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ÍNDICENota da Autora ...............................................................................................................................................

TAVIRA -- DIETA MEDITERRÂNICAPão, peixe, vinho e azeite: a dieta que é um estilo de vida saudável! ..................................................

SERPA -- CANTE ALENTEJANO, CANTAR POLIFÓNICO DO ALENTEJO, SUL DE PORTUGAL Eu ouvi o passarinho, às quatro da madrugada! ......................................................................................

ALCÁÇOVAS -- MANUFATURA DE CHOCALHOSArte chocalheira, o GPS dos animais ..........................................................................................................

ÉVORA -- CENTRO HISTÓRICO DE ÉVORAEbora Liberalitas Júlia, a cidade-museu ....................................................................................................

ESTREMOZ -- PRODUÇÃO DE FIGURADO EM BARRO DE ESTREMOZMais do que bonecos coloridos: tradição e criatividade ..........................................................................

ELVAS -- CIDADE-QUARTEL FRONTEIRIÇA DE ELVAS E SUAS FORTIFICAÇÕESÓ Elvas, Ó Elvas, mereces ser vista! ............................................................................................................

LISBOA -- FADO, MÚSICA POPULAR URBANA DE PORTUGALSilêncio que se vai falar de fado! ................................................................................................................

LISBOA -- MOSTEIRO DOS JERÓNIMOSA casa dos monges de São Jerónimo .........................................................................................................

LISBOA -- TORRE DE BELÉMUm pequeno grande monumento ..............................................................................................................

SINTRA -- PAISAGEM CULTURAL DE SINTRANatureza e cultura em harmonia na romântica Serra da Lua ................................................................

SALVATERRA DE MAGOS -- FALCOARIA, UM PATRIMÓNIO VIVO DA HUMANIDADEFalcoaria: Património vivo? ........................................................................................................................

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ALCOBAÇA -- MOSTEIRO DE ALCOBAÇAOração e trabalho: a vida dos monges brancos ........................................................................................

BATALHA -- MOSTEIRO DA BATALHAHeróis e lendas na Batalha .........................................................................................................................

TOMAR -- CONVENTO DE CRISTO EM TOMARMonges guerreiros e a janela mais famosa de Portugal .......................................................................

COIMBRA -- UNIVERSIDADE DE COIMBRA -- ALTA E SOFIAUma Cidade Universidade: guardiã de história e conhecimento ...........................................................

PORTO -- CENTRO HISTÓRICO DO PORTO, PONTE LUIZ I E MOSTEIRO DA SERRA DO PILARPortus Cale: uma caminhada na cidade Invicta .......................................................................................

GUIMARÃES -- CENTRO HISTÓRICO DE GUIMARÃESA longa história de Vimaranes ....................................................................................................................

BISALHÃES -- PROCESSO DE CONFEÇÃO DA OLARIA PRETA DE BISALHÃESA louça churra e fina renasce das cinzas em Bisalhães ...........................................................................

DOURO -- ALTO DOURO VINHATEIROA paisagem património das «varandas» do Douro ..................................................................................

VALE DO CÔA -- SÍTIOS PRÉ-HISTÓRICOS DE ARTE RUPESTRE DO VALE DO RIO CÔA E DE SIEGA VERDE Gravuras rupestres: um diário gráfico paleolítico ao ar livre .................................................................

Cenas dos próximos capítulos .....................................................................................................................

Glossário ..........................................................................................................................................................

Biografia dos autores ....................................................................................................................................

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NOTA DA AUTORAQuerido leitor, Se pegaste neste livro é porque te interessas pelo património de Portugal, nomeada-mente aquele que foi reconhecido pela UNESCO. Mas o que é isso do «património»?Na viagem que fizeram com os seus avós pelo país, a Sara e o Tomás encontraram a resposta a esta pergunta. Visitaram monumentos que contam estórias da história de Portugal, percorreram centros históricos que testemunham a cultura dos povos que por lá passaram e deliciaram-se com paisagens que espelham a relação do Homem com a Natureza. Nesta viagem também se aperceberam de formas de fazer as coisas que os pais ensinaram aos filhos e que são partilhadas por um grupo de pessoas. Ficaram a saber que o património é aquilo que herdamos dos nossos antepassados, que é transmitido entre gerações e que as pessoas reconhecem que fazem parte da sua história e da sua cultura. Perceberam ainda que há vários tipos de património, desde o património edificado (edifícios, monumentos, etc.), às paisagens culturais e ao patrimó-nio imaterial, que se refere às festas, conhecimentos e tradições. Os «patrimónios» por onde passaram os avós com os netos estão integrados nas três listas da UNESCO que são referidas no final do livro.Ao longo da viagem, a Sara e o Tomás aprenderam que aquilo que é considerado património muda ao longo do tempo, e que o património se reconhece não pela sua monumentalidade ou beleza, mas pelo que significa para as pessoas e grupos. Trate-se de um imponente monumento como o Mosteiro dos Jerónimos, da forma de cultivar a vinha nas encostas do rio Douro ou do modo artesanal de fazer chocalhos para os animais no Alentejo.Contudo, esta viagem não se limitou aos monumentos ou às tradições, passou também pelas questões que o património, e a sua preservação, colocam hoje em dia. Desejo-te uma boa viagem, na certeza de que irás fazer importantes descobertas ao longo destas páginas!Rita Jerónimo

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Mal passam a porta de desembarque, a Sara e o Tomás procuram logo pelos avós.

—— Ali estão eles! —— grita a Sara, entusiasmada.As crianças correm na direção do casal, que de imediato os recebe e abraça fortemente.—— Meu Deus, vocês estão tão crescidos! —— dizem em uníssono os avós, com a voz

embargada pela emoção de rever os seus netos ao fim de quase um ano de separação.—— Eu cresci oito centímetros este ano! —— afirma o Tomás, esticando-se em bicos de

pés, orgulhoso. —— Deve ser por causa da comida inglesa… —— O Tomás gosta, mas eu não! Estou desejosa de comer a tua comida, avozinha!

—— declara a Sara, abraçando a avó.—— Ah! Ah! Ou não fosse a gastronomia um importante património cultural do nosso

país! —— graceja o avô Zé.—— O que é o património cultural, avô? —— pergunta o Tomás, confuso.—— O património cultural é o conjunto de elementos de uma cultura, produzidos ao

longo dos tempos, que recebemos dos nossos antepassados.

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—— Mas o património não são os monumentos, avô? A minha professora já falou nisso —— acrescenta a Sara, segura do seu conhecimento.

—— São, mas não só! O património cultural não se limita aos edifícios, nem às coleções que encontramos nos museus. Há muitos tipos de património! O património edificado, o património cultural imaterial...

—— Tive uma ideia! —— interrompe a avó Alice, entusiasmada. —— Vamos aproveitar os dias em que vocês cá estão para conhecerem o património cultural português reconhecido pelo mundo. O que vos parece?

—— Siiiiiiiiiiim! —— gritam em uníssono e aos saltos a Sara e o Tomás, enquanto saem do edifício do Aeroporto Internacional de Faro.

—— Que sol tão bom!!! O sol também é património português, avô? É que em Inglaterra não há um sol assim —— comenta o Tomás, num tom provocador.

—— Ah! Ah! Ah! Se calhar, há quem pense que sim! Mas não é, Tomás.

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Pão, peixe, vinho e azeite: a dieta que é um estilo de vida saudável!

—— Vocês devem estar com fome. Vamos sentar-nos à mesa e conversar um bocadinho. Devem ter muito para nos contar —— afirma a avó Alice, com ar de quem já se sentava.

—— Boa ideia, avó! Por acaso já tenho a barriga a dar horas! —— responde o Tomás.—— Sabiam que o convívio à volta da mesa é um elemento fundamental para a

identidade cultural e a continuidade das comunidades em toda a bacia do Mediterrâneo? Por essa razão, a Dieta Mediterrânica foi considerada património cultural imaterial da humanidade, pois está presente quando as pessoas se reúnem em festas e celebrações, e enfatiza os valores da hospitalidade, da vizinhança, da relação entre diferentes culturas e da criatividade —— avança o avô Zé, sempre atento.

—— Estar à mesa une a família, é isso, não é, avô? —— É isso mesmo, minha querida!—— Da humanidade ou do Mediterrâneo?

Agora fiquei confuso —— confessa o Tomás.

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DIETA MEDITERRÂNICA -- Portugal coordenou a candidatura que apresentou conjun-tamente com Chipre, Croácia, Espanha, Grécia, Itália e Marrocos, e, em 2013, a Dieta Mediterrânica foi integrada na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade. A Dieta Mediterrânica envolve um conjunto de saber-fazer, conhecimentos, rituais, símbolos e tradições sobre técnicas agrícolas, pesca, criação de gado, conser-vação, processamento, preparação e, especialmente, partilha e consumo de alimentos.

—— Quer dizer que a Dieta Mediterrânica foi inscrita na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade instituída pela UNESCO, ou seja, a dieta é do Mediterrâneo, mas é reconhecida por toda a humanidade. Para os monumentos também há uma lista, a Lista do Património Mundial.

—— Ah! Já percebi! —— retorna o rapaz.—— Tavira, onde nos encontramos, foi a cidade escolhida em Portugal como comunidade

representativa da Dieta Mediterrânica, pois fica localizada na região algarvia, a mais influenciada pelo mar Mediterrâneo. Além de que aqui, no Sotavento, é grande a relação entre a serra e o mar, de onde vêm os produtos que compõem a dieta.

—— Mas afinal o que é isso da Dieta Mediterrânica? A minha mãe é que está sempre a fazer dieta para emagrecer —— acrescenta a Sara.

—— Ah! Ah! Ah! Não se resume a um regime alimentar, nem se trata de querer emagrecer, Sara. A Dieta Mediterrânica é, na verdade, um modo de vida que existe, pelo menos, desde que as populações se sedentarizaram, e é o resultado da geografia, do clima, da flora e da fauna típicos desta região. Há cerca de três mil anos, percebeu-se como o pão, o vinho e o azeite, por exemplo, eram fundamentais na alimentação, pois permitiam superar os períodos de fome. Além disso, ao preservarmos este património milenar, mantemos uma vida saudável.

Os avós explicam, então, que as regras da Dieta Mediterrânica são: cozinhar de forma simples e de modo a proteger os nutrientes; usar o azeite como principal fonte de gor-dura; moderar o consumo de laticínios; preferir as ervas aromáticas ao sal; comer mais peixe do que carne; beber, moderadamente, vinho às refeições; consumir muita água; preferir produtos vegetais da época, produzidos localmente, e, por isso, sempre frescos...

—— E conviver à mesa! —— acrescentam as crianças, divertidas.

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Eu ouvi o passarinho, às quatro da madrugada...

—— Meninos, estamos a chegar a Serpa! Sabem o que podemos fazer aqui? Ir ouvir o cante alentejano. O que acham?

—— Cante ou canto, avô? —— interroga o Tomás.—— Aqui no Alentejo chamam-lhe cante, mas, na verdade, é aquilo a que se chamava

um Canto às Vozes, ou seja, um canto coletivo, sem instrumentos a acompanhar, cuja poesia é cantada a duas vozes, uma diafonia.

—— Então, querem ir ouvir umas modas? —— pergunta a avó.—— Ouvir modas, avó? Aí está uma coisa que nunca fiz! —— interpela a Sara, em tom

de brincadeira.—— Mas olha que é isso mesmo, os coros cantam estruturas poéticas que aqui, na

região do Baixo Alentejo, se denominam modas. —— Os grupos corais são compostos só por homens, avô? —— pergunta o Tomás, agora

mais interessado no assunto.—— Não, não! Apesar de os ranchos corais masculinos serem os mais conhecidos, o

cante pode ser interpretado também por mulheres ou ainda por crianças.

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—— Ali estão eles! Porque é que estão a usar aquelas roupas esquisitas? —— pergunta a Sara, surpreendida.

—— O cante é muitas vezes associado ao mundo rural ou aos trabalhadores das minas, pois as letras cantadas expressam aspetos do quotidiano da vida agrícola, e surgiram grupos corais de mineiros, daí os seus trajes e os temas das suas canções. —— Vão buscar aspetos do passado que são importantes para eles, não é avô? —— conclui o Tomás, deixando o avô orgulhoso do raciocínio do rapaz.

DICA: Uma boa forma de fi cares a conhecer o cante alentejano é através do documentário Alentejo, Alentejo, de Sérgio Tréfaut. Foi produzido para apoiar a candidatura a património imaterial, e considerado Melhor Filme Português no Festival IndieLisboa 2014 e Melhor Filme DocsBarcelona Medellín 2014.

CANTE ALENTEJANO, CANTAR POLIFÓNICO DO ALENTEJO -- Integra, desde 2014, a Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade, através de proposta da Câmara Municipal de Serpa. Este canto tem origem em diversas expressões musicais religiosas e seculares, e surge na década de 1920 entre a serra de Portel e a serra algarvia. O canto coral do Baixo Alentejo começou por ser cantado em grupos, primeiro denominados ranchos de cantadores e hoje grupos corais.

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