Índice Animais de água doce - DECO PROTESTE...corujas): coroas de pequenas plumas que rodeiam as...

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Índice Prefácio 5 capítulo 1 Os invertebrados Os diferentes grupos 11 Os invertebrados lusos 15 Se quiser saber mais 42 capítulo 2 As aves Aves aquáticas 48 Aves terrestres 59 Se quiser saber mais 96 capítulo 3 Os mamíferos Insetívoros e quirópteros 100 Os roedores 108 Os lagomorfos 112 Os artiodáctilos 113 Os predadores 116 Se quiser saber mais 122 capítulo 4 Répteis e anfíbios Os répteis 127 Os anfíbios 137 Se quiser saber mais 144 capítulo 5 Animais de água doce Os peixes 149 Os caracóis aquáticos 155 Os mexilhões 156 Os crustáceos 157 As aranhas aquáticas 160 Os escaravelhos aquáticos 160 Os percevejos de água 161 As larvas de insetos 163 Se quiser saber mais 165 capítulo 6 Os sinais da presença de animais Os dejetos 169 As pegadas 172 As regurgitações de aves 175 As marcas de ocupação 178 Os vestígios de refeições 179 Se quiser saber mais 180 Bibliografia aconselhada 184 Alguns sites de interesse 185 Contactos úteis 185 Índice remissivo 186 Parques naturais e outros locais de interesse 192

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ÍndicePrefácio 5

capítulo 1 Os invertebradosOs diferentes grupos 11

Os invertebrados lusos 15

Se quiser saber mais 42

capítulo 2 As avesAves aquáticas 48

Aves terrestres 59

Se quiser saber mais 96

capítulo 3 Os mamíferos Insetívoros e quirópteros 100

Os roedores 108

Os lagomorfos 112

Os artiodáctilos 113

Os predadores 116

Se quiser saber mais 122

capítulo 4 Répteis e anfíbios Os répteis 127

Os anfíbios 137

Se quiser saber mais 144

capítulo 5 Animais de água doceOs peixes 149

Os caracóis aquáticos 155

Os mexilhões 156

Os crustáceos 157

As aranhas aquáticas 160

Os escaravelhos aquáticos 160

Os percevejos de água 161

As larvas de insetos 163

Se quiser saber mais 165

capítulo 6 Os sinais da presença de animais Os dejetos 169

As pegadas 172

As regurgitações de aves 175

As marcas de ocupação 178

Os vestígios de refeições 179

Se quiser saber mais 180

Bibliografia aconselhada 184

Alguns sites de interesse 185

Contactos úteis 185

Índice remissivo 186

Parques naturais e outros locais de interesse 192

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“travar conhecimento” com as aves; desse modo, poderá observá-las e estudá-las de perto.

• Para o estádio seguinte, basta um equipamento elementar: um par de binóculos, lápis e papel, um guia de identificação de aves (veja Bibliografia aconselhada, na página 184). Os binóculos mais correntemente utilizados são os de 7 × 50 (sendo 7 o aumento e 50 o diâmetro da objetiva em milíme-tros) e os de 8 × 40. Os binóculos 10 × 50 permitem, obviamente, um aumento superior, mas também são mais caros. Obviamente, os preços depen-dem, fundamentalmente, do tipo e da marca que escolher, mas podemos adiantar que, com uma quantia entre 150 e 250 euros, poderá adquirir um modelo de qualidade e desempenho satisfatórios.

A melhor altura para observar as aves é de manhã bem cedo ou ao fim da tarde. Mas, especialmente no que diz respeito às aves cano-ras (cotovia, carriça, tentilhão, etc.), os momentos mais propícios situam-se entre cerca de meia hora antes e algumas horas depois do nascer do Sol — o que, no verão, é mesmo muito cedo! Mas é nessa altura que elas se dedicam, com mais afinco, à arte do canto…

Inversamente, é por volta do meio-dia, nas horas mais quentes, que a maioria das aves se mostra menos. À medida que o fim da tarde se aproxima, a situação vai melhorando. Mas muitas coisas dependem, também, das circunstâncias meteorológicas.

Quando iniciar as atividades de campo, a fim de observar as aves em plena natureza, é óbvio que o seu comportamento terá de ser diferente do que tinha quando ficava, simplesmente, atrás dos vidros da janela! O ruído, as roupas vistosas, a agitação e as corridas desenfreadas constituem ingredientes mágicos para inquietar os seres alados; dessa forma, em vez de observar as aves à vontade, só conseguirá espantá-las!

O canto das aves é matéria árdua. Não é fácil fazer a sua descrição e, por vezes, esta varia bastante de livro para livro. É por isso que as gravações constituem o melhor material de referência. Para memorizar mais facilmente a diversidade dos sons, observe a ave, durante o máximo de tempo possível, enquanto ela canta. Mesmo que já a tenha identificado. Isso permitir-lhe-á associar

Até há pouco tempo, a observação de aves era um passatempo original; hoje, porém, essa atividade começa a tornar-se cada vez mais vulgar. E porque não? As aves são criaturas fascinantes e quem adquire o hábito de as observar acaba por encontrar nelas uma fonte de verdadeira satisfação.

Para quem deseja iniciar-se como observador de aves, a melhor estação é o inverno. Nessa altura, as aves costumam andar mais em bando, o que simplifica a tarefa. Além disso, como a maioria das árvores perdeu as folhas, é mais fácil conseguir vê-las. E, finalmente, também é verdade que as aves, quando têm fome, se tornam mais audaciosas e se aproximam mais frequentemente do homem.

Um comedouro para aves, que pode instalar perto da sua resi-dência, também pode ser um bom ponto de partida: dessa forma, poderá observar calmamente, mesmo ficando por detrás dos vidros, as diferentes espécies e familiarizar-se com elas; por sua vez, as aves também ganharão alguma coisa, pois terão menos dificuldade em encontrar alimento (veja a caixa Os comedouros: uma bênção para as aves, na página 93).

Uma visita ao jardim zoológico, a uma reserva natural ou mesmo a um parque municipal, onde existam algumas espécies tanto em cativeiro como em liberdade, são outras formas possíveis de

Abutre-negro

Abelharuco

Na página anterior: carriça

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é bastante provável que, durante um passeio pri-maveril por uma qualquer região do Centro e do Sul do país, possa avistar uma cegonha-branca, seja no ninho seja em pleno voo.

Como saber que se trata de uma cegonha-branca? É fácil, porque esta ave dificilmente se poderia confundir com outra qualquer. Para já, nos céus portugueses não se veem muitas aves com mais de dois metros de envergadura, como é o caso; e, depois, possui uma plumagem branco-negra que a distingue de outras aves igualmente grandes, como a cegonha-preta (rara em Portugal) e a garça-real (cuja plumagem é predominantemente cinzenta). O bico também pode dar uma ajuda, se conseguir vê-lo: é verdade que é comprido e afiado, como o das garças, mas tem uma cor vermelha bastante viva.

Mostrando uma nítida preferência por postes de eletricidade, torres de igrejas, telhados de casas altas e árvores de grande porte — no Alentejo e no Algarve também fazem ninhos nas falésias, o que é único na Europa —, as cegonhas cons-troem o ninho com ramos de árvores, atapetando o interior com ervas e folhas secas. Alguns ninhos chegam a atingir 1,5 metros de altura. O choco inicia-se, geralmente, em abril e dura pouco mais de um mês, de forma que, em junho, a maior parte dos ninhos passa a ser habitada por uma famí-lia um pouco maior (cada postura é constituída, em média, por quatro ou cinco ovos).

Os alimentos preferidos da cegonha-branca são os insetos, mas esta também gosta de rãs, ratos e répteis. A ementa ainda pode incluir, embora mais raramente, aves jovens e peixes. Estes últimos, porém, são o “prato” predileto da sua parente mais próxima, a cegonha-preta. Tirando essa pequena diferença, ambas seguem, como se vê, uma dieta exclusivamente carnívora.

A partir dos finais de agosto, sobretudo nas regiões mais a norte, avistar uma cegonha começa

som e imagem. A repetição mental do nome da ave, depois de cada grito ou chilreio, também pode ajudar. Finalmente, qualquer semelhança com palavras ou sons conhecidos também poderá facilitar a memorização (veja a caixa acima).

Neste capítulo descrevemos diversas espécies de aves. É evidente que no nosso país é possível observar muitas mais, mas grande parte só surge ocasionalmente ou está muito ligada a uma região ou zona específicas. A maioria das espécies descritas são razoa-velmente comuns e, portanto, são as ideais para se tornarem as suas primeiras “presas” enquanto ornitólogo amador!

Aves aquáticas

Cegonhas: um feliz regresso

Graças, em grande parte, ao louvável esforço de “acolhimento” de algumas associações ambientalistas e ao estatuto de proteção que lhe foi conferido, estas aves imponentes regressaram, em força, às paisagens portuguesas. Com efeito, contrariamente ao que se passou até ao final da década de 1980, com uma acentuada regressão da população de cegonha-branca, o número de cegonhas continua a aumentar desde essa altura. Além disso, alguns exemplares desta espécie, que apenas passava cá o verão regressando ao calor de África nos meses mais frios, decidiram começar a ficar também no inverno, sendo já mais de dez mil as aves residentes. Por isso,

um pouco de vocabuláriobiótopo: área geográfica a que corresponde um conjunto homogéneo de fatores físicos ambientais.

discos faciais (nos mochos e nas corujas): coroas de pequenas plumas que rodeiam as orelhas e os olhos.

espelho alar: faixa de cor diferente da do resto da asa.

migradora: ave que procria numa determinada região e que passa o inverno noutra.

muda: perda e substituição da plumagem.

papo: alargamento do esófago, onde o alimento amolece (uma espécie de pré-estômago).

parada: demonstração do macho, que inclui “danças” e voos, cuja finalidade é atrair uma companheira.

placa frontal: placa córnea que cobre parte da cabeça, do bico à testa.

plumagem de eclipse: plumagem pouco vistosa dos patos, durante a muda.

predador: animal que captura outros animais para se alimentar.

rapina: ave que possui visão aguçada, bico adunco e garras fortes com que agarra e destroça as presas.

residente: ave que não migra, ou seja, que permanece num local durante todo o ano.

território: numa determinada zona, área na qual um animal (e a sua “família”) se mantém e que protege contra os intrusos da mesma espécie.

uropígio ou rabadilha: parte posterior do dorso (onde começa a cauda).

um bom conselhoQuando avistar uma ave, não se precipite imediatamente para o seu guia de identificação. Se o fizer, o mais provável é que, quando tiver encontrado a página correta, já ela tenha voado. É preferível observá-la durante o máximo de tempo possível e guardar na memória tudo o que vir: tamanho (compare-o com o das espécies comuns), forma, cores, comprimento da cauda, forma e tamanho do bico, comportamento, local onde se encontra, etc. Anote tudo num caderno, juntando, se possível, um pequeno esboço da ave. Também pode relatar tudo o que vê, em voz baixa, enquanto alguém ao seu lado toma notas. Só então deverá começar a folhear as páginas do guia.

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garça-real, preferem caminhar lenta e furtivamente sobre a água até que, ao avistarem uma presa, espetam rapidamente o bico, raramente falhando a pontaria.

Como é natural, os proprietários de jardins onde há pequenos lagos com peixes e, sobretudo, os piscicultores não acham grande graça a estas aves. No entanto, há métodos igualmente eficazes para manter afastadas estas intrépidas pescadoras: basta cobrir a superfície da água com uma rede e providenciar para que as

a tornar-se um pouco mais difícil. Nessa altura, a população migradora inicia a sua viagem de regresso a paragens mais

acolhedoras. As terras quen-tes de África são o seu destino. Normalmente, deslocam-se em bandos, embora de forma desor-denada. Aproveitam as correntes ascendentes para ganhar altura e depois prosseguem, em voo planado, até à próxima corrente. Dessa forma, fazem grande parte do percurso com um mínimo de esforço, o que dá algum jeito a uma ave que não se distingue propriamente pelas suas qua-lidades de voo…

Garças: intrépidas pescadorasConstitui um espetáculo bastante interessante a forma como algu-mas espécies de garças (espe-cialmente a garça-real, a garça--vermelha e o goraz) obtêm o seu alimento. A técnica de pesca da garça-vermelha, por exemplo, é de molde a deixar roxos de inveja os pescadores mais hábeis. Equilibrada apenas sobre uma pata, com a cabeça aninhada entre os ombros e os olhos semicerra-dos, quase adormecida, parece completamente indiferente a tudo o que a rodeia. Mas basta uma ínfima ondulação à superfície da água ou um pequeno ruído vindo da vegetação para que ela, rápida como um relâmpago, utilize o bico, como se de um punhal se tratasse, apanhando a presa desprevenida. Outras, como a

Cegonhas no ninho

Garça-real

AS PARTES DE UMA AVE

nuca

queixo ou mento

lista supraciliar

bigode

alto da cabeça ou coroa

região auricular

sobrancelha

peito

uropígio ou rabadilha

barras alares

ventre

punho da asa

flancos

punho da asa

espelho alar (nos patos)

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Patos: especialistas em alimentação

Quando nos damos conta do número incrível de patos que, mui-tas vezes, frequentam um mesmo espaço aquático, é inevitável que nos questionemos sobre como conseguirão eles encontrar alimento em quantidade suficiente. A resposta resume-se a uma só palavra: especialização.

Antes de mais, os patos quase nunca comem peixe. Esse é o terreno privilegiado de ação de outras espécies, como, por exemplo, os mergulhões e as garças. A grande maioria dos patos alimenta-se de plantas. Além disso, os hábitos alimentares de cada espécie de patos impedem a concorrência nesse domínio. Por exemplo, alguns patos procuram a sua alimentação no fundo dos lagos. Ao fazê-lo, desaparecem completamente dentro de água: são os patos-mergulhadores. Outros contentam-se em submergir a cabeça e o peito, por meio de um hábil movimento oscilatório. O resto do corpo fica fora de água. São os patos de superfície, que encontram o alimento à tona de água.

• O pato-real também anda, frequentemente, em terra firme, onde procura erva para se alimentar. É sobretudo de noite que o faz;

margens dos viveiros ou pequenos lagos sejam suficientemente inclinadas.

Das espécies existentes, as mais comuns no nosso país são a garça--boieira, a garça-branca e a garça-real. Desta forma, a tarefa de identificação fica facilitada: a garça-real e a garça-branca distin-guem-se entre si tanto pela cor da plumagem (predominantemente cinzenta e branca, respetivamente) como pelo comprimento (90 e 55 centímetros). A garça-boieira é pequena, e a sua plumagem é predominantemente branca; tem o costume de seguir as manadas de bois (daí o seu nome), para comer os insetos que estes fazem levantar enquanto passam. A garça-vermelha, que, no verão, se pode encontrar sobretudo nas margens dos rios Mondego, Tejo, Sado e Guadiana, não é muito mais pequena do que a garça-real (mede 80 centímetros de comprimento), mas a plumagem é muito mais escura, com algumas zonas castanho-avermelhadas.

À exceção da garça-vermelha (que faz o ninho no chão), as garças fazem o ninho em árvores. Para isso, preferem, inegavelmente, os locais onde existam árvores de copa larga e com muitos ramos (salgueiros, freixos, etc.). Uma vez implantada a colónia, onde muitas vezes coabitam várias espécies diferentes, as garças vol-tam sempre ao mesmo local durante muitos anos. Uma dessas colónias localiza-se em Escaroupim, onde facilmente se avistam centenas de casais de garças, bem como outras espécies aquáticas, como o goraz ou o colhereiro, e até mesmo a íbis-preta.

Garça-boieira

garças e cegonhasAs garças — à exceção da garça-boieira — e as cegonhas alimentam-se de forma parecida. Mas as semelhanças entre as duas espécies não vão muito além disso: a indumentária negra e branca e o bico vermelho-vivo da cegonha, por exemplo, distinguem-se perfeitamente da plumagem predominantemente cinzenta e do bico amarelo da garça-real e da garça-vermelha, que são as únicas com que poderia ser confundida! E, mesmo durante o voo, continua a ser fácil distingui-las, porque a cegonha voa com o pescoço todo estendido, enquanto as garças o mantêm recolhido. Além disso, o bater de asas das garças é mais pesado e amplo.

Cegonha-branca

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• Entre os patos-mergulhadores, o mais comum é o pato-de-bico--vermelho. Está presente entre nós durante todo o ano e é, por-tanto, uma ave residente. O bico (como se depreende do nome) e a cabeça do macho são vermelhos. A fêmea é menos vistosa: o bico é cinzento, com uma pequena mancha amarelo-alaranjada no meio, e a cabeça é metade castanha, metade branca. Além de plantas aquáticas, o pato-de-bico-vermelho também inclui no cardápio pequenos crustáceos, moluscos, minhocas e insetos. Pode mergulhar a uma profundidade entre dois e quatro metros.

O zarro apenas se encontra entre nós no inverno. O macho tem uma bonita plumagem, com zonas de cor perfeitamente delimitadas: dorso cor de pérola, flancos acinzentados, peito negro e cabeça castanho-arruivada. A fêmea tem dorso e flancos cinzento-claros e peito e cabeça castanhos. É um excelente mergulhador e nada bastante bem debaixo de água. No entanto, raramente vai além dos 2,5 metros de profundidade.

O galeirão: simpático ou brigão?

Flutuando ao sabor das ondas, todo vestido de negro, o galeirão, de bico branco e cabeça aveludada, parece uma ave relativamente simpática. Mas não se deixe enganar pelo aspeto: mal surja um seme-lhante, essa aparente doçura pode transformar-se em agressividade.

de dia — sobretudo no inverno — procura os lagos dos parques e dos jardins, onde fica ao abrigo dos caçadores. Em muitos desses lagos existem alguns patos-reais de residência permanente, que perderam, por vezes, todas as características selvagens. A dieta citadina, bem como os cruzamentos com patos domésticos, favorece a sua decadência, dando origem a patinhos arraçados, de aspeto um pouco folclórico, graças à sua plumagem cheia de manchas nos sítios mais estranhos.

Como acontece com todos os patos, os machos são muito dife-rentes das fêmeas. Têm cabeça verde com reflexos brilhantes, colar branco, uropígio negro, dorso e flancos cinzento-claros e bico amarelo. A plumagem das fêmeas é quase uniformemente castanha. Os dois sexos têm em comum o espelho alar, que é azul e branco. Graças às suas impressionantes cores, o macho estimula a correspondência amorosa da fêmea. O choco começa, normal-mente, em março ou abril. O ninho fica sempre bem disfarçado por entre a vegetação. Quando os patinhos nascem, rapidamente se sabe a boa nova: passadas poucas horas, a mamã pata passeia-se orgulhosamente, levando atrás de si uma extensa fila de pequenas bolas peludas de cor castanho-amarelada…

Os outros patos de superfície, como a frisada e o marreco e, em menor grau, a piadeira, a marrequinha e o pato-trombeteiro, só se veem, praticamente, durante o inverno.

Pato-real

a plumagem de eclipseEm todos os patos, a plumagem dos machos é nitidamente mais vistosa do que a das fêmeas (dimorfismo sexual). Parece que a razão disso está no facto de serem as fêmeas, sobretudo, que se ocupam do ninho e das crias. A sua indumentária pardacenta, que não chama a atenção, constitui uma camuflagem ideal, porque lhes permite confundirem-se com a vegetação e, desse modo, tornarem-se quase invisíveis.

No final do verão, porém, a diferença entre os dois sexos atenua-se. Diz-se que a plumagem dos machos entra em eclipse, ou seja, as suas cores adquirem um tom mais suave. Isso deve-se ao facto de ser a época da muda, que se opera de forma espetacular: nos patos, todas as penas caem ao mesmo tempo, ao contrário da maioria das outras aves, cujas penas se renovam progressivamente. Nessa altura, é-lhes mais difícil fugir aos inimigos, e é por isso que eles mudam a sua aparência vistosa para uma plumagem mais discreta.

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As galinhas-d’água andam, geralmente, perto da vegetação que se encontra nas margens de pântanos e lagos. Passam o tempo a remexer a terra, à procura de insetos e de larvas, que são a base da sua alimentação; mas também comem pequenas plantas aquáticas, frutos e sementes. Quando nadam, costumam abanar a cauda e a cabeça. Em caso de perigo, desaparecem debaixo de água ou escondem-se na vegetação, servindo-se do bico e dos dedos compridos para se segurarem.

No inverno, costumam ver-se grupos de galinhas-d’água nadando pacificamente ou à procura de alimento. Mais tarde, porém, é vul-gar que os machos se envolvam em disputas. Entre abril e junho, tudo gira à volta da necessidade de acasalar e de criar os recém--nascidos. A galinha-d’água constrói o ninho utilizando uma grande abundância de plantas. Quando a vegetação envolvente se presta a isso, puxa-a para si, a fim de formar uma espécie de cúpula pro-tetora. O choco apenas começa quando a postura termina (sete a dez ovos); dessa forma, todas as crias nascem ao mesmo tempo. Nessa altura, não passam de pequenas bolas de pelo negro que, ao contrário do que acontece com os patos, não abandonam o ninho imediatamente. Mas, passado algum tempo, já nadam muito bem e percorrem as margens à procura de insetos, que capturam na vegetação ou no ar que os rodeia.

Na verdade, o galeirão é uma ave bastante aguerrida! Na primavera, enquanto delimita o território, ameaça os intrusos, nadando na sua direção com a cabeça rente à água e estendida para diante. Se algum deles não se deixa inti-midar, acabam por se enfrentar: de cabeça baixa e asas afastadas, agridem-se, recuam um pouco e voltam a lançar-se um em direção ao outro, batendo violentamente as asas. O vencido acaba por se afastar e desaparecer de vista.

Na época do acasalamento, a placa frontal (veja Um pouco de vocabulário, na página 49), que é branca, fica mais desenvolvida. Também ela serve para intimidar os rivais e, portanto, para asse-gurar a defesa do território. Mas, passado o tempo da incubação, tudo entra na ordem, e os galeirões voltam a aceitar a companhia dos seus semelhantes. Por vezes, veem-se alguns galeirões a comer erva nas margens dos rios. Em caso de perigo, correm para a água, em fileiras cerradas, batendo muito as asas. Não têm patas espal-madas, como os patos, mas antes protuberâncias arredondadas nos dedos, o que lhes permite andar bem tanto na água como em terra firme. Tal como os patos-mergulhadores, procuram, frequen-temente, alimentos que se encontram em suspensão na água ou no fundo dos rios e ribeiros.

A galinha-d’água: frágil e esbelta

Por vezes, confunde-se a frágil galinha-d’água com o corpulento galeirão, porque ambos são mais ou menos negros e frequentam aproximadamente os mesmos locais. No entanto, a galinha-d’água é mais esbelta e possui uma placa frontal vermelha (e não branca, como o galeirão). O bico é quase integralmente vermelho, ape-nas a ponta é amarela. A cor da plumagem anda entre o azul--escuro e o negro, mas as asas são castanho-escuras e os flancos também têm algumas estrias esbranquiçadas. As patas também nos permitem distingui-la do galeirão: são verdes, compridas e nuas. Graças a elas, é capaz de caminhar sobre as plantas que flutuam na água.

Galeirão-comum

Galinha-d’água