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18 CONTRA-RELÓGIO ABRIL 2007 RENATO MENDES TEXTO E FOTOS MARILSON É 4º NA MEIA DE LISBOA LÁ FORA O BICAMPEÃO DA SÃO SILVESTRE E VENCEDOR DA ÚLTIMA MARATONA DE NOVA YORK, MARILSON GOMES DOS SANTOS, CONSEGUIU SEU RECORDE PESSOAL NA DISTÂNCIA, AO FECHAR A MEIA DE LISBOA EM 1:00:42, TERCEIRO MELHOR RESULTADO BRASILEIRO NOS 21,1 KM. A PARTICIPAÇÃO EM LISBOA FEZ PARTE DE SUA PREPARAÇÃO PARA A MARATONA DE LONDRES, DIA 22 DESTE MÊS, ONDE ENFRENTARÁ OS MELHORES DO MUNDO Marilson faz seu aquecimento antes da largada da Meia de Lisboa. Seu resultado foi excelente na prova, considerando-se que seu foco é a Maratona de Londres

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18 Contr a-relógio aBril 2007

Renato MendesTexTo e FoTos

MaRilson é 4º na Meia de lisBoa

LÁ FORA

O bicampeãO da SãO SilveStree vencedOr daúltima maratOnade nOva YOrk,marilSOn GOmeSdOS SantOS,cOnSeGuiuSeu recOrdepeSSOal nadiStância, aOfechar a meia deliSbOa em 1:00:42,terceirO melhOrreSultadObraSileirOnOS 21,1 km. a participaçãOem liSbOa fezparte de SuapreparaçãO paraa maratOna delOndreS, dia 22deSte mêS, Ondeenfrentará OS melhOreS dOmundO

Marilson faz seu aquecimento antes da largada da Meia de Lisboa. Seu resultado foi excelente na prova, considerando-se que seu foco é a Maratona de Londres

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a mais importante pro-va portuguesa e uma das maiores do mun-do aconteceu dia 18 de março, reunindo 35 mil

pessoas. Foi a 17ª Meia-Maratona de Lisboa, com 5 mil participantes, en-quanto outros 30 mil fizeram (cor-rendo, trotando ou caminhando) uma prova festiva de 7,2 km, com largada simultânea com a de 21,1 km e chegada no mesmo local, em frente ao Convento dos Jerônimos.

Como tem acontecido nos últimos anos, os quenianos dominaram a pro-va, com Robert Kipchumba vencendo no masculino, com o tempo de 1:00:31, e Rita Jeptoo a prova feminina em 1:07:05. Os primeiros 5 km foram pas-sados pelos ponteiros em 14 minutos e a marca dos 10 km em 28:50, quando o grupo antes constituído por 9 atletas começou a fragmentar-se. Kipchumba aguardou até estar próximo da chega-da para fazer um sprint final, seguido bem de perto por Robert Cheruiyot, seu compatriota queniano, que pela quinta vez garante um lugar ao pódio. Logo em seguida chegou o marroquino Jaouad Gharib, bicampeão do mundo

de maratona, e Marilson Gomes.A aposta dos organizadores para

vencer os quenianos era o atleta bra-sileiro, que chegou em Lisboa dire-tamente da Colômbia, onde passou 29 dias preparando-se, a uma altitu-de de 2.500 metros, para a Meia de Lisboa e, especialmente, para a Ma-ratona de Londres, que acontece dia 22 deste mês.

Portugal, ainda sem representantes que ameaçassem de fato os quenianos - como viria a ser comprovado pelas colocações dos atletas nacionais Luís Jesus e Ana Dias, em 12º e 4º lugares respectivamente, enxergou em Maril-son uma possibilidade para quebrar a hegemonia dos africanos na prova. O atleta brasileiro foi o convidado es-pecial da organização e na entrevista coletiva e almoço na véspera da pro-va, o idealizador da Meia de Lisboa, Carlos Moia, pediu ao atleta que fa-lasse sobre sua carreira.

Marilson: “Comecei no atletismo muito cedo, com 12 anos de idade, em um bairro da periferia de Brasí-lia chamado Ceilândia. Com 15 anos fui para São Paulo, deixando minha família em Brasília, a convite de um

clube que na época era o maior do Brasil no atletismo (Funilense). De lá para cá vim conquistando alguns tí-tulos e o último foi a maratona de NY. Venho evoluindo aos poucos. Acho que os maiores presentes que o atle-tismo me deu foi eu ter saído de um bairro pobre e ter chegado, por exem-plo, aqui em Lisboa, ter feito novos amigos e conhecido novas culturas”.

PRinciPais tRechos da MeiaO trajeto da Meia de Lisboa, pode

ser dividido em três etapas, sendo a primeira delas o trecho de 2.200 me-

A Ponte 25 de Abril, sobre o Rio Tejo, tomada pelos mais de 35 mil corredores/caminhantes da Meia e da Mini

Marilson faz seu pronunciamento durante almoço na véspera da prova

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LÁ FORA Marilson é 4º na Meia de lisBoa

tros sobre a ponte 25 de Abril. Além da belíssima vista da cidade de Lisboa e do Rio Tejo, que a ponte proporciona aos atletas, é também neste trecho ini-cial onde o vento é mais forte. José Du-arte, um atleta português que corre há 22 anos, com pelo menos 12 participa-ções nesta prova, comenta sua estra-tégia para evitar o forte vento, “Quem não conhece tem tendência a correr mais para o lado de fora da ponte, mas lá o vento é muito forte. Os corredores devem tentar se resguardar, correndo na parte central”, conclui.

O grande desnível entre a ponte, que está a 70 metros de altura, e as ruas da cidade que estão ao nível do rio, faz com que o segundo trecho da prova seja a parte mais rápida. Um declive de aproximadamente 350 metros, a partir do trecho final da ponte 25 de abril, torna esta a maratona mais rá-pida do mundo, entretanto os tempos não são reconhecidos pela IAAF – As-sociação Internacional de Federações de Atletismo. O desnível que do per-curso é superior ao limite estabelecido de 1 metro por quilômetro.

Após estes dois trechos, o restante da prova acontece em condições pla-nas, onde os corredores passam pelas principais avenidas que margeiam o Rio Tejo. Fazem a inversão de percur-so no centro histórico da cidade, pas-sando pela Praça do Comércio e pelo

Largo do Rossio, de onde retornam para terminarem a meia-maratona em frente ao Mosteiro dos Jerônimos e Centro Cultural Belém, dois locais emblemáticos de Lisboa.

a lenta MiniMaRatonaSe na meia-maratona os participan-

tes, sejam os profissionais ou os amado-res, correm em busca de bons e rápidos resultados, na prova de 7,2 km a reali-dade é bem diferente. Aqui a palavra de ordem é a participação apenas, concluir em qualquer tempo, daí a presença de famílias inteiras, com carrinhos de nenê (e também levando idosos em cadeiras de rodas), amigos confraternizando, equipes de várias partes do país etc.

A organização dos milhares de par-ticipantes da Mini gerou protestos

entre os corredores da Meia, uma vez que o espaço disponível para acolher os participantes era restrito face ao elevado números de inscritos. Muitas personalidades participaram da Mini, dentre elas o primeiro-ministro José Sócrates, que também queixou-se, “Na primeira meia hora só se conse-guia andar. Só começamos a correr ao meio”. Apesar de ter iniciado sua cor-rida após o tempo previsto, o ministro comentou: “Não me lembro de correr num dia tão bonito. Esta é uma grande festa popular e proporciona uma das melhores vistas da cidade”.

Muitos estrangeiros, entre eles uma quase centena de brasileiros, partici-param da Meia (assim como da Mini) cujos resultados estão no encarte. Executivos do Pão de Açúcar, empresa que patrocina atletas brasileiros, den-tre eles Marilson dos Santos, tiveram sua primeira experiência na corrida, como informou Hugo Bethlen minu-tos antes da largada. “É a primeira meia maratona em que participo e imagino concluir com um tempo bas-tante conservador de 2 horas e meia, mas o mais importante é chegar. Sen-do esta nossa primeira prova, estamos bastante angustiados e com bastante emoção para a chegada”.

Como é de se esperar em eventos es-portivos que atraem milhares de pes-soas, as figuras fantasiadas e engraça-das também se fizeram notar na Mini. Para se ter uma idéia da dimensão desta minimaratona, quando os pri-meiros corredores completam os 7,2 km, ainda havia muita gente andando sobre a ponte.

A área de dispersão das duas provas, em frente ao Convento dos Jerônimos

O pelotão dianteiro, ainda no terço inicial da Meia de Lisboa

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Marilson é 4º na Meia de lisBoa

como avalia seu desempenho na Meia de lisboa?Uma prova forte, muito rápida. apesar do clima não ter ajudado pois ventava bastante (na volta), consegui o recorde pessoal a 1.00.40, a 3ª melhor marca do Brasil, e estou feliz (nr: o recorde brasileiro, e sul-americano, pertence a eduardo do nascimento, conse-guido também em lisboa, 2001, com 1:00:30). Meu caminho é esse, minha expectativa era fazer um tempo assim, eu consegui, e agora vamos ver o que consigo em londres.

Qual o trecho mais difícil desta meia-maratona?Para mim foi a parte final, porque o pelotão se desmanchou e fiquei sozi-nho nesse trecho, em que enfrenta-mos vento contra.

Qual foi sua estratégia na prova?Minha intenção era sempre acompa-nhar o pelotão; se eu estivesse me sentindo bem eu ia arrancar, mas aconteceu o contrário, ou seja, três quenianos escaparam e eu acabei sobrando um pouco. Mas todo mun-do sabe que esta é uma das meias-maratonas mais rápidas do mundo, e eu estou muito feliz com o resultado.

Quando faltavam 3 minutos para a largada, você e alguns quenianos não estavam colocados na primeira fila. Vocês tiveram que vir de trás, isto é habitual ou foi uma deficiên-cia na organização?acho que foi falta de experiência mi-nha, mesmo porque todo mundo sabe que esta prova é bem organi-zada. Como foi minha primeira vez, fiquei um pouco perdido.

na maior parte do percurso quase não há publico incentivando. esse fato afeta sua corrida, o desanima?

eu particularmente não ligo muito para isso, procuro me concentrar na prova, independentemente da torcida.

como está sendo sua preparação para a Maratona de londres?Comecei a treinar na Colômbia e fi-quei por lá 29 dias; agora retorno ao Brasil e lá termino meus treinamen-tos. a expectativa é que treine mais rápido, pois a Maratona de londres é uma prova rápida e quero chegar lá no melhor da minha forma física.

e quais são seus objetivos para o Pan-americano?sem dúvida é a principal competição que nós brasileiros vamos ter duran-te o ano e a expectativa também é muito grande, até mesmo porque eu vou fazer outras provas como os 5.000 e 10.000 metros. Minha inten-ção, após a Maratona de londres, é reduzir um pouco o volume de treinos e concertar-me para provas mais curtas. as expectativas que se criam para conseguir bons resulta-dos são geradas em função de ter conseguido recordes nestas distân-cias o ano passado. Minha prepara-ção para o Pan será no Brasil.

Quais serão seus principais adver-sários no Pan?os mexicanos e americanos são os maiores desafiantes. serão competi-ções duras, mas eu estarei em casa, com a nossa torcida e o nosso clima.

Marilson deu uma entrevista para a revista após a chegada. aqui os pontos principais.

Marilson fala de londres e Pan

Marilson, satisfeito pelo recorde pessoal nos 21,1 km