Natal por Canindé Soares

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Natal Por Canindé Soares

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Por Canindé SoaresNatal

III edição - 2013

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AgradecimentoAgradeço e ofereço este livro primeiramente a Deus, à

minha mãe Terezinha Soares, ao meu pai Valdemar Pinheiro, às minhas irmãs Valéria e Marluce, aos meus filhos Renato e Thiago e aos meus netos Larissa e João Henrique.

Agradecimento especial à minha esposa Déborah Kaline.

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Fotografia / photographCanindé Soares

DesignTerceirize Editora

Crônicas / ChronicsDiógenes da Cunha LimaVicente SerejoLuís da Câmara CascudoPedrinho Mendes Cassiano Arruda CâmaraManoel Onofre JúniorAnna Maria Cascudo BarretoFlávio ResendeElias Medeiros

ImpressãoHalley S.A

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Abdo FarretAdilene BrandãoAdrovando ClaroAida PeresAila CortezAirene José Amaral de PaivaAlbert DicksonAlberto CíceroAldair DantasAlderi DantasAlessandro SaldanhaAlexandre SantanaAlex GurgelAlexandre MulatinhoAlexandre SantanaAlinne Boa VenturaAluísio Alves de AndradeAlvares OteroAmaury JúniorAna AlmeidaAna Clara Lopes LeãoAna Maria BezerraAna Morena TavaresAndrea M. Aladim de AraujoAnderson ChristianAndré ArrudaAndré Freire LamartineAndré OthonAndré RockertAngélica GrafithAnna Fernandêz

Antonio Augusto MedeirosAntônio LeiteAntônio Roberto RochaArilza SoaresArturo ArrudaAssis OliveiraAugusto MaranhãoAugusto RatisAugusta Tavares de LimaAurino GalvãoArthur Madruga M. FlorêncioBertone MarinhoBira CarraturBruno GiovanniBruno OliveiraBruno Ricardo de Souza LimaCaio AugustoCanindé AlvesCamila FurukavaCamilo SobrinhoCayla Santos RodriguesCarlinhos GrafithCarlos Alberto MarinhoCarlos Alberto VieiraCarlos Eduardo AlvesCarlos EufrásioCarlos Magno Rodrigues das ChagasCarlos MarinhoCarlos Roberto Pinto LopesCarlos VoluCastelo Casado

Célia Albuquerque CalladoCelso AmâncioCezar AlvesCibele SilveiraCid Bezerra NetoClaudia Maria Case de BritoCláudia Santa RosaCláudio MenezesCláudio PorpinoCleber Ribeiro da SilvaCleudia Bezerra PachecoClotilde TavaresConceição AlmeiaCristina LiraDaliana Janine P. Dantas de AraújoDaniele XavierDaniel MottaDanyel AzevedoDecca BolonhaDickson M. FonsêcaDickson Nasser JúniorDiego BrenoDouglas BrandãoEdilson de Oliveira JuniorEdivânio CâmaraEdmundo Eugênio Dantas FilhoEduardo TorresElson de Almeida FernandesEmídia FelipeErick GurgelEri Duarte

Evilanildes Fernandes CostaEzequiel FerreiraElias MedeirosFátima AndradeFelipe MaiaFernanda Costa BezerraFernando AntônioFernando BezerrilFernando Luiz TavaresFernando MineiroFernando MouraFlávia UrbanoFlávio RezendeFlávio SalesFrancisca Lopes da SilvaFrancisco AlvesFrancisco Canindé de AraújoFred AlecrimFulvio Saulo MafaldoGaribaldi Alves FilhoGesane Borges Marinho DantasGeorge CâmaraGeorge SoaresGeovanne M PinheiroGeraldo Alves FilhoGileude PeixotoGilneide PeixotoGleydson BatalhaGustavo FaracheGustavo RochaGutemberg Costa

Habib ChalitaHaroldo Azevedo FilhoHaroldo Fernandes Ribeiro DantasHaroldo Ferreira da MotaHeitor GregórioHélio MoraesHeloisa GuimarãesHenrique Eduardo AlvesHerivelto MoreiraHermano MoraisHeverton Santos FreitasHudson Helder SilvaHugo MansoHumberto AzevedoHumberto LopesIsmaelson RêgoIvanez TerceiroJabes Soares LimaJacó JácomeJacson DamascenoJaécio CarlosJailson FernandesJaime SeguierJanaina MulatinhoJánio VidalJanilson S. C. DamascenoJanisera Monica ButkaJean FernandesJean RochaJean ValérioJerônimo Pereira Gurgel

Amigos parceirosPara realização dos sonhos, primeiro temos que sonhar, acreditar, trabalhar e fazer amigos. Meu agradecimento a todos que viabilizaram este projeto.

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João BastosJoão Batista FreitasJoão FerreiraJoão Marcos CostaJoão Maria MedeirosJoão Maria Vilela CidJoãozinho BatistaJoãozinho GrafithJoaquim Jr.Jonatas BarbalhoJorge RezendeJosé Agripino MaiaJosé AldenirJosé Carlos Martins NeryJosé Marcelo CostaJosé Vanderley Soares SilvaJosé ZilmarJotha JúniorJovinhoJúlia ArrudaJúlio ProtásioJuliska AzevedoJúnior GrafithJúnior BarretoKaká GrafithKaleb FreireKallyna Kelly A. M. Rocha de AlencarKamilo MarinhoKelps LimaKennedy DinizLarissa BorgesLaurita Arruda

Lavoisier Maia SobrinhoLeila Tinoco da Cunha Lima AlmeidaLeonardo RochaLígia RodriguesLuana Vanessa Santana CampeloLuciana de Lima Andrade FigueredoLuciano FlôrLuciano Oliveira de FariaLúcia SantosLucildo Hildegardes CâmaraLuís BenícioLuiz AlmirDavid LuizMagna Letícia A. Lopes CâmaraMagnus NascimentoMaira Klingenfuss BedaManoel Augusto do Nascimento FilhoManoel Onofre NetoMarcelo AlecrimMarcelo AntunesMarcel VitalMárcia MaiaMarciano FurukavaMárcio FurukavaMarcio GuedesMárcio SáMarcondi de Oliveira LimaMarcos Antonio Fernandes da SilvaMarcus BabyMaria da Penha de Oliveira CarvalhoMaria de Fátima Borges MarinhoMaria Rafaela Marinho

Maria Rivania de Lima CabralMarília Borges R. de MeloMarina ElaliMelissa FurtadoMidiã Machado da Silva AugustoMiguel JosinoMoacir JrMoises LustosaNeiwaldo GuedesNelly Carlos MaiaNelson FreireNelter QueirozNenel PaivaNey DouglasNey Lopes Jr.Nicolau Frederico de SouzaNilson Brasil LeiteNilza CarvalhoNivaldon Cleber de LimaOcimar DamásioOdemar NetoOrismar de AlmeidaOctávio Santiago NetoPaulo AraújoPaulo BrazPaulo Cesar D. FernandesPaulo OliveiraPedro CavalcantiPedro Henrique de CarvalhoPedro LinsRoberto Sérgio Ribeiro LinharesRafael Motta

Rafaela SalesRaniére Castro de AndradeRaphael Campos FurtadoRenata SilveiraRenato Gomes NettoRené AbeRicardo Couto e SilvaRicardo MottaRicardo RosadoRidalvo FelipeRildo GuerraRivanna LucenaRobinson FariaRobson CarvalhoRodrigo LoureiroRodrigo KlyngerrRogério MarinhoRô MedeirosRominna JácomeRosalba CiarliniRosely AraújoRyana SuhrSabrina FlôrSamira KheliliSandra ElaliSedna GuerraSérgio Eduardo C. FreireSilvestre FurtadoSimone FarretSimone QueirozSimone SilvaSocorro Pontes

Suelen LobatoSuerda MedeirosSuynne Lettier DamásioTaciana ChiquettiTarcísio GurgelTarcisio Trajano JuniorTertuliano PinheiroThaisa GalvãoThaisa MendonçaToinho SilveiraTomba FariasUbaldo FernandesVagner AraujoValdeci de Oliveira LimaValeria CavalcantiVenceslau Fonsêca C. JúniorVidalvo Dadá CostaVivi VianaWaldenice Cardoso MatosoWalter AlvesWanderley AdamsWalmir QueirozWalter LeiteWashington RodriguesWelington Luís de OliveiraWellington FugisseWellington Lima Wellington PaimWilma Maria de FariaYure Richard

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ABIH-RN

A Carta Comunicação

Adega São Cristovão

Aquário Natal

Associação dos Funcionários Aposentados do Banco do Brasil -

AFABB-RN

Asssociação Potiguar de Fotografia - APHOTO

Art & C

Banda Grafith

Blog do BG

Braz Impressões

Blog da jornalista Thaisa Galvão

Blog da jornalista Simone Silva

Carratu Publicidade

Casa Talento - Centro Suzuki Natal

Clínica Pedro Cavalcanti

Cricricell

Douce France

ECO Propaganda

Espacial Eventos

Espetinho do Kendão

Escoteiros do RN

Faz Propaganda

Formule - Farmácia de Manipulação

Idearte Produções

Jiqui Country Club

Joaquim Tur

Jornal O Público

Maxmeio

Mesa Anexa

Millennium Locações

Mixmídia

Naldo Fotografias

Mulheres no FDS

OAB/RN

Ocimar Damásio - Feira e Negócios

Prefeitura do Natal

Procuradoria de Imóveis

Restaurante Travessia

Revista Deguste

SOS Parachoques Serviços Automotivos

Terceirize Editora

Versailles Recepções e Eventos

Empresas parceiras

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Cartório Paiva Amaral

Capuche

NET

Potiguar Turismo

Sistema FAERN/SENAR

Ster Bom

Governo do RN

Assembléia Legislativa do RN

Câmara Municipal de Natal

Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Natal

Secretaria de Comunicação da Prefeitura do Natal

Aos fotógrafos Marcelo Buainain, Orlando Brito e Giovanni Sérgio

Patrocinadores

Agradecimento

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Natal nasceu cidade. Nunca foi arrabalde, vila, aglomeração. Nasceu no dia do nascimento de Cristo, daí o seu nome. Tem uma história simples, porque foi mais uma designação política ao seu nascimento do que uma necessidade topográfica. Assim, tem uma história simples e emocional.

A sua paisagem garante a imutabilidade do afeto. De um lado, o rio perene; do outro, a cinta dos morros verdes que até 1915 eram com-pletamente desertos.

Na minha meninice, Natal era uma cidade de 30 mil habitantes, ilu-minada por 90 candeeiros de querosene, sem transportes, dividida em dois grandes bairros: a Cidade Alta e a Cidade Baixa, ou seja, a Cidade Alta e a Ribeira. Os habitantes da Cidade Alta eram os xarias, os mora-dores da Cidade Baixa eram canguleiros. Eu sou canguleiro.

Como ainda pertenço ao século XIX, sou testemunha do desenvol-vimento muito rápido da cidade, especialmente depois de 1930, quan-do foi chamada de “Cais da Europa”. Natal era o ponto mais perto do continente europeu, daí a necessidade militar de defendê-la. Povoou-se de soldados, marinheiros e aviadores. Nessa época estavam por aqui Gustavo Cordeiro de Faria, no Exército; Ari Parreiras, na Marinha; Eduardo Gomes, na Aeronáutica. Mas em 1911 já tinha luz elétrica, telefone, bondes elétricos e oito bondes puxados a burro.

A cidade foi se multiplicando com duas escolas, três, hoje, uma Uni-

versidade com 50 cursos povoam-na de uma euforia de conhecimentos. Logo em Lagoa Nova, onde eu caçava nambus com Flaubert, quando não havia nada naquela zona. Natal. Chamo-a Noiva do Sol, cidade sem tempestades. Cidade clara e simpática.

Monteiro Lobato me dizia: “Sua felicidade é ter nascido numa ci-dade pequena, que cresceu com você, e daí o seu amor”. Quem nasce numa cidade grande, como o Rio de Janeiro, Paris, Londres, Berlim, não pode ter uma recordação como quem tem numa cidade pequena. Os lugares onde dancei, hoje são arranha-céus. O lugar mais alto de Natal, o ponto mais alto no meu tempo, era a Torre da Matriz, onde eu via o alvissareiro com as bandeirinhas azul e vermelha avisando a vinda dos navios do Norte e do Sul.

Natal, Noiva do Sol, minha cidade querida, deu-me o que sempre esperei: a tranquilidade do espírito, a paz do coração, o amor pelas coisas humildes do mundo, no meio das quais sempre vivi. Por amor à cidade, eu nada quis ser. Nem mesmo senador, como Getúlio Vargas me queria fazer. Nem Reitor da Universidade de Brasília, como Jusce-lino Kubistchek pensava.

Fiquei em Natal, só, pobre e feliz. Sou o que Diógenes da Cunha Lima me chamou: um brasileiro feliz.

Luís da Câmara Cascudo, Folclorista e escritor

Abrindo as portas

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Sempre que estiveste por aquiNão observaste o nosso ser

Nem aproveitaste o lindo olhar ao céuVenha pois não dá prá dizer tudo no papel

Curte-se aqui ao naturalA natureza espalha o nosso chão

Estou cantando a ter ra que é o meu viverE acontece que eu estou cansado de dizer

Que aqui não tem avenida São JoãoNem o mesmo padrão que se tem por aí

Coisas que não tem em todo o canto não se deve exigir

Isso é Natal, ninguém se dá muito malComo dizem pessoas quase sem se sentir

Linda baby, baby linda, volte sempre aqui.

Pedrinho Mendes, cantor e compositor

Linda Baby

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O aniversário da cidade do Natal coincide com o nascimento de Jesus, daí sua beleza incomensurável e eterna. Natal, inicialmente a Povoação dos Reis Magos, está permanentemente abençoada graças à vizinhança divina. Sendo de 25 de dezembro de 1599, tem, portanto, joviais quatrocentos e quatorze anos.

Luis da Câmara Cascudo era um amante dedicado ao seu torrão origi-nal. Diariamente, ao entardecer, solitariamente ou na companhia do ami-go Silvio Pedrosa, percorria ruas, escolhia locais para se embevecer com um dos mais lindos espetáculos celestiais, até eleger o mais bonito: a visão da Pedra do Rosário, onde Nossa Senhora aportou. Daí o titulo de um dos livros da minha autoria, “O Colecionador dos Crepúsculos”, Gráfica do Senado Federal, 2004.

O Forte dos Reis Magos também foi cantado amorosamente por Cascudo. Dizia que o Forte era um milagre de localização: se erguia a setecentos e cinquenta metros da barra, em cima do arrecife, ilhado nas marés altas. É o lugar melhor e mais lógico, anunciando e defen-dendo a cidade. Sua forma é a clássica do Forte marítimo, afetando o modelo de polígono estrelado. Hoje reconhecido como uma das joias históricas brasileiras.

O chão elevado e firme à margem direita do lindo rio que os portu-

gueses chamavam rio grande e os potiguares Potengi transformou-se numa capital dotada de um encanto diferenciado.

A cidade do Natal sempre se chamou assim? O Auto de Repartição das Terras, de fevereiro de 1614, declara que era “a cidade do Natal do Rio Grande”. Os holandeses falam na aldeia ou cidade do Natal. A carta geográfica de Marcgrave registou Natal assim como os ma-pas de Johannes Vingboons, autoridades decisivas. Nomes anteriores deixando vestígios na História e cartografia erudita. Cidade dos Reis. Também apareceu Cidade Nova, Cidade de Santiago. Durante o do-mínio holandês, Nova Amsterdam. Outra descoberta, Natalópolis.

Mas Cascudo não se limitou a buscar nossa documentação primá-ria. Como um autentico mago, decifrou os temperos do caldeirão de influências luso-brasileiras, acrescentando uma pitada forte africana, tudo reunido graças a colher ameríndia. Natal é rica em conteúdo popular, temos danças, folguedos, cantos, gestos, mitos, lendas, estó-rias. Atento observador do cotidiano, timoneiro brasileiro, sua obra gigantesca filtra sua visão do mundo decifrando o calidoscópio inspi-rador da província. Pensar o antigo de um jeito novo foi um exercício democrático que ele me ensinou.

Natal não é imune aos seus habitantes, e assim mescla encantos

Cascudo & a Cidade do Natal

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mundiais; franceses, italianos, portugueses, alemães, holandeses, for-mam e acrescentam muito da nossa cultura nordestina. Acolheu os norte-americanos, sendo denominada “O Trampolim da Vitória” pela sua importância geográfica, durante a segunda guerra mundial, mas – segundo o historiador Fred Nicolau – quando eles saíram, deixaram em terras de Poti muito do seu coração. Inúmeros romances e casa-mentos atestam o quão foram fascinados pela nossa gente. Seus des-cendentes engrossam as fileiras dos natalenses ou vivem nos States.

Natal também atesta, orgulhosamente, seu pioneirismo feminino, seu papel decisivo na abolição da escravatura. Foi de uma impor-tância total desbravando fronteiras aéreas. O papel dos militares na cidade mereceu um trabalho da minha autoria, intitulado “Sinfonia de Cristal”, 2010. O Exercito, a Marinha, a Aeronáutica, servindo no nosso Estado, se tornaram partícipes da nossa vida social.

Alguns teimam em acusar os potiguares de valorizar aquilo que vem além das fronteiras. Mas é preciso definir o feitiço, o encanta-mento que os militares sentem pela nossa terra e nossa gente. Uma li-nha imaginária amorosa liga nossa cidade e suas lembranças, quando se afastam, e por ela os sonhos caminham e as saudades rolam como pedras soltas no leito do rio do bem-querer.

Em toda a cidade saboreamos a peculiar culinária, peixe frito ou co-zido, camarão preparado de inúmeras maneiras, tapioca, com ginga ou com feijão verde e macaxeira, cuscuz, frutos do mar, galinha à cabidela. Centros de referência culturais, como o Instituto Histórico e Geográfi-co, a Biblioteca Câmara Cascudo, o Teatro Alberto Maranhão, a Capi-tania das Artes. O Instituto Câmara Cascudo – Ludovicus – preserva e divulga o patrimônio cultural de Luis da Câmara Cascudo, sendo visita-do por figuras locais e personagens internacionais.

Mas ainda podemos ver e ouvir o Bumba-Meu-Boi, as Ararunas, os Pastoris, as quadrilhas matutas ou estilizadas, mantendo a essência do nosso rico folclore.

Relógios vivos marcando a tradição são as feiras, do Alecrim e das Rocas, dentre muitas, deliciosas. Movimentando-se entre feirantes e compradores, abecedários de mercadorias eternas se revitalizam ao som dos cantadores ou do mais recente lançamento virtual...

Natal é um manto colorido, agora se verticalizando, mas o sorriso dos potiguares permanece regendo a melodia gloriosa da sua vida.

Anna Maria Cascudo Barreto, escritora, acadêmica, Presidente do Instituto Câmara Cascudo

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Ser natalense é um dom de Deus. Minha cidade, eleita, não é feita de pedra e cal, tijolos vermelhos e barros salitrados. Antes, tem o braço das dunas do Tirol que se alonga buscando o mar de Ponta Negra. É uma cidade oferecida à sensibilidade dos olhos e da pele, muitas ternuras, recebendo presentes diários dos Reis Magos que vi-eram para ficar. O Forte, visto do alto, tem forma de estrela. Uma lembrança feita de lutas e desassossegos, história de uma vigília, vigia.

O claro cotidiano da cidade Natal teve nomes sonoros de presen-ças antigas. Foi Cidade dos Reis. Ainda no domínio espanhol sobre Portugal, Natal los Reys. Os holandeses a denominaram Amsterdã ou, repetindo o nome dado à grande cidade do Norte, Nova Amsterdã. Os nomes não acrescentam qualidade, mas Natal apascenta a gente.

Os verdes do Potengi são carregadas águas marinhas, mancha-das de mangue e lodo e, talvez, da vida pobre da beira do rio. As margens do Potengi são vidas descoloridas. O Norte, margem esquerda, é conquistado no esforço da força operária. Segue a tendência brasileira de urbanização.

Natal é onde o amor toma partido, as mulheres têm olhos de espera e há um sentimento de que qualquer coisa de bom está para acontecer.

O tempo é decisivo para descobrir as suas várias belezas. A cidade respira pelas ruas largas e arborizadas, pelas árvores de quintal – mais cajueiros e mangueiras – e pelos pequenos jardins. É preciso buscar os horizontes. A necessidade fez a cidade apon-tar para o alto nos edifícios de apartamentos. Tantos espaços horizontais a conquistar e os homens fechados em apartamentos. Até a classe rica despreza os horizontes.

Aqui é o nascer dos filhos, o meu ancoradouro, chão definitivo, encanto jovem, a marca tranquilizadora na maturação da idade.

Muitas coisas, de bom e de ruim, acontecem primeiro aqui, na ci-dade aberta a mudanças. É preciso, pois, ter paciência com a cidade, com suas agressões, maldades grandes e miúdas. Afinal, ela não pode ser culpada pela violência e pelo mal do mundo.

É preciso amar a cidade com seus mistérios e sortilégios, esta ci-dade musical, de compositores e intérpretes, de ritmistas nos bares e botequins, da noite prolongada.

Natal é ainda cidade de gente boa que busca ser e fazer feliz.Natal é também dia claro e leve brisa.

Diógenes da Cunha Lima, repórter e advogado.

Dia claro e leve brisa

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Quem, como eu, é obrigado por dever de ofício, já há dez anos, a cometer um comentário diário sobre esta cidade (seus reclamos, problemas, incertezas) e até apreciar o comportamento do seu povo (“aqui se gastam 200 para impedir que o vizinho ganhe 20”), esta é a oportunidade de relatar, em vez de comentar. Por isso conto uma pequena história. História com agá.

Tudo porque já ouvi muita estória tentando explicar a origem da legenda Natal, Cidade do Sol, usada para propagar aqui e alhures os seus encantos. Justificativas arrancadas a fórceps. Da antiguidade às nossas origens indígenas. Só cascata.

Minha história tem 16 anos. Ocorreu em l967, quando já se anun-ciava o Plano Diretor e a valorização de “nossas potencialidades turís-ticas”. Argumentos aproveitados na época pelo pessoal da Manchete para vender uma reportagem à Prefeitura (um caderno colorido de 16 páginas na Fatos & Fotos). Tarefa entregue a Sebastião Barbosa, que tinha a primeira oportunidade de revelar seu enorme talento de fotógrafo. E a mim mesmo, encarregado do texto.

Foram trinta dias de batalhas em busca de ângulos fotogênicos de Natal, Natal dos anos 60 (praias, coqueiros e umas poucas menini-

nhas de biquíni, assim mesmo à custa de muita persuasão). E fomos nós para o Rio de Janeiro concluir a missão. Logo no primeiro dia, na sede da Editora Bloch (então na Rua Frei Caneca, vizinho ao presí-dio), a primeira desconfiança em torno do aproveitamento do nosso trabalho veio do próprio Adolpho Bloch, dono daquilo tudo:

- Dezesseis páginas sobre Natal, na minha revista? Nem pagas! Conhe-ço aquilo. Passei lá uma noite, na época da Guerra. É uma droga!

As excelentes fotos de Tião garantiram não somente a publicação. Vale-ram um aumento de salário para o autor, concedido pelo próprio Adolpho.

A explicação real para o uso da legenda Natal, Cidade do Sol está no titulo da reportagem. Título em tipos fortes e cor laranja sobre os coqueiros de Pirangi, o principal da edição. A reportagem virou caderno isolado, distribuído em Natal anos a fio.

A edição mereceu festas e até um lançamento com coquetel e tudo no Hotel dos Reis Magos. Da badalação ficou uma legenda, uma marca, uma definição para Natal.

Só depois começou o “folquilore” em torno do assunto.

Cassiano Arruda Câmara é jornalista e publicitário

Sol e Cascata

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Quem gravita em torno de trabalhos universitários de pós-grad-uação em especializações, mestrados e doutorados, sabe que tudo gira em torno de uma hipótese.

Os escritos opinativos, muitos deles, também trabalham com este aspecto, mas, em algumas situações, depois de se construir toda uma teoria em torno do objeto do estudo, as pesquisas de campo ou os experimentos, podem caminhar no sentido da nega-ção da hipótese, criando-se a partir dai, um problema.

Parto da hipótese de que o natalense é simpático, é legal, é gente boa, como popularmente costumamos definir nosso próprio conceito.

As pesquisas devem ser feitas, as entrevistas realizadas e, já tendo 51 verões de andanças por esta bela cidade do sol, posso dar meu testemunho de que o potiguar realmente apresenta em sua essência, comportamento que expressa estima, encantamento, benevolência, fraternidade, ternura e boa vontade para com o próximo e, principal-mente, com o turista que nos visita.

Acessando imagens do passado tendo como referência coisas afins ao aqui tratado, lembro que certa vez fui realizar exame de sangue logo cedo e, ao sair, estando parado com a moto num sinal de trân-sito, fui perguntado por um casal visitante no interior do veículo que detinham posse, sobre o caminho que os levassem a praia da Redinha.

Como a Ponte de Todos ainda não existia, a rota seria complicada

de explicar, dai, num segundo, minha criação trouxe a tona o DNA da cidade e, simplesmente disse: sigam-me!

E assim somos, dispostos a conversa fácil, a parada para ouvir e explicar, a tentativa de descobrir pela terceirização da pergunta, mesmo que não saibamos concretamente a resposta da questão, tornando essa nossa forma de comportamento, um tipo de pat-rimônio imaterial que nos eleva a um patamar positivo no ranking das índoles dos povos mundiais.

O patrimônio imaterial de uma nação é àquele que não é formado por prédios históricos, ele é um bem intangível, abstrato, como as formas de expressão, os modos e os saberes, então, neste sentido, a simpatia do potiguar, sua disponibilização para a informação ao turista, para o papear, o sorriso fácil, a amizade rápida e descompro-missada de algo anterior, nos posiciona muito bem entre todos os outros povos que, abertos ao novo, renovam no cotidiano o gostoso e necessário prazer de viver em harmonia com os que chegam para conhecer nossas belezas naturais.

Se continuarmos agindo assim, quem por aqui pousa, voará com belas imagens nos olhos e, gratidão no coração por nossa forma de recebê-los bem.

Flávio Rezende é escritor, jornalista e ativista social

Natalense, patrimônio imaterial do Brasil

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Viva e porque é viva, uma cidade precisa muito mais do que a administração de suas ruas e praças, becos e avenidas, pontes e viadutos. Uma cidade viva, muito viva, há de precisar de alguém que administre as praças dos que nascem, os bairros dos que vivem, os esquecidos subúrbios dos que morrem.

Viva e porque é viva, uma cidade precisa também de um administrador de sonhos, de um agricultor de paisagens, de um ourives para a restauração de suas joias públicas que são seus relógios, suas torres, seus arabescos das fachadas antigas. De um historiador não oficial para escrever a história dos simples.

Viva e porque é viva, uma cidade precisa de alguém que seja capaz de planejar suas tristezas, projetar seus desejos. E sobretudo de al-guém que seja capaz de levar adiante um grande programa de alegrias. De candidatos à vida e não a cargos, de secretários sem pastas para assuntos de tranquilidade.

Viva e porque é viva, uma cidade precisa de fiscais em suas praças, alguém especializado na recuperação das flores, na restauração de ban-cos e de jardins. De alguém altamente treinado para atendimento de urgência das árvores envelhecidas.

Viva e porque é viva, uma cidade precisa ir além dos desejos simples

de ruas pavimentadas e iluminadas, de calçadão imitando o progresso, de luminárias modernizando a pobreza. Ora, uma cidade viva precisa de especialistas em ociosidade, de técnicos em segredos, de coordena-dores dos ventos e das ondas.

Viva e porque é viva, uma cidade precisa ser feita de pedra, cal e carne. De homens privados, de mulheres desconhecidas, de crianças feias. Ora, é preciso que a cidade tenha seus colecionadores de segre-dos, seus bêbados inconvenientes, seus boêmios silenciosos, dos bares familiares e daqueles profundamente suspeitos.

Viva, porque é viva, uma cidade precisa de suas pensões mentirosas que anunciam ser familiares. De seus lugares que nada avisam e são perigosos. Viva, porque é viva, uma cidade precisa de poetas, de exe-cutivos e de noivos. De líricos e trágicos.

Viva, porque é viva, uma cidade precisa de rio e de mar, de riomar. Do encontro manso das águas doces e salgadas. Como quem quer amar. Viva, porque é viva, toda cidade é terra Natal.

Vicente Serejo é jornalista e professor da UFRN

Toda cidade é terra natal

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Natal da minha juventude, por volta dos anos 6O, era uma cidade tranquila e provinciana, que crescia, lentamente, na horizontal. Cerca de 160.000 habitantes. Raros prédios com mais de quatro andares. O clima era bom, ninguém reclamava do calor. Podia-se andar, com absoluta segurança, em qualquer parte, a toda hora, e as casas não tinham grades nas portas e janelas.

A programação cultural deixava a desejar. Por exemplo: os cinemas - Nordeste, Rex e Rio Grande, os melhores - exibiam bons filmes, porém muito tempo após o lançamento nacional. Havia pouquíssimos aparelhos de televisão, se bem me lembro. Nunca me liguei em televisão. Supermercados? Nem um sequer. A Livraria Universitária, de Walter Pereira, era uma espécie de templo da cultura, onde intelectuais se encontravam para bater papo, com frequência. Câmara Cascudo dominava a cena literária, com a sua presença exuberante, mas, ao que me consta, não era

habitué da Universitária.Todo dia, de tardezinha, meio mundo acorria ao Grande Ponto, espécie

de centro de convivência, em plena Rua João Pessoa, entre a Princesa Isa-bel e a Av. Rio Branco. As rodas de conversa iam noite adentro. Falava-se de política, de futebol - ABC e América -, da vida alheia...

Mulheres não frequentavam aquelas ilhas infestadas de piratas; pas-savam, como já disse numa crônica, velas pandas ao vento, em direção às lojas da moda - “A Formosa Síria”, “O Novo Continente”,“Quatro e Quatrocentos”-, aos cinemas Rex e Nordeste, à sorveteria 0ásis... No Grande Ponto realizaram-se grandes comícios e - houve um tem-po era ali a bem dizer o epicentro do carnaval de rua.

Se me perguntassem qual a Natal que eu prefiro - a de ontem ou a de hoje - responderia: a de ontem. Sem nostalgia.

Manoel Onofre Júnior, escritor

Minha Natal de ontem

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Fauna and Flora

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das luzes

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