Nazismo

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Contexto anterior ao nazismo

1918 (meados) – ocorrem revoltas em Berlim e noutras cidades pedindo saída da Alemanha da 1ª Guerra.

1918 (final) – O kaiser Guilherme II abdica do trono. Ele era antissemita e colocou a culpa nos judeus.

1919 – A Alemanha deixa de ser um império e torna-se uma república: a República de Weimar.

Guilherme II

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A República de Weimar

Por que “Weimar”? Este é o nome de uma cidade em que organizou-se uma assembleia constituinte para criar uma nova constituição.

A República de Weimar era uma democracia representativa que adotou o semi-presidencialismo. Ou seja, o presidente era escolhido pelo voto.

O presidente nomeava um chanceler (primeiro-ministro) responsável pelo poder executivo.

O poder legislativo = Reichtag (parlamento federal) + Landstag (parlamento estadual)

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1919: Tentativa de revolução comunista

Os líderes comunistas Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecth foram assassinados após falharem na tentativa de revolução.

“Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem”. (Rosa Luxemburgo)

O episódio deixou preocupados setores da sociedade: sobretudo a elite, a classe média e os empresários.

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1919: Eleições para assembleia constituinte

Esquerda: 187 cadeirasDireita: 63 cadeirasCentro: 166 cadeiras

* A constituinte elaborou uma nova Constituição e assinou o Tratado de Versalhes. Este último tornava a Alemanha a principal culpada pela Primeira Guerra.

* O resultado decorreu da união entre católicos (centro-direita) e social-democracia (esquerda).

* A derrota na guerra representou humilhação para o povo alemão.

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1920-1923: Insatisfação com o governo

Eleições para o parlamento (Reichtag) em 1920- Os sociais-democratas (esquerda) perdem metade de seus

eleitores- A direita se fortalece e ganha um milhão de votos

Economia em crise- Inflação muito alta em 1923- País estava sem condições de pagar dívidas de guerra- Franceses e belgas decidem ocupar o Ruhr (região alemã de

indústrias e minérios) por conta da Alemanha não estar honrando suas dívidas

- Governo alemão incentivou os trabalhadores a cruzarem os braços

- Sem produção faltou dinheiro para salários. Então o governo emitiu grande quantidade de papel-moeda, e inflação subiu

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Desespero fez o povo apoiar partidos extremistas: olha os nazistas aí!

Antes com pouca expressão, um partido de extrema-direita cresceu bastante durante a crise

Criado em 1919 com o nome Partido dos Trabalhadores Alemães

Adolf Hitler era o 7º associado do partido. Logo depois se tornou líder deste

O nome foi modificado para Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, ou Partido Nazista

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1923: Partido Nazista tenta golpe de Estado em Munique – o putsch

Depois do “putsch”, isto é, do fracasso de golpe, lideranças do partido são presas

Entre os presos está Adolf HitlerNa prisão Hitler escreve seu livro Mein

Kampf (Minha Luta) onde expõe sua autobiografia e suas ideias políticas, como o ódio aos judeus (antissemitismo)

Após sair da prisão, em 1924, Hitler reconstruiu o partido, aceitando o jogo democrático pela via eleitoral

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1929: Recuperação da Alemanha é interrompida pela crise econômica (quebra da bolsa de NY)

Desemprego, falências, desesperoCaminho aberto para os nazistas chegarem

ao poder estatal6 milhões de trabalhadores perdem seus

empregosO primeiro-ministro Heinrich Bruning não

contém a crise e é derrubadoAs tropas nazistas da SA levam terror às

ruas: - são contra o comunismo- exaltam o nacionalismo

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1932: eleições para presidente

Paul von Hindenburg é eleito – 19 milhões de votos Adolf Hitler fica em segundo – 11 milhões de votosErnst Thälmann, comunista – 5 milhões de votos

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1933: em janeiro, Hindenburg convida Hitler para ser o primeiro-ministro (chanceler)

Em fevereiro o parlamento é incendiadoHitler coloca a culpa nos comunistasO partido comunista torna-se ilegal. Seus

militantes são presosEm março Hitler consegue “plenos poderes”

dados pelo parlamento (instaura-se um Estado de Exceção por quatro anos): outros partidos são eliminados, sindicatos destruídos, livros de esquerda e liberais são queimados

São criados campos de concentração – é para onde os inimigos do nazismo são enviados

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1934: a ditadura nazista completa-se

** Em junho acontece a “Noite dos Longos Punhais”

- Matança de ativistas de esquerda (comunistas, sociais-democratas, anarquistas, etc.)

- Apoio dos empresários e das altas patentes militares ao nazismo

** Em outubro Hindenburg falece- Hitler assume também o posto de presidente,

agora ele é chefe de Estado e de Governo- Ditadura indiscutível

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Medidas políticas do III Reich

Combate à crise econômicaControle de câmbio – e da inflaçãoAcordos comerciaisObras públicasIncentivo à indústria bélica (produção de

armas)Desemprego cai de 6 milhões para 400 milOs salários são achatados (diminuídos e

fixados)Intervenção do Estado na economia e na vida

das pessoas – o totalitarismo

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Pato Donald: um americano na Alemanha nazista? A ascensão do nazismo e a recuperação de sua economia preocuparam os EUA , que procuravam através da propaganda desqualificar seus rivais no poder mundial. Este filme abaixo de Walt Disney, produzido antes do início da 2ª Guerra, demonstra como eram feitas a crítica ao nazismo e a apologia ao estilo de vida americano.

Assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=CEVupZPE29g

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Algumas organizações Alguns parceiros

Partido NazistaSA (Sturmabteilung):

uma organização paramilitar, um grupo de assalto

SS (Schutzstaffel), grupo de elite paramilitar

Gestapo: polícia secreta do Estado

Hermann GöringHeinrich HimmlerJoseph GoebbelsJosef MengeleRudolf HessAdolf Eichmann

Hitler chegou ao poder e governou sozinho? Não!

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Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (o Partido

Nazista)

Defendia soluções extremas diante aos problemas ocorridos na Alemanha, como:>>> Extinção dos tratados da Primeira Guerra>>> Exclusão social e econômica dos judeus>>> Melhorias no campo econômico>>> Igualdade de direitos políticos

O partido incorporou milícias armadas (como a SA) para disseminar seus ideais através da força e combater marxistas, estrangeiros e judeus. Tinha como símbolo a suástica ou cruz gamada – pois representava para os nazistas a “identidade ariana”, uma “raça” nórdica antiga da qual supostamente os alemães descendiam.Possuía uma ideologia baseada no racismo. O povo alemão era o escolhido para construir uma nação forte e próspera. Por isso deveriam apagar a diversidade étnica das “raças” consideradas fracas (judeus, ciganos, negros, etc.).Adoção da Teoria geopolítica do Espaço Vital: “Toda a sociedade, em um determinado grau de desenvolvimento, deve conquistar territórios onde as pessoas são menos desenvolvidas”.

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A SA foi criada em 1921 e funcionava inicialmente como um grupo que fazia segurança do Partido Nazista. Membros apelidados de camisas-pardas.

Após o Putsch de Munique ela foi proibida. Porém em 1925 voltou a atuar combatendo organizações de esquerda e matando muitas pessoas.

Em 1933 ela já tinha 400 mil membros. E promoveu desfiles em toda Alemanha homenageando Hitler.

Com o passar do tempo surgiram desentendimentos entre o líder desta organização, Ernst Röhm, e Hitler.

SA – Grupos de Assalto

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SS – Tropas de Proteção

Inicialmente era uma unidade paramilitar pequena. Depois integrou cerca de 1 milhão de pessoas. Seus membros eram apelidados de camisas-negras.

> A SS substituiu a SA depois que o líder desta última (Röhm) tentou dar um golpe em Hitler>O lema da SS era “minha honra chama-se lealdade”.> Os integrantes eram racialmente selecionados e disciplinados rigorosamente.> Seu líder era Himmler.> Em 1939, a SS ficou responsável pela administração dos campos de concentração e extermínio.> A SS promoveu uma caça aos judeus, inclusive invadindo por terra outros países para executá-los em suas casas.

Uniforme principal da SS e seu símbolo

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Gestapo – Polícia Secreta do Estado

Criada em 1933 e derivada de uma polícia da Prússia. Funcionava como o FBI norte-americano. Um ano depois, Göring decide submetê-la à SS.

- A Gestapo era a garantia de completo domínio da população alemã. Todos eram vigiados. Qualquer pessoa podia ser denunciada por seu vizinho, caso fosse judeu ou contra o nazismo. -Funcionava sem tribunal.- Infiltrava agentes em fábricas para estimular revoltas contra o governo e, com isso, prender e executar opositores.

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Os métodos de torturas da Gestapo

-A Gestapo promovia inúmeras torturas para conseguir depoimentos.

Os métodos de interrogatório incluíam afogamentos em banheira de água gelada; choques elétricos ligando os fios às mãos, pés, orelhas e genitália; esmagamento de testículos; levantamento do prisioneiro pelas mãos amarradas atrás das costas, causando a luxação do ombro; espancamentos com cassetetes ou chicotes e queimaduras com ferro de soldar.

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Herman Göring

“Quando ouço a palavra cultura, corro e pego minha metralhadora”. (Göring)

> Marechal do Reich, maior cargo depois de Hitler

> Veterano piloto da Primeira Guerra.> Fundador da Gestapo. > Chefe da força-aérea alemã no governo de Hitler. > Em 1941 Hitler o nomeou seu sucessor e também assessor em todos os gabinetes.> Depois da Segunda Guerra ele foi condenado pelos crimes contra a humanidade, porém cometeu suicídio consumindo cianeto na noite anterior à sua execução.

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Heinrich Himmler

“A melhor arma política é o terror. A crueldade impõe respeito; os homens podem nos odiar mas não queremos seu carinho, apenas seu medo”. (Himmler)

> Comandante militar da SS

> Na Primeira Guerra servia a um batalhão reserva.> Controlou a maioria dos campos de concentração e criou os campos de extermínio.> Foi um dos principais responsáveis diretos pelo Holocausto.> Tentou negociação de paz na Segunda Guerra sem que Hitler soubesse. Devido a esta atitude, o führer o retirou de todos os cargos e ordenou sua prisão.> Depois de ser detido pelos britânicos em 1945, suicidou-se.

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Joseph Goebbels

“Uma mentira contada mil vezes torna-se verdade”.

“Nós não falamos para dizer alguma coisa, mas para provocar um efeito”. (Goebbels)

> Ministro da propaganda do III Reich

> Tinha doutorado em literatura (1923). Escreveu romances e peças de teatro mas foi recusado pelos editores.> Era líder regional do partido nazi. Se opunha ao capitalismo e ao comunismo.> Responsável pela censura, queimou milhares de livros. > No fim da Segunda Guerra, Goebbels e sua esposa Magda mataram seus seis filhos e depois se suicidaram.

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Josef Mengele

Mengele era apelidado no campo de concentração como “O anjo da morte”.

> Médico chefe no campo de concentração Birkenau-Auschwitz

> Realizava experiências crueis com pessoas. Por exemplo: injetava tinta azul em olhos de crianças, unia veias de gêmeos, amputava membros e tentava transferir para outros corpos.> Tentou criar um método de esterilização em massa para que as mulheres judias não tivessem filhos. Mas fracassou.> No fim da guerra fugiu para Argentina, depois para o Brasil, onde morreu no litoral paulista em 1979.

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Adolf Hitler

> O condutor da Alemanha Nazi – Der Führer

> Vinha de uma família humilde da Áustria.> Por conta de ser boêmio, foi reprovado duas vezes no ensino médio.> Na adolescência começou a alimentar ideias pangermânicas (união de todos alemães) e antissemitas (ódio contra judeus).> Queria tornar-se artista, mas não conseguiu passar no “vestibular” para Academia de Belas-Artes de Viena (duas vezes).

> Órfão e sem dinheiro chegou a dormir em abrigos para mendigos em Meidling em 1909.> Lutou na Primeira Guerra pelo exército alemão como mensageiro, uma posição perigosa pois não tinha proteção como aqueles que ficavam nas trincheiras.> Durante a guerra desenvolveu um patriotismo apaixonado pela Alemanha.> Em 1918 não aceitou que o exército alemão havia sido derrotado e, assim como outros nacionalistas, culpou os políticos civis pela rendição. Ambos acreditaram nas mentiras que os generais contaram para se isentarem da capitulação. Alguns militares responsabilizaram o “judaísmo internacional”, Hitler também.

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O governo de Adolf Hitler

Posto por Hindenburg no cargo de primeiro-ministro (1933), depois da “Noite dos Longos Punhais” Hitler conseguiu eliminar a maioria dos adversários dentro e fora do Partido Nazista. E depois de sucessivos golpes, tornou-se ditador do III Reich.Seus planos econômicos aumentaram os empregos e a produção industrial.Diante do aumento dos consumidores, precisou de mais matérias-primas. Então a Teoria do Espaço Vital entrou em prática e Hitler começou a invadir países. E quebrar todos os acordos de paz, o que desencadeou outra guerra mundial (1939).Assinou tratado de não-agressão com a União Soviética de Stalin. Porém logo mais invadiu a Rússia, quebrando o acordo.Em parceria com Mussolini (Itália) e Hirohito (Japão) formou o Eixo da Segunda Guerra Mundial. Os nazistas estavam saindo vitoriosos em muitas batalhas. Isso só começou a mudar depois da invasão da URSS e da entrada dos EUA no conflito.A partir de 1943 os Aliados reverteram o jogo. Em 1945, soviéticos e americanos chegaram a Berlin. Hitler se escondeu em um bunker com sua esposa Eva Braun, depois disso ambos se suicidaram.

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Holocausto

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O que foi o Holocausto?

>> Foi um genocídio, o assassinato em massa de um povo: os judeus. Aproximadamente 6 milhões foram exterminados. 1/3 de judeus de todo mundo.

>> Outros grupos também foram mortos:Prisioneiros de Guerra soviéticos: por volta de 3 milhõesPoloneses: 2 milhõesCiganos: 1 milhãoDeficientes físicos e mentais: 250 milHomossexuais: 10 milTestemunhas de Jeová: 3 mil

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Os Campos de Concentração

> Com a ascensão do Partido Nazista foram criados Campos de Concentração para onde eram enviados judeus da Alemanha e de toda a Europa.

> Nos Campos, judeus e outros prisioneiros eram escravizados.

> Trabalhavam até a morte para alimentar a indústria alemã. Havia pouca comida. E por isso alguns morriam de inanição.

> Os prisioneiros dormiam em repartições de madeira com até oito pessoas, enfrentando um frio rigoroso.

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Judeus sofrendo em sessões de tortura nos campos de concentração (abaixo)

Líderes políticos sendo enforcados por soldados nazistas (acima)

Campos de Concentração e Extermínio

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Campos de Concentração

> Crianças judias também eram enviadas para os Campos de Concentração.

> Algumas delas eram utilizadas em experiências genéticas e cirúrgicas dos médicos nazistas e morriam após as sessões.

> Elas também participavam dos trabalhos forçados.

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Crianças nos Campos de Concentração

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Crianças em Campos de Concentração

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Einsatzgruppen

Além dos Campos, existiam unidades móveis de extermínio. Ao todo, quatro grupos com 750 carrascos cada.

Os soldados da SS caçavam judeus e opositores em regiões próximas à Alemanha. Entre 1941 e 1942 pelo menos 560 mil pessoas foram mortas desta forma: com tiro na nuca e enterradas em valas comuns.

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Começo do funcionamento dos Campos de Extermínio

Até os dois primeiros anos da eclosão da Segunda Guerra, os judeus “apenas” praticavam trabalhos forçados. Ou eram colocados em guetos, sendo vigiados durante todo o tempo. Recebiam rações alimentares reduzidas. Em 1940 não podiam fazer compras em determinadas horas, nem ter telefones ou rádios. Em 1941 eram obrigados a usar um broche amarelo para serem identificados.

Em meados de 1941 começou a deportação de judeus para os Campos de Extermínio, não só da Alemanha mas de toda a Europa. Os nazistas começaram a colocar em prática seu plano de extermínio total, conhecido como “Solução Final” para a “questão judaica”.

Foram instaladas câmaras de gás em campos anexos aos de concentração. Elas eram disfarçadas, semelhantes a chuveiros dentro de galpões. Dizia-se aos judeus que eles iam tomar um banho, mas na verdade iam direto para a morte. Com as pessoas dentro, os soldados fechavam a câmara. Poucos minutos depois todos estavam mortos devido a inalação de um gás venenoso.

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Holocausto em execução

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Os horrores dos campos de concentração e extermínio

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O horror e o absurdo

Alguns nazistas tinham certeza de que não seriam punidos, pois caso alguém contasse o que houve nos campos, as demais pessoas não acreditariam.

Durante a guerra, líderes do mundo todo desacreditaram dos relatos, os achando muito exagerados.

O Holocausto foi um genocídio sem precedentes na história.

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O “muçulmano” ou a impossibilidade do testemunho

“Muçulmano” era o termo usado pelos prisioneiros do Campo de Auschwitz para descreverem as pessoas que haviam perdido a capacidade de raciocinar e de falar nestes lugares. Os “muçulmanos” viviam como zumbis devido ao excessivo estado de degradação física e mental a que eram submetidos. Passavam horas agachados sem esboçar nenhuma reação – de uma maneira parecida a que os islâmicos rezam, daí o nome.

Os “muçulmanos” perderam as faculdades básicas que nos tornam seres humanos, não tinham afetos nem fala, perderam sua humanidade. E este havia sido mesmo o princípio nazista para justificar o Holocausto, ao dizerem que os judeus não eram humanos, mas ratos.

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Dois sobreviventes do Campo de Concentração em Auschwitz assim descrevem um episódio envolvendo um muçulmano:

“O homem da SS caminhava devagar e observava o muçulmano que vinha diretamente ao seu encontro. Todos nós olhávamos com o canto do olho para a esquerda, para ver o que iria acontecer. Esse ser imbecilizado e sem vontade, arrastando seus tamancos de madeira pelo chão, acabou caindo precisamente nos braços daquele das SS, que lhe deu um grito e lhe desferiu um terceiro golpe por ter-se esquecido de tirar o gorro, começou a borrar-se porque estava com disenteria. Quando a SS viu o líquido escuro e malcheiroso escorrer sobre os tamancos, enfureceu-se terrivelmente. Lançou-se sobre ele desferindo-lhe pontapés no abdômen e, depois que o infeliz já estava caído sobre seus próprios excrementos continuou a batê-lo na cabeça e no tórax. O muçulmano não se defendia. Ao primeiro golpe se dobrou ao meio, e depois de mais alguns golpes já estava quase morto”. Z. Ryn e S. Klodzinski em “O que resta de Auschwitz”, p. 50.

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Sonderkommando

Os nazistas se utilizavam do trabalho dos judeus em diferentes situações, existiam cozinheiros, jardineiros, intérpretes e até médicos. Um destes trabalhos era levar para as câmaras de gás os próprios judeus, seus semelhantes. Este esquadrão da morte era chamado de Sonderkommando.

“Eles deviam levar os prisioneiros nus à morte nas câmaras de gás e manter a ordem entre os mesmos; depois arrastar para fora os cadáveres, manchados de rosa e de verde em razão do ácido cianídrico, lavando-os com jatos de água; verificar se nos orifícios dos corpos não estavam escondidos objetos preciosos; arrancar os dentes de ouro dos maxilares; cortar o cabelo das mulheres e lavá-los com cloreto de amônia; transportar depois os cadáveres até os fornos crematórios e cuidar de sua combustão; e, finalmente, tirar as cinzas residuais dos fornos”, escreve Agamben. Ter organizado o Sonderkommando foi o delito mais demoníaco do nazismo, pois embaralhou o papel das vítimas e dos algozes, mostrando o sub-humano em cada um de nós, que tenta sobreviver mesmo se para isso precise entregar sua dignidade.

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Como o Holocausto foi possível?

> O antissemitismo (ódio contra judeus) já existia há muito tempo. Porém, a partir do século 19 ele e se aprofundou na Europa. > Nazistas disseminaram uma teoria da conspiração judaica pelo menos 20 anos antes do Holocausto acontecer. Com base nesta teoria, os judeus seriam os responsáveis pela 1ª Guerra, pela derrota alemã e pela Revolução Russa. Em 30 de janeiro de 1939, pouco antes da 2ª Guerra começar, Hitler falou ao parlamento: “Hoje serei mais uma vez um profeta. Se os financistas internacionais judeus, dentro e fora da Europa, tiverem êxito de novo, lançando aí nações em outra guerra mundial, então o resultado não será a bolchevização do mundo e com isso a vitória do judaísmo, mas sim a aniquilação da raça judaica da Europa”.

> A Igreja Católica sabia da existência do Holocausto porém não quis interferir na guerra, mantendo-se neutra e ajudando somente os judeus que procuravam refúgio próximos ao Vaticano. > Muitos líderes nacionais colaboraram com o Holocausto e enviavam trens lotados de judeus para os campos de concentração e extermínio.

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Como o Holocausto foi possível?

> Os nazistas utilizavam palavras codificadas para falar sobre seus planos e a execução destes. > A sociedade alemã sabia dos campos de trabalho e dos guetos, mas poucos sabiam dos extermínios.> Boa parte dos oficiais alemães não se sentia culpada legalmente pelo Holocausto, porque afirmava estar apenas cumprindo ordens do Estado. Este é o caso de Otto Adolf Eichmann, um general nazista que comandava a SS em Auschwitz. A atitude destas pessoas levou a filósofa judia Hannah Arendt a elaborar a tese chamada “a banalidade do mal”. Esta apontava que o maior mal viria não de monstros, mas de pessoas “normais”, seguras de que estavam apenas executando o que lhe fora mandado ou que aprendera por hábito.

Eichmann sendo julgado em 1961

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O mal e a normalidade

Um dos sobreviventes que participou do “Esquadrão Especial da Morte” em Auschwitz conta que, durante uma pausa do trabalho, assistiu a uma partida de futebol entre os soldados da SS e os membros do Sonderkommando. Para Giorgio Agambem essa partida não foi uma pausa de humanidade em frente aos portões do inferno, mas pelo contrário, esse momento de normalidade é o extremo horror do campo de concentração e extermínio. Essa “partida nunca terminou, é como se continuasse ainda, ininterruptamente. Ela é o emblema perfeito e eterno da ‘zona cinzenta’ que não conhece tempo e está em todos os lugares’. Dela provém a angústia e a vergonha dos sobreviventes [...]. Mas dela também provém a nossa vergonha, de nós que não conhecemos os campos e que, mesmo assim, assistimos, não se sabe como, àquela partida que se repete em cada partida dos nossos estádios, em cada transmissão televisiva, em cada normalidade cotidiana. Se não conseguirmos entender aquela partida, acabar com ela, nunca mais haverá esperança” (p. 35).

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Reportagem com sobreviventes do Holocausto

Assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=mAEo6g2c9d4&spfreload=10

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Tribunal de Nuremberg: Em novembro de 1945 começou o julgamento dos principais líderes vivos do nazismo. Eles foram processados por crimes de guerra e crimes contra a humanidade devido ao Holocausto. Göring, nesta foto ao lado de Hitler, foi condenado à execução, mas se suicidou na noite anterior. Rudolf Hess, vice-líder do Partido Nazi foi condenado à prisão perpétua. E Martin Bormann, secretário de Hitler, foi condenado à morte por enforcamento.

Hoje, apesar de existirem museus da memória do Holocausto e tantos documentos e filmes sobre os horrores dos campos de concentração, ainda existem grupos que seguem os ideais racistas do nazismo, como se vê na foto ao lado. Uma pena para a democracia.

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Consultas e referências bibliográficas

AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auschwitz. São Paulo: Boitempo, 2008. ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São

Paulo: Editora Schwarcz, 2013. ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. FARIA, Ricardo de M.; MIRANDA, Mônica L.; CAMPOS, Helena G. Estudos de história,

3. Ensino Médio. São Paulo: FTD, 2009. KERSHAW, Iam. Hitler. Buenos Aires: Ediciones Folio, 2003. STACKELBERG, Roderick. A Alemanha de Hitler: origens, interpretações, legados. Rio

de Janeiro: Imago Ed., 2002. ZIZEK, Slavoj. Alguém disse totalitarismo? Cinco intervenções no (mal) uso de uma

noção. São Paulo: Boitempo, 2013.

Sites: Brasil Escola - http://www.brasilescola.com/historiag/hitler.htm Metamorfose Digital - http://www.mdig.com.br/?itemid=5850 Tempos Safados -

http://tempossafados.blogspot.com.br/2012/07/o-holocausto-no-testemunho-na-etica-no.html

Wikipédia – dados de muitos links* Acessos entre os dias 23 e 25 de maio de 2015.

Material preparado pelo professor Munís Pedro para o nono ano da Escola Municipal Freitas Azevedo – Uberlândia-MG. Contato: [email protected]