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Maria Lucia da Silva Santos Rangel Rio de Janeiro 2012 NANOMAGNETITAS REVESTIDAS COM BIOPOLÍMERO QUITOSANA PARA APLICAÇÃO NA REMEDIAÇÃO AMBIENTAL

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Maria Lucia da Silva Santos Rangel

Rio de Janeiro

2012

NANOMAGNETITAS REVESTIDAS COM BIOPOLÍMERO

QUITOSANA PARA APLICAÇÃO NA REMEDIAÇÃO

AMBIENTAL

MARIA LUCIA DA SILVA SANTOS RANGEL

Aluna do Curso de Ciências Biológicas

Matrícula 0823800076

NANOMAGNETITAS REVESTIDAS COM BIOPOLÍMERO QUITOSANA PARA APLICAÇÃO

NA REMEDIAÇÃO AMBIENTAL

Trabalho de conclusão de curso TCC,

apresentado ao Curso de Graduação

em Ciências Biológicas, da UEZO

como parte dos requisitos para a

obtenção do grau de Bacharel em

Ciências Biológicas sob a orientação

da Profa. Maria Iaponeide Fernandes

Macêdo.

Rio de Janeiro

2012

R196 Rangel, Maria Lucia da Silva Santos.

Nanomagnetitas revestidas com biopolímero

quitosana para aplicação na remediação ambiental /

Maria Lucia da Silva Santos Rangel. – 2012.

47f.; 30 cm.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Ciências Biológicas) - Centro Universitário Estadual

da Zona Oeste, Rio de Janeiro, 2012.

Bibliografia: f. 44-47.

1. Nanomagnetitas. 2. Biopolímero

Quitosana.

3. Remediação ambiental. I.Título.

CDD 577.273

NANOMAGNETITAS REVESTIDAS COM BIOPLÍMERO

QUITOSANA PARA APLICAÇÃO NA REMEDIAÇÃO AMBIENTAL

Elaborado por Maria Lucia da Silva Santos Rangel

Aluna do Curso de Ciências Biológicas da UEZO

Este trabalho de Graduação foi analisado e aprovado com

Grau 9,0(nove)

Rio de Janeiro, 16 de julho de 2012

Profa.Dra. Marise Costa de Mello

Profa. Dra. Roberta Gaidzinski

Profa. Dra. Maria Iaponeide Fernandes Macêdo - Orientadora

RIO DE JANEIRO,RJ – BRASIL

JULHO DE 2012

ii

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a minha professora Maria Macêdo

que aceitou me orientar e nunca mediu esforços para

me ajudar na realização do meu trabalho.

A minha família, em especial a minha filha

Verônica,que sem a ajuda dela em casa não teria

conseguido.

A todos os colegas de turma e aos funcionários da

Uezo.

A todos os professores que colaboraram para a

minha formação acadêmica e pessoal.

Agradeço a DEUS pela realização deste sonho.

iii

“A vontade de se tornar algo melhor a cada dia

é o que faz do ser humano uma máquina de sonhar.

Projetar ideias e desejos, lutar para transformar o

que um dia foi um simples pensamento em uma

situação real.

Nunca desistir de algo que se deseja muito e que

se almeja fazer parte da vida.

O ser humano sonha!

Mas se ele apenas sonhasse nunca saberia do

que é capaz, é preciso conquistar os sonhos”.

Autor desconhecido

iv

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.Dimensões representativas de algumas espécies típicas, em suas

escalas.....................................................................................................................2

FIGURA 2. Aplicações da nanotecnologia em algumas áreas do conhecimento..3

FIGURA 3. Representação da estrutura química (a) celulose; (b) quitina e (c)

quitosana................................................................................................................10

FIGURA 4.Estrutura da magnetita (Fe3O4) espinélio invertida.............................15

FIGURA 5. Espectro de absorção no Infravermelho da quitina e da quitosana....25

FIGURA 6.Difratogramas de Raio-X da quitina e quitosana................................26

FIGURA 7. Curvas de TGA/DTG e DSC da quitina..............................................29

FIGURA 8. Curvas de TGA/DTG (a) e DSC da quitosana (b)..............................30

FIGURA 9. Espectro de RMN-1H da quitosana.....................................................31

FIGURA 10.Imagens de microscopia eletrônica de varredura (a) quitina e (b)

quitosana...............................................................................................................33

FIGURA 11. Foto das nanomagnetitas na ausência e na presença de um campo

(imã).......................................................................................................................33

FIGURA 12.Difratograma de raios-X das nanomagnetitas..................................34

FIGURA 13. Foto da suspensão aquosa de nanomagnetitas revestidas com

quitosana e das nanomagnetitas na presença de um campo (imã)......................35

FIGURA 14. Imagens de MEV (a) nanomagnetitas e (b) nanomagnetitas

revestidas com quitosana......................................................................................37

FIGURA 15. Espectros de absorção noinfravermelho (a) das nanomagnetitas e

(b) das nanmagnetitas revestidas com quitosana..................................................38

FIGURA 16. Imagem de microscopia eletrônica de transmissão das

nanomagnetitas revestidas com quitosana............................................................40

v

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Alguns polímeros naturais.....................................................................5

TABELA 2 Biomateriais e suas aplicações.............................................................6

TABELA 3 Índices de cristalinidade da quitina e da quitosana.............................27

TABELA 4 Picos e atribuições do espectro RMN 1H da quitosana ......................32

TABELA 5 Medidas de magnetização de saturação das nanomagnetitas e

nanomagnetitas revestidas com quitosana............................................................36

TABELA 6 Principais grupos funcionais e atribuições das nanomagnetitas e

magnetitas revestidas com quitosana....................................................................39

RESUMO

A capacidade de criar estruturas ou de reduzir para dimensões em

nanoescala conduz a materiais com propriedades únicas como por exemplo os

nanomateriais magnéticos que exibem propriedades de superparamagnetismo.

A síntese de nanopartículas tem sido muito estudada devido a obtenção de

mudanças vantajosas nas propriedades estruturais, magnéticas, mecânicas,

eletrônicas, dentre outras, criando um vasto campo de possibilidades que

estimulam aplicações em nanotecnologia em diversos setores, tais como: catálise,

ambiental, eletrônica, sensores e biomedicina.

As nanopartículas são termodinamicamente instáveis e têm a tendência

natural de se agregarem. O grande desafio consiste em sintetizar nanopartículas

estáveis, ou, seja, que permaneçam nesta escala de tamanho sem sofrer

decomposição e sem agregação e crescimento, como também monodispersos e

que possam ser manipulados e depositados sobre substratos sem perder suas

características.

Neste contexto, fomos motivados a sintetizar nanomagnetitas revestidas

com biopolímero quitosana. Este biopolímero é um produto natural, abundante,

obtido das carapaças de crustáceos, de baixo custo, atóxico, renovável,

biodegradável e de grande importância econômica e ambiental. Sua reutilização

tem chamado a atenção da comunidade científica por gerar sustentabilidade

ambiental, social e econômica, através da inovação tecnológica.

Neste trabalho foi obtido um nanocompósito magnético, ou seja,

magnetitas revestidas com biopolímero quitosana e caracterizados por DRX,

FTIR,TGA,DSC, RMN-1H, MEV, TEM e medidas magnéticas. Os resultados das

análises mostraram que o nanocompósito é constituído de nanomagnetitas

superparamagnéticas que apresentou alta magnetização de saturação,

evidenciando um material com potencial para aplicação na remediação ambiental.

Palavras-chave: nanomagnetitas, biopolímero quitosana, remediação ambiental

Vii

ABSTRACT

The ability to create structures or to reduce the dimensions leads

nanoscale materials with unique properties such as nanomaterials which exhibit

magnetic properties of superparamagnetism.

The synthesis of nanoparticles has been widely studied due to the

acquisition of beneficial changes in the structural, magnetic, mechanical,

electronic, among others, creating a vast field of possibilities that stimulate

nanotechnology applications in various industries, such as catalysis,

environmental, electronics, sensors and biomedicine.

Nanoparticles are thermodynamically unstable and have a natural tendency

to aggregate. The challenge is to synthesize stable nanoparticles, ie they remain

in this size range not decompose without aggregation and growth, as well as

monodisperse and handled and can be deposited on substrates, dispersed without

losing its characteristics.

In this context, we were motivated to synthesize nanomagnetitas coated

with the biopolymer chitosan.This biopolymer is natural, abundant, obtained from

the shells of crustaceans, inexpensive,nontoxic, renewable, biodegradable and

great economic and environmental importance. Reuse has drawn the attention of

the scientific community to generate environmental, social and economic, through

technological innovation.

In this study was obtained a nanocomposite magnet, coated with biopolymer

chitosan and characterized by XRD, FTIR,TGA,DSC, 1 H NMR, MEV,TEM and

magnetic measurements. The analysis results showed that the nanocomposite is

composed of superparamagnetic nanomagnetitas that showed high saturation

magnetization, indicating a material with potential for application in environmental

remediation.

Keywords: nanomagnetitas, biopolymer chitosan, environmental remediation.

viii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..............................................................................................v

LISTA DE TABELAS ............................................................................................vi

RESUMO ...............................................................................................................vii

ABSTRACT............................................................................................................viii

SUMÁRIO ..............................................................................................................ix

1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................2

1.1. Biomateriais e suas aplicações.........................................................................3

1.2. Quitina e quitosana e suas aplicações..............................................................9

1.3. Mercado mundial da quitina............................................................................14

1.4.Compostos de ferro..........................................................................................14

1.5.Nanopartículas magnéticas.............................................................................15

1.6. Nanopartículas e o comportamento superparamagnético..............................16

2.OBJETIVOS........................................................................................................19

2.1. Objetivo geral..................................................................................................19

2.2. Objetivos específicos......................................................................................19

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................20

3.1.Matéria prima...................................................................................................20

3.2. Síntese da quitina...........................................................................................20

3.3. Síntese da quitosana......................................................................................21

3.4. Síntese das nanomagnetitas...........................................................................21

3.5. Síntese das nanomagnetitas revestidas com quitosana.................................21

3.6. Caracterização dos materiais..........................................................................22

ix

3.6.1.Espectroscopia de absorção no infravermelho por transformada de Fourier

(FTIR).....................................................................................................................22

3.6.2. Difração de Raios-X (DRX)..........................................................................22

3.6.3. Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN-1H).........................23

3.6.4. Análises Térmicas (TGA/DTG,DSC)............................................................23

3.6.5. Microscopia Eletrônica de Varredura(MEV).................................................23

3.6.6. Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM)...........................................24

3.6.7. Medidas Magnéticas....................................................................................24

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................25

4.1.Espectroscopia de absorção no infravermelho da quitina e quitosana...........25

4.2. Difração de Raio X da quitina e quitosana......................................................26

4.3. Análise Térmica (TGA/DTG/DSC) da quitina e quitosana..............................27

4.4. Espectroscopia de ressonância magnética nuclear da quitosana..................30

4.5. Microscopia eletrônica da quitina e quitosana................................................32

4.6.Nanomagnetitas na presença e ausência de um campo magnético...............33

4.7. Difração de Raio X das nanomagnetitas.........................................................34

4.8. Nanomagnetitas e nanomagnetitas revestidas com quitosana.......................35

4.9. Magnetização das nanomagnetitas revestidas com quitosana.......................36

4.10. Microscopia eletrônica de varredura das nanomagnetitas e nanomagnetitas

revestidas com quitosana......................................................................................37

4.11. Espectrometria infravermelho das nanomagnetitas e das nanomagnetitas

revestidas com quitosana......................................................................................37

4.12. Microscopia eletrônica de transmissão das nanomagnetitas revestidas com

quitosana................................................................................................................39

5 .CONCLUSÕES .................................................................................................41

6. PERSPECTIVAS FUTURAS .............................................................................43

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................44

1. INTRODUÇÃO

A nanociência e nanotecnologia buscam estudar as propriedades de

objetos de tamanho nanométrico e desenvolver seu uso em sistemas nos quais

pelo menos uma das dimensões está nesta escala. Dessa forma, novos materiais,

com novas propriedades e possibilidades de utilização, podem ser preparados

através do controle do tamanho e da forma das partículas de materiais já

conhecidos. Para se obter a propriedade desejada deve-se procurar não só a

composição química e a estrutural do material, como também o tamanho e o

formato de suas partículas (MACÊDO, FERREIRA, RANGEL, 2011).

Nano, do grego “anão”, é um prefixo usado para designar uma parte em um

bilhão, portanto, um nanômetro (1 nm) é a bilionésima parte de um metro, ou seja,

10-9. A nanoescala é a escala dos átomos e moléculas. Uma ligação típica entre

dois átomos tem cerca de 0,15 nm de comprimento. Dez átomos de hidrogênio,

alinhados, perfazem um nanômetro (TOMA, 2004).

A Figura 1 mostra as dimensões representativas de algumas espécies típicas, em suas escalas (DURÁN et al., 2006).

Figura 1. Dimensões representativas de algumas espécies típicas, em suas escalas

Atualmente, a nanotecnologia encontra várias aplicações práticas. O

aumento da capacidade de armazenamento e processamento de dados de

computadores cada vez mais compactos, o desenvolvimento de materiais mais

leves e mais resistentes e a melhoria na eficiência de lubrificantes são algumas

das formas de aplicação da nanotecnologia.

A Figura 2 mostra que a nanotecnologia está inserida em diferentes áreas e

no cotidiano da sociedade, sejam em roupas, cosméticos, medicamentos,

alimentos, materiais esportivos, catalisadores dos automóveis, computadores,

entre outros (www.nanotech.ica.ele.puc.rio.br).

Figura 2. Aplicações da nanotecnologia em algumas áreas do conhecimento

1.1.Biomateriais e suas aplicações

Biomateriais são materiais sintéticos ou naturais usados para substituir

partes individuais do organismo ou utilizados em dispositivos médicos que ficam

em contato com sistemas biológicos, objetivando o tratamento ou substituição de

tecidos individuais, órgãos inteiros ou algumas funções exercidas por eles

(WILLIAM, 2007). Outras definições incluem uma substância sistemática e

farmacologicamente inerte projetada para implantação ou incorporação em

sistemas vivos, ou materiais de origem sintética ou natural em contacto com

tecido, sangue e líquidos biológicos e destinados para uso em aplicações

protéticas, diagnósticas, terapêuticas e de armazenamento, sem afetar o

organismo vivo e seus componentes. Podem também ser definidos como "toda a

substância (à exceção de fármacos) ou combinação de substâncias, sintéticas ou

naturais, que podem ser usadas por qualquer período de tempo, no conjunto ou

como uma parte de um sistema que trate, aumente, ou substitua tecidos, órgãos,

ou funções do corpo" (PARK, 2002).

Muitas das vezes associa-se ao conceito de biomateriais, a materiais de

origem natural, mais conhecidos por biopolímeros, mas esta definição não é

correta, já que existem biomateriais de origem sintética que podem estar em

contato com o organismo, desempenhando diversas funções benéficas na área

da saúde.

A evolução dos biomateriais é relativamente recente. No entanto, é

possível dividí-la em três gerações: (i) primeira geração de biomateriais, implantes

ósseos (primeira articulação do quadril em 1961); (ii) segunda geração de

biomateriais, dispositivos bioativos (iniciou-se nos anos 70) e (iii) terceira geração,

engenharia de tecidos (até a atualidade) (AMARAL, et al., 2003; BOOTH, 1989).

A área de biomateriais engloba o conhecimento e a colaboração de

diversas especialidades, desde o comportamento mecânico até funções

biológicas a nível molecular nos tecidos, passando pela engenharia de materiais,

onde são desenvolvidos sistemas com propriedades adequadas a determinadas

aplicações no organismo. A evolução atual dos biomateriais depende dos

avanços das diversas áreas, de maneira global da biotecnologia e da ciência dos

materiais.

Os biomateriais podem ser bioinertes ou biodegradáveis. Materiais

bioinertes não sofrem alterações, durante o período de implantação, causando

resposta mínima nos tecidos adjacentes e mantendo as propriedades estruturais

durante longos períodos (GILDING,1981). Os biomateriais degradáveis degradam

-se quando em contato com os fluídos orgânicos.

Dentre os biomateriais estão os biopolímeros naturais tais como, colágeno

ácido hialurônico, dextrana, celulose e quitina e sua síntese envolve reações

catalisadas enzimaticamente e reações de polimerização de cadeia. Os

biopolímeros estruturais e de reserva energética mais importante são os

polissacarídeos (quitina e quitosana) (AMARAL et al., 2003). Uma das vantagens

destes materiais é seu baixo custo como resultado da disponibilidade da matéria-

prima (DUMITRY, 1996). A Tabela 1 mostra alguns dos biopolímeros atualmente

disponíveis (KAPLAN, 1998).

Tabela 1: Alguns biopolímeros naturais

Plantas/Algas Animais Bactérias

Amido (amilose, amilopectina), Celulose,

Pectina, Alginato, Carraginato, Gomas,

Soja, Glúten de Trigo, Caseína, Soro de

Albumina, Elastina, Sedas e

polihidroxialcanoatos

Ácido hialurônico Quitina Quitosana

Quitina Quitosana Xantano Poligalactosamina Gelano Dextrano

Os biopolímeros constituem uma importante fonte de materiais com grande

versatilidade química e elevado potencial de aplicações. As suas propriedades

podem ser facilmente alteradas por diferentes métodos químicos e físicos e

permitindo a seleção de propriedades importantes.

A Tabela 2 lista os tipos de biomateriais usados em diferentes aplicações

os quais constituem os sintéticos, bioreabsorvíveis, derivados de materiais

biológicos, bioderivados de macromoléculas, modificações de superfícies por

passivação, recobrimentos bioativos, adesivos de tecidos, metais e ligas

metálicas, cerâmicas, inorgânicos, vidros, carbonos e compósitos (HELMUS &

TWEDEN, 1995).

Tabela 2: Biomateriais e suas aplicações

Biomateriais Aplicações

Sintéticos não degradáveis

Acrílicos Suportes para dispositivos extra-corpóreos

Epoxies Suportes compósitos de fibras

Fluorcarbonetos Enxertos vasculares, camadas em caráter, remendos periodontais,

remendos abdominais

Hidrogéis Camadas para catéter, antiadesivos

Poli acetatos Estruturas para válvula cardíaca, partes estruturais

Poli amidas Suturas

Poli amida elastomérica Catéter, curativos para ferimentos

Poli carbonatos Suportes para dispositivos extra-corpóreos

Poli ésteres Enxertos vasculares, balões para angioplastia

Poli ésteres elastoméricos Catéteres

Poli eteracetonas Componentes estruturais, dispositivos ortopédicos

Poli imidas Componentes estruturais, catéteres

Poli (metacrilato de metila) Cimento ósseo, lentes intra-oculares

Poli metil-penteno Suportes para dispositivos extra-corpóreos

Poli olefinas Suturas, cateteres

Poli olefina elastomérica Tubos, corações artificiais,curativos

Filmes de poli olefina de alta cristalinidade

Balões para angioplastia

Poli sulfonas Componentes de sutura, dispositivos ortopédicos

Poliuretanos Catéteres, corações artificiais, curativos

Poli cloreto de vinila Tubos, bolsas sanguíneas

Silicones Juntas para dedos, cateteres, válvulas cardíacas, curativos

Polietileno de ultra alto peso molecular Cálice acetibular, tecidos de altaresistência

Bioreabsorvíveis

Poli aminoácidos Peptídeos de adesão celular e

liberação controlada

-4-Poli anidridos Liberação controlada

Poli caprolactonas Suturas, liberação controlada

Copolímeros de poli ácido lático/ácido glicólico

Suturas, liberação controlada, placas ósseas

Poli hidroxil butiratos Liberação controlada,placas ósseas

Poli ortoésteres Liberação controlada

Colágeno Camadas, reconstrução de tecidos moles

Hidroxiapatita de baixa densidade Implantes ósseos, cirurgia reconstrutiva

Materiais biologicamente derivados

Artérias e veias bovinas Enxertos vasculares

Pericárdio bovino Substitutos de pericárdio, válvulas cardíacas

Ligamentos bovinos Ligamentos

Tendões bovinos Tendões

Osso bovino liofilizado Implantes ósseos

Osso bovino descalcificado Implantes ósseos

Cordão umbilical humano Enxertos vasculares

Válvula cardíaca porcina Válvulas cardíacas

Macromoléculas bioderivadas

Albumina liofilizada Camadas de enxerto vascular, agente de contraste ultrasônico

Acetatos de celulose Membranas para hemodiálise

Celulose de cupramônia Membranas para hemodiálise

Quitosana Experimental, camadas, liberação controlada

Colágeno Camadas, curativos, órgãos híbridos

Elastina Camadas

Gelatina liofilizada Camadas para corações artificiais

Ácido hialurônico Camadas, antiadesivo, anti-inflamatório ocular e de junta

Fosfolipídios Lipossomos, camadas experimentais tromboresistentes

Seda Suturas, camadas experimentais de proteínas do tipo seda

Recobrimentos passivos

Albumina Tromboresistência

Cadeia de alcanos Adsorve albumina para tromboresistência

Fluorcarbonos Arraste reduzido para catéteres

Hidrogéis Arreste reduzido para cateteres

Silicones livres de sílica Tromboresistência

Óleos de silicone Lubrificante para agulhas e catéteres

Recobrimentos Bioativos

Hidroxiapatita Recobrimentos em implantes edósseos

Angicoagulantes (ex.: heparina e hirundina)

Tromboresistência

Antimicrobianas Resistência à infecção

Peptídeos aderentes a células Adesão celular melhorada

Proteínas aderentes a células Adesão celular melhorada

Superfícies carregadas negativamente Tromboresistência

Camadas polimerizadas por plasma Adesão celular melhorada

Trombolíticos Tromboresistência

Tecidos adesivos

Cianoacrilatos Microcirurgia para anastomose de vasos

Cola de fibrina Camada de enxerto vascular, microcirurgia

Cola de molusco Adesão celular melhorada

Metais e Ligas Metálicas

Ligas cobalto-cromo, ligas níquel-cromo,ligas nitinol,(ligas efeito memória

de forma),aços inoxidáveis,tântalo, titânio e suas ligas

Arames guias, válvulas de coração mecânico,orifícios e braços, válvula de

coração biológico implantes ortopédicos e odontológicos, placas para

fraturas,pregos e parafusos para reparo ósseo, coberturas para veia cava, suportes para corações artificiais,

comandos para marca-passos e para estimuladores elétricos implantáveis

Cerâmicas, inorgânicos e vidros

Vidros bioativos Ligação óssea, cirurgia reconstrutiva

Vitro-cerâmicas bioativas Ligação óssea, cirurgia reconstrutiva

Alumina de alta densidade Implantes odontológicos e ortopédicos

Hidroxiapatita Ligação óssea, cirurgia reconstrutiva

Alumina monocristalina Implantes ortopédicos e odontológicos

Carbonos

Carbono pirolítico (isotrópico de baixa temperatura)

Válvulas cardíacas, camadas cardiovasculares

Carbono isotrópico de ultra-baixa temperatura

Camadas em polímeros sensíveis à temperatura

Compósitos

Compósitos de fibra de carbono Materiais potenciais para orifícios,

baseados em uma matriz de epóxi, poli eteracetonas, poli imida, poli sulfona

discos e implantes ortopédicos

Radiopacificadores (BaSO4, BaCl2,TiO2) misturados em polímeros de poli olefinas, poliuretanos, silicones

Radiopaco em raios-X para identificação e localização do

dispositivo

Radiopacificadores em polimetimetacrilato

Cimento ósseo radiopaco

1.2. Quitina e quitosana e suas aplicações

A quitina foi isolada pela primeira vez em 1811 por Braconnot, trinta anos

antes do isolamento da celulose, a partir de fungos. O nome quitina vem do grego

chiton, que significa cobertura ou envoltura. Devido a sua insolubilidade em

solventes comumente utilizados em laboratório e a falta de conhecimentos

básicos de sua estrutura limitaram sua utilização até a década de 70.

Atualmente a quitina e seus derivados como a quitosana são conhecidos

como biopolímeros com diversas aplicações na área médica, farmacêutica e

química (CAMPANA et al., 2007; COVAS, 2006).

Amplamente encontrada na natureza, a quitina encontra-se na matriz da

estrutura esquelética de invertebrados, como artrópodes, anelídeos, moluscos e

celenterados, em algas diatomáceas, e também está presente nas paredes

celulares de alguns fungos, como ascomicetos, zigomicetes, basidiomicetes e

deuteromicetos (CAMPANA et al., 2007; COVAS, 2006).

A quitina é a segunda substância orgânica mais abundante na biosfera

sendo superada apenas pela celulose, mas supera esta última em termos de taxa

de reposição, que chega a ser duas vezes maior. Quitina e celulose possuem

características estruturais semelhantes, como mostra a Figura 3 e atuam como

invólucros protetores e materiais de suporte e defesa nos organismos em que

ocorrem.

A diferença entre elas se encontra no carbono 2 que contém um

grupamento hidróxido na celulose, um grupo acetamida na quitina e um grupo

amino na quitosana (CAMPANA et al., 2007; COVAS, 2006; MOURA, et al, 2006).

Figura 3. Representação da estrutura química (a) celulose; (b) quitina e (c) quitosana

A quitina é um polímero linear no qual a unidade repetitiva é o

dissacarídeo formado por 2-acetamido-2-deoxi-β-D-glicose (~95%) e 2-amino-2-

deoxi-β-D-glicose (~ 5%) unidos por ligação glicosídica β(1→4). É insolúvel em

água, solventes orgânicos, ácidos diluídos e álcalis, e pode-se apresentar com

estrutura cristalina ou amorfa.

A quitosana é obtida através da desacetilação alcalina da quitina, sendo

também um biopolímero, linear constituído de unidades 2-amino-2-deoxi-β-D-

glicose (60~100%) e 2-acetamino-2-deoxi-β-D-glicose (0~50%), que se encontram

unidas por ligações glicosídicas β(1→4). Possui grupamentos aminos disponíveis

para reações químicas, os quais são atribuídos às propriedades de maior

interesse. Tais grupamentos podem adquirir uma carga positiva em presença de

soluções ácidas. Daí sua capacidade de solubilizar-se em ácidos orgânicos, o que

constitui uma das principais características que diferencia a quitosana em relação

à quitina (SENEL & MCCLURE, 2004; MUZZARELLI, 1973).

A Figura 3 mostra a similaridade estrutural entre a quitosana e a quitina. Os

critérios comumente aceitos para diferenciá-las são: o grau de desacetilação

(geralmente superior a 0,45), a solubilidade em soluções diluídas de ácidos e a

substituição do grupo acetamino na posição 2 pelo grupo amino. Além disso,

também é semelhante à celulose, já que seu precursor, a quitina, é muito

parecida com este biopolímero (MATHUR & NARANG, 1990).

As principais matérias-primas para produção industrial de quitina são as

carapaças de crustáceos originadas do processamento industrial de frutos do

mar. A síntese química de quitina é uma tarefa demorada e sua produção pela via

biotecnológica ainda não é economicamente atrativa. As cascas secas de

crustáceos possuem 15-20% de quitina, 25-40% de proteína e 40-55% de

carbonato de cálcio, além de pigmentos e lipídeos em pequena quantidade.

A extração de quitina a partir da biomassa, a exemplo do que acontece

com a extração de celulose de fibras vegetais, envolve a execução de

tratamentos químicos sequenciais destinados a eliminar as substâncias que a

acompanham. Em função do valor de mercado, algumas dessas substâncias,

como as proteínas e os pigmentos, também podem ser comercialmente

exploradas, dependendo do processamento adotado para sua dissociação da

quitina.

A matriz dos exoesqueletos é formada por epicutícula, que é a camada

mais superficial e não contém quitina, e endocutícula, na qual três camadas se

sobrepõem, a pigmentada, a calcificada e a não calcificada. A quitina ocorre na

endocutícula associada a pigmentos, carbonatos e proteínas e, assim, sua

extração a partir de exoesqueletos de crustáceos envolve, geralmente, a

sequência desmineralização, desproteinação e despigmentação (CAMPANA, et

al., 2007; COVAS, 2006; MOURA, et al., 2006).

A quitina se encontra na natureza formando uma matriz sólida hidrata

composta por regiões amorfas onde se encontram as zonas cristalinas organizada

na forma de lamelas. Estas lamelas apoiam o exoesqueleto de crustáceos e

insetos, uma vez que formam estruturas em cadeia que ficam empacotadas e

associadas lateralmente devido a várias ligações de hidrogênio (COVAS, 2006).

Existem formas polimorfas da quitina, sendo denominadas α, β e -quitina

que correspondem a diferentes arranjos no estado sólido, decorrentes de

disposições distintas das cadeias do polímero nas lamelas que constituem os

domínios cristalinos. Além disso, a cristalinidade da quitina depende de vários

fatores, tais como a natureza do organismo do qual a quitina foi extraída e as

condições empregadas na extração do polímero (GOOSEN,1996).

A α-quitina é encontrada em estruturas rígidas e resistentes, como a

cutícula de artrópodes, e nesses casos ocorre fortemente associada a proteínas,

materiais inorgânicos ou ambos. Esta estrutura corresponde a um

empacotamento denso resultante da disposição antiparalela das cadeias

poliméricas em diferentes lamelas, o que favorece a existência de numerosas

ligações hidrogênio inter/intra cadeias da mesma lamela e de lamelas vizinhas

(GOOSEN,1996).

Já as formas β e -quitina ocorrem em estruturas flexíveis embora também

resistentes. No caso de β quitina as cadeias pertencentes a diferentes lamelas

dispõem-se paralelamente, o que dificulta o estabelecimento de ligações

hidrogênio intermoleculares envolvendo cadeias de lamelas adjacentes e resulta

em material menos densamente empacotado. Em -quitina parece ocorrer uma

combinação dos dois arranjos anteriormente descritos, pois as cadeias de duas

lamelas em disposição paralela são intercaladas por lamela em que as cadeias se

dispõem antiparalelamente (GOOSEN, 1996). Essa estrutura é a menos

conhecida e sugere-se que possa ser uma distorção das duas estruturas

anteriores.

A forma polimórfica mais abundante é a α-quitina, sendo

também considerada a mais estável, visto que a conversão pode ocorrer a

conversão irreversível de β e -quitina em α-quitina (CAMPANA, et al., 2007).

O uso de polímeros naturais para aplicações diversificadas têm sido de vital

importância para os avanços das ciências e apresenta várias vantagens como

fácil obtenção, compatível e biodegradável. Os polissacarídeos, como uma

classe de macromoléculas naturais, têm sua propensão extremamente bioativa, e

são geralmente derivados de produtos agrícolas ou de crustáceos. Celulose e

goma são exemplos de biopolímeros antigos, enquanto que a quitina e quitosana

são exemplos de biopolímeros obtidos recentemente. Em termos de

biodisponibilidade, a quitina é próxima a da celulose, são disponíveis numa

extensão de mais de 10 gigatoneladas anualmente.

As áreas de aplicações da quitina/quitosana e seus derivados são

ilimitados, uma vez que estes podem ser obtidos na forma de fibras, microesferas

e nanopartículas. São mencionadas aplicações na área de alimentos e nutrição,

ciência dos materiais, ciências médicas e farmacêuticas, microbiologia,

imunologia dentre outras (GOOSEN, 1996; THARANATHAN & PRASHANTH,

2007; MAJETI & KUMAR, 2000).

A quitina, devido a sua versatilidade, pode ser utilizada como agente

floculante no tratamento de efluentes, adsorvente na clarificação de óleos e

principalmente na produção de quitosana. Assim, a quitosana, possui maior valor

comercial e propriedades mais interessantes para âmbito industrial e fins de

pesquisa, tornando-se uma alternativa de utilização da quitina (MOURA, et al.,

2006).

Algumas das principais áreas de aplicação da quitosana são na

agricultura (mecanismos defensivos e adubo para plantas), tratamento de água

(floculante para clarificação, remoção de íons metálicos, polímero ecológico e

redução de odores), indústria alimentícia (fibras dietéticas, redutor de colesterol,

conservante para molhos, fungicida e bactericida, recobrimento de frutas),

indústria de cosméticos (esfoliante para a pele, tratamento de acne, hidratante

capilar, creme dental) e biofarmacêutica (imunológico, antitumoral, hemostático e

anticoagulante). Porém sua maior aplicação é na área biomédica (suturas

cirúrgicas, implantes dentários, reconstituição óssea, lentes de contato, liberação

controlada de drogas em animais e humanos, encapsulamento de materiais)

(RINAUDO & DOMARD, 1989).

O grau de desacetilação (GD) é uma das características mais importantes

da quitosana. Ele determina o conteúdo de grupos amínicos livres no

polissacarídeo diferenciando-o da quitina e influenciando principalmente a sua

solubilidade. Para a produção de quitosana, a quitina bruta é desacetilada com

hidróxido de sódio 40-50 % na temperatura de 110 -115oC (PETER, 1995). O grau

de desacetilação pode variar entre 70 e 95%, dependendo da metodologia

utilizada (KUMAR, 1982; LI et al.,1997).

A quitosana possui propriedades que podem variar amplamente, tais como:

pureza, viscosidade, grau de desacetilação e estrutura polimorfa devido às

diversas variáveis de processamento, entre elas, temperatura, tempo de reação e

composição dos reagentes, influenciando as características do produto final. Do

ponto de vista ecológico, a produção de quitina e quitosana acarretam menos

problemas do que a produção de celulose por requererem tratamentos com

produtos químicos relativamente perigosos. Os produtos secundários obtidos,

como acetato de sódio, carbonato de cálcio e determinados pigmentos podem ser

reaproveitados.

1.3. Mercado mundial da quitina e quitosana

A quitosana é produzida em grande escala em vários países e, devido à

facilidade de se obter o polímero em várias formas físicas diferentes, muitas

aplicações industriais têm surgido (PRASHANTH et al., 2007). O mercado mundial

de quitina e quitosana relacionado aos segmentos de tratamento de água,

cosméticos, alimentos, saúde, agroquímicos, biotecnologia, papel, têxtil, fotografia

etc. está distribuído em 53 empresas localizadas nos EUA, no Canadá, no Japão,

na Europa, na Ásia-Pacífico e no resto do mundo.

1.4. Compostos de ferro

O elemento ferro pode ser encontrado sob a forma de três óxidos: FeO

(óxido de ferro), Fe2O3 (hematita) e o Fe3O4 (magnetita) e todos eles tendem a ser

não estequiométricos. O composto FeO quando analisado estruturalmente

apresenta certa deficiência em metal, e fórmula Fe0,95O. .A tendência a não

estequiometria exibida por óxidos de ferro se relaciona com a fácil mudança

estrutural. Os óxidos de ferro apresentam formas cúbicas que diferem muito

pouco entre si, sendo observada apenas alguma diferença na disposição dos íons

Fe2+e Fe3+ nos interstícios octaédricos ou tetraédricos.

A magnetita (Fe3O4) é o primeiro material magnético conhecido pelo

homem. Foi este material que deu início à história do magnetismo. A sua estrutura

magnética é do tipo Néel A-B (NÉEL,1948), onde A são sítios tetraédricos,

correspondentes aos íons Fe3+, e B sítios octaédricos, correspondentes aos íons

Fe2+ e Fe3+. Os íons dos sítios A estão com seus momentos magnéticos

acoplados antiferromagneticamente com os momentos magnéticos dos íons dos

sítios B. Devido ao maior número de íons de ferro nos sítios B, a resultante não é

nula caracterizando, portanto, uma estrutura ferrimagnética. Acima de

aproximadamente 580ºC, a magnetita se torna magneticamente desordenada,

passando assim ao estado paramagnético.

A estrutura cristalina da magnetita é do tipo espinélio invertido

(NÉEL,1948). É um composto do tipo A2+B23+O4

2-, com rede de Bravais cúbica de

faces centradas. Entretanto, pode ser representada por Fe3+(Fe2+Fe3+) O42-pois

possui uma inversão na estrutura espinélio como mostra a Figura 4. Sua estrutura

está de acordo com o grupo espacial Fd3m, com 8 unidades de Fe3O4 por cela

unitária.

.

Figura 4. Estrutura da magnetita (Fe3O4) espinélio invertida (VERWEY, 1947)

1.5.Nanopartículas magnéticas

As partículas em escala nanométrica, mais conhecida como nanopartículas,

têm despertado grande interesse nos últimos anos, devido às suas propriedades

químicas e físicas únicas (HEUSER et al, 2007; XUPING & YOGLAN, 2005), Os

fenômenos únicos exibidos não são dependentes somente

dos constituintes, mas também de seu tamanho e formato, bem como, do seu

grande potencial em aplicações tecnológicas, industriais, ambientais, biológicas e

médicas .

O principal desafio das metodologias desenvolvidas para a preparação de

nanoestruturas magnéticas é a obtenção de sistemas dispersos com controle do

tamanho, da forma e das propriedades físico-químicas superficiais. O domínio

sobre as variáveis durante a síntese possibilita um maior controle sobre as

características das partículas, como cristalinidade, tamanho e distribuição de

tamanho, formato e estabilidade química, que por sua vez influenciam as

propriedades magnéticas dos materiais, determinando sua aplicação tecnológica

(DURAN, 2006).

Na literatura, são relatados diversos métodos para a síntese de

nanomateriais magnéticos, tanto físicos quanto químicos. Dos métodos físicos,

destacam-se o método de moagem e deposição por vapor. Dentre os

procedimentos químicos, os mais utilizados são os métodos de precipitação por

hidrólise alcalina, microemulsão, micelas reversas, redução e sonoquímico. Cada

tipo de síntese determina o tamanho, a forma e a uniformidade dos tamanhos,

que são fatores que podem interferir nas propriedades magnéticas.

O método de precipitação consiste de dois processos a nucleação, onde

ocorre a formação de centros de cristalização, e o crescimento,onde acontece

aumento das partículas. As taxas relativas desses dois processos determinam o

tamanho e a polidispersão das partículas.(AUZANS et al,1999)

As nanopartículas magnéticas são compostos com propriedades

magnéticas incorporados no material polimérico ou não, contendo sítios ativos e

seletivos para íons ou moléculas (trocadores orgânicos iônicos) (OWEN et

al,1989), ou ainda pode ser um material polimérico funcionalizados de acordo com

as necessidades do seu processo (KAMINSKI & NUÑEZ, 1999; SAFARIK &

SAFARIKOVÁ, 1999).

1.6. Nanopartículas e o comportamento superparamagnético

A composição química de óxido de ferro superparamagnético tem a fórmula

geral

Fe23+O3M

2+O

Onde M2+ é um íon de um metal divalente tal como o ferro, manganês, níquel,

cobalto ou magnésio. A magnetita é um óxido de ferro superparamagnético

quando o íon do metal (M2+) é o ferro ferroso ( Fe2+).

Fe23+O3Fe2+O Fe3O4

O superparamagnetismo ocorre quando um material é composto por

cristais suficientemente pequenos com spins orientados em monodomínios que

podem ser considerados como partículas termodinamicamente independentes. Os

momentos magnéticos de tais monodomínios magnéticos refletem na interação

dos elétrons desemparelhados. O momento magnético resultante torna-se muito

maior do que o de uma substância paramagnética, e a susceptibilidade magnética

específica destas partículas pode exceder significativamente o valor da

correspondente espécie paramagnética solúvel, devido a este ordenamento

magnético (BEAN, 1959; BEAN 1995).

As substâncias superparamagnéticas precisam de magnetização

remanescente quando o campo magnético é removido, pois as orientações dos

monodomínios voltam a ser aleatórios. Isto significa que os agente de contraste

de óxido de ferro superparamagnético não se agregarão devido a atração

magnética. O superparamagnetismo tem uma natureza cristalina obrigatória;

agentes superparamagnéticos serão então necessariamente ordenados e

particulados (BEACH-GANSMO, 1993).

A propriedade de superparamagnetismo nas partículas está diretamente

ligada ao tamanho das nanopartículas magnéticas. Somente partículas com

diâmetro menor que 30 nm são superparamagnéticas. Quanto mais próxima da

forma esférica e maior uniformidade entre as formas, maior será a eficiência das

nanopartículas com maior aplicabilidade, seja como ferrofluido, como separador

de células ou removedor de poluentes. Sendo assim, o controle do tamanho das

nanopartículas durante a síntese é extremamente importante para aplicações

tecnológicas (SAFARIK et al.,1995).

Partículas com comportamento superparamagnético têm sido utilizadas

extensivamente em diagnóstico e outros campos de aplicação especialmente em

biologia molecular para separação de ácidos nucléicos e oligonucleotídeos, em

biologia celular para separação de células alvo e organelas celulares

(WHITEHEAD et al.,1987; HÃFELI & PAUER, 1999), em microbiologia para a

concentração de microorganismos patogênicos (LANDFESTER; RAMIREZ, 2003;

TARTAJ et al, 2003), em bioquímica para isolar várias enzimas, lecitinas e

anticorpos (PANKHURST et al., 2003) e em química analítica para pré-

concentração de alvos analíticos como também nas áreas ambiental e catálise

(SHINKAI, 2002).

2. OBJETIVOS

2.1.Objetivo geral

O presente trabalho teve por objetivo sintetizar e caracterizar as

nanomagnetitas revestidas com o biopolímero quitosana para aplicação na

remediação ambiental.

2.2. Os objetivos específicos foram:

Sintetizar e caracterizar a quitina a partir das carapaças de camarão;

Sintetizar e caracterizar a quitosana a partir da quitina;

Sintetizar e caracterizar as nanopartículas de magnetita;

Sintetizar e caracterizar as nanomagnetitas revestidas com quitosana;

Caracterizar os materiais sintetizados pelas técnicas DRX, FTIR, TGA,

DSC, 1H-RMN, MEV, TEM e medidas magnéticas.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Todos os reagentes utilizados neste trabalho foram de grau analítico (PA)

e marca VETEC e as soluções foram preparadas com água destilada.

3.1. Matéria prima

Os resíduos de camarão cinza foram obtidos da Colônia de Pescadores da

Pedra de Guaratiba-Rio de Janeiro-Brasil.

3.2. Síntese da quitina

Para a obtenção da quitina realizou-se um pré-tratamento com a lavagem

em água comum, separação e descarnagem dos 2.800 kg de resíduos de

camarão. Após o pré-tratamento restaram apenas 270 g de matéria-prima. Em

seguida, a amostra sofreu quatro lavagens de 3h com água destilada para a

retirada de sais. A amostra foi seca em estufa a 50ºC por 12h.

Em seguida foi feita a descarbonatação usando HCl 0,25 mol/L a

temperatura ambiente sob agitação constante por 1h seguida de lavagem com

água destilada até pH neutro. Este processo de descarbonatação visa à retirada

de carbonato de cálcio (CaCO3) que estão ligados à quitina na parte calcificada

da endocutícula das cascas de camarão.

Após a neutralização foi feita a desproteinação que consiste na adição de

uma solução de NaOH 1 mol/L a temperatura ambiente sob agitação constante,

por 24h que tem a função de reduzir o teor de nitrogênio proteico, através da

hidrólise das proteínas que envolvem a quitina. Após a desproteinação, a amostra

foi seca em estufa a 50ºC e como não apresentou coloração, não foi necessária a

etapa de despigmentação com solução de etanol a 95% (THARANATHAN &

PRASHANTH, 2007). Após este processo a quitina foi caracterizada por Difração

de Raios X (DRX), Espectroscopia de Absorção no Infravermelho por

Transformada de Fourier (FTIR), Termogravimetria/Derivada Termogravimetria

(TGA,DTG), Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) e Microscopia Eletrônica

de Varredura (SEM).

3.3. Síntese da quitosana

O processo de obtenção de quitosana parte da desacetilação alcalina da

quitina. Cerca de 15 g de quitina foi adicionada em um becker contendo 30 mL de

uma solução aquosa de NaOH 50% a 100°C, sob agitação constante por 3h.

Após esse tempo de reação, o material foi resfriado e lavado com água destilada

até pH neutro (THARANATHAN; PRASHANTH, 2007). A quitosana obtida foi seca

em estufa a 50°C por 12 h e caracterizada por DRX, FTIR TGA/DTG, DSC e

Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN 1H).

3.4. Síntese das nanomagnetitas

As nanomagnetitas foram preparadas por co-precipitação, que consiste na

alcalinização da mistura estequiométrica de íons de ferro com NaOH. Para

preparar os íons de ferro dissolve-se uma quantidade apropriada de Fe+3 em HCl

2 mol\L que apresentou cor amarela. Os íons de ferro são reduzidos com sulfito

de sódio, formando íons Fe+2 e SO3-2 de cor vermelha. Em seguida foi adicionado

NH4OH concentrado, retornando a cor amarela e mantendo a agitação por 30

minutos. Depois desse tempo, as partículas foram decantadas com o auxílio de

um imã descartando o sobrenadante em um recipiente adequado. O precipitado

foi lavado com água destilada até pH neutro, filtrado à vácuo e seco à

temperatura ambiente (SHENGCHUN et al., 1999; CORNELL & SCHERTMANN,

1991). O material obtido foi caracterizado por DRX, FTIR, MEV e Microscopia

Eletrônica de Transmissão (TEM).

3.5. Síntese das nanomagnetitas revestidas com quitosana

Foi preparada uma suspensão de quitosana (5 g) em um volume de 400

mL de ácido acético (2%) sob agitação por 30 min. Em seguida foi adicionada a

esta, uma suspensão aquosa de magnetita (2g /100 mL) sob agitação por mais 30

minutos. O sistema ficou em repouso por 24h e colocado sobre um imã para a

sedimentação das nanopartículas. Parte do sobrenadante foi retirado e

descartado, e mantido um volume de 200 mL de suspensão. Em uma alíquota o

sobrenadante foi adicionada gotas de NaOH 2 mol/L, ocorrendo a formação de

uma base sólida esbranquiçada, indicando a presença de quitosana excedente

que não revestiu a magnetita. Dessa forma, a massa de quitosana utilizada

garantiu o recobrimento de todas as partículas de magnetita. Adicionou-se

lentamente 200 mL de solução de NaOH (5 mol/L) sob agitação ao volume de 200

mL de suspensão de magnetita/quitosana para obtenção da quitosana solidificada

nas partículas de magnetita. Esta suspensão foi colocada sobre um imã e o

sobrenadante separado e descartado e realizadas várias lavagens com água

destilada. O material obtido foi lavado com acetona para acelerar o processo de

secagem. Foi obtido um pó preto de textura fina e caracterizado por DRX, FTIR,

MEV, TEM e medidas magnéticas.

3.6. Caracterização dos materiais

Os materiais obtidos foram caracterizados pelas seguintes técnicas:

3.6.1. Espectroscopia de Absorção no Infravermelho por Transformada de Fourier

(FTIR)

As medidas de FTIR dos compósitos foram realizadas no

Espectrofotômetro Nicolet - MAGNA - IR 760 na faixa de 4000 a 400 cm-1 com

resolução de 4 cm-1 e 64 scans.

3.6.2. Difração de Raios-X (DRX)

Análises de DRX foram realizadas em um Difratômetro de Raios-X Miniflex,

marca da Rigaku (V= 15 kV, I= 30 mA) que utiliza radiação kα de cobre (λ=1,5418

Å). O intervalo angular, 2θ, de 5-80° foi varrido com passos de 1°, utilizando

tempo de contagem de 1s. Os resultados das análises foram obtidos por meio da

indexação das fichas cristalográficas In Data collection of The Join Committee on

Powder Diffraction Standard (JCPDS).

3.6.3. Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN-1H)

O espectro de RMN-1H foi obtido em um espectrômetro marca BRUKER

DRX400. A análise foi realizada nas seguintes condições: pulso acumulado de 16

varreduras e LB de 0,30 Hz. A largura espectral e os pontos foram de 5000 Hz e

64 K, respectivamente. Aproximadamente 10 mg de amostra foi solubilizada em

1mL de solução de HCl/D2O 1% (v/v), durante 24 h sob agitação a temperatura

ambiente, formando uma solução viscosa. Uma alíquota dessa solução foi

colocada em tubos de quartzo de 5 mm de diâmetro para a análise e o

experimento realizado a uma temperatura de 70oC para diminuir a interferência

do sinal do solvente com os picos da amostra (HIRAI et al., 1991; SIGNINI &

CAMPANA FILHO, 1998).

3.6.4. Análises Térmicas (TGA/DTG, DSC)

As análises termogravimétrica e a derivada da termogravimétrica

(TGA/DTG) foram obtidas em um módulo termogravimétrico TGA 2050 e as

análises térmicas de calorimetria exploratória diferencial (DSC) em um módulo

calorimétrico DSC 2100, acoplados a um analisador térmico TA Instruments 2000.

As análises termogravimétricas foram feitas usando porta-amostra de

platina, com massa de amostra em torno de 10 mg. As análises DSC foram

obtidas em porta-amostra de alumínio com tampa furada no centro e com massa

de amostra em torno de 4 mg. As amostras, tanto para TGA quanto para o DSC,

foram aquecidas a uma razão de aquecimento de 10°C min-1 em atmosfera de N2,

com uma vazão de 90 mL min-1.

3.6.5. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

As análises de MEV foram realizadas no aparelho JEOL JSM 6490 LV A 30

KV. As amostras foram dispersas em uma fita de carbono sobre o porta amostra

de alumínio, secas à vácuo e metalizadas com ouro por 120 segundos.

3.6.6. Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM)

As análises de TEM foram realizadas no aparelho JEOL 2010 e operado a

200 kV. As amostras foram preparadas em isopropanol e sonicadas por 10

minutos. Gotas desta dispersão foram colocadas em grade de cobre.

3.6.7. Medidas Magnéticas

As medidas de momento magnético DC foram realizadas com um

magnetômetro SQUID (Superconducting Quantum Interference Device) da

Quantum Desing, MPMS-5S de 1,8 a 400 K e campos até 50 kOe. Cerca de 0,1 g

das amostras foram depositadas dentro de uma cápsula, esta foi preenchida com

graxa de alto vácuo e então fixada com o auxílio de linha em um tubo plástico que

auxilia como suporte para a amostra durante a realização das medidas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Serão apresentados e discutidos os resultados das caracterizações das

sínteses na seguinte sequência: quitina/quitosana, nanopartículas de magnetita e

revestimento das nanomagnetitas com quitosana. Para caracterização dos

materiais usou-se: FTIR, DRX, TGA/DTG, DSC, RMN-1H, MEV, TEM e medidas

magnéticas.

4.1. Espectroscopia de absorção no infravermelho da quitina e quitosana

A Figura 5 mostra os espectros no infravermelho da quitina e quitosana,

que apresentam perfis semelhantes.

Figura 5. Espectro de absorção no infravermelho da quitina e da

quitosana

Observam-se pequenas diferenças na forma e posição dos picos que são

atribuídas aos diferentes índices de grupo acetamida nas regiões de 3700 a 3000

cm-1, 1800 a 1500 cm-1 e 1700 a 1300 cm-1. No espectro da quitosana mostra a

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 50010

20

30

40

50

60

70

80

90

Tra

nsm

itâ

ncia

(%)

Número de onda (cm-1)

----Quitina

----Quitosana

diminuição da banda em 1560 cm-1 que é devido à deformação NH2 e que tende

a diminuir conforme vai aumentando o grau de desacetilação da quitosana.

As bandas de deformação axial NH (próximas de 1006 cm-1),

correspondente às ligações de hidrogênio intermoleculares N-H evidenciadas no

espectro da α-quitina.

Além dessas bandas características, observam-se as bandas de

polissacarídeos na região entre 890-1150 cm-1. Todas as bandas observadas são

semelhantes às descritas na literatura (BRUGNEROTTO et al., 2001; SAIMOTO

et al., 1996).

4.2. Difração de Raios X da quitina e quitosana

A Figura 6 mostra os difratogramas da quitina e quitosana.

Figura 6. Difratogramas de Raios -X da quitina e quitosana

Observam-se no difratograma da quitina seis picos de difração (2)próximos

a 10,0; 19,8; 21,6; 26,4; 29,2 e 37,9°, respectivamente, indicando que a estrutura

polimórfica presente na amostra é a α-quitina concordando com o espectro

infravermelho. No difratograma da quitosana observam-se quatro picos de

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Inte

nsid

ade(c

ps)

2 theta (graus)

---Quitina

---Quitosana

difração (2) próximos a 10,2; 19,9; 26,6 e 29,4º de menor intensidade e

deslocados para (2) maiores em relação ao espectro de quitina.

O difratograma da quitina apresentando picos mais resolvidos e em maior

número do que os picos observados no caso da quitosana. Este fato pode ser

atribuído a existência de domínios cristalinos maiores, em maior número no caso

da quitina (ROBERTS, 1992; ZHANG et al., 2000).

Através do difratograma de raios X pode-se determinar os índices de

cristalinidade (ICR) da quitina e da quitosana de acordo com a equação 1

(MANSUR, 2007).

ICR = (∑AC - ∑AA /∑AC) x 100 (Equação 1)

Sendo: AC e AA áreas dos sinais das regiões cristalinas e amorfo respectivamente.

As áreas dos difratogramas foram calculadas através do programa Microcal Origin

7.0 e estão apresentadas na Tabela 3.

Tabela 3: Índices de cristalinidades da quitina e quitosana

Biopolímero ∑AA ∑AC % I CR

Quitosana 48,8 237 79,4

Quitina 174 1043 83,3

Observa-se que a quitina possui maior grau de cristalinidade em relação a

quitosana, sugerindo que a relação entre o grau de desacetilação e o índice de

cristalinidade relativo seja inverso, pois quanto maior o índice de cristalinidade

menor será o grau de desacetilação.

4.3. Análise Térmica (TGA/DTG/DSC) da quitina e quitosana

Quando os materiais são aquecidos a temperaturas mais elevadas, várias

mudanças físico-químicas podem ocorrer como a formação de gases, líquidos e

mudanças de coloração. A degradação térmica é uma reação que envolve a

ruptura das ligações das cadeias principais e secundárias e quando os materiais

resistem à decomposição a altas temperaturas, chamamos de estabilidade

térmica que é caracterizada pela temperatura na qual a decomposição do material

se torna perceptível pela formação de produtos e cinética do processo. Um dos

fatores determinantes da estabilidade térmica do polímero é a energia das

ligações da cadeia principal ( LIM & WAN, 1995; TAGER, 1978).

A ligação C-C é uma das mais resistentes à degradação térmica. A

presença de átomos de hidrogênio na molécula do polímero diminui a energia

entre a ligação C-C, motivo pelo qual os hidrocarbonetos com elevada massa

molecular e seus derivados possuem comparativamente baixa estabilidade

térmica sendo facilmente degradados com o aquecimento a temperaturas mais

elevadas (PENICHE-COVAS & JIMÉNEZ, 1988).

As Figuras 7 e 8 mostram as curvas termogravimétricas (TGA),

termogravimétricas diferencial (DTG) e as de calorimetria exploratória diferencial

(DSC) da quitina e quitosana,respectivamente.

A Figura 7 mostra as curvas de TGA, DTG e DSC da quitina. A Figura 7a

apresenta o perfil da decomposição térmica TGA/DTG com três etapas, a primeira

etapa de decomposição, refere-se à perda de água, ocorrendo na temperatura de

pico de 61,0oC, com perda de massa de 6,1%, a segunda etapa de decomposição

refere-se à perda de material orgânico, ocorrendo numa temperatura de pico de

326,6o C, com perda de massa de 64,6% e na terceira etapa de decomposição,

refere-se a material inorgânico carbonizado, ocorrendo na temperatura de pico de

512oC, com perda de massa de 26,45%.

A Figura 7b mostra a curva DSC relacionadas às transições físicas e/ou

químicas ocorridas durante o processo de decomposição. Observa-se dois

eventos endotérmicos, a primeira decomposição a uma temperatura de pico de

110oC e a segunda temperatura de pico de 388oC.

Figura 7. Curvas de TGA/DTG e DSC da quitina

A Figura 8 mostra as curvas de (a) TGA/DTG e (b) DSC da quitosana. O

perfil da decomposição térmica da TG/DTG da quitosana apresenta três etapas:

a primeira etapa, refere-se à perda de água, ocorrendo na temperatura de pico de

75,5oC, com perda de massa de 6,0%, a segunda etapa refere-se à perda de

material orgânico, ocorrendo numa temperatura de pico de 304,1oC, com perda

de massa de 62,4% e na terceira etapa, refere-se a material inorgânico

carbonizado, ocorrendo na temperatura de pico de 505oC, com perda de massa

de 31,1%.

A Figura 8b mostra a curva DSC da quitosana e observam-se três eventos

térmicos. O primeiro pico endotérmico numa temperatura de 107oC, o segundo

pico exotérmico com uma temperatura de 312oC e um terceiro pico endotérmico,

com uma temperatura de pico de 409oC.

(a)

(b)

Figura 8. Curvas de TGA/DTG (a) e DSC da quitosana (b)

4.4. Espectroscopia de ressonância magnética nuclear da quitosana

A análise da quitosana por RMN-1H foi realizada com o intuito de

determinar o grau de desacetilação da quitosana, que é uma medida do número

médio de unidades 2-acetoamido-2deoxi β-D-glicose e 2-amino-2-deoxi β-D-

glicose. A proporção relativa dessas unidades nas cadeias macromoléculas de

quitosana tem efeito na solubilidade e nas propriedades das soluções de

quitosana.

A determinação do grau de desacetilação (GD) por RMN-1H foi obtida a

partir da equação 2.

GD = 100 [1- (1/3 HAc / 1/6 H2-6 ) ] (Equação 2)

Sendo : Hac = núcleos do grupo acetilado;

H2-6 = núcleos dos hidrogênios ligados aos carbonos 2, 3, 4, 5 e 6.

A Figura 9 mostra o espectro de RMN-1H da quitosana onde se observa

vários picos, e suas atribuições são apresentadas na Tabela 4.

Figura 9. Espectro de RMN-1H da quitosana

A Tabela 4 mostra as atribuições referentes aos picos observados no

espectro RMN-1H.

Tabela 4: Picos e atribuições do espectro RMN-1H

da quitosana

Picos (ppm) Tipo Atribuições REGE et al.,2003)

2,1 Singleto Corresponde ao hidrogênio da metila do grupo acetamido.

3,2 Tripleto Corresponde ao hidrogênio localizado na posição 2 do anel glicosamino

Entre 3,6 e 4,2 Superpostos Correspondem aos hidrogênios ligados aos carbonos 3, 4, 5 e 6 do anel glicosamino.

Entre 4,6 e 5,2 Superpostos Corresponde ao hidrogênio da posição 1 do anel glicosamino com vizinhança do grupo acetamido na posição 2.

A partir dos resultados da integração das áreas dos picos do

espectro de RMN-1H foi calculado o GD e obteve-se um valor de 89%

significando que o tratamento nas condições citadas anteriormente foram

suficientes para a obtenção de quitosana. Para efeito de comparação, as

quitosanas comerciais possuem geralmente grau de desacetilação entre 70-95%

(REGE et al.,2003), o qual evidenciou a obtenção de uma quitosana com uma

boa homogeneidade.

4.5. Microscopia eletrônica de varredura da quitina e quitosana

A Figura 10 mostra as imagens de MEV da quitina e quitosana. Observam-

se materiais fibrosos com texturas diferentes devido ao processo de desacetilação

da quitina com NaOH.

(a) (b)

Figura 10. Imagens de microscopia eletrônica de varredura (a) quitina e (b) quitosana

4.6. Nanomagnetitas na presença e ausência de um campo magnético (imã)

A Figura 11 mostra a foto das nanomagnetitas na presença e ausência de

um campo magnético (imã). Observa-se um bom comportamento magnético que

corresponde à magnetização residual próxima de zero na ausência de campo

magnético, e na presença de um campo magnético provoca um alinhamento das

nanomagnetitas. Esse alinhamento é facilmente desfeito após a remoção do

campo como pode ser observado na Figura 11, característica de nanopartículas

superparamagnéticas.

Figura 11. Foto das nanomagnetitas na ausência e na presença de um campo (imã)

(a) (b)

imã

4.7. Difração de Raios X das nanomagnetitas

A Figura 12 mostra o DRX das nanomagnetitas e observam-se oito picos em

2 = 18,3; 30,1; 35,7; 37,4; 43,2; 53,8; 57,3 e 63,0o típicos da magnetita nos

planos 111, 220, 311, 222, 400, 422, 511, 440o respectivamente. Os picos são

ligeiramente alargados e de baixa intensidade, como esperado para materiais

nanocristalinos.

As posições e intensidades relativas dos picos no difratograma permitiram

identificar a estrutura e a composição da amostra que apresenta uma estrutura

cristalina cúbica do tipo espinélio inversa e de composição de Fe3O4 (magnetita)

segundo dados do Fe304, (JCPDS-166-169, 2001).

Figura 12.Difratograma de raios X das nanomagnetitas

Pela técnica de raios X foi possível estimar o tamanho médio das partículas

de magnetita sintetizadas, utilizando a equação de Scherrer (CULLITY,1967)

representada na Equação 3 e o pico de maior intensidade em 2=35,7o .

10 20 30 40 50 60 70

0

300

600

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

2 theta (graus)

(111)

(220)

(311)

(400)(422)

(511)

(440)

(222)

D= k. cos (Equação 3)

Sendo: D= é o tamanho médio das partículas em Ǻngstrons;

k=constante que depende do formato da partícula (0,89); = comprimento de

onda da radiação k usado (cobre = 1,5418Ǻ);

= largura a meia altura do pico difratado da amostra em radianos e = ângulo de

difração de Bragg do ponto máximo do pico analisado.

O tamanho médio calculado para as nanomagnetitas foi de 7,3 nm. As

nanomagnetitas nessa grandeza exibem características superparamagnéticas, ou

seja, após a remoção do campo aplicado não ocorre aglomeração das

nanopartículas, além de possuir uma grande área superficial especifica.

4.8. Nanomagnetitas e nanomagnetitas revestidas com quitosana

A Figura 13 mostra a suspensão aquosa de nanomagnetitas revestidas

com quitosana e das nanomagnetitas na presença de um campo magnético.

Verifica-se que nas mesmas condições quando se aproxima um campo magnético

e num tempo de 1 minuto observa-se a separação tanto das magnetitas quanto

das nanomagnetitas revestidas com quitosana da água. Este comportamento é

tipico de nanomagnétitas superparamagnéticas.

Figura 13. Foto da suspensão aquosa de nanomagnetitas revestidas com quitosana e das

nanomagnetitas na presença de um campo (imã)

imã

4.9. Magnetização das nanomagnetitas e das nanomagnetitas revestidas com

quitosana.

A Tabela 5 mostra as medidas de magnetização de saturação das

nanomagnetitas e das nanomagnetitas revestidas com quitosana que exibiram

resposta magnética intensa na presença de um campo magnético sem tornar-se

magnético, ou seja um comportamento típico de material superparamagnético

observado nas magnetitas nessas dimensões (CULLITY, 1972).

Tabela 5: Medidas de magnetização de saturação das nanomagnetitas e nanomagnetitas

revestidas com quitosana

Amostra Medidas de magnetização de Saturação (Emu/g)

Nanomagnetitas 63,5

Nanomagnetitas/quitosana 59,9

Observa-se pela Tabela 5 as medidas de magnetização de saturação das

nanomagnetitas um valor de 63,5 emu/g e das nanomagnetitas recobertas com

quitosana apresentou um valor de 59,9 emu/g, ou seja, um decréscimo no valor

de magnetização de saturação de 3,6 emu/g das nanomagnetitas revestidas com

quitosana em relação as nanomagnetitas, que pode ser atribuído ao filme de

quitosana que evidencia o revestimento satisfatório das nanomagnetitas sem

perder as propriedades.

Desta forma, estas partículas podem ser atraídas e agrupadas por

aplicação de um campo magnético e como não retêm a magnetização, podem ser

desagrupadas, resultando em um material promissor para uma gama de

aplicações.

4.10 Microscopia eletrônica de varredura das nanomagnetitas e nanomagnetitas

revestidas com quitosana.

A Figura 14 mostra as imagens de microscopia eletrônica de varredura

das nanomagnetitas e nanomagnetitas revestidas com quitosana. Observa-se

aglomerados de partículas esféricas muito pequenas e na Figura 14b também

percebe-se, morfologias diferentes nos agregados que pode ser causado pelo

filme de quitosana na superfície das nanomagnetitas.

(a)

(b)

Figura 14. Imagens de MEV (a) nanomagnetitas e (b) nanomagnetitas revestidas com quitosana

4.11. Espectrometria infravermelho das nanomagnetitas e das nanomagnetitas

revestidas com quitosana.

A Figura 15 mostra os espectros de infravermelho das nanomagnetitas e

das nanomagnetitas revestidas com quitosana e a Tabela 6 apresenta os

principais grupos funcionais e as descrições das atribuições características das

nanomagnetitas e nanomagnetitas revestidas com quitosana.

Figura 15. Espectros de absorção no infravermelho (a) das nanomagnetitas e (b) das

nanomagnetitas revestidas com quitosana

Tabela 6. Principais grupos funcionais e atribuições das nanomagnetitas e magnetitas revestidas

com quitosana.

Número de onda

(cm-1)

Atribuições (NAKAMOTO, 1997; BUENO, 1989).

Nanomagnetitas

556 e 635 Características das deformações das ligações Fe-O e Fe-O-Fe nos sítios octaédricos e tetraédricos na magnetita

1614 Característica de H2O adsorvida na magnetita.

3408 Característica da ligação de OH na magnetita.

Nanomagnetitas revestidas com quitosana

557 e 631 Verifica-se um pequeno deslocamento das bandas relacionadas às deformações das ligações Fe-O e Fe-O-Fe

1000 Características de bandas de polissacarideos

1063 Características das vibrações das ligações nos grupos C-O e C-N.

1374-1461 Deformação simétrica da ligação C-H e da deformação da ligação N-H da quitosana.

1630 Deformação da ligação N-H na quitosana

3424 Banda larga e forte característica de estiramento da ligação (O-H) na quitosana.

4.12. Microscopia eletrônica de transmissão das nanomagnetitas revestidas com

quitosana.

A Figura 16 mostra a imagem da microscopia eletrônica de transmissão

das magnetitas recobertas com quitosana, evidenciando partículas homogêneas

com tamanho médio de 7,0 nm e não agrupadas, típicas de partículas

superparamagnéticas.

Figura 16. Imagem de microscopia eletrônica de transmissão das nanomagnetitas revestidas com

quitosana

5. CONCLUSÕES

O Brasil possui um imenso litoral e um grande potencial pesqueiro em

constante desenvolvimento, e os resíduos dos crustáceos, são uma das

preocupações da indústria pesqueira na destinação correta de seus resíduos, de

maneira que a agressão ao meio ambiente seja a menor possível.

Neste sentido, resíduos de crustáceos são fontes de quitina e

consequentemente quitosana, que podem ser aplicadas em diversas formas e

condições nas indústrias química, farmacêutica e alimentícia. Portanto, o material

dito como resíduo da indústria pesqueira, transforma-se em um produto com valor

agregado e não poluente do meio ambiente, que pode ser uma solução para este

impasse, contribuindo com uma política ambiental sustentável.

A obtenção de nanomagnetitas revestidas com quitosana, ou seja um

compósito, foi realizada com sucesso, empregando-se uma metodologia

relativamente simples, na qual as nanomagnetitas, produzidas por meio da co-

precipitação dos íons Fe3+ em solução de NaOH, apresentando alta pureza, baixa

temperatura e homogeneidade do processo. Estas nanomagnetitas foram vertidas

sobre uma solução de quitosana obtendo-se, nanomagnetitas suficientemente

revestidas com quitosana, apresentando propriedades superparamagnéticas e,

portanto, eficientes na aplicação da técnica de separação magnética sólido-

líquido.

Pelo DRX foi obtido o grau de cristalinidade da quitina e quitosana, onde o

difratograma da quitina apresenta mais picos e com maiores intensidades que o

da quitosana.

Pelo FTIR foi observado as vibrações de estiramento e deformações dos

grupamentos específicos da quitina e quitosana.

O TGA da quitina e quitosana apresentam três etapas de decomposição: a

primeira etapa é perda de água, a segunda etapa refere-se à perda de material

orgânico que corresponde a pirólise, a desidratação e despolimerização

/decomposição das unidades acetiladas e desacetiladas do polímero, e na

terceira etapa de decomposição, refere-se ao material inorgânico carbonizado.

O DSC da quitina apresentou dois eventos endotérmicos, a primeira

decomposição a uma temperatura de pico de 110oC e a segunda temperatura de

pico de 388oC. Já o DSC da quitosana apresentou três eventos térmicos. Um

endotérmico na temperatura de pico de 107oC, o segundo exotérmico, uma

temperatura de pico de 312oC e o terceiro pico endotérmico, com uma

temperatura de pico de 409oC que estão associados às etapas do DTG.

Pelo espectro de RMN-1H foi calculado o grau de desacetilação da

quitosana e obteve-se um valor de 89%.

Pelo TEM foi observado que as nanopartículas revestidas com quitosana

apresentaram tamanho médio de 7,0 nm.

Os resultados das análises mostraram que as nanomagnetitas revestidas

com quitosana, chamada muitas vezes de nanocompósitos, apresentaram

propriedades superparamagnéticas, caracterizadas pelo tamanho das

nanomagnetitas e pela elevada magnetização de saturação, como também

ausência de magnetização residual, depois de cessada a aplicação do campo

magnético, sendo possível controlar o movimento das partículas com a aplicação

de um campo magnético, possibilitando a separação e o isolamento do meio com

facilidade com o auxílio de um imã, evidenciando um material em potencial para

aplicações ambientais.

O uso desses nanocompósitos com caracteristicas superparamagnéticas

aumentaria a eficiência e a seletividade de processos tecnológicos e

consequentemente resultaria num consumo menor de energia e produção de

quantidades menores para as mais diversas vertentes de aplicações.

Foram obtidos materiais de baixo custo que poderão ser usados como

adsorventes magnéticos e aplicados em processos de derramamento de petróleo,

água residuárias, entre outros e que contribuirá com o desenvolvimento de uma

tecnologia sustentável, evitando possíveis impactos ambientais decorrentes da

disposição inadequada destes resíduos no meio ambiente, garantindo o futuro

das próximas gerações.

6. PERSPECTIVAS FUTURAS

As nanomagnetitas revestidas com quitosana, que também pode ser

chamadas de nanocompósito magnético, poderá ser aplicado na remediação

ambiental em alguns setores, com por exemplo: áreas de derramamento de

petróleo e no tratamento de águas residuárias da indústria têxtil em razão do

nanocompósito magnético desenvolvido possuir sítios ativos que promovem

adsorção dos contaminantes dos efluentes e nanopartículas magnéticas que

possibilita a retirada do sólido do meio líquido por aplicação de um campo

magnético. Essa tecnologia dispensa o sistema de filtração ou centrifugação

necessária para separar sólido de líquido, facilitando e reduzindo os custos de

operações.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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