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NAARA CRISTINA CARVALHO DO SANTOS ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE MORTALIDADE POR CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO NO MUNICÍPIO DE LONDRINA-PR LONDRINA 2017

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NAARA CRISTINA CARVALHO DO SANTOS

ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE MORTALIDADE POR CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO NO MUNICÍPIO DE

LONDRINA-PR

LONDRINA 2017

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NAARA CRISTINA CARVALHO DO SANTOS

ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE MORTALIDADE POR CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO NO MUNICÍPIO DE LONDRINA-PR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do título de cirurgiã dentista. Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Hiromi Iwakura Kasai

LONDRINA 2017

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NAARA CRISTINA CARVALHO DO SANTOS

TÍTULO DO TRABALHO:

ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE MORTALIDADE POR CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO NO MUNICÍPIO DE LONDRINA-PR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Odontologia da da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do título de cirurgiã dentista.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________ Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Hiromi Iwakura Kasai

Universidade Estadual de Londrina - UEL

____________________________________ Prof. Dr. Pablo Guilherme Caldarelli

Universidade Estadual de Londrina - UEL

Londrina, _____de ___________de _____.

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Dedico este trabalho a meus pais,

Dulce Léia e Milton Ferreira, e a minha

família que me incentivaram nesta

jornada.

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AGRADECIMENTO (S)

Agradeço primeiramente a Deus, que permitiu que tudo isso

acontecesse, ao longo de minha vida, e não somente nesstes anos como

universitária, mas que em todos os momentos é o maior mestre que alguém pode

conhecer.

A minha família, pela confiança e motivação.

Agradeço a minha orientadora professora Maria Luiza Hiromi

Iwakura Kasai por seu apoio em todo o momento, pela disponibilidade em

compartilhar suas experiências, pelo esclarecimentos das dúvidas, por sempre estar

presente e que além de ser uma excelente professora, mostrou-se uma grande

amiga.

Ao professor Pablo Guilherme Caldarelli, pela amizade e por todas

as contribuições destinadas a este trabalho.

A esta universidade, sеυ corpo docente, direção, administração e

aos funcionários da Clínica Odontológica-UEL.

Aos meus colegas pelo companheirismo e transferência de

conhecimentos.

Aos meus queridos irmãos, Cassia, Damaris e Milton pelo apoio e

incentivo.

Aos amigos, Amanda, Ana Carolina, Ana Flávia, Ana Paula, João

Ricardo,Gabriele Andrade, Paloma, Sara Semedo e Viviane o quais a faculdade me

proporcionou e que se tornaram como irmãos e que vão continuar presentes em

minha vida com certeza.

A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a

realização desse trabalho , muito obrigada!

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“Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo

certo para cada propósito debaixo do céu.” Eclesiastes 3:1

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SANTOS, Naara Cristina Carvalho.Análise Epidemiológica de mortalidade por Câncer de Cabeça e Pescoço no Município de Londrina.2017. 42 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Odontologia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2017

RESUMO

Cânceres da boca e de faringe são considerados como um problema de saúde pública mundial, especialmente entre países em desenvolvimento. O objetivo do presente estudo foi analisar a tendência de mortalidade por câncer de boca e faringe em adolescentes, adultos e idosos no município de Londrina. Realizou-se um estudo descritivo e transversal de natureza quantitativa. Utilizou-se a série histórica do referido município para período de 2010 a 2015, período em que estão disponíveis os dados de mortalidade fornecidos pelo Ministério da Saúde (DATASUS). As variáveis: região anatômica, faixa etária, gênero (sexo) e idade foram avaliadas, seguindo as normas da Classificação Internacional de Doenças para Oncologia da Organização Mundial da Saúde (CID-10 3C). Foram registrados 196 óbitos. O gênero masculino (81,13%), raça/cor branca (82,65%) e pessoas de 55 a 64 anos (28,06%) foram os mais acometidos. A língua foi o sítio mais frequente de tumor primário, seguido pela hipofaringe e orofaringe. Diante disso, observou-se que o número de casos novos de câncer da cavidade oral estimados vem aumentando a cada ano, no Brasil e em Londrina, portanto maiores esforços devem ser despendidos para a prevenção e combate dessa doença na população. Palavras-chave: Neoplasias Bucais. Neoplasias Faríngeas.Mortalidade

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SANTOS, Naara Cristina Carvalho.Análise Epidemiológica de mortalidade por Câncer de Cabeça e Pescoço no Município de Londrina.2017. 42 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Odontologia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2017

ABSTRACT Mouth and pharyngeal cancers are considered a worldwide public health problem especially among developing countries. The objective was to analyze the trend of mortality due to oral and pharyngeal cancer in adolescents, adults and the elderly with occurrence in the city of Londrina. A descriptive and cross-sectional study of a quantitative nature was carried out. The historical series of this municipality was used for the years 2010 to 2015, during which time the mortality data provided by the Ministry of Health (DATASUS) are available. The variables: anatomic region, age group, gender (sex) and age were evaluated according to the International Classification of Diseases for Oncology of the World Health Organization (ICD-10 3C). There were 196 deaths. The male gender (81.13%), race / color white (82.65%) and people aged 55-64 years (28.06%) were the most affected. The tongue was the most frequent site of primary tumor, followed by the hypopharynx and oropharynx. In view of these facts, the number of new cases of oral cavity cancer estimated increases each year in Brazil and Londrina, therefore greater efforts should be expended to prevent and combat this disease in the population. Key words: Mouth Neoplasms. Pharyngeal Neoplasms. Mortality.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Estimativa mundial de câncer, 2012........................................................15

Figura 2 – Países com altas taxas de incidência de óbitos por câncer de cabeça e

pescoço, 2009............................................................................................................19

Figura 3 – Número de novos casos de câncer entre homens e mulheres, Brasil,

2016..........................................................................................................................20

Figura 4 – Tipos de displasias................................................................................23

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LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1 – Frequência de óbitos notificados por Neoplasia Maligna no município de

Londrina no período de 2010 a 2015 ....................................................................... 27

Tabela 2 – Frequência de óbitos notificados por Neoplasia Bucal no município de

Londrina no período de 2010 a 2015.........................................................................27

Gráfico 1 – Frequência percentual de óbitos por causa CID 10- 3C, segundo

Município de Residência, Londrina - PR....................................................................28

Tabela 3 – Notificação de neoplasias malignas da região oral conforme topografia do

diagnóstico no município de Londrina no período de 2010 a 2015...........................29

Tabela 4 – Regiões anatômicas acometidas pelo câncer de cabeça e pescoço,

Londrina-pr, 2010-2015.............................................................................................30

Tabela 5 – Frequência de óbitos notificados, de acordo com a faixa etária dos

indivíduos por neoplasia, no município de Londrina no período de 2010 a

2015..........................................................................................................................31

Gráfico 2 – Frequência percentual de neoplasias malignas da região oral, de acordo

com o sexo dos indivíduos acometidos, no município de Londrina no período de

2010 a 2015..............................................................................................................32

Tabela 6 – Frequência de óbitos notificados, segundo a raça/cor dos indivíduos por

neoplasia, no município de Londrina no período de 2010 a 2015............................34

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DNA Ácido Desoxirribonucleíco Nuclear

IARC Agency for Research on Cancer

CEC Carcinoma Espinocelular

DATASUS Departamento de Informação do Sistema Único de Saúde

DNT Doenças não Transmissíveis

INCA Instituto Nacional do Câncer

RHC Registros Hospitalares de Câncer

SESA Secretaria de Estado da Saúde

SINAN Sistema de Informação de Agravos de Noficações

SIM Sistema de Informação Sobre Mortalidade

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 12

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 14

2.1 HISTÓRICO DO CÂNCER NO MUNDO ................................................................ 14

2.2 HISTÓRICO DE CÂNCER NAS AMÉRICAS ........................................................ 15

2.3 HISTÓRICO DE CÂNCER NO BRASIL ................................................................. 17

2.4 EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER BUCAL .............................................................. 18

2.5 CÂNCER BUCAL ........................................................................................... 22

3 OBJETIVOS .............................................................................................. 25

2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 25

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 25

4 METODOLOGIA ....................................................................................... 25

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 27

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 36

REFERÊNCIAS......................................................................................... 37

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1 INTRODUÇÃO

O câncer encontra-se como segunda causa de morte e é

considerado como um problema de saúde pública mundial especialmente entre

países em desenvolvimento, de acordo com o World Cancer Report 2014 da

International Agency for Research on Cancer (Iarc), da Organização Mundial da

Saúde (OMS)1. É esperado que nas próximas décadas, o impacto do câncer na

população corresponda a 80 % dos mais de 20 milhões de casos novos estimados

para 2025.

Todos agentes carcinogênicos são responsáveis pela indução

de erros durante a divisão celular causando alterações no DNA, o que aumenta as

possibilidades de surgimento de um tumor. Entende-se que hoje cerca de 50-60%

dos tumores apresentam a mutação do gene TP53 independente de sua

topografia2,3,4.

As prováveis causas da doença estão relacionadas ao

hospedeiro (idade, sexo, raça, herança genética, estado nutricional e de saúde

geral), aos fatores extrínsecos como o ambiente de consumo (alimentos,

medicamentos), o ambiente ocupacional (ação de produtos químicos), o ambiente

cultural (estilo e hábitos de vida como tabaco, álcool e a bebida erva-mate por meio

de um tubo metálico em elevada temperatura, mais comum no Sul do Brasil, na

Argentina e no Uruguai), além do socioeconômico (renda, moradia,

escolaridade)5,6.

Os maiores índices de mortalidade por câncer se concentram nas

regiões Sul e Sudeste onde são as mais industrializadas e urbanizadas do país.

Cerca de 80 a 90% dos cânceres sofrem influências ambientais, e sua incidência

varia conforme parâmetros geográficos e migratórios7.

Existem relatos de alguns trabalhos como o do Instituto Nacional

do Câncer (INCA), o de Grosky et al. (2004)8, e o de Moore et al. (1999)9, afirmando

que a da doença câncer é mais frequente em homens do que em mulheres, na faixa

etária em torno dos 40 anos, fumantes e consumidores de bebida alcoólica, apesar

deste quadro estar se alterando devido ao aumento do número de mulheres

tabagistas e etilistas10.

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De acordo com alguns estudos como o de Pinto et al. (2005)11,

BIAZEVIC e ANTUNES et al. (2006)12 e WÜNSCH FILHO et al. (2008)13, apontam

que os fatores de vida associados às baixas condições socioeconômicas e baixa

escolaridade, além da exposição aos fatores de risco como o alcoolismo e o

tabagismo, bem como o estado precário de saúde bucal e carências nutricionais

estão relacionados aos indivíduos com mais chances a desenvolverem o câncer de

boca.

Ações para controlar os fatores de risco, bem como o exame

clínico feito por profissional de saúde capacitado, são consideradas as melhores

formas de diminuir a incidência e a mortalidade da doença. A identificação de lesões

precursoras ou do câncer em estágios iniciais possibilita um melhor tratamento, com

menos agressividade e, consequentemente, uma melhor sobrevida 5.

De acordo com o Boing et al. (2007)14, as taxas de mortalidade por

câncer de boca e faringe são mais elevadas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, em

comparação com as outras regiões do país, destacando assim a importância de

estudos epidemiológicos em amostras dessas regiões. A apresentação clínica

também é mais grave do que em países desenvolvidos, com mais casos de doença

avançada no momento do diagnóstico e uma maior taxa de segundo tumor primário

14.

Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo caracterizar a

situação de mortalidade por câncer da cavidade oral no município de Londrina-PR

no período de 2010 à 2015, delimitando assim o perfil epidemiológico do câncer.

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2.REVISÃO DE LITERATURA

2.1 HISTÓRICO DO CÂNCER NO MUNDO

O câncer já é conhecido há muito tempo. Neste cenário, 30

séculos antes de Cristo os egípcios, persas e indianos, já se referiam aos tumores

malignos (AZEVEDO,1947). Contudo foram os estudos da escola hipocrática grega,

datados do século IV a. C., que especificaram melhor, caracterizando-o como um

tumor duro, mesmo quando removido reaparecia, ou que se espalhava por várias

partes do corpo causando a morte. Assim, para os hipocráticos o câncer era visto

como um desequilíbrio dos fluídos que compunham o organismo, bem como no

período cristão a medicina galênica reforçou a mesma ideia até o século XVII15.

No período que se estendeu entre as duas guerras mundiais, a

preocupação com o problema do câncer começou a se espalhar por todo o mundo.

Os inquéritos epidemiológicos realizados nos diversos países mostravam que a

extensão da doença era mais do que se imaginava, tendendo a se elevar mais ainda

devido a taxa elevada do envelhecimento, devido as melhores condições de vida da

população16,17.

O câncer passou progressivamente a ser o motivo de atenção

dos Estados, das instituições de pesquisa e dos médicos em geral, devido à

ampliação de conhecimentos sobre a doença e de possibilidades restritas de

tratamento, que estavam cada vez mais confrontados com um mal que parecia

tomar o lugar das grandes pragas do passado (TEIXEIRA,2007).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é

um problema de saúde pública mundial (INCA,2015). Foi estimado que, no ano de

2030 podem-se esperar 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de

mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer. O maior

efeito desse aumento deve incidir entre os países em desenvolvimento5. Com base

no documento World cancer report 2012 da International Agency for Research on

Cancer (Iarc) a estimativa mundial, apontou que, dos 14 milhões* de casos novos

estimados, mais de 60% ocorreram em países em desenvolvimento. Para a

mortalidade, a situação agrava-se quando se constata que, dos 8 milhões de óbitos

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previstos, 70% ocorreram nesses mesmos países18. A Figura 1, ilustra a incidência

de câncer em todo o mundo em homens e mulheres combinados. Nessa figura é

possível observar que a América do Norte, seguido por parte da Europa e Oceania,

teve maior incidência de câncer, logo a América do Sul e Ásia também.

Figura 1 – Estimativa mundial de câncer, 2012.

Fonte: Globocan, 2012 I *todos os tipos de câncer exceto câncer de pele do tipo não melanoma Taxa

padrão por idade a cada 100 mil pessoas

Os tipos de câncer mais incidentes no mundo, no ano de 2012,

foram pulmão (1,8 milhão), mama (1,7 milhão), intestino (1,4 milhão) e próstata (1,1

milhão). Nos homens, os mais frequentes foram pulmão (16,7%), próstata (15,0%),

intestino (10,0%), estômago (8,5%) e fígado (7,5%). Em mulheres, as maiores

frequências encontradas foram mama (25,2%), intestino (9,2%), pulmão (8,7%), colo

do útero (7,9%) e estômago (4,8%) 5.

2.2 HISTÓRICO DE CÂNCER NAS AMÉRICAS

As doenças não transmissíveis (DNT) como o câncer, doenças

cardiovasculares (acidente vascular cerebral, diabetes), entre outros são os

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principais compositores da carga global de doenças (FORMAN,2016). Nos países de

baixa e média renda, as DNTs ultrapassam as outras doenças, sendo consideradas

como a principal causa de morte. Esta transição é multifatorial, caracterizando-se

como uma consequência das alterações demográficas devido ao envelhecimento e

crescimento populacional, além da a exposição aos fatores de risco como o

tabagismo, álcool, por exemplo19.

Assim como em muitas outras partes do mundo, os países na

América Central e do Sul (incluindo Cuba), tiveram um crescimento na urbanização

muito rápida que acompanhou um aumento também das DNTs. Em 1990 os níveis

de urbanização na região passaram de 65% para 74% e em 2014 de 73% para 83%,

comparáveis aos níveis de urbanização da América do Norte e países europeus, ao

mesmo modo a economia também cresceu a um ritmo constante desde a década de

1980 20.

Há muito tempo, já é conhecido que a mortalidade infantil vem

diminuindo e a expectativa de vida tem aumentado. Por exemplo, a expectativa de

vida em Honduras em 1980 era de 59,4 anos e em 2010 aumentou para 72,8 anos,

paralelo a isso, observou-se também um aumento populacional e mudanças na

distribuição dos grupos etários (a proporção do menor de 15 anos diminuiu enquanto

que a proporção da população com mais de 60 anos aumentou). Isto se deve aos

investimentos de cada país aos cuidados de saúde e as melhorias nos serviços de

saúde pública21.

Nas Américas, estima-se que o câncer cause 1,3 milhão de

mortes por ano, sendo a segunda principal causa de morte na maioria dos países da

região.19 Um dos problemas é que muitos casos são diagnosticados tardiamente.

Mesmo em países que dispõem de sistemas e serviços de saúde otimizados, muitos

cânceres acabam sendo diagnosticados em uma fase avançada, quando bons

resultados no tratamento são mais difíceis de alcançar22.

De acordo com as informações coletadas dos 48 registros de câncer

em 18 países da América Central e do Sul, a análise mostrou que os tipos de câncer

responsáveis pela mortalidade mais comuns diagnosticados na região (em ordem

decrescente de frequência) foram os de próstata, pulmão, mama, colo do útero,

colorretal e estômago23.

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Os países considerados como de melhor desenvolvimento

econômico, tais como Argentina e Brasil, experimentaram uma alta carga de tumores

de próstata e de mama, enquanto que os países com níveis mais baixos de

desenvolvimento, como a Bolívia e o Peru, o peso maior foi de tumores de estômago

e cervicais. Algumas associações específicas também foram encontradas, como

particularmente a elevada incidência de câncer de vesícula biliar no Chile20.

A incidência e a mortalidade entre os países por todas as formas

de câncer combinadas variaram de 2 a 3 vezes. Guiana Francesa, Brasil, Uruguai e

Argentina apresentaram as maiores taxas de incidência de todos os cânceres

Uruguai, Cuba, Argentina e Chile tiveram as maiores taxas de mortalidade22.

Em quatro países (Argentina, Brasil, Chile e Costa Rica), havia

dados suficientes para analisar as tendências ao longo do tempo; os maiores

aumentos na incidência entre 1997 e 2008 foram observados para os tumores

colorretais, próstata e tireóide. Em contraste, as taxas de incidência de tumores de

estômago e do colo do útero diminuíram durante o mesmo período23.

A maioria das mortes pela doença em homens na América

Latina e Caribe foram consequência do câncer de próstata, seguidos pelos cânceres

de pulmão, estômago e colorretal. Entre as mulheres, a maior taxa de mortalidade se

deve ao câncer de mama, seguido dos cânceres de estômago, pulmão, colo do

útero e colorretal. O câncer de pulmão é a principal causa de morte no Canadá e nos

Estados Unidos, em ambos os sexos5.

2.3 HISTÓRICO DE CÂNCER NO BRASIL

Os primeiros incentivos à epidemiologia do câncer no Brasil

começaram na década de 1920, com o Departamento Nacional de Saúde Pública.

Entretanto vinte anos mais tarde (1940) devido a necessidade de ampliar ações de

controle do câncer, foi criado o sistema Nacional do Câncer, ocorrendo assim o

avanço das iniciativas filantrópicas, dando espaço para o surgimento das primeiras

ligas, associações e redes de combate ao câncer24.

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Atualmente no Brasil temos os registros de Câncer de Base

Populacional (RCBP) responsável pelo fornecimento de informações sobre o

impacto do câncer nas comunidades, o que contribui para uma condição necessária

para o planejamento e avaliação das ações de prevenção e controle de câncer. Em

conjunto com os Registros Hospitalares de Câncer (RHC) e com o Sistema de

Informação sobre Mortalidade (SIM) do Departamento de Informática do Sistema

Único de Saúde (DATASUS), constituem o eixo estruturante para a vigilância de

câncer e para o desenvolvimento de pesquisas em áreas afins 5.

A estimativa para o Brasil, biênio 2016-2017, aponta a

ocorrência de cerca de 600 mil casos novos de câncer. Excetuando-se o câncer de

pele não melanoma (aproximadamente 180 mil casos novos), ocorrerão cerca de

420 mil casos novos de câncer. O perfil epidemiológico observado assemelha-se ao

da América Latina e do Caribe, onde os cânceres de próstata (61 mil) em homens e

mama (58 mil) em mulheres serão os mais frequentes. Sem contar os casos de

câncer de pele não melanoma, os tipos mais frequentes em homens serão próstata

(28,6%), pulmão (8,1%), intestino (7,8%), estômago (6,0%) e cavidade oral (5,2%).

Nas mulheres, os cânceres de mama (28,1%), intestino (8,6%), colo do útero (7,9%),

pulmão (5,3%) e estômago (3,7%) figurarão entre os principais5.

2.4 EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER BUCAL

O câncer bucal é um problema que afeta a saúde pública

mundial. Ele encontra-se entre os dez cânceres mais frequentes na população,

apresentando taxas de incidência e de mortalidade entre as mais elevadas do

mundo. Os cânceres de cabeça e pescoço representam 10% de todos os tumores

malignos do mundo destes, 40% estão localizados na cavidade bucal. Dos cânceres

de boca, 53,4% são diagnosticados nas fases mais tardias (estágios III e IV) e 30,5%

resultam em morte25.

Estimativas anuais de incidência apontam 275.000 casos novos de

câncer bucal e 130.300 na região da cabeça e pescoço, sendo que dois terços

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destes casos ocorrem em países em desenvolvimento 26. Há uma ampla variação

geográfica na incidência destes tipos de cânceres26.

A Figura 2 mostra os países com altas taxas de incidência e de

óbito que são: Sul e Sudeste da Ásia (exemplo: Sri Lanka, Índia, Pasquitão e

Taiwan), partes do Oeste (França) e da Europa Oriental exemplo: Hungria,

Eslováquia e Eslovênia), partes da América Latina e Caribe (exemplo: Brasil,

Uruguai e Porto Rico) e algumas regiões do Pacífico (exemplo: Nova Guiné e

Melanésia) 26,27.

Figura 2 – Países com altas taxas de incidência de óbitos por câncer de cabeça e

pescoço, 2009.

Fonte: SAMAN, 2009

Em países como Bangladesh, Índia, Paquistão e Sri Lanka, a boca é o sítio de

câncer mais frequente. O sexo masculino foi registrado com a maior taxa de

incidência em algumas localidades da França (incidência anual superior a

40/100.000), onde estão associadas com o hábito de fumar e o elevado consumo de

álcool. Na Índia, as taxas de incidência do câncer de boca, estão entre as mulheres

(incidência anual é superior a 10/100.000), encontrando-se associadas ao hábito de

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mascar o tabaco (folhas de Betel), muito comum nesta região26. Segundo WÜNSCH

FILHO et al. (2008)13, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de tabaco em

folha (14,1% da produção mundial), atrás somente da China, e é o terceiro país no

mundo com maior incidência de câncer bucal28.

O Brasil possui a mais alta incidência da doença na América Latina, mas com

grandes variações por regiões geográficas do país. Além disso, o diagnóstico da

patologia no Brasil é, em geral, realizado mais tardiamente que nos países

desenvolvidos. No ano de 2016, foram estimados 11.140 casos novos de câncer da

cavidade oral em homens e 4.350 em mulheres. Tais valores correspondem a um

risco estimado de 11,27 casos novos a cada 100 mil homens e 4,21 a cada 100 mil

mulheres 5 (Figura 3).

FIGURA 3 – Número de novos casos de câncer entre homens e mulheres, Brasil,2016

Homens Mulheres

Neoplasia Maligna Nº novos de casos

Neoplasia Maligna Nº novos de casos

Próstata 61.200 Mama Feminina 57.960

Traquéia, Brônquio e Pulmão 17.330 Colo do útero 16.340

Cólon e Reto 16.660 Traquéia, Brônquio e Pulmão

10.890

Estômago 12.920 Cólon e Reto 17.620

Cavidade oral 11.140 Estômago 7.600

Laringe 6.360 Cavidade oral 4.350

Bexiga 7.200 Laringe 990

Esôfago 7.950 Bexiga 2.470

Linfoma de Hodgkin 1.460 Esôfago 2.860

Linfoma não Hodgkin 5.210 Ovário 6.150

Glândula Tireoide 1.090 Linfoma de Hodgkin 1.010

Sistema Nervoso Central 5.440 Linfoma não Hodgkin 5.030

Leucemias 5.540 Glândula Tireoide 5.870

Pele Melanoma 3.000 Sistema Nervoso Central 4.830

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******** Leucemias 4.530

******** Corpo do útero 6.950

******** Pele Melanoma 2.670

Outras localizações 51.850 Outras localizações 47.840

Subtotal 214.350 Subtotal 205.960

Pele não Melanoma 80.850 Pele não Melanoma 94.910

Todas as neoplasias 295.200 Todas as neoplasias 300.870

Fonte: INCA Instituto Nacional do Câncer, 2016

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), sem

considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer da cavidade oral em

homens é o quarto mais frequente na Região Sudeste (14,58/100 mil). Nas Regiões

Nordeste (6,86/100 mil) e Centro-Oeste, ocupa a quinta posição (9,15/100 mil). Na

Região Sul (15,91/100 mil), ocupa a sexta posição, e na Região Norte (3,46/100 mil)

é o sétimo mais frequente. Para as mulheres, é o nono mais frequente na Região

Nordeste (4,11/100 mil). Na Região Sudeste (5,29/100 mil), ocupa a décima posição.

Nas Regiões Norte (1,76/100 mil) e Centro-Oeste (2,79/100 mil), é o 12º mais

frequente, e, na Região Sul (3,32/100 mil), ocupa a 15ª posição 5.

No Estado do Paraná, de acordo com o Sistema de Informações

sobre Mortalidade (SIM) no período de 2010 a 2015 foram registrados 75.879 casos

de óbitos por neoplasia maligna, sendo que 3.002 casos eram por neoplasia bucal.

O ano de 2014 foi o que teve maior representação de óbito por neoplasia maligna no

estado do Paraná com 12.856 casos, sendo que 495 eram de óbitos por neoplasia

bucal. Observou-se que o ano de 2010 foi o que teve menor incidência de óbitos por

neoplasia maligna com 11.930 casos, onde 477casos foram por óbitos de neoplasia

oral. No município de Londrina de acordo com os dados do Sistema de Informação

de Agravos de Notificação (SINAN) e da Secretaria de Estado da Saúde (SESA),

houve um aumento significativo de óbitos por neoplasia maligna nos últimos 5 anos

analisados.

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Os registros apontaram que o ano de 2010 apresentou maiores números de

óbitos por neoplasia maligna, com 720 casos, onde 34 casos foram registrados por

óbitos de câncer de cabeça e pescoço. Os dados apontaram também que no ano

2015 houve maiores números de óbitos por câncer de cabeça e pescoço com 40

casos, onde pode-se observar que não houve um aumento significativo de casos

notificados.

2.5 CÂNCER BUCAL

De acordo com os estudos de LODISH et al. (2002)29, LEVINE et al. (1998)30

e SANTOS et al. (2005)31, comprovam que o desenvolvimento do câncer nos seres

humanos está associado à exposição a fatores cancerígenos. Dentre esses fatores,

destacam-se os ambientais, por meio dos quais o ácido desoxirribonucleico nuclear

(DNA) é lesionado por agentes físicos, químicos e biológicos, o que produz

mutações, fraturas cromossômicas e outras alterações do material genético32. O

estágio promotor do tumor é caracterizado pela sucessiva expansão clonal de

células tumorais, sendo os fatores ambientais e as alterações genéticas

responsáveis pelo aparecimento da maioria dos casos de câncer6,33,34. Os autores

MACHADO et al. (2007)6, LOPES et al. (1992)35 e PÓVOA et al. (1995)36 afirmam

em suas pesquisas epidemiológicas (molecular e genética), que em muitos casos

são necessárias diversas mutações para que uma célula normal seja transformada

em cancerosa. Isso se deve à instabilidade genética originada de freqüentes

translocações de DNA, aneuploidia, deleções e amplificações de genes observados

em células tumorais.

Quando a mucosa bucal é exposta aos agentes cancerígenos,

ocorrem alterações celulares que inicialmente manifestam-se como lesões

inflamatórias inespecíficas. Caso esta agressão seja intensa e prolongada

ocasionará o desenvolvimento das displasias. Essas displasias podem evoluir desde

um grau leve até um grau intenso e, finalmente para o carcinoma in situ. A displasia

leve corresponde às alterações celulares a qual delimita apenas a camada basal,

não associando a figuras de mitose. Já na moderada, tem-se modificações que

atingem o terço médio do epitélio, enquanto que na displasia acentuada as

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alterações podem alcançar o terço superior (Figura 4). As figuras de mitose, além de

comuns, são atípicas33.

FIGURA 4 – Tipos de displasias

Fonte: Falando sobre o câncer, 2002

No carcinoma epidermoide in situ as modificações celulares

representam uma exacerbação das características da displasia acentuada, acrescido

de alterações na diferenciação, crescimento e proliferação celular. Quando ocorre a

ruptura da membrana basal, tem-se o carcinoma micro e macro invasor, infiltrando

respectivamente, em menor ou maior grau, o tecido conjuntivo vascularizado 33.

De uma forma geral, um câncer é descrito como um processo

crônico que se desenvolve em várias etapas sendo caracterizado por um

crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos. Este processo é

chamado de metástase e ocorre quando as células se dividem rapidamente.

Caracterizam-se por ser muito agressivos e incontroláveis, formando tumores

malignos que podem se disseminar em outras regiões do corpo 33.

Na boca a preferência do câncer está nos lábios, sendo o lábio

inferior mais comum, a língua e o soalho bucal. O carcinoma epidermoide tipo

histológico é mais frequente em outras estruturas, com menor incidência na

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cavidade oral (mucosa bucal, gengivas, palato duro, língua oral, soalho da boca),

orofaringe (úvula, palato mole e base da língua) e faringe33,37.

Segundo os estudos, o carcinoma espinocelular (CEC) ou

carcinoma de células escamosas é a neoplasia maligna que ocorre em 90% dos

casos entre os vários tipos de câncer que afetam a boca38,39.

Os principais sinais e sintomas que podem indicar o câncer de

boca são feridas não cicatrizantes, ulcerações superficiais de 2 cm de diâmetro e

indolores que podem sangrar ou não, manchas brancas ou avermelhadas, dor ou

desconforto à mastigação e deglutição, dificuldade na fala, emagrecimento

acentuado e dor ou presença de linfadenomegalia cervical37.

Torna-se importante ressaltar que pelo o fato de muitas lesões

serem assintomáticas no início do desenvolvimento, o profissional responsável deve

atentar para a história clínica do paciente e pela busca de lesões suspeitas,

principalmente aquelas com maior potencial cancerígeno, como as leucoplasias, as

eritoplasias e a queilite actínica33,37.

Existem basicamente três modalidades de tratamento para as

neoplasias bucais: cirurgia e radioterapia (usadas na maioria dos tumores) e a

quimioterapia usada como tratamento paliativo em tumores em estágios mais

avançados40,41. De acordo com Dias et al. (2006)42 é claro no Brasil a falta de

políticas públicas de saúde que contemplem a coletividade integralmente e em todas

as fases de prevenção, diagnóstico e tratamento da doença como o câncer bucal.

Geralmente, a reabilitação é deixada em segundo plano quando a mesma é

necessária após os procedimentos cirúrgicos o que compromete a qualidade de vida

do paciente operado41.

Os principais motivos relacionados ao atraso do paciente ao

tratamento são a demora e a dificuldade no reconhecimento dos principais sinais e

sintomas da doença. Nessa etapa são necessárias políticas de saúde como o

treinamento dos cirurgiões-dentistas para abordagem dos fatores preventivos e do

diagnóstico precoce das lesões e finalmente a elaboração de rotinas programadas

nos serviços de saúde para detecção das lesões suspeitas37,41,43.

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3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Caracterizar a situação da mortalidade por câncer bucal no município de

Londrina no período de 2010 a 2015, delimitando assim o perfil epidemiológico.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Caracterizar a mortalidade pelo câncer bucal no município de Londrina quanto

ao tipo de câncer que mais acomete o indivíduo.

b) Caracterizar a mortalidade pelo câncer bucal no município de Londrina quanto

à região anatômica acometida.

c) Caracterizar a mortalidade pelo câncer bucal no município de Londrina quanto

à idade dos indivíduos acometidos.

d) Caracterizar a mortalidade pelo câncer bucal no município de Londrina quanto

ao sexo dos indivíduos acometidos.

e) Caracterizar a mortalidade pelo câncer bucal no município de Londrina quanto

à etnia dos indivíduos acometidos.

4. METODOLOGIA

Este trabalho teve como principal objetivo realizar um estudo

descritivo e transversal de natureza quantitativa sobre o câncer bucal no município

de Londrina-PR, durante o período de 2010 a 2015.

As variáveis utilizadas para o estudo foram: número de casos

notificados, distribuição dos casos quanto ao sexo, idade, raça, região anatômica,

classificação final e o tipo de câncer mais incidente. Foram incluídos na amostra

ambos os sexos e todas as categorias de faixa etária. As regiões anatômicas para

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o câncer oral foram classificadas conforme o diagnóstico topográfico, segundo a

Classificação Internacional de Doenças para Oncologia, terceira edição - CID10 3C

(lábio, base de língua, língua não especificada, gengiva, assoalho, palato, boca

não especificada, glândula parótida, amígdala, orofaringe, nasofaringe, seio

piriforme, hipofaringe e regiões do lábio, cavidade oral e faringe mal definidas (C00,

C01, C02, C03, C04, C05, C06, C07, C09, C10, C11, C12, C13 e C14,

respectivamente) 44.Os dados foram obtidos através do aplicativo TABWIN do

DATASUS/MS (disponível em www.datasus.gov.br) e os resultados obtidos foram

tabulados e apresentados por meio de análise estatística descritiva em tabelas e

gráficos, por isso foram utilizados. Além disso, foi realizada uma pesquisa de revisão

de literatura para um melhor suporte, sobre o tema perfil epidemiológico das

neoplasias orais malignas. Foi realizada por meio de consulta em livros, periódicos

nacionais e internacionais, nas bases de dados SCIELO, BVS, MEDLINE, Google

Acadêmico, site do Ministério da Saúde (MS) e do Instituto Nacional do Câncer

(INCA), bem como em manuais e protocolos da Prefeitura Municipal de Londrina.

Os artigos selecionados tiveram sua publicação entre 2005 e

2016 e as informações da literatura anteriores a 2005 foram utilizadas quando

consideradas apropriadas ao desenvolvimento desta monografia.

Os dados foram obtidos por meio do Instituto Nacional de

Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Esse instituto desempenha um

importante papel no desenvolvimento das ações nacionais, orientadas para a

prevenção e o controle do câncer, por meio de ações de vigilância. Destaca-se os

Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP), responsável pelo fornecimento

das informações sobre o impacto do câncer nas comunidades. Em conjunto com os

Registros Hospitalares de Câncer (RHC) e com o Sistema de Informação sobre

Mortalidade (SIM) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

(DATASUS), formando assim um eixo estruturante para a vigilância de câncer e para

o desenvolvimento de pesquisas em áreas afins.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período analisado, ao longo dos cinco anos foram

notificados 4.105 novos casos de óbitos por câncer no município de Londrina, destes

196 casos foram confirmados por óbitos de câncer oral, o que representa uma fração

relativa de 4,77% (Tabela 1, Tabela 2 e gráfico 1).

Tabela 1 - Frequência de óbitos notificados por Neoplasia Maligna no município de Londrina no período de 2010 a 2015.

Período Neoplasia Maligna (n)

2010 606

2011 656

2012 720

2013 698

2014 707

2015 718

Total 4.105

Fonte: SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade

Tabela 2 - Frequência de óbitos notificados por Neoplasia Bucal no município de Londrina no período de 2010 a 2015.

Período Neoplasia Bucal (n)

2010 34

2011 35

2012 32

2013 32

2014 23

2015 40

Total 196

Fonte: SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade

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Gráfico 1 - Frequência percentual de óbitos por causa CID10 - 3C segundo Município de Residência Londrina-PR.

Fonte: SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade

No período entre 2010 a 2015, foram 196 casos de óbitos notificados

por neoplasia maligna da região oral (C00, C01, C02, C03, C04, C05, C06, C07,

C09, C10, C11, C12, C13 e C14, respectivamente), segundo causa (CID10 3C) ,

assim pode-se observar que a região anatômica mais acometida neste estudo foi a

de língua não especificada (C02) com 37 óbitos (18,87%), seguido pela hipofaringe

(C13) com 35 óbitos (17,86%), a orofaringe (C10) com 25 óbitos (12,75%), a região

oral não especificada (C06) com 19 óbitos (9,69%), a base de língua (C01) com 18

óbitos (9,18%) e regiões do lábio, cavidade oral e faringe mal definidas (C14) com 15

óbitos (7,65% ) (Tabela 3 e Tabela 4).

A predominância da neoplasia maligna de outras partes e de partes

não especificadas da língua é a mesma encontrada em outros trabalhos. Em

Londrina45 no ano de 2015 observou-se uma taxa mais elevada (7,29/100.000)

quando comparada com Recife, Aracaju e Fortaleza, com 3,67/100.000,

3,41/100.000 e 3,26/100.000 respectivamente46.

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Tabela 3 - Notificação de neoplasias malignas da região oral conforme topografia do diagnóstico no município de Londrina no período de 2010 a 2015.

2010 2011 2012 2013 2014 2015 TOTAL

Amígdala 0 0 0 1 0 0 1

Assoalho 0 3 1 0 1 0 5

Base de língua 6 4 3 0 2 3 18

Regiões do lábio, boca e faringe mal definida

1 5 2 5 1 1 15

Boca não especificada 2 2 5 4 2 4 19

Gengiva 1 1 0 0 1 0 3

Hipofaringe 10 7 7 6 2 3 35

Lábio 0 0 0 0 0 2 2

Língua não especificada 4 3 6 5 10 9 37

Nasofaringe 1 5 0 4 0 3 13

Orofaringe 3 2 5 1 3 11 25

Palato 4 1 1 4 1 3 14

Parótida

2 2 1 1 0 1 7

Seio Piriforme 0 0 1 1 0 0 2

34 35 32 32 23 40 196

Fonte: SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade

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Tabela 4 - Regiões anatômicas acometidas pelo câncer de cabeça e pescoço, Londrina-pr, 2010-2015.

Fonte: SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade

Outros estudos epidemiológicos demonstram divergência nos

valores referentes à sequência da localização anatômica47,48,49,50,51,52 Porém, em

diferentes estudos, a língua encontra-se com variação de 18,75% a

45,71%50,51,52,53,54. Contudo, pouco se sabe sobre a prevalência destes locais.

De acordo com os estudos de SANTOS et al. (2009)52,

DEDIVITIS et al. (2004)55 e CARVALHO et al. (2001)56, os cinco sítios de maior

incidência de lesões foram: língua com 45,71%, assoalho bucal com 18,43%, palato

com 14,40%, o lábio com 9,85% e a mucosa jugal com 7,32% do total das lesões.

No estudo de Melo et.al (2010)57, no qual foram avaliados 101 prontuários de

registro do câncer de boca e faringe, a língua foi a região anatômica de maior

frequência (32%), em segundo lugar a orofaringe com 18,5%, o assoalho bucal com

12,4% e o palato com a frequência relativa de 8,2%58.

Em um panorama geral, pode-se afirmar que o terço anterior da

língua, o assoalho bucal, o lábio e o palato duro são as áreas bucais de maior

ocorrência de neoplasias malignas. Já a distinção da orofaringe que inclui o palato

mole, a base da língua e amígdalas é de extrema importância porque lesões nestas

áreas possuem características clínicas e prognósticos distintos59.

Variável n %

Localização anatômica dos tumores (N=196)

C00 Lábio 02 1,02

C01 Base da língua 18 9,18

C02 Outras partes não específicas da língua 37 18,87

C03 Gengiva 03 1,54

C04 Assoalho da boca 05 2,55

C05 Palato 14 7,14

C06 Outras partes não específicas da boca 19 9,69

C07 Glândula parótida 07 3,58

C09 Amígdala 01 0,52

C10 Orofaringe 25 12,75

C11 Nasofaringe 13 6,63

C12 Seio piriforme 02 1,02

C13 Hipofaringe 35 17,86

C14 Regiões do lábio, cavidade oral e faringe mal definidas 15 7,65

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31

Estudos epidemiológicos demonstram que o câncer oral é mais

prevalente em indivíduos maiores que 40 anos, sendo a sexta e a sétima décadas

de vida as mais frequentes60,61.

Em Londrina, no intervalo analisado a faixa etária mais atingida

foi aquela entre 55 a 64 anos (55 casos), representando 28,06 % das confirmações,

que encontra-se em consonância com outras casuísticas62,63,64. Para as demais

faixas etárias, dos 54 casos (27,56%) tinham entre 65 a 74 anos, 42 casos (21,42%)

entre 45 a 54 anos, 28 casos (14,28%) entre 75 anos a mais, 13 casos (6,64%) entre

35 a 44 anos e uma frequência bem reduzida entre 25 a 34 anos (2 casos ou 1,02

%), entre 15 a 24 anos e 1 a 4 anos houve o mesmo número de caso e percentual (1

ou 0,51%), e por fim na faixa etária menor que 1 ano e a faixa etária de 5 a 14 anos

(Tabela 5) não houveram casos.

Tabela 5 - Frequência de óbitos notificados, de acordo com a faixa etária dos indivíduos por neoplasia no município de Londrina no período de 2010 a 2015.

Faixa Etária

Abaixo de 1 ano

1 a 4 anos

5 a 14 anos

15 a 25 anos

25 a 34 anos

35 a 44 anos

45 a 54 anos

55 a 64 anos

65 a 74 anos

Maior de 75 anos

Total

2010 0 0 0 0 1 4 6 12 7 4 34

2011 0 0 0 0 0 2 7 10 13 3 35

2012 0 0 0 0 0 2 9 7 8 6 32

2013 0 1 0 0 1 0 5 7 12 6 32

2014 0 0 0 0 0 0 9 7 5 2 23

2015 0 0 0 1 0 5 6 12 9 7 40

Total 0 1 0 1 2 13 42 55 54 28 196

Fonte: SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade.

A média de idade dos pacientes com câncer foi de 54,5 anos, entre

a 5ª e 6ª décadas de vida, média próxima da verificada por Durazzo et al. (2005)65,

que analisaram 374 prontuários entre 1994 a 2002, constatando uma média de

idade de 57,4 anos. Os pacientes com menos de 60 anos representam 30,10% e os

com 60 anos ou mais, 69,90%. Llewellyn et al. (2004) 66 analisaram a ocorrência de

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câncer de boca em 116 pacientes no Reino Unido com menos de 45 anos. Os

autores verificaram que 52% dos pacientes tinham entre 41 e 45 anos, ou seja, na 5ª

década de vida. Os autores observaram a relação da ocorrência do câncer de boca

em adultos jovens com exposição maior ao tabaco e ao álcool do que no grupo

controle.

O maior número de mortalidade pelo câncer de cabeça e

pescoço (C00, C01, C02, C03, C04, C05, C06, C07, C09, C10, C11, C12, C13,

C14), segundo causa (CID10 3C) em Londrina foi registrada em indivíduos do sexo

masculino com 159 casos, representando 81,13%, enquanto que para o sexo

feminino foram registrados 37 casos de mortalidade representando 18,87% dos

óbitos no município em estudo (Gráfico 2).

Gráfico 2 - Frequência percentual de neoplasias malignas da região oral, de acordo com o sexo dos indivíduos acometidos, no município de Londrina no período de 2010 a 2015.

Fonte: SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade

A incidência de mortalidade por câncer de cabeça e pescoço no

sexo masculino foi elevada em todos os anos, mas no ano de 2013 foi maior com 28

indivíduos de 32 casos representando 87,50%.

O ano de 2015 foi o que apresentou o maior número de óbitos

com 40 casos, sendo 28 do sexo masculino representando 70%. Este dado está

próximo ao verificado na cidade do Rio de Janeiro por Leite & Koifman (1998)67 entre

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1996 e 1997. De acordo com os estudos de Wünsch-Filho et al. (2002)68 e Luna

et al. (2004) 69, apontam que o sexo masculino é o mais acometido pelo câncer

de boca. Shafer et al. (1987)70, discorreu sobre a tendência à diminuição da

diferença registrada na ocorrência do câncer de boca entre os dois sexos. O autor

destacou no estudo que esse fato se encontra relacionado, principalmente, devido

ao fato de que certos hábitos masculinos provavelmente relacionados à etiologia da

doença tenham sido adotados pelas mulheres, o que pode justificar, pelo menos em

parte, a maior prevalência no gênero feminino. No estudo de Iamarron et al.

(2004)71, houve uma discreta predominância do câncer de boca nos homens com

57,3% em relação às mulheres com 42,7%. O mesmo fenômeno foi verificado por

Hamada et al. (1991) 72 na cidade de Bombay, Índia, onde as taxas entre 1973 e

1975 foram idênticas.

Para o sexo feminino, o ano de 2015 também foi observada

maior incidência de câncer de cabeça e pescoço, sendo 12 óbitos de 40 casos

representando 30%. O ano de 2013, a incidência de câncer de cabeça e pescoço no

sexo feminino foi observada como a menor (4 casos de 32) representando 12,50%.

Quanto ao sexo e a faixa etária, não resta dúvida que o câncer

oral é mais frequente em homens e na faixa etária dos 50 aos 70 anos de idade.

Diante desta situação epidemiológica, medidas de orientação associadas a exames

de prevenção e diagnóstico principalmente em idosos são de grande importância

para reduzir a incidência do câncer oral em qualquer população 73.

No presente estudo, observou-se maior frequência em

indivíduos da raça branca ou caucasiana, (82,65%) do que em indivíduos não

brancos (17,35%) (Tabela 6), conforme descrito na literatura 73, o predomínio destes

tumores na raça branca, em parte pode ser explicado pela inclusão do câncer de

lábio na população estudada, estando associado à exposição à irradiação solar.

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Tabela 6 - Frequência de óbitos notificados, segundo a raça/cor dos indivíduos por neoplasia no município de Londrina no período de 2010 a 2015.

Raça Não informado

Branca Preta Amarela Parda Indígena Total

2010 0 27 1 0 6 0 34

2011 0 30 1 2 2 0 35

2012 0 27 1 0 4 0 32

2013 1 25 2 0 4 0 32

2014 0 19 3 0 1 0 23

2015 0 34 0 0 6 0 40

Total 1 162 8 2 23 0 196

Fonte: SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade

O estudo de Kingsley et al. (2008)74 demonstrou que, embora a incidência de

câncer bucal venha diminuindo entre homens brancos, a incidência entre homens

negros com idade acima de 65 anos vem aumentando. Estas diferenças poderiam

estar associadas ao aumento da exposição aos fatores de risco, bem como ao estilo

de vida adotado75.

Segundo estudos do Instituto Nacional de Câncer Americano,

houve uma diminuição da incidência do câncer oral nos últimos 30 anos. Mais

especificamente, percebeu-se uma diminuição entre homens brancos (-1,21%),

mulheres brancas (-0,66%), homens negros (-1,53%) e mulheres negras (-1, 38%).

No entanto esta diminuição não ocorreu de forma uniforme durante os anos ou entre

os grupos demográficos.

No estudo de Gourin et al. (2006)76, realizado no sul dos Estados

Unidos, relata o aumento de pacientes negros acometidos como carcinoma

espinocelular de boca (CEC), sendo estes mais jovens, na maioria homens, de baixa

renda, e que consomem maior quantidade de bebidas alcoólicas (+3,18). Pesquisas

apontam que o câncer oral ocorre duas vezes mais na população afro-americana do

que nos caucasianos77,78.

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Estudos demonstram que há significativas diferenças raciais na

sobrevivência de pacientes com CEC, apresentando os negros com uma taxa de

sobrevida relativamente menor. Esse fato é explicado em razão do aumento do

abuso de álcool, demora para procura de tratamento médico, o que leva a um

diagnóstico dos tumores em estágios mais avançados, com consequente

prognóstico desfavorável76,77,78,.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O câncer bucal é uma doença de extrema importância

epidemiológica e clínica, digna de atenção especial pelas autoridades sanitárias. A

língua, hipofaringe, orofaringe e região oral não especificada foram as regiões

anatômicas de maior incidência destas lesões no município de Londrina, entre 2010

a 2015.

Com relação às características dos indivíduos acometidos,

observou-se maior frequência de óbitos por câncer bucal em indivíduos caucasianos

do sexo masculino, em indivíduos acima dos 55 anos. É necessária uma maior

atenção ao câncer bucal nessa população, com intervenção dos órgãos públicos,

dos profissionais da saúde e em especial o cirurgião dentista, que exerce um papel

primordial na prevenção primária e secundária, ao propor ações que facilitem o

reconhecimento dos indivíduos pertencentes ao grupo de risco e a realizar práticas

que busquem diagnosticar precocemente as lesões suspeitas.

Portanto, o estudo do perfil epidemiológico de óbitos por câncer de

cabeça e pescoço no município de Londrina, a partir da análise de dados, permite

concluir que a doença apresenta incidência elevada e representa um grave

problema de saúde pública em Londrina-PR, e como solução desse fato é

importante que a população seja orientada e venha receber assistência

multidisciplinar integral, de tal forma que ações preventivas possam reduzir o

surgimento de novos casos.

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