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Não te esqueças de mim, Pai Natal! Autor: Norbert Landa Ilustrador: Marlis Scharff-Kniemeyer

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Não te esqueças de mim, Pai Natal!

Autor: Norbert Landa

Ilustrador: Marlis Scharff-Kniemeyer

No Inverno, não há no vale dos

ursos nem cogumelos, nem

amoras, nem o mel das abelhas.

Em vez disso, só há neve, neve

e mais neve…

É por isso que, nessa altura,

todos os ursos, grandes e

pequenos, vão para a cama e

fazem o seu sono de Inverno.

Por outras palavras: vão

hibernar.

Passam a época da neve, do frio e do Natal a dormir e só voltam a acordar

quando chega a Primavera com o tempo mais quentinho.

Mas será que este ano todos os ursos foram hibernar?

Não, nem todos!

Pela janela via-se que lá fora o

Inverno era rigoroso. Estava na

hora de os ursos dormirem.

O ursinho Simão dava voltas e

mais voltas na cama, mas não

havia maneira de conseguir

dormir. Havia uma coisa que

não lhe saía da cabeça…

Então, o Simão levantou-se e

puxou a orelha da Mamã Ursa.

– Tens a certeza que o Pai Natal

não se vai mesmo esquecer de

mim? E se quando acordarmos,

na Primavera, ele não tiver vindo

cá, o que é que eu faço?

– Descansa, meu pequenino.

Tenho a certeza que o Pai Natal

não se vai esquecer de ti. Não te

preocupes. Ele virá de certeza. E

agora volta para a cama, por

favor! – disse a Mamã Ursa,

ensonada.

Mas o Simão já não

conseguia dormir. Foi

sorrateiramente até à cozinha

e encheu a sua sacola com

bolachas e biscoitos.

É que o Simão tinha uma

ideia!

Pôs o seu gorro quentinho,

um cachecol ao pescoço e

também pegou no seu

cobertor. Depois escapou-se

de casa e saiu para a floresta.

Como brilhava a neve à luz da Lua!

O Simão caminhava com dificuldade. E, de repente – pumba! –, ficou

enterrado até à barriga e descobriu como a neve podia ser profunda.

– Hi, hi, hi! – riu-se o Avô Lobo.

O Simão assustou-se.

– O que é que estás aí a fazer? – perguntou ele.

– Eu? - disse o Avô Lobo. – Estou

a ver a Lua cheia. Sempre que a

vejo sinto vontade de uivar. Mas…

e tu? O que estás a fazer cá fora,

em pleno Inverno e a meio da

noite? Tu devias estar na cama!

O Simão conseguiu sair do

buraco em que tinha caído,

sacudiu a neve que tinha

agarrada à barriga e disse:

– É que eu quero acenar ao Pai

Natal quando ele passar no seu

trenó. Assim ele vai ver-me e não

se vai esquecer de mim!

– Hi, hi, hi!– O Pai Natal não se

esquece de ninguém. Podes

acreditar em mim, Simão!

“Como é que o velho lobo pateta pode saber uma

coisa dessas?”, pensou o Simão.

Então, começou a subir a colina com alguma

dificuldade.

Ao passar pelo carvalho de tronco grosso, onde

morava a família dos ratos, ouviu qualquer coisa e

parou.

De repente, um ratinho pôs o focinho fora

da porta que ficava no meio das raízes e

gritou:

– É o Pai Natal! Vamos depressa para

dentro!

– Vem aí o Pai Natal, o Pai Natal! – chiaram

muitas vozinhas de ratos felizes.

– Ratos! – disse o Simão. – Eu não sou o

Pai Natal.

“Afinal, os ratos também têm medo de ser esquecidos”, pensou o Simão.

“Tenho mesmo de encontrar o Pai Natal!”

O Simão continuou o seu caminho, ouvindo de novo os ratos a chiarem.

– Agora foi-se embora! – gemiam eles.

– O Pai Natal esqueceu-se de nós! Ai, ai, ai!

Algum tempo depois, o Simãochegou finalmente ao cimo da

colina. A Lua brilhava e várias

estrelas cadentes cruzavam o céu

escuro.

Se calhar uma dessas estrelas

cadentes era o Pai Natal com o

seu trenó. Será que ele estava

nesse momento a olhar cá para

baixo e viu o pequeno ursinho?

Sem perder tempo, pegou no seu

cobertor e pôs-se a agitá-lo ao

vento.

Mas nada aconteceu!

Por fim, o Simão resolveu estender o seu

cobertor, sentou-se nele e ficou a olhar para o céu,

à espera.

Esperou, esperou, esperou… e nada!

À medida que o tempo ia

passando, o Simão ia ficando

cada vez mais triste. E depois

começou também a ficar com

fome e o seu estômago

começou a fazer barulhos.

Então, abriu a sua sacola e

desatou a comer bolachas.

De repente, lembrou-se dos

ratos que viviam no carvalho de

tronco grosso. De certeza que

estavam muito tristes no seu

buraco, e também cheios de

fome.

De repente, lembrou-se dos ratos que

viviam no carvalho de tronco grosso.

De certeza que estavam muito tristes

no seu buraco, e também cheios de

fome.

“Coitadinhos dos ratinhos!”, pensou o

Simão.

Arrumou as suas coisas e deslizou a

toda a velocidade até lá abaixo, ao pé

do carvalho, onde um fraco raio de luz

iluminava a noite.

O ursinho Simão abriu um

pouco mais a porta da casa dos

ratinhos e disse:

– Olá, ratinhos! Não tenham medo.

O Pai Natal não se esqueceu de

vocês!

Depois tirou todas as bolachas e

biscoitos da sacola, empurrou-as

para dentro da sala dos ratinhos e

ficou a ouvir. Mas que alegre

chiadeira! Os ratinhos cantavam e

dançavam, felizes.

O Simão teria gostado de ficar ali toda a

noite. Mas, de repente, lembrou-se de uma

coisa. O seu coração começou a palpitar. “E se

o Pa…”

Toca mas é a correr para casa!

– Que pena – disse o Avô Lobo. – agora

perdeste uma coisa!

Mas ele nem parou: só acenou e continuou a

correr.

Ao chegar a casa, o Simão viu

uma coisa espantosa. Ficou

parado como se estivesse

pregado ao chão. Havia ali

marcas. Marcas de um trenó.

Marcas de botas. Marcas de

renas!

Olhou para o céu e viu um rasto luminoso que se estendia pelo céu fora.

Depois o rasto desapareceu.

O Simão foi a correr para casa.

Afinal, o Pai Natal não se tinha

esquecido dele!

Muito admirado, o Simão olhou

para todos aqueles presentes e

embrulhos.

– Vou abrir um – murmurou ele. –

Só um. O maior de todos. Depois

vou para a cama!

O Simão abriu o embrulho

maior, sem fazer barulho nenhum

para que a Mamã Ursa não

acordasse. Estava radiante! E nem

conseguia dizer o que lhe dava

mais alegria: o facto de o Pai Natal

não se ter esquecido dele ou a

grande alegria que ele próprio

tinha dado aos ratinhos? Ou seria

o facto de o Pai Natal lhe ter

trazido um ursinho de peluche?

Fosse por que fosse, o certo é que o Simão estava radiante. Abraçou o seu

coelhinho com força e levou-o consigo para a cama. Depois adormeceu e ficou

a dormir até à Primavera como todos os outros ursos.