Navio Carl Hoepcke

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16.01.22 11:28 PM

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História de um navio, que fazia parte de um forte grupo de comércio de Santa Catarina, e provia o interior do estado com novidades.

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12.04.23 06:46 AM

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O NAVIO CARL HOEPCKE

ERA UM LINDO TRANSATLÂNTICO

FAZ PARTE DA HISTÓRIA DE

FLORIANÓPOLIS - SC

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O navio pertenceu a Empresa Nacional de Navegação Hoepcke

“ENNH” fundada em 1865, por um imigrante alemão, em Desterro, atual Florianópolis, conforme historiamos

nas partes:

I - “Carl Hoepcke uma rica trajetória de vida”

II - “Cia. Nacional de Navegação Hoepcke”.

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O navio Carl Hoepcke ligou Santa Catarina ao resto do país,

através da navegação de cabotagem e de transporte de

passageiros, teve história glamurosa mas acabou seus

dias como:

Cargueiro

Navio boate e

Navio fantasma.

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Este trabalho é dedicado ao cabo máquina  - Álvaro

Ventura das Neves, "Russinho", In Memoriam.

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Construído em Hamburgo, na Alemanha, em 1926, o transatlântico Carl Hoepcke contava 62,40

metros de comprimento e 10,96 metros de largura e calado máximo de 12 pés (3,66 metros).

Cais Rita Maria em Florianópolis - Navio Carl Hoepcke atracando - Década de 1920

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RECREIO /Hoepcke Os Destroços finais

O Navio chegou a Florianópolis, vindo da Alemanha, numa manhã de domingo, após 27 dias de viagem,

carregado com 898 toneladas de carvão, em julho de 1927, para integrar a frota da ENNH.

Foi batizado com uma garrafa de champanhe estourada em seu casco, por Ilse Weineck, então

com 14 anos, neta do homenageado.

Fonte: Instituto Carl Hoepcke

Navios da ENNH: Carl Hoepcke, Anna, Max e rebocador São Francisco, atracados no Trapiche

Rita Maria.

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RECREIO /Hoepcke Os Destroços finais

As máquinas com potência de 12 mil HP moviam duas hélices para uma marcha de 12 milhas por

hora, contava com equipamentos de radiotelegrafia, frigorífico com máquina para produzir gelo e aparelhos contra incêndio e para desinfecção.

Navio Carl Hoepcke singrando

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A Empresa Nacional de Navegação Hoepcke tinha o Porto de Florianópolis como sua base principal e possuía neste,

na Praia de Rita Maria, seu cais de navios, seus trapiches, armazéns e um estaleiro o Arataca. Possuía 4

navios e muitas outras embarcações, mas o “Carl Hoepcke” era seu grande orgulho.

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O transatlântico Carl Hoepcke era um navio moderno, sofisticado e luxuoso

para a época. Acomodava 50 passageiros de primeira classe e 60 de segunda e contava com

dois camarotes de luxo.

Possuía dois salões: - Refeitório com mesas redondas e

cadeiras giratórias - “Fumadoiro” com divãs e poltronas de couro.

No refeitórioUm piano que ficava ao canto, tocado pelo 1º telegrafista e pianista Cristaldo Araújo, animava as

noites a bordo.Pratarias e louças finas

davam requinte ao ambiente.

Foto: Ricardo Mega

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Pintura do artista catarinense José Cipriano da Silva

O navio Carl Hoepcke propiciou, entre os anos de 1927 a 1960, a forma mais glamurosa de viajar e a união mais luxuosa entre

Florianópolis e o resto do Brasil.

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RECREIO /Hoepcke Os Destroços finais

O “Carl Hoepcke” fazia a alegria da cidade quando atracava no cais Rita Maria, era recebido até com

bandas de música. O trapiche ficava sempre lotado de pessoas que, se não iam acompanhar alguém partindo

ou chegando, iam lá apenas para ver o navio e o entra e sai de passageiros.

Cais Rita Maria com saída de navio passageiros anos 1950.

Foto Theodoro

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A chegada do navio no porto era sempre uma festa, as pessoas vestiam seus

melhores trajes para receber os viajantes, tripulantes, encomendas e novidades.

Até a cerveja por muitos foi conhecida porque a provaram a bordo do navio em

viagem, ou então, no Porto da Rita Maria, onde atracado, recebia visitantes.

As festas de chegadas e saídas do navio Carl Hoepcke foram eventos maravilhosos e marcantes para os florianopolitanos que

a vivenciaram.

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RECREIO /Hoepcke Os Destroços finais

Pelo menos duas gerações de catarinenses viajaram e receberam amigos e parentes através das rotas da empresa. O “Carl Hoepcke” cumpria

roteiros regulares pela costa brasileira, integrando a terra e a gente catarinense através de seus

portos, conforme Reclame.

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Quando partia em viagem o navio Carl Hoepcke, ao passar pela ponte Hercílio Luz,

dava o seu último apito. Levava passageiros e mercadorias,

deixava saudades...

Ponte Hercílio Luz, com o navio Carl Hoepcke (Anos 30) em navegação.

Pintura do artista catarinense José Cipriano da Silva

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Cais Rita Maria anos de 1950 – Foto Theodoro

O “Carl Hoepcke” trazia jornais, novidades e esperanças. Os

personagens iam e vinham, junto com os produtos que movimentavam a economia e o comércio local.

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Acidente com o “Carl Hoepcke”O navio, em setembro de 1939, quando

seguia em direção ao Rio de janeiro bateu numa laje de pedra, nas costas

da Armação da Piedade, em Santa Catarina, sofrendo sua primeira

tragédia.

O acidente causou danos ao casco e inundou os porões. Nada aconteceu ao passageiros e à tripulação, mas o navio

ficou encalhado no local. As causas nunca foram esclarecidas, mas não faltaram especulações nos

jornais da época. Por se tratar do primeiro ano da

Segunda Guerra Mundial, chegaram a supor que o navio teria sido torpedeado

pelo cruzador inglês "Ajax", que navegava próximo à Ilha de Santa

Catarina.

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Rebocado pela “Lancha São Francisco” foi recuperado no estaleiro Arataca, ambos de

propriedade da Cia. de Navegação Hoepcke.

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Fonte: Instituto Carl Hoepcke

Navio Carl Hoepcke, em primeiro plano, atracado no cais Rita Maria.

Um segundo acidente, dezessete anos após o primeiro e bem mais grave, colocaria ponto final

nos tempos de glória da embarcação e daria início ao seu declínio.

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Depois de transportar passageiros em viagens de luxo por quase trinta anos, o transatlântico Carl Hoepcke, no início da tarde de 27 de Setembro de 1956, vivenciou uma grande

tragédia, um incêndio irrompeu na casa de máquinas

e dominou o navio.

A embarcação que tinha saído pela manhã do porto de Santos e estava a

cerca de 15 milhas deste, contava 130 passageiros a bordo que, em pânico, se jogavam ao mar. Vários

ficaram feridos e um morreu afogado, um outro passageiro, que não

sabia nadar, ficou 27 horas na água agarrado a um pedaço de madeira.

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Segundo Wellington Martins, ex-marítimo da Companhia Hoepcke "Para apagar o fogo foi preciso afundar o navio e depois trazê-lo

de volta, numa operação delicada e perigosa, mas que deu resultado”.

Foi rebocado pelo vapor Anna, também de

propriedade da ENNH para

Florianópolis.

ANNA

O fogo só foi debelado no dia seguinte. O navio sinistrado foi salvo por uma arriscada, perigosa e bem operada

manobra efetuada pelos seus tripulantes.Estava abarrotado de farinha de mandioca

e madeira, parte da carga foi transferida para outra embarcação.

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Reformado no Estaleiro Arataca, sofreu transformação de navio de passageiro para NAVIO

CARGUEIRO, perdendo assim o glamour que encantava a população de Florianópolis.

“Carl Hoepcke”, como CARGUEIRO, “descendo a carreira” do Estaleiro Arataca.

Foto: Instituto Carl Hoepcke

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Devido aos elevados custos com a permanente dragagem do canal de

acesso pela baía norte e a priorização do sistema rodoviário ao marítimo, o Porto de Florianópolis, então um dos

principais do Sul do Brasil, foi fechado em 1964.

A Empresa Nacional de Navegação Hoepcke foi desativada na

ocasião e seu porto, o de Rita Maria, foi fechado

definitivamente. A década de 60 representou o declínio da navegação em Santa Catarina e em

todo o Brasil.

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Cais Rita Maria -1950 - Theodoro

1964 - TODOS OS NAVIOS DA CIA DE NAVEGAÇÃO HOEPCKE FORAM

VENDIDOS.

Encerrou-se, assim, a fase representativa da Florianópolis portuária.

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Em 1973 o aterro, sepultou de vez, os sonhos de voltar a ver navios

circulando pela baía sul.

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O navio Carl Hoepcke, que mudou de nome e função, ao ser transformado em cargueiro após o incêndio, foi vendido

para um armador do norte do país.

Foi visto maltratado, com muita ferrugem e rebatizado

Paissandu, segundo outras fontes Pacaembu, num porto do Norte.

Tempos depois, o antigo cargueiro catarinense foi revendido a

empresários de São Paulo que o rebocaram até Santos, já que não

possuía motores.

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O navio foi reformado e convertido em um RESTAURANTE E BOATE

FLUTUANTE de nome RECREIO,

“foi atracado do lado de lá e lá ficou”.

Ancorado na Praia do Góes, com movimentação feita por rebocadores,

tinha permissão para fundear a entrada da Barra.

Promovia festas e alegrava os santistas.“Dos apartamentos mais altos nos

prédios da Ponta da Praia dava pra ver as luzes e escutar o burburinho das

pessoas no convés do navio Recreio”.

O Navio Carl Hoepcke, agora Recreio, promoveu seu último evento festivo -

Réveillon de 1971.

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O mar revolto e fortes ventos, em um

temporal, arrebentaram as

amarras que ligavam a embarcação ao cais e

fizeram o Recreio atravessar,

como um navio fantasma, a

boca do canal 6, vindo dar nas areias da Ponta da Praia de Santos -

SP.

Ponta da Praia de Santos

JORNAL A TRIBUNA – 26/02/71

Assim, na madrugada de

26 de fevereiro de 1971,

o navio Carl Hoepcke, transmutado no

Recreio, encalha

a 100 metros da avenida Bartolomeu Gusmão

e vira manchete de jornal.

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HOEPCKE – BOATE RECREIO - encalha na Ponta da Praia de Santos.

“O pior é que tinha gente da tripulação dentro do navio que só foi desembarcar do lado

de cá”.“A cidade amanheceu sem entender o que

havia acontecido”.

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A embarcação branca e azul, pousada na praia de Santos, rapidamente transforma-se em atração

para turistas e banhistas e alvo da curiosidade dos moradores da Baixada.

RECREIO ENCALHADO - 1971

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Recreio outra vista

RECREIO ENCALHADO - 1971

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As autoridades não o viam como atração, pois estavam diante de um abacaxi indigesto, com

mais de 60 metros e não se sabe quantas

toneladas de aço para serem removidas da

areia.

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Mas uma estranha e inexplicável demora, na indecisão no que fazer com o Recreio encalhado, fizeram com que ficasse naquela situação durante

mais de 30 anos e o transformaram em NAVIO FANTASMA.

Recreio - A tristeza

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Assim - o navio que fascinou os florianopolitanos em seus tempos de Carl Hoepcke, fez a alegria dos

santistas como boate flutuante, ao passar do tempo, encalhado, foi perdendo o encanto,

deixou de ser atração virou um grande problema.

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O Navio Carl Hoepcke, como Recreio, agoniza agora em seu “Leito de Morte”.

Uma solução lógica seria tirar o navio encalhado com rebocadores, até foi tentado, mas quem disse que ele saía, optou-se pelo desmonte na base do

maçarico e estão nesta até hoje.

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“Restos ressurgem das areias para assombrar santistas”.

Destroços finais – Exumação, do navio Carl HoepckeO navio Recreio teve suas estruturas desmontadas e

removidas do local, sobrando parte do casco e outras peças enterradas na areia, que dinâmica do ambiente

marinho, em 1999, tratou de trazer a superfície.

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Ficou um tempo esquecido pelos prefeitos e pela Marinha.

O entulho enferrujado da velha embarcação, de quando em

quando, aflorando das areias.

As ferragens retorcidas, com partes pontiagudas, expostas pelo sobe-desce das marés, possibilitando riscos de

acidentes aos banhistas e usuários da praia, determinavam reclamações freqüentes.

Mas só janeiro de 2006, a prefeitura de Santos começou a remover os destroços. A

realização dos serviços, condicionada à maré e a tempo bom, dificulta os trabalhos,

sem prazo definitivo para acabar.

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Em 14/01/2006, a Prefeitura de Santos começou a retirada dos destroços do navio encalhado na Ponta da

Praia. Os trabalhos estão a cargo da Secretaria do Meio Ambiente, Defesa Civil e Terracom Engenharia

Ltda.

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O trabalho de remoção das ferragens acabou virando atração para turistas e

moradores que passam pela região.

A retirada de toda a embarcação é difícil de ser feita, já que o casco está muito

enterrado.

Segundo a Prefeitura de Santos os destroços, enterrados em grande profundidade, devem permanecer

diante das dificuldades para sua remoção.

O processo de remoção consiste em três partes: drenagem da área, escavações

localizadas e corte dos pedaços perigosos.

Até julho de 2006

cinco toneladas de destroços tinham sido retiradas.

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Reduzidos a um amontoado de ferro retorcido e sem forma definida, os restos mortais do navio Carl

Hoepcke, foram retalhados. Em menos de 40 anos, o navio de luxo,

que tanto encantou os florianopolitanos, se transformou em sucata.

Foto: Carlos Marques Jornal Novo Milênio Santos/2006

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O superintendente do Instituto Carl Hoepcke, em 2006, esteve no local, com a

intenção de levar parte da embarcação para acervo do museu em Santa Catarina.

O leme do “navio Carl Hoepcke”, só foi removido pela prefeitura de Santos em

29/08/2008, após meses de trabalho no corte da peça, que tem chapa espessa e pesada.

A retirada dos restos do navio, de cerca de 60 metros de extensão, dependendo de

condições climáticas é lenta e trabalhosa.

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A Secretaria do Meio Ambiente de Santos (SEMAM), em agosto de 2008, estimou

que ainda existam partes da embarcação a quase dois metros de profundidade e

afirmou que até então já foram removidas, além do leme,

cerca de 6 toneladas de destroços.

O objetivo da SEMAM, em 2009, quarta etapa dos trabalhos, é retirar os destroços

que estão a até 40 centímetros de profundidade, garantindo assim a

segurança dos banhistas..

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QUEM FEZ A ALEGRIA, TROUXE TANTAS

EXPECTATIVAS,

PARTICIPOU DA HISTÓRIA DE FLORIANÓPOLIS E SEUS

HABITANTES,

FEZ A FESTA DE SANTISTAS,

DEVIDO AS INDECISÕES, EM 1971, QUANTO AO SEU DESTINO,

TRANSFORMA-SE, AGORA, EM “LIXO

AMEAÇADOR”.

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FOTOS:

• Arquivo.

• internet, em sua maioria:

www.velhobruxo.tns.ufsc.br/FotoAntigas

www.floripanasantigas.com.br/fotos.html

MÚSICAS:

• Jantje Smid.wav

• I Love You.wav

• Sonata ao Luar de Beethoven-Issac Stern.wav

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FONTES: Alguns tripulantes, internet e Jornais

• Minhas memórias - observador, amante e interessado no assunto.

• Walter Pacheco – Meu pai, telegrafista do Cabo Submarino.

• Informações do tripulante chamado Álvaro Ventura das Neves, alcunhado Russinho (já falecido). • Relatos do telegrafista de bordo Brito e do comandante Schneider (já falecidos).

OUTRAS :

• Celso Martins - “Ex-marítimo da Cia Hoepcke acompanhou o auge e o declínio da atividade portuária na Capital...”, 2004 - www.portoturistico.com.br

• Depto. Imprensa - Prefeitura Municipal de Santos - Retirada dos destroços do navio Recreio em Santos prossegue na Ponta da Praia - www.clicklitoral.com.br

• Iara Correia – “Leme de navio encalhado na Ponta da Praia é removido” -www.radiocultura.com.br

• Jornal Cliclitoral – “Recreio em Santos” - www.clicklitoral.com.br

• Museu Nacional do Mar - www.museunacionaldomar.com.br

• Novo Milênio – “Histórias e Lendas de Santos - Recreio ”- www.novomilenio.inf.br