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Revista “Ciência & Prática”Ano 6 - N.º 21Abril/Maio/Junho - 2006Órgão de informação, publicado sob a res-ponsabilidade do Grupo Técnico de Assistên-cia e Consultoria em CitrusAv. Sérgio Sessa Stamato, 64, Centro,Bebedouro - SP,CEP: 14.700.170Fone: (17) 3343-1717

Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Décio Joaquim (Coordenador),Aparecido Tadeu Pavani, Josimar Vicente Ducatti,Leandro Aparecido Fukuda, Ramiro de Souza LimaNeto, Roberto Aparecido Salva e Sílvio Gil Rodrigues.Editor e JornalistaEditor e JornalistaEditor e JornalistaEditor e JornalistaEditor e Jornalista Responsável:Responsável:Responsável:Responsável:Responsável:Luis Otávio Martins - MTB: 20.538Impressão:Impressão:Impressão:Impressão:Impressão: Gráfica Santa TerezinhaPPPPPeriodicidade:eriodicidade:eriodicidade:eriodicidade:eriodicidade: TrimestralDistribuição:Distribuição:Distribuição:Distribuição:Distribuição: GratuitaTiragem:Tiragem:Tiragem:Tiragem:Tiragem: 6.000 exemplares

Foto de capa: Colhedora de ‘T Colhedora de ‘T Colhedora de ‘T Colhedora de ‘T Colhedora de ‘Tahitiahitiahitiahitiahiti ‘ em Urupês, SP‘ em Urupês, SP‘ em Urupês, SP‘ em Urupês, SP‘ em Urupês, SP,,,,,Fazenda Santa Maria.Fazenda Santa Maria.Fazenda Santa Maria.Fazenda Santa Maria.Fazenda Santa Maria.Crédito: Décio JoaquimCrédito: Décio JoaquimCrédito: Décio JoaquimCrédito: Décio JoaquimCrédito: Décio Joaquim

e x p e d i e n t e

Para receber Ciência & PráticaCiência & PráticaCiência & PráticaCiência & PráticaCiência & Práticagratuitamente, acesse o site:wwwwwwwwwwwwwww.gtacc.com.br.gtacc.com.br.gtacc.com.br.gtacc.com.br.gtacc.com.br

ÍNDICE

Pág. 10No ParanáNo ParanáNo ParanáNo ParanáNo Paraná, muitaimportância para omanejo do solo.Citros com respeito

Índi

cePág.16No Centro Apta Citros,modernas alternativas parao estudo da LeproseLeproseLeproseLeproseLeprose

Citricultura nacionalCitricultura nacional

Pesquisa

Pág.18As muitas facetas do‘T‘T‘T‘T‘Tahiti’ahiti’ahiti’ahiti’ahiti’. Um mercado a seexplorar

Variedades

Pág.24GTACC contribui para oaumento da produtividade.produtividade.produtividade.produtividade.produtividade.III Workshop

WorkshopPesquisa Variedades Workshop

Pág. 4 Editorial/O bonde da históriaO bonde da históriaO bonde da históriaO bonde da históriaO bonde da história

Pág. 4 Agenda

Pág. 5 Página Laranja/ ‘P‘P‘P‘P‘Pete’ Timmerete’ Timmerete’ Timmerete’ Timmerete’ Timmer, da Universidade da Flórida, EUA

Pág. 7 Economia/Thomas Spreen faz palestra em São José do Rio Preto (SP)palestra em São José do Rio Preto (SP)palestra em São José do Rio Preto (SP)palestra em São José do Rio Preto (SP)palestra em São José do Rio Preto (SP)

Pág. 8 Manejo/Amostragem do Ácaro BrancoÁcaro BrancoÁcaro BrancoÁcaro BrancoÁcaro Branco

Pág.22 Divulgação/Fungicidas F-500Fungicidas F-500Fungicidas F-500Fungicidas F-500Fungicidas F-500

Pág.28 Prática/Calçando botinas no Sítio Dois IrmãosSítio Dois IrmãosSítio Dois IrmãosSítio Dois IrmãosSítio Dois Irmãos

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3Abril / Maio / Junho Revista Ciência & Prática

Juliana Astúa Décio Joaquim Décio Joaquim

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O GTACCGTACCGTACCGTACCGTACC passa por mudanças. Assumoa presidência dotado de muita responsabilidade. O Kley deixou de ser o líder

de corpo presente para ser um exemplo emtodas nossas ações. O grupo, fundado so-bre sólidos princípios, continua com o mes-mo espírito de união e de comprometimen-to.

Temos a certeza de que nosso amigo teráseu nome guardado não apenas em nossoscorações, mas será lembrado pela citricultu-ra, onde atuou, gerou conceitos, defendeusuas idéias e aplicou suas técnicas.

Técnicas que serão necessárias às pro-fundas mudanças pelas quais nossa citricul-tura está passando. Por um lado, reorgani-zando o setor e restringindo, momentanea-mente, alguns investimentos, gerando, poroutro lado, grandes oportunidades com re-lação ao futuro, às quais serão melhor apro-veitadas por todos, caso desejemos, se esti-vermos munidos de uma união que congre-gue, que some, que direcione rumo a umobjetivo comum, que é o fortalecimento dacadeia produtiva citrícola.

O restabelecimento da confiança no se-tor é imprescindível no momento, diante dasdificuldades do sistema de produção quevem esbarrando em opções que surgem,como a cana-de-açúcar. As perspectivas para

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A eficiência e o bonde da históriaEDITORIAL

Leandro Aparecido FukudaLeandro Aparecido FukudaLeandro Aparecido FukudaLeandro Aparecido FukudaLeandro Aparecido Fukuda Presidente do GTACC

[email protected]

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a citricultura, no entanto, são de um merca-do em alta. É função da indústria trazer aconfiança do produtor de volta ao setor, sen-do que isto pode e deve ser feito com trans-parência, através da divisão dos ganhos coma máxima clareza possível.

Podemos observar uma grande mobili-zação por parte do setor no que concerne àsnegociações e esperamos que isto possagerar frutos, trazendo benefícios a médio elongo prazos, não ficando apenas como umaempolgação momentânea, passageira, emfunção dos altos preços do suco.

É preciso que o citricultor busque o mai-or número de informações possível para queseu negócio tenha sucesso. O GTACC,GTACC,GTACC,GTACC,GTACC, jun-tamente com seus parceiros, tem dado suacontribuição, através de eventos como o IIIWorkshop, com tema totalmente voltadopara aumento de produtividade e que foirealizado na Estação Experimental de Citri-cultura de Bebedouro, com grande partici-pação de citricultores, técnicos e demais con-sultores.

O evento teve por objetivo trazer ao se-tor mais informações para que possamosatingir patamares maiores de produtivida-de, o que nos permitirá obter ganhos muitoacima daqueles conseguidos com a cana-de-açúcar. O erro está sendo comparar, ‘de

igual para igual’, um modelo produtivomoderno como o da cana, com outro, o dacitricultura tradicional, completamente arcai-co, de duas décadas passadas. Vamos reverisso.

A Semana da Citricultura é um dos maio-res eventos do setor, vindo também de encon-tro com o momento, devendo ajudar o produ-tor nessa necessidade de ser mais produtivo,para poder permanecer na atividade.

O setor tem grandes oportunidades di-ante do mercado e notamos, pelos preçosdo suco atingidos na bolsa de Nova York,pelas constantes quebras de safras e previ-sões não muito otimistas para a citriculturada Florida, que a citricultura brasileira pas-sará novamente por grandes momentos nospróximos anos.

Depende de nós ocuparmos o espaçoque a conjuntura mundial está nos ofere-cendo. É hora de mostrarmos nossa máximacompetência. Sejamos eficientes para nãoperdermos o “bonde da história’.

AbrilAbrilAbrilAbrilAbril11 – Treinamento fornecido pelo consul-tor Décio Joaquim para a equipe técnicada Stoller, sobre Fisiologia da Florada dosCitros. Bebedouro, SP.25 – Promoção do III Workshop GTACC“Tecnologias de manejo para aumento deprodutividade”. Estação Experimental deCitricultura de Bebedouro, SP.25 – Palestra proferida pelo consultorMarco Valério Ribeiro, sob o título “Mane-jo regenerativo de solo para a citricultu-ra”, durante o III Workshop GTACC. Bebe-douro, SP.

MaioMaioMaioMaioMaio1 a 5 - Visita à citricultura do estado doParaná. O grupo foi representado pelosconsultores Marco Valério Ribeiro e SérgioRoberto Benvenga.9 - Palestra: "Estratégias nutricionais paramelhorar sua florada", ministrada pelo con-sultor Décio Joaquim, numa promoção daStoller, dentro do projeto "Nutrir na seca".Itápolis, SP.10 - Palestra proferida pelo presidente doGTACC, Leandro Aparecido Fukuda, sob o

tema: "Novas tecnologias de citros". Pirangi,SP.10 - Palestra: "Estratégias nutricionais paramelhorar sua florada", ministrada pelo con-sultor Décio Joaquim, numa promoção daStoller, dentro do projeto "Nutrir na seca".São José do Rio Preto, SP.11 - Palestra: "Estratégias nutricionais paramelhorar sua florada", ministrada pelo con-sultor Décio Joaquim, numa promoção daStoller, dentro do projeto "Nutrir na seca".Pirassununga, SP.12 - Reunião realizada na sede do GTACCcom membros da equipe Basf-Citros, paradiscussão de estratégia e uso de produtos.Bebedouro, SP.12 - Nova reunião do PEG - PlanejamentoEstratégico GTACC. Na sede da entidade, emBebedouro, SP.16 - Palestra: "Estratégias nutricionais paramelhorar sua florada", ministrada pelo con-sultor Décio Joaquim, numa promoção daStoller, dentro do projeto "Nutrir na seca".Estação Experimental de Citricultura de Be-bedouro, SP.18 - Reunião do Comitê de Agroquímicosdo Fundecitrus, onde o GTACC foi represen-

tado pelos consultores AparecidoTadeu Pa-vani e José Luiz Silva. Araraquara, SP.18 - Palestra e entrevista do economistada Universidade da Flórida, Thomas Spre-en. O GTACC foi representado pelos con-sultores Antonio Garcia Júnior e Décio Jo-aquim. ACIRP, São José do Rio Preto, SP.26 - Encontro promovido pela Bayer sobreposicionamento de produtos Força Anti-Stress nas culturas. O GTACC foi represen-tado pelo consultor Décio Joaquim. Paulí-nia, SP.

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Lavern W. Timmer

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"A citricultura da Flórida vai continuar"

Pesquisador do Centro de Pesquisa e Educação em Citros,da Universidade da Flórida, em Lake Alfred, FL, EUA.

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Fitopatologista reconhecido mundialmente,Lavern W. Timmer, ou como é mais conheci-do 'Pete' Timmer ([email protected]), temo título de doutor obtido pela Universidade daCalifórnia (Riverside, CA, EUA), em 1969. Atu-almente, concentra-se em torno dele um dosmais importantes núcleos de pesquisa e co-nhecimento sobre Cancro Cítrico e Greening,crucial neste momento pelo qual passa o esta-do da Flórida. Timmer já trabalhou com Go-mose, no Texas, além de especializar-se naArgentina, em doenças bacterianas. Membrorespeitado da Organização Internacional deVirologistas de Citrus, foi editor de Anais deCongressos da entidade, além de autor de li-vros, manuais e de dezenas de trabalhos cien-tíficos. Ele traça um diagnóstico da situaçãoatual da citricultura no estado norte america-no da Flórida, maior produtor de citros dos EUAe referência, junto com o estado de São Paulona formação de preços.

Quais são os sentimentos dos pro-Quais são os sentimentos dos pro-Quais são os sentimentos dos pro-Quais são os sentimentos dos pro-Quais são os sentimentos dos pro-dutores da Flórida em relação àdutores da Flórida em relação àdutores da Flórida em relação àdutores da Flórida em relação àdutores da Flórida em relação àcitricultura, neste momento em quecitricultura, neste momento em quecitricultura, neste momento em quecitricultura, neste momento em quecitricultura, neste momento em quea cultura de citros no estado passaa cultura de citros no estado passaa cultura de citros no estado passaa cultura de citros no estado passaa cultura de citros no estado passapor tantos problemas (desde a ocorpor tantos problemas (desde a ocorpor tantos problemas (desde a ocorpor tantos problemas (desde a ocorpor tantos problemas (desde a ocor-----rência de geadas no último inverrência de geadas no último inverrência de geadas no último inverrência de geadas no último inverrência de geadas no último inver-----no, a passagem de furacões, a dis-no, a passagem de furacões, a dis-no, a passagem de furacões, a dis-no, a passagem de furacões, a dis-no, a passagem de furacões, a dis-seminação do Cancro Cítrico, a che-seminação do Cancro Cítrico, a che-seminação do Cancro Cítrico, a che-seminação do Cancro Cítrico, a che-seminação do Cancro Cítrico, a che-gada do Greening, além da atualgada do Greening, além da atualgada do Greening, além da atualgada do Greening, além da atualgada do Greening, além da atualseca) e, comercialmente falando,seca) e, comercialmente falando,seca) e, comercialmente falando,seca) e, comercialmente falando,seca) e, comercialmente falando,quais as intenções deles?quais as intenções deles?quais as intenções deles?quais as intenções deles?quais as intenções deles?

Muitos produtores estão desiludidos ecom dúvidas a respeito do futuro da citricul-tura na Flórida. Alguns estão deixando onegócio. Entretanto, há um grande núcleode produtores, grandes e pequenos, queestão comprometidos com a produção decítricos no estado e planejam continuar. AFlórida está enfrentando muitos problemascom doenças, da mesma forma que os pro-dutores no Brasil. A Flórida está sendo ur-banizada rapidamente e os valores das pro-

priedades estão muito altos, especialmentenaquelas áreas próximas da costa. Portanto,a citricultura está sendo substituída pelodesenvolvimento imobiliário.

Eles estão interessados em realizarEles estão interessados em realizarEles estão interessados em realizarEles estão interessados em realizarEles estão interessados em realizarnovos plantios?novos plantios?novos plantios?novos plantios?novos plantios?

Muitos produtores que estão locadosem áreas com alto valor imobiliário estãovendendo suas propriedades e saindo donegócio. Entretanto, muitos estão continu-ando, onde estão ou comprando terra, emoutro lugar, para continuar.

Existem investimentos sendo feitosExistem investimentos sendo feitosExistem investimentos sendo feitosExistem investimentos sendo feitosExistem investimentos sendo feitosnos pomares existentes? Investimen-nos pomares existentes? Investimen-nos pomares existentes? Investimen-nos pomares existentes? Investimen-nos pomares existentes? Investimen-tos em novos pomares?tos em novos pomares?tos em novos pomares?tos em novos pomares?tos em novos pomares?

Ambos. Entretanto, a produção de mu-das está passando por transformações e to-das as mudas serão produzidas em estufas,

sob condições controladas, como no Brasil.A partir de janeiro de 2008, não será permi-tida a venda e o plantio de mudas produzi-das no atual sistema de produção ("a céuaberto"). Adicionalmente, em torno de 60%das mudas existentes em viveiros foram eli-minadas devido ao programa de erradica-ção do Cancro Cítrico. Portanto, a expectati-va é de que os novos plantios serão limita-dos pela falta de mudas disponíveis por, pelomenos, os próximos cinco anos.

Quais são os atuais procedimentosQuais são os atuais procedimentosQuais são os atuais procedimentosQuais são os atuais procedimentosQuais são os atuais procedimentospara o controle e/ou manejo de Can-para o controle e/ou manejo de Can-para o controle e/ou manejo de Can-para o controle e/ou manejo de Can-para o controle e/ou manejo de Can-cro Cítrico e Greening ?cro Cítrico e Greening ?cro Cítrico e Greening ?cro Cítrico e Greening ?cro Cítrico e Greening ?

Nenhum esforço está sendo feito paraconter o Cancro, por parte do governo doestado. O programa de erradicação termi-nou e não há obrigatoriedade de remoçãode plantas afetadas. Em áreas onde o Can-cro não está largamente disseminado, mui-

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tos produtores estão eliminando as plantasafetadas, de modo a permitir que comerci-alizem a fruta e também de modo a conse-guir segurar a disseminação da doença, tantoquanto possível.

Em relação ao Greening, assim como como Cancro, não há obrigatoriedade de remoçãode plantas afetadas e não há programa para aerradicação da doença. O DPI - Departamentode Agricultura e Serviços ao Consumidor daFlórida, Divisão de Produção de Plantas doDepartamento de Agricultura do estado(www.doacs.state.fl.us/pi/canker/index.html)está conduzindo pesquisas para localizar plan-tas infectadas e usando testes molecularespara diagnosticar a doença.

Informação do DPI em relação à ocor-rência de Cancro Cítrico e Greening no esta-do, é atualizada regularmente em seu web-site, de forma que produtores, cientes dapresença destas doenças, podem agir apro-priadamente.

Quais as informações sobre a ex-Quais as informações sobre a ex-Quais as informações sobre a ex-Quais as informações sobre a ex-Quais as informações sobre a ex-tensão destas doenças neste mo-tensão destas doenças neste mo-tensão destas doenças neste mo-tensão destas doenças neste mo-tensão destas doenças neste mo-mento?mento?mento?mento?mento?

Neste momento, a ocorrência de novosfocos de Cancro Cítrico não é freqüente, de-vido à primavera muito seca. Entretanto, exis-tem muitos focos de plantas infectadas porCancro Cítrico por toda a área produtora.No momento, 75% dos pomares no estadoestão dentro de um raio de 8 km distantesde focos de Cancro Cítrico. Dependendo doclima, há a expectativa de que o Cancro Cí-trico vá se disseminar para vários pomares, emfuturo próximo. Entretanto, pode ser possívelmanter pomares livres de Cancro Cítrico emalgumas áreas por muitos anos. Porém, se ti-vermos mais furacões no próximo verão, estasituação poderá mudar rapidamente.

O Greening está presente em áreas resi-denciais do sudeste da Flórida. Entretanto,a doença tem sido encontrada em, relativa-mente, poucos pomares no momento, alémde estar muito menos disseminada que noBrasil. Produtores que têm a presença dadoença nos seus pomares estão erradican-do plantas infectadas imediatamente apósa detecção, fazendo também todo o esforçopossível para controlar o psilídeo vetor.

O que a Universidade da Flórida estáO que a Universidade da Flórida estáO que a Universidade da Flórida estáO que a Universidade da Flórida estáO que a Universidade da Flórida estáfazendo em termos de pesquisas emfazendo em termos de pesquisas emfazendo em termos de pesquisas emfazendo em termos de pesquisas emfazendo em termos de pesquisas emrelação à estas duas doenças?relação à estas duas doenças?relação à estas duas doenças?relação à estas duas doenças?relação à estas duas doenças?

Pesquisas sobre Cancro Cítrico estão emandamento havia muitos anos. Muitas daspesquisas estão focadas no desenvolvimen-to de resistência dos citros ao Cancro Cítri-co, em meios de redução da disseminaçãoda doença, além da avaliação de bacterici-das para a prevenção da infecção. Existem

outros estudos sendo conduzidos em rela-ção à sobrevivência da bactéria na superfíciedas folhas e de frutos, e também outros as-pectos da biologia da doença e do agentecausal. As pesquisas continuam no sentidode determinar as diferentes es-tirpes de Xanthomonas presen-tes na Flórida para obter melhorentendimento sobre a dissemi-nação da doença dentro do es-tado e a relação de isolados daFlórida com estirpes internacio-nais.

Pesquisas sobre Greeningtêm sido limitadamente condu-zidas, sob condições de quaren-tena, para melhor entender atransmissão da bactéria pelo in-seto vetor. O vetor da doença,Diaphorina citri, está presente naFlórida havia algum tempo e abiologia e o controle deste inse-to também tem sido pesquisa-do. Esforços adicionais têm sidofeitos para incluir no programade pesquisa a interação da bac-téria com a planta e o desenvolvimento daresistência em citros.

Fale alguma coisa sobre a Universi-Fale alguma coisa sobre a Universi-Fale alguma coisa sobre a Universi-Fale alguma coisa sobre a Universi-Fale alguma coisa sobre a Universi-dade da Flórida. Quais pesquisas adade da Flórida. Quais pesquisas adade da Flórida. Quais pesquisas adade da Flórida. Quais pesquisas adade da Flórida. Quais pesquisas aUniversidade está desenvolvendoUniversidade está desenvolvendoUniversidade está desenvolvendoUniversidade está desenvolvendoUniversidade está desenvolvendopara a citricultura em geral?para a citricultura em geral?para a citricultura em geral?para a citricultura em geral?para a citricultura em geral?

A Universidade da Flórida teve e conti-nua tendo um vasto programa de pesquisasem citros. O CREC - Citrus Research and Edu-cation Center (Centro de Pesquisa e Educa-ção em Citros), da Universidade da Flórida,em Lake Alfred, conduz pesquisas, educa-ção e extensão em vários aspectos da pro-dução de citros. Os programas incluem aprodução de mudas e muitos outros aspec-tos de produção, incluindo nutrição, irriga-ção e suas relações, stands de plantio e den-sidades, bem como o controle de insetos,ácaros, nematóides e muitos tipos de doen-ças. O Centro de Pesquisa tem um grandeprograma de melhoramento da planta vol-tado para o desenvolvimento de cultivaresque apresentam qualidade superior e sejamresistentes a insetos e doenças. Em adição,estamos investigando os vários aspectos dapós-colheita de frutas frescas e do proces-samento da fruta que inclui a qualidade dosuco e a segurança alimentar.

Comente sobre o seu trabalho, suaComente sobre o seu trabalho, suaComente sobre o seu trabalho, suaComente sobre o seu trabalho, suaComente sobre o seu trabalho, suapesquisa e a atuação desenvolvidapesquisa e a atuação desenvolvidapesquisa e a atuação desenvolvidapesquisa e a atuação desenvolvidapesquisa e a atuação desenvolvidana Universidade.na Universidade.na Universidade.na Universidade.na Universidade.

Por muitos anos, meus programas depesquisas enfatizaram a pesquisa e a exten-são sobre a biologia e o controle de doen-

ças foliares causadas por fungos, como aMancha Graxa (Micosferela), Alternária, Es-trelinha, Melanose e Verrugose. Minha ocu-pação neste momento está distribuída em70% do tempo para extensão e 30% para

pesquisa. Nos últimos tempos, tenho gastoboa parte do tempo em educação e exten-são com Cancro Cítrico e Greening. Nós pre-paramos muitos materiais, como vídeos eDVDs, e conduzimos programas de divulga-ção e extensão por todo o estado para for-necer informação acurada aos produtores eproprietários de chácaras e residências so-bre os perigos dessas duas doenças bemcomo sua biologia e controle.

Alguma outra questão que penseAlguma outra questão que penseAlguma outra questão que penseAlguma outra questão que penseAlguma outra questão que penseser importante citar para que tenha-ser importante citar para que tenha-ser importante citar para que tenha-ser importante citar para que tenha-ser importante citar para que tenha-mos uma noção mais clara a respei-mos uma noção mais clara a respei-mos uma noção mais clara a respei-mos uma noção mais clara a respei-mos uma noção mais clara a respei-to da produção de citros na Flórida,to da produção de citros na Flórida,to da produção de citros na Flórida,to da produção de citros na Flórida,to da produção de citros na Flórida,neste momento.neste momento.neste momento.neste momento.neste momento.

A citricultura da Flórida vai continuar eprosperar por muitos anos vindouros. En-tretanto, irá mudar consideravelmente. Ci-tros deixarão de ser produzidos em muitasáreas costeiras com alto valor imobiliário,tendendo a se mudar para áreas internasdas regiões sul e central da Flórida. Com amudança, não estamos certos quanto a nos-sa habilidade em continuar a produzir algu-mas variedades de citros e portanto algunstipos de cultivos de citros vão provavelmen-te mudar. Será difícil produzir pomelo parao mercado de fruta fresca em presença deCancro Cítrico e a tendência futura indicaum maior processamento de Valências e devariedades mais tolerantes de tangerinas. Emmuito dependeremos de regulamentaçõesimpostas pelos paises para onde comercia-lizamos nossas frutas, incluindo outros es-tados dos Estados Unidos, além da deman-da pelo suco e fruta da Flórida naquelesmercados.

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Colheita mecanizada pode ser fator de disseminação de Cancro

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Laranja e suco: mercados em altaProfessor da Universidade da Flórida, Thomas H. Spreen, mostra boas perspectivas para o preço do suco brasileiro.

ECONOMIA

Reunindo um grande número de citricultores, a Acirp – Associação Comercial e Industrial de São José do Rio Preto,

SP, promoveu no seu Centro de Convenções,em 18 de maio último, uma palestra com omatemático e economista, especialista emmarketing de citros, Thomas H. Spreen, pro-fessor titular e chefe do departamento deeconomia agrícola do Centro de Pesquisa eEducação em Citros, da Universidade da Fló-rida, Estados Unidos.

Encontro organizado pelo professor daUnesp - Jaboticabal, Waldir Barros Fernan-des Júnior, a conferência teve por objetivomostrar as perspectivas para o mercado decitros na próxima década.

Falando para um público atento, Spre-en relatou os muitos desafios que ambas ascitriculturas (de São Paulo e da Flórida) te-rão pela frente neste período.

“As doenças são muitas e temerosas,mas, particularmente no caso da Flórida, aespeculação imobiliária valoriza sobremanei-ra as áreas tradicionalmente plantadas comlaranjais, transformando-se numa tentaçãomuito grande para o interesse do citricultor.A população está crescendo e as cidades têm

Antonio Garcia JúniorAntonio Garcia JúniorAntonio Garcia JúniorAntonio Garcia JúniorAntonio Garcia Júnior GTACC/Cati

[email protected]

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que expandir”, ponderou o palestrante.A citricultura da Flórida vive um momen-

to angustiante. O recém chegado Greening,o Cancro Cítrico (que oficialmente deixoude ser erradicado pelo estado), as pequenasgeadas, que no inverno passado destruíram

muitas brotações de árvores que se recons-tituíam após as passagens de vários fura-cões (a Flórida passou a ser uma rota maisfreqüente e contínua para os tornados quese formam na região do Caribe, no verão) euma primavera muito seca, comprovada-mente derrubaram as produções de citros,atual e do próximo ano.

A situação mais provável, segundo Tho-mas Spreen, é de que a Flórida, que produ-zia algo em torno de 250 milhões de caixasde 40,8 kg, antes dos furacões, produzaentre 120 e 130 milhões nesta safra. Numa

Thomas Spreen traçou um ótimo panorama para o suco brasileiro na próxima década

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Thomas H. Spreen e o marketing de citros

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projeção do professor até 2010, São Paulodeve manter um patamar de produção delaranjas ao redor de 300 milhões de caixasde 40,8 kg, enquanto a Flórida permanece-rá por volta de 150 milhões.

“Desde que haja a concretização dessasprojeções, o mercado mundial de suco de-verá manter-se em alta, remunerando me-lhor a nossa laranja”, entende o presidenteda Associtrus – Associação Brasileira dos Ci-tricultores, Flávio Viegas.

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MANEJO

Inspecionando o Ácaro BrancoProsseguindo com a série sobre amostragem de pragas e inimigos naturais, aprenda a amostrar o Ácaro Branco.

8 Abril / Maio / JunhoRevista Ciência & Prática

Conhecido, até pouco tempo, apenaspelo dano que causava às limas, limõese tangerinas, o Ácaro Branco tem ad-

quirido importância econômica também nacultura da laranja. Na citricultura e em diver-sas outras culturas, sejam frutíferas ou anu-ais, o Ácaro Branco, Polyphagotarsonemuslatus (Banks), é uma praga importante, prin-cipalmente no desenvolvimento inicial dosfrutos e folhas. Os danos provocados são: aformação de uma película prateada sobre asuperfície dos frutos e o afilamento das fo-lhas, em decorrência da raspagem das célu-las. É uma praga comum no período demaior umidade, portanto, sua ocorrênciaprincipal é verificada entre outubro à mar-ço. O Ácaro Branco é uma das principais pra-gas para os produtores de mudas devido aoatraso no desenvolvimento das mesmas.

Aspectos biológicos doAspectos biológicos doAspectos biológicos doAspectos biológicos doAspectos biológicos doÁcaro BrancoÁcaro BrancoÁcaro BrancoÁcaro BrancoÁcaro Branco

OVO:OVO:OVO:OVO:OVO: esférico e amarelo translúcido, compontuações elípticas e tamanho superior emrelação à fêmea (dilatação após postura).MACHOMACHOMACHOMACHOMACHO: Parte terminal do corpo afilada etamanho menor que a fêmea. O último parde pernas é robusto, prestando-se para car-regar a pupa da fêmea.

Faz parte do comportamento caracte-rístico do macho do Ácaro Branco “carre-gar” a pupa da fêmea consigo, procurandoassim garantir o acasalamento, preservan-do a espécie.

Este aspecto é um dos fatores que con-tribuem para a elevada prolificidade do Áca-ro Branco.

Comportamento característico: Ácaro Branco macho transportando pupa de fêmea

Os ovos são esféricos, amarelos, translúcidos,com pontuações bem definidas

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Película prateada formada pelo Ácaro Branco ao redor do fruto

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Aumento das populaçõesAumento das populaçõesAumento das populaçõesAumento das populaçõesAumento das populações

Recentemente, talvez associado à gran-de utilização de fungicidas para o controlede Pinta Preta e de Estrelinha, as popula-ções de Ácaro Branco têm se constituído emverdadeiros “problemas” no programa de

controle de pragas da citricultura.Não é grande a gama de produtos des-

tinados ao seu controle. Assim, potencial-mente perigoso, os danos causados peloÁcaro Branco nas lavouras de laranja têmcrescido a cada dia.

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MANEJO

9Abril / Maio / Junho Revista Ciência & Prática

Inspeção do

Ácaro Branco• Pomar em formação (do plantio ao• Pomar em formação (do plantio ao• Pomar em formação (do plantio ao• Pomar em formação (do plantio ao• Pomar em formação (do plantio ao

início da produção de frutos):início da produção de frutos):início da produção de frutos):início da produção de frutos):início da produção de frutos): inspe-cionar 3 (três) folhas de brotaçõesnovas (folíolos), observando com a len-te 1 (um) cm2 na parte inferior; a amos-tragem deve ser feita ao redor da copada planta, de forma padronizada e uni-forme.

• Pomar em produção (a partir do iní-Pomar em produção (a partir do iní-Pomar em produção (a partir do iní-Pomar em produção (a partir do iní-Pomar em produção (a partir do iní-cio da produção)cio da produção)cio da produção)cio da produção)cio da produção): inspecionar 3 (três)frutos verdes, desde "chumbinho" até"ping-pong", da parte externa da plan-ta, observando a parte do fruto próxi-ma à estrelinha em uma única batidade lente (1 cm2), distribuindo os pon-tos de amostragem ao redor da plantade forma padronizada e uniforme.

Nível de ação:Nível de ação:Nível de ação:Nível de ação:Nível de ação:10% de frutos oufolíolos com 5 oumais ácaros/cm2.

José Luiz SilvaJosé Luiz SilvaJosé Luiz SilvaJosé Luiz SilvaJosé Luiz SilvaConsultor GTACC/Gravena Ltda

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Frutos em fase de “azeitona”, ainda muito sensíveis ao ataque do Ácaro Branco

Folhas ponteagudas e com os bordos retorcidos para baixo, provocados pelo Ácaro Branco

Como fazer a anotaçãoComo fazer a anotaçãoComo fazer a anotaçãoComo fazer a anotaçãoComo fazer a anotaçãona ficha de inspeçãona ficha de inspeçãona ficha de inspeçãona ficha de inspeçãona ficha de inspeção

Anotar o número de folíolos ou fru-tos (de 0 a 3) por planta, que apresentarem5 ou mais ácaros / cm2, correspondente aototal de frutos infestados.

Como calcular o número e aComo calcular o número e aComo calcular o número e aComo calcular o número e aComo calcular o número e aporcentagem de infestaçãoporcentagem de infestaçãoporcentagem de infestaçãoporcentagem de infestaçãoporcentagem de infestação

Ao terminar a inspeção, o inspetordeve quantificar o total de frutos ou folíolosinfestados e deverá anotar na coluna Nú-mero da ficha de inspeção.

Depois de preencher a coluna Nú-mero, calcular a porcentagem de frutos oufolíolos infestados pela praga. Para isso, te-mos que saber o total de frutos ou folíolosavaliados. Como se inspecionam 3 frutos oufolíolos por planta, multiplicar esse valor (3),

pelo total de plantas avaliadas. Por exem-plo, se inspecionamos 10 plantas, devemosfazer a multiplicação de 3 x 10, que é 30.Então, 30 será o total de frutos ou folíolosavaliados. Depois basta tomar o númeropreenchido na coluna Número, acrescentardois zeros (00) e dividir pelo total de frutosou folíolos inspecionados.

Exemplo: Na coluna Número da fichade inspeção, aqui exemplificada, temos onúmero 6, acrescentamos os dois zeros, etemos 600; dividimos, com o auxílio da cal-culadora, 600 por 30 (600 / 30), o que nosdá 20% de frutos ou folíolos infestados peloÁcaro Branco. Este é o valor que devemosanotar na coluna de Porcentagens.

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10 Abril / Maio / JunhoRevista Ciência & Prática

CITRICULTURA NACIONAL

Paraná: uma citricultura de respeito ao soloO citricultor paranaense adotou a preservação do solo para a implantação dos pomares. Uma citricultura jovem, implantada

sob pesquisa científica e conduzida com profissionalismo para a colheita de bons frutos.

Assumir a profissão de ‘repórter por umdia’ para a elaboração deste artigo sobre a citricultura paranaense foi uma

tarefa muito produtiva para quem está en-volvido com o setor citrícola e busca au-mentar o círculo de amizades com profissio-nais dedicados, detentores de novas idéiase tradicionalistas quando o assunto é a pre-servação da vida do solo.

O roteiro de nossa matéria seguirá aordem cronológica dos fatos que impulsio-naram a citricultura do norte e noroeste doParaná para que o leitor possa compreen-der como um trabalho de equipe, envolven-do órgãos legislativos, pesquisadores cien-tíficos e um sistema organizacional de coo-perativas e extensionistas, na busca da de-fesa de um interesse comum, pode trazer àtona informações fundamentais para o su-cesso de todo o empreendimento. Pessoascomprometidas e um trabalho árduo naimplantação do parque citrícola permitiramtranspassar barreiras, vislumbrando um ho-rizonte cor de laranja pela qualidade dosfrutos que o clima local favorável propicia.

A legislaçãoA legislaçãoA legislaçãoA legislaçãoA legislação

Nosso ponto de partida teve como basea legislação paranaense e como ela amparaa coordenação e a implantação de pomares,fato ainda sob as rédeas da Seab - Secretariade Estado da Agricultura e doAbastecimento. A citricultura paranaensetem seu embasamento técnico-científicoatrelado às legislações, federal e estadual. ASeab coordena o trabalho de liberação deáreas destinadas ao plantio de citros, bemcomo fiscaliza a produção de mudas noEstado. Somente com a autorização da Seabé que os produtores podem adquirir mudas

Croce:"realizamosum trabalhode equipe"

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cítricas para a implantação de pomares,seguindo o pacote tecnológico definido pelapesquisa.

Quem gentilmente atendeu Ciência &Prática, foi o atual Secretario do Meio Am-biente e Agricultura do município deMaringá, que pertence ao quadro funcionalda Seab, José Croce Filho, que traz na me-mória a brilhante história levada a cabo emdefesa da citricultura comercial implantadaa partir de 1989.

Croce nos levou a uma viagem no tem-po reportando-se a 1972, quando a Porta-ria Federal número 8 interditou 188 municí-pios paranaenses em função da presençade plantas com infecção causada pela bac-téria do Cancro Cítrico. “Naquela época, acitricultura não era a atividade principal e aocorrência de casos de plantas isoladas empomares caseiros interditava todo um mu-nicípio”, complementa Croce.

Naquela ocasião, o Iapar – InstitutoAgronômico do Paraná, deu início a umasérie de pesquisas científicas, sob coorde-nação do pesquisador Rui Pereira Leite Juni-or, na busca de variedades cítricas que fos-sem consideradas como mais resistentes aoCancro Cítrico. Até então, a fruticultura eradefendida como uma atividade alternativaaos cafeicultores que atravessavam dificul-dades com geadas e preços desfavoráveis,além de promover uma maior diversidadefrente aos tradicionais cultivos de cereais.

Já no final da década de 70, no séculopassado, as pesquisas do Iapar subsidiaramuma proposta de alteração da legislação fe-deral, que culminou em 1987 com uma al-teração significativa que tratou da interdi-ção por imóvel rural e não mais por municí-pio. O primeiro plantio comercial ocorreuem 1989, no município de Floraí, na propri-edade de Edilberto José Alves, na época di-retor e cooperado da Cocamar – Cooperati-va Agroindustrial de Maringá.

José Croce vangloria-se em dizer, “foium trabalho de equipe, pois envolveu ór-gãos legislativos, representados pela Seab,órgãos de pesquisa do estado, através doIapar, e o sistema organizacional, represen-tado pelas cooperativas e os extensionistas”.

As variedades permitidas para a produ-ção, comércio e plantio no estado do Para-ná estão contidas na Resolução Estadual 155/04 e a seguir relacionadas: Laranja ‘LimaVerde’, Laranja ‘Sangüínea de Mombuca’,Laranja ‘Pêra’, Laranja ‘Folha Murcha’, Laran-ja ‘Moro’, Laranja ‘Valência’, Laranja ‘Naveli-

na’, Laranja ‘Azeda Doublé Cálice’, Laranja‘Iapar 73’, Laranja ‘Salustiana’, Laranja ‘Sha-mouti’, Laranja ‘IPR Cadenera’, Laranja ‘IPRJaffa’, Tangerina ‘Dancy’, Tangerina ‘Ponkan’,Tangerina ‘Satsuma’, Tangerina ‘Mexerica’,Tangerina ‘Loose Jaket’, Tangerina ‘Batan-ga’, Tangerina ‘Tankan’, Tangerina ‘SatsumaOkitsu’, Fortunella sp, Calamondim e Lima

‘Tahiti’.Quem detalha os passos para a implan-

tação dos novos pomares nas regiões nortee noroeste do Estado é a engenheira agrô-noma Dirlene Aparecida M. da Fonseca Ri-naldi, chefe da Seção Canecc da Seab: “aspropriedades ou imóveis rurais para seremliberados devem atender às determinaçõesconstantes no Decreto, Portarias Ministeri-ais e Resoluções da Canecc - CoordenaçãoNacional da Campanha de Erradicação doCancro Cítrico”, destaca Rinaldi.

O manejo prioriza o uso de roçadeiras formandopalha para a cobertura do solo sob as copas

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CITRICULTURA NACIONAL

Os produtores rurais devem atender àsexigências legais para implantar um pomar,em sua propriedade. O primeiro passo ésolicitar à Seab a inspeção da propriedadepara obter a liberação e autorização de plan-tio. De posse da autorização de plantio, oprodutor poderá adquirir mudas cítricas emviveiros credenciados e fiscalizados no esta-do. Rinaldi complementa que “o citricultordeve adotar o pacote tecnológico definidopelo Iapar, que também inclui a implanta-ção de quebra ventos temporários, como ocapim ‘Napier’, o feijão ‘Guandu’ ou a man-dioca, para proteção até o segundo ano de

Rinaldi: "aliberação doimóvel ruralé o primeiropasso"

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idade e os quebra ventos definitivos, comGrevílea, Sansão-do-Campo ou Eucalipto,para proteção contínua dos pomares nosperíodos de maior vulnerabilidade da cultu-ra, concentrados nas fases de fluxos vegeta-tivos. Como medidas de prevenção tambémsão recomendadas pulverizações de fungi-cidas à base de cobre e adubação equilibra-da de nitrogênio nestes períodos críticos”,conclui Rinaldi.

O controle da Larva Minadora, (Phylloc-nistis citrella), uma lagarta que alimenta-sedo parênquima foliar, também deve ser rea-lizado pelo citricultor paranaense, pois osdanos do inseto nas folhas em fase inicialde desenvolvimento favorecem a infecçãopela bactéria do Cancro Cítrico. Na opiniãode um dos autores, engenheiro agrônomoMarco Valério Ribeiro, consultor na regiãode Paranavaí, no noroeste do Paraná, “nospomares em formação o controle é sistemá-tico na fase de maior vulnerabilidade, asso-ciando-se o inseticida ao fungicida prote-tor”.

Entretanto, medidas biológicas de con-trole também podem ser adotadas para so-mar ao manejo praticado pelos produtores,a exemplo da Cocamar, que adquiriu da Gra-vena Ltda em Jaboticabal, SP, lotes do insetobenéfico Ageniaspis citricola, consideradoum inimigo natural da praga. Leandro CésarTeixeira, engenheiro agrônomo da Cocamar,destacou que a liberação do inseto benéfi-co nos pomares de cooperados na fase ini-cial de infestação pela larva minadora, per-mitiu um controle de até 70% na infestaçãoda praga. A preocupação com o manejoecológico de pragas sempre foi uma ban-deira hasteada pela citricultura paranaensee para isso os produtores participaram devários cursos de inspetores e manejadoresde pragas com o professor Santin Gravena,culminando com o último, de manejadores,patrocinado pela Ocepar - Organização dasCooperativas do Paraná, em 2005.

A pesquisaA pesquisaA pesquisaA pesquisaA pesquisa

Através do seu Programa de Fruticultu-ra, o Iapar vem desenvolvendo trabalhos depesquisa que definiram as variedades per-mitidas para cultivo e outros aspectos tec-nológicos que impulsionaram a citriculturaparanaense.

Hoje, novos desafios estão sob a óticados pesquisadores do Iapar, na busca deincremento de produtividade através damelhor combinação copa e porta-enxerto,além do correto manejo do solo.

Sobre o manejo de solo o engenheiroagrônomo e pesquisador Pedro A. M. Auler,da Estação Experimental do Iapar, em Para-navaí, conta com a colaboração dos pesqui-sadores Jones Fidalski e Marco A. Pavan, os

quais propuseram uma alternativa para mi-nimizar o impacto da instalação de pomarescítricos em solos arenosos, predominantesna região noroeste, definida como preparodo solo em faixa, abolindo o revolvimentototal. Segundo Auler, “após 10 anos de pes-quisa consecutiva foi verificado que o culti-vo em faixa pode ser adotado pelo citricul-tor sem comprometer a produtividade, coma vantagem de praticamente eliminar o ris-co de erosão e reduzir o custo de implanta-ção”.

Neste sistema, o solo é revolvido somen-te numa faixa de 2 m de largura, mantendoo restante de área com cobertura vegetal.Resultados de pesquisas também foramobtidos em relação à calagem e ao manejodo solo das entrelinhas dos pomares. De-monstrou-se que a calagem nos pomarespode ser realizada em superfície e sem re-volvimento, e também, que as gramíneas sãoas melhores opções como cobertura vegetaldas entrelinhas para manutenção da fertili-dade dos solos arenosos da formação Are-nito Caiuá, onde estão implantados a maio-ria dos pomares.

Atualmente está em avaliação um siste-ma de manejo que visa a incorporação decarbono (matéria orgânica) no sistema atra-vés da produção de biomassa na entrelinha(Brachiaria brizantha). Duas a três vezes porano, a biomassa é roçada e depositada nafaixa de plantio, onde se espera melhorar ascondições químicas, físicas e biológicas des-ta região de grande concentração de raízes.“A roçagem periódica do material orgânicoque recobre o solo e a sua deposição nafaixa de adubação permite a liberação deácidos orgânicos logo após as primeiraschuvas, que atuam na complexação do hi-drogênio e do alumínio tóxicos e, ao mes-mo tempo, carregam nutrientes como o cál-cio, magnésio e o potássio ao longo do per-fil do solo”, define com clareza o pesquisa-dor Auler.

Desta forma passamos a compreendero cenário observado nas propriedades visi-tadas e a opinião dos produtores quanto

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Auler: "o cultivo em faixa é idealpara a citricultura"

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CITRICULTURA NACIONAL

aos benefícios do sistema de cultivo em fai-xas. As palavras do homem do campo, embo-ra muitas vezes singelas, servem de novos de-safios para a pesquisa na busca de confirmarcientificamente o que já é praticado.

Quem nos proferiu uma aula sobre pre-servação de solo foi o citricultor José Anto-nio Pratinha, da Fazenda São Paulo, em Pa-ranavaí, o qual recordou que “a conserva-ção do solo já era uma prática adotada pe-los agricultores do Paraná e os citricultoresapenas seguiram a tendência”. Na FazendaSão Paulo, faz-se a semeadura de B. ruzizi-ensis nos locais de melhor fertilidade e B.brizantha nos demais, para haver coberturavegetal no ato da implantação dos pomarespara propiciar o cultivo em faixas.

Uma outra linha de pesquisas do Iapar,desenvolvida pelos pesquisadores Pedro A.M. Auler, Neusa Stenzel e Zuleide Hissano, éa de avaliar o comportamento de algunsporta-enxertos quanto à produtividade equalidade dos frutos para as principais vari-edades copas cultivadas em relação às con-dições edafoclimáticas regionais. De umamaneira geral os porta-enxertos com melhoradaptação, além do limão ‘Cravo’, são astangerinas ‘Sunki’ e ‘Cleópatra’, e o Citru-melo ‘Swingle’. Mais recentemente, estãosendo avaliados porta-enxertos para a vari-edade precoce ‘Iapar 73’, que poderá ser degrande importância para ampliar o períodode processamento das indústrias, comple-menta Auler.

O Iapar ainda mantém pesquisas comvariedades resistentes, etiologia e outrosaspectos relacionados à bactéria do CancroCítrico, sob coordenação de Rui Pereira LeiteJunior, além de pesquisas com biotecnolo-gia de porta-enxertos para maior resistênciaà seca, sob coordenação do pesquisador LuizGonzaga Esteves Vieira, sendo também oórgão responsável pelo Banco de Germo-plasma, produção de borbulhas e manuten-ção de plantas básicas e matrizes de cítricos.

Mudas cítricasMudas cítricasMudas cítricasMudas cítricasMudas cítricas

A produção de mudas merece uma cita-ção especial à família Pratinha, na pessoa deJosé Gilberto Pratinha, pela sua dedicação,seriedade e otimismo que impulsionou oplantio de mudas de qualidade, vencendotodas as barreiras fitossanitárias e garantin-do sanidade para o citricultor (vide box nes-ta matéria).

No Paraná ainda é permitida a instala-ção e comercialização de mudas produzidasem viveiros “a céu aberto”, até 2007, entre-tanto, devido à sanidade das mudas, os pro-dutores têm demonstrado uma preferênciapelas mudas produzidas em ambiente pro-tegido, por oferecer ao citricultor a qualida-de de uma planta sadia.

Atualmente existem três viveiros produ-

tores de mudas cítricas, que preservam agenética paranaense através das borbulhasoriundas do Iapar, sendo o da família Prati-nha responsável por 80% das mudas comer-cializadas no estado. “Os porta enxertos uti-lizados são, em ordem decrescente, o limão‘Cravo’ (50%), a tangerina ‘Cleópatra’ (20%),a Tangerina ‘Sunki’ (15%) e o citrumelo‘Swingle’ (15%). As variedades de copa maisrequisitadas são a ‘Folha Murcha’ e a ‘Pêra’,representando 70%, seguidas da ‘Valência’,‘Iapar 73’ e das tangerinas, cada uma destasúltimas representando 10% da produçãototal”, destaca Gilberto Pratinha.

Pomar exemplarPomar exemplarPomar exemplarPomar exemplarPomar exemplar

Uma prévia do setor produtivo pode serobtida na Fazenda São Paulo, de José Anto-nio Pratinha, em Paranavaí. Na implantaçãodos pomares são adotadas as técnicas decultivo mínimo e o plantio de quebra ventospermanentes com Eucaliptus grandis, sen-

do a fileira de cultivo a cada 200 metros dedistância, substituído-se uma linha de culti-vo do pomar e quebra ventos temporários,com a cultura da mandioca implantada emruas alternadas. Ambos os quebra ventossão utilizados com dupla aptidão: o de ser-virem de barreira ao vento, além da sua co-mercialização, auxiliando a amortização doinvestimento inicial.

Os pomares são implantados em espa-çamento adensado, a exemplo da laranja‘Pêra’ sobre porta enxerto de limão ‘cravo’,com espaçamento de 6,5 x 3,5 metros e su-per-adensado, a exemplo da laranja ‘FolhaMurcha’ sobre porta enxerto de trifoliata,com espaçamento de 5,0 x 2,5 metros, nabusca de produtividades médias de 1000caixas de 40,8 kg por hectare.

A propriedade é dividida em talhões de,no máximo, 1000 plantas, para a realizaçãodo manejo ecológico de pragas, havendodimensionamento da equipe de inspetores,na proporção de 1 para cada 70 mil plantas,que são responsáveis pela avaliação visualdas pragas nas plantas e o preenchimentoda ficha de campo para auxiliar a tomada dedecisão pelo consultor, bem como a leituradas armadilhas amarelas instaladas a cada

Cobertura vegetal de Brachiaria ruziziensis

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10 hectares, utilizadas para o manejo nocontrole das cigarrinhas transmissoras daCVC - Clorose Variegada dos Citros.

Outras pragas que foram mencionadaspor Antonio Pratinha que exigem atençãopor parte da gerencia da empresa e orienta-ções técnicas específicas do consultor, fo-ram o Ácaro da Leprose, o Ácaro da Ferru-gem e as Moscas-das-Frutas. Quanto à Lar-va Minadora, destacou que o manejo espe-cífico é realizado conjuntamente com a apli-cação mensal de fungicidas cúpricos no pe-ríodo de desenvolvimento vegetativo, commaior atenção aos pomares em formação,seguindo-se as orientações do pacote tec-nológico implementado pelo Iapar para pre-venção ao Cancro Cítrico.

Na última safra, a infecção das florespelo fungo Colletotrichum acutatum, cau-sador da doença conhecida como PodridãoFloral, reduziu a produtividade dos poma-res em até 80%, devido às condições climá-ticas de precipitação e umidade relativa co-incidentes com o período de florescimento,que impediu o controle químico na fase demaior suscetibilidade das flores. Marco Va-lério, consultor técnico da Fazenda São Pau-lo, lembra “a necessidade de implementar omanejo da doença, partindo-se de aduba-ções nitrogenadas equilibradas, realizadaspreviamente ao florescimento e de usar fun-gicidas específicos.

Setor industrialSetor industrialSetor industrialSetor industrialSetor industrial

A citricultura do norte e noroeste doParaná é basicamente destinada ao proces-samento industrial, sendo constituída emsua quase totalidade (70%), por produto-res de pequeno a médio porte, com áreainferior a 15 hectares. A área cultivada comcítricos nesta região do Estado já supera 16mil hectares, sendo que a produção proje-tada atende integralmente às necessidadesdas indústrias processadoras, comenta An-tonio Ailton Basso, gerente industrial daCocamar Agroindustrial.

JoséAntonioPratinha:"somos fiéisao manejodo solo"

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O pioneirismo industrial e o incentivoao plantio de laranja é creditado à Cocamar,de Maringá, que no início de 1989 incenti-vou o plantio e instalou o primeiro packinghouse, fundando a primeira indústria noestado, em junho de 1994.

A cooperativa conta atualmente com umcadastro de 303 produtores, distribuídos emuma área de 7 mil hectares e uma perspecti-va de moagem de 3 milhões de caixas de40,8 kg, na safra 2005-2006. Os coopera-dos já estão sendo orientados a adequa-rem-se às normas de Pic - Produção Integra-da dos Citros, em busca da rastreabilidadeda produção, permitindo ao produtor ummaior profissionalismo e redução de custose para a indústria e o cliente final, a tão de-sejada segurança alimentar”, complementao gerente industrial da Cocamar.

A segunda indústria instalada em Para-navaí foi a Citri Agroindustrial S/A, inaugu-rada em 13 de setembro de 2000, com ca-pacidade de moagem para 2 milhões de cai-xas, contando atualmente com 59 sócios-produtores, distribuídos em uma área de 5mil hectares.

Uma visão global da região indica que aampliação do parque fabril é reflexo do in-cremento de área plantada e uma maior ofer-ta de matéria prima. Neste contexto, ElizetteBelido Colins , Diretora da Citri Agroindus-trial S.A., expressou que o objetivo da em-presa é agregar valor à cadeia produtiva decitros, proporcionando ao acionista o acom-panhamento e a participação no gerencia-mento do seu negócio desde o pomar até acomercialização do suco de laranja.

CITRICULTURA NACIONALM

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Basso: "pioneirismo industrial e rastreabilidade"

Na região norte do Paraná foi instaladamais recentemente, em setembro de 2001,a terceira indústria de processamento de cí-tricos do estado: a Corol - Cooperativa Agro-industrial, em Rolândia, atualmente com 213produtores cooperados, distribuídos em 4,2mil hectares e perspectiva de moagem de2,1 milhões de caixas na safra 2005-2006.“Anualmente, estão sendo implantadas 200mil árvores, para dobrarmos o processamen-to industrial até 2010”, garante o chefe dodepartamento de fruticultura, Benno Roes.Para ele, “a citricultura é considerada umaatividade mais segura e rentável ao longodo tempo, por estar menos sujeita às oscila-ções climáticas, garantindo a sustentabili-dade da propriedade”.

Considerações finaisConsiderações finaisConsiderações finaisConsiderações finaisConsiderações finais

Esta breve viagem pela citricultura in-dustrial do norte e noroeste paranaense nãoteve por pretensão esgotar os assuntos per-tinentes à pesquisa, ao setor produtivo dematéria prima e à área industrial, mas simoferecer ao leitor de Ciência & Prática umpanorama atualizado da situação, exaltan-do com seriedade o trabalho fiel daquelesque se propuseram a defender a citriculturacom o máximo de sanidade, à luz dos co-nhecimentos atuais.

Agradecemos aos entrevistados e nosdesculpamos perante aos que não foram vi-sitados, com a certeza de nos reportamoscom respeito e carinho, à citricultura jovemdo Paraná, que somente atingiu este pata-mar por estar fundamentada em um traba-lho de equipe. Parabéns a todos.

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Colins:"agregar valorà cadeiaprodutiva"

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Benno:"citricultura é

atividadesegura erentável"

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Marco Valério RibeiroMarco Valério RibeiroMarco Valério RibeiroMarco Valério RibeiroMarco Valério RibeiroConsultor GTACC/Unicampo

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Otimismo: esta é a energiada família Pratinha

José Gilberto Pratinha é natural de Severínia,SP, onde produzia mudas cítricas desde 1982.Com o fomento à fruticultura no Paraná, em 1988,iniciou uma prestação de serviços à antiga Coda-par - Companhia de Desenvolvimento do Paraná,através da venda de porta-enxertos e trabalhosessenciais como a enxertia e a produção de mu-das. Na época haviam sido contratados 1,2 mi-lhão de cavalinhos e a forte demanda por mudaspara atender ao estímulo da citricultura no norte enoroeste do Paraná, exigiu a introdução de mate-rial oriundo de São Paulo, coincidindo com o pe-ríodo crítico da CVC nos viveiros “a céu aberto”daquela época, culminando no plantio de mudasinfectadas pela bactéria Xylella fastidiosa, transmi-tida por cigarrinhas.

Em 1990, Gilberto Pratinha mudou-se paraParanavaí e, indicado pela Cocamar para assumiro cargo de viveirista regional, instalou o seu pri-meiro viveiro “a céu aberto”. As primeiras mudasforam entregues em setembro de 1991, mas re-corda-se com orgulho que desde aquela época asborbulhas já eram obtidas do Iapar. Pratinha com-plementa que “a aceitação das mudas sempre foiboa, devido à qualidade que pode ser aferida nospomares produtivos da região”. Observando ogrande potencial da região, embasado nas pes-quisas do Iapar, encorajou-se no arrendamentode 48 ha e partiu também para o setor produtivotendo, a partir de 1992, o auxílio do irmão JoséAntonio Pratinha. Com a fundação de uma indús-tria de concentrado em 1994, a Cocamar Agroin-dustrial, a família Pratinha acelerou o plantio eatingiu a marca de 100 mil mudas/ano, até 1998.A partir de 2000, com a fundação de outra indús-tria, a Citri Agroindustrial, atualmente dirigida porPaulo Edson Pratinha Alves, atingiu o recorde de800 mil mudas plantadas/ano, em 2005. Gilbertocomenta que a sua produção atual de mudasdestina-se à citricultura paranaense. Dos iniciais48 ha, a família Pratinha já ampliou, para 500 hapróprios e também arrendou mais 1 mil ha decítricos. “Persistir naquilo que fazemos, com oti-mismo e visão futurista é o que nos impulsiona”,exclama Gilberto Pratinha.

Na busca de tecnologia para melhorar a sa-nidade das mudas que sustentam a implantaçãoda citricultura paranaense no norte e noroeste doParaná, Gilberto Pratinha implantou o primeiroviveiro telado em Atalaia e o segundo, em Parana-vaí, a partir de 2001. Contou desde a sua implan-tação com a consultoria mensal do engenheiroagrônomo Kley Benedetti Leme (falecido recente-mente), indicado pelo amigo e também viveiristaHenrique Fiorese, de Monte Azul Paulista (SP).

Hoje, a família Pratinha produz 800 mil mu-das/ano em viveiro telado de alta tecnologia e jápartiu para a manutenção de borbulheiras própri-as, sendo a próxima etapa, a indexação de varie-dades comerciais com potencial produtivo, sem-pre sob a orientação dos pesquisadores do Iapar.

José GilbertoPratinha é umotimista nacitricultura

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PESQUISA

Novos conceitos no manejo da LeproseAs novas ferramentas moleculares, o aprendizado dos últimos anos e o fim de vários paradigmas,

contribuem para um melhor manejo desta virose

16 Abril / Maio / JunhoRevista Ciência & Prática

A Leprose continua a ser uma das principais doenças da nossa citricultura. O volume de dinheiro empregado anual-

mente no seu controle e os prejuízos decor-rentes de sua infecção justificam amplamen-te os investimentos que são feitos em pes-quisas que possam atenuar ou, talvez, eli-minar da citricultura muitos desses efeitosdanosos.

Presente em praticamente todas as ci-triculturas dos países americanos, a Leprosenão ocorre nos Estados Unidos, apesar daexistência naquele país de ácaros transmis-sores. Já foi constatada no sul do México.

Assim é, que na condição de coordena-dora do programa de Leprose do Centro AptaCitros “Sylvio Moreira”, tenho por objetivoplanejar e vislumbrar procedimentos cientí-ficos que concorram para minimizar essesprejuízos causados por essa virose tão im-portante para a citricultura brasileira, nota-damente para a cultura da laranja no estadode São Paulo.

Para estudar ou pesquisar aspectos dadoença, procuro estimular a nossa equipede fitopatologistas a trabalhar lembrandoque existe a doença por causa de três com-ponentes preponderantes: a planta, o agen-te causal e as condições ambientais. Dentrodeste raciocínio, os nossos projetos abran-gem três linhas fundamentais de atuação,especificamente no que diz respeito à Le-prose: uma vertente que tem a planta comoo centro da questão, uma segunda linha,que procura estudar aspectos ligados aovetor, no caso o ácaro Brevipalpus phoeni-cis, além do vírus, causador da moléstia.

A plantaA plantaA plantaA plantaA planta

De maneira didática, ao imaginar umaplanta que, atacada pela Leprose no campo,passará a ser hospedeira do vírus, o melho-rista vegetal gostaria que ela reagisse à in-fecção com bastante vigor, a ponto de bar-rar a multiplicação do agente virótico, nãopermitindo praticamente nenhum sintoma,quase nenhuma seqüela, nenhum prejuízocomercial. Para tanto, existe uma busca,antiga, de material vegetal que se comporteno campo de uma maneira diferenciada emrelação à maioria das outras plantas de suaespécie. É o que chamamos resistência.

A resistência não se apresenta de umaúnica maneira. Ocorre devido a inúmerosfatores, entre eles o genético. Pode ter vári-os níveis, mostrando uma variação que vaida pequena resistência, passando pela tole-

rância (quando a planta hospedeira nãomostra sintomas, mas o agente causal con-segue se multiplicar servindo de fonte parafutura infecção), até a imunidade (quandonão há a multiplicação do agente causal).

Desenvolvemos um trabalho muito pro-missor, buscando plantas com níveis satis-fatórios de resistência à Leprose, em con-junto com as pesquisadoras do Centro AptaCitros, Marinês Bastianel, com formação emgenética, e Mariângela Cristofani, coorde-nadora da área de melhoramento, que sele-cionaram uma série de híbridos (150) entretangor ‘Murcote’ (tolerante à doença) e la-ranjas (tolerante/resistente), além de laran-ja doce como suscetível.

‘Murcote’ é um caso emblemático. Damesma maneira que limas e limões, ‘Murco-te’ não apresenta sintomas de Leprose. Ape-sar dela não ser imune, na ‘Murcote’ o virusnão consegue se multiplicar bem. Mesmosendo detectado virus no interior das célu-las, a concentração deles é muito baixa. Éum forte indício de um alto grau de tolerân-cia, sendo considerada padrão para estu-dos.

E como se comportam outras plantasdo gênero das tangerinas? Ainda não fize-mos um acompanhamento molecular, comofoi feito na ‘Murcote’. Mas será o próximo pas-so. Além disso, entre todas as 1500 plantasque compõem a pesquisa, nas que não apre-sentaram sintomas, será feita uma avaliaçãopara verificar se possuem ou não o vírus.

Além do Centro, em Cordeirópolis (SP),os híbridos estão plantados em outros lo-cais do estado para a observação de caracte-rísticas agronômicas.

Após três anos de avaliações (campo etelado), sujeitos à altíssima infestação deácaros virulíferos (todas as pêras morreram),destacaram-se uns 50desses híbridos comresistência e desses,uns 15 são aparente-mente imunes. Ressal-ve-se que alguns híbri-dos apresentaram re-sistência também àMancha de Alternária.

Tese de doutora-do de Marinês Bastia-nel, começa agora aseleção dos melhoresmateriais. Começa aavaliação dos genóti-pos promissores. Otrabalho vai entrar

numa fase bem mais demorada, porque emmelhoramento não basta conseguir plantasresistentes à doença, mas elas também de-vem ter outras tantas características agro-nômicas favoráveis, tais como aspecto exter-no, peso, cor, sabor etc. De qualquer modo,se esse trabalho resultar em, ao menos, umhíbrido resistente à Leprose com potencialcomercial, já terá valido a pena.

O vírusO vírusO vírusO vírusO vírus

Em 2005, foi seqüenciado o vírus cau-sador da Leprose. Isso aconteceu no labora-torio de biotecnologia do Centro Apta Ci-tros. A responsável foi a pesquisadora Elia-ne Locali Fabris, doutoranda da Unesp – Uni-versidade Júlio de Mesquita Filho, campusde Botucatu (SP), que desenvolveu todas asfases do trabalho no Centro.

Não havia seqüência disponível. Com oseqüenciamento foi possível perceber queo grupo do vírus da Leprose, diferente doque se pensava, na verdade não é um Rhab-dovirus. O novo gênero proposto para o ví-rus da Leprose é Cilevirus, nome que vem deCitrus Leprosis Vírus.

Ao ser estudado de um modo diferen-te, foi possível aperfeiçoar as ferramentasmoleculares que eram usadas desde 2003,capazes de identificar a Leprose em plantassem sintomas. Esse feito tem muita impor-tância, uma vez que a partir daí foi possíveldesenvolver um melhor sistema de diagnós-tico, capaz de identificar a Leprose em qual-quer tipo de amostra, mesmo assintomáticae, inclusive, nos ácaros. Antes de 2003, odiagnostico da doença era feito com micros-copia eletrônica, procurando identificar par-tículas virais a partir de lesões.

Coleta de ácaros virulíferos em populações controladas do Centro Apta Citros

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No estado de São Paulo, onde a doençaestá bem difundida, facilmente se identifi-cam os sintomas visuais; o mesmo não ocor-re na Bahia, onde a Leprose é recente, ou noRio Grande do Sul, onde se confunde comCancro Cítrico.

As possibilidades são muitas. Fazer a di-agnose e o monitoramento dos ácaros e des-cobrir se são ou não virulíferos, passa a ser,efetivamente um serviço a curto prazo, quedisponibilizaremos para o citricultor. Faltafazer um teste de maiores proporções, en-volvendo um número maior de amostras, dediferentes regiões, para o colocarmos comorotina do laboratório.

O ácaroO ácaroO ácaroO ácaroO ácaro

Com a divulgação deste teste não tere-mos condição de atender aos interessados.Mas é verdade sim, podemos hoje identifi-car perfeitamente os ácaros ou as popula-ções de ácaros que têm o vírus da Leprose.

Nós temos no Centro Apta Citros, cercade 30 populações de ácaros, de locais dife-rentes, onde umas transmitem o vírus me-lhores que outras. Primeiro deixávamos oácaro adquirir o vírus em ambiente contro-lado e os testávamos para checar os resulta-dos. Posteriormente, alguns produtores,nossos colaboradores, nos enviavam amos-tras de ácaros, sem dizer, contudo, se eramou não de áreas com Leprose. Acertávamostodos. Ocorreu até o caso de identificarmosa presença do vírus em população que nãoestava em presença de sintoma no campo,mas 15 dias após, surgiram sintomas no ta-lhão de onde vieram. O teste funciona.

As diferentes taxas de transmissibilida-des do vírus entre populações de ácarostambém são objetos de estudo. Seria inte-ressante saber porque existe esta variação.Estaria restrito à transmissão ou seria emfunção de não conseguir a mesma concen-tração do vírus na aquisição deste ?

Somos colaboradores de inúmeros ou-tros trabalhos envolvendo vários aspectossobre o ácaro. Em conjunto com o Fundeci-trus – Fundo de Defesa da Citricultura, Esalq– Escola Superior de Agricultura Luiz de Quei-roz, e a Universidade da Flórida, participa-mos da elaboração de uma Curva de Pro-gressão da Leprose, que basicamente avaliacomo a dispersão do ácaro virulífero faz adoença se propagar e expandir.

Em outro trabalho que colaboramossobre dispersão do ácaro, ao contrário doque sempre se imaginou, talvez ela não te-nha as proporções que se pensa. Alguns re-sultados obtidos pela Esalq já mostram quea diversidade de ácaros virulíferos em umadeterminada espécie de hospedeiro é maiorquanto mais próxima fôr a área avaliada,sendo que até a influência do vento seriamuito pequena na sua dispersão.

Maria Andréia Nunes é uma doutoran-

da que, em Jaboticabal, SP, desenvolve umtrabalho sob orientação do professor Car-los Amadeu de Oliveira, onde sou co-orien-tadora, utilizando-se da diagnose do vírusna gama de hospedeiros do ácaro, mostran-do que algumas espécies de ocorrência empomares, além de hospedeiras do Brevipal-pus, são também hospedeiras do vírus daLeprose.

Também o seqüenciamento parcial doácaro faz parte de nossos trabalhos. Ber-ghem Morais Ribeiro realiza seu trabalho depós-doutorado no Centro Apta Citros. Ofoco de seu trabalho visa conseguir a identi-ficação de genes que vão resultar em prote-ínas com importantes funções para o ácaro.O objetivo é obter marcadores molecularesque expressem resistência à acaricidas, atra-vés da comparação de populações com ousem resistência, para tentar identificar essesgenes. Num futuro, talvez nem tão distante,poderemos indicar os produtos que devamou não estar sendo usados em determina-das populações, por serem menos resisten-tes a eles.

Bactérias endo-simbiontesBactérias endo-simbiontesBactérias endo-simbiontesBactérias endo-simbiontesBactérias endo-simbiontes

Dentro de uma quarta linha de pesquisa,ainda não citada nesta matéria, existem bacté-rias chamadas endo-simbiontes que vivemdentro dos Artrópodos (ácaros e insetos).Sabe-se que, no caso de pulgões, quando fo-ram eliminadas algumas dessas bactérias, ospulgões deixaram de transmitir uma virose,em batata. No caso de mosca branca, o mes-mo ocorreu em relação à virose no tomateiro.

A idéia é fazer o mesmo em citros, comos ácaros.

No caso de ácaros da Leprose o que sesabe é que são essas bactérias que determi-nam a taxa de quase 100% de feminizaçãonas populações. Um trabalho publicado narevista Science mostra que quando se eli-mina endo-simbiontes de ácaros Brevipal-pus, se equilibra a população entre os doissexos, sugerindo que essas bactérias são acausa de populações formadas quase intei-ras de fêmeas. Ao se reduzir as bactériasendo-simbiontes, as taxas de fêmeas napopulação caem, até, para 50%.

Não conseguimos repetir exatamenteesse resultado, mas comprovamos que sem-pre que eliminamos as bactérias endo-sim-biontes reduz-se a quantidade de fêmeas.

O interesse disso seria saber se a reduçãoda quantidade de fêmeas também interfeririana transmissão do vírus da Leprose, semelhan-te ao caso do pulgão da batata. Da mesmaforma que conhece-se que formas jovens doácaro teriam uma maior transmissão da Le-prose, talvez os machos não transmitam tãobem o vírus, quanto as fêmeas.

Nos faltam alguns conhecimentos ele-mentares. Com as ferramentas moleculares,saberemos mais sobre o tempo necessário

PESQUISA

para a aquisição do vírus pelo ácaro, de trans-missão do vírus etc. Gostaríamos, inclusivede trabalhar mais com controle biológicodos ácaros. Essas informações são básicaspara viabilizar isso.

Por fim, estamos buscando respostasentre a interação de variedades. Na medidaem que não se consegue identificar vírus nalima ‘da Pérsia’, fazemos as seguintes per-guntas: o que a lima ‘da Pérsia’ tem, que alaranja ‘Pêra’ não tem ? O que a ‘Murcote’tem, que a ‘Pêra’ não tem ?

Vamos inocular a lima ‘da Pérsia’, a ‘Mur-cote’ e a ‘Pêra’, com o vírus. Esperar um tem-po e seqüenciar o genoma funcional, a fimde tentar associar a presença de um ou dealguns genes que, de algum modo se relaci-onem entre as variedades, procurando iden-tificar se oferecem caráter de resistência e,uma vez identificados, poderemos, por exem-plo, transferí-los para a laranja sem que, comisso, estejamos formando um transgênico,já que, para isso, não envolveríamos plantasde outros gêneros.

Em tangerinas aparecem sintomas de Le-prose em ‘Cravo’, ‘Mexerica’, e ‘Ponkan’, di-ferente do que a maioria dos produtoresimagina. Já, em ‘Murcote’, nunca foi relata-do.

Em relação à poda como medida de ma-nejo, é interessante dizer que, apesar do ví-rus precisar de células vivas para se multipli-car, são encontradas partículas virais em te-cidos mortos de lesões velhas. Sempre empequena concentração. Por outro lado, as-sociando-se isso com o fato de que os áca-ros usam as lesões antigas como abrigo, ficaóbvio reconhecer que a poda e a eliminaçãode ramos, folhas e frutos com sintomas,devem ser encaradas como uma boa práticaprofilática. Ao renovar os ramos secos coma poda, também se está aumentando o po-tencial produtivo da árvore.

Juliana de Freitas-AstúaJuliana de Freitas-AstúaJuliana de Freitas-AstúaJuliana de Freitas-AstúaJuliana de Freitas-AstúaEmbrapa/Centro Apta Citros

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Sintomas de Leproseem folha de tangerina‘Cleópatra’

17Abril / Maio / Junho Revista Ciência & Prática

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VARIEDADES

Sinal verde para o 'Tahiti'A organização do setor, com a profissionalização do produtor e o pagamento da fruta baseado

em sua qualidade, motiva e estimula o mercado da lima 'Tahiti'.

18 Abril / Maio / JunhoRevista Ciência & Prática

Apesar do crescente volume financeiromovimentado anualmente, a cultura dalima ácida ‘Tahiti’ em São Paulo passa

despercebida mesmo para quem trabalhanormalmente com citricultura. Comparadacom o tamanho ocupado pelas áreas plan-tadas de laranja no estado, a desproporçãoem relação à área com ‘Tahiti’ é muito gran-de.

Conhecida popularmente como “li-mão”, a lima ‘Tahiti’ tem particularidadesmuito interessantes desde seu manejo, aténo que se refere aos aspectos de sua comer-cialização.

Aspectos ligados à fisiologia proporci-onam à cultura a possibilidade de floresci-mento, sob estímulos de menor intensida-de do que no caso das laranjeiras, o que, emmuitas oportunidades, resulta em floradasmúltiplas ao longo do ano, concorrendopara a obtenção de frutos no segundo se-mestre, quando, freqüentemente, os preçosse elevam pela diminuição da oferta de ‘Tahi-ti’.

Também de uma forma diferente do queocorre com a cultura da laranja, a crescenteaceitação internacional da fruta produzidano país, faz do ‘Tahiti’ uma cultura em evo-lução, caracterizando-se por possuir três ni-chos bem marcantes e definidos de merca-do: exportação e mercado interno de frutosin natura, além do aproveitamento industri-al da fruta destinada à moagem.

Regiões produtorasRegiões produtorasRegiões produtorasRegiões produtorasRegiões produtoras

O estado de São Paulo possui cerca de25 mil hectares de área plantada de ‘Tahiti’.A região agrícola de Catanduva (18 municí-pios) é responsável por cerca de 35% dessaárea. A identificação de alguns de seus mu-nicípios com a fruta é tão grande, a pontode existir até uma “bolsinha” de negocia-ção diária do produto no distrito de São Joãode Itaguaçu, em Urupês.

Somadas à Catanduva, outras regiõesdo estado (Jaboticabal, Mogi Mirim, Jales,Araraquara e Botucatu) participam com 90%de toda a produção de ‘Tahiti’ de São Paulo.Estima-se que o Brasil produza algo pertode 1 milhão de toneladas de limão por ano.Nessa contabilidade engloba-se limões ver-dadeiros e limas ácidas.

Outros estados, como Bahia e Rio deJaneiro (este último, apresentando marcan-tes e constantes decréscimos na área plan-tada) são, historicamente, tradicionais plan-

tadores de limão/limas. Segundo o IBGE-Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística,Rio Grande do Sul, Ceará, Sergipe, Pará, Piauí,Paraná, Minas Gerais e Goiás, são outrosprodutores.

Oportunidade vislumbradaOportunidade vislumbradaOportunidade vislumbradaOportunidade vislumbradaOportunidade vislumbrada

Fundada em 2003 e localizada na cida-de de Urupês, a Limex – Importadora e Ex-portadora de Alimentos, tem como seu prin-cipal objetivo a exportação de ‘Tahiti’. Con-tando com cerca de 110 funcionários (em-pregados no packing house e nas fazendas),a Limex também exporta batata-doce (atu-almente, está com 20 hectares de plantiospróprios).

A empresa foi criada através da visão demercado do português Jorge Paulo SobralCosta Mota Mendes, que vislumbrou no‘Tahiti’ um impactante produto de exporta-ção. Segundo Mota Mendes, “a Limex é res-ponsável por envolver num processo de co-mercialização diferenciado, basicamentepequenos produtores, os quais, individual-mente, não teriam a capacidade gerencialou mesmo administrativa de estar comerci-alizando com o mesmo sucesso disponibili-zado para todos pela Limex”,

Antonio Osmar Zanata, também de Uru-

pês, é um pequeno produtor de lima queatesta esse fato. Ele, que faz parte da direto-ria da Associação dos Produtores Rurais deUrupês, é um dos produtores certificados,parceiros da Limex no empreendimento do‘Tahiti’. Para ele, que possui duas proprie-dades com cítricos, mas apenas 3 mil limei-ras ‘Tahiti’, “os preços que tenho obtido atra-vés da Limex são, seguramente, superioresaos que conseguiria se tentasse comerci-alizar minha produção de outra maneira,sozinho, por exemplo”, reconhece o citri-cultor, que lembra: “como vantagem adicio-nal, tenho assistência técnica para os meuspomares, além de toda a orientação paraproduzir mais”, garante Osmar Zanata.

Jorge Paulo Mota Mendes e as oportunidades impactantes vislumbradas no ‘Tahiti’, pela Limex

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Zanata: “certificado, ganho mais"

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VARIEDADES

19Abril / Maio / Junho Revista Ciência & Prática

De fato, existe uma valorização diferen-ciada da fruta, uma vez que grande partedos produtores que fornecem fruta para aLimex fazem parte de um programa de cer-tificação (exigido pelo mercado europeu),adequando suas práticas de manejo peloprotocolo Eurepgap e pelo PIF-Programa In-tegrado de Frutas.

De acordo com Jorge Paulo, “as opor-tunidades são muitas, mas elas devem serconquistadas”. Para o empresário, “por sereuropeu, meu acesso ao mercado de frutasno exterior torna-se muito facilitado, sendoque os valores que se têm praticado com o‘Tahiti’ na Europa, nos estimula à continui-dade do negócio”. Negócio atrativo, é ver-dade. Em seu primeiro ano de atividades aLimex conseguiu atingir a cifra de US$ 3,5milhões de faturamento (para este ano exis-te a previsão de exportar 180 containers de‘Tahiti’, com 22 toneladas cada).

Esse movimento faz a Limex representarentre 10 a 20% do valor total do volumebrasileiro comercializado no exterior com avenda de ‘Tahiti’.

Através das marcas ‘Mr.Cool’ e ‘Exotic’,hoje referências no mercado internacional,a Limex encontra-se presente na Inglaterra,na Itália, Espanha, Portugal, Holanda, alémdo Canadá. No Brasil, a Limex comercializaseus produtos para grandes atacadistas.

NormatizaçãoNormatizaçãoNormatizaçãoNormatizaçãoNormatização

Para o engenheiro agrônomo Fábio Ca-relan, um dos responsáveis técnicos da Li-mex, “os produtores já aceitam com norma-lidade as exigências para a certificação de

sua fruta. Inicialmente, alguns se impressio-nam com a riqueza de detalhes que envolveo processo, mas com o tempo, todos enten-dem a necessidade e percebem que os be-nefícios vêm na forma de lucro”, conclui.

Dentro da idéia de investir em qualida-de, a Limex utiliza-se de tecnologia para as-segurar a continuidade do negócio. No cam-po, em duas propriedades, a empresa man-tém um projeto (hoje, com 80 mil plantasde ‘Tahiti’), onde também foram adotadastécnicas de manejo que possibilitam menorimpacto ambiental, sem contudo, restringira produtividade. Na Fazenda Santa Maria,por exemplo, a sub-enxertia (substituição do

limão ‘Cravo’ pelo citrumelo ‘Swin-gle’, como porta-enxerto do ‘Tahi-ti’) do pomar, procura obter umpomar que floresça estimuladopor um número menor de horasde exposição à seca.

As opções de porta-enxer-to para o ‘Tahiti’ não são muitas.Um ensaio muito conhecido estáinstalado na Estação Experimen-tal de Citricultura de Bebedouro,SP, conduzido pelo pesquisador daEmbrapa - Empresa Brasileira deAgropecuária, Eduardo Stuchi.

Usando como copa o ‘Tahi-ti’ IAC-5 ou ‘Peruano’, obtém-seresultados muito interessantescom o uso do trifoliata ‘Flying Dra-gon’. O Ensaio, instalado em1994, recebeu irrigação a partir doano 2000.

O trabalho objetiva a ava-liação de quatro diferentes espa-çamentos para esta combinação,levando-se em conta o caráter ana-nizante do ‘Flying Dragon’. Os es-paçamentos variam em torno de 4,0m entre linhas, por quatro variações

entre as plantas: 1,0 m, 1,5 m, 2,0 m e 2,5m.

Recentemente, durante apresentação noDia do Porta Enxerto, no Centro Apta Citros,em Cordeirópolis, SP, Stuchi revelou, entreempolgado e surpreso: “na última safra, oespaçamento mais adensado produziu 100

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Fábio Carelan, responsável técnico pela Limex

toneladas de frutas por hectare, durante oano. Nos espantamos. Refizemos as contas,mas o resultado foi esse mesmo”, garante opesquisador.

Importante, é lembrar que com o aden-samento, as podas, obrigatoriamente, pas-sam a fazer parte do manejo, “se não, virauma floresta”, lembra Stuchi.

Apesar destes números, a utilização de‘Flying Dragon’ é pequena. No final de 2005,as mudas de ‘Tahiti’ enxertadas sobre este“cavalo” representava 7,3% do total demudas de ‘Tahiti’ enxertadas para comércio.

Além da possibilidade de adensar, o‘Flying Dragon’ parece concentrar a maiorparte da sua produção no segundo semes-tre.

RastreabilidadeRastreabilidadeRastreabilidadeRastreabilidadeRastreabilidade

No packing house, o grande diferencialda Limex está no sistema de rastreamentodesenvolvido pela empresa. Tanto em rela-ção à fruta própria, quanto à de terceiros,todos os lotes são monitorados por um sis-tema de código de barras, desde a entradaaté a saída do barracão, permitindo que to-dos os processos possam ser acompanha-dos e consultados pelo parceiro ou pelo cli-ente, através do site da empresa(www.limex.com.br).

Preço diferenciadoPreço diferenciadoPreço diferenciadoPreço diferenciadoPreço diferenciado

A cultura do ‘Tahiti’ força o produtor aenxergar a fruta individualmente. “Passamosa desejar que nenhuma fruta se perca. Prin-cipalmente no meio do segundo semestre,cada fruta produzida é importante e aumenta

A exportação é o mais importante nicho para o 'Tahiti'

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Sub-enxertia: "mais estímulo para florescer"

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VARIEDADES

20 Abril / Maio / JunhoRevista Ciência & Prática

Projeto em São Paulo viabiliza certificação para produtores de limãoUm projeto desenvolvido em parceria

entre o Sebrae – Serviço de Apoio às Microe Pequenas Empresas, e a Abpel – Associa-ção Brasileira de Produtores e Exportado-res de Limão, vai viabilizar a certificação de200 pequenos produtores de lima ‘Tahiti’de seis municípios próximos à Itajobi (SP),aumentando o volume da oferta para omercado externo. As propriedades favore-cidas vão se adequar a práticas recomen-dadas pelo protocolo Eurepgap – Europe-an Retailers Produce Working Group Agri-

cultural Practices, e pelo PIF – Programa In-tegrado de Frutas.

Criado por um grupo de varejistas eu-ropeus, o Eurepgap define regras de boaspráticas de produção, tanto na área agrícolacomo na de meio ambiente e nas condiçõesde trabalho. As normas do PIF são similaresao Eurepgap e são previstas para atender aomercado interno.

Segundo o presidente da Abpel, Wal-dyr Sérgio Promícia, “a certificação já é umaexigência do mercado europeu, que é res-ponsável pela aquisição de 8% da produçãode lima ‘Tahiti’ da região”. Ele disse que oPIF também é cada vez mais exigido no mer-cado local.O tempo de adequação até a certificação éde um ano e meio a dois anos. O custo é deR$ 10 mil a R$ 12 mil por propriedade. Pro-

mícia afirmou que o objetivo final do pro-jeto é disseminar a idéia da necessidadeda certificação na região, que tem cerca de3,2 mil produtores de ‘Tahiti’, segundo aSecretaria da Agricultura paulista.

De acordo com o analista do SAI No-roeste – Sistema Agroindustrial Integrado,módulo Noroeste (projeto do Sebrae, ad-ministrado pelo escritório regional de SãoJosé do Rio Preto –SP), Wagner AntônioJacometi, “a escolha das propriedades sedará pela quantidade de plantas. Deverãoser enquadradas aquelas com até cinco milárvores”. Ainda, segundo Jacometi, “se aprocura for excessiva, os produtores serãosorteados”. O projeto foi enviado em abrilúltimo para o Sebrae-SP para ser analisadoe a expectativa é que os recursos sejam li-berados até o próximo mês de julho.

Paulo Antônio BalduínoPaulo Antônio BalduínoPaulo Antônio BalduínoPaulo Antônio BalduínoPaulo Antônio BalduínoGTACC/Grupo [email protected]

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a nossa receita”, revela Zanata. Comparadoà laranja, na produção de ‘Tahiti ’existe maiordemanda de mão-de-obra, compensadacom preços diferenciados.

Na Limex existe uma premiação aos pro-dutores que entregarem frutas com índicede aproveitamento para exportação superi-or a 30% (fruta com casca mais grossa, comcerta rugosidade, de cor verde escuro, comausência de “bandeiras” - manchas cloróti-cas motivadas por encostia de outras frutasou folhas durante sua produção, sem da-nos causados por insetos/ácaros e com diâ-metro entre 48 e 53 mm). A partir daí, os

valores sobem acompa-nhando a qualidade do‘Tahiti’ produzido. Os pre-ços básicos obedecem auma cotação diária. Naépoca desta reportagemexistia uma variação entreUS$ 3 a US$ 8/caixa de 27kg, de acordo com o des-tino da fruta (moagem,mercado interno ou ex-portação).

O comportamentoanual dos preços do ‘Tahi-ti’ foi o que atraiu para acultura o Grupo Hernan-des, de Catanduva. A em-presa agroindustrial exer-ce suas atividades em di-versas frentes agrícolas,dedicando-se também aocultivo de 400 mil árvorescítricas e à produção decafé orgânico, comerci-alizado sob a marca Vita-le.

Manoel Carlos Hernandes e seu filho,Paulo Zancaner Hernandes, cultivam em Uru-pês, na Fazenda Barreirão, 10,6 mil plantasde ‘Tahiti’, procurando encontrar, além dosresultados financeiros, respostas para vári-os questionamentos. “Nosso começo no‘Tahiti’ foi cercado por muitas dúvidas”, re-lata Paulo Hernandes. Segundo ele: “as in-formações dadas pelos produtores em rela-ção ao comportamento dos clones são mui-to contraditórias. Dividimos ao meio nossaárea e optamos por plantar o peruano (IAC-5), além do quebra-galho (plantas menorese mais desuniformes), sempre com o citru-

Para exportação (em primeiro plano), frutos rugosos e escuros

melo ‘Swingle’ como porta-enxerto”, contaPaulo.

Importante também é a idéia de que,independentemente do destino da fruta,deve-se manejá-la procurando-se obter a me-lhor fruta possível, a fim de reduzir ao máxi-mo a lista de imperfeições que venham adesaboná-la. Para Zancaner Hernandes, “anutrição equilibrada é fundamental. Comisso, o produtor passa a ganhar na medidaem que aumentará seu índice de fruta paraexportação; aumentará a porcentagem deseu ‘Tahiti’ classificado nos melhores cali-bres; além de melhorar sua produtividadede fruta temporã”, argumenta o produtor.

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Paulo: "a nutrição equilibrada é fundamental"

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DIVULGAÇÃO

Efeitos fisiológicos de fungicidas F 500Aliado ao efeito fungicida, alguns produtos, como o Pyraclostrobin, podem aumentar a performance fisiológica das plantas

O principal produto F500 para citros é o Pyraclostrobin, comercializado com o nome deComet, produto do moderno grupo quími-

co das estrobilurinas.Atuando como inibidores do transporte de elé-

trons nas mitocôndrias das células dos fungos, ini-bindo a formação de ATP, essencial nos processometabólicos dos fungos, o Pyraclostrobin apresentaexcelente ação protetiva, devido à sua atuação nainibição da germinação dos esporos, desenvolvimen-to e penetração dos tubos germinativos.

As indicações de uso são para controle deVerrugose ( Elsinoe australis) e Pinta Preta (Phyllosticta citricarpa ) com alta performance eexclusivos benefícios fisiológicos para os citros.

Jasp Pedroso JuniorJasp Pedroso JuniorJasp Pedroso JuniorJasp Pedroso JuniorJasp Pedroso JuniorGerente de Cultivos Citros [email protected]

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Além da utilização dos produtos desta famíliade fungicidas nas culturas de citros, mamão, uva ena maçã, verifica-se que em outras culturas comosoja, milho e algodão, esses fungicidas apresen-tam também, além do controle das doenças, algoa mais no desenvolvimento fisiológico das plantas.

Estes efeitos na fisiologia da planta têm gera-do um ganho de produtividade e/ou qualidadedos produtos finais.Na cultura dos citros tem sido observado, além deuma melhor sanidade de frutos, um aumento notamanho e no peso destes frutos (figuras 1, 3, 4 e5).

Representando uma maior quantidade de sucopor fruto e, conseqüentemente, um ganho adici-

onal para o produtor (figura 2).Da mesma maneira, na cultura do mamão,

também verifica-se uma maior sanidade do frutoapós a colheita, o que determina um tempo maiorde prateleira, muito importante para este tipo decultura.

Alguns resultados destas vantagens no usodo Pyraclostrobin são mostrados a seguir, para acultura de citros.

22 Abril / Maio / JunhoRevista Ciência & Prática

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WORKSHOP

Tecnologias para aumento de produtividadeCom o objetivo de melhorar o rendimento dos pomares, o GTACC promove debate em torno de técnicas variadas.

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Pelo terceiro ano seguido o GTACC promoveu um workshop técnico direcionado a um público específico, compos-

to basicamente por técnicos e produtoresde citros que buscavam capacitação visandomelhorar o desempenho dos pomares.

Sob o título: “Tecnologias de manejopara aumento de produtividade”, o IIIWorkshop GTACC, ocorreu em 25 de abrilúltimo, nas dependências da Estação Expe-rimental de Citricultura de Bebedouro, pa-trocinado pelas empresas Basf, Bayer, Che-mtura, Citrograf, Du Pont, Fiorese Citrus, Ifló,Ihara e Qualicitrus.

A intenção do GTACC foi a de oferecersubsídios para estabelecer critérios para aanálise a respeito de uma série de assuntosatuais, que vêm mexendo com o citricultor eimpondo modificações nos modelos de pro-dução existentes. Desde o planejamento denovos espaçamentos, passando por técni-cas de manejo que promovam a sustentabi-lidade da atividade, até as discussões sobrea validade de se substituir um pomar pelacultura da cana-de-açúcar, todos os temasconcorreram para aquilo que mais se dese-java: o debate.

Um critério matemáticoUm critério matemáticoUm critério matemáticoUm critério matemáticoUm critério matemático

Ao analisar a determinação de um es-paçamento para plantio de citros através decritérios técnicos, Edmundo Blasco, agrôno-mo, mas primordialmente, citricultor, fezmais do que analisar os parâmetros mate-máticos que envolvem a situação. Procuroumostrar aos presentes a importância do uso

do bom senso para planejar qual espaça-mento utilizar.

O ponto de partida para a escolha deum espaçamento, diferente do que hoje sefaz, não é a determinação do espaçamentoem si, mas o estudo da densidade apropria-da que atenda às características da combi-nação varietal que será plantada, associadoao manejo de condução e trabalho que seplaneja executar ao longo da vida das plan-tas. A partir daí, Blasco discorreu sobre oestabelecimento de medidas básicas queconsideravam, não só os vários aspectos bi-ológicos das variedades escolhidas para oestabelecimento do pomar, mas, principal-mente, para o agrado geral, lembrou da ne-cessidade da preservação de medidas de tra-balho que levavam em conta, por exemplo,a distância mínima entre as copas de duaslinhas de plantio que permitam, através daroçagem, massa vegetal suficiente para boa

cobertura do terreno.De forma brilhante, Blasco admitiu a

possibilidade da adoção de super-adensa-mentos, desde que o citricultor tenha o mí-nimo de preocupação em planejar como seráa condução futura, sabendo que não pode-rá isentar a poda dessa técnica de manejo.

Segundo ele, “poda e adensamento es-tão interligados”.

Edmundo Blasco lembrou que a produ-ção de frutos nas laranjeiras ocorre no me-tro final da periferia da copa, devido ao en-folhamento da árvore que impede a chega-da de luz no centro da mesma. Assim, “se

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Na abertura do encontro, uma emo-ção. A entrega de uma placa à MartaCristina Bampa Leme, viúva de Kley Be-nedetti Leme, numa homenagem doGTACC ao seu ex-presidente e idealiza-dor do Workshop.

A retribuição deste gesto, CristinaLeme fez através de um texto, lido aospresentes pelo pesquisador EduardoStuchi, onde ela testemunhou a impor-tância que o GTACC teve na vida do ex-esposo.

Uma homenagem

Os temas do encontro geraram muita polêmica, provocando calorosos debates

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Blasco: “critérios para adensar”

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WORKSHOP

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conduzirmos a árvore desde pequena, limi-tando seu crescimento com poda, tanto emlargura, quanto em altura, estaremos con-tribuindo para evitar a formação de galhossecos no interior da copa, ganhando umgrande espaço útil no terreno e possibili-tando a instalação de menores espaçamen-tos, com conseqüente maior adensamentode plantas”, garantiu Blasco.

Influência naturalInfluência naturalInfluência naturalInfluência naturalInfluência natural

Corroborando com Blasco, no que dizrespeito à parâmetros a serem considera-dos para a adoção de espaçamentos, RafaelVasconcelos Ribeiro, pesquisador em fisio-

logia vegetal, do IAC – Instituto Agronômi-co de Campinas, lembrou que as produ-ções demandam gasto energético, que ad-vém das moléculas de carboidratos forma-das pela fotossíntese, graças aos produtosda respiração das plantas.

Uma vez que a fotossíntese é depen-dente da luz solar, um problema potencialde plantas adensadas é o sombreamento.Com a maior ocupação da área, ocorre odecréscimo da produção individual das la-ranjeiras. Por outro lado, condições de ex-cesso de energia luminosa (em determina-das horas do dia ou nos meses de verão, porexemplo), não se traduzem em aumento deprodução.

A verdade, éque com menorestaxas de luminosi-dade se alcançamos melhores níveisde produção. Claroque dentro de pa-râmetros aceitáveise lógicos. Mas issonão deve ser enca-rado como um con-vite ao adensamen-to. Apenas servepara lembrar quenão é preciso exporas folhas ao soldurante todo o diapara obter grandesproduções, lem-brando entretanto,que folhas que não“pegam” sol têmdiminutas taxas de fotossíntese, prejudican-do a formação da safra.

Para a escolha do espaçamento, Rafaelsugere ao produtor até mapas da posiçãodo sol, em que se pode calcular a quantida-de de luz solar que as plantas receberão emfunção da angulação da poda e da alturaque se projeta deixar a planta.

Alta produtividadeAlta produtividadeAlta produtividadeAlta produtividadeAlta produtividade

Quando se pergunta qual o nível deprodutividade seria mais atrativo para umaexploração citrícola, a resposta pode ser ines-perada.

De acordo com o engenheiro agrôno-mo Fernando Tersi, gerente de produção decitros da Cambuhy Agrícola Ltda., “o inte-ressante até pode ser uma produtividadepequena, caso o pomar esteja ao lado dafábrica”. Para ele, na palestra Implantaçãode pomares de alta produtividade, “o lucroé o objetivo de todo negócio. Mas esse lu-cro nem sempre é gerado pelas mais altasprodutividades”, afirmou Tersi.

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Rafael: “lembrando da respiração”

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Tersi: “bons resultados são relativos”

“Caso se tenha, por exemplo, um preçode venda para a caixa de laranja acima de3,5 dólares, uma produtividade de 600 cai-xas por hectare já passa a ser interessante. Omesmo não acontece quando os preços es-tão por volta de 2 dólares a caixa, onde umaprodutividade de 1200 caixas por hectareresulta em prejuízo”, concluiu o agrônomoda Cambuhy.

Outro ponto de muita atualidade deba-tido por Fernando Tersi, diz respeito à quan-

O GTACC contribui para o aumento da produtividade da cadeia cítricola

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tidade de sólidos solúveis produzidos. “Seo meu interesse for esse, às vezes, varieda-des menos produtivas produzem mais açú-cares. Outras vezes, uma análise individualda fruta pode apresentar baixo índice desólidos solúveis, mas que a possibilidade deadensamento permitirá uma maior quanti-dade de sólidos solúveis por hectare”.

Discorrendo sobre espaçamentos, Tersicomentou que “na psicologia popular doprodutor, esse assunto, tal qual discutirporta-enxertos, é semelhante a discutir mar-ca de trator ou futebol”, tamanha é a diver-sidade de opiniões.

“Se houver um bom planejamento, es-paçamentos adensados podem promoverredução de custos de manutenção e de co-lheita. Se forem determinados sem critérios,podem falir o produtor”, observou Tersi, comexperiência.

Sobre a poda, Fernando a vê “como umtrato necessário à citricultura moderna”. Eleafirma que “o produtor que a faz tem ape-nas dois arrependimentos: não ter feito an-tes e não ter feito uma área maior. Mas, damesma forma que o adensamento mal pla-nejado, quando a poda é feita errada, eramelhor que não houvesse sido feita”.

Citricultura racionalCitricultura racionalCitricultura racionalCitricultura racionalCitricultura racional

A palestra do agrônomo Marco ValérioRibeiro (Manejo regenerativo de solo para acitricultura), consultor do GTACC, defendeua laranja adensada como forma de protegero solo, melhor reciclando nutrientes e pro-movendo sua menor lixiviação, uma vez quepossibilita a ocupação do solo no espaçoentre as linhas de plantas com uso de gra-míneas.

O manejo dessas gramíneas (Brachiariaruziziensis, segundo Valério, é uma boa es-colha), com o uso de roçadeiras específicas(lançando a massa vegetal cortada para bai-xo das copas) e de carpas programadas, pro-picia a formação contínua de matéria orgâ-nica, melhorando sobremaneira a nutriçãodo pomar e reduzindo a evaporação daumidade do solo.

Marco Valério observa que “uma maiorquantidade de resíduos vegetais promove

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Marco: “gramíneas podem contribuir”

maior eficiência no uso de adubos, diminu-indo as perdas por erosão, a densidade dosolo, além de promover um aumento nonúmero de raízes”.

Quanto à opção pela Brachiaria ruzizi-ensis, “ela é boa produtora de biomassa (até8 toneladas de matéria seca por hectare),possui uma relação C/N menor do que 30(na sua mineralização não seqüestra nitro-gênio do meio), além de ser pouco resisten-te à ação do herbicida Glifosato”, contabili-za Valério Ribeiro.

Nutrir é mais do que adubarNutrir é mais do que adubarNutrir é mais do que adubarNutrir é mais do que adubarNutrir é mais do que adubar

Segundo Dirceu Mattos Júnior, pesqui-sador do Centro Apta de Citricultura SylvioMoreira, quatro são as estratégias de mane-jo da fertilidade do solo na citricultura. “Cum-pri-las bem significa a diferença entre nutrire adubar”, recomenda Mattos Júnior.

“Em primeiro lugar, deve-se monitorara fertilidade do solo através das análises queotimizam a fertilidade. A amostragem dosolo é um dos pontos críticos para o suces-so da análise. É a maior fonte de erros. Deve-se executá-la sob boa orientação”, recomen-da o pesquisador.

A segunda estratégia é “a tomada dedecisão, que define doses de corretivos efertilizantes, observando-se a demanda e aprodutividade esperada dos talhões”, aler-ta Dirceu.

“Em terceiro lugar”, lembra Mattos,“está a definição de fontes, épocas e modode aplicação dos fertilizantes”. “E, por fim”,adiciona, “resta a análise de pontos críticos,que se resume à compilação de uma sériede dados históricos sobre a área a ser adu-bada”.

Citros x cana-de-açúcarCitros x cana-de-açúcarCitros x cana-de-açúcarCitros x cana-de-açúcarCitros x cana-de-açúcar

Waldir Barros Fernandes Júnior, profes-sor de economia da Unesp – UniversidadePaulista Júlio de Mesquita Filho, campus deJaboticabal, e da Fatec – Faculdade de Tec-nologia, de São José do Rio Preto, através daapresentação “Laranja adensada e cana: um

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Dirceu: “quatro são as estratégias”

duelo de gigantes”, fez inicialmente umaapresentação do que vem ocorrendo nos

mercados brasileiro e internacional, de ál-cool e açúcar.

Os estímulos ao plantio da cana-de-açú-car, através da retomada do uso do álcoolcomo combustível, e através da alta do pre-ço do açúcar no mercado externo, aguça-ram a preferência dos produtores pelo plan-tio de cana, que teve sua área plantada au-mentada em 21% no período dos últimosquatro anos, em São Paulo. Hoje, os canavi-ais ocupam 3,6 milhões de hectares da zonarural do estado, contra 628 mil hectares delaranjais.

Por outro lado, o adensamento dos no-vos plantios de citros a fim de otimizar osfatores de produção e de ter uma maximiza-ção dos lucros, dá um novo fôlego aos pro-dutores de laranja.

Na comparação numérica feita pelo pro-fessor Waldir Fernandes, considerando 1,8caixa de 40,8 kg por planta, que é a produ-tividade média dos laranjais paulistas, mul-tiplicado por 476 plantas em um hectareadensado e considerando um lucro de R$1,70 por caixa colhida, o pomar ofereceriaum lucro de R$ 1.455,00 por hectare.

Por sua vez, um produtor que planta efornece cana para usina, com uma produti-vidade média de 96,4 toneladas por hecta-re, recebendo, em média, R$ 9,87 de lucropor tonelada, auferiria R$ 952,00 por hec-tare.

Aquele produtor que, por sua vez, ar-renda terra para a usina plantar a cana, rece-be, em média, R$ 34,59 por hectare, pelacolheita de 25 toneladas de cana, em mé-dia, por hectare, totalizando um ganho deR$ 865,00 por hectare.

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Waldir: “laranja não perde para cana”

Décio JoaquimDécio JoaquimDécio JoaquimDécio JoaquimDécio JoaquimConsultor GTACC

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PRÁTICA

Calçando botinas no Sítio Dois IrmãosA experiência de dois irmãos que retornaram à vida rural e optaram pelo cultivo de citros

Nascidos em Tietê (SP), em uma famíliaque tradicionalmente cultivava canapara alimentar a destilaria, os dois ir-

mãos Zambianco, João e Dirceu, deixaram avida na fazenda no início dos anos 70 doséculo passado, para tentar “encontrar ofuturo”, como dizem, na capital do estado.

Enveredaram pelo negócio de calçados.Ambos abriram lojas de sapatos e, de fato,o futuro estava para eles ali se concretizan-do, mas ainda não definido. A partir dosganhos e da economia feita calçando sapa-tos em seus clientes, eles resolveram voltar acalçar botinas e retornaram à vida rural em1987, quando adqui-riram em sua terra na-tal o Sítio Dois Irmãos.

“Difícil foi resolvero que fazer com a pro-priedade, uma vez quedesde pequenos os ris-cos da agricultura noseram mostrados conti-nuamente através deexemplos na própriafamília. Apenas em1992 é que criamoscoragem”, revela JoãoZambianco, contandoa escolha que fizerampela citricultura. “Ogozado, é que compa-rado aos dias atuais,nossa opção foi nacontramão da histó-ria”, lembra Dirceu,uma vez que hoje, mui-tos citricultores estãodeixando a atividade,trocada pela cana-de-açúcar. “O importante,é que nunca nos arrependemos”, concor-dam os irmãos.

Pois bem; e assim foi feito. Plantaramoriginalmente 12 mil ‘Pêras’ enxertadas so-bre ‘Cleópatra’. Aos oito anos o pomar pro-duziu 50 mil caixas de 40,8 kg. O clima daregião lhes proporcionava vantagens. Incen-tivados com a beleza e com a maturação tar-dia da fruta que colhiam, alcançando óti-mos preços no mercado de fruta fresca, re-solveram dar um passo adiante e planeja-ram irrigar o pomar. Nessa altura, já haviamampliado o investimento plantando duasquadras de murcote, super-adensadas (5,0m x 2,5 m), sempre pensando no mercado

in natura.“Evidente que nossa intenção era a de

melhorar a produtividade, pois sabíamos queas ‘Pêras’ naturalmente com a idade teriamproblemas devido à competição, uma vezque foram plantadas 6,0 m x 3,5 m e asplantas se desenvolviam muito”, contam osproprietários do Dois Irmãos.

“Pagamos pela desinformação”, admi-tem. “Fomos aconselhados a não usar a águado rio Tietê, que circunda nossa proprieda-de, partindo então, para a perfuração de umpoço, que além de encarecer o projeto, nosforneceu água excessivamente salina, com

alta concentração de sódio. Essa era a águaque tínhamos”, recordam-se, tristemente osirmãos Zambianco.

Os sintomas negativos começaram asurgir. Primeiro, seca de ramos, folhas quei-madas. Depois, em dois anos, as frutas tor-naram-se pequenas, com sintomas visíveisde falta de potássio na casca (motivadas peloantagonismo provocado pelo sódio), en-quanto a produção desabou. Dez mil caixas,apenas, em 2002.

João, agora lembra do ocorrido com hu-mor: “o caso de nosso pomar provocou de-bate na Esalq – Escola Superior de Agricul-tura Luis de Queiroz, da USP, em Piracicaba

(SP). Chegamos a fazer várias apresentaçõesem aulas dirigidas aos alunos de graduaçãodo curso de agronomia, expondo nossa im-prudência”.

Dirceu (que chega a dar autógrafos narua, por ser sósia de um cantor popular),lembra da volta por cima: “o retorno passoua ser algo comum em nossas vidas. Paramosde utilizar a água do poço e retornamos àidéia inicial. Nos adequamos e atualmenteirrigamos o pomar com a água do Tietê. Ain-da estamos desintoxicando o pomar, mas aprodução daquelas Pêras já voltou à casadas 40 mil caixas”, conta aliviado.

Utilizando-se no po-mar da matéria orgâni-ca produzida pela avesque engordam em umprojeto de parceria, dis-posição e entusiasmonão faltam a esses pro-dutores tieteenses. “Seretornamos algumas ve-zes na vida, uma coisa écerta: não temos a me-nor intenção de voltar àcana-de-açúcar, justa-mente por conhecê-labem”. Mas não criticamos que adererirem àidéia. Para os irmãosZambianco, “quantomais cana plantarem aoredor do sítio, mais nos-so pomar estará prote-gido de problemas fitos-sanitários e mais se ele-vará o preço da laranjano mercado de frutafresca”.

Atualmente, o SítioDois Irmãos conta com um pouco mais de40 mil plantas, em uma área que abrange50 alqueires, produzindo laranja para o mer-cado interno e também ‘Murcote’ para ex-portação, “quase livre da Mancha Marromde Alternária”, como gostam de frisar os ir-mãos. “Adeptos dos desafios”, contam quelá, além das tradicionais ‘Pêra’, ‘Natal’ e ‘Va-lência’, “também temos um pequeno loteda ‘Charmute de Brotas’, retornando aoobjetivo inicial da propriedade, de explorara produção de fruta fora-de-época”, numaregião que favorece essa prática, enfatizamJoão e Dirceu.

João e Dirceu Zambianco, retornando às origens e optando pela citricultura

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