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O EFEITO DO TREINO TÉCNICO SOBRE O “PÉ NÃO PREFERIDO” NA REDUÇÃO DAS ASSIMETRIAS FUNCIONAIS DOS MEMBROS INFERIORES EM JOVENS FUTEBOLISTAS Dissertação apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, no âmbito do curso do 2º ciclo de Desporto para Crianças e Jovens, de acordo com o Decreto-Lei nº 74/2006, de 24 de Março. Autor: Edgar Luís Feitosa Cambão Orientador: Professor Doutor José Guilherme Oliveira Porto, setembro de 2014

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O EFEITO DO TREINO TÉCNICO SOBRE O “PÉ NÃO PREFERIDO”

NA REDUÇÃO DAS ASSIMETRIAS FUNCIONAIS DOS MEMBROS

INFERIORES EM JOVENS FUTEBOLISTAS

Dissertação apresentada à Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto, no âmbito

do curso do 2º ciclo de Desporto para Crianças e Jovens,

de acordo com o Decreto-Lei nº 74/2006, de 24 de Março.

Autor: Edgar Luís Feitosa Cambão

Orientador: Professor Doutor José Guilherme Oliveira

Porto, setembro de 2014

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Ficha de catalogação

Cambão, E. (2014). O efeito do treino técnico sobre o pé não preferido na redução

das assimetrias funcionais dos membros inferiores em jovens futebolistas. Porto: E.

Cambão. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto.

PALAVRAS - CHAVE: PÉ NÃO PREFERIDO, PÉ PREFERIDO, ASSIMETRIAS

MOTORAS FUNCIONAIS, FUTEBOL, TÉCNICA.

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"Eu preferia ter nascido agora, porque tive de me adaptar a várias mudanças. Os

miúdos agora trabalham o jogo com ambos os pés, são mais equilibrados, gerem

melhor o um para um. Antes íamos pelo chão a rastejar, era para varrer, agora a

ordem é ficar em posição. Com o talento que tinha, se tivesse aparecido nesta altura

teria atingido outro nível."

Vítor Baía in notícias-do-futebol.com

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I

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II

Agradecimentos

De forma propositada deixei este ponto para o final. Foi com grande sacrifício

pessoal e profissional que consegui este objetivo de vida. É, por isso, imprescindível

o agradecimento a algumas pessoas que me ajudaram a concluir esta etapa:

Ao Professor Doutor José Guilherme Oliveira, agradeço a disponibilidade, a

competência, as correções, o profissionalismo, a forma paciente com que me

orientou ao longo deste tempo e por ser, não raras vezes, o meu único apoio na

Faculdade.

Ao Presidente António Pinho, ao Coordenador da formação Srjan Slagalo, e ao José

Marques agradeço a forma como me receberam e integraram no corpo técnico de

uma instituição centenária e enorme prestígio como o Leça F.C.

Ao meu amigo Rui Oliveira, agradeço toda a liberdade e autonomia que me deu na

preparação dos treinos ao longo da época, e por me ter possibilitado a realização

deste trabalho.

Aos jogadores que participaram neste trabalho, que demonstraram sempre muita

vontade de aprender e de evoluir.

Aos meus amigos Eduardo Fernandes, Nuno Silva, Ricardo Miranda, João Vieira,

Andreia Silva, Flávia Salé, Soraia Louro e Andreia Aguiar.

Ao meu irmão Filipe, agradeço tudo que fez por mim. Desde as conversas informais

sobre futebol, até ao apoio incondicional e incentivo para continuar o meu

“caminho”. Por saber que sempre acreditaste em mim e que apesar dos quase

10 000 km que nos separam estamos várias vezes juntos em pensamento.

Ao meu Pai. Que, apesar de não saber, sempre foi, ao longo dos anos, uma

motivação, uma inspiração, um exemplo de trabalho e dedicação a algo que se ama.

Obrigado Pai

À minha Mãe. Agradeço todos os sacrifícios que fez ao longo dos anos por mim e

pelo meu irmão para podermos ter aquilo que ela não teve. Agradeço a força que

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III

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IV

me deu sempre que precisei. Agradeço a compreensão, o carinho, o amor e a

preocupação. Sou um felizardo por ter uns Pais como vocês.

À minha namorada Sara. Ao longo desta etapa o destino pregou-nos uma partida e

tudo fez para que não terminássemos este capítulo da história da nossa vida. Só tu

sabes o que passámos e os obstáculos que tivemos de ultrapassar nesta

caminhada, e muitas vezes só nos tínhamos um ao outro. Obrigado por tudo, pelo

amor, pela amizade, pelo carinho, e por seres uma força da Natureza mesmo

quando uma parte de ti já partiu. Obrigado. Amo-te.

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Índice Geral

Agradecimentos ................................................................................................................................ II

Índice Geral ...................................................................................................................................... VI

Índice de tabelas .................................................................................................................... VIII

Índice de Gráficos ..................................................................................................................... X

Resumo ............................................................................................................................................. VI

Abstract ................................................................................................................................... VIII

CAPÍTULO I ....................................................................................................................................... X

Introdução ...................................................................................................................................... 2

CAPÍTULO II ..................................................................................................................................... 6

Fundamentação Teórica ............................................................................................................. 8

Definições e Conceitos ................................................................................................................ 8

1 – A Lateralidade e as Assimetrias funcionais pedais ...................................................... 8

2 – Índices de Assimetria Lateral ......................................................................................... 12

3 – Classificação dos Índices de Preferência Lateral ....................................................... 14

4 – Lateralidade no futebol .................................................................................................... 16

5 – Aquisição de habilidades motoras................................................................................. 18

6 – Fases de aquisição das habilidades motoras. ............................................................ 20

CAPÍTULO III .................................................................................................................................. 24

Material e Métodos ................................................................................................................. 26

Instrumentos ............................................................................................................................ 28

Caracterização das Categorias .................................................................................................... 31

Avaliação da preferência pedal ............................................................................................ 34

Desenho experimental ........................................................................................................... 34

Procedimentos estatísticos ................................................................................................... 34

CAPÍTULO IV .................................................................................................................................. 36

Apresentação dos resultados ................................................................................................... 38

CAPÍTULO V ................................................................................................................................... 46

Discussão dos resultados ............................................................................................................. 48

CAPÍTULO VI .................................................................................................................................. 52

CAPÍTULO VI .................................................................................................................................. 56

Referências Bibliográficas ............................................................................................................. 58

ANEXOS .......................................................................................................................................... 66

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VII

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VIII

Índice de tabelas

Tabela 1 - Características da amostra que constituem o estudo no que diz respeito

à idade e aos anos de prática. Média e Desvio – Padrão. .................................... 26

Tabela 2 - Categorias e subcategorias “SAFALL – FOOT”. .................................. 28

Tabela 3 - Valores médios do Índice de Utilização do “Pé Preferido” e do “Pé não

Preferido” e respetivo Desvio Padrão. ................................................................... 38

Tabela 4 - Resultados do Teste de Wilcoxon sobre os índices de utilização antes e

depois do treino com o “Pé Preferido”. .................................................................. 40

Tabela 5 - Resultados do Teste de Wilcoxon sobre os índices de utilização antes e

depois do treino com o “Pé Não Preferido”. .......................................................... 41

Tabela 6 - Índices de utilização do “Pé Preferido”, “Pé Não Preferido” e respetivos

índices de Diferença. ............................................................................................. 42

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X

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Valores médios da utilização do “Pé Não Preferido” antes e depois da

aplicação do estudo. ............................................................................................. 38

Gráfico 2 - Valores médios da utilização do “Pé Preferido” antes e depois da

aplicação do estudo. ............................................................................................. 39

Gráfico 3 – Valores do Índice de Utilização do “Pé Preferido” nos dois momentos de

avaliação. .............................................................................................................. 43

Gráfico 4 - Valores do Índice de Utilização do "Pé Não Preferido" nos dois momentos

de avaliação. ......................................................................................................... 44

Gráfico 5 - Valores do Índice de Diferença nos dois momentos de avaliação. ...... 45

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Resumo

Este trabalho foca-se na pertinência do treino técnico para a redução das

assimetrias funcionais pedais em jovens jogadores de futebol. Para perceber as

características do contexto de prática que incrementam o nível de proficiência do

“pé não preferido” em contexto de jogo, foram elencadas várias temáticas como: as

assimetrias funcionais pedais; a lateralidade, dividida entre a definição, os índices,

e a classificação desses índices; contextualização da lateralidade no futebol;

definição e características das habilidades motoras; e fases de aquisição de

habilidades motoras.

Para constatar se um programa de treino técnico específico para o “pé não

preferido” tem implicações no aumento do seu índice de utilização foi utilizado um

instrumento denominado de “Sistema de avaliação da assimetria funcional dos

membros inferiores em futebol – SAFALL – FOOT”.

Os resultados encontrados permitem afirmar que o treino técnico direcionado para

o “pé não preferido” revela implicações significativas na diminuição das assimetrias

funcionais, sendo que valor médio de utilização do “pé não preferido” passou de

2,512 ± 2,043 para 3,052 ± 1,455. Consequentemente o valor médio do “pé

preferido” passou de 6,555 ± 2,027 para 6,003 ± 1,711.

Posto isto, é possível afirmar que o treino técnico sistemático e direcionado para o

“pé não preferido” aumenta o seu índice de utilização em situação de jogo.

PALAVRAS - CHAVE: PÉ NÃO PREFERIDO, PÉ PREFERIDO, ASSIMETRIAS

FUNCIONAIS, FUTEBOL, HABILIDADES MOTORAS.

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Abstract

This paper seeks focuses on the relevance of technical training to reduce functional

asymmetries pedals in young soccer players. To understand the characteristics of

the context of practice that increase the level of proficiency of the "non-preferred

foot" in game context, several issues were listed as: functional asymmetries pedals;

laterality, divided between the definition, indexes, and the classification of these

indices; contextualization of laterality in football; definition and characteristics of

motor skills; and stages of motor skill acquisition.

To verify if a program-specific technical training to "not preferred foot" has

implications in increasing your rate of use of an instrument called a "SAFALL - FOOT

assessment system functional asymmetry of the lower limbs in football" was used.

The results assert that the technical training directed to "not preferred foot" reveals

significant implications in the reduction of functional asymmetries, and average

usage of "non-preferred foot" went from 2.512 ± 2.043 to 3.052 ± 1.455.

Consequently the average value of the 'preferred foot "went from 6,555 ± 2,027 to

6,003 ± 1,711.

The results prove that systematic technical training and directed to the "non-

preferred foot" increases your rate of use in a game situation.

KEY - WORDS: NON-PREFERRED FOOT, PREFERRED FOOT, FUNCTIONAL

ASYMMETRY, FOOTBALL, MOTOR SKILLS.

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CAPÍTULO I

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Introdução

Nos Jogos Desportivos Coletivos o jogador deve ter uma formação de base que

implique o trabalho de diferentes dimensões, nomeadamente a técnica e a tática,

pois, se por um lado a componente tática auxilia o jogador a ter uma maior

capacidade no momento da tomada de decisão, a componente técnica ajuda na

aplicação de mecanismos importantes na respetiva operacionalização (Rosado &

Mesquita, 2009).

O nível de desempenho apresentado pelos jogadores, num jogo de futebol está

intimamente relacionado com a conjugação de capacidades cognitivas, perceptivas,

decisionais e motoras (Williams, 2000). A capacidade cognitiva tem a ver com a

aptidão que os jogadores têm na interpretação da informação relevante que provém

do jogo, e a capacidade percetiva está relacionada com a aptidão de captar a

informação que resulta do meio envolvente, da ação e saber o que fazer nesse

momento (Williams, 2000). A capacidade decisional, como o próprio nome indica,

consiste em criar um conjunto de referências decisionais para que o jogador saiba

o que fazer em todos os momentos do jogo. Por sua vez a capacidade motora

relaciona-se com a execução das habilidades técnicas e táticas especificas (Reilly,

Williams, Nevil, & Franks, 2000).

Neste sentido, um jogador que tenha uma boa capacidade de executar diversas

habilidades motoras específicas do futebol, não possui obrigatoriamente a

capacidade de efetivar a técnica de uma forma eficiente num contexto competitivo,

ou seja, uma ótima capacidade técnica não implica que o jogador saiba o que fazer

em todos os momentos do jogo (Matias & Greco, 2010). Se o jogador não entender

o que faz e porque faz, as suas ações perdem alguma objetividade e significado,

pois, o jogador deve interpretar as exigências do jogo para produzir ações

contextualizadas. As decisões que os jogadores assumem durante o jogo parecem

estar relacionadas com os recursos técnicos que dispõem (French, Nevett, et al.,

1996).

Para um jogador se tornar mais competente nas habilidades motoras especificas do

futebol, a unilateralidade emerge como uma desvantagem e a exemplo disso, Porac

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e Coren (1981) entendem que os jogadores de futebol devem ser capazes de chutar

com ambos os pés, pois, as assimetrias laterais podem refletir-se no desempenho

motor apresentado pelo jogador na execução de determinadas habilidades motoras

e ainda na preferência por um dos lados corporais (Teixeira & Paroli, 2000).

French, Nevett, et al., (1996), concluíram que as diferenças fundamentais entre

jogadores de elevada proficiência são ao nível das capacidades e competências

cognitivas, percetivas e decisionais. Esta constatação levou a que os processos de

treino e de ensino privilegiassem essas competências em detrimento de outros

processos mais ligados às componentes técnicas e táticas e trouxe algumas

vantagens ao treino, desde logo a contextualização e a variabilidade da solicitação

das habilidades motoras específicas, levando a uma ótima capacidade de

adaptação da habilidade às diversas circunstâncias (Mesquita, 2009; Tani, Santos,

& Júnior, 2006). No entanto, traz também desvantagens, pois, a complexidade dos

contextos, que podem conduzir a uma dificuldade dos principiantes na realização

de habilidades motoras específicas num contexto competitivo, e com o facto de

algumas habilidades motoras não terem grande significância quanto à quantidade

de vezes que são requisitadas em contexto de jogo.

Alguns estudos (Teixeira, 2001; Haaland & Hoff, 2003; Teixeira, Silva & Carvalho,

2003; Cobalchini & Silva, 2008) suportam a ideia de que a melhoria e aumento da

utilização do “pé não preferido” e, consequentemente a redução das assimetrias

funcionais, resulta de processos de treino especificamente direcionados para o

efeito demonstra que o treino similar entre dois membros apresentam melhorias

significativas no lado “não preferido”. Recentemente Guilherme (2014), num estudo

acerca da redução das assimetrias laterais em jovens futebolistas constatou

também que o treino técnico direcionado sobre o “pé não preferido” tem implicações

significativas no aumento do índice de utilização do “pé não preferido”.

Apesar da importância destes estudos e da informação que deles decorre, apenas

Guilherme (2014) realizou o controlo dos resultados em contexto de jogo e não

através de exercícios critério, o que aumentou exponencialmente a validade e

fiabilidade ecológica (Ali, 2011),

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Assim sendo, este trabalho, procura perceber que características os contextos de

prática devem promover e oferecer ao jogador para que se verifique, de forma

efetiva, a redução da assimetria funcional entre o “pé preferido” e o “pé não

preferido”.

Posto isto, emerge como objetivo geral deste trabalho perceber se o treino técnico

específico para o “pé não preferido” promove o aumento do índice de utilização do

“pé não preferido”, reduzindo assim a assimetria funcional em relação ao “pé

preferido” em situação de jogo.

Os objetivos específicos procuraram:

Averiguar se um programa de treino específico para o “pé não preferido”

promove, ou não, o aumento do índice de utilização respetivo, em situação

de jogo.

Refletir sobre as particularidades e alterações registadas nos índices de

utilização do “pé preferido” e “não preferido” de cada jogador

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CAPÍTULO II

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Fundamentação Teórica

Definições e Conceitos

1 – A Lateralidade e as Assimetrias funcionais pedais

Para Holle (1979), a lateralidade é definida como a sensação de que o corpo tem

dois lados simétricos, e de que possuímos duas partes do corpo que não são

exatamente iguais. É o predomínio de um dos lados do corpo sobre o outro e, por

norma, refere-se ao predomínio de uma mão em relação à outra. No entanto,

abrange também os membros inferiores, os olhos e os ouvidos. O mesmo autor,

(1979), entende que durante o crescimento vamos de forma natural definindo um

lado preferido para a realização das mais diversas atividades quotidianas e que,

esse lado preferido se tornará por isso mais forte, mais ágil, e mais preciso. Este

fenómeno traduz-se numa assimetria lateral funcional que se revela na preferência

de utilização de um dos lados e na proficiência. A preferência está relacionada com

o membro ou órgão que o individuo elege para tarefas unilaterais, ou nas bilaterais,

aquele que tem a função principal na tarefa, e a proficiência tem que ver com a

existência de um membro ou órgão mais hábil ou mais eficaz (Teixeira & Paroli,

2000).

Segundo Fonseca (1983), o facto de um indivíduo ter um dos lados como preferido

depende de inúmeros fatores, entre os quais os estímulos do meio exterior, a

somatognosia, o desenvolvimento afetivo, os fatores hereditários, o envolvimento

familiar e cultural. Assim, pode afirmar-se que os fatores culturais e hereditários

inatos participam ativamente no desenvolvimento do processo de lateralidade e que

a criança deve definir o seu lado preferido com naturalidade e sem pressões do

meio exterior. Esta ideia é reforçada, mais tarde, por Vasconcelos (2004) quando

refere que as assimetrias e o facto de um indivíduo assumir um lado como

“preferido” resulta de fatores genéticos, pois os genes são os responsáveis por um

desenvolvimento diferenciado dos hemisférios cerebrais e pelo controlo corporal de

forma cruzada e resultam também de fatores socioculturais e experiências vividas.

Apesar destas duas referências o “membro preferido” não apresenta uma

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consistência exclusiva da proficiência motora, ou seja, verifica-se que o membro

“não preferido” tem também um elevado índice de proficiência em certas

habilidades motoras.

Outra fonte, Negrine (1986), refere que a lateralidade corporal está relacionada com

um esquema do espaço interno do individuo que o capacita a utilizar um lado do

corpo com melhor desembaraço do que o outro, ou seja, que os dois lados do corpo

não são uniformes e que essa distinção se manifesta ao longo do processo de

desenvolvimento do individuo e da experimentação, pois, como consequência de o

mundo estar organizado e programado, maioritariamente, para destros, é comum

encontrar-se canhotos bem lateralizados na infância, mas que na idade adulta se

tornaram destros para realizarem várias tarefas. Estes casos são, claramente,

influenciados pelo meio, pois, se assim não fosse os indivíduos permaneceriam com

a mesma lateralização desde a nascença.

Como foi já referido, as assimetrias funcionais revelam-se numa preferência de

utilização de um determinado membro e na maior proficiência com um membro

comparativamente com o outro. No entanto, é necessário definir claramente aquilo

que queremos observar, pois, um membro pode ser o “preferido” para a realização

de determinada tarefa e ser o “não preferido” para a realização de outra.

Invariavelmente, no processo de aprendizagem de determinada habilidade motora

verifica-se o desejo de ter sucesso na execução dessa tarefa o mais rapidamente

possível, e por essa razão, o aprendiz confere, de forma inconsciente, maior ênfase

ao membro do lado que se sente com maior capacidade. Neste contexto desponta

um fenómeno designado de transferência bilateral de aprendizagem que resulta

também de uma interação de fatores cognitivos, motores e neuromusculares (Magill,

2001). Para aclarar este fenómeno existe uma explicação cognitiva que defende

que a prática de uma determinada habilidade com um dos membros disponibiliza

informação cognitiva para execução dessa mesma tarefa com o membro do lado

oposto (Haaland & Hoff, 2003). Neste contexto é importante salientar ainda que

através de uma ativação neuromuscular e uma suficiente maturação de um

programa motor generalizado é possível realizar uma determinada tarefa com um

qualquer dos dois membros com um sucesso idêntico (Haaland & Hoff, 2003). Por

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outro lado existe uma explicação que se fundamenta no controlo motor e que

apresenta duas vertentes: uma relacionada com os programas motores

generalizados e outra relacionada com a ativação neuromuscular. Os programas

generalizados atuam como mecanismos de controlo, numa relação íntima entre a

perceção e a ação, e deste modo, com um suficiente desenvolvimento de um

programa motor generalizado para um dos membros, parece ser possível

desenvolver um nível idêntico de proficiência. A ativação neuromuscular trata-se da

comunicação entre hemisférios cerebrais, relativamente às informações sobre as

componentes motoras da tarefa a ser realizada.

Após esta reflexão sobre as assimetrias funcionais e da lateralidade, é importante

aprofundar a lateralidade quanto às suas diferentes dimensões, e perceber

concretamente como é que a lateralidade se expressa.

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2 – Índices de Assimetria Lateral

De acordo com a literatura (Porac & Coren, 1981; Springer & Deutsch, 1998;

Hinojosa, Sheu, Michel, 2003; Vasconcelos, 2004), existem quatro diferentes

índices de assimetria lateral: preferência manual, a preferência pedal, a preferência

visual e a preferência auditiva. Destes quatro, dois deles são índices motores

(manual e pedal) e os outros dois são sensitivos (visual e auditivo).

Ao longo dos tempos o índice mais investigado em termos académicos foi o da

preferência manual, e refere-se obviamente à escolha de uma mão em detrimento

da outra na grande maioria das atividades que sejam realizadas por apenas uma

mão (Van Strien, 2002), por sua vez, preferência visual é manifestada na propensão

de um individuo em preferir um olho em detrimento ao outro numa tarefa monocular

(Porac & Coren, 1976). A a preferência auditiva é um assunto pouco claro ainda,

sendo por isso ainda difícil classificar e relacionar a preferência auditiva, assim

como as suas limitações. O último índice de lateralidade a abordar neste estudo é

a preferência pedal, que está relacionada com o pé mais requisitado para a

realização de uma qualquer tarefa e que pode ser restringida em dois itens: a

preferência pedal estática, como por exemplo, o equilíbrio num só pé e a preferência

pedal dinâmica que diz respeito à escolha do pé preferido para a realização de

movimentos enérgicos, como, a título de exemplo, o remate no Futebol (Navarra,

Vallés & Roig, 2000).

A assimetria motora funcional pedal não é tão evidente como a assimetria motora

funcional manual, pois, a maioria das ações engloba um comportamento simétrico

de ambas as pernas e, de acordo com Carey et. al., (2008), para tarefas que

requerem a utilização de apenas um pé (unipedais) verifica-se uma dissemelhante

utilização em termos de destreza e força. Neste índice de lateralidade verifica-se

um a existência de um “pé preferido” para a maioria das tarefas, sendo que o” pé

não preferido” é utilizado para dar o suporte e a coordenação necessárias para

estabilizar o corpo (Maupas et al., 2002). O mesmo autor alude para a existência de

pouca variação de força entre o “pé preferido” e “não preferido” na eficácia pedal,

no suporte estático e dinâmico pedal.

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Estes índices manifestam a lateralidade como um fenómeno dinâmico e

multidimensional relacionado com a direção e a força da preferência pedal das

diferentes dimensões da lateralidade, e a consistência da utilização de um dos

membros num determinado contexto. Portanto, é importante referir a existência de

três importantes fatores de variação, independentemente dos índices de preferência

lateral em causa: Direção; Consistência e Congruência.

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3 – Classificação dos Índices de Preferência Lateral

Como já foi anteriormente relatado no que concerne às assimetrias laterais, sejam

quais forem os índices apreciados, é inevitável diferenciar os conceitos de

preferência e proficiência. O primeiro conceito está relacionado com a eleição do

membro ou órgão preferido para tarefas unimanuais ou, nas bimanuais aquele tem

que tem a função primordial. Por proficiência entende-se a existência de um

membro ou órgão mais hábil, mais eficaz ou mais adaptado (Teixeira & Paroli,

2000). Dizer que um determinado indivíduo tem preferência no lado direito ou

esquerdo é mais complicado do que aquilo que se possa pensar, pois, é necessário

perceber e especificar a que membro nos estamos a referir e a que tipo de atividade.

O membro “preferido” realiza a grande maioria das atividades, no entanto, existe a

possibilidade de numa determinada tarefa ou função o membro “não preferido”

esteja mais adaptado.

Nas questões que envolvem a preferência e a proficiência, que foram analisadas

anteriormente, devemos considerar a direção, a consistência e a congruência.

Na classificação quanto à direção, Costé (1992), classifica quatro tipos de

lateralidade: a destralidade verdadeira, caracterizada por uma dominância cerebral

à esquerda; a sinistralidade verdadeira, na qual a dominância cerebral estaria à

direita; a falsa destralidade, quando um sujeito é destro devido a uma imposição

social ou uma lesão; e por último a falsa sinistralidade, é quando um individuo é

canhoto devido a uma imposição ou lesão. Mais recentemente, Magalhães (2001)

classifica os indivíduos, no que concerne ao fenómeno da lateralidade, como

destros (caracterizados por um predomínio claro da utilização dos membros do lado

direito do corpo), com preferência lateral esquerda (indivíduos que apresentam um

predomínio de utilização dos membros do lado esquerdo do corpo), e ambidestros

(indivíduos que utilizam os membros dos dois lados do corpo humano com

semelhante capacidade motora.

Quanto à Consistência, a classificação é determinada a partir do valor absoluto do

quociente de lateralidade e está relacionada com a proporção estabelecida entre a

diferença do número de tarefas executadas com o lado direito e com o lado

esquerdo, e o número total das tarefas realizadas (Vasconcelos, 2008). Está ainda

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relacionada com a intensidade da preferência lateral, pois, quanto mais lateralizado

o individuo demonstrar ser, mais consistente será na utilização do lado preferido.

Vasconcelos (2008) refere que podemos que podemos classificar os indivíduos

quanto à consistência da preferência lateral: dicotómica (consistentes e não

consistentes); tricotómica (consistentes à esquerda, consistentes à direita e não

consistentes); tetracotómica (consistentes à esquerda, não consistentes à

esquerda, consistentes à direita e não consistentes à direita).

O último ponto a considerar é a congruência da preferência lateral e que possibilita,

segundo Porac & Coren (1981), uma classificação dicotómica congruente quando

os índices considerados apresentam preferência pelo mesmo lado. Uma

classificação dicotómica cruzada, quando pelo menos um dos indivíduos

considerados apresenta uma preferência pelo lado oposto aos restantes. Uma

classificação tricotómica que se caracteriza por uma congruência à direita quando

os índices considerados manifestam preferência pelo lado direito, congruente à

esquerda quando os índices considerados revelam preferência pelo lado esquerdo,

e cruzado quando pelo menos um dos índices considerados apresenta uma

preferência pelo lado oposto aos restantes.

Esta classificação permite concluir que a lateralidade é um fenómeno

multidimensional, dinâmico, que pode sofres alterações face a pressões ambientais

e de essas alterações poderem estar relacionadas com a preferência ou a

proficiência. Um membro pode ser “preferido” para uma tarefa, por exemplo o

remate no Futebol, mas ser o “não preferido” no apoio e suporte do corpo. Na área

do futebol existem vários estudos sobre a pertinência da utilização de ambos os

pés, “preferido” e “não preferido”, na proficiência dos jogadores em competição.

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4 – Lateralidade no futebol

No futebol existem muito poucos jogadores que possuam a mesma destreza e o

mesmo desembaraço com ambos os pés. A reforçar essa ideia, um estudo refere

que aproximadamente 79% dos jogadores utilizam o pé direito (destros) para o

remate e que a maioria dos jogadores não usa o membro “não preferido” em ações

de jogo, ou quando o fazem apenas acontece em situações de fácil ação (Carey et

al., 2001).Todavia, no futebol de alta competição, é fulcral ter essa capacidade, pois,

um jogador que possua essa competência não necessita perder frações de segundo

importantes quando, em situações de jogo formal, tem de usar o pé não preferido

(Teixeira & Paroli, 2000).

Sendo entendida como um fenómeno dinâmico da motricidade humana, a

lateralidade, implica que a quantidade de experiências passadas assumam um

papel significativo na determinação das diferenças de desempenho entre membros

homólogos dos dois lados do corpo (Starosta & Bergier, 1997). Os mesmos autores

(1997) referem que a pouca utilização do membro “não preferido” no futebol parece

estar relacionada com um desequilíbrio na preparação técnica dos jogadores.

Não obstante, alguns estudos referem que jogadores que utilizam ambos os pés

(ambidestros) podem ter vantagens durante a competição, pois, este tipo de

jogadores usam estratégias distintas dos atletas que apenas utilizam o pé direito ou

apenas o esquerdo. Por outro lado, no caso de jogadores que apenas utilizam o

“membro não preferido” em situações de baixa exigência técnica, há prejuízo no

rendimento dos jogadores e da equipa durante a partida (Carey et al., 2001).

No futebol de elite, onde há uma elevada complexidade na maioria das ações é

também importante que os membros possam trocar de papel (ação e suporte), de

acordo com o contexto e a exigência do momento. Os mesmos autores (2001)

acreditam que os jogadores que utilizam os dois pés com uma assinalável

competência têm uma maior habilidade do que aqueles que apenas utilizam

eficazmente o membro “preferido”. Por sua vez, Porac e Coren (1981), ao

estudarem a proficiência do pé esquerdo e direito preferidos, concluíram que esta

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seria uma medida indireta da habilidade dos jogadores e que a média favorecia os

jogadores que jogavam com o pé esquerdo.

Teixeira, Silva e Carvalho (2003), num estudo com crianças dos 12 aos 14 anos,

concluíram através de vários experiências que crianças com preferência pedal

direita tinham uma maior nível de proficiência do que as crianças que apresentavam

uma preferência pedal contrária. Para Barbieiri, Santiago, Gobbi e Cunha (2008), o

alto rendimento do jogador com ambos os pés facilita as ações do próprio durante

o jogo, pois dá um maior background técnico/tático e acreditam e defendem também

que as assimetrias laterias no futebol prejudicam o rendimento do jogador. Por

último, e através da análise de alguns estudos existentes, parece claro que o

membro preferido, no futebol, é mais proficiente do que o não preferido.

Por sua vez, Haaland e Hoff (2003), verificaram que os níveis de eficácia do “pé não

preferido” aumentaram significativamente depois de aplicarem um programa de

treino para esse membro. No entanto, atestaram que por consequência ou não os

níveis de eficácia do pé preferido melhoraram igualmente.

Em outro estudo, Oliveira, Beltrão e Silva (2003), concluíram que as assimetrias

dos membros inferiores estão associadas a desempenhos mais eficientes e que a

eficácia surge, na maioria dos casos, associada ao fenómeno da ambidestria.

Da análise dos resultados destes estudos emergem duas ideias: que a capacidade

de utilização dos dois pés, com semelhante proficiência, aumenta a qualidade de

desempenho do jogador, e ainda que o aumento de proficiência do pé não preferido

resulta de uma exercitação direcionada para esse efeito. Todavia a qualidade

técnica de um jogador não pode ser analisada de uma forma isolada e

descontextualizada do jogo, pois, é aí que se encontram as adversidades e

variabilidades no espaço e no tempo que permitem ao jogador melhorar a sua

performance (Garganta, 2006).

Apesar desta conclusão, é também importante refletir sobre as características das

habilidades motoras que podem ser trabalhadas de uma forma bilateral, no sentido

de serem melhorados os processos de ensino e de treino direcionados para o

aumento da performance do lado não preferido.

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5 – Aquisição de habilidades motoras

Para Hoff e Haaland (2002), o adestramento do “pé não preferido” aumenta as

performances específicas do futebol, a capacidade de atenção com implicações

positivas na organização cerebral e, consequentemente, no controlo e

aprendizagem motora. O mesmo é dizer que, a diminuição da diferença de utilização

entre o “pé preferido” e “não preferido” para as habilidades motoras específicas do

futebol conduz a uma melhoria das capacidades cognitivas, que por sua vez

aumentam a capacidade de adaptação a novos estímulos e habilidades. Na mesma

linha de pensamento, Oliveira et al., (2003) referem que no futebol os atletas que

utilizam com similar desenvoltura os dois pés têm, por norma, uma maior

performance quer a nível técnico quer a nível tático, bem como uma maior destreza

motora do que aqueles que utilizam maioritariamente o “pé preferido”. Uma

característica da ambidestria tem que ver com uma adaptação mais eficaz com as

características dos adversários (Carey et al., 2001).

Convém, todavia, diferenciar a “técnica”, das habilidades motoras, no sentido de

entender o ensino e o treino das mesmas. Tani, G., Santos, S., e Júnior, C. (2006),

referem que a capacidade técnica pode ser abordada de duas formas distintas, a

saber: quanto à informação intrínseca que o jogador já possui sobre a forma de

realizar uma determinada habilidade motora, e quanto à informação disponível

sobre uma maneira de atingir uma determinado objetivo através de uma ação. Por

seu turno, as habilidades motoras podem ser conotadas como uma tarefa em que

a proficiente realização requer um processo de aprendizagem, ou como um

indicador da qualidade de desempenho. Enquanto a técnica está arrolada com a

informação importante para a execução de uma determinada tarefa, a habilidade

motora é uma interiorização de informação que provoca mudanças internas

(cognitivas, percetivas e motoras) adquiridas através de processos de

aprendizagem (Tani, G., Santos, S., & Júnior, C.,2006).

As habilidades motoras têm algumas características que convém dissecar, no

sentido de perceber melhor a dinâmica de aquisição que produz mudanças no

individuo a vários níveis.

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A primeira característica está relacionada com o facto de a habilidade motora ser

direcionada para alcançar objetivos em contextos específicos, ou seja, a habilidade

motora é usada em função do contexto e requer uma intencionalidade prévia

(Bruner, 1973). Como segunda distintiva surge o facto de as habilidades motoras

requisitarem, ao mesmo tempo, precisão (relacionado com a compatibilidade que a

habilidade revela perante o objetivo), consistência (relacionada com a estabilidade

dos níveis de eficácia e eficiência que a execução da habilidade demonstra) e a

flexibilidade (relacionada com a capacidade de adaptação que o sujeito demonstra

para realizar a habilidade em diferentes contextos) em relação à ação a executar

(Benda & Tani, 2005).

Outra característica muito importante das habilidades motoras é aquilo a que Hebb

(1949) chamou de equivalência motora. Esta particularidade está relacionada com

a capacidade de atingir os mesmos objetivos e metas através de diferentes padrões

de ação ou de movimento (Tani, 2008).

Concluindo, é por isso importante entender que, nos jogos desportivos, o ensino e

o treino das habilidades devem dar ao individuo a capacidade de dominarem

diferentes padrões de movimento da mesma habilidade (Tani, G., Santos, S., &

Júnior, C.,2006).

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6 – Fases de aquisição das habilidades motoras.

A “técnica” no futebol pode ser definida quanto à informação disponível sobre o

modo de realizar uma habilidade específica ou quanto à informação disponível

acerca da maneira de alcançar um objetivo através da ação (Tani, 2006).

Estas duas formas de definir a técnica levam a pensar que o carater objetivo e

contextual da técnica tendo em conta o modo de execução (eficiência) e o resultado

final (eficácia). A eficiência está relacionada com a qualidade do processo de

realização de uma determinada habilidade, ou seja, uma espécie de “saber fazer”

sobre determinados aspetos. Por sua vez, a eficácia está mais relacionada com o

final de alguma obra. Logo, ser eficiente não quer dizer que se seja eficaz, e vice-

versa, pois execução correta das habilidades (eficiência), que conduz à obtenção

do sucesso (eficácia).

Nos jogos desportivos coletivos, as habilidades técnicas constituem estruturas

especificas atos motores integrados, característicos de cada modalidade, e que

ajudam o jogador na resolução dos problemas decorrentes no processo de jogo.

Fitts e Posner (1967) defendem a existência de três fases no que diz respeito à

aquisição de habilidades, a fase inicial ou cognitiva que se caracteriza por ser uma

fase onde o jogador não consegue identificar os erros que comete e onde o jogador

deve perceber as informações mais relevantes para aplicar as habilidades numa

situação de jogo. A fase seguinte denominada de intermédia ou associativa

caracteriza-se pela redução dos erros por parte do jogador e verifica-se um gradual

aumento do desempenho, embora os padrões de movimento corretos ainda não

estão convenientemente consolidados.

Na fase final ou autónoma verificam-se grandes ganhos ao nível da proficiência dos

jogadores, e onde as habilidades são controladas pelo subconsciente, sendo que o

nível consciente é utilizado para as tarefas de leitura de jogo, de tomadas de decisão

e perceção. Todavia, o processo de aquisição de habilidade não fica concluída na

fase autónoma, pois, existem duas fases seguintes, segundo Tani (2005), que são

a de “estabilização” e a de “adaptação”. A fase de estabilização é caracterizada por

uma progressiva diminuição dos erros na parte da execução das habilidades, por

sua vez a fase da adaptação é o “ajuste” ao novo nível de complexidade.

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Não obstante, surge uma linha de pensamento que diferencia a técnica e a

habilidade de um jogador, ou seja, a técnica relaciona-se com a informação

relevante para a realização de uma determinada tarefa e a habilidade tem que ver

com mudanças internas do jogador a nível cognitivo, motor e percetivo. Convém

acrescentar que as habilidades motoras têm a necessidade de recrutar precisão

(tem a ver com a compatibilidade que a habilidade demonstra perante o objetivo a

que se destina); consistência (estabilidade entre os níveis de eficiência e eficácia);

e a consistência da habilidade (capacidade de adaptação que o jogador demonstra

para realizar diversas habilidade em diferentes contextos) para realizar um

movimento ou ação (Tani, 2005).

No processo de formação de uma atleta em qualquer jogo desportivo coletivo é dado

grande ênfase e importância ao domínio de habilidades motoras características do

desporto em questão. Em qualquer desporto é exigido ao atleta que saiba realizar

qualquer habilidade técnica (eficiência) e que obtenha os resultados ligados aos

propósitos da ação. A relação entre eficiência e eficácia serve também para ajustar

a dinâmica dos movimentos.

No entanto não se verifica entendimento quanto à forma como as aprendizagens

evoluem e se formam novas estruturas a partir das já existentes. Talvez por isso,

surgiram dois modelos: o “ecológico e o de “não equilíbrio”. O primeiro conceito

entende que o envolvimento fornece a informação necessária para a realização da

ação sem a intervenção de um mediador central e que o comportamento é o

resultado de um processo de interação entre a auto-organização do individuo e a

informação das propriedades do envolvimento percetíveis para a efetivação da

tarefa (Corrêa, 2001).

Por sua vez, o segundo modelo de “não equilíbrio”, Tani (2005), preconiza a

existência de uma troca permanente de matéria (energia e informação) entre o

indivíduo e o meio ambiente. Por se tratar de um processo continuo, os autores

acreditam que devido ao constante aumento da complexidade, este modelo abarca

duas fases, a saber: a fase da estabilização (caracterizada por uma diminuição

gradual dos erros na execução das habilidades e que resulta uma progressiva

consistência da habilidade motora em causa) e a fase da adaptação (caracterizada

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pelo ajuste ás perturbações do meio, mas também às alterações que a própria

habilidade vai sofrendo).

No Futebol o facto de as habilidades motoras estarem integradas na estrutura

específica do jogo, implica que as mesmas sejam aplicadas sobre a égide do

pensamento tático, ou seja, como já foi anteriormente mencionado neste trabalho

um jogador de futebol pode ter uma colossal capacidade para executar as mais

diversas habilidades técnicas especificas do futebol, como o passe, remate ou o

drible. No entanto, um jogador deve perceber quando, como e onde aplicar esta ou

aquela habilidade no sentido de produzir ações contextualizadas e realmente

produtivas (Matias & Greco, 2010).

De acordo com Ericsson e colaboradores, (1993), a otimização das habilidades

motoras específicas, resulta de uma relação íntima entre a quantidade e a qualidade

da prática, e processo de treino é importante que os níveis de exigência e

complexidade sejam distintos e que sejam especificamente direcionados para os

jogadores em questão, de acordo com as suas capacidades e competências de

proficiência. O Futebol é, por si só, uma modalidade imprevisível e que leva a que

o contexto de prática promova características como a flexibilidade e a manifestação

de diferentes padrões motores e que o ensino e o desenvolvimento de uma

habilidade motora se realize em contextos de prática onde os indivíduos possam

explorar as habilidades com a liberdade necessária para que que essa habilidades

manifestem precisão, consistência e flexibilidade (Bernstein, 1967).

Como refere Mesquita (2004), nos Jogos Desportivos não se pode dissociar a

eficiência, eficácia e adaptação, pois, esta relação tem que ver com os apanágios

da normal funcionalidade e características da modalidade. As próprias habilidades

motoras não podem ser retiradas do contexto e das respetivas características

estruturais, e não pode ser confundido a interpretação pessoal das habilidades

técnicas com o erro técnico. Cada atleta, na sua respetiva modalidade, tem a sua

forma pessoal de interpretar os diferentes gestos técnicos, ou seja, cada atleta tem

o seu estilo próprio de as realizar. Tendo em conta tudo aquilo que foi referido é

importante não esquecer que para além que de se procurar potenciar a flexibilidade

da habilidade e dos padrões de movimento treinados, os contextos da prática para

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o pé não preferido devem abranger um nível de complexidade ajustada a uma

menor proficiência.

Concluindo, é necessário ter em atenção a contextualização das habilidades

motoras no que se refere à sua própria variabilidade, flexibilidade e quantidade de

prática necessária para que a proficiência seja atingida.

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CAPÍTULO III

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Material e Métodos

Descrição e caracterização da amostra

A amostra é constituída por 15 jovens futebolistas pertencentes à equipa de

Iniciados do Leça Futebol Clube. O número de anos de prática dos jogadores varia

entre 1 e 7. A Erro! A origem da referência não foi encontrada. retrata mais

detalhadamente algumas características da amostra.

Tabela 1 Características da amostra que constituem o estudo no que diz respeito à idade e aos anos de prática. Média e Desvio – Padrão.

Características Média ± Desvio Padrão

Idade (anos) 14,4 ± 0,41

Anos de prática 5,73 ± 1,41

Os jogadores pertencentes à amostra do estudo realizavam 3 sessões de treino por

semana, com a duração aproximada de 90 minutos, sendo que em alguns

momentos da época, período preparatório e férias escolares, eram realizados 4

treinos semanais.

A idade dos jogadores varia entre os 14 e os 15 anos devido ao facto de existirem

nesta equipa atletas no seu primeiro ano deste escalão e outros cumprem já o

segundo ano. Destes 15 atletas, 12 têm como “pé preferido” o direito o que

corresponde a aproximadamente 80% da amostra e apenas 3 têm o esquerdo

como” pé preferido”, correspondente a 20% da amostra.

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Instrumentos

Para a avaliação, em situação de jogo, do índice de assimetria funcional e de

utilização do “pé preferido” e “não preferido” foi utilizado o “System of assessment

of functional asymmetry of the lower limbs in Football” (SAFALL – FOOT)

(Guilherme, Graça, Seabra, & Garganta, 2012). Este sistema está dividido em 6

categorias e 32 subcategorias, com um valor associado, que permitem a análise da

frequência com que são utilizadas as habilidade motoras a analisar (Tabela 2). Para

a recolha dos dados em questão foram realizados jogos de 5x5, filmados para

posterior análise, com a duração de 20 minutos.

As dimensões do campo variam consoante o escalão, mas no caso dos atletas

correspondentes à amostra do estudo, as dimensões são de 45 metros de

comprimento por 29 de largura. Estes valores foram encontrados através do rácio

de utilização do espaço de jogo por jogador, tendo como referência as medidas

mínimas da International Football Association Board. O posicionamento que os

jogadores assumem durante a avaliação deve estar relacionado com os espaços

que por norma ocupam na sua equipa.

Tabela 2 - Categorias e subcategorias “SAFALL – FOOT (Guilherme, Graça, Seabra, & Garganta, 2012)

Categorias Sub - categorias Valorização

Interceção /

Desarme

Interceção/Desarme pé direito positiva 10

Interceção/Desarme pé direito negativo 2,5

Interceção/Desarme pé esquerdo positivo 10

Interceção/Desarme pé esquerdo negativo 2,5

Receção

Receção pé direito positivo 10

Receção pé direito negativo 2,5

Receção pé esquerdo positivo 10

Receção pé esquerdo negativo 2,5

Passe

Passe direito positivo 10

Passe direito negativo 2,5

Passe esquerdo positivo 10

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Passe esquerdo negativo 2,5

Condução/

Proteção

Condução / Proteção pé direito positiva 10

Condução / Proteção pé direito negativa 2,5

Condução / Proteção pé esquerdo positiva 10

Condução / Proteção pé esquerdo negativo 2,5

Condução /Proteção dominância pé direito positiva

Pé direito

Pé esquerdo

10

5

Condução / Proteção dominância pé direito negativa

Pé direito

Pé esquerdo

2,5

1,25

Condução / Proteção dominância pé esquerdo positiva

Pé direito

Pé esquerdo

5

10

Condução / Proteção dominância pé esquerdo negativa

Pé direito

Pé esquerdo

1,25

2,5

Finta

Finta pé direito positiva 10

Finta pé direito negativo 2,5

Finta pé esquerdo positiva 10

Finta pé esquerdo negativa 2,5

Finta dominância pé direito positiva

Pé direito

Pé esquerdo

10

5

Finta dominância pé direito negativa

Pé direito

Pé esquerdo

2,5

1,25

Finta dominância pé esquerdo positiva

Pé direito

Pé esquerdo

5

10

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Finta dominância pé esquerdo negativa

Pé direito

Pé esquerdo

1,25

2,5

Remate

Remate pé direito positivo 10

Remate pé direito negativo 2,5

Remate pé esquerdo positivo 10

Remate pé esquerdo negativo 2,5

Tendo em conta o referido sistema e de pontuação e o que era pretendido avaliar,

a equação usada para calcular a utilização de ambos os membros foi:

“Pé Preferido”:

Resultados das categorias positivas com o “pé preferido” + resultado das categorias

negativas com o “pé preferido” / + ∑ do desempenho das ações (sub-categorias: “pé

preferido” e “pé não preferido”)

“Pé não Preferido”:

Resultados das categorias positivas com o “pé não preferido” + resultado das

categorias negativas com o “pé não preferido” / + ∑ do desempenho das ações (sub-

categorias: “pé preferido” e “pé não preferido”)

O cálculo de utilização do “pé preferido” e “não preferido” foi realizado através da

pontuação das diversas habilidades motoras realizadas pelos jogadores e avaliadas

as ações positivas com 10 pontos e todas as ações negativas com 2,5 pontos. A

diferença entre os valores de utilização do “pé preferido” e “não preferido”

representa a assimetria funcional revelada pelos jogadores.

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Caracterização das Categorias

1.1 - Interceção e desarme

Foi considerada “interceção/desarme” quando: (1) o jogador interceta a bola, ou

seja, não permite que um adversário consiga colocar a bola num colega da sua

equipa; (2) desarma, isto é, retira a bola o adversário não permitindo que continue

com a sua ação. Considera-se “interceção/desarme” positivo se o jogador ou a

equipa ficar com a posse da bola; considera-se “interceção/desarme” negativo se o

jogador ou a equipa não ficarem com a posse de bola. Deste modo, esta categoria

foi dividida em quatro sub-categorias:

- Interceção e Desarme pé direito - positiva

- Interceção e Desarme pé direito - negativa

- Interceção e Desarme pé esquerdo - positivo

- Interceção e Desarme pé esquerdo - negativo

1.2 - Receção

Considera-se “receção” à ação que o jogador que recebe a bola executa para ficar

com a bola em sua posse. Considera-se “receção” positiva se o jogador ficar com a

posse de bola. Por “receção” negativa considera-se que o colega não ficou com a

posse de bola. Deste modo, esta categoria foi dividida em quatro sub-categorias:

- Receção pé direito - positiva

- Receção pé direito - negativa

- Receção pé esquerdo - positivo

- Receção pé esquerdo - negativo

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1.3 - Passe

Considera-se “passe” à ação de transferência da bola para um colega de equipa.

Considera-se um “passe” positivo se o colega ficar na posse de bola, e “passe”

negativo se o colega não ficar na posse de bola. Deste modo, esta categoria foi

dividida em quatro sub-categorias:

- Passe pé direito - positiva

- Passe pé direito - negativa

- Passe pé esquerdo - positivo

- Passe pé esquerdo - negativo

1.4 - Condução/Proteção

Considera-se “condução/proteção” quando: (1) o jogador que tem a posse de bola

progride com a bola em qualquer sentido; (2) o jogador que tem a posse de bola dá

mais do que um toque na bola sem progredir no terreno mas com o objetivo de a

proteger do adversário.

Considera-se a ação “condução/proteção” positiva quando após a sua execução o

jogador continua na posse de bola. Considera-se “condução/proteção” negativa

quando durante a execução da ação o jogador perde a posse de bola. A ação

técnica de proteção de bola é quando um jogador tenta proteger a bola do

adversário, tocando na bola com um ou dois pés. Quando usa os dois pé a

dominância é feita pelo membro que mais vezes tocou na bola, caso não seja

possível determinar considera-se dominante o primeiro pé a tocar na bola.

Deste modo, esta categoria foi dividida e sub-categorias:

- Condução/Proteção pé direito - positiva

- Condução/Proteção pé direito - negativa

- Condução/Proteção pé esquerdo - positivo

- Condução/Proteção pé esquerdo - negativo

- Condução/Proteção com dominância pé direito - positivo

- Condução/Proteção com dominância pé direito - negativo

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- Condução/Proteção com dominância esquerdo - positivo

- Condução/Proteção com dominância esquerdo - negativo

1.5 – Drible

Considera-se “finta” quando um jogador na posse de bola ultrapassa o ou os

adversários diretos. Considera-se uma “finta” positiva quando o jogador após a

“finta” continua na posse da bola ou executa outra ação. Considera-se negativa

quando o jogador perde a posse de bola. Deste modo, esta categoria foi dividida

em quatro sub-categorias:

- Drible pé direito - positivo

- Drible pé direito - negativo

- Drible pé esquerdo - positivo

- Drible pé esquerdo - negativo

1.6 - Remate

Considera-se “remate” quando um jogador tenta colocar a bola dentro da baliza do

adversário. Considera-se “remate” positivo quando: (1) a bola entra na baliza do

adversário; (2) bate num dos postes ou na barra; (3) o guarda-redes defende; (4) a

bola vai na direção da baliza mas um adversário ou um colega impede que ela entre.

Considera-se “remate” negativo em toas as outras circunstâncias que não foram

anteriormente mencionadas. Deste modo, esta categoria foi dividida em quatro sub-

categorias:

Remate pé – direito positivo

Remate pé direito – negativo

Remate pé esquerdo – positivo

Remate pé esquerdo – negativo

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Avaliação da preferência pedal

A preferência pedal foi avaliada através do questionário sugerido e apresentado por

Porac e Coren (1981) e Van Strien (2002).

Desenho experimental

A aplicação do estudo teve a duração de, aproximadamente, 7 meses. No início do

estudo, para a avaliação da assimetria funcional dos membros inferiores foi utilizado

o sistema “SAFALL – FOOT”. Depois deste primeiro momento de avaliação, os

jogadores foram sujeitos a um programa específico de treino, durante cerca de 7

meses, três vezes por semana nos primeiros 20 minutos de cada sessão de treino

que consistia na realização de habilidades motoras específicas e realizadas

exclusivamente pelo “pé não preferido”. Findos estes 7 meses, correspondentes ao

período de duração do protocolo de treino, os jogadores, foram novamente

avaliados para posterior comparação e análise dos dados obtidos.

Procedimentos estatísticos

A estatística descritiva (Média e o Desvio Padrão) foi utilizada para conhecer

aspetos gerais das diferentes distribuições de valores e em dois momentos distintos,

antes e pois da aplicação do programa.

Na análise estatística das variáveis em estudo foi usado o SPSS (Statistical

Package for the Social Sciences), versão 21.0, com um nível de significância

estabelecido em 5%. Por se tratar de uma distribuição normal e devido ao número

reduzido dos sujeitos da amostra, optou-se pela estatística não paramétrica, mais

concretamente pelo Teste de Wilcoxon. Serve este teste para analisar diferenças

entre duas condições no mesmo grupo de sujeitos, e foi utilizado para comparar

valores médios das variáveis em causa nos grupos de indivíduos tendo em conta o

momento de avaliação.

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35

Page 55: NA REDUÇÃO DAS ASSIMETRIAS FUNCIONAIS DOS … · Para constatar se um programa de treino técnico específico para o “pé não preferido” tem implicações no aumento do seu

36

CAPÍTULO IV

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37

Page 57: NA REDUÇÃO DAS ASSIMETRIAS FUNCIONAIS DOS … · Para constatar se um programa de treino técnico específico para o “pé não preferido” tem implicações no aumento do seu

38

Apresentação dos resultados

Na tabela 3 são apresentados os resultados obtidos sobre a utilização do pé

“preferido” e “não preferido” antes e depois da aplicação do estudo (Baseline e 7

Meses). Para esse efeito é utilizada uma tabela onde constam os valores médios e

o respetivo desvio padrão.

Tabela 3 - Valores médios do Índice de Utilização do “Pé Preferido” e do “Pé não Preferido” e respetivo Desvio Padrão.

Pé Preferido Pé não Preferido

Índice de Utilização

Baseline 7 Meses Baseline 7 Meses

6,555 ± 2,027 6,003 ± 1,711 2,512 ± 2,043 3,052 ± 1,455

Na figura 1, é possível verificar os valores médios para a utilização do “pé não

preferido” e “não preferido” registado no estudo.

.

Gráfico 1 - Valores médios da utilização do “Pé Não Preferido” antes e depois da aplicação do estudo.

Page 58: NA REDUÇÃO DAS ASSIMETRIAS FUNCIONAIS DOS … · Para constatar se um programa de treino técnico específico para o “pé não preferido” tem implicações no aumento do seu

39

Na figura 2, podemos verificar os valores médios da utilização do “Pé Preferido”

antes e depois da aplicação do estudo.

Nas Figuras apresentadas anteriormente (Figura 1 e Figura 2), podemos comparar

os valores médios da utilização do “Pé Preferido” e “Pé Não Preferido” nos dois

momentos avaliativos.

Gráfico 2 - Valores médios da utilização do “Pé Preferido” antes e depois da aplicação do estudo.

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40

Tabela 4 - Resultados do Teste de Wilcoxon sobre os índices de utilização antes e depois do treino com o “Pé Preferido”.

Teste de Wilcoxon

N Média

Rank

Sum of

Ranks

Índice de Utilização Depois Treino Pé Preferido – Índice de

Utilização Antes Treino Pé Preferido

Negative Ranks 13a 7,92 103,00

Positive Ranks 2b 8,50 17,00

Ties 0c

Total 15

A - Índice de Utilização Depois Treino Pé Preferido < Índice de Utilização Antes Treino Pé Preferido

B - Índice de Utilização Depois Treino Pé Preferido > Índice Utilização Antes Treino Pé Preferido

C - Índice de Utilização Depois Treino Pé Preferido = Índice de Utilização Antes Treino Pé Preferido

A estatística teste de Wilcoxon convertida num score z = - 2,442 tem uma

significância (P – valor) de 0,015. Sendo o valor de p ≤ 0,05, concluímos que existem

diferenças estatisticamente significativas quanto à utilização do “pé preferido” por

parte dos jogadores que compõem a amostra do estudo.

Test Statisticsa

Índice de Utilização Depois Treino Pé Preferido – Índice Utilização Antes Treino Pé

Preferido

Z -2,442b

Asymp. Sig. (2-tailed) ,015

A - Wilcoxon Signed Ranks Test

B - Based on positive ranks.

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41

Tabela 5 - Resultados do Teste de Wilcoxon sobre os índices de utilização antes e depois do treino com o “Pé Não Preferido”.

Teste de Wilcoxon N Média

Rank

Sum of

Ranks

Índice de Utilização Depois Treino Pé Não Preferido

– Índice de Utilização Antes Treino Pé Não Preferido

Negative Ranks 5a 4,80 24,00

Positive Ranks 10b 9,60 96,00

Ties 0c

Total 15

A - Índice de Utilização Depois Treino Pé Não Preferido < Índice Utilização de Antes Treino Pé Não Preferido

B – Índice de Utilização Depois Treino Pé Não Preferido > Índice de Utilização Antes Treino Pé Não Preferido

C - Índice de Utilização Depois Treino Pé Não Preferido= Índice de Utilização Antes Treino Pé Não Preferido

Test Statisticsa

Índice de Utilização Depois Treino Pé Não Preferido – Índice de Utilização Antes

Treino Pé Não Preferido

Z -2,045b

Asymp. Sig. (2-tailed) ,041

A - Wilcoxon Signed Ranks Test

B - Based on negative ranks.

Tendo em conta que o valor de z = - 2,045 e (P-valor) de 0,041, ou seja, p ≤ 0,05

(valor relacionado com o nível de significância estabelecido) conclui-se que existem

diferenças estatisticamente significativas quanto à utilização do” pé não preferido”

por parte dos jogadores que compõem a amostra do estudo.

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42

Valores dos Índices de utilização do “Pé Preferido”, do “Pé Não Preferido” e

do Índice de Diferença Antes e Depois do Estudo

Tabela 6 - Índices de utilização do “Pé Preferido”, “Pé Não Preferido” e respetivos índices de Diferença.

Nome Pé Preferido Pé Não Preferido Índice de Diferença

Jogador 1 7,44 2,16 5,28

7,21 1,91 5,30

Jogador 2 7,34 1,89 5,45

7,74 1,56 6,18

Jogador 3 7,28 1,58 5,71

6,24 2,77 3,47

Jogador 4 6,94 2,39 4,55

6,83 2,73 4,10

Jogador 5 7,80 0,80 7,00

6,72 2,52 4,20

Jogador 6 5,36 3,68 1,68

5,30 3,65 1,64

Jogador 7 4,87 4,15 0,71

4,86 4,83 0,03

Jogador 8 7,93 1,64 6,29

5,32 3,22 2,09

Jogador 9 8,17 1,09 7,08

6,77 2,41 4,37

Jogador 10 2,53 7,11 - 4,58

2,00 5,95 - 3,95

Jogador 11 8,25 1,00 7,25

6,51 2,87 3,64

Jogador 12 7,97 0,75 7,22

7,84 1,87 5,97

Jogador 13 1,79 6,73 - 4,94

2,72 5,92 - 3,20

Jogador 14 7,53 0,97 6,56

7,01 1,32 5,69

Jogador 15 7,12 1,74 5,38

6,98 2,25 4,73

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Na Gráfico 3 é possível comparar os valores dos Índices de Utilização do “Pé

Preferido”,

No Gráfico 3, podemos verificar os valores dos índices de utilização do “Pé

Preferido” de cada jogador que participou no estudo, nos dois momentos de

avaliação, antes da aplicação do Estudo (Baseline), e depois da aplicação do

Estudo (7 Meses).

O Gráfico 4 permite constatar os Índices de Utilização do “Pé Não Preferido” antes

(Baseline) e depois (7 Meses) da aplicação do estudo. É possível verificar os valores

7,4

4

7,3

4

7,2

8

6,9

4

7,8

5,3

6

4,8

7

7,9

3 8,1

7

7,1

1

8,2

5

7,9

7

6,7

3

7,5

3

7,1

2

7,2

1 7,7

4

6,2

4

6,8

3

6,7

2

5,3

4,8

6 5,3

2

6,7

7

5,9

5

6,5

1

7,8

4

5,9

2

7,0

1

6,9

8

1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5

ÍNDICE DE UT IL IZAÇÃO DO "PÉ PREFERIDO"

Índice de Utilização Baseline Índice de Utilização 7 Meses

Gráfico 3 – Valores do Índice de Utilização do “Pé Preferido” nos dois momentos de avaliação.

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44

dos índices de utilização do “Pé Preferido” de cada jogador que participou no

estudo, nos dois momentos de avaliação, antes da aplicação do Estudo (Baseline),

e depois da aplicação do Estudo (7 Meses).

2,1

6

1,8

9

1,5

8

2,3

9

0,8

3,6

8

4,1

5

1,6

4

1,0

9

2,5

3

1

0,7

5

1,7

9

0,9

7

1,7

4

1,9

1

1,5

6

2,7

7

2,7

3

2,5

2

3,6

5

4,8

3

3,2

2

2,4

1

2

2,8

7

1,8

7

2,7

2

1,3

2

2,2

5

1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5

ÍNDICE DE UT IL IZAÇÃO DO "PÉ NÃO PREFERIDO"

Índice de Utilização Baseline Índice de Utilização 7 Meses

Gráfico 4 - Valores do Índice de Utilização do "Pé Não Preferido" nos dois momentos de avaliação.

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45

No Gráfico 5 podemos visualizar a comparação entre os valores da diferença entre

os índices de Utilização do “Pé Preferido” e do “Pé Não Preferido”, antes e depois

da aplicação do estudo.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Alterações entre os Índices de Diferença

Índice de Diferença (Baseline) Índice de Diferença (7Meses)

Gráfico 5 - Valores do Índice de Diferença nos dois momentos de avaliação.

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CAPÍTULO V

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47

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48

Discussão dos resultados

Os resultados demonstram que o treino técnico específico e sistematizado para o

“pé não preferido”, promoveu uma redução efetiva da assimetria funcional dos

membros inferiores, na maioria dos jogadores pertencentes à amostra.

Seja qual for a dominância de um jogador, o uso intensivo do “pé não preferido”,

principalmente para atividades em que habitualmente não é o pé recrutado, leva o

corpo a criar novos padrões de ação, bem como novos recetores percetuais (Martin

& Porac, 2007; Teixeira & Okazaki, 2007). Estes resultados suportam e confirmam

a opinião de vários autores sobre o carácter dinâmico e a multidimensionalidade do

comportamento motor (Martin & Porac, 2007; Teixeira & Okazaki, 2007; Zverev,

2006).

Vários estudos semelhantes, confirmam esta ideia de que o treino intensivo e

sistemático sobre o membro “não preferido” conduz a um aumento do proficiência

e da utilização desse mesmo membro (Guilherme, 2013; Andrade, 2012; Cobalchini

& Silva, 2008; Haaland & Hoff, 2003; Teixeira, 2001; Teixeira et al., 2003). Em todos

os estudos referidos os melhoramentos verificados na utilização do membro “não

preferido” são evidentes e são atingidos num relativo curto espaço temporal, em

relação ao membro preferido, que é trabalhado durante anos. Uma justificação para

este facto pode estar relacionada com a perspetiva ecológica, desenvolvida a partir

das ideias de Bernstein (1967), e que entende que o envolvimento fornece a

informação necessária para a realização da ação sem que haja a intervenção de

um mediador central, e que o comportamento é entendido como o resultado de um

processo de auto-organização e de uma interação dinâmica entre a informação das

propriedades do envolvimento percetíveis e pertinentes para a realização da função.

Reforçando esta ideia, surge um estudo, realizado por Peters e Ivanoff (1999), que

suporta a ideia de que, no futebol, a prática sistemática e contextualizada com “pé

não preferido” pode levar a que o jogador atinga performances semelhantes à do

“pé preferido”.

Mesquita (2009) alude também para o facto de o treino da técnica nos jogos de

invasão, com um caracter mais imponderável e aleatório, as habilidades motoras

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49

devem ser praticadas em contextos onde a técnica tenha uma elevada magnitude

adaptativa e permita ao jogador uma interpretação pessoal dos vários momentos do

jogo, ou seja, o jogador tem a possibilidade de decidir que habilidade aplicar ou que

contornos dar a essa habilidade contextualizada no jogo.

Neste estudo, em concreto, devido ao facto de a amostra ser de apenas 15

elementos, é possível fazer uma análise mais personalizada e refletir sobre os

resultados. Posto isto, é possível constatar que apenas dois jogadores, jogador 1 e

jogador 2, não diminuíram os seus índices de diferença entre o “pé preferido” e o

“não preferido”. Se, no caso do jogador 1, os valores mantiveram-se praticamente

inalterados, sendo que o seu índice de diferença passou de 5,28 para 5,30, no caso

do jogador 2, existe uma explicação para este facto, que se prende com o

circunstância de esse jogador ter feito pouco treinos com a equipa que participou

no estudo, pois, fez a grande parte da época na outra equipa de Iniciados do clube.

O facto de este plantel ser muito reduzido, “obrigou” os treinadores a fazerem

adaptações de certos jogadores a várias posições. Quer os centrais quer os laterais,

jogaram várias vezes em lados diferentes, ou seja, os centrais tanto jogavam mais

descaídos para a direita como para a esquerda, e os laterais ora jogavam à

esquerda ora à direita, dependendo das opções existentes. Talvez por isso, os

valores obtidos do índice de diferença dos jogadores 5, 7, 8, 9, 13 e 14, pertencentes

ao setor defensivo, conduzem a uma associação lógica da polivalência dos referidos

jogadores e os resultados que obtiveram. Este último facto relatado, sobre os

jogadores do setor defensivo, poderá estar relacionado com um fenómeno a que

Tani (2006) chamou de flexibilidade, e consiste em realizar uma habilidade em

diferentes contextos.

Em relação ao setor intermédio, os jogadores 3, 11, 12 foram dos jogadores mais

utilizados durante o campeonato, tiveram uma assiduidade aos treinos total, e não

será, portanto, coincidência o facto de terem das maiores descidas da assimetria

funcional. Outra razão, que poderá refletir estes resultados, é o facto de atuarem

numa zona do terreno em que têm maior tempo de posse de bola, logo têm maior

quantidade de prática, quer em jogo quer no treino. De acordo com Ericsson K.A.,

Krampe, R. e Tesch-Romer, C. (1993), esta maior quantidade de estímulos e de

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50

tempo efetivo de prática levam a um aumento e melhoria dos níveis de

desempenho. Os mesmos autores entendem a melhoria da proficiência decorre da

interação da quantidade com a qualidade de prática especifica e que para alcançar

a excelência são necessários vários anos de prática deliberada.

O jogador 4, que apesar de não ter tido das maiores diminuições do índice de

diferença fez cerca de 30 golos no campeonato, sendo que cerca de

aproximadamente 40% dos golos foram com o “pé não preferido”. Evidências como

esta confirmam que se torna fundamental que os diversos contextos de prática

promovam uma relação próxima entre a quantidade e a qualidade da prática, e que

as melhoria verificadas poderão apenas, em alguns casos, se refletir em

determinada habilidade motora que seja mais importante numa posição do que em

outra, neste caso no remate. Cada posição tem as suas funções específicas e

diferentes posições requisitam dos jogadores distintas funções, o que conduz a uma

diferenciada articulação das habilidades entre si. Por exemplo, a um médio é exigida

uma boa qualidade de passe para que dê dinâmica ao jogo, a um avançado pede-

se que finalize com qualidade.

De uma forma geral, e através da análise dos resultados obtidos verifica-se que o

treino deu aos jogadores uma maior segurança e confiança no uso do “Pé não

Preferido” em situação de jogo, e a capacidade de demonstrar uma autonomia no

domínio das habilidades técnicas específicas com o pé menos proficiente no início

dos treinos. Para responder a uma ação de jogo o jogador, que até então recorreria

sempre ao “pé preferido”, atualmente sente confiança e segurança para utilizar o

“pé não preferido” sempre que as contingências do jogo “pedem” que o faça. Nessa

linha de pensamento, Hoff e Haaland (2002), defendem que o trabalho bilateral na

modalidade de futebol é importante e que deve ser incentivado, pois o treino do “pé

não preferido” parece melhorar as habilidades específicas do futebol e permite ainda

aumentar e melhorar a organização cerebral e por consequência o controlo e

aprendizagem motora.

Os resultados do presente estudo, na mesma linha de resultados de outros estudos

semelhantes sugerem que um trabalho técnico sistemático e específico direcionado

para o pé não preferido leva a uma redução da assimetria funcional entre os dois

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51

membros. Fica claro que a redução das assimetrias é um fenómeno dinâmico e que

pode ser melhorado quando há os estímulos certos.

A aplicação do estudo teve uma implicação significativa no que concerne ao

aumento do uso do pé não preferido, quer para jogadores com dominância pedal

direita quer para os de dominância pedal no pé esquerdo, verificando-se uma

diminuição importante e efetiva das assimetrias laterais dos membros inferiores.

Em suma, o principal objetivo do estudo, diminuição das assimetrias laterais foi

amplamente alcançado.

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CAPÍTULO VI

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53

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54

Conclusão

À luz dos resultados verificados neste trabalho e de acordo com a literatura

consultada para a realização do mesmo, decorrem algumas conclusões:

A assimetria motora funcional entre o “pé preferido” e “pé não preferido” pode

sofrer alterações de acordo com a quantidade de treino específico a que são

sujeitos.

O treino sistemático de habilidades motoras específicas com o “pé não

preferido” permite uma transferência de aprendizagem em contextos

variados.

O treino sistemático sobre o membro “Não Preferido” tem consequências

positivas e efetivas nos seus índices de utilização e proficiência.

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CAPÍTULO VI

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ANEXOS

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Anexo 1: Questionário de Preferência Lateral

Questionário de Preferência Lateral

(Porac e Coren, 1981); (Van Strien, 2002)

Nome: ___________________________________________ Idade: ____

Pé Esquerdo Direito Qualquer

deles

Qual dos pés usas para saltar ao pé – coxinho? 0 1 2

Qual dos pés usas para chutar uma bola? 0 1 2

Qual dos pés usas para fazer um desenho com o pé no chão? 0 1 2

Qual dos pés usas para subir para um plano superior? 0 1 2

Qual dos pés usarias para apanhar uma pedrinha com os dedos?

0 1 2

Responde com sinceridade e obrigado pela tua colaboração!

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