Negrinha de Monteiro Lobato

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  • 8/19/2019 Negrinha de Monteiro Lobato

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    Análise das Obras Indicadas ao Vestibular

    Prof. Marco Antonio Mendonça

    Negrinha (Contos) Monteiro Lobato

    Pr!Modernis"o#

    O que se convencionou chamar de Pré-Modernismo, no Brasil, não constitui uma "escolaliterária", ou seja, não temos um grupo de autores afinados em torno de um mesmo ideário,seguindo determinadas caractersticas!

     a realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa uma vasta produ#ão literária

    que a$rangeria os primeiros %& anos deste século! ' vamos encontrar as mais variadastend(ncias e estilos literários, desde os romancistas da linha realista) passando pelos poetas parnasianos e sim$olistas, que continuavam a produ*ir, até os escritores que come#avam adesenvolver um novo regionalismo, além de outros mais preocupados com uma literatura poltica e outros, ainda, com propostas realmente inovadoras!

    Para efeitos didáticos, é o perodo que se inicia em +&% com a pu$lica#ão de dois importanteslivros - Os $ert%es, de uclides da .unha, e Cana&, de /ra#a 'ranha - e se estende até o ano de

    +%%, com a reali*a#ão da 0emana de 'rte Moderna!Politicamente, vivia-se o perodo de esta$ili*a#ão do regime repu$licano e a chamada "poltica do café-com-leite",

    com a hegemonia de dois stados da federa#ão1 0ão Paulo, em ra*ão de seu poder econ2mico, e Minas /erais, por possuir o maior colégio eleitoral do pas! m$ora não tivesse a$sorvido toda a mão-de-o$ra negra disponvel desde a'$oli#ão, o pas rece$eu nesse perodo um grande contingente de imigrantes para tra$alhar na lavoura do café e na

    ind3stria!

    O Autor# 4osé Bento Monteiro 5o$ato nasceu a +6 de a$ril de +66% 7mas jurava 8de pé junto9 ter nascido em +66:; na cidade

    de ria quenarra a vit>ria de um candidato negro J Presid(ncia dos G' I não foi muito aceito e aca$ou por custar-lhe grandesdesgostos, mas aqui, sempre foi um ardoroso defensor daquele pas, chegando a afirmar, em carta enviada a KricoLerssimo, que considerava os "'stados (nidos como uma dessas famosas composiç%es musicais que so impostas atodos os grandes e)ecutantes a fim de tirar a prova dos noves fora do seu valor real, a rapsódia h*ngara de $i+t sic-,certas fugas de ach". essa mesma carta, ao comentar o novo livro de Krico, 5o$ato afirmou1 "'screver bem émijar. / dei)ar que o pensamento flua com o 0 vontade da mijada feli+." 

    Monteiro Lobato e o Petr'leo uando regressou ao Brasil, em +H+, 5o$ato chegou com mais uma cren#a1 acreditava piamente nas rique*as

    naturais do pas e na sua capacidade de produ*ir petr>leo! 0ofreu por isso! =oi um dos maiores defensores de uma poltica que entregasse J iniciativa privada a eAtra#ão do petr>leo em solo $rasileiro! .hegou a remeter uma carta ao

     presidente /et3lio Largas na qual denunciava o interesse estrangeiro em negar a eAist(ncia do "ouro negro" no Brasile aca$ou detido no presdio pias da carta que /et3lioconsiderara "ofensiva"! Monteiro 5o$ato seria preso novamente pelo mesmo motivo em +:+! sta luta pelo petr>leoaca$aria por deiAá-lo po$re, doente e desgostoso!

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    " *a+s de fa, co" ho"ens e li-ros

      /rande parte da literatura de Monteiro 5o$ato sempre foi direcionada aos leitores pequeninos! Produ*iu durantetoda sua carreira literária %N ttulos destinados ao p3$lico infantil! K um dos mais importantes escritores da literaturainfanto-juvenil da 'mérica 5atina e tam$ém do mundo! K considerado o 8pai9 da 5iteratura nfantil no Brasil!  Progressista inveterado, 5o$ato escreveu certa ve* a respeito daqueles que são contrários Js coisas novas a seguintefrase1 "O grande erro dessa casta de homens é confundir corrupço com evoluço. 1ondenam as formas novas devida, que se vo determinando em conseq2ência do natural progresso humano, em nome das formas revelhas.

     $ogicamente, para eles, o homem é a corrupço do macaco! o automóvel é a corrupço do carro de boi! o telefone éa corrupço do moço de recados".

      Monteiro 5o$ato morreu, vitimado por um derrame, Js : horas da madrugada do dia : de julho de +:6, deiAandoum legado de personagens que ficarão para sempre impregnados nas retinas de todos aqueles que tiveram e que terãocontato com as hist>rias do 4eca gica e crtica social;) acad(micas, na linguagem $emela$orada e 8afrancesada9 de alguns contos e mesmo anti-acad(micas 7o livro conta com um prefácio intitulado8Monteiro 5o$ato e a 'cademia9, que eApRe a rela#ão do autor com a 'B5!

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    camarote de lu)o reservado no céu. 'ntaladas as banhas no trono uma cadeira de balanço na sala de jantar-, alibordava, recebia as amigas, o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. (ma virtuosa senhora em suma 53dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religio e da moral6, di+ia oreverendo.6  4á fora apelidada de tudo pelas outras empregadas1 37ue idéia faria de siessa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho8 9estinha, diabo,coruja, barata descascada, bru)a, pata&choca, pinto gorado, mosca&morta,

     sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa&ruim, li)o...6...- até chegar na8$u$2nica9, que ela gostou e que logo foi suprimido, pois3'stava escrito que

    no teria um gostinho só na vida 5 nem esse de personali+ar a peste...6 Gmdia, ao chamar outra empregada de peste, foi o$rigada a 8esfriar um ovo co*idona $oca9 como castigo! 

    .erto de*em$ro, duas so$rinhas da sinhá vieram passar férias! 'o perce$er que as so$rinhas não apanhavam egrinha tentou se aproAimar e foi recha#ada!.hegaram os $rinquedos e pela primeira ve* na vida a po$re viu uma $oneca!'s so$rinhas de ona nácia riam dela e foi o seu olhar de felicidade para a $oneca que amoleceu a patroa! Pela primeira ve* desco$riu-se humana!!!tinha uma alma! Brincaram as férias, asmeninas partiram, egrinha come#ou a definhar e morreu! 3:orreu na esteirinha rota, abandonada de todos, comoum gato sem dono. ;amais, entretanto, ninguém morreu com maior bele+a. O delentia&

     se agarrada por aquelas mo+inhas de louça 5 abraçada, rodopiada....- ?epois, vala comum. @ terra papou com

    indiferença aquela carne+inha de terceira 5 uma miséria, trinta quilos mal pesados...6

    As 2itas da Vida (6; *essoa)

      Gma narrativa 8ruim9, com 8que$ra de linearidade9, mais cr2nica do que conto, feita em +T pessoa! .ome#aseguindo a linha do elogio aos imigrantes que fi*eram 0ão Paulo no perodo do café, a partir da refleAão de unsamigos so$re a 8Uospedaria dos migrantes913 'ra ali a porta do Oeste 9aulista, essa 1ana em que o ouro espirrado solo, era ali a ante&sala da Aerra Bo)a 5 essa 1alifórnia do rubria) a que um eA-diretor da Uospedaria teriacontado ao protagonista1 em +&N, chegou J casa um cego vindo do.eará! O flagelado teria vindo por engano, pois pediu que alguém omandasse ao 8'silo dos nválidos da Pátria91 tinha servido na /uerrado Paraguai! O cego di* que s> um homem no mundo poderia ajudá-lonaquele Cim$r>glioD1 o 8seu capitão9! .hamado V então V o diretor, queveio conversar com ele, desco$riu-se que am$os tinham servido nomesmo $atalhão, o HH de 0ão Paulo, e se lem$ravam de várioscomandantes!

    O diretor, porém, critica-lhe o capitão mencionado e o cego serevolta1 3& 9are a

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     só atoalhado branco. @s árvores imóveis, inteiriçadas de frio, pareciam emersas dum banho de cal. Bebrilhos de gelo pelo cho. Eguas envidradas. @s roupas dos varais, tesas, como endurecidas em goma forte.6  uincas sumiu e foi encontrado Js tr(s horas da tarde do dia seguinte no meio do cafe*al com uma lata de tinta euma $rocha nas mãos! 3O major no deu conta da nossa chegada. Do interrompeu o serviçoF continuou a pintar,uma a uma, do risonho verde esmeraldino das vene+ianas, as folhas requeimadas do cafe+al morto...6. Uavia ficadolouco!

    m +?S, na região norte do estado do Paraná 7inclusive Maringá e 5ondrina! Ler BoA a$aiAo!;, muita gente perdeu tudo com a famigerada 8/eada egra9! ste epis>dio fa* parte na nossa hist>ria e deve estar, de algumaforma, ligado J sua famlia! .onverse em casa! Mostre o conto e fa#a as infer(ncias!

    4O># Me"'ria

    Foto: Arquivo - Museu Histórico de Londrina

    A madrugada do dia 18 de julho foi de perplexidade. Nas horas mais frias os termômetros despencaram e de repente nada mais restouGeada negra fez surgir um novo cenário agrícola no Norte do !

    16/04/2008

    “U verdadeiro catac!isa"# Assi noticiara os $ornais da %&oca a res&eito da 'eada ne'ra que se a(ateu so(re o )orte do *aran+,diiando cerca de 8.0 i!es de &%s de ca% e udando deinitivaente as coni'uraes econ3icas de Londrina e re'io#

    5ra dia 16 de $u!o de 17.# A 'eada ce'ou sinistra, disarada de cuva# )o dia se'uinte, e uriti(a, a neve caiu e o vento 'e!ado cortoutodo o *aran+# 9e aviso, a 'eada queiou o “ouro verde" do )orte do 5stado, esteio da caeicu!tura (rasi!eira#

      )o ina! da tarde o c%u au! icou arcado &or ancas vere!as que anunciava a tra'%dia que nin'u% queria aceitar# A adru'ada dodia 18, seta-eira, oi de &er&!eidade# )as oras ais rias os ter3etros des&encara e de re&ente nada ais restou#

    ;ierente da 'eada nora!, que e anos anteriores atin'iu soente a!'uas +reas e &eritiu que os &%s de ca% re(rotasse, a 'eadane'ra oi destruidora e torrou o &% de ca% das o!as at% a rai, se cance de recu&erao#

    < )orte do 5stado aaneceu, !itera!ente, co(erto &or ua anca ne'ra, que ra&idaente se deco&3s so( os raios do so!# =udo o queera verde orreu > no a&enas o ca%, as toda a ve'etao que reco(ria a re'io#

    )o eio desse cen+rio, o ento 'overnador ?a@e anet ?nior dese(arcou &esaroso no aero&orto de Londrina# 5!e $+ avia so(revoado >durante cinco oras > toda a re'io do )orte do 5stado e se diri'iu B sede i&onente do Cnstituto Drasi!eiro do a% ECD &ara traer a

    conirao daqui!o que nin'u% queria aceitar#Londrina, que $+ ostentara co or'u!o o tGtu!o de “ca&ita! undia! do ca%", de&ois da terrGve! 'eada era &ura deso!ao#

      )o entanto, no deorou &ara a idade coear a se reor'aniar dentro de ua nova rea!idade# ria de dois sujeitos que conversavam J sua esquerda! Gm deles disse ter sido testemunha de um8causo91 3Gi a mártir, branca que nem morta, diante do horrendo prato...6  m uma fa*enda no Mato /rosso, um dos dois tinha ido ver uma $oiada! O fa*endeiro, coronel s tr(s pancadas na mesa entrou na sala de jantar uma mulher pálida como morta1 esposa do fa*endeiro! le

    mesmo lhe serve do prato co$erto, um petisco preto!!!que di* ser $ugio moqueado , 3@qui a patroa pela&se por umnaco de bugio moqueado.6  Gm dia, em

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    surra de ra$o de tatu! 0ua carne fora moqueada e 3todos os dias vinha 0 mesa um pedacinho para a patroacomer...6

    O @ardineiro 0i"'teo (:; *essoa)

    Outro dos contos mais lricos e poéticos do autor, considerado um dos mais $onitos da 5iteratura Brasileira!  teo, 3um preto branco por dentro9, cuida do jardim de uma fa*enda há quarenta anos! .onhece as flores8caipiras9 como ninguém e as trata como seres humanos 7chegando a conversar com elas;! .ada canteiro, ou cadagrupo de flores ia sendo plantado conforme a vida ia transcorrendona fa*enda, uma espécie de registro $otEnico da vida da famlia1

    3Aimóteo compunha os anais vivos da famprio teo destrusse o jardim, para ganhar tempo! teo tem um acesso de raiva, di* que não destr>i e roga uma praga na fa*enda! Laiem$ora e morre ao pé da porteira!

    3$á morre. ' lá o encontrará a manh enrijecido pelo relento, de borco na grama orvalhada, com a moestendida para a fa+enda num derradeiro gesto de ameaça.6

    O 2isco

    .onto que tem incio mostrando um 0ão Paulo em transforma#ão 7incio do século XX;! ele há registro dachegada dos imigrantes e o surgimento dos $airros operários1 3O rás trabalha de dia e 0 noite gesta. @osdomingos fandanga ao som do bandolim. Dos dias de festa nacional destes tem predileço pelo JK de abrilFvagamente o rás desconfia que o barbeiro da Hnconfidência, porque barbeiro, havia de ser um patro 9aulo. 'ntope os bondes no travessio da Gár+ea e cá ensardinha&se nos autosF o pai, ame, a sogra, o genro e a filha casada no banco de trás! o tio, a cunhada, o sobrino e o 9epino escoteiro no da

     frente! filhos mi*dos por entremeio! filhos mais taludos ao lado do motorista! filhos engatinhantes debai)o dosbancos! filhos em estado fetal no ventre bojudo das matronas. Gergado de molas, o carro geme sob a carga earrasta&se a meia velocidade, e)ibindo a 9aulicéia aos olhos arregalados daquele e)uberante cacho humano.6

    escri#Res so$re as transforma#Res na arte e no processo deur$ani*a#ão, além da influ(ncia cientificista!  Passando por uma avenida o narrador v( uma cena e fa* a rela#ão $iol>gica13Lagocitose, pensei. @ rua é a artéria! os passantes, o

     sangue. O desordeiro, o bêbado, o gatuna so os micróbios maléficos, perturbadores do ritmos circulatório.6 pria mãos,com os olhos cheios de lágrimas e desesperado! ão tinha licen#a paratra$alhar! ote que o conto come#a pela prisão do menino e volta aomomento em que o pequeno nasce, ap>s refleARes so$re a cidade!

    Gsando a linguagem em 8flash9, a mesma técnica que posteriormente seria usada por OsYald de 'ndrade emMem>rias 0entimentais de 4oão Miramar, o autor descreve os motivos do nascimento de Pedrinho13Giram&se ele e ela. Damoraram&se. 1asaram.1asados, proliferaram. 'ram dois. O amor transformou&se em três.

     ?epois em quatro, em cinco, em seis... 1hamava&se 9edrinho o filho mais velho.6  Pois é esse Pedrinho que vai preso por não ter licen#a para tra$alhar como engraAate! le, ao nove anos, ap>stentar comprar pão, perce$e a po$re*a dos pais e resolve ajudar! O pai se chama 4osé, 3perdeu aos poucos a

    coragem, o gosto de viver, a alegria. Gegetava, recorrendo ao álcool para al

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      Pedrinho constr>i uma tosca caiAa de engraAate e sai pelas ruas disposto a ganhar dinheiro! K preso sem licen#a por um fiscal que co$ra multa de vinte mil réis! ' mãe s> tem de*oito, guardados para uma emerg(ncia! á odinheiro todo com lágrimas nos olhos! O fiscal V corrupto V vai $e$er toda reserva da po$re famlia em cerveja navenda mais pr>Aima!

    3 'nquanto isso, no fundo do quintal, o pai batia furiosamente no menino.6

    Os Negros (6; *essoa)

      Mais um 8causo9 que um conto, pois tem elementos da supersti#ão ca$ocla! O narrador é um tropeiro que viajavacom outro pela região do café1 3Giajamos certa ve+ pelas regi%es estéreis por onde, há um século, pu)ado pelo

     Degro, o carro triunfal de >ua :ajestade o 1afé passou, quando grossas nuvens reunidas no céu entraram adesmanchar&se.6.hegam a uma fa*enda a$andonada e mal assom$rada de um tal de .apitão 'leiAo! 5á encontramum homem, o preto Bento, que morava em uma tapera, longe da casa grande!

    Por causa da chuva,os dois t(m que passar a noite ali! O companheiro do narrador 74onas; come#a a cismar e8encarna9 o esprito de =ernão, um jovem portugu(s que havia se apaiAonado pela filha de 'leiAo, sa$el! K esse8esprito9 que conta a hist>ria de sua paiAão pela filha do patrão, ajudado pela mulata 5iduna, que convenceu a sinha*inha! 'ssim, o amor entre osdois floresceu1 3Aio @do di+ que o amor é doença. 7ue a gente tem

     sarampo, catapora, tosse comprida, ca)umba e amor 5 cada doença no seu tempo.6 

    uando o .apitão 'leiAo sou$e, entrou no quarto de =ernão, amarrou-o e sepultou-o vivo na parede! uando o 8esprito9 termina a hist>ria, já

    é dia e o preto Bento di* que 5iduna morreu no chicote aos + anos! sa$el foi levada para a .orte e aca$ou num hospcio! 4onas 8acorda9 dotranse, mas não se recorda de nada! a viagem de volta ele conta o quehavia ocorrido a 4onas que1 3riu&se á larga e disse, estendendo&me o dedo minguinhoF & :orde aquiC...6

    4arba A,ul (6; *essoa)

      O narrador tem um amigo chamado 5ucas, que sa$e algumas hist>rias! Gm dia, quando os dois estavam jantandono Uotel dDOeste, 5ucas perce$e uma pessoa no fundo do salão e se pRe a falar dele! 0eu nome é PEnfilo ovais e éum homem de dinheiro que teve muitas mulheres! o entanto, segundo 5ucas, é um homem de dinheiro, porqueteve muitas mulheres! .asava-se somente com as mais fracas e de$ilitadas, as que menos t(m condi#Res de teremfilhos para engravidá-las e ficar com a heran#a! 0ua primeira esposa, por quem se casou apaiAonado, chamava-sePequetita! 'p>s este relacionamento, segundo 5ucas, 3o desastre do primeiro casamento criou&lhe no cérebro um

     pensamento sinistro6F casa-se para 8matar9 as esposas sem ser condenado por crime algum! o fim do conto, o narrador afirma ter visto novamente o sr! PEnfilo ovais na mesma mesa! uando algumas

    mo#as passaram por ali, 3pela força do hábito o seu olhar mortiço mediu num relance as ancas de cada uma. em feitas de corpo que eram, nenhuma o interessou 5 e seu olhar desceu calmamente para o jornal que lia.6

    O Colocador de Prono"es (:; *essoa)

      .onta a hist>ria de 'ldrovando .antagalo, morador de taoca, estudioso de gramática1 3...veio ao mundo emvirtude dum erro de gramática. ?urante sessenta anos de vida terrena, pererecou como um peru em cima da

     gramática. ' morreu, afinal, vgrafo recomp2s a frase a seu modo e a dedicat>ria saiu1 3E memória daquele que sabe&me as dores, o

     @utor6. uando 'ldrovando rece$eu os livros e sentou-se 3...0 velha mesinha de trabalho...6 para fa*er asdedicat>rias, leu a dedicat>ria modificada!

    3@ldrovando no murmurou palavra. ?e olhos muito abertos, no rosto uma estranha marca de dor 5 dor gramatical inda no descrita nos livros de patologia &, permaneceu imóvel uns momentos.  ?epois, empalideceu. $evou as mos ao abdome e estorceu&se nas garras de repentina e violent

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      O conto é cheio de compara#Res com a nature*a, $em ao gosto do romantismo, apesar de enveredar por umaanálise crtica realista!  .onta a hist>ria de Lidinha 7comparada com a juriti1 3a juriti, pombinha eternamente magoada. / toda us. Docanta, geme em u 5 geme um gemido aveludado, lilás, sonori+aço dolente da saudade6) e com a $eg2nia sensveldos grotRes!;  3Gidinha é a manh da casa. Give entre duas estaç%esF a me 5 um outono, e o pai 5 inverno em começos. @linasceu e cresceu. @li morrerá. Hnocente e ingênua, do mundo só conhece o centempre a mesma coisa 5 o pequenininho a derrear o grande. 9eriperi, sa*va, bacilo de och...6.

    A facada i"ortal (6; *essoa)

      O narrador come#a narrando uma famosa partida de Xadre* reali*ada no século XL por Philidor 'ndré anican,conhecida pelo nome de 8a pardida imortal9, para contar um 8caso9 ocorrido com um amigo falecido chamadondalcio 'rarig$>ia, eA-professor de meninos que vivia de pequenos golpes! ndalcio havia se especiali*ado na 8arte9de tirar dinheiro dos outros 7dar CfacadasD, como se di*ia J época para os golpes;! ra um eAmio 8faquista9, segundoo pr>prio narrador1 3Hndalprio ndalcio di*ia1 37uando lanço a minha facada, sempre depois de sérios estudos, a v

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      O fato é que ! 5indoca era deiAada de lado! em seu aniversário é lem$rado! este dia di* que está sentindo-semal e que logo deiAará =ernando livre para viver as 84eannettes9! ão quer ir ao médico da famlia r! 5anson, poiseste tivera um caso com uma corista) prefere ir ao 5orena um 3homem limpo, decente, um puro.6   o dia seguinte ! 5indoca vai ao médico e volta 8radiante9, está com 8policitemia9, uma doen#a de 8fidalgos9,rainhas, grã-duquesas!!! O médico quer conversar com o marido e di* que ela precisa de cuidados e mimos! ' vida de! 5indoca mudou1 os filhos passaram a visitá-la com freqZ(ncia e o marido passou a cuidar dela com desvelos denamorado! la tinha até orgulho da doen#a e passou a eAi$i-la para todos1 3 & 1omo me sinto feli+ agoraC 5 di+ia. 5

     :as para que nada haja de perfeito, tenho a policitemia. Gerdade é que esta doença no me incomoda em nada. Doa sinto absolutamente.6

      Gm dia o r 5orena fugiu para Buenos 'ires com uma cliente, mo#a da alta sociedade! ! 5indoca fica indignada enão aceita médico algum com vida duvidosa! .hamam o velho Manuel Brandão, professor da faculdade que atesta sera policitemia uma doen#a falsa1 3& / o quarto caso de doença imaginária que o meu colega $orena aqui entre nós,um refinadaudade da policitemia.6

    abe8 5 disse aocoelho. 5 Gou por você numa casa que tem vitrina para a rua. Lica lá

     sentadinho, a ver quem passa, os bondes, os automóveis tobonitosC ' eu vou todos os dias espiar você através do vidro.6 

    O narrador entra na loja e quer comprar o coelhinho! Para a suasurpresa ele não está J venda! O judeu havia colocado o $rinquedo navitrine para tomar sol! Pertencera a um menino 7'ntoninho; criado por sete anos pelo dono da loja, até o dia em que morrera de gripe7espanhola;! O narrador saiu da loja, foi ao correi e eApediu umtelegrama ao autor do conto, onde escrevia1 31outo, somos duascavalgadurasC6

    O bo" "arido ( :; *essoa)

      O conto tem uma am$ienta#ão hist>rica, já que na farmácia os 8amigos9 discutem fatos do incio do século XX,como a @evolu#ão @ussa, ' Primeira /uerra Mundial, os governos de Uermes da =onseca e Lenceslau Brás!!!

    ou feli+, imensamente feli+. Aeo me adora e fa+ o poss

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     jovem engravida e a crian#a nascida dessa mesti#agem é Mara$á! 75em$re-se que há um poema de /on#alves iascom esse mesmo nome e temática;!

    Gm guerreiro 7pojuca, filho do cacique 'nhem$ira e seu sucessor; se apaiAona por Mara$á, que é loira! Moema, andia destinada a pojuca, desconfia do comportamento dele e o segue, denunciando J tri$o onde se escondia Mara$á!0urpreendidos os amantes fogem e são perseguidos até um forte portugu(s! Os ndios retornam! pojuca é ferido e ocasal é aprisionado! Para surpresa de todos o capitão do forte é pai de Mara$á e a reconhece! uando o pai a a$ra#a,pojuca de longe acha que o portugu(s quer rou$ar seu amor e lan#a uma flecha com as 3ltimas for#as! ' flecha crava-se no peito de Mara$á ao mesmo tempo que o guerreiro morre na praia!  sta linguagem cinematográfica é um recurso modernista que já havia sido usado na o$ra Mem>rias 0entimentais

    de 4oão Miramar, de OsYald de 'ndrade! K um recurso modernista, apesar da temática romEntica!

    2atia de -ida (:; *essoa)

      Gma análise so$re o senso comum da sociedade e a rela#ão com aquelas pessoas que pensam livremente, como é ocaso do r! Bonifácio s a gripe os filhos voltaram cadavérico!!!tudo por causade uma vi*inha que quis fa*er o $em!

    Para saber "ais#

      ' /ripe spanhola 7++6 - ++; matou S& a +&& milhRes de pessoas em menos de % anos! ntre ++6 e ++ aepidemia de /ripe spanhola matou mais pessoas do que Uitler, armas nucleares e todos os terroristas da hist>riasomados! o @io de 4aneiro, morreram +? mil pessoas em dois meses! Os familiares, desesperados, jogavam seusmortos na rua com medo de contrair a doen#a!  ' influen*a espanhola era mais severa que a gripe comum, mas tinha os mesmos sintomas iniciais como gargantadolorida, dor de ca$e#a e fe$re! Mas comumente em muitos pacientes a doen#a progredia para algo muito pior do queespirros! .alafrios intensos e fatiga vinham acompanhados de fluido nos pulmRes! 0e a gripe passava do estágio de pequena inconveni(ncia geralmente a pessoa já estava pré-destinada a morrer! =onte1 http1QQh\pescience!comQcomo-foi-a-gripe-espanhola-de-++6Q

    A "orte do Ca"icego (:; *essoa)  Gm contoQcr2nica de fundo moral revelando que nossos 8monstros9 e 8medos9 são muitas ve*es criados por n>smesmos1 3Os homens, crianças grandes, no procedem de outra maneira. Os seus maistemerosos 1amicegos saem&lhes morcegos rel

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    autor do conjunto de novelas intitulado @eina#Res da Menina do ari*inho 'rre$itado, inspirado na infEncia de seus pr>prios filhos e dele no 0tio do Pica-Pau 'marelo, de propriedade familiar!  Gm dia um morcego aparece na casa e leva uma vassourada! stando para morrer no quintal, dgard reconhecenele o seu .amicego) pega o 8monstro9 e o leva para dentro de casa! Gm adulto chega, espanta as crian#as e joga o $icho por cima do muro! 's crian#as acham o $icho e tentam a$ri-lo! K 'nastácia, a co*inheira 7imortali*ada em suao$ra infantil; que dispersa as crian#as e joga o 8monstro9 em cima do telhado, onde não assustará mais ninguém!

    3uero a/udar o 4rasil (6; *essoa)

      Outro conto mais com jeito de cr2nica, retratando o perodo em que Monteiro 5o$ato gastava sonhos, tempo e

    dinheiro na $usca de petr>leo, pela então 8.ompanhia de Petr>leos do Brasil9! Lindo dos stados Gnidos oautorQnarrador viu a possi$ilidade do crescimento do Brasil a partir da matri* energética do petr>leo! 4untou algunsamigos 7Oliveira =ilho e Pereira ueiro*;, vendeu algumas propriedades e fundou a companhia! .ompraram uma perfuratri* e!!!faliram! Mesmo assim, a visão de futuro do autor antecipou aquilo que viria ser uma das maioresempresas $rasileiras1 a Petro$rás) e lhe valeu o apelido de 8=uracão na Botuc3ndia9  O contoQcr2nica relata um acontecimento desta época! .omo todos iam contra a empreitada 7/overno, $ancos,empresários!!!;, os fundadores resolveram a$rir a#Res da empresa sem garantia1 se ela desse certo, todos ganhavam) senão desse, todos perdiam! Por incrvel que pare#a, a franque*a trouAe muitos investidores que eram alertados so$re orisco de perder todo o dinheiro empenhado!

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    todos 7menos dos dois primos[;, o sucesso de .adaval foi estrondoso, apareceu em várias revistas médicas e jornais!Maricota ainda tenta atrasar a opera#ão para ver se consegue mais alguns $enefcios, mas é convencida pela mãe!

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    morta, sujeira, $isca, trapo, cachorrinha, coisa-ruim, liAo!!!97!!!; até chegar na 8$u$2nica9, que ela gostou e que logofoi suprimido, pois 8stava escrito que não teria um gostinho s> na vida V nem esse de personali*ar a peste!!!9e; .erto de*em$ro, duas so$rinhas da sinhá vieram passar férias! 'o perce$er que as so$rinhas não apanhavam egrinha tentou se aproAimar e foi recha#ada pelas meninas! ão agZentando o preconceito, come#ou a definhar emorreu! 8Morreu na esteirinha rota, a$andonada de todos, como um gato sem dono! 4amais, entretanto, ninguémmorreu com maior $ele*a!9

    &H! Uá$il contista, Monteiro 5o$ato prossegue, em egrinha, a linha iniciada com Grup(s, acentuando sua verve de8contador de causos9! 0o$re egrinha e seus contos, pode-se afirmar que1

    7&+; o conto que dá nome ao livro de Monteiro 5o$ato é eAtremamente lrico, triste e conta a hist>ria de uma meninaque nunca teve a felicidade de $rincar! Morre ap>s ter passado um 8de*em$ro9 em companhia de duas so$rinhas dadona da fa*enda e de uma $oneca!7&%; no conto O 4ardineiro teo, o velho jardineiro fa* do jardim uma espécie de hist>ria $otEnica dosacontecimentos da fa*enda! 'p>s a propriedade ser vendida ele aceita placidamente a transforma#ão do jardim deflores 8caipiras9 em um jardim mais vistoso!7&:; no conto O .olocador de Pronomes, 'ldrovando .antagalo é um fanático pelo uso da gramática da lngua portuguesa! 0ofre muito com isso, pois é despre*ado e ridiculari*ado, mas fa* pu$licar um livro!com um erro decoloca#ão pronominal que custa sua vida!7&6; em Uerdeiro de si mesmo, o .oronel 5upércio Moura enriqueceu ap>s os HN anos, impulsionado por uma 8for#a97comprou um casco da navio e vendeu o ferro durante a guerra;! 'p>s os N& anos passou a estudar o espiritismo, pois

    queria entender a reencarna#ão, para deiAar a heran#a para si mesmo!7+N; o conto ona Apedita, uma empregada de quase N& anos insiste em di*er que tem HN e quer um emprego com>timas acomoda#Res e salário! Gma mo#a aparece para falar so$re o tra$alho e as duas se entendem perfeitamente $em!!!pela primeira ve* uma patroa respeitava as empregadas! 5edo engano, a mo#a viera enganada, era uma criadatam$ém!

    &:; O conto O rama da /eada, de Monteiro 5o$ato

    7&+; é narrado em +T pessoa por um 8h>spede9 que conta uma hist>ria de geada 7tão comum na época do café, por 0ãoPaulo e Paraná;, misturando estilo acad(mico com descri#Res da ro#a!7&%; ap>s uma descri#ão da fa*enda, uincas 74oaquim; di* que tudo é o$ra sua e conta como tudo foi sendo feitodesde a derru$ada da mata até o momento em que nos encontramos1 um ano antes da primeira colheita, quando o caféainda é frágil e as esperan#as são muitas!7&:; Monteiro 5o$ato, filho e neto de fa*endeiros de café e conhecedor daquela realidade, fa* refleARes so$re o papeldo fa*endeiro na fa*enda e no Brasil1 8O fa*endeiro paulista é alguma coisa séria no mundo! .ada fa*enda é umavit>ria so$re a fere*a retrátil dos elementos $rutos, coligados na defesa da virgindade agredida 0eu esfor#o de gigante paciente nunca foi cantado pelos poetas, mas muita epopéia há por a que não vale a destes her>is do tra$alhosilencioso! veis, inteiri#adas de frio, pareciam emersas dum $anho de cal! @e$rilhos de gelo pelo chão!]guas envidradas! 's roupas dos varais, tesas, como endurecidas em goma forte!9

    7+N; uincas consegue se recuperar e vence as adversidades impostas pelos judeus que hipotecaram a fa*enda, afinal ageada nunca foi páreo para o fa*endeiro, comparado a um her>i des$ravador!

    &S! 0o$re os contos 8Bugio moqueado9 e 8O colocador de pronomes9, integrantes da coletEnea Degrinha, deMonteiro 5o$ato, assinale o que for correto!Mo?uear# assar ou tostar em uma espécie de grelha de paus apropriada para preparar carne ou peiAe!7&+; O conto 8O colocador de pronomes9, am$ientado na segunda metade do século XX, ocupa-se da hist>ria de'ldrovando .antagalo, um professor de gramática, o$cecado por detectar erros de coloca#ão pronominal nos jornaisda época!7&%; o que di* respeito J linguagem, o narrador do conto 8O colocador de pronomes9 utili*a, em uma espécie deestratégia narrativa, dois estilos diferentes! Gm, $em ao gosto de alguns escritores pré-modernistas, como 5imaBarreto, apresenta-se pr>Aimo ao falar culto ur$ano, coloquial e desafetado) o outro, grandiloqZente, é marcado pelo

    re$uscamento e pelo purismo da lngua e se aproAima do modo de falar do protagonista 'ldrovando .antagalo!7&:; entre as fun#Res assumidas pelo narrador do conto 8O colocador de pronomes9 está a de contar, ou dedocumentar, a hist>ria de vida de 'ldrovando .antagalo, a fim de que ele possa, um dia, ser canoni*ado como o primeiro santo da gramática, o mártir da coloca#ão pronominal!

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    7&6; O conto 8Bugio moqueado9 é construdo a partir da estratégia da narrativa enquadrada, ou seja, a da hist>riadentro de outra hist>ria! ' primeira hist>ria focali*a um jogo de pelota em que o narrador do conto se interessa pelaconversa de dois outros torcedores, tendo em vista a admira#ão e o espanto demonstrado por um deles em rela#ão aoque o outro contava! ' segunda hist>ria é a principal e gira em torno da morte de um rapa*, a ra$o de tatu, depoismoqueado e comido por uma mulher!7+N; O conto 8Bugio moqueado9 é narrado em primeira pessoa por um narrador testemunha que confere ao teAto umtom de $rincadeira e de descontra#ão, visivelmente contrastante com a matéria narrada! O leitor, em determinadaaltura da narrativa, é levado a crer que se trata de uma espécie de $rincadeira ou de piada, quando, na verdade, trata-sede uma hist>ria de viol(ncia e de sadismo!

    =abarito#