Nem STF respeita vagas preferenciais na UnB

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A consciência ambiental vem para o dia-a-dia por meio das simples técnicas da permacultura. A prática atrai cada vez mais brasilienses 06 Novas bandas despontam na cena musical nacional fazendo releituras de antigos sucessos de artistas da MPB 05 FOTO: IZABELLA MIRANDA CULTURA ESPECIAL FOTO: CAMILLA MACHUY FOTO: LEONARDO MUNIZ FOTO: ÉTORE MEDEIROS Nem STF respeita vagas preferenciais na UnB Universitários recuperam afluente do São Francisco Nilson Nelson sem esportes Novo DCE quer fiscalizar Reuni Reformado no ano passado com gastos de R$ 10 milhões, ginásio terá apenas quatro competições esportivas, em um total de 25 eventos previstos para este ano Carros oficiais que conduzem o ministro Gilmar Mendes para dar aulas na UnB usam estacionamento preferencial. Motoristas da FUB também cometem a infração A chapa “Pra fazer diferente” venceu as eleições com 1.877 votos. Discussão sobre a paternidade da ocupação da reitoria e vinculação partidária marcou a campanha eleitoral 07 04 ESPORTE POR AQUI 04 SEGUNDA-FEIRA - Brasília, 11 de Maio de 2009 WWW.FAC.UNB.BR/CAMPUSONLINE ANO 39, EDIÇÃO Nº335 O recorde da Geração Y Yans, Yasmins e Yuris, nascidos nas décadas de 80 e 90, chegam em número sem precedente à UnB 08 Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília ÁREA REFLORESTADA COM MUDAS DE UMBAÚBA ÀS MARGENS DO RIBEIRÃO SANTA ISABEL FOTO: TCHÉRENA GUIMARÃES Pequenas nascentes do Rio Paracatu e matas próximas que sofriam com a erosão estão sendo regeneradas pelos ribeirinhos da região com ajuda de professores e estudantes 03 CIÊNCIA E TECNOLOGIA FOTO: IZABELLA MIRANDA

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Carros oficiais que conduzem o ministro Gilmar Mendes para dar aulas na UnB usam estacionamento preferencial. Motoristas da FUB também cometem a infração

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Page 1: Nem STF respeita vagas preferenciais na UnB

A consciência ambiental vem para o dia-a-dia por meio das simples técnicas da permacultura. A prática atrai cada vez mais brasilienses

06

Novas bandas despontam na cena musical nacional fazendo releituras de antigos sucessos de artistas da MPB

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FOTO: IZABELLA MIRANDA

CULTURA

ESPECIAL

FOTO: CAMILLA MACHUY

FOTO: LEONARDO MUNIZ

FOTO: ÉTORE MEDEIROS

Nem STF respeita vagas preferenciais na UnB

Universitários recuperam afluente do São Francisco

Nilson Nelson sem esportes

Novo DCE quer fiscalizar Reuni

Reformado no ano passado com gastos de R$ 10 milhões, ginásio terá apenas quatro competições esportivas, em um total de 25 eventos previstos para este ano

Carros oficiais que conduzem o ministro Gilmar Mendes para dar aulas na UnB usam estacionamento preferencial. Motoristas da FUB também cometem a infração

A chapa “Pra fazer diferente” venceu as eleições com 1.877 votos. Discussão sobre a paternidade da ocupação da reitoria e vinculação partidária marcou a campanha eleitoral

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ESPORTE

POR AQUI

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SEGUNDA-FEIRA - Brasília, 11 de Maio de 2009 WWW.FAC.UNB.BR/CAMPUSONLINE ANO 39, EDIÇÃO Nº335

O recorde da Geração YYans, Yasmins e Yuris, nascidos nas décadas de 80 e 90, chegam em número sem precedente à UnB 08

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília

ÁREA REFLORESTADA COM MUDAS DE UMBAÚBA ÀS MARGENS DO RIBEIRÃO SANTA ISABEL

FOTO: TCHÉRENA GUIMARÃES

Pequenas nascentes do Rio Paracatu e matas próximas que sofriam com a erosão estão sendo regeneradas pelos ribeirinhos da região com ajuda de professores e estudantes

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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FOTO: IZABELLA MIRANDA

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2 Opinião ))

EXPEDIENTEEditora-chefe: Marciele SantosSecretária de Redação: Mayara ReisDiretor de Arte: Lucas DocaEditores: Anna Carolina Vilela (Opinião), Camila Guedes (Por Aqui), Filipe Kafino (Cultura), Ana Paula Paiva (C&T), Bruno Silva (Esporte & Saúde), Leonardo Muniz (Comportamento), Camilla Machuy (Fotografia), Izabella Miranda (Especial)Repórteres: Ana Cláudia Felizola, Anna Beatriz Lemos, Bárbara Lopes, Fabiano Bonfim, Fernanda Neves, Gláucia Cristina, Maria Scodeler, Marina Bosio, Naiara Leão, Sacha Brasil, Taíssa Dias e Tchérena GuimarãesFotógrafos: Izabella Miranda, Naira Gomes e Pedro DupratDiagramadores: Amanda Gonzaga, Juliana Leão, Juliana Nogueira e Luciana AlbuquerqueProjeto Gráfico: Filipe Kafino, Leonardo Muniz, Lucas Doca e Naiara LeãoProfessor responsável: Solano Nascimento Professor de fotografia: Lourenço CardosoJornalista: José Luiz Silva Monitores: Janine Moraes e Marina de SáSuporte Técnico: Pedro França e Mário FilhoTIRAGEM: MIL EXEMPLARES - GRÁFICA GUIAPACK

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília

Campus Darcy Ribeiro, Faculdade de Comunicação, ICC-Ala Norte.Contato: (61) 3307-1925 Ramal 207/241 – [email protected] - Caixa Postal: 04660 CEP: 70910-900

ConjunturaCésar Augusto Pereira dos Santos é sociólogo e bolsista do CNPq pela UnB

[email protected]

Abolição inacabada

Uma questão de consciência

EDITORIAL

Carta do leitor

Por estudar à noite, são ra-ras as vezes que tenho opor-tunidade de ler o Campus. E fui pega de surpresa pela nova edição, que me chamou a atenção, sobretudo pela cha-mada de Exclusão no vestibu-lar da UnB. Como ex-aluna de escola pública, a matéria me impressionou.

Como pode o vestibular da UnB tornar o ingresso de alunos da rede pública ain-da mais difícil? Sei que sou uma exceção por ter passado no vestibular no 3º ano, mas também sei de todas as di-ficuldades que um aluno de escola pública enfrenta: falta

de professores, greves cons-tantes, infraestrutura ruim. E me preocupa bastante imagi-nar um vestibular que exclua ainda mais esses estudantes. É de extrema importância que se traga esse debate para dentro da universidade.

Apesar de algumas ma-térias serem ‘batidas’, outras como As tribos da fome e Um laboratório chamado cerrado trouxeram dados novos não contemplados pela grande mídia. Creio que é esse o obje-tivo de um jornal-laboratório: experimentar, produzir algo diferente, trazendo discussões que valorizem a universidade.

JÚLIA YOKO HAMATSUEstudante de Letras

OMBUDSKIVINNA

O s índios não costumam ser vistos como brasi-leiros, mas como habi-

tantes do Brasil. A matéria de capa da edição 334 do Campus, As tribos da fome, inverte essa afirmação não só pelo assun-to, mas também ao usar como personagens estudantes indíge-

nas da UnB. A reportagem, no entanto, poderia ter deslocado a descrição do processo de busca dos dados para o final e cativado o leitor começando por contar a história dos índios.

Apesar de abordar assuntos interessantes e abrir espaço para pesquisas da Universidade, essa edição do Campus optou pelo óbvio. A matéria da editoria de Comportamento, por exemplo,

fala de um assunto ‘batido’ de forma superficial e previsível. A entrevista com o desenhista Luigi Pedoni é cheia de res-postas clichês. Já na entrevista com Gustavo Borges, a repórter compra os argumentos do en-trevistado (como assim o Pan foi “um belo exemplo de organi-zação e estrutura”?). Além disso, algumas matérias pecaram pela falta de diversidade de fontes.

O repórter não pode simples-mente transcrever as falas dos entrevistados, os dados oficiais e de pesquisas. “A distância que

existe entre a realidade objetiva e a representação dessa realida-de é percorrida pelo esforço de interpretação”, afirma a jornalis-ta Cremilda Medina. É preciso interpretar (não meramente opinar) para que o relato sobre essa realidade seja o mais próxi-mo desta. A interpretação passa pelo questionamento e faltou nesse Campus um espírito mais inquieto nos editores e repórte-res para fazerem esse exercício.

O medo de abrir a caixa de PandoraAna Rita Cunha, estudante do 7° semestre de Jornalismo

* Ombudskvinna, feminino de ombuds-man. Na imprensa, é a pessoa que anali-sa o jornal do ponto de vista do leitor

H á alguns dias, um jornal de grande circulação noticiou que o combate ao racismo no Brasil tem sido um desafio para

a população negra. Mas questiono se o combate à discrimina-ção racial seria uma questão exclusiva dos negros, ou seria uma questão inacabada do conjunto da sociedade brasileira.

Sabemos que a escravidão no Brasil deixou marcas profun-das na sociedade. Os negros chegaram sob condições bastante precárias. Muitos morreram no caminho. Vários morreram pe-los maus-tratos. Desde a abolição formal, em 1888, o trabalho forçado se transformou em trabalho precário, e os maus-tratos, em constrangimentos. Hoje, apesar das políticas de combate à pobreza, a maioria dos trabalhadores do mercado informal é pardos ou negros.

A sociedade brasileira tem reagido às desigualdades sociais e raciais. O reconhecimento do racismo como crime inafiançável e imprescritível na Constituição, os tratados internacionais so-bre direitos humanos e a criação de uma Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial são exemplos de respostas ins-titucionais de um país que reconhece sua dívida com a maioria da população. Por outro lado, cabe a nós o desafio constante de combater a discriminação racial em uma sociedade com heran-ça escravocrata.

A integração racial no Brasil depende do fortalecimento da opinião pública sobre a garantia do direito à diversidade. Ins-titutos educativos - como mídia, família, igreja, e movimentos populares - podem multiplicar a luta contra as formas de discri-minação. Os debates sobre as melhores práticas de integração racial - as ações afirmativas, os incentivos de mercado, a titu-lação das terras remanescentes de comunidades quilombolas - servem para consolidar uma opinião pública consciente do seu papel transformador.

Os movimentos negros organizados têm sido forças motri-zes de conquistas para a população negra. Mas a ampliação dos debates sobre o racismo e sobre direitos humanos nos mais di-versos setores da sociedade reflete a relevância e a urgência da resolução dessa questão. Daí, então, que o desafio da abolição inacabada tem sido uma luta coletiva da sociedade brasileira.

Cursos da UnB são aprovados

A edição nº 02 do Campus, publicada em março de 1971, comemora-va a aprovação dos cursos da graduação da UnB pelo Conselho Federal de Educação. A reformulação de toda a estrutura didático-científica da Universidade em 1970, com a implantação do atual sistema de cré-ditos exigiu que os novos currículos passassem por uma avaliação. Foi com entusiasmo que foi recebida a aceitação do novo sistema, reflexo do chamado “espírito altamente inovador da universidade”.

EDIÇÃO 335 – JORNAL CAMPUS

HÁ QUASE 40 ANOS

Leia o Campus Online www.fac.unb.br/campusonline!

ILUSTRAÇÃO:

O Senado volta a dis-cutir a redução da maioridade penal e

a grande questão é se a ida-de mínima para penalização deve baixar para 16 anos. O fato é que aquele que não en-tende nem conhece as regras ou leis não pode ser julgado da mesma forma que o indi-víduo plenamente conscien-te das consequências de seus atos. Ressalte-se aí a expres-são “plenamente consciente”.

É bem possível, e, em mui-tos casos, comprovado que adolescentes com até 17 anos reconhecem direitos e deve-res, mas, sendo ainda depen-dentes em termos civis, não podem ser obrigados a ter “pleno” conhecimento da lei.

É comum usar o argumen-to de uma juventude cada vez mais precoce e, por isso, mais “responsável”, ao se defender a redução da maioridade penal.

No entanto, reduzir a idade mínima é determinar o desa-parecimento gradual do direi-to a uma transição verdadeira da infância à vida adulta.

Mecanismos legais que resguardam a adolescência já existem, só não têm sido aplicados corretamente: a Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente, as Diretrizes para Prevenção da Delinquência Juvenil e o Es-tatuto da Criança e do Ado-lescente.

Decidir por uma mudança da maioridade é uma estraté-gia de fuga da responsabilida-de do governo de garantir um sistema eficiente de recupera-ção e reintegração dos jovens detidos. É preciso trabalhar para assegurar que os ado-lescentes respondam por seus erros e tenham um acompa-nhamento que lhes dê maio-res perspectivas no futuro.

Participe também do Campus, escreva a sua cartaEnvie críticas e sugestões para [email protected]!

ILUSTRAÇÃO: RAFAEL BENJAMIN

ILUSTRAÇÃO: PAULO GARCIA

Page 3: Nem STF respeita vagas preferenciais na UnB

3Por Aqui((

Veículos oficiais usados pelo ministro Gilmar Mendes ocupam espaço reservado a portadores de necessidades especiais em estacionamento da UnB

Nova equipe do DCE promete fiscalização

A chapa “Pra Fazer dife-rente”, que na semana passada venceu as elei-

ções para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) Ho-nestino Guimarães, se com-prometeu a vigiar a qualidade do ensino na Universidade de Brasília. “A UnB passa agora por um momento de expansão e, mais do que nunca, o DCE tem que fiscalizar”, disse Raul Cardoso, um dos integran-tes do grupo que conquistou 1.877 votos, 40% do total.

A chapa 1, “Apenas come-çamos”, candidata à reelei-ção, foi a segunda colocada, com 1.366 votos. A chapa 2 ficou em terceiro lugar, com 1.047 votos - 22,5% do total. A número 4 conquistou 689 votos, e a 5, 151 votos. Dos mais de 30 mil estudantes, 4,6 mil alunos foram às urnas.

A participação não foi gran-de, mas houve 900 votantes a mais que no pleito anterior, realizado em 2007. Desde a última eleição, 1,6 mil novos alunos ingressaram na Uni-versidade. No ano passado, por causa do episódio de tro-ca do reitor, a escolha para o DCE foi adiada.

Os candidatos tiveram três semanas para conquistar os eleitores. De 13 de abril a 4 de maio, panfletaram, confeccio-naram cartazes, criaram blogs e debateram suas propostas. Juntos, líderes de cada chapa reuniram-se com alunos dos quatro campi para discutir assuntos como a implantação do Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e as condi-ções de atendimento do Hos-pital Universitário (HUB).

A queda do ex-reitor Ti-mothy Mulholland estava nas mesas de todos os debates. 4.653 ESTUDANTES COMPARECERAM ÀS URNAS NOS TRÊS CAMPI DA UNB

FABIANO BOMFIM Nos encontros, havia o con-senso de que a ocupação foi uma realização de todos os estudantes, apesar de somente a chapa 1 ter divulgado o feito em seu material de campanha. A vinculação partidária tam-bém era agulha de ouro nos debates. Sempre que tinha oportunidade, a chapa 5 alfi-netava os adversários citando os partidos aos quais eram filiados. A intenção de criar um tabu com essa questão era refutada pelas outras chapas. “Entendemos a filiação parti-dária de estudantes como uma conquista da redemocratiza-ção”, disse Lorena Fernandes, que concorreu à coordenação-geral pela chapa 1.

Cada chapa foi obrigada a entregar à Comissão Elei-toral um balanço dos gastos de campanha. O limite de re-cursos a serem usados era de cinco salários mínimos (R$ 2.325,00) por chapa. A chapa

3 foi a única que divulgou o balanço na internet durante a campanha. A votação foi realizada nos dias 05 e 06 de maio. Ao todo, 20 urnas foram distribuídas em pontos estratégicos dos três campi da UnB. Enquan-to o pleito corria, um grupo panfletava contra a “mesmice das eleições”.

O folheto “manifesto do boi” sugeriu aos estudantes que anulassem o voto e de-senhassem um boi na cédula eleitoral, em protesto con-tra “os mesmos grupos e as mesmas práticas” nas elei-ções do DCE. A campanha não foi um sucesso. Houve apenas 139 votos brancos e nulos. A apuração começou na noite do dia 6 e terminou no começo da manhã do dia seguinte. Muitos universi-tários passaram a madru-gada acompanhando o es-es-crutínio, e alguns chegaram

a dormir sobre mesas.Cinco chapas concorreram

às eleições deste ano - uma a mais do que nas últimas eleições. Elas foram numera-das de acordo com a ordem de inscrição:

1) “Apenas Começamos”2)“Unidade na Diversidade”3) “Pra Fazer Diferente”4) “Aliança Pela Liberdade”

5)“Oposição à Burocracia Estudantil”.

Quatro entraram na dis-puta simultânea pelo DCE e para as representações discentes, enquanto uma, a chapa 4, dedicou-se apenas à conquista das 48 vagas para titulares e suplentes em três conselhos da Universidade.

FOTO: PEDRO DUPRAT

Carros do STF usam vaga especial

Veículos do Supre-mo Tribunal Federal (STF) que conduzem

o ministro Gilmar Mendes, presidente da corte, para dar aulas na Universidade de Bra-sília usam vagas destinadas a pessoas com necessidades es-peciais. A apuração do Cam-pus, feita entre os dias 8 de abril e 4 de maio, constatou que tanto o carro utilizado pelos seguranças do magis-trado quanto o que transporta Mendes estacionam em vagas preferenciais.

Gilmar Mendes leciona neste semestre a disciplina Direito Constitucional II, se-gunda e quarta-feira, das 10h às 11h50h, na sala AT 05/06 da Faculdade de Estudos Sociais Aplicados (FA). Nas últimas semanas, por com-promissos do tribunal, Gil-

mar Mendes não deu aulas em alguns dos dias previstos. No dia 8 de abril, o Omega preto da segurança do presi-dente do STF encontrava-se atravessado em uma vaga para portadores de deficiência. O outro Omega preto, usado por Mendes, estava fora das vagas preferenciais, mas em um lo-cal proibido para estaciona-mento. No dia 22 de abril, os dois veículos ocupavam as va-gas preferenciais. Estudantes disseram que esse desrespeito do STF às vagas especiais é recorrente.

Nos dias em que foram ve-rificadas as infrações, os mo-toristas encontravam-se den-tro dos veículos, conversando tranquilamente. Questionada pelo Campus, a Assessoria de Comunicação do STF deu duas respostas. No primeiro contato, disse, informalmen-te, que como os motoristas se encontravam dentro do carro,

sairiam assim que um porta-dor de necessidades especiais reivindicasse a vaga. Para um aluno cadeirante da UnB, que não quis se identificar por te-mer represálias, o fato de os condutores permanecerem no carro facilita. Porém, ele lem-bra que, quando está sozinho no veículo, é difícil alertar os infratores, pois precisaria bu-zinar ou descer do carro, o que seria um incômodo grande.

A resposta oficial do STF foi dada mais tarde em nota enviada por e-mail ao Cam-pus. A assessoria de Comu-nicação afirmou que a infor-mação causou “indignação” ao presidente no STF. Con-forme a nota, Gilmar Mendes disse que “ninguém está auto-rizado a delinquir em nome ou a serviço do Tribunal”. O STF acrescentou que, por de-terminação do ministro, foi instaurado um procedimento administrativo para apuração das responsabilidades e pu-nição dos envolvidos. Neste caso, de acordo com a Secre-taria de Segurança do STF, os motoristas, que são orienta-dos a respeitar rigorosamente as normas de trânsito, arcam com as despesas se levarem multa. Quem é flagrado es-tacionado de forma irregular em vaga preferencial, além de levar três pontos na carteira, também recebe uma multa de R$ 53,21 e o veículo é re-tirado do local. A infração é considerada leve.

O estudante portador de deficiência afirma que o des-respeito às vagas preferenciais ocorre porque a fiscalização

por parte da UnB é falha. De acordo com a Diretoria de Transporte e Segurança da Universidade, o órgão não pode autuar ninguém. “Nós não temos o poder de mul-tar”, explica o segurança Car-los Nunes. “Em casos de in-fração, entramos em contato com o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar ou com o Detran.”

Até FUB ignora lei

Infelizmente o caso dos ve-ículos do STF não é o único registrado na UnB, e vários veículos foram flagrados co-metendo o mesmo tipo de infração. A maioria dos viola-dores observados pela equipe do Campus permanece no carro para esperar alguém ao estacionar na vaga preferen-cial. Foi o caso de José Carlos que, às 12h do dia 28 de abril,

foi buscar a filha na Ala Sul do ICC (Instituto Central de Ciências). “Normalmente ela sai rápido. Hoje, infelizmente, está demorando um pouqui-nho”, disse.

Minutos antes, às 11h42, um caminhão da empresa de construção civil Combrasem estava ocupando duas das três vagas para portadores de ne-cessidades especiais no esta-cionamento da Ala Norte do ICC. O funcionário Sanslei Sousa confessou que sabia da infração, mas se justificou di-zendo que a parada era rápida e não ocorria com freqüência.

No dia seguinte, a situação se repetiu na Ala Sul do ICC. Um carro do modelo Scénic estacionou às 9h na vaga prio-ritária. Desceram do veículo mãe, dois filhos pequenos e a babá. Eles só voltaram às 12h. A babá Liliane Ferreira disse

que as crianças são atendidas no Departamento de Psico-logia e a mãe deles sempre estaciona na vaga prioritária. “Ela tem dois (filhos) e não pode estacionar muito longe”, explicou Liliane.

Nem mesmo funcionários da Fundação Universidade de Brasília (FUB) respeitam as vagas prioritárias. Em menos de duas horas, também no dia 29, dois carros da funda-ção estacionaram na única vaga preferencial que existe na Faculdade de Educação (FE). Raimundo Silva Viana, funcionário da FUB, deixou o carro estacionado apenas por alguns minutos. “Foi numa rapidez tão rápida”, disse Viana, garantindo ser contra o desrespeito às áreas reser-vadas para portadores de de-ficiência. “Eu sei que eu errei, mas não tinha vaga.”

ELEIÇÕES

ATÉ MESMO FUNCIONÁRIOS DA FUB ESTACIONAM IRREGULARMENTE

FOTO: CAMILLA MACHUY

22 DE ABRIL - CARROS QUE FAZEM O TRANSPORTE DO MINISTRO GILMAR MENDES OCUPAM VAGAS ESPECIAIS

FOTO: CAMILLA MACHUY

sAchA BrAsIlMArIA scOdeler

Page 4: Nem STF respeita vagas preferenciais na UnB

“é um caminho mais fácil para o sucesso temporário”, diz chiquinho (em pé a direita)

tributo à Velha Guarda

Jorge Ben Jor com ar-ranjos latinos, Chico Buarque para dançar e

Roberto Carlos cativando o público adolescente. O que soa incomum para esses artis-tas vira realidade nas releituras de bandas atuais que prestam homenagem a músicos consa-grados em outra geração.

Em Brasília, a banda Salve Jorge toca sucessos de Jorge Ben Jor. Entre Pernambuco e as casas noturnas da Lapa, Seu Chico leva o som de Chico Buarque para a noite. A tam-bém pernambucana Del Rey toca as músicas românticas de Roberto Carlos para avós, fi-lhos e netos nas suas apresen-tações em Recife e São Paulo.

Mesmo cantando músicas de outros artistas, essas ban-das têm público, identidade e sonoridade próprios. Arranjos diferenciados, interpretações únicas e estrofes que mudam de lugar dão inventividade à reprodução. O que poderia ser mais uma banda cover vai além da imitação para se tor-nar “banda tributo’’.

Prova dessa diferença é o público que lota seus shows: os jovens. “Agradar a juven-tude com sucessos de antigas gerações é uma característica nossa. São os arranjos, postura e atitude no palco que chamam os mais jovens”, explica Tibério Azul, vocalista da Seu Chico.

Na performance da banda, as músicas adquirem sonori-dade inesperada. A interpre-tação de Tibério dá um ar

4 Cultura ))

Bandas vão além do cover e dão nova roupagem a sucessos de artistas da MPB como Jorge Ben Jor e Chico Buarque

sombrio a João e Maria. Seu irmão, Vítor Araújo, faz lon-gos solos de piano. Em alguns momentos, as canções de Chi-co Buarque, conhecidas pelas letras de conteúdo sentimen-tal ou político, se transformam simplesmente em música para dançar. Ou para sambar. Ao final, a banda costuma tocar Jorge Maravilha, cujo refrão, “Você não gosta de mim/ Mas sua filha gosta”, sintetiza o es-pírito jovial da banda.

Formado por quatro in-tegrantes entre 18 e 28 anos, o grupo veio de uma banda autoral, a Mula manca & a fabulosa figura. Os músicos ti-nham dois CDs gravados, mas

naiara leão

Indique!Por Pedro Duprat

A Cor da Romã (URSS, 1968)Considerado uma obra-prima tanto por Fellini quanto por Godard, o filme de Sergei Parajanov conta a biografia do poeta armênio Sayat Nova. A Cor da Romã fala sobre os eventos com a poesia, mas trechos de poemas são rara-mente escutados.

filme

Confira a a agenda cultural diariamente no site: fac.unb.br/campus2009@

seu toque roqueiro nas mú-sicas românticas de Roberto Carlos desde 2006. O tecla-dista Chiquinho Moreira diz que a intenção não é imitar o Rei. “A coisa toda acaba so-ando mais como uma releitu-ra, preservando o sentimento principal da música”, explica. Os músicos da Del Rey têm uma banda autoral, a Mom-bojó, e o vocalista, China, tem carreira solo.

mercado do somA gravadora Trama tem em

seu elenco diversos artistas da cena alternativa. Seu presi-dente, João Marcelo Boscôlli, não conhece bandas que fa-

a agenda de shows nunca es-tava cheia. Começaram, então, com um projeto paralelo que apresentava músicas de artis-tas já conhecidos do público. Há três anos, levaram can-ções de Chico Buarque para o palco. O sucesso foi tanto que o evento virou banda, a Seu Chico. Entre março e abril deste ano, eles passaram 30 dias em turnê pelo Rio de Janeiro e São Paulo, gravaram um DVD e receberam a ben-ção de Chico Buarque.

“Ele nos convidou para jo-gar uma partida de futebol contra o seu time, o Politea-ma. Disse que já ouviu bons comentários sobre o nosso trabalho e gostaria de assistir a nossos shows. Nós ficamos até meio bobos, monossilábicos”, conta Tibério. O encontro está registrado no DVD, que será lançado em agosto. No dia 27 de junho, a Seu Chico vem a Brasília para um segun-do show na cidade. Estarão acompanhados da Salve Jorge, banda brasiliense que trilha o caminho inverso porque par-te do sucesso com o tributo a Jorge Ben para emplacar um trabalho autoral.

Criada há quatro anos, a Salve Jorge também surgiu

como um evento. O produtor musical Leo Goulart convi-dou alguns músicos e orga-nizou uma festa de tributo a Jorge Ben. Deu certo e virou banda que por um ano animou as noites de Brasília.

O projeto terminou, mas o grupo continua. Os músicos querem diminuir o ritmo de apresentações da Salve Jorge para investir em composições próprias. “É muito fácil fazer sucesso com a Salve Jorge por-que o que tocamos já é sucesso e todo mundo conhece”, afirma o vocalista Leo Goulart. “So-mos bem sucedidos, mas isso é ouro de tolo, dá dinheiro, mas não dá satisfação”. Ele ain-da diz que, mesmo com toda a popularidade de Jorge Ben, “tem gente que vem perguntar por um CD com as músicas, achando que são composições nossas”.

No repertório da Salve Jor-ge estão músicas da primeira fase da carreira de Jorge Ben, de 1963 a 1976. Taj Mahal, Que pena e Balança Pema nun-ca faltam. O toque pessoal fica na força da bateria e da per-cussão, nas letras de músicas que se misturam e no ritmo latino que algumas ganham.

Por sua vez, a Del Rey dá

zem somente releituras. “Já vi muitos tributos, mas bandas que fazem apenas reinterpre-tações é algo novo pra mim”. No entanto, ele não descarta a possibilidade desses grupos alcançarem o mercado fono-gráfico. “O sucesso é algo im-previsível. Se as novas versões emocionarem as pessoas... Por que não?”

Os integrantes da Seu Chi-co acreditam que as gravadoras estão abertas a esse modelo de banda. Eles acabaram de gra-var um DVD independente. Para o diretor da gravadora e produtora musical brasiliense GRV, Gustavo Vasconcellos, a Seu Chico acertou na escolha do formato DVD, e não do CD, para lançar seu trabalho. “O DVD vende três coisas. A primeira é o momento, o clima da banda, a segunda são suas imagens e a terceira, as músi-cas”. Ele afirma ainda que esse formato de banda é “um en-tretenimento musical temático e por tempo limitado”.

Chiquinho Moreira, da Del Rey, concorda. “Certamente o mercado fonográfico está aberto para esse tipo de banda, mas esse é um caminho mais fácil pra um sucesso temporá-rio”. O grupo procura investir nas composições próprias, que são “um caminho mais longo, mas que vale mais a pena”.

Os músicos da Salve Jorge também não pensam em gra-var. “Pra que gravar se o Jorge Ben já fez isso muito bem?”, questiona o baixista Bruno Aguiar. Tino Freitas, produtor musical. reforça. “É a forma mais fácil de atrair público.”

Cinzas do Norte(Milton Hatoun, 2005) A história de um artista pelos olhos de um amigo. Ambien-tado no norte do Brasil, Cin-zas do Norte é uma narrativa em primeira e terceira pes-soas ao mesmo tempo. Uma história amarga e ao mesmo tempo madura de repressão familiar.

livroTristeza On Guitar (Baden Powell, 1966)Considerado por muitos o ponto alto da carreira de Baden Powell, o disco mistura jazz, samba e cânticos rituais de religiões afrobrasileiras. Além de canções originais, há parcerias com grandes nomes como Vinícius de Morais.

álbum

banda salVe jorGe em show em casa noturna da capital. após reconhecimento, o Grupo pretende inVestir em trabalho autoral

repercussÃo do trabalho da seu chico leVou a encontro com chico buarque

FOTO : IZABELLA MIRANDA

FOTO: DIVULGAÇÃO BANDA DEL REY FOTO: DIVULGAÇÃO SEU CHICO

Page 5: Nem STF respeita vagas preferenciais na UnB

O BANHEIRO SECO ECONOMIZA ÁGUA E OS DEJETOS SERVEM COMO ADUBO

FOTO: IZABELLA MIRANDA

Em tempos de degrada-ção ambiental crescente, cada vez mais brasilien-

ses abraçam a permacultura, prática que abrange técnicas como uso de placas solares, reaproveitamento de água e utilização de barro em pare-des na criação de residências autossustentáveis. O Instituto de Permacultura, Ecovilas e Meio Ambiente (Ipoema) do Distrito Federal prepara a cria-ção de um parque baseado na permacultura, cursos das téc-nicas atraem mais alunos e a Universidade de Brasília criou uma nova disciplina para ensi-nar noções da prática.

O projeto do Ipoema, or-çado em R$ 200 mil, envolve também o Instituto Brasília Ambiental e a Secretaria de Ciência e Tecnologia para a

5Ciência e Tecnologia((

Cinema e televisão apostam em tecnologia 3D

A prática da permacultura está em ascensão no DF e mostra que é possível viver sob teto de grama, usar serragem como descarga no banheiro e beber água da chuva

bÁRbARA lopesGlÁUCIA CHAVes

Existem cerca de 30 sa-las de cinema equipa-das com formato 3D

em todo país, entre elas, três foram inauguradas em Brasília no mês passado. Além disso, estão sendo preparadas para o lançamento televisões que permitirão assistir, em casa, a filmes 3D, até sem os famosos óculos. O público se divide entre os que elogiam e aqueles que relatam mal-estar.

No cinema, as telas tradi-cionais e os óculos com duas lentes, uma azul e outra ver-melha, foram substituídos. Agora as telas são prateadas, chamadas de Silver Screen, e os óculos, especiais. A tecno-logia não é nova. Experiências com o cinema 3D começaram a ser feitas a partir dos anos 50, como explica o professor de Audiovisual da UnB David

Pennington. Porém, segundo o professor, o custo de produção era muito elevado, por isso a técnica não se tornou comer-cialmente viável. Além disso, a tecnologia produzida na época não agradava a todos. “Havia relatos de fadiga visual, dores de cabeça, náuseas e até vômi-tos”, explica Pennington.

O novo 3D chega a Brasí-lia fazendo sucesso, apesar do custo elevado dos ingressos (R$ 24 a inteira). Contudo, ainda há quem não se sinta tão confortável durante o filme. “Foi divertido no começo, mas em vários momentos me senti meio enjoada”, conta a fisio-terapeuta Regina Soares. Já os irmãos Matheus, 11 anos, e Gabriela Araújo, 9, saíram ani-madíssimos após a exibição do filme 3D Mostros x Alieníge-nas. “Podia só ter filmes assim”, avalia Matheus. “Parece que as coisas ficam bem pertinho da gente”, conta Gabriela.

Inclusão Social, do Ministério de Ciência e Tecnologia, e será colocado em prática com a re-vitalização do Parque da Asa Sul, o Pasul. Da parceria sairá um projeto para um centro de convivência numa área de 20 hectares, que fica no final da Asa Sul, entre o Instituto de Ensino Superior de Brasília (Iesb) e o Colégio Marista. A área está abandonada e cheia de lixo, sem utilidade. “Esse plano de manejo é um estudo da área que integra os interes-ses da comunidade e a con-servação do meio ambiente”, explica Eduardo Lira Rocha, diretor do Ipoema. “Não é só uma pesquisa, é toda uma ar-ticulação com as lideranças da comunidade e do governo.”

O projeto prevê cursos de capacitação e implantação de tecnologias sustentáveis. “É um reconhecimento que a sociedade está dando para a importância da permacultura

para o meio ambiente”, afirma a coordenadora de cursos do instituto, Julia Costa. O Ipoe-ma dá aulas para produtores rurais, chacareiros e estudan-tes. “São pessoas interessadas em entrar em harmonia com o planeta em que vivem”, co-menta Julia. Ela assiste ao au-mento da procura pelos cursos tanto por brasilienses quanto por pessoas de outros estados e até estrangeiros.

OrigemA permacultura, criada em

1974 no Canadá, passou a ser divulgada no Brasil apenas em 1998, quando o Ministério da Agricultura lançou o antigo Projeto Novas Fronteiras da Cooperação. O projeto cresceu e se tornou uma organização não-governamental chamada Instituto Novas Fronteiras da Cooperação. Tomou outra forma por conta da maior destruição do meio ambiente nos últimos anos. Conforme o coordenador da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Ministério do Meio Am-biente, Carlos Alberto San-tos, a difusão da permacultura é muito importante para a ampliação de práticas sus-tentáveis no Brasil. “Com a cresceste degradação ambien-tal, o incentivo a essa cultura foi mais intensificado, a fim de gerar nas pessoas a conscien-tização de que devem preser-var os ecossistemas naturais”, explica Santos.

Cláudio Jacintho, enge-nheiro florestal e mestre em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília,

é pioneiro na realização das técnicas de permacultura na capital. O professor foi um dos fundadores do Ipoema e parceiro da UnB para a cria-ção da disciplina Introdução à Permacultura, que é oferecida desde o primeiro semestre de 2008 pelo Departamento de Engenharia Florestal. Jacintho foi o primeiro aluno da Uni-versidade a fazer um projeto de graduação sobre o tema e hoje ministra a disciplina. Os alunos têm uma introdução sobre o assunto e conhecem os princípios norteadores da téc-nica permacultural, que abran-ge o planejamento de ambi-entes humanos sustentáveis, noções de ecologia, produção alimentar e construção de moradias. “(Permacultura) é o desenvolvimento de técnicas de atuação humana que con-servem a vida no planeta, res-

peitando todos os elementos desse sistema”, ele define.

Usar banheiro sem des-carga, morar em casa de barro com grama no telhado, plan-tar e colher seu próprio ali-mento, construir filtros para reaproveitar a água da chuva. Se, em um primeiro momento, a permacultura parece distante da realidade da cidade grande, alguns cursos oferecidos a qualquer interessado em co-nhecer mais sobre o método provam que colocar essas téc-nicas na prática e inseri-las no dia-a-dia pode ser mais fácil do que se imagina. Julia Costa, coordenadora do Ipoema, ex-plica que o melhor caminho para quem quer aprender os princípios básicos da per-macultura é começar pelo cur-so de design. Com 80 horas, a proposta é fazer com que os alunos vivenciem a permacul-

tura na pele. “No começo, era mais procurado por estudantes da área ambiental, mas já vi-eram arquitetos, pedagogos e jornalistas”, conta Júlia.

O primeiro centro de per-macultura do DF foi a cháca-ra Asa Branca. Em atividade desde 2000, recebe mais de 150 visitantes por mês e é com-posta por três casas, também chamadas de bioconstruções, por serem feitas de recursos que causam pouco impacto. Entre os materiais usados es-tão o barro, a madeira retirada das árvores da própria chácara e o bambu. O banheiro, seco, utiliza serragens como des-carga. Os dejetos humanos e as serragens, depois de aque-cidos, tornam-se subproduto orgânico que é utilizado como adubo nas plantações da chá-cara. Da água utilizada, 70% é proveniente da chuva.

FeRnAndA neVes

TEcnOlOgia

De 17 a 23 de abril, ocor-reu em Las Vegas a NAB Show 2009, a maior feira de radiodifusão do mundo. O destaque da feira foi o cinema digital em três dimensões. Só para este ano estão previstos dez lançamentos de filmes 3D no Brasil. A grande novi-dade da feira foi a TV em alta definição 3D.

A Samsung lançou recente-mente um televisor 3D que é visto com óculos, já a Phillips está desenvolvendo um que é visto sem os óculos. “Eu vi um protótipo desse televisor no Campus Party em janeiro e eu realmente fiquei deslum-brado, mas o custo também é extraordinário, chega a cerca de 20 mil euros”, diz David Pennington.

como funciona o 3DNós vemos o mundo em

três dimensões porque temos uma visão chamada estereos-

cópica, ou seja, cada olho pro-duz uma imagem ligeiramente diferente da outra e o cérebro capta essas imagens e con-segue avaliar o que está mais perto e mais longe. Em 1881, em cima desse conceito, ima-gens em 3D foram produzidas a partir de duas fotografias tiradas por duas máquinas fotográficas separadas pela mesma distância dos olhos dos observadores, a chamada distância interpupilar.

O professor Pennington explica que para se fazer um filme em 3D são necessárias duas câmeras idênticas ali-nhadas criteriosamente. “É um sistema complexo que exi-ge mecânica de alta precisão”, afirma. Durante a projeção, uma imagem fica por cima da outra, mas os óculos permitem ver certas imagens e não per-mitem ver outras e vice-versa.

Já no caso da TV 3D que não necessita de óculos, o

monitor tem tela de LCD e ganha uma película especial com microprismas. No jogo de luzes, o espectador tem a impressão de tridimensionali-

Na casa do Capitão PLANETA

FOTO: IZABELLA MIRANDA

dade. A ideia é formar na tela duas imagens diferentes, que são combinadas pelo cérebro para montar uma figura em três dimensões.

CASAS COM TELHADO ORGÂNICO MANTêM O CONFORTO TÉRMICO E SÃO BOAS PARA FAZER UMA HORTA

Page 6: Nem STF respeita vagas preferenciais na UnB

Falta de cuidado de agricultores com pequenos aFluentes é responsável por grande parte dos problemas da bacia do rio paracatu

6 Especial ))

uma nova vida ao velho chicoTchérena Guimarães

A quase 240 km de Brasília, estudantes e professores universitários plantam árvores do Cerrado para recuperar as margens de nascentes do Rio Paracatu, importante afluente do São Francisco

“Nas entranhas da Canastra nasce um grande aven-

tureiro”, escreveu o poeta Laíl-ton Araújo. Com 2.800 quilô-metros de extensão, o Rio São Francisco se aventura entre di-versos biomas. Brota do alto da Serra da Canastra, no Cerrado, atravessa a aridez da Caatinga com um sacrifício reconhecí-vel, passeia com a ostentação de quem sabe do seu valor pela Mata Atlântica até, por fim, desaguar aliviado no Oceano Atlântico.

Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Alagoas e até mesmo Goiás e Distrito Fede-ral são contemplados com essa natural beleza. A Bacia do Rio São Francisco tem uma relação íntima com as pessoas que vi-vem ao seu redor, e vice-versa. Uma das cidades priveligiadas é a mineira Paracatu. Lá, alu-nos e professores universitários usam árvores do Cerrado para recuperar parte dessa beleza.

O rio leva desenvolvimento social e econômico para to-dos esses estados. A ocupação agrícola a partir da década de 70, combinada com a pecuária extensiva, a urbanização, o uso de agrotóxicos e a mineração compulsiva fez o Velho Chico temer o próprio futuro.

Sabendo da fragilidade que o rio vem enfrentando, o Mi-nistério do Meio Ambiente (MMA) lançou em 2001 um projeto para a Revitalização da Bacia dividido em algumas linhas de atuação. Uma delas é a da Proteção e Uso Susten-tável dos Recursos Naturais. Para isso, o MMA convidou, em 2007, três universidades para se juntar ao trabalho: a Universidade de Brasília, a Universidade Federal de La-vras (UFLA) e a Universi-dade Federal do Vale do São Francisco (Unifasf ). À UnB coube contribuir na criação de modelos de recuperação da biodiversidade de afluentes do Rio São Francisco no Cerrado mineiro, com o plantio de ár-vores nativas nas margens dos córregos.

as nascentesA UnB, por meio do Cen-

tro de Referência em Recu-peração de Áreas Degradadas (Crad), em parceria com o Instituto Estadual de Floresta de Minas Gerais (IEF), está trabalhando na revitaliza-ção dos afluentes do Rio São Francisco nas cidades de Ja-nuária e Paracatu. É nesta ci-dadezinha, com 83.000 habi-tantes no noroeste de Minas, que está um dos 11 principais afluentes do Rio São Francis-co: o Rio Paracatu.

Apesar de as margens desse

rio não estarem completamen-te degradadas, as pequenas nascentes clamam por revita-lização. Para alguns desavisa-dos, esses ribeirões de Para-catu são apenas córregos com pouco volume e importância. Mal sabem eles que esses bre-jos, nascidos em sua maioria no Cerrado, são os maiores responsáveis pelo abasteci-mento de água do Rio Para-catu e, assim, do rio-maior: o São Francisco.

Quando se degrada as mar-gens de pequenas nascentes, os prejuízos são grandes. Nei-valdo Monteiro, 55, gerente do núcleo de Paracatu do IEF, diz que existe uma grande in-terrelação da parte terrestre com a hídrica. Assim, o des-matamento nas margens dos afluentes pode levar à erosão, provocando a formação de bancos de areia e poluição da água. “Por isso o Rio São Francisco não é mais tão na-vegável como antes”, afirma Monteiro. Com a poluição, a fauna aquática diminui e o ri-beirinho não consegue pescar. A água chega mais cara à casa da população, já que precisa de um tratamento mais rigoroso.

Devido às mudanças am-bientais, algumas pessoas são forçadas a trocar de atividade. Edmar Haine, 32, seguiu por dez anos os passos do pai, que vive há quatro décadas da pes-ca, mas percebeu que trabalhar na extração de areia era mais se-guro. Haine recorda que certa vez uma empresa deixou vene-no cair no rio. “Era um monte de peixe morto rodando”, lem-bra. Com a autoridade de quem conhece a vida ribeirinha, faz fi-losofia: “Pescar é muito incerto. É uma aventura”.

O Projeto de revitalização do Velho Chico, desenvolvido pela UnB, é multidisciplinar. São várias áreas de conhecimento, como Engenharia Florestal, Engenharia Civil e Ecologia; dez professores e 12 alunos envolvidos. Segundo Jeani-ne Maria Felfili, a engenheira florestal e coordenadora do projeto, o reflorestamento com plantas nativas do Cerrado não tem apenas importância ecoló-gica, mas também socioeconô-mica. “Servem para o alimento e para a renda”, ressalta.

teoria e prática O projeto se divide em duas

vertentes. Uma destina-se a treinar a comunidade (produ-tores e interessados no assun-to) por meio de oficinas sobre técnicas de plantio, diversida-de de plantas do Cerrado e a melhor maneira de utilizá-las no desenvolvimento socioeco-nômico. A outra faz o replan-tio de espécies nativas em áreas que foram degradadas e a ma-nutenção dessas plantações.

O Instituto de Floresta cadastra pequenos e grandes produtores interessados em recuperar suas áreas. De acor-do com Neivaldo Monteiro, pequenos produtores procu-ram ajuda principalmente porque as mudas são muito caras e porque não possuem conhecimento de como fazer o plantio e a manutenção. O projeto superou a meta de 20 hectares plantados no período de um ano, pois já são quase 40. Jeanine diz que todos estão contentes com os resultados, já que a vegetação está con-seguindo se desenvolver. “Es-tamos trabalhando com uma situação inóspita de solo, para isso estamos usando plantas

do Cerrado mais adaptadas”, comemora. A coordenadora explica que no passado hou-ve tentativas de reflorestar a região com plantas exóticas, como gramíneas e eucaliptos, mas isso não deu muito certo.

beneficiados Silvio Vieira é dono da área

que tem um dos mais impor-tantes afluentes do Paracatu, o Santa Isabel. É um córrego pequeno, mas nem o seu ta-manho consegue esconder sua significância. Ao fazer um pas-to em sua propriedade, Vieira deixou o gado pastar até as margens do córrego. Então, o ribeirão começou a sofrer com o assoreamento e o volume de água diminuiu. Animais fo-ram se afastando do “corredor ecológico” e o Velho Chico, lá na frente, foi sentindo as dores que um dos seus tantos filhos também sentia. O agricultor pediu ajuda para o IEF e há um ano foram plantadas três mil mudas nas margens do Santa Isabel. O córrego está voltando ao volume normal. Dizem por lá que pássaros, lobo-guará e até onça já estão voltando a dar o ar da graça.

Do outro lado da cidade, mora o pequeno produtor Udeir Alvez, 50. Pequeno porque possui apenas dez hectares de terra. Reside em uma fazendinha simples e anda de carroça quando quer checar se está tudo em or-dem dentro dos limites de sua fronteira. Ele tem umas vacas, que lhe garantem a renda. Da vaca ele tira o leite e sai pela cidade de Paracatu para vender. No seu quintal também há um córrego: é o Ribeirão São Domingos. As vacas e Alvez precisam do córrego para continuar man-tendo sua família. “Tempos destes o córrego começou a secar, aí pedi ajuda”, relata Udeir Alvez. “É esse o tipo de gente que nós temos mais prazer de ajudar”, diz Wgle-vison Alegres , engenheiro florestal do centro de refe-rência da UnB, com uma voz satisfeita.

É visível que as margens próximas do ribeirão estão degradadas. Alegres explica que, devido à falta de co-nhecimento, Alvez plantou sem fazer curvas de nível em seu terreno declinado, o que fez os detritos serem levados para o córrego. Por falta de instrução, o produtor esta-va perdendo a sua renda e o Brasil estava perdendo um pouquinho do seu Nilo. De-pois de 450 mudas plantadas, Udeir Alvez diz que está cui-dando do córrego direitinho. “Às vezes não serve para mim, mas pode servir pros meus fi-lhos, pros meus netos”.

FOTO: Tchérena Guimarães

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7Esporte e Saúde((

Após reforma de R$ 10 milhões, o Nilson Nelson tem 25 eventos previstos para este ano, dos quais só quatro são esportivos. Segundo especialista, falta planejamento para atrair competições

Pacientes se descuidam do HIV95% é o percentual necessário de adesão à terapia. “A perda além de 5% faz com que o tra-tamento não seja tão bom. A carga de vírus HIV fica longe de um nível indetectável, que é o ideal. Com isso, o sistema imunológico não melhora”, diz a pesquisadora.

Segundo o estudo, apenas dez pacientes do grupo que não faz o tratamento correta-mente têm a carga viral (quan-tidade de cópias do vírus HIV existente em um mililitro de sangue) igual ou inferior a 50 cópias, nível próximo ao inde-tectável. Já no grupo dos que tomam mais de 95% dos me-dicamentos, o número aumen-ta para 72 pacientes.

Outro indicador que a pes-quisa estudou foi o número de células de defesa CD4, princi-pal alvo do HIV. Quanto mais células CD4 o paciente tiver, melhor a defesa do organismo, tornando o paciente menos suscetível a doenças oportu-nistas. O objetivo do trata-mento antirretroviral é deixar o paciente com carga CD4

acima de 350. Segundo o es-tudo, no grupo dos que têm adesão insuficiente, apenas 16 pacientes têm carga CD4 ade-quada. Entre os que têm ade-são suficiente, o número é de 52 pacientes.

Luiz Carlos Viera, 43, des-cobriu ser portador do vírus em 2000, quando ficou muito doente e resolveu fazer o tes-te do HIV. Hoje ele tem ade-são boa ao tratamento, mas já chegou a abandonar com-pletamente a terapia por dois anos. “A Aids não tem cura,

eu vou ter que tomar esses remédios para sempre, então tive que fazer as pazes comi-go mesmo e com o remédio”, afirma.

Segundo a gerente de DST/Aids do Distrito Fede-ral, Leonor Tavares, a melhor aceitação da doença faz com que o paciente consiga se tra-tar melhor. “A gente sabe que a adesão é um desafio”, diz. “Mais apoio das pessoas em volta e um serviço de saúde mais acolhedor facilitam a adesão”, completa.

AnA BeAtriz Lemos

Ginásio de esporte está sem esporte

Pesquisa realizada pela UnB sobre adesão à terapia antirretroviral

revelou que um terço dos por-tadores do vírus da Aids não fazem o tratamento de forma suficiente, tomando menos de 95% dos remédios que deve-riam. O estudo mostrou ainda que, dos 156 pesquisados, dez tinham abandonado comple-tamente a terapia.

O estudo foi feito com pa-cientes soropositivos que são atendidos pelo projeto Com-Vivência, no Hospital Univer-sitário de Brasília (HUB). O programa é uma parceria en-tre o Instituto de Psicologia e o Departamento de Serviço Social que, desde 1996, ofe-rece atendimento psicossocial a portadores do vírus HIV. A pesquisa, concluída em 2008, foi feita por meio de entrevis-tas com os 156 soropositivos analisados, que relatavam o tratamento da síndrome.

A coordenadora da pes-quisa, Eliane Seidl, diz que

SAÚDE

As explicações são diversas: crise econômica, joga-dores milionários voltando ao Brasil por saudade,

gente que não vinga no exterior. Por uma confluência astrológica de fatores, este ano temos uma quantidade de bons jogadores acima do comum nos gramados tupi-niquins. Um fenômeno que pode ser batizado de ‘efeito Ronaldo’.

Batizo esta tendência com o nome do (já nem tão) rechonchudo atacante do Corinthians porque ele foi o pioneiro de um movimento de jogadores ainda com mercado no exterior que resolveram voltar para a ter-ra natal, como Fred e Adriano. E não estamos nem na metade do ano.

Somados às jovens promessas que sempre despontam no cenário nacional e que se consolidam como craques, hoje temos a possibilidade real de ter um Campeonato Brasileiro recheado de ídolos em todos os times, algo que esteve em falta nos últimos anos. Mesmo que a per-manência desses jogadores no Brasil seja curta, é im-portante registrar essa tendência como um fenômeno de marketing, que pode gerar renda extra para os clu-bes. O torcedor sonha, e o amante do futebol agradece.

Chute do Campus

Por Bruno silva

Esporte, palpites e filosofias de boteco

Efeito Ronaldo

mArinA Bosio

Volta de bons jogadores ao Brasil é um fenômeno passageiro?

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PoRtadoR dE HIV, VIERa cHEGou a abandonaR o tRatamEnto

Revitalização das tribu-nas de honra, de im-prensa e dos banheiros,

modernização das instalações de transmissão, do piso e dos vestiários, construção de qua-dra de aquecimento e salas es-peciais para atletas. Essas fo-ram as mudanças realizadas em 58 dias de reforma do ginásio Nilson Nelson em 2008, com dispensa de lici-tação devido ao caráter ur-gente da obra, porque custou R$ 9.998.896,70 aos cofres públicos, valor atualmente sob investigação do Minis-tério Público.

A reforma foi feita para atender às exigências mínimas da Federação Internacional

de Futebol (FIFA) e sediar a Copa do Mundo de Futsal, de 30 de setembro a 19 de outu-bro de 2008. Além do valor da obra, R$ 5,5 milhões foram empenhados para pagamento do Comitê Local Organizador da competição. Desse valor, R$ 2,75 milhões foram pagos para a realização do evento, e o pagamento do restante foi cancelado após o comitê não apresentar as notas fiscais que justificassem o gasto.

Com a reforma, a expecta-tiva do governo era atrair mais competições do mesmo porte. Porém, dos cerca de 25 even-tos previstos para o ginásio em 2009, quatro são esportivos. Nas outras datas, o espaço é utilizado para shows, encon-tros de igreja ou congressos.

“Isso acontece porque o Nilson Nelson é considerado multiu-so e abriga qualquer tipo de acontecimento, seja esportivo, seja cultural”, afirma o secre-tário de Esporte, Agnaldo de Jesus. “A prioridade é sediar esportes, mas depende das fe-derações trazerem mais jogos para cá”, avalia.

Hoje, o Nilson Nelson tem capacidade para receber 20 mil pessoas. Segundo o subsecretá-rio de Eventos e administrador dos espaços esportivos, José Landim Rosa, é preciso pelo menos sete mil espectadores para viabilizar uma competição no ginásio. “Hoje, em Brasília, infelizmente não temos jogos de grande porte que atrairiam esse público”, diz.

O time candango de bas-quete Universo foi o primeiro a utilizar o ginásio, seis meses após a realização da Copa do Mundo. Foram duas partidas pelo Novo Basquete Brasil (NBB), no dia 28 de abril, contra o Minas, e no dia 1° de maio, contra o Flamengo. Para o diretor do Universo, Jorge Bastos, a vantagem de jogar no Nilson Nelson é o espetáculo que a torcida faz. “Fora isso, não é lucro jogar aqui. O custo com a estrutura e segurança é alto”, ressalta o

diretor da equipe, que normalmente joga em um ginásio na Asa Sul. “Outro problema é que os jogadores acham o piso do Nilson Nel-son muito duro. A secretaria está es-tudando se adqui-re um piso próprio para basquete, mas seria só em 2010”, acrescenta.

Para o torcedor do Universo e ser-vidor público Raul Martins Dias, não cabe só ao governo trazer competições ao ginásio. “Tanto o público quanto o privado têm que incentivar e atrair mais o esporte para cá. A população também tem que prestigiar para atrair mais pú-blico e patrocínios”, diz.

Carlos Fustino, vendedor de cachorro-quente há 15 anos no estacionamento do Nilson Nelson, afirma que, após a re-forma, o público do local con-tinua reduzido. “De dois anos pra cá, caiu muito o movimen-to e não mudou depois da re-forma. Além disso, na Copa a gente achou que ia vender um

pouco mais, mas não nos dei-xaram ficar nas proximidades do ginásio”, comenta.

Segundo o professor da Uni-versidade de Brasília e doutor na área de Gestão e Marke-ting Esportivo, Paulo Henri-que Azevedo, faltam políticas eficazes e planejamento para otimizar a ocupação do local. “Quando se reforma um giná-sio como esse, deve-se pensar em um projeto de curto, médio

e longo prazo para utilização”, comenta. “Para isso, deve-se acompanhar com antecedência o calendário esportivo nacional e internacional para sediar algo importante. Com o custo de um evento mal planejado, pode-se realizar três ou até cinco ativi-dades do mesmo nível. Com políticas bem consolidadas, é possível manter aquele espaço ocupado com a sua principal finalidade”, afirma.

FOTO: LeOnardO Muniz

FOTO: naira GOMes

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FOTO: LeOnardO Muniz

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! Novos talentos

8 Comportamento ))

Eles nasceram nas dé-cadas de 80 e 90. São dinâmicos, inovadores,

questionadores, capazes de realizar inúmeras tarefas ao mesmo tempo. Na opinião de alguns chefes, impacientes, infiéis, insubordinados. Yaras, Yuris, Yasmins e Yans têm muito mais em comum do que a primeira letra do nome. Fazem parte da Geração Y, que, imersa em tecnologia, chega à UnB e ao mercado de trabalho propondo novos de-safios a chefes e educadores.

A origem da expressão Ge-ração Y é controversa. Alguns a atribuem à Teoria XY da Motivação, bastante conheci-da na Psicologia. Outros dizem que vem da pronúncia do Y em inglês, a mesma de why (por quê?) e tem relação com a nomenclatura dada à Geração X (nascidos nas décadas de 60 e 70).

Em Cuba, o termo se refere ao grande número de pessoas batizadas com nomes inicia-dos pela letra Y. Na UnB, nos últimos 20 anos, foi 2008 o re-

cordista em ingresso de alunos com inicial Y. Supostamente nascidos por volta de 1990, foram 38 estudantes, número bastante alto em relação à média de oito mantida entre 1990 e 2000.

O “cara” da Geração Y, também chamada de Geração Net, cresceu na era dos avan-ços tecnológicos. Na infância, seus brinquedos preferidos eram jogos de computador, videogames e telefones celu-lares. Incentivados pelos pais, fizeram inglês, espanhol, na-tação, esgrima ou qualquer outro esporte ou idioma. Sa-bem seu valor e aprenderam tudo o que se pode fazer na velocidade de um clique.

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que esses jovens estão entran-do no mercado de trabalho e nas universidades dispostos a mudar conceitos, quebrar bar-reiras. Especialistas em fazer várias coisas de uma vez só, eles são impacientes e não gostam de fazer o mesmo por muito tempo, procuram sempre mais espaço e oportunidades.

Encaram o trabalho de uma forma diferente de seus pais. Querem trabalhar para viver e não viver para trabalhar.

Yara de Almeida Campos, 19 anos, está no terceiro se-mestre de Economia na UnB. Tem aulas todas as manhãs e faz estágio à tarde no Banco Central. Divide as noites en-tre a academia e sua banda, a que dedica também os fins de semana. “Gosto de trabalhar. Não me importo em ter de tra-balhar muitas horas, desde que ainda sobre tempo para fazer as coisas que gosto”, conta.

Pesquisadora do Labo-ratório de Psicologia do Tra-balho da UnB, a professora Iône Vasques-Menezes diz que não houve uma mudança no eixo de trabalho dessa ge-ração em relação às anteriores, o que mudaram foram as pos-sibilidades. “O mercado hoje é mais flexível. O trabalho para os pais desses jovens tinha re-gras muito mais rígidas. Hoje se pode compensar horários, há bancos de horas. É natural que a geração também seja in-fluenciada pelas mudanças do

TAÍSSA DIASpróprio mercado de trabalho”.

Apesar das queixas quanto à insubordinação e infidelidade, graças a sua natureza ques-tionadora sempre em busca de novas oportunidades, esses jovens têm sido cada vez mais procurados pelas grandes em-presas. Seu raciocínio rápido, aliado a disposição e energia, é uma ótima receita de suces-so na solução de problemas. A questão agora é saber como atrair sua atenção para o mer-cado de trabalho.

O estudante da UnB Yuri Alfaia Ferreira Franco tem 17 anos e está no primeiro semes-tre de Letras. É acostumado a ler e estudar enquanto navega pelo Orkut e conversa com os amigos através da internet. Ele nunca trabalhou e ainda não sabe bem o que quer fazer. “Os fatores que vou levar em conta para escolher um em-prego são o salário e o horário de trabalho. Prefiro trabalhar por meio período”, diz.

Um importante fator a ser levado em conta quando o as-sunto é a Geração Y no Brasil é a classe social dos jovens. “Não

se pode generalizar”, ressalta a economista Tânia Fontenele, doutora em Psicologia Social e do Trabalho. “Enquanto há jovens impacientes, familiarizados com a tecnologia, há

também os mais pobres, que muitas vezes nem tiveram acesso a computadores e que agarram qualquer oportuni-dade com perseverança e von-tade de vencer.”

JOGOS E HUMOR

e muito inovadora... YBem-vinda,GERAÇÃO

Tô com fome,tia.Dá um trocado?

Massa! Agora vou lá na lan house atualizar meu blog.

Ei, moleque, cê não vai comprar comida, não?

Sabe, tia, na vida a gente tem que definir prioridades

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ILUSTRAÇÃO: BRUNO DA SILVA

ILUSTRAÇÃO: LEONARDO MUNIZ

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