçaPraça Nunes Mexia CasteloBranco e a Herdade Comenda daIgreja em S. Geraldo - Montemor-o-Novo da associada Agro-Pecuária Comenda da Igreja, Lda.A iniciativa atingiu o seu objectivo

principal, a troca de impressõesentre os diversos criadorespresentes acerca das práticas quecada um realiza na suaexploração. A iniciativa foi aindaaproveitada para o SecretárioTécnico da ACL proceder àapresentação do estudo daAvaliação Genética da RaçaBovina Limousine, efectuado emparceria com o Departamento deGenética e Melhoramento Animalda EZN (Estação Zootécnica

Animal). Tendo sido distribuída arespectiva documentação portodos os presentes.

Aproveitamos para deixaraqui um agradecimento formalpelo modo como nos receberamnas explorações visitadas, eagradecer também a todos osassociados que compareceram.Ficando desde já a promessa queiniciativas como esta se irão repetirmais frequentemente no novo ano.

Os animais de raça Limousinenascidos e criados em Portugal jáderam diversas vezes provas dasua qualidade, nomeadamentequando comparados com algunsanimais de Espanha nos concursosibéricos já realizados nos anos 90.No entanto, ainda não era oficialqualquer exportação dereprodutores de grande qualidadede Portugal para Espanha. Factoque se verificou no passado dia 2de Agosto, quando o macho deextraordinário valor, ULMEIRO-PG03088035, que erapropriedade do Sr. José MariaPacheco dos Reis foi vendido parao criador D. Jaime MartelCinnamond com exploração emArcos de La Frontera - Cádis -Espanha. E foi com muito orgulhoque o departamento técnico daACL elaborou o certificado deexportação do referido animal.Resta-nos dar os parabéns ao D.Jaime Martel Cinnamond queadquiriu um excelente animal, eclaro, felicitar o criador José Maria

Pacheco dos Reis pelo feitoalcançado. Não temos no entantodúvidas que esta foi apenas aprimeira de muitas exportaçõesque virão, pois o animal exportadovai com toda a certeza causar umimpacto bastante positivo dentrodo circuito da raça Limousine em

Espanha. Facto que só temos queestar todos gratos, pois a imagemdo Limousine de Portugal estáefectivamente muito bemdefendida com este exemplar emEspanha e consequentemente emtoda a Europa.

Exportação de Reprodutor de grandequalidade para Espanha

ULMEIRO COM O SEU CRIADOR E O SEU NOVO PROPRIETÁRIO

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FIAPEFeira Internacional de Artesanato e Pecuária daRegião Estremoz, que decorre de 25 de Abril a 1 deMaio de 2007 e onde terá lugar, no dia 29 de Abrilo Concurso Regional de Jovens Reprodutores(animais dos 8 aos 20 meses).

OVIBEJAParque de Feiras e Exposições de Beja, de 28 de Abrila 6 de Maio de 2007, e onde pelo primeiro ano serealizará o "Dia do Limousine" no dia 4 de Maio, 6ªfeira.

Vai ter lugar um desfile de animais pelas 11horas da manhã do dia 4 de Maio com apresentaçãodos animais pelo Secretário Técnico do Herd BookLimousine.

Nesse mesmo dia irá decorrer um colóquiotécnico pelas 15 horas no auditório pequeno, noedifício do secretariado da Ovibeja, afecto ao tema:"A Situação Actual da Raça Bovina Limousine emPortugal".

E finalmente pelas 18 horas deste grande diaserá editada esta edição da "Noticias Limousine".Durante toda a Ovibeja estarão vários animais emexposição, e estará sempre um técnico e várioscriadores à sua espera na "Casa do Limousine" paralhe mostrar uma exposição fotográfica e quem sabepara lhe dar a provar uns dos melhores croquetes domundo, bem como outras iguarias de uma dasmelhores carnes do mundo a Carne Limousine.

FERPORFeira das Actividades Económicas do Alentejo, entre23 e 27 de Maio de 2007, em Portalegre. Exposiçãode animais de criadores do Alto Alentejo.

SANTIAGROXX Feira Agro-Pecuária e do Cavalo, de 31 de Maioa 3 de Junho de 2007 em Santiago do Cacém.

Neste certame e após um ano de intervaloregressa o Concurso Nacional de JovensReprodutores, animais entre os 8 e 20 meses de todoo território nacional concorrem a Campeão eCampeã de Jovens Reprodutores.

Para além dos animais que vão a concurso irãoestar em exposição animais adultos que foramcampeões em edições anteriores deste concurso.

Terá também lugar no dia 2 de Junho para alémdo já referido concurso, o I Leilão de Reprodutoresda Raça Limousine, que decorrerá pelas 18 horas.

FNAFeira Nacional da Agricultura, de 2 a 10 de Junho noCNEMA-Centro Nacional de Exposições e MáquinasAgrícolas em Santarém.

Decorrerá pela primeira vez um concurso deanimais adultos nacionais e importados: "OpenLimousine" em data a definir pela organização dafeira e que posteriormente divulgaremos na nossapágina da net.

FACECOFeira das Actividades Culturais e Económicas doConcelho de Odemira, que terá lugar de 19 a 22 deJulho de 2007. Esta feira é a "nossa" casa e terálugar o XX Concurso Nacional da Raça Limousine,pelo que será com toda a certeza uma festa deaniversário inesquecível e com muitos pontos deinteresse e novidades.

Aposta ainda maior na promoçãoda Raça Limousine

Uma das tarefas da responsabilidade da ACL é a promoção da raça Limousine, e é por isso que parao ano de 2007 estão previstos vários eventos em que tal tarefa vai ser posta em prática de modo bastanteintenso. Assim se é criador ou admirador da raça Limousine não deixe de visitar os eventos que enumeramosem seguida para poder contemplar exemplares da raça Limousine de grande gabarito e poder apreciarconcursos de animais de várias idades, desfiles, colóquios e convívios diversos entre agentes ligados à raçaLimousine a nível nacional e europeu.

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Desde o passado dia 6 de Março que existe umanova secção na página da Internet da Associação deCriadores de Limousine, com a informação que oscriadores fazem chegar por escrito à ACL dos animaisque possuem para venda.

Esta encontra-se organizada por secções de animais: Touros/Vacas; Novilhos/Novilhas; Bezerros/Bezerras

E dentro de cada secção encontra informaçãosobre os proprietários dos animais e dos própriosanimais, como a data de nascimento, nº S.I.A. ecertificação.

Por isso já sabe se pretende adquirir animais registadose certificados da raça Limousine não deixe de consultar:http://www.limousineportugal.com/venda.php.

Nova secção de vendas de bovinos Limousineem www.limousineportugal.com

Através da execução sistemática do Controlo de Performances em Exploração até aoDesmame foi possível quantificar a produção da raça Limousine no nosso país e nas váriasexplorações controladas, tanto no que se refere às performances de crescimento (atravésdo peso obtido aos 4 e 7 meses de idade), como no que se refere ao desenvolvimentomuscular e esquelético (quantificado por classificação morfológica ao desmame). Emresultado da informação obtida, é agora possível divulgar os resultados da AvaliaçãoGenética da Raça Bovina Limousine, que foi realizada pelo Departamento de Genética daEstação Zootécnica Nacional.

No que respeita ás vacas foram elaboradas listagens com os valores genéticos eentregues aos respectivos criadores para conhecimento. Relativamente aos touros foielaborado um catálogo para divulgação dos seus valores. Este catálogo está à disposiçãopara consulta e será facultado pela ACL a quem esteja interessado e o solicitar.

Avaliação Genética da Raça Limousine

Concurso Regional de Jovens Reprodutores29 DE ABRIL DE 2007 - ESTREMOZ

Dia do Limousine4 DE MAIO DE 2007, 6ª feira, OVIBEJA11 horas: Desfile de animais15 horas: Colóquio: " A Situação Actual do Limousineem Portugal"18 horas: edição oficial do nº 16 da "NotíciasLimousine"

Exposição de AnimaisDE 23 A 27 DE MAIO DE 2007 - PORTALEGRE

Concurso Nacional de Jovens Reprodutores e ILeilão de Reprodutores da Raça Limousine2 DE JUNHO DE 2007, Sábado, SANTIAGO DOCACÉM pelas 11 e 18 horas.

Open LimousineDE 2 A 10 DE JUNHO DE 2007, SANTARÉM.

XX Concurso Nacional da Raça LimousineDE 20 A 22 DE JULHO DE 2007, S. TEOTÓNIO-ODEMIRA.

Marque já na sua agenda

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Um dos associados da ACL,criador seleccionador da raçaLimousine possui para além de umpequeno núcleo de vacas enovilhas Limousine, uma fêmea"Zebu anã". Esta fêmea costumaacompanhar o restante efectivoLimousine, fêmeas e machoreprodutor.

Como boa fêmea que é, temo seu ciclo reprodutivonormalmente como todas asoutras fêmeas da manada. E pelo3º ano consecutivo, após ter feitoo seu cio normal e ter sido cobertapelo touro Limousine, pariu um 3ºproduto cruzado de "Zebu anão" xLimousine, sem qualquer ajuda.Aliás o proprietário só constatouque a respectiva fêmea estavagestante quando esta começou aexibir o seu úbere, um dos sinaisque indica que o parto está parabreve. Gestação confirmadaquando num certo dia chegou àsua exploração e se deparou commais um macho no seu efectivo.

Este macho foi inclusivamentepesado por um dos técnicos daACL, interessado por estacuriosidade, uns dias após onascimento e exibia unsmaravilhosos 19 kg.

Como se costuma dizer, é verpara crer, nas fotos que ilustramesta história curiosa.

Como o acto da montanatural propriamente dito, ocorre,nem o proprietário consegue dizer,pois nunca chegou a ver talacontecimento. Mas que esteocorre e dá frutos, disso nãorestam dúvidas. Até porque nãoexistem touros na vizinhança e oTouro Limousine é mesmo o únicomacho que acompanha todas asfêmeas em idade reprodutiva destaexploração.

Digam lá se esta não é umaprova mais que inegável da maisvalia crucial da Raça Limousine:EXTREMA FACILIDADE DEPARTOS!!!!!

* Por Fátima Verissimo(Engª. Zootécnica)

Fonte: Dados do Criador nº308 daACL. Fotos gentilmente cedidas pelomesmo.

A facilidade de Partos da Raça Limousinepode ser Inacreditável!!!!

Touro reprodutor: Toledo

Zebu Anã com o 3º filho (filho do Toledo e da Zebu anã)

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Entrevista com o Presidente da Câmara Municipalde Odemira

Este ano terá lugar na FACECO o 20º ConcursoNacional da raça Limousine. É verdade desde há vinteanos que os criadores da raça Limousine se juntamanualmente para mostrar e concorrer com os melhoresreprodutores da raça em Portugal. No entanto, nemsempre foi a ACL a tomar as rédeas da organização doConcurso Nacional pois tal só aconteceu a partir de1990. Nessa altura, o Concurso tinha lugar em Lagoano Algarve (no âmbito da FATACIL). Em 1993 oConcurso Nacional foi também Concurso Ibérico e tevelugar em Santarém. Logo em 1994 o Concursolocalizou-se pela primeira vez em S. Teotónio - FACECOe é lá que se tem mantido desde há 12 anos. Nopercurso destes 12 anos o concurso tem-se mantido emS Teotónio não só pelo manifesto interesse doscriadores em que assim seja mas também pelo preciosoapoio da autarquia a esta matéria.

A autarquia continuará certamente a ver interesse narealização deste concurso em terrenos do concelho deOdemira. Qual a razão do vosso apoio?

Sendo Odemira um concelho com extraordináriopotencial pecuário e onde existem diversos produtoresque se entregam por inteiro à tarefa de conseguirprodutos de primeiríssima qualidade, não pode oMunicípio deixar de apoiar, tanto quanto possível, umaactividade que faz a diferença para melhor a nívelnacional e até já internacionalmente. Por outraspalavras, o Município considera a actividade pecuária eem especial a ligada à raça Limousine, uma mais valiae, como tal fundamental na nossa estratégia dedesenvolvimento. Por isso é para manter.

O concurso tem sido feito anualmente com cerca de150 animais que são sempre julgados por um juizestrangeiro (normalmente francês). Com tal número de

animais temos consciência que é em S. Teotónio ondetem lugar o maior concurso de uma só raça de carne anível nacional. Será este facto por si só motivo deorgulho para todo o concelho de Odemira?

Naturalmente. Ao promovermos apoiando empleno o Concurso Nacional da Raça Limousine, maisnão estamos a fazer do que fomentar odesenvolvimento local chamando a atenção e atraindoaqui uma carteira de negócio, que já deu provas davalia que tem, quer para os produtores e suas famílias,quer para o Concelho em geral.

De tal modo Odemira, na Faceco-Feira dasActividades Culturais e Económicas do Concelho deOdemira, em S. Teotónio de tornou a "pátria doLimousine em Portugal", que do ponto de vistainternacional, já cá vem por exemplo empresáriosespanhóis e franceses de topo, adquirir animais. Quermaior motivo de orgulho para os Odemirenses quer emgeral quer especial para aqueles que ao sector estãoligados?

Na verdade, o Concurso tem sido divulgado em locaismais longínquos pois temos sido cada vez mais visitadospor espanhóis que têm visto bastante interesse noConcurso. No ultimo ano foi mesmo uma visita de umgrupo de criadores dos Açores que a autarquia tambémapoiou com a cedência de um autocarro paradeslocação do grupo nas visitas ao concurso e àsexplorações de Limousine circundantes. Considera queestes factos poderão levar a um maiorengrandecimento do nome da FACECO no nosso paíse no estrangeiro?

Não tenho sobre isso qualquer dúvida. Seconsiderarmos que a estratégia começou por fomentara ida a França, concretamente a Limoges, deprodutores de Odemira para aprender técnicas relativasà actividade e para adquirir animais de topo paramelhorar a raça em Portugal, objectivo plenamenteatingido, teremos aí um primeiro motivo para estarmosfelizes por esse grande salto qualitativo;

Se por outro lado, consideramos que ganhamospara Odemira a sede da Associação de CriadoresLimousine, que de todo o país há representação noConcurso Nacional e que este é hoje considerado omais expressivo e qualificado de sempre;

Se finalmente considerarmos que hoje e para alémda visita de empresários açorianos que aqui adquiriramanimais de grande qualidade para melhorarem, elestambém, a sua "performance" enquanto criadores,também já cá vêm há alguns anos empresáriosespanhóis de grande significado, veja-se o caso dafamília Domecq e, até já empresários franceses que

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reconhecem o grande trabalho de melhoramento daraça e da grande qualidade dos animais aquidesenvolvidos, concluindo-se o processo com a opiniãodos juízes internacionais franceses que tem avaliado asprovas, teremos então um quadro de excepção emtermos nacionais e internacionais.

E isso nesta sociedade globalizada, poderá ter umaenorme valia em termos de mercado e em termoseconómicos, se possível revertendo a mais valia paraquem produz e para o consumidor.

A parceria e as sinergias desenvolvidas ao longo dosanos entre CMO e ACL teve o culminar com a cedênciade um espaço em Odemira para localização doescritório e sede da ACL em 2002. Qual a importânciaou as vantagens inerentes á localização da ACL emterras odemirenses?

Como atrás lhe referi a localização em Odemirada sede nacional da Associação é para nós e para osdiversos produtores de Odemira e da regiãofundamental. O Município encara esse facto como uminvestimento e, até como parte da sua estratégia dedesenvolvimento sustentável local, com reflexos deâmbito regional, nacional e até internacional.

Uma das mais valias para o concelho prende-sse com aprodução de bovinos de carne. Será assim?

Claramente. Quem tem cerca de 12.000 ha deperímetro de rega (PR Mira), com possibilidades deprados absolutamente fenomenais, num Alentejohabitualmente seco, tem de aproveitar essa mais valia.Os bovinos de carne têm aqui possibilidades quaseinfinitas.

Talvez por isso existam actualmente cerca de12.000 animais desse tipo em Odemira e talvez porisso também o Município lançou o processo deconstrução de uma unidade de abate no Concelho, aqual se espera o início da construção dentro de muitopouco tempo, que incorpora produtores de toda afileira animal deste Concelho e dos Concelhos vizinhos(com exclusão das aves), os talhantes que aderiram àSociedade formada, o próprio Município e até umaentidade bancária.

Quer melhor exemplo de integração em pleno e dadefesa da mais valia local?

Outro apoio da autarquia foi recentemente acedência de um espaço para que fosse possível fazerum Centro de Amostragem onde foram feitas algumasquarentenas de animais relativamente à Língua Azul.Esta foi a forma encontrada para solucionar a saída deanimais desta região numa altura de sequestro devidoa um foco detectado na região. São acções como estaque podem fomentar a produção de bovinos na região.A autarquia vê na bovinicultura uma prioridade para aregião?

Repare. A existência de um ou dois casosesporádicos da denominada "Língua azul" desencadeou

um processo em que algumas freguesias ficaraminibidas de deixar sair animais e, com isso, se a situaçãonão fosse rapidamente resolvida, os produtores, cujamargem de manobra em termos financeiros é já muitoapertada, poderiam ficar em absoluto parados e comtal facto a sua actividade em risco. Isto para dezenas defamílias que tem aqui o seu ganha-pão.

Havendo um espaço propriedade do Municípioque se ajustava ao propósito de Centro de Quarentena,óbvio será que teríamos de fazer alguma coisa, diga-senão apenas em favor dos produtores, mas também damais valia que constituem esses animais e da própriaimagem externa que o Concelho já adquiriu nessavertente.

Fomos rápidos a decidir, a adaptar e com issoganhámos ainda maior prestígio, até porque fomos oprimeiro Centro Nacional a conseguir em poucos dias,mesmo horas, resolver um problema complicado.Estamos contentes com isso!

Está previsto a inauguração de um Matadouro queservirá as explorações do concelho e outras do Alentejoe possivelmente Algarve. Quais as implicações evantagens para a região?

As vantagens, como atrás se depreende sãoevidentes. Especialmente para os produtores que assimretêm muito mais valias, já que a distância de transporteé incomparavelmente menor e as taxas de abate paraos associados são bastante mais baixas. Pode mesmoimaginar-se um cenário futuro de sair de uma situaçãode apenas abater, para a fileira completa antes doconsumo, que é a desmancha, o embalamento e adistribuição. Para já existe um investimento de cerca de3 milhões de Euros, com financiamento assegurado emtermos de fundos comunitários via programa Agro, coma parte não comparticipada já assegurada por umbanco nacional.

Nesta altura vai ser lançado o concurso para aexecução da obra, a qual se espera estar concluída emmeados de 2008, entrando a unidade emfuncionamento ainda nesse ano. É evidente, que face atoda esta estratégia há razões válidas para a unidadenão trabalhar apenas aqui e nos concelhos vizinhosmas para uma zona mais alargada, até porque háunidades a grande distância, o que encarece aactividade dos produtores e, casos até de problemascomplicados com algumas delas.

Talvez seja essa a razão porque há agrupamentosde produtores de grande dimensão e até empresas derenome a querer entrar no capital social do MLA-Matadouro do Litoral Alentejano S.A.. Que serão bemvindos, mas que têm de se adaptar à estratégia gizada,que tem como fim proteger e garantir mais valias, noessencial aos produtores e à sua actividade, naprojecção de um produto de qualidade que evidencie oConcelho e a região.

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Limousine Português no Sudoeste Alentejano:“La tranquillité d’espirit.”

Introdução

A região do Sudoeste Alentejano (SA) e,particularmente, o Perímetro de rega do Mira, tem sidosolar de estratégias agro-pecuárias: iniciadas,desenvolvidas e finadas. São exemplos os casosconcretos da orizicultura, as plantações depessegueiros, as pastagens de regadio associadas àbovinicultura de leite, os legumes e as fruteiras emestufas - algumas vezes associadas ao "chico-espertismo" de investidores estrangeiros -, enfim, umnão sei quê de estudos, projectos e menos-valias.

Eis se não quando, o apelo do regresso às origensé desencadeado pela produção de bovinos de carne.Não deveremos esquecer que esta região foi, emantanho, uma das zonas de maior concentração debovinos de carne em Portugal. Esse chamamento nãofoi dirigido para uma raça de bovinos autóctones, comopara muitos ambientalistas e ecologistas faria supor,mas para um bovino que na gíria se designa de exótico(termo que usamos mas achamos menos próprio) epertencente a uma raça francesa a Limousine (comoseria de esperar!).

Neste momento, podemos dizer que, para a regiãodo Sudoeste, houve uma inversão de sentido, passámosdas menos-valias para as mais-valias pela simplesutilização, mais ou menos generalizada, de bovinos decarne com elevada eficiência produtiva. Para estedesenvolvimento foi importante o empenhamento ecapacidade técnica dos elementos da AssociaçãoPortuguesa de Criadores de Raça Bovina Limousine(ACL).

È curioso, como as pessoas ligadas ao sectorprodutivo agro-pecuário desta região, "migraram" aolongo do tempo por expectativas de produção tãodíspares e, neste momento, dão a sensação de quenunca fizeram outra coisa que não fosse produzirbovinos de elevada capacidade produtiva, casoconcreto e flagrante da raça Limousine (começa-se aperceber o porquê do título do artigo).

Mas, mesmo assim, continuamos a ser um país emque a confiança na capacidade técnica está semprenum patamar inferior, e então, quando se trata deaspectos agro-pecuários ela ainda é menor. Noentanto, atrevemo-nos, com este pequeno artigo deopinião, a tentar fazer subir a nossa auto-estima econfiança, e temos quase a certeza, que esta situaçãoreal não é caso único em Portugal.

A ACL - sediada precisamente na zona doSudoeste Alentejano - é um exemplo de como éimportante evoluir no sector pecuário, e como pode seruma força aglutinadora à volta de um objectivo:

produção de bovinos de raça Limousine; contribuindo,deste modo, para a fixação das populações rurais emzonas desfavorecidas, por diversificar a oferta detrabalho e fazer acreditar às pessoas que é possíveltrabalhar, viver com dignidade e fortalecer a economiado país através de um modelo de produção sustentável.

Até aqui foram as palavras, a partir de agora serãoos números a base da justificação!

Metodologia

Os dados que serviram para fundamentar adiscussão foram-nos fornecidos pela ACL (Protocoloentre a ACL e a Universidade de Évora - ICAM -Departamento de Zootecnia), não tendo por origemuma única exploração (normalmente bem escolhida),mas um universo alargado (sem escolha, logo nãotendenciosa). Esta informação foi obtida através docontrole de performances realizado de modosistemático pelos técnicos da ACL.

A metodologia estatística descritiva para análise ecaracterização zootécnica do potencial da região doSudoeste Alentejano, utilizou, como referência, quer osvalores médios da população limousine nacionalinscritos no Livro Genealógico, quer da populaçãobovina limousine francesa e, ainda, os de um criadorfrancês que se intitula seleccionador de reprodutores(encontrado de modo aleatório na Net - www.arsoe-bretagne.com). Como população alvo de comparação,o conjunto de criadores da raça Limousine comexplorações na região do Sudoeste Alentejano.

As características analisadas e por nós entendidascomo definidoras do nível e capacidade técnica foram:1) intervalo entre partos em dias (INTP) - valoriza aeficiência reprodutiva, a capacidade técnica em termosde maneio alimentar e sanitário, e o esforço deselecção; 2) peso do vitelo ajustado aos 120 dias(P120) - reflecte a capacidade maternal: produção deleite e instinto maternal das fêmeas reprodutoras; 3)peso do vitelo ajustado para 210 dias (P210) - indica,além da capacidade maternal, o potencial genéticodirecto para velocidade de crescimento; 4)desenvolvimento muscular (DM), esquelético (DS) eaptidão funcional (AF) - correlaciona a funcionalidade eeficiência para produção de carcaças de elevadorendimento e qualidade.

Para filtro teórico de avaliação de tendências,usámos: a) animais inscritos a título inicial (RTI) versus100% Limousine (medir o esforço de selecção empureza); b) produções registadas antes do ano 2000 vs2000 e seguintes (sentir o grau de evolução pelacorrecta selecção e maneio do refugo); c) animais

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Caract Pop. Dados Anos Pureza Sistema Prod. Número VacasGlobais <2000 >2000 100 % RTI Extensi Semi <50 >50

INTP ACL 407±107 410±103 406±109 404±103 464±146 421±124 395±92 402±104 406±108(dias) (n=8788) (1665) (7123) (8246) (208) (2681) (4487) (2637) (4531)

SA 377±74 379±48 378±76 375±71 497±188 398±111 370±57 373±57 382±93(1136) (129) (1007) (1112) (4) (261) (875) (679) (457)

P120 ACL 159±27 152±27 161±27 159±27 145±30 151±28 162±27 166±30 158±25(kg) (7554) (1720) (5834) (7406) (86) (1939) (5615) (1979) (4222)

SA 174±28 172±22 175±29 174±28 _ 146±22 177±27 184±26 154±23(1006) (170) (836) (1003) (73) (933) (692) (314)

P210 ACL 255±46 244±44 258±46 255±46 231±42 236±45 261±44 264±54 254±40(kg) (7551) (1720) (5831) (7403) (86) (1936) (5615) (1978) (4220)

SA 286±48 283±38 286±49 286±48 _ 221±35 291±45 300±48 255±37 (1006) (170) (836) (1003) (73) (933) (692) (314)

DM ACL 59±7 58±6 60±7 59±7 56±6 57±7 60±7 60±8 60±7(8222) (1972) (6249) (7853) (177) (2273) (5949) (2319) (4319)

SA 63±7 63±6 63±7 63±7 _ 56±6 64±7 65±7 59±7(979) (171) (808) (972) (98) (881) (650) (329)

DS ACL 62±6 60±6 62±6 62±6 59±6 60±7 62±6 62±7 62±6SA 65±6 64±5 65±6 65±6 _ 58±6 65±6 66±5 61±6

AF ACL 61±6 59±6 61±6 61±6 59±5 60±6 61±6 61±6 61±6SA 62±6 61±5 62±6 62±6 - 56±5 63±6 64±6 59±6

CCG ACL 0,007(%) (15252)

SA 0,005 - RTI, representa animais inscritos a título inicial (ascendência desconhecida).(1688) - CCG, representa o coeficiente de consanguinidade de cada uma das populações.

CCC ACL 0,165 - CCC, representa a taxa de consanguinidade média dos animais consanguíneos.(%) (10021) - Os valores entre parêntesis representam o número de observações.

SA 0,144 - O número de observações para DS e AF é igual ao de DM.(61)

Quadro 1 - Valor médio e desvio padrão das características registadas no controlo deperformances para a população Limousine (ACL) e para a sub-população do Sudoeste Alentejano(SA).

explorados em sistemas de baixos inputs vs médios aaltos inputs (verificar se a utilização dos recurso etécnicas produtivas foi realizada de um modoadequado ou eficaz); d) criadores com menos de 50vacas vs criadores com mais de 50 vacas (correlacionara dimensão do efectivo com a capacidade de gestão eda adequação das necessidades individuais dosanimais com o nível produtivo).

Resultados e discussão

A síntese dos resultados encontrados de acordocom a metodologia anteriormente exposta, encontra-seno quadro 1, e de modo a ser possível comparar oLimousine em Portugal. No quadro 2 estão os valoresque serão a base para o "confronto" com os dadosFranceses.

Passando à discussão (baseada nos resultados doquadro 1), parece que se confirma que o "paraíso" doLimousine em Portugal é a região do SudoesteAlentejano. Assim, os animais registados no LG, e aproduzir nesta região: - representam 13 % da população nacional;- as vacas têm uma taxa de fertilidade anual de 96,8 %

em contraste com a de 89,6 % nacional;- a capacidade maternal supera em 9,4 % a médianacional para peso aos 120 dias;- o peso desmamado corrigido para a idade de 210dias é superior em 12,2 %;- incrementam em 5,1 %, 3,8 % e 2,1 % a pontuaçãopara o desenvolvimento muscular, esquelético e aptidãofuncional respectivamente, se relacionadas com o nívelmédio nacional;- têm menos 0,2 % de taxa de endogamia ouconsanguinidade média se considerarmos todos osanimais e menos 2,1 % para os animais consanguíneos.

Numa análise mais específica para ascaracterísticas de performance (INTP, P120, P210, DM,DS e AF, ainda quadro 1) envolvendo tendências,diremos:- que os criadores de Limousine do Sudoeste Alentejanofizeram um maior esforço de refugo para encaminhar arespectiva sub-população para os 100 % de purezaracial: os animais inscritos a título inicial são apenas1,9 % da mesma categoria no âmbito nacional;- no que respeita à evolução ou eficiência de produção,como seria de esperar, melhorou em maiorpercentagem a nível nacional do que no Sudoeste,

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onde praticamente estabilizou (ou melhorou ao ritmoanual de uma resposta à selecção bem dirigida), o queconfirma a excelência dos animais e do nível atingidopelos criadores nesta região;- em termos do reflexo, da maior ou menorintensificação das explorações, na eficiência produtiva,que pode conduzir a mais ou menos esforço técnico emelhor ou pior utilização dos recursos disponíveis, asexplorações do Sudoeste que poderemos classificar deextensivas, tem menor potencial que as do mesmo tipoa nível nacional, provando que aquela região é decompromisso com os sistemas de produção semi e/ouintensivos. Isto faz com que exista uma melhor eficiênciada relação outputs/inputs (sustentabilidade) noSudoeste do que a nível nacional, o que pode contrariaralguns "teóricos" da sustentabilidade que a conectamsistematicamente com o extensivo;- avaliando o empenho e desempenho dos criadores(significando mais atenção ou cuidado) na gestãotécnica e maneio dos efectivos bovinos de Limousine, éclara a dispersão da "atenção" sobre os animais com oaumento da dimensão do efectivo, havendo quebrassistemáticas: 19,4 % para o P120; 17,6 % para P210;9,3 %, 7,4 % e 6,8 % para DM, DS e AFrespectivamente; enquanto para a totalidade dapopulação nacional aqueles decréscimos variamapenas ligeiramente, entre 1,4 % do DM até 5 % doP120. Poderemos assim concluir que o Sudoeste não éregião para efectivos de elevada dimensão, no entanto,fica a dúvida se a relação receitas/encargos informaráo mesmo, quer seja para o Sudoeste quer seja paraoutras zonas de Portugal.

Como marco de excelência, todos os máximosprodutivos foram atingidos por animais da região doSudoeste (pólo genético de qualidade comprovada):P120 = 256 kg; P210 = 430 kg; DM = 85; DS = 83;e AF = 80. Do nosso ponto de vista, extraordinário!

Sem objectivos de pretensiosismo, a interpretaçãodo quadro 2 fornece resultados curiosos para asdiferentes características. Assim, a região do SudoesteAlentejano está ao nível de um criador francês, queapresenta na Net os resultados produtivos e avaliaçõesgenéticas dos seus animais (por certo, deve ter orgulhono que produz e sentir-se como um criador desucesso!); e além disso, é mais eficiente cerca de 5 %que a média da população francesa controlada (dadosde 2005).

Para terminar confrontemos dois modos de estar: ode um governante Português, da área da Agricultura,que deu a entender publicamente que os empresáriosagro-pecuários nacionais, em termos gerais, eramretrógrados e pouco eficientes no aproveitamento dos"dinheiros" da União Europeia (talvez este sectorprodutivo aqui analisado lhe possa descansar a"borbulha"); e, a citação na revista Gagnez - Limousinede France, propriedade do Herd-Book Limousin : "Latranquillité d'esprit. Voilá une autre raison d'investir dansla Limousine Française."(se necessitássemos de fazer umplágio, para utilizar em Portugal, apenas trocaria nacitação anterior: "… la Limousine Française.", por "… aLimousine do Sudoeste Alentejano."!

Prof. Carlos RoqueteUniversidade de Évora. Departamento de Zootecnia.

Caract. do Controlo Herd-Book Limousine ACL-Livro Genealógico Limousine do Sudoeste Criador Francês de

de Performances Francês (2005) Português (2005) Alentejano Limousine (FR12111187)

P120 (kg) 164 159 174 173 (n=103)

P210 (kg) 270 255 286 285

DM 59,4 59,2 62,9 62,1

DS 57,1 61,7 64,6 62,2

Quadro 2 - Curiosidades entre o Limousine Português e o Francês

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Sem farpas... sem farpas!!!

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Arames lisos, postes fixadosde 20 em 20 metros e outrasvantagens incluem definitivamentea cerca eléctrica na paisagem ruralde Portugal.

Há dois tipos de cercas:permanentes ou convencionais eportáteis, e três maneiras de asalimentar: rede eléctrica, bateria ebateria/energia solar. Para iniciar,necessita-se de um aparelho, umsistema de ligação a terra e aprópria cerca.

Cercas convencionaisAs cercas constituem um

investimento considerável numapropriedade agrícola e, por isso,devem ser construídas commaterial de boa qualidade, compostes de madeira, utilizando-searame farpado ou liso. A alturapode variar de 1,30 a 1,70 m e ospostes distanciados de 4 m. Nascercas periféricas ou em locais decontenção de bezerros, érecomendável o uso de 5 fiosequidistantes em 0,27 m. Nascercas divisórias, para contençãode animais adultos, recomendam-se 4 fios equidistantes em 0,35 m.

Cercas eléctricas São cada vez mais utilizadas

na nossa região, devido ao seubaixo custo e da facilidade deinstalação e manutenção. Sãocompostas de um electrificadorligado a uma fonte de energia,que pode ser a rede eléctrica ouuma placa solar ou ainda umabateria de 12 Volts ou 9 Volts. Asprincipais vantagens das cercaseléctricas, em relação às cercasconvencionais, são a redução dosinvestimentos e da mão-de-obra, ea facilidade de manutenção edeslocamento ou remoção. Ospostes podem ser distanciados de10 m e o número de fios de arame

depende da espécie animal a sercontida. O preço da cercaeléctrica é, em média, 30% menordo que o de uma cerca tradicional.Outra vantagem é a de serrenovável e ecologicamentecorrecta.

Com isso, não é difícilconcluir que o velho aramefarpado e as redes enferrujadastendem a desaparecer dapaisagem rural de Portugal. "É ofuturo".

Outra vantagem está nafacilidade de instalação. Enquantona cerca tradicional os postes sãocolocados à distância média dequatro metros um do outro, noequipamento electrificado ospostes podem ficar a 20 metros dedistância. "Isso com apenas um oudois fios fazendo o cerco". Atéporteiras podem ser feitas comfios. Nesse caso, isolantes deplástico são usados para quesejam manuseadas, abertas efechadas com ganchos.

Por serem compostas por fioslisos, as cercas eléctricas nãoferem os animais. A pele dosanimais é valiosa e não podeestragar-se em arames farpados.Outro detalhe importante: a cercaeléctrica não afecta os pássaros.Isso porque, para apanhar choqueé preciso encostar à cerca etambém estar em contacto com o

chão, que actua como fio terra,por onde passa a descargaeléctrica.

Com tantas vantagens, omercado de cerca eléctrica nãopára de crescer.

PostesPara a instalação de uma

cerca electrificada são necessáriosalguns componentes que podemser visualizados na figura abaixo,onde temos a representação deuma instalação típica:

ElectrificadorÉ o principal componente

para uma instalação de cercaelectrificada, tem como funçãoconverter a energia que o está aalimentar em energia eléctricapulsada de tal forma que, ao tocaro fio da cerca, o animal ou serhumano receba uma descarga(choque) que não lhe fará mal. Acerca nunca deve ser ligadadirectamente à rede eléctrica dapropriedade, sem o electrificadorde cercas, o choque poderá serfatal. Por este motivo, oelectrificador deve ser dequalidade comprovada, fabricadadentro das normas de segurançainternacionais. Não se deve utilizarequipamentos de fabricaçãocaseira ou improvisados.

A escolha do modelo de

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aparelho a ser utilizado é emfunção das fontes de energia e docomprimento do fio (arame) a serelectrificado. Os aparelhosconvencionais são fabricados paraextensões de 5 a 100 km, porém,isto depende muito dacondutividade do solo.

A ligação dos aparelhos àfonte de energia é muito simples:- Modelos de rede eléctrica: Emtomada convencional;- Modelos de Bateria: 2 Pinças, umvermelho (positivo) e outro preto(negativo);- Modelo Híbrido: Dois cabos, umcom transformador para tomada eoutro com as pinças para ligar abateria. A ligação do pólo "Cerca"deve ser feita directamente ao fioda cerca. É necessário que aenergia eléctrica feche um circuitosaindo do aparelho, percorrendo acerca, passando pelo animal, indoao solo e voltando aoelectrificador através do pólo"terra".

Uma boa "ligação á terra" é,portanto, de vital importância parao perfeito funcionamento da cercaelectrificada. Nas cercaselectrificadas pode-se usarqualquer arame condutor, como,por exemplo, o liso. Há aramesque em termos de condutibilidadeeléctrica diferem de uns para osoutros. Na construção de umanova cerca, definitiva, recomenda-se o uso do arame lisogalvanizado n.0 14, existemarames especiais para cercaeléctrica que possuem na suacomposição uma maiorquantidade de Alumínio-Zinco,conferindo uma menor resistênciaeléctrica ao arame. A tensão doarame de uma cerca electrificadapode ser inferior à usada nascercas convencionais, pois acontenção dos animais ocorre deforma moral e não física.

Para uso em rotação depastagens e com postesprovisórios, recomenda-se o fio

flexível, que é uma corda depolietileno trançado com fios decobre. Esse fio permite maiorfacilidade na instalação e naremoção da cerca, principalmentequando seu suporte for a vara defibra de vidro. As vantagens do fioflexível são: facilidade demanuseamento ao enrolar edesenrolar, boa condutibilidade ebaixo peso. A única desvantagemé a longevidade à acção do solsobre o polietileno. As emendasdevem ser feitas usando-se umaquantidade generosa de arame deforma a garantir bom contacto. Nocaso do fio flexível, deve-se fazerum nó volumoso, tipo focinho deporco. O tamanho dos animais éque determina o posicionamentodos fios na cerca. A regra básica écolocá-los à altura do peito doanimal.

Os electrificadores de cercaexistentes no mercado sãoalimentados por diferentes fontesde energia como: pilhas, bateriade 9 volts, bateria de 12 volts,conjunto bateria + painel solar,rede eléctrica 220 volts,combinação rede eléctrica ebateria. Antes de se comprar umelectrificador para cerca, deve-seconsiderar uma série de factores,como: a disponibilidade de fontesde energia no local, a extensão e onúmero de fios a electrificar, afrequência de falta de energia nolocal. A pilha é uma fonte deenergia pouco usada devido à suacurta duração e consequente altocusto. A bateria de 12 volts é afonte portátil mais utilizada. Pararecarregá-la basta completar onível de água mensalmente esubstitui-la com a bateria de umveículo da propriedade. Oconsumo de energia nesse caso éde 0,35kWh por mês.

O painel solar, fabricado comcélulas foto voltaicas, tem comofunção carregar e mantercarregada a bateria de 12 volts.Um processo caro, porém em

determinados casos é a melhorsolução. Com a fabricação dessascélulas em Portugal e com oavanço da tecnologia, essespainéis deverão ter o seu custoreduzido, o que os tornará muitoindicados para o uso no meiorural.

A rede eléctrica 220 volts ésem dúvida a fonte mais barata deenergia. Os aparelhos modernostêm um consumo desprezível de2,1 kWh por mês. Existe hoje nomercado um modelo deelectrificador de cercadenominado híbrido. Esseaparelho funciona tanto comenergia eléctrica como combateria de 12 volts. Os aparelhosfabricados com tecnologiamoderna têm um dispositivoelectrónico interno que permitefazer a mudança da rede eléctricapara a bateria, quando há falta deenergia na rede.

Perdas de tensão eléctrica porcurto-circuito diminuem aeficiência da cerca. O isolamentodos fios, portanto, é defundamental importância para oseu perfeito funcionamento.

IsoladoresSão dois os tipos de

isoladores utilizados para esse fim:os pigtail e os início/fim. Os pigtailsão usados sempre que o aramepassa em linha recta pelo isolador,e os início/fim são usados noscantos e nos extremos de um lancede cerca.

Existem diversas formas parase fazer porteiras com a cercaelectrificada, observando-se, aqui,uma grande economia em relaçãoàs porteiras convencionais. Há umdispositivo no mercado tambémchamado de "porteira para cercaelectrificada" que consiste em umpunho isolante com uma molainterna, um gancho em umaextremidade e uma argola emoutra.

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PortasExemplificamos a seguir

diversos tipos de montagem deporteiras, analisando suasvantagens e desvantagens. Aporteira simples apresentadesvantagem quando é aberta.Um sector à esquerda ficadesligado, e, se colocada no chão,a porteira causará fuga de energiapara a terra.

A porteira ideal apresentavárias vantagens na sua utilização.Quando aberta, o restante dacerca permanece ligado. Pode-secolocar a porteira aberta no chão,pois o seu lado esquerdo não estáelectricamente ligado à cerca e,portanto. Não haverá fugas e sualocalização visual é fácil.

Há um cuidado que deve sertomado ao esticar-se o arame aolongo do suporte da porteira,evitando que fique em contacto

com a madeira, o que provocariaa fuga de corrente. Na passagemsubterrânea o fio que passa porbaixo do solo deve ser muito bemisolado, o que restringe autilização dessa porteira. Utilizarpara a passagem subterrânea umcabo isolado para 10.000 volts,dentro de uma tubulação de PVCrígido, com as pontas viradas parabaixo para se evitar a entrada deágua.

Os animais, habituam -se aochoque da cerca, e evitam chegarpróximo a ela, portanto nãohaverá problemas em desligar acerca por curtos períodos para aexecução de pequenos reparos.Normas de segurançainternacionais recomendam o usode placas indicativas (advertência)do uso de cerca electrificada, daseguinte forma:

a) As placas devem ser

amarelas com o texto em preto,contendo um raio (símbolo de altatensão) e os dizeres CERCAELÉCTRICA, com altura mínimadas letras de 2,5cm. A dimensãomínima da placa é de 10 x 20cm.

b) Recomenda-se acolocação dessas placas a cada100 metros; nas áreas com maiortransito a cada 50 metros, ou detal forma que ao menos uma placaesteja sempre visível. Para umperfeito funcionamento dainstalação é fundamental que sejafeita uma boa conexão a terra. Issoé feito enterrando-se a umaprofundidade deaproximadamente de 1 m, umaboa massa metálica, como, porexemplo, um cano. Como é necessário ter uma boacondutividade "terra", deve-seescolher um lugar húmido (ou quepossa ser frequentementehumedecido), garantindo aindauma boa conexão entre a massametálica e o aparelho; para issoutiliza-se um fio de cobre grosso,fixando-o à massa metálicaatravés de parafuso e cerra cabos.

Eng.º. António LopesTRASCO S.A.

Fig 1. Passagem subterrânea.

COMO FUNCIONA- Electrificador envia carga eléctrica para os arames ao longo da cerca - Fusível de mola impede que raios danifiquem o equipamento- Ligação a terra é necessário para desvio da descarga eléctrica - Isoladores evitam que a corrente eléctrica se perca e passe para a terra - Choques de 8 mil volts afastam animais e evitam entrada de intrusos

VANTAGENS- Custo em média 30% menos em relação à cerca convencional - Permite maior distância entre mourões (20 metros)- Pode ser móvel, facilitando isolamento de áreas - Maior eficiência na contenção dos animais - Não estraga couro e pêlo dos animais, como as cercas de arame farpado - Mais segurança em áreas sociais das propriedades

DESVANTAGENS- Requer mão-de-obra mais qualificada para a instalação - Exige maior manutenção com a limpeza de matos sob as cercas ou então obriga a utilização de máquinas maispotentes

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Segundo análise dos dados recolhidos, verificou-seque se obteve um aumento significativo dos animaisque integram os valores 1 e 2, 73% em 1993 e 91% em2003. A escala de valores de docilidade (varia entre 1e 6) é usada para obter o valor genético, ou por elesdenominada EPD, para o carácter docilidade. Este valorgenético indica a probabilidade da descendênciaherdar o gene docilidade. Quanto maior o valorgenético maior a probabilidade de produzirdescendência calma ou dócil. De modo contrário

quanto menor o valor genético maior a probabilidadede vir a registar-se descendência nervosa.

EscalaValores % Definição Descrição

1 52 Dócil Disposição calma, gentil, facilmente lidado, pára e movimenta-se lentamente quando conduzido, imperturbável, não mostra resistência em planos inclinados

2 30 Desassossegado Mais calmo que a média mas ligeiramente inquieto, pode ser teimoso ao ser conduzido, podetentar recuar num plano inclinado, cauda vacilante

3 15 Nervoso Temperamental, manuseável mas nervoso e impaciente, moderadamente difícil de se submeterà condução, empurrando repetidamente, abanando frequentemente a cauda

4 2 Nervoso e fugidio Tenta saltar as cancelas ou vedações, emite rugidos e espuma da boca, movimenta a caudarápida e repetidamente, defeca e urina quando conduzido, tenta fugir quando apertado

5 <1 Agressivo Muito semelhante ao anterior mas com comportamento ainda mais agressivo, receoso, muitoagitado, sempre em movimento tentando fugir e saltando limites físicos, pode exibir comportamento de ataque quando se sente afrontado e só

6 <1 Muito Agressivo Comportamento extremamente violento, atacando e avançando contra as pessoas

Tabela 1 - Sistema de medição de docilidade e descrição dos diferentes valores adoptados.

Ranking Valor GenéticoMais Dócil (Top 20%) >+19Média Dócil (50%) +12Mais nervoso (últimos 20%) <+5

Tabela 2 - Ranking de percentagens de valores genéticos para a

docilidade de touros de 2002 e 2003

Nos EUA criadores de Limousine seleccionamanimais mais dóceis

Em todas as raças existem linhas genéticas deanimais mais nervosos. E é inquestionável que animaismais calmos são mais desejáveis que animais maisnervosos, uma vez que são mais facilmentemanuseados e mais seguros para quem está perto delese tem que os tratar diariamente.

Os animais mais dóceis estão também associados,de um modo geral, a maiores ganhos médios diáriosnos "feed lot" e a uma melhor qualidade da carne. NosEstados Unidos da América a raça Limousine éreconhecidamente, a raça que tem feito maioresesforços em melhorar e seleccionar animais de maiordocilidade, obtendo actualmente animais não só maisdesenvolvidos muscularmente, com inigualávelcrescimento e eficiência produtiva, mas tambémanimais mais calmos.

Há cerca de uma década, os criadores norte-americanos da raça bovina Limousine assumiram que asua principal prioridade era seleccionar o caracterdocilidade. Esta prioridade, foi levada de tal modo asério que a Fundação do Limousine Norte-Americano -NALF desenvolveu o seu próprio sistema de medição do

temperamento ou docilidade dos animais eposteriormente desenvolveu o "EPD-Expected ProgenyData", ou seja, o primeiro estudo de avaliação genéticapara o temperamento ou docilidade dos animais.Sendo este caso, até então único no mercadobovinícola norte-americano.

Utilizando o EPD na selecção dos animais dóceis,os criadores realizaram uma grande pressão deselecção para este caracter, obtendo impressionantesprogressos na melhoria da docilidade dos animais. Orápido progresso genético foi possível devido ao factoda heritabilidade estimada para este carácter ser de0.40, na raça Limousine. Calcula-se que os criadoresnorte-americanos mediram a docilidade de cerca de150.000 animais. Utilizando uma escala de variaçãoentre 1 e 6, onde o 1 representa o animal mais calmo,com temperamento mais dócil e o 6 representa oanimal mais agressivo. A tabela seguinte explica osistema de medição mais pormenorizadamente edemonstra a distribuição dos valores obtida nos animaisde raça Limousine norte-americanos:

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Para melhor percebermos, analisemos um exemplo:

Quando o Touro A e o Touro B são colocados a cobriro mesmo lote de fêmeas, existem 20% mais dehipóteses da descendência do Touro A ser calma que adescendência do Touro B ser calma (25-5).

Os criadores norte-americanos de bovinosLimousine têm utilizado os valores genéticos para ocarácter docilidade desde 1998, aquando dapublicação do primeiro estudo deste género. Devido aofacto de terem assumido a selecção de animais dóceiscomo uma prioridade do seu programa demelhoramento da raça, conseguiram melhorarsignificativamente o temperamento dos animaisLimousine principalmente nos últimos 7 anos.

Os seus dados demonstram que os bovinosnascidos em 1991 apresentavam um valor médio devalor genético para a docilidade (EPD) de cerca de +1,enquanto que os bovinos nascidos em 2003apresentavam já um valor médio de EPD de +13. Oque representa uma melhoria de cerca de +12 em 12anos, ou seja de cerca de +1 por ano, facto que éextraordinário atendendo a que apenas possuíram"ferramentas" genéticas para melhorar o temperamentoa partir de 1998.

É de realçar que mesmo com todo este sucessoobtido, os criadores norte-americanos não querem ficarpor aqui, continuando a recolher valores de docilidade

dos animais e a seleccionar ainda com maior pressãoos animais com comportamentos mais calmos e maisdóceis. Estes criadores assumiram como que umcompromisso com todos os intervenientes da fileira daindústria da carne bovina, garantindo genética dequalidade a todos aqueles que trabalham com bovinosLimousine.

Este é apenas um exemplo do que é feito nomundo do Limousine, e mesmo que sejam discutíveis asdefinições encontradas para a escala de valoresutilizados na medição do temperamento ou docilidade,parece-me que é inegável que o caráctertemperamento é um dos mais importantes na raçaLimousine. Se quisermos assumi-lo como sendo maisuma das vantagens da raça Limousine, temos quetrabalhar mais no sentido de o seleccionar. Pois como édo conhecimento empírico de todos é muito mais fáciltodo o tipo de maneio em animais mais facilmentemanuseáveis do que naqueles que oferecem resistênciaa qualquer tipo de contacto com oscriadores/tratadores, veterinários, técnicos, etc. E istonão só no que se refere ao tratamento de animaisdoentes, como ao maneio de contenção, identificação,sanitário, controlo produtivo e outros, que são cada vezmais uma realidade das explorações de criação eselecção de animais de raças selectas.

Também todos nós sabemos que em termos depromoção da raça é muito mais efectiva, a promoçãoque se realiza com animais que se apresentam calmos,tranquilos, completamente familiarizados com aspessoas e com todos os tipos de meios em que seinserem, nomeadamente concursos, exposições,transportes, etc.; do que a promoção conseguida comanimais que apresentam o comportamento inverso. Eesta é uma mensagem que tem de ser passada a todosos intervenientes do sector bovino nacional, uma vez

Valor Genético DocilidadeTouro A +25%Touro B +5%A-B +20%

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que ainda existem muitas ideias mal formadas de que ocomportamento agressivo está relacionado com avirilidade ou fertilidade dos animais, isto no casoespecifico dos reprodutores machos (novilhos e touros).

Por tudo isto parece-me uma aposta ganha se ofuturo da raça Limousine for no sentido de seleccionaros animais mais dóceis, tendo a ACL a responsabilidadede dar os primeiros passos para alcançar este objectivo.Reunindo esforços para fazer ver e crer os seuscriadores associados que assim é, começando por

implementar medidas efectivas neste sentido, no planode melhoramento da raça, nas regras estipuladas paraa presença de animais em exposições e concursos, bemcomo em futuros ensaios de testagem de reprodutores eoutros. Quem sabe se na avaliação morfológica(pontuação) dos animais ao desmame não poderiaconstar, primeiramente, um campo informativo dotemperamento do animal, numa escala a definir; eposteriormente esta nota ser considerada para osvalores totais dessa mesma pontuação. Fica aqui estemomento de reflexão para todos nós, técnicos,criadores, tratadores de animais da raça Limousinereflectirmos e concluirmos qual o melhor futuro para araça Limousine!!

* Por Fátima Verissimo(Engª. Zootécnica)

Bibliografia consultada:Lauren Hyde, Ph.D, "Genetic Trend shows power ofselection", Boletim Técnico da NALF- North americamLimousin Foundation, Limousin breeders improvetemperament.

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No seguimento do artigo publicado no númeroanterior de "Notícias Limousine", em que se introduziu otema Bem-Estar Animal e se desenvolveu maispormenorizadamente o Bem-Estar Animal noTransporte, vamos agora debruçarmo-nos sobre o Bem-Estar dos Bovinos nas Explorações.

Está definido por decreto-lei (D.L.nº64/2000 de 22de Abril) que:

O proprietário ou detentor dos animais deve tomartodas as medidas necessárias para assegurar o bem-estar dos animais ao seu cuidado, e para garantir quenão lhes sejam causadas dores, lesões ou sofrimentosdesnecessários.

E isto aplica-se não só aos donos mas também aostratadores, técnicos ou outros desde que cuidemdirectamente dos animais. É também especificado queos animais devem ser tratados por pessoal em númerosuficiente e que possua capacidades, conhecimentos ecompetência profissional adequados. As pessoas quelidam com os animais deverão ser capazes de realizarum conjunto de técnicas de saúde e bem-estar animal,tais como:- Identificação animal- Prevenção e tratamento de certos casos de coxeira- Prevenção e tratamento de parasitas internos eexternos- Administração de medicamentos- Detecção de animais doentes ou feridos- Castração- Remoção de cornos ou tetos extra- Ordenha- Prever ou estimar partos- Realizar partos simples se necessário- Apanhar e conter um animal para tratamento- Saber que não devem misturar-se grupos de animais,de diferentes idades, estados fisiológicos, com cornose descornados.

Inspecção dos animais• Todos os animais mantidos em exploração pecuáriacujo bem-estar dependa de frequente atenção humana,deverão ser inspeccionados pelo menos uma vez pordia, para verificação do seu bem-estar.• Deve existir sempre iluminação natural ou artificialadequada, que permita a inspecção dos animais emqualquer altura.• Os animais que aparentam estar doentes oulesionados deverão receber imediatamente tratamentoadequado. E se necessário serão isolados eminstalações adequadas, equipadas com cama seca econfortável.

Maneio• Os bovinos devem ser movidos pelo seu própriopasso, sem serem apressados pelo seu tratador e sem autilização de outros meios.• Deverão ser incitados com cuidado, especialmenteem curvas e solos escorregadios.• Deve ser evitado o barulho, excitação ou força• Tudo o que se utilizar para guiar os animais deverá serconcebido e utilizado apenas para esse fim e nãopoderá ter pontas afiadas ou pontiagudas.• O uso de aparelhos de descargas eléctricas deveráser evitado ao máximo.• Os caminhos, passagens e áreas envolventes aosbebedouros e comedouros, por onde habitualmente osanimais circulam, devem ser inspeccionadosperiodicamente para verificar se estão transitáveis, deforma a prevenir danos e/ou acidentes.• A existência de superfícies escorregadias, ou abrasivaspara as patas dos animais, deve ser evitada.

Alimentação e Abeberamento• Os bovinos deverão ser alimentados com uma dietacompleta que seja apropriada à sua idade, e quedeverá ser disponibilizada em quantidade suficientepara a manutenção de uma boa sanidade, devendosatisfazer as suas necessidades nutricionais e promovero seu bem-estar.• Todos os animais deverão ter acesso a uma fonte deágua adequada e/ou ser-lhes disponibilizada uma doseadequada de água potável fresca todos os dias,suficiente para satisfazer as suas necessidades.• Deverá haver água disponível para que pelo menos10% dos animais, beba água ao mesmo tempo.• Os equipamentos de fornecimento de alimento eágua, devem ser concebidos e colocados de modo aminimizar os riscos de contaminação dos alimentos eágua e os efeitos lesivos que podem resultar da lutaentre os bovinos para acesso aos mesmos.• Não serão administrados aos animais quaisqueroutras substâncias, com excepção das necessárias paraefeitos terapêuticos ou profilácticos ou destinados aotratamento zootécnico, a menos que estudos científicosde bem-estar animal ou a experiência constante tenhamdemonstrado que o efeito dessas substâncias não sãolesivos da saúde ou do bem-estar animal.

Identificação Animal• A colocação dos brincos deve evitar os vasossanguíneos e a extremidade da cartilagem das orelhas.• Quando o brinco é inserido, deve ser deixado espaçosuficiente entre a marca auricular e o bordo da orelhapara possibilitar o crescimento desta última.• Quando se brincam os animais deverão ser tomadas

Bem-estar animal nas explorações

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as precauções necessárias para prevenir irritações einfecções causadas pelos mesmos.

Instalações e Equipamentos• Os alojamentos e os dispositivos para prender osanimais devem ser construídos e mantidos, de modo aque não existam arestas ou saliências pontiagudassusceptíveis de provocar ferimentos nos animais. Edevem poder ser limpos e desinfectados a fundo.• O isolamento, o aquecimento e a ventilação dosedifícios devem assegurar que a circulação do ar, o teorde poeiras, a temperatura, a humidade relativa do ar eas concentrações de gases se mantenham dentro delimites que não sejam prejudiciais aos animais.• Os animais mantidos em instalações fechadas nãodevem estar nem em escuridão permanente nem seremexpostos à luz artificial sem um período adequado dedescanso.

Não devem adicionar-se animais a grupos deanimais já formados, nem deverão juntar-se gruposdiferentes quando são transportados. Os grupos defêmeas e machos deverão manter-se devidamenteseparados.

Nos locais onde os animais estão estabuladosdeverá haver espaço suficiente para que todos osanimais se possam deitar confortavelmente, e aomesmo tempo, erguer-se e mover-se livremente.

Os animais que são mantidos no exterior, deverão,quando necessário, e se possível, ter próximas, zonas deprotecção contra as condições meteorológicasadversas, predadores, e riscos sanitários. Deverão teracesso a zonas de repouso bem escoadas.

Os terrenos da exploração deverão estar livres deentulhos, como arame ou baterias (dado o risco decausar envenenamento por chumbo) e de objectosmetálicos ou de plástico que sejam afiados e possamferir os animais, rasgar as suas marcas auriculares ouferir as orelhas.

Situações Especificas• Descorna: a remoção dos cornos, quando começama despontar, deverá apenas ser efectuada antes dosbezerros(as) terem dois meses de idade e quando secomeçarem a ver o inicio dos mesmos. A remoção doscornos, quando necessária, deverá ser efectuadadurante o Outono-Inverno ou Primavera, para evitarque se desenvolvam infecções devido à presença demoscas.• Reprodução: o criador deverá efectuar uma gestãoconscienciosa durante o período de crescimento dosanimais, mas também durante a gestação e parto dasfêmeas da sua exploração. Não deverãodeliberadamente acasalar vitelas que sejam demasiadopequenas com um touro de raça ou tamanhodesproporcionado. Em efectivos em que se utilize ainseminação artificial, o tratador deverá disponibilizartempo suficiente para monitorizar o cio, de modo aevitar o uso de hormonas ou outros tratamentos.Quando praticado o acasalamento natural, deverão serapenas usados machos jovens em pequenos grupos devacas (idealmente 10-15). Não deve ser negligenciadoo bem-estar dos touros. Estes sempre que possíveldeverão ser mantidos juntos com outros animais, comoexemplo, vacas secas.

De um modo geral, todos estes pontos aquifocados são do conhecimento da maioria dos criadoresde bovinos Limousine, uma vez que se tratam na suamaioria de criadores conscienciosos e que têm perfeitanoção de que a raça Limousine é uma raça deexcelência com algumas exigências e em quedeterminados cuidados não devem nem podem serdescurados. Principalmente no que concerne àmanutenção e criação de animais reprodutores.

* Por Fátima Veríssimo(Engª. Zootécnica)

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Qualquer animal, só pelo simples facto de estarvivo, "gasta" energia e nutrientes para fazer face aosnumerosos processos metabólicos que ocorremsistematicamente no seu organismo e que sãoessenciais ao bom funcionamento das funções vitais.Se o animal se encontra em fase de crescimento ouprodução (gestação, aleitamento, reprodução…), asnecessidades em energia e nutrientes aumentam, comoseria de esperar.

Como forma de suprir as suas necessidades diáriastodos os animais recorrem á ingestão de alimentos, quesão substâncias que podem ser ingeridas, digeridas eabsorvidas para serem depois utilizadas pelo organismono seu metabolismo. Os principais componentes dosalimentos são: água, minerais (cinzas), hidratos decarbono (açucares), lípidos (gorduras), proteínas evitaminas, mas que normalmente se encontram sob aforma de grandes moléculas insolúveis. Assim, para astornar "aproveitáveis" pelo organismo é necessárioreduzi-las a pequenas moléculas ou compostos simplese a este processo chama-se digestão. O alimento jádigerido é depois absorvido pela membrana doaparelho digestivo por forma a ser utilizado nos seusprocessos metabólicos, e obtenção de energia.

A degradação do bolo alimentar que falamos éfeita por meio de: Processos Mecânicos - através damastigação e contracções musculares do tractodigestivo (movimentos peristálticos), que levam àredução do alimento em partículas mais pequenas.Estas partículas assim reduzidas, continuarão a serdepois degradadas por Processos Bioquímicos - acçãode enzimas constituintes dos diferentes sucos digestivosproduzidos ao longo do tracto digestivo. Entretantoentram também em acção os Processos Microbianos - adigestão microbiana dos alimentos também elaenzimática é levada a cabo pelos microrganismos quese desenvolvem no rúmen (bactérias e protozoários).

O estômago dos ruminantesO estômago dos ruminantes é formado por quatro

compartimentos : pança ou rúmen, barrete ou retículo,folhoso ou omaso e finalmente coalheira ou abomaso.Cada um destes compartimentos tem um papel bempreciso na digestão.

Nos primeiros meses de vida, quando apenas sealimentam de leite materno, os bovinos não são aindaverdadeiros ruminantes pois o processo de digestão doleite é muito semelhante ao que ocorre nosmonogástricos (suínos, equinos, por exemplo). Os doisprimeiros compartimentos estão pouco desenvolvidosde modo que o leite chega ao estômago canalizadomediante uma prega tubular chamada goteiraesofágica, que faz chegar o leite directamente aoomaso e abomaso. Mas, assim que os vitelos começama comer alimentos sólidos, os dois primeiros

compartimentos começam a desenvolver-seaumentando consideravelmente de tamanho.

O rúmen, retículo e omaso são órgãos queantecedem o abomaso, são por isso conhecidos comopré-estomagos. A capacidade dos ruminantes emaproveitar os hidratos de carbono fibrosos da dieta estásustentada na função destas três estruturas. O rúmen éo compartimento maior dos pré-estomagos, e divide-seem sacos ou compartimentos separados por pilaresmusculares.

Figura 1relação anatómicados estômagos dosruminantes

Figura 2RÚMEN - superfícieinterior formada pornumerosas pequenaspapilas

Figura 3RETÍCULO - o epitéliodo retículo apresentapregas que formamcelas poligonais

Figura 4OMASO - superfícieinterior apresentapapilas longitudinaisem forma de folhas

O Processo Digestivo dos Bovinos

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O rúmen e o retículo (retículo-rúmen) formam umacâmara que mantém um ambiente favorável àfermentação anaeróbia (sem oxigénio), graças àpresença e proliferação de uma densa população demicrorganismos (bactérias, protozoários e fungos), osquais podem ser ingeridos juntamente com a erva.Devido á fermentação ruminal produzem-se diferentesgases (cerca de 30-50 litros/hora num bovino adulto)os quais são eliminados pela eructação.

O conteúdo ruminal é constituído por uma partegasosa que se localiza na parte superior constituídapelos gases produzidos durante a fermentação dosalimentos, por uma parte sólida a qual é formada poralimento e microrganismos flutuantes e por uma parteaquosa que contém líquidos com pequenas partículasde alimento e microrganismos suspensos. O alimentoconsumido em primeiro lugar localiza-se no fundo, poisjá foi reduzido e fermentado o suficiente, podendo nestemomento ser captado pelo retículo que faz a triagemdas partículas, fazendo sair as de menor calibre para oomaso. O fluxo de alimento através do rúmen ébastante lento e depende da quantidade e densidade.Durante a fermentação, as partículas de alimentograndes, reduzem-se constantemente em partículasmais pequenas e os microrganismos proliferam.

O papel do omaso é absorver a água dosalimentos. À saída do omaso, o conteúdo do estômagoestá mais seco, pois está agora pronto a ser digeridopelo abomaso, que funciona como o estômago dosmonogástricos.

No abomaso e depois no intestino, o ruminantedigere as bactérias que vêm do retículo-rúmen tal comose de outro alimento se tratasse. O ruminante sai aganhar: recupera as proteínas das bactérias e osnutrientes libertados com a fermentação, os quais sãonecessários para poder crescer e para produzir leite ecarne.

RuminaçãoA ruminação é a função fisiológica mais

característica dos bovinos quando estão em pastoreio (-daí o seu nome pelo qual são conhecidos: ruminantes).Estes animais, ingerem grandes quantidades dealimentos realizando apenas uma ligeira mastigação.Mais tarde, normalmente numa fase de descanso, oanimal rumina, ou seja, o alimento volta à boca parauma segunda mastigação desta vez muito lenta ecuidadosa para diminuir o tamanho das partículas dealimento e aumentar a superfície de contacto facilitandoa fermentação microbiana que ocorre no retículo-rúmen.

Podemos dizer que a ruminação se reparte por trêsfases: em primeiro lugar, tem lugar a rejeição do boloruminal em que o alimento vai voltar a subir até à bocaem pequenos jactos. Segue-se depois uma cuidadosamastigação do bolo ruminal acompanhada de umagrande quantidade de saliva que provoca uma espumacaracterística geralmente interpretada como sendo uma

ruminação vigorosa e portanto sinal de boa saúde doanimal. Finalmente uma terceira fase em que o bolo édeglutido voltando para o rúmen e retículo podendo aíseguir duas vias:- O material alimentar, finamente triturado e ensalivadopelo seu maior peso específico, tende a sedimentar-seno retículo, para depois passar ao sector gástricoseguinte não sofrendo mais nenhuma mastigação. - Pelo contrário, os alimentos ainda grosseiros,insuficientemente triturados, tendem a flutuar no rúmenpelo seu baixo peso específico e misturam-se com osnovos alimentos que chegam á cavidade retículo-ruminal, e serão objecto de nova mastigação.

O tempo de ruminação depende de vários factorescomo o tipo de alimento (seco, verde, concentrado),qualidade do alimento, alterações dentárias,tranquilidade do ambiente entre outras.

Vantagem dos ruminantesTal como referimos no início, todos os animais

recorrem á ingestão de alimento como fonte de energiae nutrientes, para fazer face ás necessidades diárias. Noentanto, são os ruminantes aqueles que conseguemtirar melhor partido dos alimentos grosseiros ou fibrosos(pasto, silagem, feno, palha). Isto é, conseguem digerirmais eficientemente o material estruturante das plantas- celulose e hemicelulose, pois o seu sistema digestivocom características próprias, é de facto especializadona digestão destas substâncias abundantes nas plantasmas de muito difícil degradação. De facto, estesaçúcares complexos (celulose e hemicelulose), estãolocalizados dentro da parede celular das plantas epermanecem inacessíveis para os monogástricos.Contudo, a população microbiana que vive no rúmendos bovinos é capaz de degradar estas complicadasmoléculas, possibilitando a utilização da energia nelascontida. Os ruminantes não dispõem de enzimas paradegradar a celulose na saliva nem nos sucos gástricos,esta é degradada exclusivamente pela populaçãomicrobiana ruminal.

As proteínas vegetais são transformadas na suamaior parte em proteínas bacterianas de alto valorbiológico. E além disso as bactérias ruminais ainda sãocapazes de sintetizar proteínas a partir de azoto nãoproteico (ureia), que de outro modo não seriaaproveitado. A maioria dos aminoácidos disponíveispara os bovinos são produzidos pelas bactérias dorúmen. Por isso se costuma dizer que os bovinos "vivemmais ás custas dos produtos da actividade microbiana edos próprios microrganismos que dos alimentosingeridos propriamente ditos".

Equilíbrio no rúmenOs processos que se verificam no rúmen

dependem fundamentalmente do equilíbrio saudável dapopulação microbiana existente, que vive em simbiosecom o bovino hospedeiro, mas, depende também da

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manutenção de algumas condições ambientais como atemperatura quase constante entre 39 e 40 ºC, e aindamanutenção de um pH (medidor de acidez) entre 5,65e 5,70. Realçamos a importância deste ultimoparâmetro pois qualquer desvio de pH para acidez oualcalinidade tem repercussões imediatas na saúde eprodutividade dos animais.

A variação brusca da dieta alimentar pode pôr emrisco o equilíbrio da população microbiana: aperturbação mais frequente é quando um animal estáem regime de pastoreio ou com disponibilidade degrande quantidade de alimentos grosseiros e passapara um regime de suplementação à base deconcentrado comercial com elevado teor energético. Apassagem para o regime de concentrado deve ser deforma faseada, acrescentando a quantidadedisponibilizada de concentrado gradualmente, parapermitir a adaptação da população microbiana norúmen à nova dieta, caso contrário corremos sériosriscos de acidose. A ingestão de concentrados ricos emhidratos de carbono ou açucares rapidamentefermentescíveis, leva à rápida elevação deconcentrações de ácido láctico como produto dafermentação rápida que ocorre no rúmen.Paralelamente, pelo facto de os concentrados serempobres em fibra, a estimulação da ruminação é fraca, oque reduz consideravelmente a salivação, abrindo ocaminho para uma maior acidez, pois fica anulado oefeito tamponizante da saliva. Tal, tem comoconsequência maior acidez do conteúdo ruminal, o que

provoca um desequilíbrio na população microbiana,pois alguma estirpes não resistem à acidificação emorrem, dando origem ao desenvolvimento de outrasestirpes que podem acidificar o meio ainda maislevando à sua autodestruição, e torna-se num processode "bola de neve". Isto leva à destruição da populaçãomicrobiana, transformando o rúmen num reservatóriosem vida incapaz de digerir. A ocorrência de acidosepode ser tanto mais grave quanto mais brusca for amudança para regime de concentrado, e maior for aquantidade de concentrado. Os primeiros sintomas deacidode são a recusa de ingestão alimentar pelo animale diminuição na produção de leite, mas podem tambémocorrer diarreias e sinais de desidratação.

Os alimentos fibrosos são muito importantes parao estado de saúde dos bovinos pois eles estimulam aruminação e com ela a produção de saliva necessáriaao bom funcionamento do rúmen e da correspondentepopulação microbiana.

Há mais factores que influenciam o equilíbrio dapopulação ruminal com consequências para a saúdedo bovino hospedeiro, mas, a esse tema dedicaremosmais atenção na próxima edição de Notícias Limousine.

Por Jaime Bento(Engº. Zootécnico)

Bibliografia Gouveia, Aurora M., "Sistema Digestivo", Escola Veterinária deUFMG, sd.P. McDonald, R.et al, "Animal Nutrition", 1993, 4º Ed.

1- Ruminação (redução das partículas de alimento) eprodução de saliva (a qual ajuda a regular o pHruminal):• A ruminação reduz o tamanho das fibras e expõe osaçucares à fermentação microbiana;• Quando uma vaca rumina entre 6 a 8 horas por diaela produz cerca de 170 litros de saliva, no entanto, sea ruminação não for estimulada (por exemplo muitoconcentrado na dieta ) pode não produzir mais do queapenas 40 litros de saliva;• Os tampões da saliva (bicarbonatos e fosfatos)neutralizam os ácidos produzidos pela fermentação emantêm o pH ruminal levemente ácido o que favorecea digestão das fibras e o crescimento da populaçãomicrobiana do rúmen.2 - Retículo-Rúmen (fermentação)• A retenção de partículas longas na forragemestimulam a ruminação.• A fermentação microbiana produz ácidos gordosvoláteis (AGV) como produtos finais da celulose ehemicelulose e outros açucares e produz também umamassa microbiana rica em proteínas de alta qualidade• A absorção dos AGV ocorre através da parede

ruminal. Os AGV são utilizados como fonte de energiapara a vaca e também para síntese de gordura do leite(triglicéridos) e do açúcar do leite (lactose).• Produção e expulsão de aproximadamente 1000litros de gases por dia3 - Omaso (recicla alguns nutrientes)4 - Abomaso (digestão ácida)• Absorção de água sódio fósforo ácidos gordosvoláteis residuais5 - Intestino delgado (digestão e absorção)• Secreção de enzimas digestivas e ácidos fortes• Digestão de alimentos não fermentados no rúmen(algumas proteínas e lípidos)• Digestão de proteína bacteriana produzida norúmen (de 0,5 a 2,5 Kg por dia)6 - Ceco (fermentação) e intestino grosso:• Uma pequena população microbiana fermenta osprodutos da digestão que ainda não foramabsorvidos;• Absorção de água e formação de fezes.

In: Processo digestivo na vaca de leite, Wattiaux, Michel eHoward, Terry, university of Wisconsin-madison

Caminho a seguir pelo alimento no trato digestivo

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Cada vez mais a produtividade de uma exploraçãopecuária, e a produção de bovinos da raça Limousinenão é excepção, assenta em 4 pilares: Genética-Maneio-Instalações-Alimentação. Sem dúvida que olíder deste grupo é a genética. Qualquer produtor queinvista num acréscimo de qualidade neste parâmetroter-se-à de preocupar em "arrastar" todos os outros trêsao nível da evolução genética efectuada, sob penadesse melhoramento animal não ter condições de sertraduzido numa mais valia produtiva, ou seja, cai emsaco roto. Esta norma não é exclusiva da produçãoanimal. Dou o exemplo da indústria automóvel, onde aconstante melhoria das performances dos carros("genética") obrigou a uma simultânea melhoria dasestradas ("instalações"), dos combustíveis("alimentação") e do próprio código da estrada(maneio). Deixando os carros e voltando à produçãoanimal e em particular aos bovinos, a continuadainvestigação de inúmeros técnicos, muitos delesnacionais com credenciais internacionais, no capítulodo melhoramento genético do bovino de raçaLimousine, tornou este animal muito mais exigente nosoutros 3 parâmetros já falados; Instalações-Maneio-Alimentação. Nós Provimi, com especial atenção a estaevolução genética, lançamos um novo programaalimentar, incluindo 2 novos produtos, para a iniciação-crescimento-engorda dos novilhos de raça Limousine.

Iremos abordar o desenvolvimento intensivo doanimal, relembrando que se o objectivo for a criação dereprodutores, as necessidades nutricionais baixam 20 %em relação ao primeiro grupo.

Nestes últimos anos, a velocidade imprimida nomelhoramento animal, dos grandes ruminantes, temsido galopante. No caso de animais de função carne, oganho médio diário é cada vez mais elevado e o índicede conversão alimentar menor. Nesta desenfreada

corrida aos melhores resultados, na alimentação doruminante, a percentagem de forragem torna-semínima em relação ao total da dieta, confundindomesmo o poligástrico com o monogástrico,transformando, muitas vezes os bons resultadosprodutivos em problemas metabólicos (ex. Acidose),aniquilando completamente a elevada mensagemgenética.

Para a Provimi, neste sector, o grande objectivo élevar junto a si o novo programa/produtos paranovilhos de crescimento intensivo e a par de umespecializado acompanhamento técnico, faça com quea genética dos seus animais se manifeste 100 %,maximizando dessa forma a produtividade da suaexploração. Provitelão e Provi Superbife, são os doisprodutos do novo programa. O primeiro tem a funçãode iniciação, administrado em comedores protegidosdesde o primeiro mês e poderá, depois do desmame, iraté aos10 meses de idade. O segundo deverá serutilizado já na fase de crescimento-engorda, ou seja apartir dos 6-10 meses de idade até abate. AsCaracterísticas-Vantagens- Benefícios dos mesmos,estão resumidas nos 5 quadros. De qualquer forma,não quero deixar de realçar algumas das característicasque fazem destes produtos uma substancial diferençanutricional:

ProteínaProvitelão e Provi Superbife, apesar de valores

proteicos desiguais devido á diferença de necessidadesazotadas do animal ao longo do seu desenvolvimento,contêm na sua formulação fontes proteicas de elevadaqualidade, nomeadamente na sua elevadapercentagem by-pass e na lenta degradibilidade norúmen. Estas duas características, equivalem a ummaior número de aminoácidos absorvidos no intestino,

Apresentação do novo programa/produtos para a iniciação/crescimento/engorda de novilhos da Raça Limousine

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o que significa a mais proteína disponível para amanutenção e crescimento do animal.

EnergiaEstes dois produtos têm um valor energético acima

de uma unidade forrageira carne (avaliação do sistemafrancês-INRA). As elevadas percentagens de amido egordura dos mesmos são responsáveis por estamaximização energética. De forma a não correr o riscode alguns problemas metabólicos, nomeadamente aacidose, seleccionamos criteriosamente as matérias-primas envolvidas neste pilar da nutrição.

Farinha de milho e de cevada foram as fontes deamido escolhidas devido à sua elevada percentagemby-pass no rúmen e à sua lenta degradabilidade nomesmo departamento gástrico, sinónimo de maioreficiência digestiva e menor risco de acidose. Quanto àgordura - o parâmetro de maior valor energético mascom limitação de incorporação devido a umainterferência negativa relacionada com a digestão dafibra no rúmen - com a incorporação de umapercentagem elevada de gordura protegida, nãocomprometemos a relação entre o elevado valorenergético dos concentrados referenciados e a eficáciada flora celulolítica na sua função relacionada com adigestão da fibra no rúmen.

AditivosNa formulação destes dois produtos entra um

conjunto de aditivos (tampões-minerais - vitaminas ),cada um deles com a sua finalidade produtiva. Paraalém dos referidos, gostaria de destacar o Micro-Superbife, cujo objectivo é a minimização de perdas natransformação da fracção amilolítica da dieta donovilho em ganho de peso. O quadro 3 ajuda-nos aidentificar o efeito Micro-Superbife, constituído por um

conjunto de leveduras potencializadoras da acção dasbactérias Selenomonas, utilizadoras e transformadorasdo ácido láctico resultante da degradação dos amidose açúcares no rúmen em ácido propiónico, que porsua vez , no fígado, é convertido em glucose, overdadeiro substrato energénito para amanutenção/crescimento do ruminante. Dentro domesmo objectivo, ou seja a glucogenése ( tansformaçãodo ácido propiónico em glucose), o Micro-Superbifecontêm uma acrescida percentagem de inclusão domineral Cobalto, indispensável à síntese microbiana norúmen, de vitamina B 12, a vitamina catalisadora desteprocesso metabólico efectuado no fígado.

Por último, o Micro-Superbife também tem umreforço de vitamina E, que, como vitamina anti-oxidante, garante uma melhor conservação dascarcaças.

* Por: Engº. Alexandre Duarte(Gestor Produto Ruminantes PROVIMI-SUL)

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Dermatite interdigital

Trata-se de uma doençacontagiosa, que se inicia por umainflamação superficial da pele, aonível do espaço interdigital. Ainfecção estende-se à unha,provocando o seu enegrecimentoe má qualidade. Estas lesões sãocaracterísticas da erosão dostalões, com fissuras em forma de V.Nesta fase, a coxeira é ligeira ouausente. A doença evolui emfunção dos factores de riscoinerentes ao maneio (humidade,instalações). As complicaçõessurgem principalmente ao níveldas unhas traseiras externas: comdescolamento da camada córneado talão (imagem), contusões eúlceras da sola. O tratamento dadermatite interdigital inclui o cortefuncional e curativo dos cascos,bem como a passagem regularpor pedilúvios. O sucesso dotratamento depende do grau deevolução da doença. É igualmentenecessário combater os factores derisco (inspecção diária dassuperfícies cimentadas, palha emquantidade suficiente, etc.).

Adaptação do artigo "Les trois maladiesinfectieuses du pied responsables deboiteries", nº 17 de Maio de 2004 do"Prospetive", Edição francesa.

Panarício interdigital

O panarício é uma causafrequente de coxeira, surgindohabitualmente no início dalactação nas vacas de aptidãoleiteira. Trata-se de uma infecçãoprofunda do tecido subcutâneo dosespaços interdigitais. As bactériaspenetram através de pequenasferidas (objectos cortantes,praganas, lama seca) da pele nosespaços interdigitais. Oaparecimento dos sinais clínicos éviolento e a dor provoca umacoxeira severa. Na fase agudapode ocorrer febre. Observa-seuma tumefacção que se estende dacoroa até à terceira falange. Esta ésemelhante entre as duas unhas.Ao levantar o pé, a pele do espaçointerdigital apresenta-se exsudativae com fissuras. A patologia evoluipara o apodrecimento dos tecidosmoles do espaço digital,produzindo um exsudado de cheiropútrido (imagem). Na ausência detratamento precoce, a infecçãopode atingir os tecidos profundos,comprometendo as articulações.

O recurso à antibioterapia porvia injectável é indispensável. Otratamento local, (curetagem paraeliminar os tecidos necrosados),pode ser associado mas éinsuficiente se não foracompanhado pela antibioterapiasistémica.

Dermatite digital

Trata-se de uma doençamuito contagiosa, caracterizadapor inflamação dolorosa da peleao nível dos talões. A dermatitedigital manifesta-se por umaúlcera superficial de cor vermelhaviva, apresentando uma orlabranca, com aspecto característicode framboesa. As lesões são maiscomuns nos talões, mas podemlocalizar-se ventralmente ou, maisraramente, nos espaçosinterdigitais. Numa fase finalverifica-se espessamento da pelena zona da lesão, que passa aapresentar um aspecto de "couve-flor". O modo de transmissão édesconhecido, contudo, sabe-seque a doença se manifesta aseguir à introdução de animaisinfectados na exploração. Aorigem não está aindaesclarecida, embora a humidadeseja considerada um factor derisco.

O tratamento local das lesõesé aconselhável. No caso detratamento individual, apulverização com uma soluçãoantibiótica resulta numa melhoriasignificativa das lesões. Para otratamento colectivo, pode optar-se por pedilúvios à base de formoldiluído ou sulfato de zinco. Emqualquer dos casos, é fundamentalinstituir uma estratégia deerradicação da doença.

Doenças podais de origem infecciosaresponsáveis por coxeira

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A coccidiose provoca importantes perdaseconómicas nas espécies de produção animal. Apesarde muitos animais estarem expostos e infectados comcoccídeas, normalmente a infecção é assintomática eauto limitante. A infecção origina doença quandofactores relacionados com o equilíbrio fisiológico doanimal são postos em causa como por exemploaspectos do maneio, doenças imunossupressoras, etc.Estas situações aliadas a uma concentração anormal deooquistos ("ovos") no meio ambiente que rodeia oanimal pode então desencadear o aparecimento dadoença clínica.

Ciclo de Vida das CoccídeasA coccidiose é causada por parasitas intracelulares

do género Eimeria e Isospora. Cada género decoccídea inclui numerosos hospedeiros e localizaçõesespecíficas. Os ciclos de vida são complexos,envolvendo tanto fases sexuadas como assexuadasdentro do mesmo hospedeiro. Os ooquistos passamnas fezes para o exterior e posteriormente esporulamformando assim as formas infectantes.

Populações em RiscoA maior parte dos animais infectados não exibem

sinais de doença. Após um período de infecção inicialo hospedeiro fica imune aos efeitos deletérios doparasita. Consequentemente a coccidiose éprincipalmente uma doença de animais jovens nãoimunes, surgindo em situações de excesso populacionalaliadas a más condições de higiene e que podeaparecer tanto em animais estabulados como em "feedlots". Nestas condições particulares o ambiente temmais probabilidades de estar altamente contaminadocom ooquistos e a imunidade pode estar comprometidadevido a factores relacionados com stress. Muitas vezesos surtos surgem devido ao stress provocado pelotransporte, desmame, sobrelotação e mudançasbruscas na dieta.

Manifestações ClínicasO sinal mais evidente de coccidiose clínica é uma

diarreia profusa que contém muco e sangue e quesurge entre o 16º e o 21º dia do ciclo que como se viucorresponde à fase sexuada do ciclo e que sedesenvolve no Intestino Grosso. Os animais afectadosestão muitas vezes anorécticos e o consumo de comidaestá diminuído por longos períodos de tempo. Após arecuperação da doença o intestino não volta à suacondição normal senão daí a várias semanas e oapetite fica diminuído de tempos a tempos. Comoqualquer doença que provoca diarreia em animaisjovens, a coccidiose está associada a fraqueza, mácondição corporal e maus ganhos médios diários.

Em vitelos os sinais mais evidentes são fezesaquosas, má condição corporal, mau crescimento, mauaspecto do pêlo.

Coccidiose: as opções de ControleA disseminação da coccidiose depende da

prevalência de ooquistos no meio ambiente, o nível deinfecção está directamente relacionado com o nível decontaminação fecal. Os estábulos e demais instalaçõesusadas por grupos sequenciais de animais jovens ficammuitas vezes consideravelmente infectadas e servemassim como fonte permanente de contaminação agrupos subsequentes. É importante salientar que osooquistos podem sobreviver no meio ambiente algunsanos, são resistentes ao calor e humidade bem comoao frio e resistem aos desinfectantes normalmenteutilizados. Sendo assim as estratégias mais importantespara controlar a coccidiose passam por reduzir aexposição aos ooquistos: reduzir o número de animais,minimizar o stress, providenciar instalações limpas edesinfectadas e actuar ao nível da alimentação.

Existem várias drogas que podem actuar a nívelpreventivo ou curativo. Tem que se ter em conta queexistem coccidiostáticos e coccidicídas sendo que aeficácia do tratamento depende de vários factoresnomeadamente: se o animal está doente, se está empresença de uma grande número de ooquistos, em queparte do ciclo do parasita é que as drogas são eficazes,qual a via de administração da droga. A melhor formade controlar a coccidiose nos animais é através demedicação na alimentação: ração, concentrado, salmineral, sal proteico e agora também no leite.

Existem drogas de efeito coccidicída ecocidiostático das quais se destacam:- Amprólio foi empregado durante muito tempo mas sóé efectivo apenas entre o 5º e o 10º dia do ciclo de vidadas coccídeas, uma vez que o ciclo é contínuo ascoccideas que estão fora deste estágio continuarão adesenvolver-se com todas as consequências que daí

Coccidiose em animais de produção

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advêm.- Os ionóforos (monensina e lasalocid) actuam entre o5º e o 7º dia do ciclo de vida das coccídeas ou seja umperíodo ainda mais curto que o Amprólio.- O Diclazuril em função das espécies de coccídeas temum efeito coccidicída ora sobre as formas sexuadas, orasobre as formas assexuadas, a actividade desta drogacomeça por volta do dia 5 do ciclo de vida e vai até aodia 21 do mesmo.

Na verdade não existe droga capaz de eliminartotalmente a coccidiose pois se tal fosse possível adoença seria erradicada.

A função primária do Decoquinato écoccidiostática, esta acção é importante pois impedeque os esporozoítos ao passarem pelo IntestinoDelgado continuem a multiplicar-se, podendo resultardaí um grande número de esquizontes. Todo esteprocesso ocorre entre os primeiros 16 dias do ciclo eneste estágio nenhuma manifestação clínica éobservada mesmo com as células intestinais bastantecomprometidas, que como já se viu corresponde à faseassexuada e infectante da coccídea. A fase sexuada dacoccídea que ocorre no intestino grosso é identificadacom a produção dos gametócitos que causam grandesalterações nas células intestinais, nesta fase é ondegeralmente ocorrem as manifestações clínicas sendoque praticamente nada pode ser feito para combater adoença neste altura, resta um tratamento sintomático.Em Bovinos o Decoquinato demonstra alta eficiênciacontra E.bovis e E.zuernii que são as espécies decoccídeas mais frequentes.

DecoquinatoO Decoquinato é uma molécula de síntese não

antibiótica activa sobre certos protozoários: Coccídeas,Criptosporídeos, Toxoplasma e Neospora, de actividadecoccidiostática. É uma molécula inócua, sem resíduos ecom a vantagem de ter um intervalo de segurança nacarne de apenas 1 dia.

Actividade do Decoquinato: O Decoquinatobloqueia a multiplicação do parasita num estado aindaprecoce da vida do mesmo e previna a destruição dascélulas intestinais. O uso do Decoquinato tem que serfeito por um período mínimo de 28 dias de modo aabranger os 21 dias do ciclo do parasita no interior doanimal, começa a actuar no 1º dia do ciclo de vida dacoccídea após ingestão e prolonga-se até ao 16º diado mesmo. O Decoquinato não actua ao nível dointestino grosso mas pelo facto de ter interferido com ociclo de vida da coccídea vai diminuir a contaminaçãodo meio exterior por ooquistos que são as formasinfectantes da mesma. Outro factor importante é o factode o uso do Decoquinato ter já cerca de 30 anos deexistência e experiência com a grande vantagem de nãoinduzir resistências nas coccídeas a esta substância.Pode-se então dizer que o Decoquinato tem uma acçãopreventiva, de melhoramento dos padrões produtivos etem uma acção específica ao controlar a infecção,evitar lesões, prevenir a doença e evitar acontaminação do meio envolvente aos animais como épossível constatar pela apreciação dos seguintesensaios.

LOTE/DATA Dia 0 Dia 30 Dia 59Testemunha 229 107 179,3Decoquinato 226 15 12Eficácia % 92 93

Nº de Ooquistos por grama de fezes

Excreção de Ooquistos Eficácia %Lote Dia 0 Dia 28Testemunha 330 140

(40-920) (20-360)Decoquinato 353 0,4 99,8

(20-1200) (0-40)

Tratamento com Decoquinato em NovilhosLimousins durante 28 dias

Ensaios com Decoquinato em Bovinos

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Os vitelos a que estes ensaios se referem não tinhamcoccidiose clínica. Ao apreciar os quadros relativos aosvários ensaios pode-se retirar um grande número deinformações como por exemplo: o nº de ooquistospresentes nas fezes reduziu drasticamente após o uso doDecoquinato, a evolução dos pesos dos vitelos tambémé bastante elucidativa quanto à vantagem do uso doDecoquinato, noutro ensaio o Decoquinato foiadministrado durante 90 dias em vez dos 59 do ensaioanterior, os vitelos foram desmamados às 11 semanas eo lote com Decoquinato foi sempre negativo no que dizrespeito às Coccídeas ao contrário do que aconteceucom o lote testemunha, o ganho médio diário foitambém superior no lote Decoquinato. Os ensaiosrelativos ao efeito do Decoquinato em novilhos tambémnos permite observar que o nº de ooquistos excretadosnos lotes tratados é menor do que nos não tratados, aevolução dos pesos também é mais favorável nos lotesaos quais foi dado Decoquinato. Num outro ensaio

foram analisados vários factores como peso e ganhosmédios diários em diferentes fases do ensaio, o peso dacarcaça e o rendimento da mesma e os animais quereceberam Decoquinato têm melhores performances.

ConclusõesExistem óbvias vantagens na utilização de

Decoquinato não só em animais em risco de vir adesenvolver coccidiose clínica ou subclínica pois estábem patente a eficácia deste produto mas tambémcomo um "adjuvante" das performances dos ruminantes.

Gonçalo OrtegaMédico Veterinário

Iberil S.A.Praça Francisco Sá Carneiro nº 9, 3º 1000 Lisboa

Telf: 218421800 Fax:218403217Bibliografia na posse da Iberil, S.A..

Os interessados deverão contactar a empresa.

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Lote Nº animais Peso kg GMD kg Peso kg GMD kg DiferençaDia0 - Dia28 Dia0-Dia28 no dia venda Dia0-venda

Testemunha 32 386±29,7 416±27,7 30 551 1651077 g/dia 1241 g/dia

Decoquinato 33 378±33 412±36 34 552 173 + 8,5 kg1214 g/dia 1301 g/dia

Ganhos de Peso de Novilhos Limousin tratados com Decoquinato durante 28 dias

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O Montado é um ecossistema criado pelo Homem,através da abertura do Bosque Mediterrânico e àmanutenção do pastoreio e de práticas agrícolas no seusob-coberto, definindo uma paisagem peculiar no Sulda Península Ibérica. A primeira acção antropogénica(resultante do Homem), ou seja, o corte de Carvalhos(Azinheiras e Sobreiros) e de Pinheiros do Bosqueoriginal, terá sido iniciada por volta de 4500 a.C.,coincidindo com as primeiras campanhas de viticultura,ao que se seguiu um milénio de forte desflorestação,que, em termos práticos, levou a que o Montadoiniciasse o seu desenvolvimento durante o períodoRomano, Visigodo, Árabe e Medieval, até aos nossosdias, ocupando actualmente 1/3 da área florestalnacional.

Após a criação destes sistemas, apenas aconservação das práticas agro-silvo-pastoris permitema sua manutenção, não havendo permissividade para oseu abandono que, quanto muito, poderia sercolmatado pela utilização de práticas alternativas àsque predominam, ou num caso mais extremo comrepovoamentos, pois os montados desapareceriampara dar origem a matos.

O ecossistema Montado, é característico do ClimaMediterrânico ou Subtropical Seco. Este climacaracteriza-se por ter um Verão seco, é o único clima doMundo sem chuvas no Verão, ou seja, na estação emque o sol está mais alto no horizonte, sem contar comos desertos.

Só 2% das terras emersas do Mundo possuem estetipo de clima, com fracas potencialidades agrícolas,apesar de precipitações anuais satisfatórias, por aschuvas se concentrarem no Inverno, tornando-seexcessivas nesta estação, e por faltarem no Verão,esterilizando a terra quando há maior insolação.

MontanheiraNo universo de criadores da A.C.L., a maior parte

das explorações situam-se no Alto e Baixo Alentejo,pastando grande parte do efectivo Limousine, duranteparte do ano, em terrenos de Montado de sobro ouazinho, em pastos naturais ou cultivados, usufruindo de

quase todos os benefícios destas majestosas árvores:frutos, (bolota e lande), rebentos, ramas resultantes daslimpezas e podas, sombra, e abrigo durante o duroInverno alentejano.

A bolota constitui uma fonte energética importantena alimentação dos animais sujeitos a montanheira,que é complementada pela proteína disponibilizadapela erva existente no sob-coberto.

A montanheira, (aproveitamento da lande e bolotapelos animais), é feita durante o período em que hádisponibilidade de bolota (Outubro-Fevereiro), e,apesar de no caso especifico da raça Limousine abolota e rama não terem principal relevância na suaalimentação, surgem sazonalmente como umcomplemento, aumentando a variabilidade dealimentos postos à disposição dos animais.

Apesar da composição química dos principaisrecursos alimentares do montado (erva e bolota) tersido amplamente estudada, existe uma lacuna deconhecimento relativo à sua ingestão e digestibilidade.É do conhecimento geral que neste sistema, em anos deOutono seco em que a quantidade de erva disponível émuito baixa ou inexistente, surgem por vezes sintomasde toxicidade atribuídos aos taninos da bolota. Noentanto, a importância da erva como fonte de nutrientese/ou como factor de neutralização dos efeitos tóxicosdos taninos da bolota, não está quantificada. Ummelhor conhecimento da importância da erva noequilíbrio nutricional do animal e da ingestão,digestibilidade e composição da dieta, permitirá umautilização mais racional dos recursos alimentaresnaturais contribuindo para a optimização do sistema depastoreio no sob-coberto.

A pastagem é uma importante fonte de alimentosdos bovinos de carne e a raça Limousine, não foge àregra. É por isso importantíssimo adequar, em todos ossistemas de maneio, e mais ainda no sob-coberto, osistema mais correcto quer de pastoreio, quer deintrodução/melhoramento ou manutenção do pasto.

A instalação de pastagens em Montados desobreiro e azinheira, desde que correctamenteinstaladas e bem geridas, contribui para o aumento dorendimento das explorações, desempenhando um papelimportante do ponto de vista da conservação emelhoria do solo.

Pastagens permanentes de sequeiroe culturas forrageiras

O sob-coberto permite 2 tipos diferentes depastagens; as pastagens permanentes de sequeiro, àsquais deve ser dada preferência porque favorecem aconservação dos montados, quer pela melhoriaprogressiva das características do solo, quer pelaredução da mobilização do solo durante vários anos; eas culturas forrageiras.

Montado e Bovinicultura Extensiva

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As pastagens permanentes de sequeiro dividem-seem:1. Pastagens Naturais: compostas por espéciesforrageiras autóctones, caracterizadas por períodosvegetativos curtos, produção anual escassa e fracaqualidade alimentar.2. Pastagens Naturais Melhoradas: compostas porespécies forrageiras autóctones e cultivares, de períodosvegetativos mais longos, melhor produção anual e boaqualidade alimentar.3. Pastagens Semeadas: compostas por espécies evariedades seleccionadas, de períodos vegetativoslongos, elevada produção de forragem e boa qualidadealimentar.

As culturas forrageiras são compostas porgramíneas puras como aveia, centeio, triticale etc.,caracterizadas por períodos vegetativos anuais, elevadaprodução de forragem e boa qualidade alimentar.

A escolha do tipo de pastagem dependeprincipalmente de 3 factores:1. Potencialidade produtiva do local: na qual tem umpeso importante a presença de algumas espéciesforrageiras espontâneas tais como: azevém, ervilhaca,trevo subterrâneo, serradela, luzerna… indicadoras dapotencialidade das pastagens naturais. O inventáriodestas espécies permite decidir se devemos semear umapastagem ou melhorar a já existente. Por exemplo, seestivermos na presença de espécies forrageirasindicadoras em abundância, podemos optar por mantera pastagem natural, se a presença de espéciesforrageiras indicadoras for escassa devemos pensar emmelhorar a pastagem, e se o que se verifica for aausência destas espécies indicadoras, optamos por umapastagem semeada.2. Intensidade do pastoreio: o tipo de pastagem apromover depende também da espécie e da cargaanimal, no caso dos bovinos devemos ter em atenção:um menor encabeçamento por períodos curtos, aelevada necessidade massa forrageira, necessidade deplantas de maior crescimento em altura (8-10 cm), osriscos de danos provocados nas raízes pastadeiras dossobreiros e azinheiras pelo pisoteio assim como naregeneração e em arvores jovens. No caso do pastoreiode gado para produção de carne ou reprodução e atítulo de curiosidade, podemos considerar as seguintesequivalências: 1 bovino = 8 ovinos = 7 caprinos = 4suínos. A intensidade do pastoreio permitido (nº decabeças/há/unidade de tempo) depende daquantidade de erva presente na pastagem.3. Forma de maneio do gado: a adequadamanutenção de uma pastagem impõe o seu pastoreio,para manter o equilíbrio entre as espécies forrageirasque a constituem e para garantir a sua renovação.Logo, o maneio (pastoreio), do gado pode ser contínuo,tendo os animais livre acesso a toda a área depastagem, ou rotativo sendo a área da pastagemdividida em folhas, em ambas as formas de pastoreio é

necessária a protecção da regeneração natural doarvoredo, quando se corre o risco de compactação dosolo pelo pisoteio, em zonas de solos delgados oualagadiças o pastoreio contínuo deve ser o preferido.

O pastoreio contínuo tem uma gestão mais simplese de menor custo, sujeita os solos a uma menor cargaanimal, a compactação do solo é menor, o risco depisoteio e de atascamento dos animais é menor, assimcomo os danos na regeneração natural tambémdiminuem.

O pastoreio rotativo apresenta uma melhordistribuição do nutrientes e sementes presentes nosdejectos, evita o pastoreio selectivo, ou seja, os animaisnão passam para outra parcela enquanto não tiveremconsumido a maioria do pasto, e adequa-se a umprocesso de regeneração natural das árvores porafolhamento rotativo.

A forma de intervenção para cada tipo depastagem varia, de forma a optimizar as condições deaproveitamento de cada uma delas:

a) Pastagens Naturais: nos casos em que severifique a presença de espécies forrageirasinteressantes em quantidade suficiente, a boamanutenção da pastagem depende fundamentalmentedo maneio do gado, sendo esta forma de manutençãoum processo contínuo que deve ser avaliado peloproprietário a cada momento e que deve:- Esperar a formação e queda da semente no solo antesde reintroduzir o gado;- Evitar o pastoreio quando o solo está encharcado,para evitar o atascamento dos animais e acompactação do solo pelo pisoteio;- Adequar a carga animal ao valor forrageiro daspastagens;- No caso do aproveitamento das pastagens naturaisapós o corte dos matos, introduzir o gado somente apósa pastagem estar definitivamente instalada.

b) Pastagens Naturais Melhoradas: estes tipos depastagem formada a partir de espécies espontâneasnaturais são melhoradas em qualidade e produção deforragem, através da sementeira de leguminosas, dafertilização e do maneio do gado. Esta melhoria não éum processo imediato e em cada caso deve serponderado qual o tipo de intervenção a realizar:- As espécies de leguminosas devem sercuidadosamente seleccionadas de acordo com ascaracterísticas do local (solo e clima), não devendoconcorrer com as espécies naturais;- Semear antes da emergência das espécies naturais(primeiras chuvas) com mobilizações mínimas do solorecorrendo a passagens ligeiras com uma grade ouescarificador;- Optar pela sementeira direita quando os solos nãosão pedregosos, o declive é inferior a 5% e a densidadearbórea permite uma boa operacionalidade do

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semeador;- A fertilização deverá ter em conta as carênciasnutricionais do solo, sendo importante a adição defósforo; as adubações azotadas deverão ser evitadas.

c) Pastagens Semeadas: na ausência de espéciesforrageiras interessantes a pastagem deve ser instalada,(sementeira e fertilização), a manutenção deste tipo depastagem depende das fertilizações e do maneio dogado:- As espécies forrageiras devem ser cuidadosamenteseleccionadas de acordo com as características dolocal;- A consociação de espécies deve ser suficientementediversificada para permitir superar eventuais variaçõesdas características do solo;- A sementeira deverá ser efectuada no início doOutono com uma mobilização ligeira do solo;- A fertilização deverá ter em conta as carênciasnutricionais do solo, sendo importante a adição defósforo, evitando as adubações azotadas;- Esperar a formação e queda da semente no solo antesde reintroduzir o gado;- Não pastorear quando o solo está encharcado, paraevitar o atascamento dos animais e a compactação dosolo pelo pisoteio.

Culturas Forrageiras: são culturas anuais à base degramíneas puras (aveia, centeio e triticale) parapastoreio directo ou para armazenamento (silagem):- São culturas exigentes pelo que podem afectar afertilidade do solo;- São culturas inteiramente dependentes dasfertilizações, nomeadamente azotadas, o que nãofavorece a formação de micorrizas e a fixação de azotoatmosférico;- Exigem fortes mobilizações do solo na instalação;- Provocam mineralização rápida da matéria orgânica;- Induzem a destruição da estrutura do solo;- Comportam riscos de erosão;

Por isso devemos minimizar a sua instalação em áreasde montado e cultivar pequenas áreas em zonas deregadio para pastoreio directo no Outono ou parafenação na Primavera.

O montado corresponde à imagem de marca dapaisagem agrícola alentejana, paisagem essainteiramente construída em função da história agrícolae do trabalho dos homens que desde sempre povoaramo nosso campo, está nas mãos desses mesmos homens,manter e tratar com cuidado o legado que nos foideixado, que é único no mundo, rico em biodiversidadee com o qual podemos e devemos exercer actividadescomo a agricultura e pecuária em harmonia.

Espero continuar a ver manadas Limousine apastar em sobreirais e azinhais.

* Por António Correia (Engº Técnico Agro-Florestaldos Sistemas Mediterrânicos)

BibliografiaO. Barros, Maria Da Conceição e R. Sousa, EdmundoManuel,"Boas Praticas de Gestão em Sobreiro e Azinheira",Lisboa, Novembro 2006, Direcção Geral dos RecursosFlorestais.Ferreira, Denise De Brum, "Evolução da Paisagem de Montadono Alentejo Interior Ao Inicio do Sec. xx";, Pags. 2,3,4,5,6.

azevém ervilhaca trevo serradela luzerna

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Como consequência dassucessivas medidas da PolíticaAgrícola Comum, a AgriculturaPortuguesa tem vindo a sofrer umaprofunda transformação comreflexos acentuados nos sistemasde uso da terra. O sector doscereais, anteriormente o de maiorimportância nos sistemasextensivos foi o mais penalizado, jáque devido à perda de rendimentoviu a sua área sofrer uma reduçãosuperior a 50%, tendo a quasetotalidade da terra libertadapassado a ser ocupada por pastosnaturais de baixo valor. Paracolmatar a perda de rendimentodos cereais, muitos agricultores,estimulados pelos prémios àpecuária extensiva de ruminantes,passaram a desenvolver estafileira, em particular a dos bovinosde carne e a dos ovinos, incluindoos leiteiros. Todavia, como asdisponibilidades de restolhos epalhas afectas aos sistemastradicionais diminuíram, algunsprodutores desconhecendo outrassoluções cultivam cereais,sobretudo aveia e triticale paraalimentar os seus animais,recorrendo também cada vez mais

aos concentrados nos períodos emque uma melhor condiçãoalimentar dos animais se tornanecessária. Este sistema não ésustentável já que a cultura decereais para pastagem ouforragem, além de cara e deproporcionar erva de menorqualidade, mantém ou agrava osproblemas de conservação do solo(erosão, baixa fertilidade) e doambiente (aumento dos níveis de

nitratos por arrastamento deadubos azotados necessários àmanutenção da produção,degradação da paisagem). Poroutro lado, o recurso aosconcentrados para alimentarruminantes não só aumentaconsideravelmente os custos deprodução, mas também contribuide maneira notável para agravar anossa já muito deficitária balançade comércio externo, uma vez quena sua quase totalidade sãoimportados. De facto, devemos terpresente que os concentrados paraalimentação animal custam hojemais de 1500 milhões deeuros/ano, representando mais demetade dos gastos intermédios daagricultura portuguesa.

A FERTIPRADO, com base nopensamento pioneiro do seufundador, desenvolveu umaalternativa sustentável que consistena cultura de pastagens eforragens biodiversas ricas emleguminosas, capazes deproporcionar a baixo custo ervaabundante e de excelente

Pastagens e Forragens biodiversas ricas em leguminosasSeu papel na melhoria dos sistemas de produção pecuária extensiva

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qualidade, e simultaneamenterecuperar a fertilidade das terrasdegradadas pelo anterior sistemacerealífero. Esta alternativa incluipastagens permanentes ou delonga duração e culturasforrageiras anuais. Embora aspastagens permanentes possamser pastadas durante todo o ano,no período Outono/Invernal podehaver necessidade de suplementaros animais com erva conservada(feno e/ou silagem), obtida a partirde culturas forrageiras anuais quedeverão ocupar entre 20 e 40 %da superfície forrageira total,segundo os casos. Tanto aspastagens de longa duração comoas culturas forrageiras devem serestabelecidas a partir de misturasbiodiversas de sementes deleguminosas e gramíneas(eventualmente também de outras)bem adaptadas às condições declima e solo do local onde vão sersemeadas, devendo a semente decada uma das espécies deleguminosas da mistura serpreviamente inoculada comRizóbio específico. Só assim seasseguram elevadas taxas defixação de azoto atmosférico, como consequente reflexo naprodução e qualidade da erva, nadiminuição do custo de produção,

e na recuperação da fertilidade dosolo.

Vários trabalhos deinvestigação executadosrecentemente em Portugal têmdemonstrado que estas pastagenssemeadas podem facilmentemultiplicar por 2, 3, 4, ou mesmomais, os encabeçamentosmantidos pelas pastagens naturais.Isto permite não só uma notávelmelhoria dos rendimentos dosprodutores pecuários, mastambém a possibilidade deproduzir toda a carne de bovino eovino que o país importaactualmente (75 a 85 miltoneladas/ano), a qual pesanegativamente na nossa balançade comercio externo com mais de170 milhões de euros. E não sedeve esquecer que alguns nichostradicionais, como a produção doporco preto nos montados e asaves de campo, poderão serincrementados em pastagens destetipo. Além disso, tais pastagenspermitem produzir carne e queijode grande qualidade, que podemfacilmente ser exportados parapaíses do Centro e Norte daEuropa, ávidos de produtos dequalidade. Ajudarão também areduzir significativamente o

consumo de concentrados, dandoum enorme contributo paramelhorar a economia agrária dopaís.

Por outro lado estaspastagens biodiversas ricas emleguminosas têm umimportantíssimo papel tanto naelevação da fertilidade do solocomo na redução do efeito estufa,pois num período de dez anos sãocapazes de elevar os níveis dematéria orgânica do solo em cercade 2%, o que corresponde a umsequestro de anidrido carbónicoatmosférico rondando as 50 t/ha.Este efeito melhorador faz tambémcom que a sua inclusão emrotação com outras culturas setorne quase obrigatória emsistemas sustentáveis de uso desolo, particularmente nos deprotecção integrada e deprodução biológica.

Todavia, o sucesso de taisculturas pratenses e forrageiras,sejam elas de carácter permanenteou anual, exige que se respeitemvárias regras que incluem:

I. A escolha da mistura desementes a empregar depende dascaracterísticas físicas e químicasdo solo (rocha mãe, profundidade,drenagem, textura, pH, eventualsalinidade), das condiçõesclimáticas do local (chuva e suadistribuição ao longo do ano,temperaturas médias das mínimasdo mês mais frio), dadisponibilidade de água de rega(regadio ou sequeiro), da duraçãoda cultura (anual, temporária oupermanente) e do objectivoprimário da cultura (pastoreio,corte, feno, silagem, etc.). Existemhoje mais de 130 variedades deespécies pratenses e forrageirasdistribuídas por quarenta e quatroespécies e 18 géneros, envolvendoleguminosas, gramíneas e outras,que podem ser usadas naconstituição de várias misturasbiodiversas, cada uma das quais

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adaptada a uma certa condiçãode solo, clima e de utilização.

II. Uma correcta fertilizaçãoe eventual correcção do solo, apartir dos dados analíticos (pH,matéria orgânica, níveis defósforo, potássio, e se necessáriotambém de cálcio, magnésio eenxofre, bem como de algunsmicro-nutrientes, sobretudo boro,zinco, cobre, e molibdénio)constitui um importante factor parao sucesso destas culturas. Nãodevemos esquecer também que aspastagens e forragens biodiversasricas em leguminosas, cujassementes foram inoculadaspreviamente com estirpes deRizóbio específico, não carecemde fertilizações azotadas, já que"produzem" elas próprias azoto emquantidades suficientes paraassegurar uma elevadaprodutividade. Por outro lado, ofósforo é o nutriente-chave namaioria dos solos Portugueses,devido à sua quase constantecarência, sendo por issoindispensável usá-lo comgenerosidade. O potássio étambém um elemento importantepara a produtividade e persistênciadestas culturas, mas uma boaparte dos nossos solos (comexcepção dos arenosos e de

alguns outros casos particulares)são bem providos de potássio, epor isso a fertilização com estenutriente é frequentementedispensada ou praticada emquantidades moderadas, emboramereça atenção especial emculturas para corte. A necessidadede outros nutrientes (macro oumicro) torna-se tambémindispensável sempre que aanálise do solo indique aexistência de carências. Quanto àcorrecção do pH do solo, esta sóse justifica quando o seu valor (pHem água) cair abaixo de 5,3 ousubir acima de 8,2, uma vez que

existem plantas capazes de vegetarem boas condições entre aqueleslimites. No entanto, é fundamentalter presente que é melhor "escolherplantas bem adaptadas àscondições do solo" do que"adaptar as condições do solo aplantas previamente escolhidas".Este último método, além de caro,dá geralmente resultados poucosatisfatórios.

III. A operação de sementeiradeve fazer-se em tempo oportuno,isto é com a terra quente (depreferência com a temperatura dosolo acima de 16ºC, e nuncaabaixo de 10ºC), e através de umprocesso que garanta umaprofundidade adequada aotamanho das sementes da mistura,e um aconchego perfeito dassementes à terra, o que maisfrequentemente implica umaprofundidade de sementeira entre0,5 e 1 cm, e uma rolagem apósdistribuição da semente. A melhorépoca de sementeira para aspastagens e forragens de sequeirositua-se no fim do Verão/princípiodo Outono, de preferênciaimediatamente antes ou após asprimeiras chuvas, e sempre antesque a terra arrefeça. No caso depastagens e forragens de regadio,

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a sementeira pode ser realizadatambém na Primavera, mais cedoou mais tarde consoante asexigências térmicas das espéciesenvolvidas. Quanto ao método desementeira, pode usar-se qualquerum que satisfaça as condições deprofundidade e aconchegue bemas sementes ao solo, não asdeixando expostas ao ataque deformigas. Um outro factor a ter emconta refere-se à presença deervas daninhas, que em caso deinfestação grave convém eliminarpreviamente, deixando-asgerminar primeiro, e destruindo-asdepois por métodos adequados(herbicidas, mobilizações do solo).Todavia, em pastagens recéminstaladas, o gado em pastoreio,pode constituir uma boaferramenta para o controlo deinfestantes.

IV. O manejo das pastagenssemeadas e das culturasforrageiras deve também ser alvoda maior atenção. No caso daspastagens de longa duração, noano de instalação há que conduziro pastoreio de modo a criar umabundante banco de sementes(ausência de pastoreio oupastoreio ligeiro a partir da épocade floração até à maturação dassementes) seguindo-se depoisdurante o verão um pastoreio afundo que deixe a terra limpa depasto seco. No segundo ano eseguintes, o pastoreio pode sercontínuo, rotacional ouintermitente, sendo apenasimportante pastar com a cargaadequada à produtividade dapastagem e evitar tanto o sobre-pastoreio como o sub-pastoreio,de modo a assegurar aregeneração do banco de

sementes e a remoção global dopasto seco durante o verão.Quanto às culturas forrageirasdestinadas para produção de fenoe/ou silagem, o corte terá de serrealizado quando as leguminosasse encontrem em plena floração,de maneira a maximizar a suaqualidade e produção.

Espera-se que o presenteapontamento seja um contributopara melhorar não só os sistemasde uso da terra portuguesa mastambém a vida daqueles queteimam em dela viver.

* Por David Crespoe Pedro Santos

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Desde os tempos em que oHomem começou a domesticar osanimais, começou também aselecção dirigida por parte deste. Aselecção e o melhoramentogenético eram possíveis, devido ávariabilidade genética existente naspopulações sobre as quais ohomem exerceu a sua acção, assimcomo devido à heritabilidade dacaracterística que se queriaseleccionar. Sem se dar conta disso,pois nessa altura o Homem nãodominava estes conceitos,conseguiu seleccionareficientemente as característicasque mais desejava nos animais,com base apenas no que podiaobservar - fenótipo. Eram assimdesconhecidos muitos aspectos,como seja, o número e efeito dosgenes implicados na expressão dacaracterística que queremosseleccionar, a localização destesgenes e a sua função fisiológica.Foi assim até a Humanidadecomeçar a perceber ofuncionamento dos genes e adescodificar a "informação" contidana molécula de ADN.

Hoje em dia, cada vez maisouvimos falar nesta preciosamolécula orgânica que é o ADN.Frequentemente, saem notíciassobre clonagem de animais,desenvolvimento de alimentostransgênicos, marcadoresmoleculares, certificação depaternidade por ADN,rastreabilidade, sexagem, etc. Defacto, todos estes temas estãorelacionados com ADN. Tentardesvendar um pouquinho destemundo complexo é o que vospropomos neste artigo.

A formação do indivíduocom informação genética única

Cada bovino contém em cadauma das células que compõem oseu organismo 30 pares decromossomas. De facto, estes 60cromossomas "guardam" em si

mesmos as longas moléculas deADN que contêm toda ainformação genética e hereditária,necessária para "fabricar" ofenótipo do animal.

Mas por que razão falamossempre em pares de cromossomas?- Ora bem, toda a informaçãogenética contida na molécula deADN está organizada e repartidapor várias porções unitárias a quechamamos genes, os quais seencontram distribuídos ao longodos cromossomas. Os genes têminformação específica para"fabricar" determinadacaracterística como por exemplo acor da pelagem, o tipo de corno oua conformação da bacia. Mas,para a definição da mesmacaracterística no indivíduo, existesempre a interacção de pelo menosdois genes localizados emcromossomas diferentes. Assim,para cada cromossoma que detéma informação para determinadoconjunto de características existesempre um outro a que chamamoscromossoma homólogo e que teminformação genética para o mesmoconjunto de características. E porisso falamos de pares decromossomas homólogos, poisambos têm a mesma função, sendocerto que cada bovino tem sempreum cromossoma herdado da mãe eoutro cromossoma (homólogo)herdado do pai.

Como vemos, para adefinição de uma determinadacaracterística são envolvidos pelomenos dois genes que podem ounão ter a mesma informação einteragem entre si para definir acaracterística. Assim, a cada genecorresponde sempre outro a quechamamos alelo e que estálocalizado no cromossomahomólogo.

A reprodução começa com aprodução de gâmetas (óvulos eespermatozóides) que são célulasque têm metade dos cromossomas

relativamente às outras células docorpo do animal (célulassomáticas). De facto, quando navaca se dá a formação de óvulos eno touro se dá a formação deespermatozóides, os pares decromossomas homólogos separam-se indo para o núcleo dos gâmetasapenas um dos cromossomas decada par.

Quando tem lugar o processode formação de gâmetas, duranteum fenómeno que se chamameiose ocorre também troca defragmentos de um cromossomacom fragmentos do seu parcorrespondente. A esta troca defragmentos chamamosrecombinação genética e é um dosfenómenos responsáveis pelamanutenção da variabilidadegenética, uma vez que dá origem àpassagem para a geração seguintede cromossomas com combinaçõesde genes diferentes e aleatórias.Outro fenómeno que pode ocorrere contribuir para a variabilidadegenética são as mutações, que sãoalterações aleatórias da moléculade ADN, o que pode dar origem auma característica defeituosa ou auma vantagem.

Quando ocorre a fecundação,em se juntam numa só célula oóvulo e o espermatozóide, ficadecidido, nesse preciso momento,qual a informação genética que ofuturo indivíduo vai ter e que seráúnica e exclusiva para a vidainteira. O embrião bovino recebe30 pares de cromossomas da parteda mãe e 30 pares decromossomas da parte do pai.Deste modo, fica com um perfil deADN único, ou seja, fica com uma

ADNbase da vida - fonte de tecnologia

g e n é t i c a e m e l h o r a m e n t o

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sequência de ADN única, exclusivae inalterável que pode ser utilizadacomo identificação individual. Éeste facto que torna possível todosos processos tecnológicos quefalamos neste artigo. A excepção éfeita apenas no caso de gémeosunivitelinos, pois ambos osindivíduos recebem precisamente amesma informação genética umavez que derivam da mesma célulainicial, ou ainda ou no caso declones.

Utilização de marcadoresmoleculares

Marcadores moleculares sãofactores que correspondem a umdeterminado gene cuja expressãopermite um efeito quantificável ouobservável (característicasfenotípicas). Hoje em dia, osmarcadores moleculares maisutilizados chamam-semicrossatélites que são sequênciasespecificas de ADN que podem seranalisados, identificados emapeados. Apresentam este nomeesquisito por razões históricas:Quando se fazia a análise de ADNpor ultracentrifuçação em gradientede Cloreto de Césio (que separa oADN por densidade) apareciambandas que ficavam ao lado dabanda principal. A essas bandas foiatribuído o nome de ADN satélite,pois pareciam pequenos satélitesao lado de um planeta. Mais tarde,esse ADN foi caracterizado comoconstituindo-se de ADN repetitivo.

Depois, descobriu-se que asrepetições podiam ser longas(satélites), curtas (minissatélites) oumuito curtas (microssatélites).Apesar de serem fáceis de seanalisar, os procedimentosnecessários para podermosconseguir determinar uma série demicrossatélites relativamente a umadeterminada espécie onde issoainda não tenha sido feito é muitotrabalhoso.

A abundância dosmicrossatélites na maior parte dosgenomas, a sua elevadavariabilidade e a facilidade deanálise em larga escala, tiveramum papel decisivo na construçãodos primeiros mapas genéticos emmuitas espécies. Por outro lado,este tipo de marcadoresmoleculares tornou-se, também,imprescindível para inúmeroslaboratórios em todo o mundo quedesenvolvem trabalhos comresultados práticos para acomunidade humana tendoaplicação desde a criminologia atéá certificação de filiação oupaternidade, passando pelasegurança alimentar, identificaçãoindividual, bem como análise davariabilidade genética das raças,desenvolvimento de mapasgenéticos e identificação de QTLs(quantitative trait loci) relacionadoscom características dos animaisque tenham importânciaeconómica.

Vantagens utilização demicrossatélites para determinaçãode identidade e perfil genético:- Permitem declarar paternidadecom probabilidade de 99,9% decerteza;- Permitem estudos de parentesco emapeamento genético decaracterísticas importantes;- A recolha e envio de amostras éfeita de modo simples e de baixocusto. As moléculas de ADN podemser recuperadas, purificadas eanalisadas com base em qualquermaterial biológico: sangue, pêlo,tecido muscular ou cartilagíneo;- Marcadores abundantes edistribuídos dos pelo genoma;- Altamente polimórficos, altopoder de discriminação;- Permitem detectar, com máximaprecisão, exclusões de paternidademesmo em situações de parentescopróximo entre progenitores.

Rastreabilidade Cada vez mais, os

consumidores exigem uma melhore mais fiável informação sobre aqualidade nutricional e sanitáriados produtos que lhe sãopropostos. Esta exigência, implicaque a origem da carne, porexemplo, seja garantida. Isto é, quepossamos delinear a cadamomento, qual o percurso feitodesde o nascimento do animal atéás peças de carne comercializadas- Rastreabilidade: Conhecer egarantir exactamente o circuitodesde "o prado até ao prato" comojá vulgarmente se costuma dizer.

Hoje em dia, háorganismos que trabalhamao mais alto nível da fileira

da carne e que dão respostas noque respeita à rastreabilidade, taiscomo o conhecido Label Rougeque certifica em França os produtoscárnicos de mais alta gama da raçaLimousine. Já existe uma legislaçãoexigente, um sistema deidentificação animal com duplobrinco oficial, passaporte, gestãode ocorrências em sistemainformático centralizado (SNIRB),assim como a etiquetagem, que jáapresenta informações sobre aorigem (local de nascimento e local

FIGURA 1 : ADN, hélice que se enrola formando cromossomas localizados no núcleoda célula

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de abate), categoria (novilho) e tiporacial (leite, carne ou misto). Aexistência de um sistema deidentificação fiável, ficou-se a deverem muito á crise das vacas loucas(BSE) em 1996. Assim, o sistemaagora em vigor permite de factoidentificar todos os sucessivosdetentores por onde o animalpassou durante a sua vida, e além

disso saber ainda qual o estatutosanitário desde o nascimento atéao abate.

A carne apresenta-se hoje nostalhos ou supermercadosdevidamente identificada tal comojá descrevemos, mas, se estaetiquetagem tem por objectivoinformar os consumidores sobre oproduto que lhe é apresentado, é

indispensável garantir a fiabilidadedestas informações e do sistema emsi, para que o consumidor tenhamais confiança.

A rastreabilidade é emprincipio assegurada pelo sistemade identificação e registo animal jáinstituídos, mas não está livre defraudes ou outro tipo de problemas,ou seja, não pode sereficientemente garantida se nãoexistir um sistema de verificação ede controlo ao longo da cadeia. Éaqui que a nossa molécula de ADNdá uma ajuda: É possível, erelativamente fácil confirmar o sexode um animal que deu origem auma peça de carne, executando aanálise de ADN de apenas umapequena amostra da peça. Paraisso, basta pôr em evidência ouausência cromossoma Y. De facto,sabemos que este cromossoma éresponsável pela determinação dogénero masculino, tão só pela suapresença, assim como a suaausência revela género feminino.Por outro lado, a análise dasfrequências dos diferentes alelos demarcadores ADN do tipo microssatélite permite caracterizar muitasdas raças bovinas. Ora,conhecendo o perfil característicodas várias raças já estamos a verque é possível assegurar que umindivíduo seja pertencente a umadeterminada raça por comparaçãodo seu próprio perfil genético como perfil característico de cada raça.Podemos ir ainda mais longe sesoubermos de antemão qual operfil genético de determinadoanimal, ou seja, se tivermos umaanálise de ADN feita quando oanimal é ainda jovem confirmamosdepois se poderá ou não ter dadoorigem a determinada peça decarne.

Os testes de ADN, tal comosão já hoje em dia largamenteutilizados em medicina legal ecriminologia, podem ser, comovemos, utilizados a nível darastreabilidade individual dosanimais e dos produtos seusderivados. A rastreabilidade devepermitir aos serviços de controloencontrar à posteriori a veracidadedas informações reportadas ao

FIGURA 3 : Rastreabilidade da carne bovina desde o criador até à venda ao consumidor.Neste caso, a utilização de cinco microssatélites permitiu confirmar que as amostras dematerial biológico retiradas em diferentes momentos do percurso da fileira da carnetinham origem no memo indivíduo.

FIGURA 2 : Comparação de genótipos de três indivíduos relativamente a trêsmicrossatélites (TH01, TPOx e CSF1PO).

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número de identificação do animal e à exploração de onde provém.A utilização deste método permite reforçar a segurança do sistemade etiquetagem das carnes e identificação dos bovinos, e garantir aconfiança dos consumidores. Além disso a análise de ADN de umaamostra de alimentos de origem animal pode ainda detectarcontaminações bacteriológicas.

Análise de paternidade biológicaTal como referimos os microssatélites são os marcadores

moleculares mais úteis para proceder a análises de parentesco. Autilização deste testes é já hoje uma rotina para muitas raças paraefeitos de inscrição nos respectivos livros genealógicos. A raçaLimousine não é excepção.

Programas de Melhoramento de bovinos baseados emGenética Molecular

Com o desenvolvimento de novas técnicas de genotipagemvislumbram-se novas possibilidades de progresso genético, emespecial para características, nas quais os métodos clássicos deselecção não têm dado o progresso esperado. Deste modo, podemser postos em prática Programas de Melhoramento de bovinosbaseados em Genética Molecular, tendo como objectivo obterganhos genéticos elevados relativamente a algumas característicasespecíficas e de importância económica. A descodificação dogenoma de uma determinada espécie pode constituir uma etapafundamental para entender uma série de processos biológicos a elaassociados. Na última década, tem sido feito um esforço enorme nasáreas da biologia molecular e da biotecnologia para descodificargenomas das principais espécies domésticas.

O processo de transmissão de certas características é bastantecomplexo ou multi-factorial (não seguem apenas o modo detransmissão mendeliano). Estas características são determinadas porQTLs ou seja, vários genes contribuem para a determinação damesma característica através de pequenos efeitos, mas que sãotambém influenciados por factores ambientais. Actualmente existeum esforço para dirigir a investigação no sentido de detectarmarcadores de determinismo genético simples estreitamenteassociado a QTLs por forma a conseguir localizá-los no genoma eeventualmente compreender melhor a base molecular dascaracterísticas que são alvo dos mecanismos de selecção natural eartificial.

Das características com maior benefício na utilização daselecção e melhoramento assistida por Marcadores Moleculares

GLOSSÁRIO

AADDNN - Trata-se de um acrónimo do nome técnico ÁcidoDesoxirribonucleico. Vulgarmente também designado porDNA, mas este é o acrónimo da língua Inglesa (que significaDesoxyribonucleic Acid. Este nome complicado designa amolécula orgânica mais importante no mundo animal pois ánela que esta centralizada toda a informação genética doindividuo. Tem a forma parecida com uma escada em espiralcuja disposição dos "degraus" se dá em quatro partesmoleculares diferentes. Esta disposição constitui as chamadasquatro letras do código genético. É uma molécula, quereproduz o código genético, é responsável pela transmissãodas características hereditárias de cada espécie, quer seja nasplantas, nos animais (incluindo o homem) ou nosmicrorganismos. A informação genética contida na moléculade ADN é a base da vida de todos os organismos.

AALLEELLOO - Forma que pode tomar um gene em função da suaestrutura e da sua sequência de ADN (código genético). Cadaindividuo tem um par de alelos, cada um situado no mesmolocus mas em cromossomas homólogos. Estes podem terpotencialidades iguais (homozigóticos) ou ao contrario umpode dominar e o outro que ser recessivo (heterozigóticos).

CCLLOONNAAGGEEMM - Processo obtenção de um indivíduo que é umacópia idêntica de outro a partir de material genético de umacélula somática. O individuo assim obtido - clone não foisujeito ao processo reprodutivo normal e obtém desta forma,exactamente a mesma informação genética do dador.

CCRROOMMOOSSSSOOMMAA - Elemento constituinte do núcleo das célulasque fazem parte do individuo. Cada cromossoma é formadopor uma longa molécula de ácido nucleico (ADN) associada aproteínas. Os cromossomas contêm no estado condensado adupla hélice de ADN que se desdobra. Os cromossomascontêm a informação genética necessária ao desenvolvimentodos organismos. O numero de cromossomas é característicode cada espécie e é constante em todas as células do mesmoindividuo.

CCRROOMMOOSSSSOOMMAASS HHOOMMÓÓLLOOGGOOSS - Par de cromossomasestruturalmente semelhantes portadores de factoreshereditários que influenciam os mesmos traços fenotípicos.

CCRROOMMOOSSSSOOMMAASS SSEEXXUUAAIISS - Cromossomas que determinam osexo de cada individuo (XX-fêmea e XY-macho).

FFEENNÓÓTTIIPPOO - Conjunto de características físicas do animal queo definem e que correspondem á expressão do potencialgenético modulado pelas condições ambientais queinfluenciam o funcionamento do genoma.

GGEENNEE - Localiza-se nos cromossomas e corresponde a umapequena parte da molécula de ADN (locus) que determina umadeterminada proteína, ou seja, é uma unidade de transmissãohereditária de informação genética a expressão de umadeterminada característica fenotípica.

GGEENNÉÉTTIICCAA MMOOLLEECCUULLAARR - Ciência que se encarrega decompreender a forma como os genes interagem entre si paradeterminar as características fisiológicas do indivíduo.

GGEENNOOMMAA - O conjunto de informação contida na molécula deADN que se organiza em cromossomas, no núcleo da célula.Esta informação encontra-se compilada em pequenasunidades denominadas genes que, por sua vez, estãoorganizados num conjunto mais complexo chamado genoma.Na última década, tem sido feito um esforço enorme nas áreasda biologia molecular e da biotecnologia para descodificar osgenomas das principais espécies domésticas.

GGEENNÓÓTTIIPPOO - Combinação de dois alelos num locus.Corresponde ao conjunto da informação de cada par de alelosque o animal possui e que constituem a base de sustentaçãodo seu fenótipo.

HHEETTEERROOZZIIGGÓÓTTIICCOO - Ocorrência de dois alelos distintos parao mesmo

FIGURA 4: Exemplo de um processo de investigação da paternidade de doispossíveis pais assumindo como verdadeira a ligação mãe filho. Com apenastrês microssatélites, verifica-se que o pai 1 mostra duas exclusões enquantoque o possível pai 2 tem um perfil genético compatível com a paternidade. Autilização das frequências alélicas que caracterizam a raça em questãopermite depois calcular o valor da probabilidade de paternidade.

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(Microssatélites), apontam-se a resistência a determinadas doenças,as características associadas à qualidade da carcaça, a fertilidade, aeficiência reprodutiva, a produção de leite, a capacidade maternal,performance de crescimento e garupa dupla. Felizmente, osMicrossatélites ajudam a caracterizar os recursos genéticos assimcomo a eliminar os inconvenientes de uma selecção baseada numaanálise exclusivamente baseada no fenótipo.

SexagemPor vezes torna-se vantajoso para determinadas explorações

com objectivos determinados obter descendentes de determinadosexo. Por exemplo: sabendo que determinado touro transmite umpotencial leiteiro extraordinário podemos ansiar ter apenas filhasdaquele touro e não filhos é por isso que a determinação do sexo emembriões á importante pois deste modo escolhemos apenas paratransferência embrionária os do sexo feminino.

Animais TransgénicosChamamos animais transgénicos a todos aqueles cujo genoma

foi alterado de forma não natural, ou seja, foram introduzidosartificialmente no genoma do animal um ou mais genes estranhos,com o intuito de melhorar uma característica específica ou levar àprodução de determinada proteína que de outro modo não seriaexpressa pelo animal. Por exemplo: uma cabra transgénica queproduz leite com insulina (destinado a diabéticos), ou a resistência dedeterminado animal face a uma doença específica.

De facto, a criação de animais transgénicos é uma das váriaspossibilidades técnicas desenvolvidas pela biotecnologia, mas quepermite acelerar de tal forma o melhoramento de determinadascaracterísticas genéticas que o limite será, no futuro, o da própriaimaginação humana.

Por enquanto, a produção de animais transgénicos é utilizada,sobretudo, com funções farmacêuticas. Assim, pretende-se que oanimal transgénico passe a produzir determinada substância queexcreta no leite ou carne, e que depois de purificada pode serutilizada no fabrico de medicamentos.

ClonagemEsta técnica tornou-se conhecida em 1997 com a apresentação

da famosa ovelha Dolly como sendo o primeiro clone animal. Trata-se de um animal que deve a sua existência a processos artificiais enão à reprodução sexual normal. Um clone é geneticamente igualao organismo que lhe deu origem pois provém de uma célulasomática deste. Actualmente, a clonagem pratica-se num númeroainda muito restrito de laboratórios e o seu sucesso é reduzido.

* Por Jaime Bento(Engº. Zootécnico)

Bibliografia consultadaBeja-Pereira, Albano e Ferrand de Almeida, Nuno. 2005. Genética,Biotecnologia e Agricultura. SPI - Sociedade Portuguesa de Inovação,Consultadoria Empresarial e Fomento da Inovação, S.A. Porto.1.ªedição.Thaler Neto, André. Situação Atual e Perspectivas da Utilização daGenética Molecular no Melhoramento de Bovinos Leiteiros.Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, III SimpósioNacional de Melhoramento Animal.VAIMAN, D. 1999, The molecular genetics of cattle. In: Fries, R.;Ruvinsky, A. The genetics of cattle. Oxon: CABI, p. 123-162.

locus. Isto significa que dois membros de um par degenes situados sobre cromossomas homólogos queinfluenciam a mesma característica mas têm informaçãodiferente.

HHOOMMOOZZIIGGÓÓTTIICCOO - Ocorrência de dois alelos idênticos parao mesmo locus. Isto significa que dois membros de um par degenes situados sobre cromossomas homólogos queinfluenciam a mesma característica mas têm informaçãoidêntica.

HHOORRMMOONNAA - As hormonas são substâncias produzidas pelosseres vivos que actuam e regulam várias funções do organismotais como: crescimento, a diferenciação celular, ometabolismo, a função digestiva e o equilíbrio homeostático.Nos animais as hormonas são segregadas células específicas ea corrente sanguínea transporta-as para o local de actuaçãoque é também especifico - células alvo.

LLOOCCUUSS - Qualquer região da molécula de ADN que pode serocupada por um gene.

MMEEIIOOSSEE - Processo de divisão celular que culmina na produçãode gâmetas haplóides.

MMAARRCCAADDOORREESS MMOOLLEECCUULLAARREESS - São biomoléculas que sepodem relacionar com uma informação genética. Asbiomoléculas que podem ser marcadores moleculares sãodeterminadas proteínas e o próprio ADN.

MMIICCRROOSSSSAATTÉÉLLIITTEESS - Também conhecidos por STR, (do inglêsShort Tanden Repeats, repetições pequenas em tandem) sãoconjuntos de uma a seis bases repetidas em tanden. São hojeem dia os mais populares e mais utilizados dos marcadoresmoleculares empregados em estudos de QTLs pois são fáceisde se estudar por PCR e existem em vários indivíduos deinteresse para melhoramento genético.

MMUUTTAAÇÇÃÃOO - Uma alteração na molécula de ADN, que podeser muito simples (uma base substituída por outra) ou muitocomplexa (inserções ou delecções de milhares de bases, oumesmo afectando um cromossoma inteiro), tem como efeitoalteração da informação genética.

NNÚÚCCLLEEOO - Região isolada por uma membrana no citoplasmada célula que contém os cromossomas.

NNUUCCLLEEÓÓTTIIDDOOSS - São os elementos que entram na formaçãodas sequências de ADN e de ARN. Cada nucleótido éconstituído por uma base (A, C, T - U, no caso do ARN - ou G),um açúcar e um grupo fosfato.

OORRGGAANNIISSMMOOSS TTRRAANNSSGGÉÉNNIICCOOSS - Organismos cujosgenomas foram alterados através da inserção de um ou maisgenes de diferente proveniência.

PPAATTRRIIMMOONNIIOO GGEENNÉÉTTIICCOO - não se resume apenas aoconjunto dos cromossomas que compõem as células doindivíduo, mas corresponde á expressão dos genes os quaisdeterminam o fenótipo.

PPEERRFFIILL GGEENNÉÉTTIICCOO - Conjunto de genótipos obtido para umnúmero adequado de marcadores moleculares - em geralmicrossatélites - que permite caracterizar a identidade de umindivíduo.

PPOOLLIIMMOORRFFIISSMMOO - Heterogeneidade alélica dentro de umapopulação que se traduz por formas diferentes do mesmo geneque se traduz em formas diversas das características de cadaindividuo.

QQTTLL (quantitative trait loci) - Locus polimórfico que determinauma característica complexa e na qual pode ser visível ainfluência de vários genes, bem como do meio ambiente.

RRAASSTTRREEAABBIILLIIDDAADDEE - Possibilidade de seguir o circuitopercorrido por uma determinada amostra de material biológicoe assegurar a sua identificação através de métodosmoleculares.

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A partir dos anos cinquenta a orientação daselecção bovina na Europa começou a favoreceranimais com forte desenvolvimento muscular devido àespeculação do mercado da carne e ás incitações dosmercados a favor de animais com rendimentos maiselevados e com peças de melhor qualidade (Clinquart,et al). Em Portugal, a procura deste tipo de animal nãofoi tão efusiva como no resto da Europa (principalmenterelativamente á Europa do Norte), mas, de algummodo, o nosso país também quis seguir esta tendênciapois a partir da década de cinquenta verificam-sealgumas importações para o nosso país de animais daraça Limousine e de outras raças especializadas naprodução de carne no sentido de procurar maiorprodutividade e melhores rendimentos.

Todavia, esta procura efusiva de animais comgrandes conformações foi levada ao extremo poralguns criadores do norte da Europa os quaisconseguiram uma transformação espectacular emalgumas raças com tendência para a hipertrofiamuscular. Prova disso, foi quando há pouco mais de 20anos se conseguiu fixar a característica garupa dupla(ou "culard" dito á francesa) numa raça a que hojedesignamos por BBB (Blanc Bleu Belge) isto foiconseguido através de uma selecção muito rígida combase em performances morfológicas ou deconformação e também com dados objectivos decomposição de carcaça. O que certamente estescriadores não sabiam é que esta característica (garupadupla), é devida a uma ou várias mutações genéticas. Ecomo é que isso pode acontecer é o que queremosexplicar de seguida.

A miostatina é uma proteína também conhecidacomo factor 8 (GDF-8 - Growth AnddifferentationFactor) que regula negativamente o crescimentomuscular. Isto significa que concentrações mais altasdesta hormona no indivíduo tem como consequênciamenor desenvolvimento do tecido muscular.

Em 1997, uma equipa de investigadores lideradapor McPherron e Se-Jin Lee (Teixeira, et al), identificouo gene que codifica a síntese da miostatina, que nosbovinos se verificou estar associado ao cromossoma 2,o qual se passou a designar por gene mh. Os estudosdestes investigadores permitiram ainda caracterizar

várias mutações deste gene as quais têm comoconsequência o facto de a proteína resultante (nosindivíduos mutantes) deixar de ser funcional, isto é, acaracterística acção inibitória do desenvolvimentomuscular normalmente exercida por esta hormonaperde o seu efeito, originando um aumento anormal eexuberante da massa muscular - hipertrofia muscular.Nos bovinos dá lugar ao que vulgarmente chamamosgarupa dupla. Animais que exibem garupa dupla emextremo grau, apresentam também todos os músculosdo corpo aumentados.

Têm sido estudadas várias espécies de mamíferos:desde ratos, bovinos, ovinos, suínos etc..onde foramdetectadas mutações relativamente ao gene mh e osresultados mostraram sempre um desenvolvimentobrutal da massa muscular.

As carcaças destes animais mutantes sãoconsideradas superiores, resultando em maiorprodução de carne, maior proporção de peças nobrese carne mais magra, ou seja, reduzida quantidade degordura tanto subcutânea como intermuscular, e vêmsendo empregadas em sistemas de produção de carneem todo o mundo. No entanto, não são só vantagenspois esta característica provoca certas limitaçõesrelacionadas com maiores dificuldade de parto, oumesmo impossibilidade de parto natural.

A possibilidade de identificar genótipos de animaisportadores das mutações tem contribuído de formadecisiva em programas de selecção. Na espécie bovina,as mutações identificadas apresentam carácterrecessivo, ou seja, só os animais homozigóticosmutantes exibem esta característica.

Já foram encontradas pelo menos seis mutaçõespara o gene mh as quais foram detectadas repartidaspor várias raças tais como: BBB, Blonde d'Aquitaine,Parthenaise, Asturiana de los Valles, Rubea Gallega,Gasconne, Piedmontese, Maine-Anjou, Charolês,Limousine e Marchigiana (Karim, et al). Também emPortugal foram detectadas mutações na raça Preta(Gama, et al).

* Por Jaime Bento(Engº. Zootécnico)

Garupa dupla? A culpa é do gene

Bibliografia consultadaTEIXEIRA, C. et al, 2006. Musculatura Dupla: II - Determinação Genética. Archivos Latinoamericanos de Produccion Animal, Escolade Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, Brasil, Vol. 14, No. 1, pp. 17-23.KARIM, L., et al, 2000. Convenient genotyping of six myostatin mutations causing double-muscling in cattle using a multiplexoligonucleotide ligation assay. International Society for Animal Genetics, Animal Genetics 31, 396-399.GAMA, Luís T., et al. Detecção por análise de SNPs de 7 mutações no gene GDF8 (Miostatina) em duas raças bovinas. EstaçãoZootécnica Nacional, Instituto Superior de Agronomia.CLINQUART, A., et al. Influence du caractére culard sur la production et la qualit. de la viande des bovins Blanc Bleu Belge. 1998,INRA, Productions Animales 11 (4), 285-297, Université de Liége, Fac. Méd. Vétérinaire, Services de Nutrition Animale et deTechnologie des denrées alimentaires. Liége, Belgica.

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Alguns fenómenos de hipertrofia muscular taiscomo o que vulgarmente chamamos garupa dupla (ouculard dito à francesa) podem hoje ser explicados à luzda genética molecular. Abordamos este tema nestaedição no artigo "Garupa dupla? A culpa é do gene",mas, mais especificamente no que respeita à raçaLimousine Sébastien Stamane - Secretário Técnico doHerd Book Limousine em França divulgou algumaactualidade na revista francesa "Bovins Limousins"nº169 de Outubro de 2006. Esse artigo, foi por nóstraduzido e é apresentado de seguida. Para melhorcompreensão de algum vocabulário empregue nestaapresentação aconselhamos a leitura do artigo destaedição "ADN, fonte de vida, fonte de tecnologia". Masvejamos o que nos diz Sébastien Stamane:

Verdadeiros fenómenos do mundo vivo, os bovinosculard (que apresentam garupa dupla) demonstramuma inegável valorização muscular. Além disso, estavantagem genética está ligada a um só gene, e assim éfácil de gerir a sua transmissão e "fixá-lo" mesmo demaneira empírica. Mas, há sempre o reverso damedalha: não é possível beneficiar sem ser confrontadocom problemas e contrariedades da genética. Adescoberta recente de alguns animais culards dentro daraça Limousine, as características excepcionais demusculatura de alguns deles e as medidas de gestãotomadas ao nível racial tornam necessário fazer umponto da situação relativamente ao gene culard.

Do gene à garupa duplaO que chamamos gene culard designa de facto

um certo número de mutações de um gene que serelaciona com a síntese de miostatina, uma hormonaque intervém no controlo do crescimento dos músculos.Mais precisamente, o controlo da hormona é feito pelogene que a reduz (no caso dos heterozigóticos) ouimpede (no caso dos homozigóticos) controlando ocrescimento muscular. Deveriamos então falar de alelosmutantes do gene da miostatina em vez de gene culard.Os animais portadores do gene culard dependem daocorrência de uma falha de um fragmento de ADN,segundo a qual a produção de músculo deverá serexuberante. Usualmente designamos o símbolo + parao alelo selvagem (dito normal), e mh (do inglêsmuscular hypertrofy) para o conjunto dos alelosmutantes responsáveis pela hipertrofia muscular. Estesalelos mutantes serão, por comodidade, designados degene mh ou gene culard no seguimento destaapresentação. A combinação +/+ reporta-se assimaos animais não portadores, mh/+ aos heterozigóticose mh/mh aos homozigóticos culards.

Do ponto de vista biológico, esta mutação fazparte dos defeitos letais, isto é: no seu estado natural,os animais culard seriam de facto condenados a curto

ou médio prazo, quer seja por problemas causadospela dificuldade de nascimento, ou problemasrelacionados com a parição sem assistência. Comomuitas outras anomalias, esta é essencialmenterecessiva: só os homozigóticos exprimem a 100% ofenómeno culard. Quanto aos heterozigóticos (mh/+:animais portadores), apresentam em média umasuperioridade de desenvolvimento muscularrelativamente aos indivíduos selvagens (+/+: animaisnão portadores); superioridade esta muito variável,podendo quase não se notar qualquer diferença visívelaté um fenómeno quase culard.

A selecção cárnica "é seduzida"pelo gene culard

De facto, desde que o gene mh esteja presente ouseja introduzido dentro de uma determinadapopulação, a selecção que fazemos aos animais tendopor base a morfologia conduz inevitavelmente aoaumento da frequência deste gene. Com efeito, asuperioridade dos animais portadores - mesmo ligeiro,que já se manifesta nos heterozigóticos - conduz ocriador seleccionador, dentro da ignorância dogenótipo dos seus animais, a reter preferencialmente osportadores do gene mh para reprodução, influenciandoa geração seguinte. Manter o gene culard numadeterminada população onde ele já existe necessita, noentanto, do conhecimento do genótipo dos animais.

A determinação deste gene é cada vez mais umapossibilidade desde a descoberta da localização dogene da miostatina no cromossoma nº 2 e o estudo damolécula de ADN permite marcar as diferentesmutações que provocam a hipertrofia muscular.

Uma aberração aos olhos da naturezaO gene culard encontra-se entre os genes com

maior efeito em produção de carne. A sua expressãocaracteriza-se por um aumento do volume da maiorparte da musculatura esquelética, tendo desta formaum impacto directo e significativo nas característicasdas carcaças (rendimento de carcaça mais elevado). Osefeitos indirectos devem ser igualmente considerados: amodificação induzida no metabolismo muscularprovoca uma coloração mais clara da carne, umatenrura maior, depósitos de gordura mais restritos emais tardios na fase de engorda. Estes efeitos, ligadosem conjunto aparecem com intensidades muitovariáveis segundo a mutação considerada.

A expressão do gene culard afecta igualmente aanatomia do animal e a expressão de outras funçõesfisiológicas:- As fêmeas que apresentam o fenómeno culardrevelam uma fertilidade diminuída, facto agravadopelas consequências das cesarianas mais frequentes e

O “Gene Culard” na Raça Limousine

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uma fraca precocidade sexual;- A aptidão para o parto das fêmeas homozigóticas émuito fraca, a menos que o vitelo nasça heterozigóticoculard;- O ventre dos homozigóticos culards é muitas vezesreduzido: assim a capacidade de transformação éreduzida, o crescimento na fase de engorda éfrequentemente inferior ao crescimento dos indivíduosselvagens (não portadores), apesar de a eficáciaalimentar associada ao gene culard ser normalmentemais elevada;- Completando o quadro descritivo do fenómeno culardpodemos ainda distinguir outras patologias frequentes:hipertrofia da língua (que provoca maior dificuldade dovitelo em mamar), fragilidade cardíaca, fragilidade dosmembros posteriores e inserção da cauda demasiadoelevada.

Vantagens e InconvenientesA maioria das raças bovinas de carne é composta

por indivíduos mutantes para o gene da miostatina.Parece que esta parte do genoma é muito polimorfa,visto que pelo menos vinte mutações foram encontradasrelativamente ao locus codant para a miostatina, dasquais nove afectam um dos três exons (partes úteis dosgenes), e de entre estas seis opõem-se claramente àsíntese de miostatina.

O interessante, é que cada mutação é apanágiode um pequeno número de raças, e segundo a suarepartição elas explicam origens comuns ou explicaminfluências entre populações bovinas. Se considerarmosa mutação nt82l, a qual foi encontrada em indivíduosanalisados pertencentes a 14 raças europeias de entre28 analisadas (programa Euromh), o seu principalfornecedor é a raça Blanc Bleu Belge. Esta última temseguramente inclusões de sangue Durham realizadasno século XIX e as duas raças britânicas portadoras dogene mh no painel europeu (Longhorn e South Devon)estão todavia relacionadas com esta mutação. Ela"emigrou" logo depois para outras populaçõeseuropeias (Parhenaise, Asturianade los Valles), e daí foidifundida pelas raças com as quais se praticoucruzamento (Aubrac, Rubia Gallega). As raças italianasque apresentam o fenómeno culard têm as suaspróprias mutações (E29IX; C313Y), assim como aCharolesa (Q204X), ou ainda a Rouge Des Prés(E226X, n419). Todas estas mutações fazem parte dogene mh e relacionam-se com o fenómeno culard. Orase a degradação das qualidades maternais éinequivocamente partilhada pelos indivíduoshomozigóticos destas raças, já os efeitos ligados àscaracterísticas cárnicas são variáveis: ainda que aosportadores da mutação nt82l falte singularmentecrescimento precoce e capacidade de engorda emidade jovem, já os indivíduos com a mutação Q204Xparecem livres de inconvenientes associados.

A raça Limousine apresenta a sua própriaparticularidade genética, já que partilha a mutação

F94L, da qual ela possui a mais alta frequência, comoutras raças do ramo "blond" (Pyrenaica, Blonded'Aquitaine); mas esta mutação não apresenta à prioriefeito na musculatura. Se bem que com maior interessepor ser quase exclusiva da Limousine e suasaparentadas, esta mutação não está englobada nadenominação gene culard e não se torna questãoquando evocamos o gene culard na raça Limousine.

A frequência actual do gene culard em todas asraças é o resultado de um aumento progressivo devidoa uma selecção feita com base no desenvolvimentomuscular em presença de uma mutação, comoconsequência do comportamento dos criadoresseleccionadores face à proliferação de animais comfenómeno culard: eliminação, neutralidade,benevolência ou escolha deliberada de reprodutoresculards.

É deste modo que algumas raças sãoexclusivamente compostas por indivíduos homozigóticosculards (BBB, Piémontaise), ou estão já próximo desteresultado (Parthenaise). Outra raças que reivindicamrusticidade como trunfo, e já foram durante muitotempo "impregnadas" pelo gene culard, fazem agora"marcha a ré" (Aubrac, Gasconne). Outras ainda,permitem a coexistência de animais portadores e nãoportadores abstendo-se apenas de não pôr àreprodução em raça pura os animais que apresentem ofenótipo culard, o qual constitui o grosso contingente dehomozigóticos (Charolesa).

Estas evoluções estão intimamente ligadas a umaestratégia própria de grupos de criadores. Quando amanutenção das facilidades de parto é de facto umobjectivo de selecção, não podemos tolerar o aumentoda frequência do gene mh. Inversamente, proporanimais homozigóticos culards é uma vantagem maiorpara conquistar o mercado do cruzamento industrial: aexplosão da utilização da linha INRA95, da raça BBB,ou de Charoleses culards do programa ""Exellence" sãotestemunha disso.

Então que se passa relativamente ao gene culardna raça Limousine, na qual facilidade de parto emercado do cruzamento são dois pilares do programade selecção?

Situação da Raça LimousineUma frequência mínima do gene mh

A descoberta de animais Limousine portadores dogene culard é relativamente recente; as primeirasanálises provenientes de uma amostragem de novetouros particularmente conformados levou apenas áidentificação da mutação F94L - não culard. Mas foiatravés do recrutamento em 2003 de um novilho queapresentava o fenómeno culard na estação deGELIOC, que se obtiveram resultados maisconsistentes. Este jovem touro, com nome TATOU,depressa passou a ser conhecido por TATOUMH, paraassinalar o seu perfil genético, pois constatou-se serportador homozigótico (mutação Q204X), e os seus

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ascendentes directos revelaram ser ambosheterozigóticos. A mãe deste novilho estava inscrita naSecção Anexa (título inicial), por isso a via maternal nãopôde ser explorada, mas o seu pai era um touroautorizado para difusão em inseminação artificial paraprodução de vitelos de carne, o qual conheceu um vivosucesso nos últimos anos, trata-se do touro MEYMAC.

Após esta constatação, todos os touros disponíveispara difusão em inseminação artificial ou em testagemforam analisados relativamente ao gene culard. Assim,foram pesquisados mais de 200 touros, encontrando-sealguns portadores heterozigóticos. Em paralelo, o "Pôlede Création de France Limousin Sélection" decidiuigualmente, logo para 2005, proceder à identificaçãodo genoma de todos os candidatos à entrada do"Controlo Individual da Estação de Naves" (estaçãoonde são testados os futuros touros autorizados paraIA), assim como todos os touros classificados"Reprodutores Recomendados - RRE". A investigaçãochegou a uma conclusão, sem qualquer ambiguidade:a frequência do gene culard (mutações NT82L ouQ204X), não é superior a 1% na raça Limousine. Assim,estatisticamente, há menos de uma probabilidade emcada 10000 de nascer um vitelo homozigótico culardLimousine, isto, partindo do pressuposto que nãoconhecemos o genótipo dos pais.

Parar ou incrementar ?Foram tomadas decisões sobre a raça para gerir

esta particularidade genética (ver caixa de texto). Elasformam um suporte de gestão e não prejudicam autilização de reprodutores culard pelos criadoresaderentes ao HBL. Todavia, a estratégica discutida noseio da UPRA (Unité nationale de sélection et dePromotion de la Race) pode ser resumida do seguinte

modo: primeiro, preservar exploração de raça pura daincidência do gene culard; segundo, utilizar emreprodução alguns indivíduos já identificados comoportadores distinguindo linhas de animais a utilizar emcruzamento industrial.

Se a oportunidade de construir uma ofertaLimousine culard para utilização em cruzamentoindustrial é dificilmente contestada, já a necessidade denão utilizar o gene em linha pura não é sempre aceite.A falta de meios por parte dos criadores de Limousinepara "gerir" eficientemente o gene culard em linha puratambém não é negada pelos mais optimistas defensoresda utilização do gene culard.

As primeiras experiências são sempre positivas eincitam muitas vezes a multiplicá-las. O que tem a vercom o determinismo essencialmente recessivo: dentrode uma população sem histórico particular, os primeirosvitelos homozigóticos culard nascem de pais ambos

TATOUMH (RRE VB), fotografia tirada quando tinha 15 meses àsaída da Estação de Selecção de GELIOC

A descoberta dos primeiros animais da raçaLimousine portadores do gene culard em 2003 levou àrealização do balanço da frequência deste gene(principalmente sobre os touros com maior descendência).Nesta base, um conjunto de medidas foram tomadas pelaUPRA France Limousin Sélection para caracterizar afrequência do gene culard dentro da população destinadaà substituição ou renovação da raça:

1 - Regras de gestão postas em prática:- Todo o animal inscrito detectado portador do gene culardé inscrito na classe ad hoc;- Um animal identificado como portador passa da classepuro sangue para a classe raça pura- Um "ex-puro sangue" que inscrevemos em raça pura sub-classe 1 pode produzir descendentes inscritos em purosangue se eles próprios se encontram não portadores dogene culard- Toda a informação conhecida sobre este gene para umdado animal (normal ou selvagem, portador heterozigóticoou homozigótico) é gerida ao nível do ficheiro racial;

- As informações constantes no ficheiro racial ao momentoda edição figuram nos certificados de inscrição ougenealógicos (pedigree de exportação), para um animalassim como para os seus ascendentes genealógicos: isto é,para cada animal será definida a situação: homozigóticoculard, heterozigótico culard, ou ainda genótipo nãoculard.

2 - Limitação da difusão do gene dentro da populaçãoinscrita:- Com excepção dos touros postos em testagem para aprodução de vitelos de talho todos os touros que sejamobjecto de um pedido de autorização para difusão porinseminação artificial, seja qual for a sua qualificação, deveser atestada a ausência do gene culard no seu genótipo.- A entrada na Estação Nacional de Lanaud de um novilhodescendente de um animal portador do gene culard ficacondicionado a uma análise negativa antes da admissãoEmbora pareçam muito restritivas estas medidas de gestãonão são limitativas nem põem em causa o que pode serfeito pela evolução promoção da raça.

MEDIDAS DE GESTÃO DO GENE CULARD TOMADAS AO NÍVEL RACIAL EM FRANÇA

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heterozigóticos, dos quais as mãestêm morfologia e potencial decaracterísticas reprodutivas poucomodeladas pela introdução damutação. Os primeiros produtosnascem então normalmente, e daí,a conclusão primária de todos oscriadores que têm um vitelo culardser positiva. Os problemas não seiniciam senão na altura de pôrestes animais à reprodução. Aodeixar fêmeas para reproduçãovamos ter problemas de fertilidadee dificuldades de parto.

Desde que a fixação do geneculard foi elevada a estratégiaracial, esta dificuldade duplica sequeremos dispor de touros nãoportadores uma vez que a grandeprocura desta característica levarapidamente à procriação detouros portadores. Eliminar o genemh de uma manada posta ácobrição com touros nãoportadores é relativamente fácil;mas fazê-lo com tourosheterozigóticos é muito mais difícile moroso. O exemplo Gascon ésempre falado: apesar de maisnenhum animal culard ter sidoposto á cobrição, 3% dos vitelosnasceram homozigóticos, e maisde metade dos candidatos àsubstituição eram heterozigóticos.Para resumir: assim que tocamosos benefícios do gene culard numplano estritamente cárnico serádemasiado tarde para reagir econter a degradação dasqualidades maternais.

Em conclusãoImpõem-se dois princípios em

matéria de gestão do gene cularddentro da manada:

Durante a fase de criaçãogenética, os produtos dereprodutores portadores do geneculard devem ser sistematicamenteanalisados;

Na etapa de difusão (quer sejapor inseminação artificial oumonta natural) devemos destinarao abate a totalidade dosprodutos: é irracional deixar parareprodução um animal nãoanalisado.

Uma evidência reside no factode quaisquer que sejam osprojectos concebidos à volta dogene culard: a expansão da vacaLimousine enquanto vaca deventre de manada aleitante estarásempre intimamente ligada ásqualidades maternais (fertilidade efacilidade de parto), o que éantagónico com as característicasligadas ao gene culard. Se o"fornecimento" do gene mh aoscriadores de vacas de leite é umfacto importante, é tambémessencial poder reivindicar aconformação muscular sem geneculard junto dos produtores decarne.

O futuro dirá se asprecauções tomadas peloPrograma de Selecção serãosuficientes para conter a presençado gene na raça pura. Ao mesmotempo, a disciplina e ovoluntarismo dos criadoresadeptos de animais comconformação extremacondicionarão uma evolução dasdisposições regulamentares doHBL.

Sébastien Stamanein Le "gène culard" en race

Limousine, Bovins Limousins,nº169, octobre 2006.

Traduzido por Jaime Bento

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ãor e p r o d u ç ã o

Tendo por base a noção de que o objectivo de umaexploração bovina de carne é a produção de um vitelopor vaca por ano, se irá compreender a importânciaque este assunto tem na viabilidade económica de umaexploração.

Assim sendo, começamos por definir o Abortocomo sendo o término de uma gestação após aformação completa dos órgãos do feto, mas antes dodesenvolvimento da sua capacidade de sobrevivênciafora da mãe (isto é, corresponde à morte fetal e à suaexpulsão entre os dias 45 e 265 de gestação). Aincapacidade de uma vaca conduzir a gestação até aofim, ou dessa mesma vaca produzir um vitelo vivoconduz a perdas económicas não só devido à morte dovitelo, bem como pela perda do material genético o quese irá reflectir profundamente na exploração.

Assim, convém definir como aceitável umapercentagem de até 5% ou 6% de Abortos numaexploração, e de 1% a 2% de mortalidade no parto eperíodo Neonatal; pelo que uma taxa de Abortosuperior a 10% é considerado um surto.

Muitas causas de Aborto também provocam vitelosmortos à nascença, mumificação e vitelos fracos edeformados, bem como mortalidade embrionária, peloque na abordagem a um surto de Aborto se devetambém ter em conta que estes sinais são muitoimportantes para o diagnóstico para o problema naexploração. Frequentemente o Aborto dista semanas oumeses da infecção inicial na exploração, bem como aexpulsão do feto pela mãe ocorre horas ou dias após asua morte o que dificulta a determinação da causa deAborto. Para além disso, a placenta e o feto abortadosão frequentemente contaminados no exterior antes dasua análise laboratorial. Para dificultar ainda mais adeterminação da causa do Aborto, sabe-se que sãomúltiplos os factores que o provocam, como atesta oquadro (ver quadro anexo).

Para o diagnóstico do Aborto à que ter em conta:

1. Historial da exploração:a. Dados individuais das vacas (idade, nº de

partos, dados relevantes de anteriores partos/abortos,etc.);

b. Sistema de produção (extensivo, semi-intensivoe intensivo);

c. Densidade animal e agrupamento animal (porescalões etários);

d. Dados do sistema de alimentação earmazenamento de alimentos.

2. Recolha de amostras para o laboratório:As melhores amostras a enviar correspondem ao

feto, placenta e sangue/soro sanguíneo da mãe. Éimportante recolher boas e correctas amostras bemcomo conservá-las adequadamente e enviá-las o maisdepressa possível - 1 a 2 dias após a recolha (bemacondicionadas) ao Laboratório mais adequado querem variedade de análises que efectua, quer emfiabilidade de resultados, quer em rapidez de resposta(factor muito importante para a mais rápida e correctaresolução do problema da exploração). Esta noção émuito importante para que não haja um falseamento deinterpretação de resultados que poderá conduzir a umamá atitude de controlo dos abortos com as

Aborto em BovinosCAUSAS DE ABORTO EM BOVINOS

NUTRICIONAIS VIRUS- Plantas Tóxicas - BVD- Intoxicação por nitrato - IBR(adubos) - etc- Deficiências em vitamina A, Selénio e Iodo

FACTORES DE STRESS BACTERIAS- Temperatura ambiente alta - Leptospira- Traumas - Brucella- Cirurgias - Clamidia- Manuseio de animais - Listeria

- Salmonella- Campylobacter- etc

FACTORES VARIADOS PROTOZOÁRIOS- Gestações gemelares - Neospora- Inseminação Artificial - Toxoplasma- Terapêutica com - Trichomonascorticoides e prostaglandina- Desidratação/sede

FACTORES GENÉTICOS FUNGOS- Anomalias cromossómicas - Aspergillus

- etc

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consequências económicas daí resultantes. O feto e aplacenta deverão ser lavados com água ou solutosalino, guardado em sacos de plástico e refrigerados(não congelados). O vitelo inteiro ou órgãos deletambém poderão ser enviados. No caso do sanguematerno há que incluir um mínimo de 10 animais ou 10% do efectivo da exploração; por cada animal umaamostra de soro sanguíneo e outra de sangue totalrecolhidas duas vezes com 14 dias de intervalo paraanálise da variação de anticorpos e antigénio com otempo.

3. Interpretação dos resultados:É importante juntamente com os resultados

enviados pelo laboratório analisar quer o maneioalimentar e reprodutivo, bem como as condições deinstalação e bem-estar dos animais para que asmedidas de prevenção e controlo a instituir naexploração bovina sejam os mais adequados:

a. Um programa nutricional bem equilibradocontrola as perdas associadas com deficiênciasminerais e vitamínicas e as perdas associadas comalimentos de fraca qualidade e mal conservados(bolores).

b. Uma selecção genética atenta para eliminar aslinhas genéticas que se provem serem portadoras degenes recessivos ou letais.

c. Instalações e meios de contenção apropriadospara reduzir o número de acidentes e assegurar umbem-estar animal.

d. Controlo reprodutivo para detectar as vacasproblema.

e. Instituir programas de vacinação variados emfunção dos agentes microbianos encontrados naexploração.

f. Recolha anual por amostragem de sangues aoefectivo reprodutor, para controlo dos agentesinfecciosos existentes em cada exploração e detecçãoprecoce de novos problemas infecciosos.

g. Cumplicidade e sintonia entre CriadorBovinicultor e Médico Veterinário assistente daexploração.

Em conclusão:O Aborto bovino é frequentemente a mais óbvia

manifestação de um problema camuflado existente naexploração e que conduz a graves perdas económicasao Criador Bovinicultor. Um mau diagnóstico, um mauaconselhamento e incorrectas medidas de controlo eprevenção poderão conduzir a perdas económicaselevadas que em condições extremas poderão levar àinviabilidade da exploração.

* Por Dr. Rui Silva (Médico veterinário)

Crédito Agrícola2 Balcões ao seu Dispor

Ferreira do Alentejo e Alvito

Uma Instituição de Crédito que lhe prestaum serviço completo

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A. Vantagens Permite:• Escolher o período de reprodução e consequen-temente a melhor altura para os partos.• Inseminar muitas vacas ao mesmo tempo.• Agrupar os partos facilita a vigilância (tão importantepara que os nascimentos decorram da melhor maneira)e garante lotes de vitelos mais homogéneos.• Diminuir os periodos improdutivos.

B. TécnicaOs animais podem estar cíclicos ou não:Procedemos diferentemente conforme o produtoutilizado:• Aplicação de um implante contendo umprogestagénio durante 9 a 10 dias acompanhado deuma injecção de "gonadolibérine" (buséréline) no dia daaplicação, injecção de prostanglandina 48 h antes dofim do periodo de acção do produto, injecção de PMSGvariável em função da raça, da época e do número departos (ver em baixo descrição de doses) no fim doperiodo e inseminação 48 horas após.• Aplicação de uma espiral contendo umprogestagénio durante 7 a 9 dias, injecção deprostaglandina 24 h antes de finalizar o periodo deacção do produto, injecção de PMSG variável emfunção da raça, da época e do número de partos (verem baixo descrição de doses) no fim do período einseminação 56 horas após.

C. Medidas para melhorar os resultados1. Não tratar com menos de 45 dias após o parto nocaso das vacas de aptidão leite nem menos de 60 diasno caso das vacas de aptidão carne.2. Evitar o stress (vacinação, descorna, tratamentos,…)

no momento da sincronização e da inseminação.3. Esperar se possível pelo menos 15 dias após ainseminação antes de as devolver ao pasto.4. Verificar a alimentação, e no caso de necessidade épreferível praticar um flushing antes da sincronização,mas no caso contrário, é preferível restringir aalimentação se ocorrer um crescimento superior a 800g/dia.

D. Diagnostico de gestação

1. Dosagem de progesterona (sinal de desenvolvimentodo corpo amarelo e gestação).Sobre o leite ou sangue.Ao fim de 21 à 24 dias após a inseminação.Comprovação de não gestação mais fiável.

2. Dosagem de PSPB.Sobre o sangue.30 dias após a inseminação e mais de 100 dias após oparto anterior.Comprovação de não gestação mais fiável (99% contra92%).

3. Ecografia e palpação.Comprovação de gestação ao 30º dia por ecografia,ao 50º dia por palpação rectal.Comprovação positiva mais fiável.

Pierre Roy SERSIA FRANCE

Traduzido por Jaime Bento (ACL)

Controlo do estro em BovinosProgramas de sincronização utilizados em França com medicamentosautorizados (versão 10/2005)

Raças ou tipos Dose de PMSG/novilha Dose de PMSG/vacaDurante o Inverno Após 15 de Maio Durante o Inverno Após 15 de Maio

Aubrac 500 UI 400 UI 600 UI 500 UIBlonde d'Aquitaine 400 UI 400 UI 500 UI 400 UICharolês 400 UI 400 UI 500 UI 500 UILimousine 500 UI 400 UI 600 UI 500 UISalers 500 UI 400 UI 600 UI 500 UIPrim'holstein 0 0 400 UI 400 UINormanda, Montbéliarde 0 0 400 UI 300 UIVacas que já pariram gémeos 0 0 300 UI 300 UICruzadas de leite 400 UI 400 UI 500 UI 400 UI

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1° - Definir os objectivos de produção da manadaconsoante o sistema de produção

- Sistemas de produção:• Produção de animais acabados para abate• Produção de animais para engordas• Venda de reprodutores machos para raça

pura ou cruzamento• Venda de fêmeas

2° - Avaliar os pontos fortes e os pontos fracos damanada em função dos objectivos definidos

- Consolidar os ganhos genéticos já adquiridos ecorrigir os defeitos.

- Devemos sempre pensar em consolidar asqualidades maternais como a fertilidade, a aptidão aoparto e aptidão ao aleitamento. Estas característicascontribuem com 75% do rendimento da exploraçãobovina, contra 25% que advém da morfologia dosanimais.

Ao nível morfológico, os principais critérios são abacia, o desenvolvimento muscular e o volume.

3° - É imperioso não nos abstrairmos dos objectivosfixados inicialmente

Não é numa geração que se corrige um defeito. Énecessário pelo menos duas gerações de tourosmelhoradores para conseguirmos um efeito significativoe fixado.

4° - Devemos escolher os touros que correspondem aosobjectivos fixados de forma sintética (pelos índices) enão por uma escolha a olho ou qualquer outro critério

Pierre Roy SERSIA FRANCE

Traduzido por Jaime Bento (ACL)

Princípios a ter em conta na escolha dos touros deinseminação artificial a emparelhar com cada vaca

Alguns exemplos:1ª Geração 2ª Geração 3ª Geração 4ª Geração

1-DAUPHIN X MAS DU CLO X REMIX X ROUSEILHOUMorpho = Morpho + Morpho = Morpho +Q.M. + Q.M. + Q.M. + Q.M. =Volume + Volume + Volume = Volume +FNais = FNais - FNais + FNais -2-EPSON X IONESCO X OZEUS X RETIAIREMorpho = Morpho + Morpho = Morpho +Q.M. + Q.M. = Q.M. + Q.M. =+Volume + Volume =+ Volume = Volume +FNais =+ FNais =+ FNais =+ FNais -3-GENIAL X PATOCLE X ON-DIT X ROESTIMorpho + Morpho = Morpho + Morpho +Q.M. = Q.M. + Q.M. + Q.M. +Volume + Volume = Volume + Volume =FNais - FNais =+ FNais = FNais =+

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Não se pode dizer que aInseminação Artificial - IA seja umaprática muito corrente no sector dosbovinos de aptidão carne no nossopaís. Os produtores de bovinosleiteiros utilizam frequentemente ainseminação nos seus animais poiscedo verificaram as vantagens destemétodo, para o melhoramentogenético mais rápido e eficiente doseu efectivo. Já os produtores debovinos de aptidão carne, por seulado, sabemos que preferemrealmente utilizar a monta naturalcomo método de procriação do seuefectivo e recorrem muito pouco áinseminação artificial, o que atécerto ponto se compreende, face aomaneio deste tipo de animal:normalmente encontram-se em manadas maioressempre em pastoreio directo, o qual, normalmente, éfeito em áreas grandes, onde é mais difícil o acesso econtenção dos animais, para a execução de umtrabalho que se quer calmo e eficiente. A raçaLimousine, especializada que é na produção de carne,não foge á regra, ou seja, o recurso á inseminação porparte dos criadores da raça em linha pura tem sidomuito fraco, apesar de os criadores reconhecerem asvantagens no melhoramento por esta via.

Os primeiros animais da raça Limousine fruto datécnica de IA inscritos nos HBL nasceram no final de1991. Naquela altura, os touros franceses maisutilizados eram VOLCAN, ULISSE, DON JUAN, TARVIS,BACCUS e ANXIEUS (sendo o sémen destes touros jádistribuído pela SERSIA FRANCE). Mas estavam tambémjá disponíveis alguns touros nacionais tais comoEURICO, EBANO (ambos produzidos pelo criador JoséManuel Costa - Montijo) e BARÃO (do criador JoséManuel Rodrigues - Odemira). O sémen destes tourosera recolhido e difundido pela Estação de Selecção eReprodução da Venda Nova).

Até ao final de 1995 nasceram ao todo 135 animaisprodutos de IA inscritos no HBL, já entre 1996 e 1999o número aumentou ligeiramente para 178, e entre2000 e 2006 nasceram 241 animais produtos de IA.Como podemos verificar o recurso à técnica de IA temaumentado no seio dos criadores da raça Limousine.Isto porque, apesar do esforço de maneio necessárioverificaram que os resultados compensam. No entanto,se contabilizarmos o número total de animais inscritosno HBL desde 1991, verificamos que a percentagem deanimais provenientes da técnica da IA não representamais do que 2% do número total de animais inscritos.

O que continua a ser muito baixo.No quadro anexo listamos os

touros de IA mais utilizados até aosdias de hoje. O critério depublicação foi touros que tenhammais de 8 filhos inscritos. Nestequadro podemos ver os valoresgenéticos de cada tourorelativamente ao potencial decrescimento (CCr), qualidadesmaternais (CMt), DesenvolvimentoMuscular (DM), DesenvolvimentoEsquelético (DS), e Intervalo entrepartos das filhas (IP). Estes valoresforam estimados consoante osdados de produção de cada tourono nosso país, dados essesencontrados através da execução doControlo de Performances realizado

pela ACL em cada uma das explorações associadas eque foram posteriormente tratados estatisticamente peloDepartamento de Melhoramento Animal da EstaçãoZootécnica Nacional.

Neste grupo de touros, sem dúvida que se destaca otouro DAUPHIN com 89 produtos, pois foi o touro queapresentou valor genético mais elevado para opotencial de crescimento. Já o touro que se destacoupela transmissão de intervalos entre partos mais curtosfoi o EURICO (menos 11 dias). O touro mais regular noconjunto da sua produção foi o HIGHLANDER (5,62CCr, 5,01 CMt, 3.49 DM, 3.70 DS e -1.48 IP).

Como podemos verificar por estes valores genéticosencontrados pela EZN, há de facto vantagem no usodestes touros para o melhoramento do efectivoreprodutor de cada bovinicultor. Deste modo, queremosalertá-lo para a importância da inseminação seja elarealizada em linha pura ou não, como meio eficaz demelhorar a genética das nossas manadas.

Assim, para ajudar os criadores facultando-lhes uma"arma de melhoramento" eficiente, a ACL disponibilizoudesde Setembro de 2006 um depósito de 5 tourosdivulgados pela SERSIA FRANCE. Assim estavamdisponíveis para distribuir em território continental:HIGHLANDER, IONESCO, NEUF, ON-DIT e OBIWAN,e digo estavam, porque, a esta altura em que vosescrevo o depósito está praticamente esgotado. Noentanto, estamos diligenciando para reforçar odepósito. Assim, ficarão disponíveis para distribuição:HIGHLANDER, IONESCO, MOZART, NEOPHIN,OBIWAN, ON-DIT, REMIX e SIMON. Os índices destestouros são apresentados de seguida assim como osconselhos de utilização.

Touros divulgados por inseminação artificialem Portugal

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HIGHLANDER - 1692111209• Facilidade de Nascimento - 106• Fertilidade - 110• Aptidão ao parto - 110• Produção Leiteira - 121• Desenvolvimento muscular - 109• Desenvolvimento esquelético - 108

MOZART - 1996019196• Facilidade de Nascimento - 93• Fertilidade - 107• Aptidão ao parto - 101• Produção Leiteira - 94• Desenvolvimento muscular - 113• Desenvolvimento esquelético - 121Os produtos de MOZART apresen-

tam grande desenvolvimento esqueléti-co. Com boa garupa que se apresentalarga e equilibrada. Quando utilizadoem linhas cárnicas ou leiteiras permitirátransmitir volume.

NEOPHIN - 1298181846• Facilidade de Nascimento - 103• Fertilidade - 105• Aptidão ao parto - 117• Produção Leiteira - 109• Desenvolvimento muscular - 97• Desenvolvimento esquelético - 90Ao fim de três campanhas,

NEOPHIN confirma a sua boafacilidade de nascimento. Aporta muitaprofundidade. As suas filhas são férteis,parem extraordinariamente bem, eproduzem muito bons bezerros,pesados e musculados ao desmame.

IONESCO - 3693000206• Facilidade de Nascimento - 96• Fertilidade - 114• Aptidão ao parto - 100

• Produção Leiteira - 102• Desenvolvimento muscular - 105• Desenvolvimento esquelético - 95Os novilhos filhos de Ionesco são

uma referência em termos de engorda:eles combinam bem crescimento econformação. Caracterizam-se aindapor uma excelente bacia, e um bomarredondamento muscular.

ON DIT - 3615069746 • Facilidade de Nascimento - 94• Fertilidade - 111• Aptidão ao parto - 116• Produção Leiteira - 108• Desenvolvimento muscular - 95• Desenvolvimento esquelético - 109A descendência de ON-DIT

apresenta um bom desenvolvimentomuscular sobretudo em machos. Asfilhas, têm boas características raciais,são profundas, com muito volume egabarito. Elas têm excelentesqualidades maternais: tanto emfertilidade como em aptidão ao parto,assim como uma forte produçãoleiteira. Deve ser reservado para utilizarem vacas adultas com uma baciaaberta, especialmente ao nível dosísquions.

OBIWAN - 4899032237• Facilidade de Nascimento - 103• Fertilidade - 113• Aptidão ao parto - 100• Produção Leiteira - 97• Desenvolvimento muscular - 107• Desenvolvimento esquelético - 102O OBIWAN transmite uma boa

facilidade de nascimento. Os seusprodutos distinguem-se pelo seu

desenvolvimento esquelético (tamanhoe comprimento). As suas filhas sãoreprodutoras de alta produção: muitoboa fertilidade, combinada com boaaptidão para parição e bomaleitamento. Convém utiliza-lo sobrefêmeas com bom desenvolvimentomuscular nos quartos traseiros.

REMIX - 1717626948• Facilidade de Nascimento - 111• Fertilidade - 108• Aptidão ao parto - 114• Produção Leiteira - 128• Desenvolvimento muscular - 100• Desenvolvimento esquelético - 85Os primeiros produtos do touro

REMIX confirmam o índice obtidodurante o período de testagem,apresentando nascimentos fáceis. Osseus novilhos têm grande rendimento.As suas filhas, de volume médio, sãoférteis e parem muito bem. Umaprodução leiteira fora do comum,permite-lhes desmamar excelentesbezerros. Este touro revela umaconcentração de eficácia económica,facilmente utilizável em cada manada.

SIMON - 1201072904• Facilidade de Nascimento - 123• Crescimento - 110• Desenvolvimento muscular - 106• Desenvolvimento esquelético - 123As suas filhas são boas no que

respeita a larguras. Boa horizontalidadedo dorso. As bacias são bastanteabertas e regulares (ancas, trocanteres,ísquions). Os aprumos são bastantecorrectos. Filhas com boas caracterís-ticas raciais.

TOUROS DIVULGADOS POR INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL MAIS UTILIZADOS EM PORTUGAL

TOUROS IA COM DISPONIBILIDADE IMEDIATA EM PORTUGAL CONTINENTAL

Data CCr PCCr CMt PCMt DM PDM DS PDS IP PIP NºNº Inscrição Nome Nascimento (Kg) (%) (Kg) (%) (pts) (%) (pts) (%) (dias) (%) Filhos1692111209 HIGHLANDER 01-Jan-92 5,62 0,83 5,01 0,66 3,49 0,87 3,70 0,87 -1,48 0,46 413683001518 ULYSSE 05-Jan-83 -0,29 0,33 5,462 0,34 1,595 0,45 -0,014 0,45 -9,03 0,25 81984004136 VOLCAN 28-Fev-84 -13,62 0,73 2,13 0,62 0,21 0,81 -0,69 0,81 10,03 0,52 241987011652 COQUELICOT 14-Dez-87 -0,92 0,59 -0,20 0,29 -3,47 0,58 -1,01 0,58 -1,48 0,21 217108 EURICO 19-Fev-87 -11,48 0,34 -4,98 0,38 -0,53 0,51 -2,67 0,51 -11,05 0,43 142386002967 BACCHUS 01-Jan-86 21,74 0,63 2,951 0,52 3,247 0,69 4,358 0,69 -3,288 0,39 81988004715 DAUPHIN 01-Mar-88 23,64 0,91 2,50 0,81 5,36 0,93 1,00 0,93 1,32 0,64 891988004485 DON JUAN 21-Mar-88 5,02 0,74 -0,42 0,55 0,95 0,78 -0,75 0,78 -0,91 0,41 228789003682 EPSON 28-Fev-89 10,98 0,62 -3,96 0,53 1,10 0,72 2,31 0,72 3,05 0,39 122389052760 EXQUIS 10-Abr-89 -6,35 0,68 -1,25 0,61 2,86 0,76 3,10 0,76 -4,88 0,47 131990003045 FERRY 08-Fev-90 6,75 0,81 12,80 0,70 4,21 0,84 2,42 0,84 -2,83 0,57 26PG91008021 GLADIADOR 31-Jul-91 6,33 0,73 -3,70 0,68 1,05 0,82 0,89 0,82 3,68 0,62 60PG93092047 INCONTINENTE 16-Dez-93 11,37 0,55 3,79 0,48 1,53 0,69 1,70 0,69 8,61 0,48 20PG93140024 IMPOSTOR 06-Dez-93 3,44 0,47 1,97 0,47 0,36 0,69 0,71 0,69 2,58 0,47 10CCaappaacciiddaaddee ddee ccrreesscciimmeennttoo aattéé aaooss 221100 ddiiaass ((CCCCrr)) - Estimado em Kg (com respectiva precisão do valor - PCCr).CCaappaacciiddaaddee mmaatteerrnnaall ((CCMMtt)) - Estimado em Kg (com respectiva precisão do valor - PCMt).DDeesseennvvoollvviimmeennttoo mmuussccuullaarr ((DDMM)) - Estimado em pontos (com respectiva precisão do valor - PDM).DDeesseennvvoollvviimmeennttooss EEssqquueellééttiiccoo ((DDSS)) - Estimado em pontos (com respectiva precisão do valor - PDS).IInntteerrvvaalloo eennttrree PPaarrttooss ((IIPP)) - (pretende-se o valor mais baixo) Estimado em dias (com respectiva precisão do valor - PIP).

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Uma das principais actividades da ACL prende-secom a realização do Controlo de Performances emExploração (segundo o Regulamento Técnico do Herd-Book Português da Raça Limousine). Cada animalcontrolado, é sujeito a várias pesagens até à altura dodesmame, realizadas pela equipa técnica da ACL nasexplorações dos Criadores Seleccionadores. Excepçãofeita no caso dos Açores em que as pesagens são feitascom a preciosa colaboração dos Serviços Técnicos daDirecção Regional do Desenvolvimento Agrário. Osvalores reais destas pesagens obtidas no campo sãoconvertidos em pesos teóricos a idades tipo: 120 dias e210 dias (4 e 7 meses respectivamente).

Tendo em vista a repartição dos animais por classesde certificação, os pesos a idades tipos são depoiscorrigidos segundo o sexo do animal, mês denascimento e número de parto da mãe, permitindodeste modo comparar todos os animais entre si domodo mais justo possível. Todos sabemos que para asmesmas condições, os filhos das primíparas serãosempre menos pesados do que os das vacas que jápariram duas ou três vezes; as fêmeas normalmentepesam menos que os machos e os animais nascidos noVerão vão apresentar ao desmame um desempenhoinferiorizado relativamente a um animal que nasce noOutono, o que tem a ver com as disponibilidadesalimentares. Por tudo isso foi elaborada peloDepartamento de Melhoramento Genético da EstaçãoZootécnica Nacional (EZN), uma tabela de correcçãode pesos. Esta tabela, vai permitir tal como referimos,poder comparar todos os animais entre si como setivessem as mesmas condições teóricas.

Cada animal controlado é também submetido a umapontuação morfológica ao desmame, que correspondeà transcrição da morfologia do animal para números. AAvaliação Morfológica é descrita em termos globaispelo DM - desenvolvimento muscular, DS -desenvolvimento esquelético e AF - aptidões funcionais.É então com base nos pesos corrigidos e no resultadoda Avaliação Morfológica que é feita a diferenciaçãode certificações dos animais (ver artigo desta edição:

Certificação de machos e fêmeas inscritos no HBL). Relativamente aos animais que nasceram em 2005,

realizou-se controlo das performances em exploraçãosobre 1451 bezerros limousines, dos quais 706 erammachos e 745 eram fêmeas. Com participação de 65explorações distribuídas com maior predominância noAlentejo mas também repartidas pelo Ribatejo, BeiraInterior, Trás-os Montes e Açores. Nos Açores o controloé apoiado tal como referimos pela DRDA mas estáainda no começo pois animais nascidos em 2005apenas 6 foram controlados naquele arquipélago. Osresultados globais de 2005 encontram-se descritos noquadro em baixo.

Assim, pela análise dos resultados apresentadospodemos facilmente observar que 10% das fêmeas foireprovada (LN) e 90% foi aprovada para reprodução(R). Relativamente aos machos, constatamos quetambém 10% do total de machos em controlo foramreprovados para reprodução (LN). Quanto aos machosaprovados, a distribuição pelas certificações foi de:33% Homologados para Cruzamento Terminal-H e,33% Recomendados para Cruzamento Terminal-XT. Noquadro distinguimos ainda outra designação -PRE quecorresponde a 24% dos machos controlados.

Queremos no entanto realçar que a designação PREnão é uma verdadeira certificação e foi aqui introduzidaapenas como meio comparativo com outras classes aodesmame. Os animais com esta designação não estãoainda certificados apesar de serem os queapresentaram melhores performances. Segundo oregulamento do HBL, estes animais serão ainda sujeitosa uma nova Avaliação Morfológica entre os 14 e 18meses. Assim, se passarem positivamente nessasegunda avaliação serão certificados Limousine Ourocaso contrário serão certificados Limousine Prata. Dosanimais nascidos em 2005 com designação PRE que jáforam sujeitos a esta segunda avaliação até aomomento da edição desta revista, qualificaram-seLimousine Ouro 68% sendo os restantes 32% LimousinePrata /Recomendado para Cruzamento Terminal-XT.

Controlo de PerformancesCampanha de 2005

MACHOS FÊMEASTOTAL PRE XT H LN TOTAL R LN706 168 234 235 69 Nº ANIMAIS 745 671 741,059 1,283 1,107 0,910 0,857 GMD 0-120 (g) 0,987 1,012 0,759167 195 173 149 143 Peso 120 dias (kg) 157 160 129271 322 283 238 220 Peso 210 dias (kg) 248 254 19361 69 62 58 48 DM 59 61 4561 67 63 58 51 DS 61 62 5862 66 62 60 57 AF 63 64 56

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Tal como já vem sendo divulgado nas últimasedições de "Notícias Limousine": o padrão de exigênciapara classificação dos machos que nasceram a partir de1/1/2005 aumentou. Para serem qualificados comoreprodutores de selecção da raça (Limousine Ouro),têm agora de alcançar um nível mínimo de pesocorrigido aos sete meses que subiu para 305Kg etambém avaliação morfológica mínima que subiu para130 pontos (DM+DS). Além disso, para que aavaliação não fique pelo desmame, tendo em vista oacompanhamento da evolução do animal, será feitauma segunda Avaliação Morfológica entre os 14 e os18 meses de idade. Se o animal evoluir favoravelmenteserá então nessa altura classificado Limousine Ourocaso contrário ficará certificado Limousine Prata.

No quadro 1 apresentamos a percentagem de

machos aprovados segundo as várias certificações aolongo dos anos. Como podemos verificar, os machosqualificados Reprodutor Esperança-RE (representados aamarelo) ocupavam até 2004 uma grandepercentagem, com tendência até para aumentar,relativamente ás outras qualificações: Recomendadopara Cruzamento Terminal-XT/ Prata (representado acinza) e Homologado para cruzamento Terminal-H/Bronze (representado a vermelho). Foi por essa razãoque ACL e o HBL decidiram aumentar o nível deexigência para qualificação nesta classe, de modo anão banalizar o número de animais certificados comotop e aumentar a confiança dos compradores,assegurando alto nível de performance.

Com este novo padrão de exigência verificamos que,tal como se pretendia, o número de machos

Qualificado "Limousine Ouro"• Obrigatoriamente sujeitos a Controlo de Performances• São certificados para reprodução após a segunda AvaliaçãoMorfológica entre 14 e 18 meses.• Com performances mínimas: peso aos 7 meses superior a 305Kg• Avaliação Morfológica ao desmame com soma de DM e DS igualou superior a 130 e AF superior a 55• Segunda Avaliação Morfológica (14-18meses) com soma de DMe DS igual ou superior a 130 e AF superior a 55• A mãe tem de ser certificada para Reprodução nível A1 ou nívelA2Ti2.• O pai tem de ter a qualificação mínima: certificado parareprodução nível A1 "Reprodutor Esperança-RRE / Limousine Ouro"

Qualificado "Limousine Prata" (corresponde à anteriorcertificação Recomendado para Cruzamento Terminal-XT)• Obrigatoriamente sujeitos a Controlo de Performances.• São certificados para reprodução após a classificaçãomorfológica ao desmame.• Com performances mínimas ao desmame: peso aos 7 mesessuperior a 275Kg • Avaliação Morfológica ao desmame com DM, DS e AF igual ousuperior a 55 e DM + DS igual ou superior a 114• A mãe tem de ser certificada para Reprodução nível A1 ou nívelA2Ti2.• O pai tem de ter a qualificação mínima: "Reprodutor Esperança-RE / Limousine Ouro"

Certificado "Limousine Bronze" (corresponde à anteriorcertificação Homologado para Cruzamento Terminal-H) • São certificados para reprodução após a classificaçãomorfológica ao desmame.• Podem ter sido sujeitos a Controlo de Performances ou não.• A mãe tem de ser certificada para Reprodução nível A1, A2Ti2 ouA2R.• O pai tem de ter a qualificação mínima: "Recomendado paraCruzamento Terminal / Limousine Prata"• Avaliação Morfológica ao desmame com DM, DS e AF igual ousuperior a 45 e DM + DS igual ou superior a 105

Fêmeas inscritas a Título de Ascendência (Nível A1)• São certificadas para reprodução após a Avaliação Morfológicaao desmame.• Podem ter sido sujeitas a Controlo de Performances ou não.• A mãe tem de ser certificada para Reprodução nível A1 ou nívelA2Ti2.• O pai tem de ter a qualificação mínima: "Recomendado paraCruzamento Terminal / Limousine Prata"• Avaliação Morfológica ao desmame com DM, DS e AF igual ousuperior a 45 e DM + DS igual ou superior a 105Nota: se a fêmea for inscrita no Livro de Nascimentos no nível A1mas não for certificada para reprodução devido a classificaçãomorfológica insuficiente, não poderá ser inscrita no Livro de Adultose as suas descendentes só poderão ser inscritas no nível: Base deSelecção-BS.

Fêmeas inscritas a Título Inicial Nível 2 (Nível A2Ti2)• São certificadas para reprodução após a Avaliação Morfológicaao desmame.• Podem ter sido sujeitas a Controlo de Performances ou não.• A mãe tem de ser certificada para reprodução nível A2R.• O pai tem de ter a qualificação mínima: "Recomendado paraCruzamento Terminal / Limousine Prata"• Avaliação Morfológica ao desmame com DM, DS e AF igual ousuperior a 45 e DM + DS igual ou superior a 105

Fêmeas inscritas na Base de Selecção (BS)• Podem ser certificadas em qualquer idade• Não são sujeitas a Controlo de Performances• A mãe pode ter sido reprovada para reprodução mas tem de sergenuinamente de origem Puro Limousine• O pai pode ser no mínimo "Homologado para CruzamentoTerminal /Limousine Bronze"• Avaliação Morfológica com DM, DS e AF igual ou superior a 45e DM + DS igual ou superior a 105Nota: são inscritas neste nível as filhas de fêmeas inscritas no nívelA1 quando o pai é "Homologado para Cruzamento Terminal /Limousine Bronze"Nota: passam ao nível A2R após aprovação do primeiro vitelocontrolado

HERD-BOOK LIMOUSINECertificação dos machos e fêmeas para reprodução

CERTIFICAÇÃO DE MACHOS CERTIFICAÇÃO DE FÊMEAS

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qualificados numa classe superior reduziu. Assim, 26%dos machos nascidos em 2005 qualificaram-se comperformance superior aos quais chamamos PRE. Estesanimais ficarão sujeitos à referida AvaliaçãoMorfológica entre os 14 e os 18 meses de idade, só sequalificando Limousine Ouro se a Avaliação forpositiva, tal como já referimos.

Os criadores seleccionadores, assim como ospotenciais compradores: não fiquem portanto

admirados por o número de machos Limousine Ourodisponíveis para venda ser inferior ao que podiamesperar pois isso deve-se unicamente a uma selecçãomais apertada como já referimos, tendo em vistaapresentar reprodutores de muito alto gabarito.

A maior parte dos compradores vem no entanto àprocura de machos para pôr a cobrir em vacadascomerciais e para esse efeito o macho qualificado XT/Limousine Prata já é satisfatório: Para ser qualificadoLimousine Prata tem de ter um peso mínimo corrigidoaos sete meses de 275Kg e na avaliação morfológicatem de obter no mínimo 114 pontos (soma de DM e DS)tal como podemos verificar no quadro abaixo. Semdúvida que este é um padrão de exigência considerável,e certifica um reprodutor de muito boa qualidade.Qualidade essa mais que suficiente para fazer um bomtrabalho em cruzamento terminal.

É sempre bom lembrar também os vários níveis decertificação de fêmeas para que quem vem à procurade reprodutoras saiba com o que pode contar, por isso,listamos abaixo o modo de certificação das fêmeas.

* Por Eng.º Jaime BentoSecretário Técnico do Herd-Book Português

da raça Limousine

Quadro 1: Percentagem de machos certificados em cada classe.No ano 2005 a percentagem mencionada como RE deve serentendida como os machos que passaram na avaliação aodesmame e que designamos por PRE pois aguardam umasegunda avaliação para se qualificarem Limousine Ouro.

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Inicialmente os animais inscritosno Livro Genealógico eramidentificados pelo método detatuagem. Na orelha direita eraaplicado um conjunto de númerose letras que identificava o animalperante o Livro e que perecia noanimal até ao fim da sua vida. Noentanto, este método apresentavaalguns inconvenientes como ofacto de ser trabalhoso e morosoquando se pretendia tatuar umgrande número de animais, assimcomo o facto de, por vezes, oscaracteres tatuados sofreremdeformações devido a factoresexternos (tais como cortes naorelha ou picadas de parasitas porexemplo), o que dificultava ouimpedia a leitura correcta donúmero tatuado.

Os caracteres tatuadosdefiniam-se como sendo umconjunto alfanumérico de dezcampos: "PG.00.000.000" onde"PG" indica que o nascimento severificou em Portugal, seguindo-sedepois dois algarismos paradesignar o ano de nascimento, trêsalgarismos para o número decriador e finalmente trêsalgarismos para designar onúmero de ordem de nascimentodo animal. Por exemplo:

"PG.07.123.002" - significa que setrata do segundo animal nascidoem 2007, na exploração docriador nº 123. Este conjuntoalfanumérico ou vulgarmente ditonúmero de inscrição, continuaainda hoje a ser utilizado e é aprincipal referência do animalperante o HBL, pois trata-se dachave primária da base de dadosdo Livro. No entanto, é utilizadoapenas informaticamente uma vezque deixou de estar visível noanimal.

O método da tatuagem deixoude ser utilizado como identificaçãodos animais da raça Limousine nofinal de 1996, devido a algunsproblemas que este métodoapresentava, tal como járeferimos. A partir daquela data, onúmero de inscrição erarepresentado num brinco deplástico amarelo aplicado naorelha direita dos animais no qualse distinguia também omonograma do HBL, mas, foiassim só até ao final de 2006.

A partir do início de 2007 passaa ser aplicado como identificaçãodos animais inscritos no HBL umbotão de plástico, no qualconstará o monograma da ACL eum número identificativo, númeroeste que será aleatório uma vezque já vem impresso de fábrica nobotão. É um botão discreto commenor risco de perdas, comopodemos observar na figuraabaixo e serve de identificação doanimal em correspondência com onúmero oficial (SIA).

O objectivo deste botão não seprende só com uma identificaçãomais eficaz e segura, mas também,com o facto de no momento daaplicação ser possível extrair umacápsula que contém uma amostrade tecido da orelha.

Estas cápsulas ficamhermeticamente fechadas demodo automático no momento daaplicação e são identificadas com

Novo método de identificação dos animaisinscritos no HBL

Botão a aplicar no bovino

Botão usado pela ACL

Alicate aplicador de botões

Cápsula contendo a amostra prontapara armazenar ou enviar paraanálise

Amostra de tecido de orelha(tamanho da amostrastandartizado)

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o mesmo número que ficou no botão aplicado noanimal. Pelo facto de terem um conservante incluído,poderão ficar armazenadas até ser necessário procederá extracção de ADN da amostra para certificação depaternidade ou outro fim.

O objectivo primordial da recolha de amostras detecido da orelha será por agora a confirmação depaternidade de alguns dos animais certificados peloHBL (não serão todos analisados mas sim umaamostragem aleatória e significativa). No entanto,futuramente, o facto de dispormos de uma amostra detecido de todos os animais inscritos no HBL pode trazeroutros benefícios pois tal como verificámos no artigodesta edição sobre "ADN, base da vida, fonte detecnologia" podemos tirar partido da molécula de ADNpara variadas situações, nomeadamente na pesquisade animais portadores de certo gene que transmitecaracterísticas indesejáveis ou pelo contrário pesquisade genótipo de animais portadores de genes queapresentam vantagens e queremos seleccionar, porexemplo, pesquisa de animais que tenham gene queconfere resistência a determinada doença.

Outra vantagem em dispor de uma amostra detecido de orelha de cada animal é permitir a prova deidentidade. Esta prova de identidade pode estarrelacionada com a confirmação de que determinadoproduto animal (carne por exemplo) provém de facto doanimal em questão, ou então, quando determinadoanimal perde a identificação e queremos comprovar oudeterminar qual é o animal de entre um conjunto deanimais possíveis.

A utilização destes botões tem ainda outrasvantagens tais como possibilidade de identificação dasamostras de forma única, clara e garantida; relaçãoentre a amostra e o animal sem possibilidade de erro;diminuição de erro por parte humana e finalmenteamostras standartizadas que permitem a redução globalde custos de laboratório.

As amostras que queremos analisar serão enviadaspara um laboratório na Alemanha (Certagen),equipado de modo a proceder ao tratamento dascápsulas e amostras de forma automática, assim comoà extracção de ADN, eliminando deste modo a falhahumana. Este laboratório, tem capacidade de analisar

4500 amostras por dia: entre o registo de amostras quechegaram para analisar, extracção de ADN etratamento por electroforese para ampliação dosmicrossatélites que se quer conhecer.

* Por Eng.º Jaime BentoSecretário Técnico do Herd-Book Português

da Raça Limousine

Caixas para armazenagem das cápsulas que contêm asamostras de tecido de orelha

Registo de amostras

Abertura de amostras automatizada

Electroforese automatizada

Extracção de ADN

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Além do Concurso Nacional e da Exposição naFACECO de que falamos no artigo anterior, a ACLparticipou em diversas outras Exposições das quaisfazemos a retrospectiva de seguida. Aproveito aoportunidade para agradecer formalmente a todos oscriadores associados que colaboraram com a ACL, ou quea nível individual prepararam os seus animais, paraestarem presentes nos diversos certames, e que assimcontribuíram para uma digna representação e promoçãoda raça Limousine.

OVIBEJA 2006A primeira exposição do ano 2006 em que a raçaLimousine esteve representada foi na OVIBEJA quedecorreu de 29 de Abril a 7 de Maio no Parque de Feirase Exposições de Beja com 28 animais limousines. Estiveramem exposição 3 touros, o Poupon, o Silva e o Serin,propriedade de Sociedade Agricultura Grupo David, Lda.,Maria Olívia Chambino Horta e Maria da Graça PraçaNunes Mexia Castelo Branco respectivamente. Para alémdestes touros de grande porte, estiveram também presentes21 novilhos e 4 novilhas as quais eram propriedade docriador Rui Manuel Sampaio Borges de Sousa, com idadesentre os 12-14 meses. Assim queremos agradecer aoscriadores já referidos e ainda ao criador António Correiade Brito Costa, S.I.A.S. - Soc. Industrial Alentejo e Sado,Lda., e Interlim- Genética Animal, Lda. que tornaram aExposição de mais uma edição da OVIBEJA possível.

FERPOR 20062006 é o ano do regresso da ACL a Portalegre, onde serealizou a FERPOR de 19 a 23 de Maio. Estiverampresentes 3 vacas afilhadas; 2 novilhas; 2 touros: o Salmão(Campeão esperanças 2003; Vice-Campeão Nacional2005) e o Tubarão (Campeão Nacional 2005 e Vice-Campeão 2006); e 2 novilhos, numa representação de"luxo" da raça por terras do Alto Alentejo, região onde setem verificado um grande interesse nesta raça francesa.Fica aqui também o agradecimento da ACL aos 4criadores que tornaram a exposição da FERPOR possível,são eles: Aletta Elisabeth de Beaufort, Ana Paula Pires deAlmeida Costa, M.H.C.F.,Lda. e Lúcio José Madureira.

SANTIAGRO 2006A SANTIAGRO teve lugar de 25 a 28 de Maio em Santiagodo Cacém. Este ano, contrariamente ao que vinha sendohabitual, não se realizou aqui o Concurso Nacional deJovens Reprodutores, mas, a ACL não quis deixar de estarpresente em mais uma edição da SANTIAGRO e organizouuma pequena Exposição de animais de modo a que a raçaLimousine não fique esquecida por estas paragens.A representação que esteve na SANTIAGRO constou de 14animais, 7 fêmeas e 7 machos de várias idades,pertencentes aos criadores: Manuel Pacheco Martinho,Manuel da Conceição Duarte, Manuel Pacheco Loução,S.I.A.S., Lda. e Interlim-Genética Animal, Lda. Para quemaqui fica também o agradecimento da ACL.

FEIRA NACIONAL DA AGRICULTURAA ACL esteve uma vez mais (após um ano de interregnodevido às condicionantes sanitárias da Febre Catarral),presente na Feira Nacional de Agricultura em Santarém,que decorreu de 10 a 18 de Junho. E foi com muitoorgulho que o novo criador Sérgio António Brites Costa deTorres Novas, levou 3 novilhas e 1 novilho todos eles deexcelente qualidade e excelentes linhas genéticas, perfeitospara quem está a começar, e quer ter um futurogarantidamente promissor na arte de criar bovinosLimousine.

EXPOREG - 11 a 16 de AgostoDe 11 a 16 de Agosto a ACL participou com 25 animaisna EXPOREG em Reguengos de Monsaraz.Esta representação foi composta por animais de diferentesidades de modo a que os visitantes se pudessem aperceberdos diferentes portes e demais características dos animaisem diferentes idades. Os criadores expositores tinham assuas explorações distribuídas por todo o Alentejo e estãogratos pelo apoio dado pelo Município de Reguengos deMonsaraz que lhes permite divulgar a raça Limousinetambém por estas paragens, onde também se temverificado uma grande adesão dos bovinicultores a animaisda raça Limousine.

Exposições da raça em 2006

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Nesta edição do Concurso Nacional participaram 15 criadores que apresentaram a concurso 120 animaisadultos. Este ano tivemos como Juiz, o Secretário Técnico do Livro Genealógico da raça Limousine em Espanha o Dr.Pedro Pozas, que após o julgamento das diversas secções a concurso, classificou os seguintes animais nos prémios deCampeonato e no Campeonato Nacional:

FACECO 2006XIX Concurso Nacional da Raça Bovina Limousine

O Prémio Especial de Melhor Criador foi atribuídoa José Maria Pacheco dos Reis, de acordo com osomatório de pontuações obtidas (50 pontos) pelosanimais que nasceram na sua exploração e queparticiparam nas diversas secções do Concurso.

Esta edição do Concurso Nacional da RaçaLimousine foi marcada pela presença de pessoasligadas à raça Limousine de diversos pontos da Europa,tivemos connosco como já referido o Secretário Técnicodo Livro Genealógico da Raça Limousine de Espanha, oDr. Pedro Pozas, bem como vários criadores, ou comodiriam "nuestros hermanos", diversos ganaderos daExtremadura e Andaluzia. Entre eles encontrava-se oPresidente da Associação de Criadores Limousine daExtremadura-Limusinex, o Marquês Pedro Domecq comquem a ACL tem estabelecido bons contactos. E

parece-nos que a qualidade dos nossos animaisnacionais foi bastante apreciada por todos estescriadores espanhóis que nos visitaram e conviveramconnosco, já que acabou por se registar a primeiraexportação de um Campeão Nacional.

Mas não foi só de terras espanholas que tivemosvisitantes, à semelhança de anos anteriores vieramtambém representantes de instituições francesas ligadasao mundo Limousine, nomeadamente o Sr. GillesLequeux, representante da INTERLIM- GENÉTIQUESERVICE e o Sr. Alexandre Ósio representante daSÉRSIA FRANCE.

É também de relatar aqui que tivemos o prazer dereceber um grupo de 9 criadores de Limousine doarquipélago dos Açores, que estiveram conosco durantetodos os dias da FACECO e que puderam visitar

CAMPEONATO DE ESPERANÇAS FÊMEAS CAMPEONATO DE ESPERANÇAS MACHOS1º PRÉMIO ABELIDADE - PG05088004 RUI JORGE PINTO LAMBERTO SILVA VIKING - PG04395009 S.I.A.S., LDA.2º PRÉMIO VALSINHA - PG04088030 JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS ÀS-DDE-PPIC - PG05088019 JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS3º PRÉMIO ANA - PG05308001 RUI JORGE PINTO LAMBERTO SILVA ARQUIMEDES - PG05200016 INTERLIM-GENÉTICA ANIMAL, LDA.

CAMPEONATO DE NOVILHAS CAMPEONATO DE NOVILHOS1º PRÉMIO UTILIDADE - PG03088031 JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS ULMEIRO - PG03088025 JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS2º PRÉMIO VACA - PG04366007 M.H.C.F., LDA. VILL - PG04088012 MANUEL PACHECO MARTINHO3º PRÉMIO URTIGA - PG03366006 M.H.C.F., LDA. VITORIOSO - PG04270004

MÁRIO GAMITO DA CONCEIÇÃO GONÇALVES

CAMPEONATO DE VACAS CAMPEONATO DE TOUROS1º PRÉMIO POLKA-PG99088032 JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS TUBARÃO - PG02088030 M.H.C.F., LDA.2º PRÉMIO SIDRA - PG01340007 JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS SILVA - PG01092016 MARIA OLIVIA CHAMBINO HORTA3º PRÉMIO URGÊNCIA - PG03088016 JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS URBANO -PG03366001 M.H.C.F., LDA.

CAMPEONATO NACIONAL FÊMEAS CAMPEONATO NACIONAL MACHOSCAMP. UTILIDADE - PG03088031 JOSÉ MARIA PACHECO DOS REIS ULMEIRO-PG03088025 JOSÉ MARIA PACHECO DOS REISVICE CAMP. VACA - PG04366007 M.H.C.F., LDA. TUBARÃO-PG02088030 M.H.C.F., LDA.

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algumas explorações da região de Odemira e Ourique. A visita deste grupo foi organizada pela ACL em

colaboração com a DRDA - Direcção Regional doDesenvolvimento Agrário dos Açores tendo esta últimaapoiado a viagem dos criadores, por encontrarmerecido interesse. Mas, também o Município deOdemira apoiou a deslocação deste grupo desde oaeroporto, deslocações ás explorações e visitas aoConcurso, com a cedência de um autocarro para oefeito. Foi a primeira vez que se conseguiu tal feito e aoque parece foi bom, pois todos gostaram imenso do queviram e elogiaram bastante os animais presentes aconcurso bem como outros que viram nas exploraçõesvisitadas. Assim, esperamos no próximo Concursorepetir o feito com outro grupo de criadores dos Açores.Alguns criadores acabaram por comprar um lote deanimais que viajaram até aos Açores, maisespecificamente para as ilhas Terceira, Faial, Corvo eSanta Maria. Aqui fica desde já o convite para quevoltem sempre que desejarem com a certeza de que cáestaremos para os receber e acompanhar nas visitas queentenderem fazer.

Para além destas boas novas do interesse que araça Limousine começa a despertar nas regiõesautónomas portuguesas e mesmo por toda a Europa, asnovidades desta edição do concurso não ficaram poraqui. Esta 19ª edição do concurso ficou tambémmarcada pela parceria que a ACL estabeleceu comdiversas empresas do sector pecuário, conseguindomotivar e premiar os proprietários dos animais aconcurso com prémios monetários, que apesar desimbólicos sempre foram uma ajuda para os custos queos criadores tiveram para preparar os seus animais paraum evento deste nível, em que a maioria dos animais seencontrava extraordinariamente bem preparada paraum concurso, e isto quer em termos de estado corporaldos animais como de postura e apresentação pelomodo bem comportado que a maioria dos animaisdesfilou para que todos pudessem apreciar as suasbelíssimas características morfológicas.

JUIZ DO CONCURSO, DR. PEDRO POZAS

ULMEIRO - CAMPEÃO 2006

TUBARÃO - VICE-CAMPEÃO 2006

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No passado dia 8 de Março teve lugar o Concurso Geral Agrícola em Paris. Aparticipação dos animais neste Concurso fica reservada para aqueles que já se destacaramnoutros Concursos da Raça em França. Só participam aqui "la créme de la créme". Notacuriosa os prémios de Campeonato foram para TROMPEUR e TROMPEUSE ambos irmãos epertencentes ao mesmo criador.

Concurso Geral Agrícola - Paris 2007Raça Limousine

Pai: PRODIGEMãe: IDOLE

Criador: GAECPIMPIN FRERES

TROMPEUSE (e sua cria)TROMPEUR

Pai : PRODIGEMãe : MEXICAINE RRCriador: GAECPIMPIN FRERES

Assim aproveitamos este espaço para deixar aqui onosso agradecimento formal a todos aqueles que dealgum modo colaboraram com a ACL em mais umaedição do seu Concurso Nacional:

A Todos os Associados que levaram animais a concursoe sem os quais não seria possível realizar este eventoMunicípio de OdemiraCrédito Agrícola de S. TeotónioPingo DocePfizer - Saúde AnimalProvimiUniveteIntervetCalierVirbacVetlimaBayer HelthCare saude animalSchering-PloughAgroveteTrascoVeterinária EsteveSersia FranceInterlimE a todos que de um modo indirecto contribuíramtambém para este evento.

UTILIDADE - CAMPEÃ 2006

VACA - VICE-CAMPEÃ 2006

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