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    Nutrio Clnica para Fisiologia do Exerccio Clnico nas Afeces Imunoendcrinas, Hematolgicas e Neoplsicas

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    Nutrio Clnica para Fisiologia do Exerccio Clnico nasAfeces Imunoendcrinas, Hematolgicas e Neoplsicas

    Professora: Alessandra Hellbrugge

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    Apresentao 3

    Dietoterapia e o exerccio fsico 3

    Neoplasias/oncologia 4

    Diagnstico nutricional do paciente oncolgico 4

    Sinais e sintomas causados pelo tumor e terapia antitumoral 5

    Recomendaes nutricionais para o paciente oncolgico em treinamento fsico 5

    Vrus da imunodecincia humana (HIV) e sndrome da imunodecincia

    adquirida (AIDS) 8

    Diagnstico nutricional do paciente portador do HIV 9

    Obesidade, dislipidemias e sndrome metablica 12

    Diabetes mellitus (DM) 16

    Sndrome de cushing e doena de cushing 19

    Distrbios hematolgicos (anemia ferropriva) 20

    Orientaes nutricionais aos pacientes com sndrome da fadiga crnica 22

    Hipotireoidismo e hipertireoidismo 23

    Consideraes nais 23

    Referncias 24

    Sumrio

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    Apresentao

    Caro leitor, sou a professora Alessandra

    Hellbrugge, e apresento como parte da aulaNutrio clnica para fsiologia do exerccioclnico nas afeces imunoendcrinas, hema-tolgicas e neoplsicas o material escrito de

    nosso contedo. Neste, veremos os pontoscrticos e os principais aspectos relevantesda nutrio clnica e esportiva voltada ao pa-ciente em treinamento fsico.

    Para atender este pblico doentes pra-

    ticantes de exerccios fsicos , apenas os

    conhecimentos do manejo dietoterpico esiopatolgico de cada doena no so su-cientes para gerar o benefcio desejado coma interveno de cada prossional. Entenderas alteraes siolgicas e das necessidadesnutricionais ocasionadas pelas sesses de

    treinamento fsico so de suma importn-

    cia.

    Iremos abordar caractersticas dietoterpi-cas e as implicaes siopatolgicas da nutri-o no HIV/AIDS, cncer, distrbios metab-licos como obesidade, diabetes e sndrome

    metablica, hipotireoidismo, hipertireoidis-

    mo, anemia e artrite reumatoide, assim comoas consideraes que devem ser observadasno plano alimentar destes indivduos no con-texto da prtica de exerccios fsicos. Neste

    sentido, um plano alimentar voltado a estepblico tem por objetivo otimizar ou mantero estado nutricional destes indivduos, mini-mizando as respostas negativas do processo

    siopatolgico e tratamento medicamentosoutilizado, dando suporte para o tratamentoteraputico com exerccios fsicos.

    Como exemplo de doenas catablicas te-

    mos o HIV/AIDS e o cncer, que necessitamde ateno no plano dietoterpico quanto

    s necessidades energticas aumentadas,somadas s de um exerccio aerbio ou at

    mesmo de fora. Em contrapartida seguire-mos pelos distrbios metablicos que de-

    mandam ateno no volume e qualidade demacronutrientes da dieta, como obesidade,

    diabetes e sndrome metablica.

    Desta maneira, este material proporciona

    um entendimento terico-prtico da intera-

    o doena, exerccio fsico e nutrio para

    que os prossionais em contato com pacien-tes/clientes nestas situaes tenham au-tonomia para compreender este pblico de

    uma maneira global e multidisciplinar e para

    prescrever o tratamento teraputico adequa-do dentro de sua rea de atuao.

    Bons estudos.

    Dietoterapia e o exerccio fsico

    A dietoterapia tem como nalidade ofertarao organismo os nutrientes de forma ade-

    quada de acordo com as necessidades de

    cada indivduo, rotina, crenas, hbitos so-ciais e culturais, doenas e exerccios realiza-dos. O objetivo geral, portanto, visa manterou recuperar o estado nutricional do indiv-duo para que possa seguir com uma rotina

    de vida saudvel.

    Dentro do contexto da nutrio clnica es-

    portiva, o objetivo especco ajustar o plano

    alimentar s alteraes metablicas decor-rentes da doena, adicionadas s do exer-

    ccio fsico. Como fora descrito, de grande

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    importncia o entendimento das alteraes das necessidades energticas ocasionadas por

    diferentes variveis da prescrio do exerccio (intensidade, volume e durao, por exem-plo). Esses aspectos devem ser continuamente considerados. Sugere-se que o prossional

    retome tais conceitos para atender este pblico.

    Qualquer erro ou inadequao na prescrio para este pblico pode gerar no apenas

    quedas de rendimento fsico, como tambm pode provocar dcits nutricionais, diminuioda resposta imune e consequente piora do quadro clnico.

    Neoplasias/oncologia

    Diagnstico nutricional do paciente oncolgico

    O crescimento desordenado de clulas com capacidade de invadir tecidos vizinhos recebeo nome de neoplasia maligna ou cncer.

    Devido s caractersticas desse processo, os pacientes apresentam distrbios nutricionaisimportantes. Para avaliar tais distrbios necessrio saber a localizao, agressividade, r-gos envolvidos, condies clnicas e imunolgicas e a teraputica utilizada.

    Para realizao do diagnstico nutricional utilizada uma anamnese que engloba parme-tros antropomtricos, bioqumicos e anamnese alimentar, aliada avaliao subjetiva globalproduzida pelo prprio paciente (ASG-PPP). Esta avaliao tem como propsito identicar osriscos para desnutrio e possibilita direcionar a conduta dietoterpica a ser utilizada.

    Ateno!

    Fatores como ascite (acmulo de lquido na cavidade peritoneal) e edema perifri-co so comuns nesses pacientes e podem interferir na avaliao do peso real, assim

    como nas demais mensuraes da avaliao. Considere essa informao em suasavaliaes!

    A perda de peso e a desnutrio so as alteraes nutricionais mais comuns nesses pa-

    cientes. Constituem um mau prognstico, pelo fato de diminuir a resposta ao tratamento e

    qualidade de vida.

    Alteraes em torno de 5 e 20% na taxa metablica basal destes pacientes so comumen-

    te notadas e possuem causa multifatorial. Portanto, o cncer pode inuenciar o gasto ener-gtico hiper ou hipometabolicamente. Considera-se que o tempo de doena se correlacionapositivamente com hipermetabolismo.

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    Sinais e sintomas causados pelo tumor

    e terapia antitumoral

    Notveis so os benefcios obtidos com oacompanhamento e o manejo nutricional re-alizado de forma adequada nestes pacientes,uma vez que, como veremos, vasta a listade sinais e sintomas decorrentes da locali-

    zao, severidade e tratamento utilizados.Estes fatores culminam em diculdade ou di-minuio na ingesto de alimentos.

    Pacientes com tumores localizados no tra-to gastrintestinal alto apresentam maior inci-

    dncia de nuseas, vmitos, disgeusia (de-cincia de gustao, onde sabores normaisse tornam desagradveis), disfagia (dicul-dade de engolir), diarreia e saciedade preco-ce. De maneira semelhante, pacientes comcnceres de cabea e pescoo geralmente

    apresentam trismo (contrao intensa dasmaxilas, tornando difcil a abertura da boca),xerostomia (secura excessiva da boca, comdiminuio da saliva) e disfagias.

    Para estes, alimentos com texturas bran-

    das (alimentos macios que requerem menoshabilidade de mastigao) a pastosas podemser prescritos, com adio de leite em p,

    azeite de oliva, mel ou suplementos para au-mentar a densidade calrica. Alm disso, de-

    ve-se atentar temperatura dos alimentos,evitando os extremos.

    A terapia antitumoral aplicada causa efeitos

    adversos como trismo, xerostomia, enterite emucosite. A enterite muito frequente em pa-

    cientes com cncer plvico e abdominal emradioterapia, enquanto a diarreia, o tenesmo

    (sensao dolorosa na bexiga ou regio anal)

    e o sangramento retal esto mais presentes

    quando a radioterapia est associada qui-

    mioterapia.

    Tanto a radioterapia como a quimioterapia

    podem provocar anorexia, nuseas, vmitos,disgeusia, mucosite, xerostomia e diarreia

    (efeitos colaterais mais relatados).

    Como podemos observar, muitos dos sinto-mas apresentados acarretam distrbios de pa-

    ladar e diminuem a busca por alimentos. Neste

    sentido, conversar com este paciente ou atmesmo contatar seus familiares e cuidadores

    para que tornem o momento da refeio agra-

    dvel, privilegiando o aspecto visual e evitandomonotonias alimentares pode ser uma soluo

    simples para aumentar busca por alimentos.

    No obstante, pertinente o incentivo eminiciar um programa de exerccio fsico, uma

    vez que, como observado, muitos pacientes re-latam aumentar a busca e ingesto de alimen-

    tos aps iniciarem um programa de exerccio,

    mesmo que de baixa intensidade ou volume,melhorando assim seu estado nutricional.

    Recomendaes nutricionais para o

    paciente oncolgico em treinamento

    fsico

    Devido grande demanda de nutrientespara recuperar ou manter o estado nutricio-

    nal, so necessrios ajustes das necessida-des energticas.

    Estas devem ser calculadas individualmen-te levando em considerao o grau de des-nutrio e o estresse metablico.

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    Pacientes acometidos, por exemplo, por

    cnceres localizados no trato gastrintestinalapresentam as maiores taxas de perda de

    peso e diculdades em recuperar ou mantero estado nutricional. O prossional deve terateno especial s suas necessidades ener-

    gticas e manobras para aumentar a inges-

    to de nutrientes, e, assim como em radiote-

    rapia e quimioterapia, avaliar a necessidadede suplementao.

    Os mtodos mais utilizados na prtica cl-nica so as equaes preditivas de Harris Be-nedict (1919) e a frmula baseada no peso:

    Tabela 1 - Equaes para predio do gas-

    to energtico de pacientes com cncer

    Equao de Harris-Benedict (1919)

    GET = GEB X FA X FE X FT

    Homens GEB = 66,5 + (13,7 x peso) +(5 x altura) - (6,8 x idade)

    Mulheres GEB = 655 + (9,6 x peso) +(1,8 x altura) - (4,7 x idade )

    Equao do gasto energtico

    total baseado no peso

    (ESPEN, 2006)

    Fase aguda

    da doena20-25kcal/kg/dia

    Fase

    anablica/

    recuperao

    25-30kcal/kg/dia

    Obesos 11-14kcal/kg/dia

    GEB = gasto energtico basal (Kcal/dia); peso em kg; alturaem cm; idade em anos; GET = gasto energtico total; FA =fator atividade, FE = fator estresse; FT = fator trmico. O fatoratividade relaciona-se capacidade de locomoo do indivduo:

    connado cama (fator = 1,2), deambulando pouco (fator =1,25) ou deambulando (fator = 1,3). Segundo Long (1979), parapacientes com cncer e tambm para aqueles em tratamentoquimioterpico e/ou radioterpico, recomenda-se aplicar umfator estresse de 1,25. O fator trmico relaciona-se temperatura

    corporal elevada: 38C (fator 1,1), 39C (fator 1,2), 40C (fator1,3), e 41C (fator igual a 1,4).

    O gasto energtico com o exerccio fsico

    deve ser considerado (de acordo com inten-sidade e durao) e adicionado ao clculo dogasto energtico apenas para os dias em que

    o exerccio realizado. Uma forma rpida esimples de faz-lo a utilizao do compn-

    dio de atividades fsicas para estimar estesgastos.

    A distribuio de macronutrientes deter-

    minada de acordo com os aspectos comen-

    tamos anteriormente: estadiamento (tal qualvisto em aulas anteriores), o momento emque o paciente se encontra (pr ou ps-cirur-

    gia) e os tratamentos utilizados no momento.A necessidade proteica destes indivduos

    apresenta-se elevada (1,2 a 2,0g/kg/dia), secomparada indivduos sadios. As protenasso recrutadas para cicatrizao de feridase cirurgias, alm de funcionarem como um

    suporte para o sistema imunolgico e manu-

    teno de massa magra.

    Uma vez inseridos em programas de exer-ccio fsico, os pacientes podem apresentar

    necessidades ainda maiores, tanto de prote-

    nas como de carboidratos, de acordo com o

    tipo e intensidade destes exerccios. Atentar-

    -se a sintomas como tonturas, fadiga exces-

    siva e queda de rendimento podem ajudar na

    investigao de um possvel dcit no aportede carboidratos da dieta. A diminuio ex-

    cessiva de massa magra pode apresentar-se

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    como indcio de ingesto inadequada de protenas. Vale ressaltar que o paciente jamais devetreinar em jejum, o que acarreta em desgastes nutricionais excessivos, queda do sistemaimunolgico e queda do rendimento.

    As recomendaes quanto reposio hdrica em pacientes com cncer so as mesmasque as voltadas para indivduos sadios. No entanto, deve-se ter ateno especial aos pacien-tes que apresentarem alguma doena associada, como a falncia renal ou heptica. Para ospacientes em exerccio fsico devem ser utilizadas as recomendaes do American College ofSports Medicine (ACSM) ou da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME) para in-divduos sadios. dada uma ateno particular s perdas hdricas em treinos mais intensose prolongados e dias quentes com baixa umidade relativa do ar.

    Sugesto!

    Contatar os prossionais que atendem este paciente para compreender qual a inter-veno utilizada por cada um. Apenas assim o nutricionista poder calcular correta-mente as necessidades nutricionais de seu paciente e o educador fsico ou siotera-peuta podero entender se o paciente est preparado, do ponto de vista nutricional,para realizar as sesses de treinamento e terapias programadas para cada dia. O

    nutricionista pode passar as principais orientaes nutricionais que o paciente deveseguir para os demais prossionais envolvidos, para que estes questionem e estimu-lem o paciente a segui-las.

    Decincias de micronutrientes em funo do aumento das necessidades ou perdas porpossveis redues na ingesto ou absoro so comuns e devem ser avaliadas individu-almente. Quando necessrio, oferta-se suplementos em doses que contemplem de uma a

    duas vezes as Ingestes Dietticas de Referncia (DRI).

    Portanto, vale retomar e salientar que, tendo em vista o grande nmero de variveis eregies que podem ser acometidas por tumores (malignos ou no) no ser humano, as re-comendaes nutricionais voltadas para um tipo ou localidade de cncer podem no servlidas para outro.

    Ademais, devido ao tratamento teraputico necessrio a cada tipo de cncer, o apareci-mento de comorbidades como dislipidemias, resistncia insulnica e diabetes so comuns.

    Por se apresentarem como comorbidades para estes pacientes, no devem ser encaradasde forma singular, e sim entendidas e tratadas em conjunto e de acordo com o caso clnicode cada indivduo (o manejo nutricional destas doenas ser visto no decorrer deste texto).

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    Implicaes prticas da dietoterapia na prescrio do exerccio

    Muitas vezes, o contato do nutricionista com o paciente mais distante (quinzenalmente,

    mensalmente ou at perodos maiores) do que o comumente observado com educadores f-sicos e sioterapeutas. Portanto, o relato ao nutricionista dos sintomas observados por estesprossionais possibilita sanar ou minimizar os efeitos indesejveis destes sintomas o maisbreve possvel, com o manejo nutricional adequado. Isso permite a melhora do desempe-nho fsico, diminuio do risco de infeces do trato respiratrio superior e a progresso doprograma de exerccios fsicos ou plano sioterpico do paciente.

    Atentar-se aos sintomas que o cliente/paciente apresenta de grande relevncia, noapenas para o prossional nutricionista, mas para os demais envolvidos, a m de avaliar seo movimento proposto na interveno ser benco ou no para o paciente naquela situa-o. Por exemplo, pacientes com nuseas e vmitos recorrentes devem evitar movimentosbruscos de abaixar e levantar ou velocidades mais altas em esteiras.

    Sugesto!

    Adicionar um questionrio de sintomas e comorbidades, com aplicao frequente, anamne-se destes pacientes, com o objetivo de identicar possveis dcits na ingesto de alimentos.

    Esta informao vlida para entender possveis quedas de rendimento ou a necessidade

    de adaptar a interveno utilizada por cada prossional (seja esta, um programa de exerc-

    cios fsicos, um plano alimentar ou sioterpico).

    Ainda neste sentido, procure realizar esta anamnese da maneira mais completa possvel,pois a partir dela que ser possvel determinar se o paciente esta ou no apto a prosseguircom o programa de intervenes proposto para o dia. Pode-se ento adicionar a anamnesediria: o paciente consumiu lquidos (estado de hidratao) antes de ir treinar? Quando foisua ltima refeio (est em jejum)? Ele cumpriu o plano alimentar nas ltimas 24 horas(estado das reservas energticas)?

    Vrus da imunodecincia humana (HIV) e sndrome da imunodecinciaadquirida (AIDS)

    Conforme visto em aulas anteriores, os termos HIV e AIDS so utilizados para designaro vrus e a sndrome ocasionada pela infeco pelo HIV, respectivamente. Assim sendo, importante identicar qual estgio o paciente se encontra e, caso j apresente sinais e sinto-

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    mas da AIDS, identic-los junto contagemde clulas TCD4 e s doenas relacionadas

    imunodecincia.

    Diagnstico nutricional do pacienteportador do HIV

    A perda de peso e, principalmente, massa

    magra uma caracterstica predominante nes-

    tes pacientes, e intensica-se com o avanardos estgios da infeco.

    Neste sentido, inmeras so as alteraescorporais ocorridas no decorrer da infeco,

    podendo ocasionar diagnsticos nutricionais

    equivocados. Uma boa anamnese clnica, comcoleta de dados anteriores e avaliaes peri-dicas das mudanas, pode contribuir para um

    diagnstico nutricional adequado, o que possi-

    bilita a escolha de um plano dietoterpico mais

    apropriado para cada indivduo.

    Observar a aparncia de cabelos, face,olhos, lbios e gengivas pode ajudar a identi-car sinais associados desnutrio e carnciasnutricionais.

    A avaliao antropomtrica peridica deveser composta por peso, estatura, circunfern-

    cias corporais e dobras cutneas, clculo daperda de peso e porcentagem de perda de

    peso (fatores que determinam indicadores doestado nutricional). Isoladamente, as medi-das de peso e porcentagem de perda de peso

    no permitem identicar o tipo de desnutrioque o indivduo apresenta (lipdica, hdrica ouproteica), sendo necessrios os demais dados,

    aliados a uma boa anamnese alimentar e pa-rmetros bioqumicos para conrmar o estadonutricional real.

    So avaliados sinais fsicos como alteraesna face (perda de gordura), aumento da cir-cunferncia da cintura, reduo das medidas

    de circunferncia de coxas e braos e diminui-o de gordura em membros superiores e infe-riores. Todos esse sinais so caractersticos da

    lipodistroa.

    Os melhores parmetros para avaliar a mas-sa proteica visceral so a dosagem de albumi-na, pr-albumina, transferrina e protena ligada

    ao retinol. No entanto, tais parmetros no so

    mesurados rotineiramente.

    Exames bioqumicos como o de hemoglobi-na e hematcrito, lipidograma completo (tri-glicrides, colesterol total e fraes), glicemiade jejum, ureia nitrogenada e creatinina soutilizados para avaliar o estado nutricional e in-vestigar comorbidades como dislipidemias, re-

    sistncia perifrica insulina e diabetes e dis-funes renais e hepticas comuns devido salteraes no metabolismo glicdico, lipdico e

    acidose ltica decorrentes da prpria infeco

    pelo vrus ou drogas utilizadas no tratamento.Portanto, entender qual o estgio da doena e

    a teraputica utilizada na hora de interpretaros exames e realizar o diagnstico nutricional de suma importncia.

    Sinais e sintomas relacionados ao HIV

    e a terapia antirretroviral

    J consenso que o tratamento medica-

    mentoso nesta doena deve ser realizadoatravs da associao de trs drogas, no m-nimo. Desde 1987, diversos antirretrovirais

    foram disponibilizados no mercado anlo-gos de nucleosdeos que atuam na inibio da

    transcriptase reversa. Pouco tempo depois,

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    surgiram os inibidores de protease, aqueles

    que atuam como enzimas responsveis pelaclivagem da ta de lipoprotena que d origem

    ao novo vrus.

    A introduo desta chamada terapia antirre-troviral de alta potncia (do ingls highly activeantiretroviral therapy- HAART) trouxe muitos

    benefcios para estes pacientes, aumentando

    o tempo e a qualidade de vida. Estas drogas

    tambm trouxeram consigo inmeros efeitos

    adversos, principalmente gastrintestinais.

    Ateno!

    No decorrer do tratamento possvel

    fazer diferentes associaes de trs dro-

    gas, assim como alterar sua composio.

    Portanto, certique-se com frequncia

    das drogas que o paciente est utilizan-

    do no momento. Desta forma, podemos

    relacion-las as queixas j existentes ou

    antecipar possveis efeitos adversos.

    Inicialmente, os principais efeitos adversos

    so nuseas, vmitos, desconforto abdominale tonturas. Com o uso prolongado destes me-

    dicamentos, encontramos obesidade, resis-

    tncia insulina, diabetes mellitus, dislipide-mias e lipodistroa.

    Outro ponto importante a ser avaliado nes-

    te paciente so as infeces oportunistas, que

    geralmente causam a sndrome de wasting(sndrome do desperdcio) caracterizada por

    febre, diarreia, m absoro e perda de peso.

    A ocorrncia, no rara, de mltiplas infec-es pode gerar rpida depleo nutricional. essencial, nesse caso, atentar-se ao aumento

    das necessidades metablicas e diminuioda ingesto proteico-calrica.

    Recomendaes nutricionais para o

    paciente portador de HIV em treina-

    mento fsico

    A terapia nutricional, a qual adqua a ali-

    mentao s necessidades individuais, pode

    gerar melhora da expectativa e qualidade devida destes pacientes atravs do aumentodos nveis de linfcitos TCD4, melhora da ab-soro intestinal de nutrientes, reduo dos

    agravos produzidos pela diarreia e lipodis-troa, alm da melhora ou manuteno damassa magra.

    O aumento da necessidade energticanestes pacientes determinado pela fase da

    doena e, principalmente, pelas infeces

    secundrias presentes, que podem elevar ataxa metablica basal em 20 a 30%.

    O clculo das necessidades energticas

    realizado de forma prtica, atravs de frmulas

    que utilizam o peso atual:

    Pacientes assintomticos: 30 a 35kcal/kg/dia

    Pacientes sintomticos: 40kcal/kg/dia

    Em pacientes inseridos em programas deexerccios fsicos, o gasto energtico em cada

    sesso de treino deve ser somado ao resulta-do obtido, podendo chegar a valores calricos

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    dirios elevados. Este fato, associado a altera-es no paladar e diculdades de deglutio,torna-se uma tarefa difcil de cumprir apenas

    atravs de alimentos. A suplementao nutri-cional ento recomendada para alcanar as

    necessidades dirias totais.

    Com intuito de gerar um balano nitroge-

    nado positivo, as recomendaes proteicas seelevam para em torno a 1,2g/kg ao dia parapacientes na fase estvel e 1,5g/kg ao dia parafase aguda. Estes valores podem ser elevadosat em torno de 1,8g/kg ao dia, principalmen-te para os pacientes que realizem exercciosde fora hipertrca.

    Ateno!

    Como visto anteriormente, alteraes

    na funo renal so comuns nesse pblico.

    Portanto, monitorar estes pacientes atravs

    de exames bioqumicos indispensvel.

    No obstante, pacientes praticantes de exer-

    ccio aerbio devem, alm de consumir quan-tidades apropriadas de protenas para gerar o

    balano nitrogenado positivo, ter suporte ade-

    quado de carboidratos para realizao de taisexerccios, com uma devida ateno s orien-taes sobre a qualidade dos carboidratos in-

    geridos.

    Dietas com baixo teor de gorduras so apre-

    sentadas como aliadas perda de tecido adi-

    poso. No entanto, a recomendao manter

    um consumo adequado de lipdeos, com adevida ateno proporo dos cidos gra-xos saturados, mono e poli-insaturados e trans

    contidos na dieta. A suplementao com me-

    ga-3 vem sendo estudada nas diversas compli-caes metablicas e apresenta, nos pacientes

    em tratamento com antirretrovirais, diminuiodos nveis sricos de triglicerdeos e ainda pa-rece diminuir a lipognese associada sndro-me metablica, sendo esta um recurso notvelpara os pacientes que apresentam a sndrome

    lipodistrca.

    Quanto aos micronutrientes, no h consen-so a respeito das recomendaes especcas,mas, de acordo com as alteraes na absoro,

    geradas por inapetncia, vmitos e diarreia, in-teraes medicamentosas e outras infeces

    oportunistas podem gerar carncias nutricio-nais. Estudos encontraram nveis plasmticosdiminudos de zinco, selnio, vitamina A e B12,principalmente em pacientes sintomticos com

    uso de antirretrovirais. Assim, a recomendao

    atingir 100% das RDI, principalmente paraos micronutrientes citados.

    Implicaes prticas da dietoterapia

    na prescrio do exerccio

    A terapia nutricional para estes pacientes

    visa, assim como o exerccio fsico, diminuirou melhorar os sintomas e gerar bem-estar. atravs de um plano dietoterpico apropria-do que o paciente ter um aporte nutricional

    adequado para realizar a teraputica propostapelos diversos prossionais envolvidos (mdi-cos, sioterapeutas, educadores fsicos e psi-clogos).

    Como j mencionado, o encontro do pa-

    ciente com o nutricionista, por vezes, maisdistante que o comumente observado com osdemais prossionais, sendo de grande valia

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    para o paciente que os prossionais envolvi-dos em seu tratamento estejam em contato etrabalhando de maneira conjunta em prol de

    seu bem-estar.

    Neste sentido, so adicionadas anamne-

    se diria questes como consumo de gua

    (avaliar estado de hidratao), ltima refei-o realizada antes do treino (nunca treinarem jejum) e utilizao de suplementos, assimcomo passar as informaes ao nutricionista,

    contribui para que o paciente cumpra com o

    plano dietoterpico e proporciona segurana

    para a progresso dos exerccios propostos no

    tratamento.

    Sintomas como diarreia, vmitos, inape-tncia, pirose, empachamento, constipaointestinal e gases devem ser includos na ana-mnese de todos os prossionais envolvidos no

    tratamento do paciente.

    Assim que so identicados, informa-se aonutricionista para que este possa dar as devi-das orientaes em cada caso, evitando quese agrave o estado nutricional e, consequen-temente, o quadro clnico do paciente.

    Ateno!

    As alteraes das capacidades fsicas

    estimuladas, assim como a frequncia,

    intensidade e durao dos exerccios

    realizados inuenciam diretamente no

    substrato energtico utilizado e no gas-

    to energtico do paciente, sendo neces-

    srias alteraes do plano dietoterpico

    previamente proposto. Portanto, comuni-

    que tais alteraes ao nutricionista.

    Obesidade, dislipidemias e sndromemetablica

    O estilo de vida moderno, caracterizadopelo sedentarismo e aumento no consumode alimentos industrializados, renados ecom elevado teor de gorduras, elevou as ta-xas de alteraes metablicas apresentadas

    pela populao. Obesidade, dislipidemias e

    sndrome metablica so doenas comumen-

    te observadas na populao mundial que po-

    dem ser listadas como comorbidades entresi. Hoje, essas doenas so vistas como pro-blemas de sade pblica.

    Obesidade

    A obesidade apresenta-se como uma doen-

    a de etiologia multifatorial, onde o desequi-

    lbrio entre a energia consumida e a energia

    gasta tem sido apontado como principal fator.

    Entretanto, fatores genticos, psicolgicos ecomportamentais tambm devem ser consi-derados.

    O tratamento sugerido por qualquer pros-sional envolvido com este paciente deve apre-sentar uma abordagem holstica da situao,

    que no leva em considerao somente aslimitaes fsicas mas tambm as limitaes

    psicolgicas e sociais de cada indivduo. A re-comendao que o tratamento inicie com a

    estimulao de mudanas comportamentais,

    como alteraes do consumo alimentar (vi-sando diminuir a quantidade calrica ingeri-

    da) e o aumento do gasto energtico atravs

    de exerccios fsicos. Caso estes no surtamefeito, orienta-se a incluir tratamentos farma-

    colgicos ou cirrgicos.

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    Diagnstico nutricional do paciente

    obeso

    O diagnstico de obesidade realizadode acordo com o ndice de Massa Corprea(IMC).

    Desde 1995, a organizao Mundial da Sa-de (OMS) passou a adotar valores que levamem considerao o risco de comorbidades.

    Esta avaliao combinada, que associa o valorde circunferncia abdominal em centmetroscom o IMC, possibilita avaliar o risco de co-morbidades e diminuir as limitaes de cada

    mtodo usado de forma isolada.

    A anamnese nutricional pode ser composta

    de dirio alimentar, recordatrio alimentar de

    24 horas e questionrio de frequncia alimen-tar (QFA) para avaliar o consumo energticohabitual, alm de identicar possveis senti-mentos e sintomas relacionados compulso

    alimentar como estresse, depresso, ansieda-

    de e nervosismo, associados ao hbito de sealimentar quando estes so presentes.

    Investigar o peso habitual, tempo de obe-sidade ou at mesmo incio do sobrepeso

    outro ponto importante na anamnese, paraentender a complexidade da doena.

    Dados bioqumicos ajudam no entendi-mento do estado de sade do paciente e das

    doenas associadas obesidade, onde as

    principais so diabetes tipo 2, dislipidemias e

    hipertenso. As comorbidades que o paciente

    apresenta devem ser investigadas periodica-mente e tratadas de forma conjunta com aobesidade.

    Como estipular metas para perda de

    peso

    A partir da anamnese prvia, o ponto inicialdo tratamento estabelecer metas viveis epossveis de serem alcanadas pelo paciente

    junto a ele e equipe multidisciplinar.

    Esclarecer para o paciente que a obesidadee as demais comorbidades esto ligadas de

    forma causal e aumentam o risco de morbi-

    mortalidade com o decorrer do tempo de

    suma importncia para sua conscientizao.Exemplicar que a perda de peso deve sergradual e progressiva para ser possvel sus-tent-la e gerar benefcios sade uma das

    principais diculdades encontradas por todosos prossionais que acompanham este pa-ciente.

    Sugesto!

    Apresentar em nmeros e estudos cien-

    tcos o que uma perda de peso, mes-

    mo que aparentemente pequena, pode

    representar em sua sade e bem-estar.

    Estudos apontam que uma diminuio de5 a 7% do peso inicial reduz a resistncia insulina, a glicemia e os lipdeos sricos. A

    cada reduo de 1% do peso h uma quedade 1mmHg da presso sistlica e 2mmHg dadiastlica, em mdia. Essas pequenas altera-es no peso so capazes de diminuir doresna coluna, quadril, joelhos e pernas, por di-

    minuir a sobrecarga de peso sobre as articu-laes o que melhora gradativamente osmovimentos e as atividades cotidianas e

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    possibilitar a progresso dos exerccios fsi-

    cos propostos.

    importante que todos os tratamentos re-alizados com este indivduo, seja qual for oprossional de sade envolvido, no visemapenas colocar normas, culpando o pacien-

    te por sua situao, mas sim apresentar o

    tratamento como forma de melhorar a sa-de e qualidade de vida do mesmo, estimu-lando o paciente a atitudes mais saudveisno contexto geral. Para isso, o prossionalnecessita desenvolver no apenas habilida-des tcnicas, mas tambm a sensibilidade e

    a cooperatividade.

    Dislipidemias

    A dislipidemia caracterizada por uma de-sordem no metabolismo das lipoprotenas.

    Pode ser identicada por anlises bioqumi-cas que consideram os triglicrides (TG), ocolesterol total (CT) e suas fraes (lipopro-tena de densidade baixa ou low density lipo-

    protein [LDL-C] e de densidade alta ou highdensity lipoprotein[HDL-C]). Quatro gruposprincipais distinguem as dislipidemias:

    Hipercolesterolemia isolada: elevao iso-lada do LDL-C ( 160mg/dl);

    Hipertrigliceridemia isolada: elevao isola-da dos TGs ( 150mg/dl);

    Hiperlipidemia mista: valores aumentadosde LDL-C ( 160mg/dl) e TG (150mg/dl);

    HDL-C baixo: reduo do HDL-C (homens< 40mg/dl e mulheres < 50mg/dl).

    A dislipidemia pode ocorrer por consequ-

    ncia da obesidade ou outras doenas cr-nicas, como na prpria infeco pelo HIV ou

    como efeito colateral de tratamentos utiliza-dos. A ocorrncia de dislipidemias predispeo indivduo aterosclerose e doenas cardio-vasculares.

    O tratamento inclui alteraes comporta-

    mentais, a exemplo da realizao de exerc-cios fsicos aliados melhoria no comporta-mento alimentar.

    Sndrome metablica

    A sndrome metablica representada por

    um conjunto de fatores de risco cardiovascularnormalmente relacionados obesidade central

    e resistncia insulina. Para seu diagnstico, necessrio apresentar a combinao de pelo

    menos trs componentes dos apresentados noquadro 1 do seu contedo digital.

    Por se tratar de uma sndrome que envol-ve inmeras alteraes metablicas, o acom-panhamento peridico atravs de parme-tros bioqumicos tambm se torna relevanteno trabalho realizado com estes pacientes.

    A interveno preventiva para pacientes queapresentam menos que trs fatores indica-da, incluindo alteraes qualitativas na dieta,assim como uma insero do paciente em

    programas de exerccios fsicos.

    Recomendaes nutricionais para obe-

    sidade, dislipidemias e sndrome meta-

    blica ao paciente em treinamento fsico

    A recomendao para reduo de peso a

    restrio calrica, que pode ser feita a partir

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    da estimativa do gasto energtico total ou daestimativa de ingesto habitual.

    O gasto energtico total pode ser estipula-do de forma prtica atravs da frmula 20 a25kcal/kg/dia.

    A partir gasto energtico total, a recomen-

    dao reduzir 500kcal a 1.000kcal ao diacom intuito de reduzir de 0,5 a 1kg de pesopor semana.

    Para indivduos praticantes de exercciosfsicos, o gasto calrico nas atividades deveser considerado. Portanto, assim como citado

    anteriormente, capacidades fsicas estimu-

    ladas e as variveis do treinamento devemser consideradas na hora de estimar o gastoenergtico de cada treino.

    Neste sentido, redues de 300 a 500kcalna ingesto calrica diria podem gerar a

    diminuio de peso proposto para indivdu-os que realizem exerccios fsicos com gastoenergtico elevado.

    A recomendao que o aporte proteico

    destes pacientes seja mantido em torno deentre 0,8 a 1g/kg de peso. No entanto, deacordo com a requisio do exerccio reali-

    zado, possvel alcanar valores superiores.

    Estudos apontam que dietas hiperprotei-cas contribuem para perda de peso gordo e

    manuteno da musculatura esqueltica em

    pacientes inseridos em programas de exerc-

    cio fsico.

    A diculdade neste sentido a de que osalimentos com maior teor de protenas apre-

    sentam, normalmente, maior teor de gordu-

    ras saturadas em sua composio, tornando

    necessria a ateno na escolha dos alimen-

    tos proteicos que comporo a dieta.

    A recomendao que a quantidade de

    gordura da dieta que entre 25 a 35% dovalor calrico total (VCT), evitando valoresabaixo, pois a falta deles pode diminuir a

    produo de HDL.

    Deve-se ter ateno qualidade dos lip-

    deos ingeridos, uma vez que os cidos gra-xos saturados no devem exceder os 10% do

    VCT e, em caso de valores elevados de LDL,no devem ultrapassar os 7%.

    O colesterol mantido abaixo dos 300mgao dia e, para valores altos de LDL, no seultrapassa 200mg/dia, bem como evita-se o

    consumo de cidos graxos trans, com um li-mite abaixo de 1% do VCT.

    A orientao substituir o consumo des-

    tes cidos graxos por cidos graxos mono

    e poli-insaturados, que devem perfazer at10% do VCT cada um.

    A restrio de carboidratos no reco-

    mendada para indivduos que realizam exer-ccios fsicos, sendo que o aporte pode variarde 50 a 60% do VCT, com ateno em limitaro consumo de carboidratos simples e aumen-

    tar o consumo de alimentos integrais, frutas,

    verduras e legumes os quais possuem maiorteor de bras.

    A recomendao de bras de 20 a 30gramas ao dia, com a precauo de que, no

    mbito do exerccio fsico, alimentos ricos em

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    bras devem ser evitados antes dos treinosdevido sua lenta digesto.

    Diabetes mellitus(DM)

    O DM, como visto em aulas anteriores, caracterizado por distrbios metablicos queculminam em hiperglicemia, cuja origem estnos defeitos na ao ou secreo de insulina,

    ou em ambos.

    A classicao inclui o DM tipo 1, DM tipo2, DM gestacional e outros tipos especcosde DM. H ainda que se considerar a eleva-o dos valores de glicemia de jejum e tole-rncia glicose diminuda como estgios in-

    termedirios e fatores de risco para diabetes

    e doenas cardiovasculares.

    O tratamento do paciente diabtico de-

    pende de sua etiologia. Em todos os casos,entretanto, preciso acolhimento do pacien-te e exposio sobre suas consequncias e anecessidade de entender como realizada amanuteno dos nveis de glicose sangune-os.

    Orienta-se o paciente a buscar um pros-

    sional nutricionista que ir ajud-lo nas es-colhas alimentares e composio da dietadiria.

    importante salientar que o acompanha-mento nutricional de pacientes identicadoscom quadros intermedirios de DM, como al-

    terao dos nveis de glicose de jejum, pode,na maioria dos casos de diabetes tipo 2, bar-

    rar a progresso para a doena. Portanto,

    assim que identicados tais casos, o enca-minhamento para o nutricionista torna-se deextrema importncia.

    Diagnstico nutricional do paciente

    com diabetesmellitus

    (DM)

    O diagnstico nutricional destes pacientes

    deve ser realizado com ateno primordial aohbito alimentar e exames bioqumicos parapreveno de comorbidades como danos re-nais e hepticos.

    A utilizao de recordatrio de 24 horas

    e QFAs so boas opes para identicarquantitativamente e qualitativamente a die-ta deste indivduo, com ateno no apenasaos macronutrientes, mas tambm aos mi-

    cronutrientes principalmente zinco, mag-nsio, selnio, vandio e cromo, envolvidosno processo de ao da insulina. Incluem-sehbitos socioculturais, histria pregressa de

    doenas e alteraes de peso, investigadasna anamnese.

    No contexto de pacientes envolvidos naprtica de exerccios fsicos, importante que

    o nutricionista identique qual a capacidadefsica requerida no exerccio, assim como

    horrio, intensidade e durao do exerccio

    realizado, para orientar o paciente quanto quantidade e qualidade dos alimentos que

    comporo as refeies antes e aps o treino,

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    assim como reforar as orientaes ao pa-

    ciente quanto vericao de sua glicemia.

    Nesse sentido, torna-se importante a co-

    municao e troca de tais informaes para

    os prossionais envolvidos nortearem as di-rees das intervenes (exerccios fsicos eplano nutricional) do paciente.

    Recomendaes nutricionais do pa-

    ciente com diabetes mellitusem trei-

    namento fsico

    A interveno nutricional para estes pacien-tes visa permitir a prtica segura de exercciosfsicos ao evitar hipoglicemia e crises cetti-cas, possibilitando os efeitos siolgicos be-ncos do exerccio fsico como controle gli-cmico, melhoria da sensibilidade insulina e

    do perl lipdico.

    A composio de macronutrientes princi-

    palmente carboidratos para estes indivduosj foi muito discutida. A recomendao atualproposta pela Sociedade Americana de Diabe-

    tes (American Diabetes Association-ADA) e aSociedade Brasileira de Diabetes (SBD) se-

    guir uma dieta balanceada e individualizada.Tal informao denota a importncia da troca

    constante de dados entre prossionais.

    As alteraes no perl lipdico destes pa-cientes so comuns. Neste sentido, dietas

    constitudas de no mximo 30% do VCT com-

    postas por gorduras so indicadas, com com-posio de cidos graxos de acordo com as

    orientaes para dislipidemias descritas an-

    teriormente, atentando-se ao plano proposto

    para seu paciente.

    A quantidade de protenas deve ser ofereci-da de acordo com a fase da vida e a demandado exerccio fsico realizado. Estudos apontamque dietas com alto teor de protenas melho-ram a resposta insulina sem aumentar a gli-

    cemia em portadores de diabetes tipo 2, mas

    comum observar elevado consumo de gor-duras neste tipo de dieta, devendo ser evita-da. dada uma ateno especial aos casos dedisfuno renal, onde a oferta proteica deveser reduzida e calculada individualmente.

    Os carboidratos devem ser ingeridos deacordo com a glicemia e insulinoterapia, quan-

    do utilizada. Para ajustar a dose de insulina,a contagem de carboidratos uma maneira

    simples e muito utilizada por este pblico nacontagem de carboidratos em cada refeio.

    Em geral, os indivduos que fazem exerc-cios aerbios de moderada intensidade com

    durao menor que uma hora devem inge-rir em torno de 5 a 6g de carboidratos/kg depeso corporal diariamente. Caso a durao

    seja entre uma a duas horas, esta recomen-dao pode elevar-se para cerca de 6 a 8gde carboidratos/kg por dia. Nesse sentido, de

    acordo com a progresso do exerccio fsico, preciso informar ao nutricionista de seu pa-

    ciente para que tais ajustes sejam realizados

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    a m de aperfeioar os resultados e ter umaforma segura de praticar exerccios.

    Controle glicmico do paciente comdiabetes mellitus em treinamento f-

    sico

    O primeiro passo no acompanhamentodestes pacientes checar a glicemia antes,durante e aps os exerccios propostos. As-

    sim ser possvel identicar a necessidade desuplementao de carboidratos ou ajuste nadose de insulina para indivduos com diabe-tes tipo 1 ou tipo 2 que utilizem a insulino-terapia.

    A suplementao de carboidratos para

    prevenir possveis hipoglicemias nos ca-

    sos que poderiam ser sanados com ajus-

    tes na dose de insulinadeve ser evitada,

    pois aumentam desnecessariamente o

    valor calrico total da dieta.

    A estimativa do requerimento energti-co durante o exerccio possvel com o co-nhecimento das variveis do treinamento eutilizao de tabelas-padro. Ao dividir o re-

    querimento calrico por 4 (valor de caloriaspara cada grama de carboidrato), possvelestimar a necessidade, em gramas, de car-

    boidratos durante o treino e ofert-las entre

    1 e 3 horas antes do exerccio.

    A oferta de carboidratos de baixo ndice

    glicmico neste momento tende a miniminar

    a hipoglicemia no incio do exerccio, alm demelhorar a disponibilidade de cidos graxoslivres para utilizao no exerccio.

    Caso a glicemia pr-exerccio esteja infe-rior a 100mg/dl, necessrio suplementar oindivduo com carboidratos.

    A recomendao utilizar 15g de carboi-dratos de alto ndice glicmico, que tendema aumentar a glicemia em 50mg/dl.

    Durante o exerccio, esta suplementao

    de 15g de carboidratos simples pode ser re-

    alizada a cada 30 minutos, caso o exerccioseja de intensidade moderada a alta (veja no

    contedo digital, Figura 3, opes de alimen-tos contendo 15g de carboidratos).

    Aps o exerccio, necessrio monitorar a

    glicemia por at 90 minutos aps.

    No entanto, alteraes na glicemia podem

    ocorrer tardiamente. Ajustes na dose de in-

    sulina devem ser realizados de forma de-crescente, evitando aes tardias. Em algunscasos, aumentar o consumo de carboidratos

    por at 24 horas aps o exerccio pode serrecomendado.

    No geral, 1,5g de carboidratos de alto ndi-

    ce glicmico/kg de peso, ofertados logo aps

    o exerccio, ajudam a restaurar os estoques deglicognio muscular para indivduos que reali-zam exerccios intensos e de longa durao.

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    Implicaes prticas da dietoterapia para paciente com DM na prescrio do

    exerccio

    Conforme visto, o controle do plano alimentar, principalmente quanto qualidade e quan-

    tidade de carboidratos ingeridos, crucial para este pblico ter um adequado controle glic-mico. O acompanhamento por um prossional nutricionista com visitas frequentes indica-do, e os demais prossionais envolvidos devem se inteirar do tratamento utilizado por cadapaciente (utilizao de insulinoterapia, quais os tipos utilizados). O paciente atenta ao planodietoterpico a ser seguido, e cabe ao nutricionista observar alteraes no horrio, duraoe intensidade dos exerccios propostos para eventuais alteraes do plano alimentar.

    A orientao quanto vericao da glicemia antes, durante e aps as sesses de treino

    deve ser seguida at que se estabelea um padro para o treino proposto, e repetida sem-pre que haja alteraes nas variveis do treinamento.

    Durante as sesses de treino, importante que o prossional que atento a sinais dehipoglicemia, como tremor, taquicardia, sudorese, vertigem, viso turva, fraqueza, cefaleiaou irritao. O prossional deve ter sempre mo pastilhas de glicose sublinguais, balas oudemais opes que possam ser utilizadas em casos de hipoglicemia.

    Sugesto!

    Incluir na anamnese a cada sesso de treino, quais alimentos, e a quantidade consumida

    destes antes do treino, se faz utilizao de insulinoterapia e qual a forma utilizada, qual

    a glicemia no incio, durante e aps o treino, se foi necessrio utilizar suplementao du-

    rante o treino.

    Sndrome de cushinge doena de cushingA sndrome de cushing caracterizada por um grupo de sintomas relacionados ao aumento

    do cortisol srico (hipercortisolismo). Sua etiologia variada. A causa principal reside no usoexcessivo de drogas a base de corticoides, comumente utilizadas no tratamento de alergias,doenas inamatrias e doenas autoimunes. No entanto, h causas endgenas, como noscasos de tumor (adenoma) na glndula adrenal ou na glndula hipse, fazendo com queocorra aumento demasiado da produo de cortisol.

    O termo doena de cushing utilizado apenas para os casos de adenomas da glndulahipofsria, que ocasionam produo descomedida do hormnio estimulador da glndulasuprarrenal (ACTH).

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    Sugesto!

    Investigar sintomas relacionados sn-drome de cushing em pacientes quefazem uso de corticoides de extremaimportncia para identicar a sndromenos estgios iniciais e prevenir seu avan-o.

    Devido s alteraes metablicas ocasio-nadas pelo excesso de cortisol, possvel ob-servar aumento e redistribuio da gorduracorporal, com consequente desenvolvimentode obesidade central, giba costal (acmulode gordura na regio superior das costas) ehipotroa muscular de membros como bra-os e pernas. Tambm no so raros os ca-

    sos de desenvolvimento de diabetes mellitus,hipertenso, dislipidemias e osteoporose.

    Implicaes dietoterpicas no acom-

    panhamento de pacientes com Sn-

    drome de Cushing

    O tratamento dietoterpico destes pacien-

    tes realizado de acordo com os sintomase comorbidades apresentadas. Neste senti-

    do, deve-se investigar o avano da distribui-o de gordura corporal atravs de avaliaoantropomtrica e avaliar glicemia de jejum,presso arterial e lipidograma completo,

    alm de exames de densitometria ssea.

    Na anamnese alimentar, investiga-se a

    quantidade e a qualidade das gorduras inge-ridas, ingesto de alimentos fonte de clcio

    e vitamina D, quantidade de protenas e de

    sdio da dieta habitual. Quando ainda no hum diagnstico de comorbidades, estimu-

    lada a manuteno de um peso saudvel e a

    adeso de hbitos alimentares mais saud-veis e preventivos, como o aumento no con-sumo de frutas, verduras e legumes, atingiras necessidades dirias de clcio e vitaminaD atravs de fontes alimentares, manter umconsumo adequado de protenas com baixo

    teor de gorduras e evitar o consumo exces-sivo de sal.

    Estes so os principais pontos que seroavaliados pelo nutricionista.

    Estas informaes, mesmo que de formaresumida, devem ser passadas aos demaisprossionais envolvidos com este pacientepara que se observe sintomas de comorbi-dades como os citados ou at mesmo para

    incluir algumas das orientaes em sua ana-mnese, com o objetivo de averiguar se asmesmas esto sendo cumpridas.

    Distrbios hematolgicos (anemiaferropriva)

    Dentre os distrbios hematolgicos maisconhecidos e relacionados a carncias nu-tricionais est a anemia ferropriva. Ela podese instaurar por ingesto insuciente de fer-ro, interaes medicamentosas com outros

    nutrientes, aumento das necessidades (emcaso de exerccios intensos ou de longa du-

    rao) ou devido a perdas signicativas desangue (sangramentos ou hemorragias).

    Neste sentido, identicar a causa destaanemia importante para trat-la e prevenirsua recorrncia.

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    No so raros os casos de anemia

    ferropriva nos indivduos portadoresdas doenas aqui citadas, principal-

    mente quando envolvidos em progra-mas de exerccio fsico, portanto segue

    uma sugesto:

    Avalie sintomas como fraqueza, fa-diga e palidez e procure associ-los intensidade dos treinos propostos.

    Caso necessrio, sugira que procure

    um mdico para diagnstico e trata-mento apropriado.

    Implicaes dietoterpicas em caso

    de anemias ferroprivas

    O tratamento de anemias por decincia deferro realizado atravs da prescrio mdica

    de suplementos de ferro. No entanto, deve viracompanhado de orientaes nutricionais comintuito de aumentar o consumo de alimentos-

    -fonte, assim como horrios e composio darefeio para evitar as interaes entre nu-trientes ou medicamentos.

    As principais orientaes para pacientes

    com anemia, ou mesmo com risco de desen-volv-la, so:

    Aumentar o consumo de alimentos fonte

    de ferro heme (ferro proveniente da hemo-globina ou mioglobina, ou seja, presentes emcarnes de um modo geral, que no possui in-

    terao com demais componentes da dieta).

    Aumentar o consumo de alimentos-fontede vitamina C com alimentos-fonte de ferrono-heme (O ferro no-heme, presente nas

    fontes vegetais pode interagir com outroscomponentes da dieta, o que gera aumento

    ou diminuio de sua absoro. A vitamina C

    capaz de formar um composto com o ferrono-heme, facilitando sua absoro).

    Evitar o consumo, na mesma refeio, defontes alimentares de ferro e alimentos que

    possuem substncias que inibem sua absor-

    o (caf, ch mate, ch verde e seus deriva-dos, leite e derivados).

    Artrite reumatoide (AR)

    Ainda so escassos os estudos quanto

    utilizao de terapia nutricional especcapara artrite reumatoide. No entanto, por se

    tratar de uma doena hipercatablica comcarter inamatrio crnico, a dietoterapianestes pacientes tem como objetivo man-

    ter ou melhorar o estado nutricional, evitara caquexia e promover melhora do quadroclnico por meio de alimentos que promovamefeitos antiinamatrios e antioxidantes, natentativa de minimizar sintomas como a dor.

    Alm disso, possvel prevenir ou atuar como tratamento coadjuvante de comorbidades,como as alteraes na concentrao srica

    de lipdeos, intolerncia glicose e o aumen-to da gordura corporal.

    Para pacientes praticantes de exerccio f-

    sico, o acompanhamento nutricional adequa-do possibilita melhor manuteno da massamuscular esqueltica, alm ser uma possvelestratgia para melhorar a recuperao apssesses de exerccio fsico.

    Estudos sugerem que pacientes com artri-te reumatoide apresentam aumento do gas-

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    to energtico em repouso. No entanto, para

    estimar as necessidades energticas totais di-

    rias destes pacientes, preciso investigar as ati-

    vidades dirias, ou seja, qual fator de atividade aplicado nas equaes preditivas uma vez que

    estes pacientes tendem a diminuir muito suas

    atividades fsicas dirias, seja por incapacidade

    ou por dor e depois somar o gasto com exerc-

    cios fsicos frmula preditiva.

    Implicaes dietoterpicas em caso

    de artrite reumatoide

    A composio de macronutrientes da die-

    ta deve seguir as recomendaes para umapessoa sadia, levando em considerao seuestado nutricional e o tipo de exerccio re-

    alizado. Devido s alteraes metablicasdecorrentes da doena, a ateno a alguns

    micronutrientes especcos na dieta torna-se

    necessria.

    A utilizao de antioxidantes na forma desuplementao para pacientes com AR ainda

    possui resultados contraditrios na literatura

    cientca. No entanto, garantir o aporte devitamina C e vitamina E at os nveis m-ximos recomendados pode implementar a

    ao antioxidante adequada.

    Estudos apontam que o consumo adequa-do destas vitaminas pode gerar diminuioda dor.

    Alimentos-fonte de clcio e vitamina D de-vem estar presentes no plano alimentar deforma a atingir as necessidades dirias, vi-

    sando prevenir a desmineralizao periarti-cular (diminuio da densidade ssea prxi-ma s articulaes).

    O aparecimento de anemias comum nes-

    tes pacientes e, portanto, as orientaes re-

    ferentes a ela aqui descritas devem ser leva-

    das em considerao.

    Por se tratar de uma doena inamatria,o emprego de mega-3 tem sido muito dis-

    cutido. Estudos apontam os efeitos antica-tablicos e anti-inamatrios exercidos pelouso de mega-3. A recomendao incluir

    fontes alimentares como peixes e leos de

    oliva e linhaa. No entanto, vale ressaltar anecessidade de manter a proporo adequa-

    da entre megas 6 e 3 na dieta em torno de2:1 e 3:1, sendo que o excesso de mega-6na dieta pode apresentar um efeito pr-ina-matrio no organismo.

    Orientaes nutricionais aos pacientescom sndrome da fadiga crnica

    Ainda no h consenso ou orientaes nu-tricionais especcas para pacientes portado-res de sndrome da fadiga crnica (SFC), e arecomendao manter uma dieta variada eadequada para idade e estado nutricional de

    cada indivduo.

    Sintomas caractersticos na sndrome da

    fadiga crnica, como cansao excessivo e fa-diga, so comuns em praticantes de exerccio

    fsico, principalmente para os que realizammaior volume e intensidade de exerccios compouco tempo de recuperao. Uma inadequa-da ingesto de carboidratos tambm pode ser

    associada aos sintomas.

    Neste sentido, garantir o aporte adequadode nutrientes de acordo com a periodizaodo exerccio pode garantir uma diminuio de

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    sintomas que poderiam ser estimulados. Sa-

    bendo que a proximidade do educador fsico

    e do sioterapeuta a este paciente por ve-

    zes maior, possvel que esses prossionaisidentiquem que os sintomas esto exacer-bados em determinados momentos do treino

    e orientem seus pacientes a buscar um nutri-

    cionista para adequar os nutrientes da dieta

    rotina de exerccios proposta.

    Um estudo utilizou chocolate (cacau) ricoem polifenis durante oito semanas em pa-

    cientes com SFC e se observou a diminuiode fadiga e sintomas relacionados sndrome.

    Neste sentido, utilizar alimentos com substn-cias antioxidantes e anti-inamatrios paraimplementar o sistema imune parecem ser

    uma alternativa para estes pacientes.Hipotireoidismo e hipertireoidismo

    No hipotireoidismo, devido produo di-minuda dos hormnios tireoidianos, comumocorrerem comorbidades como anemias, cons-

    tipao, dislipidemias e obesidade, tratadas

    conforme orientaes citadas anteriormente

    neste texto. Neste sentido, dietas com carac-tersticas anti-inamatrias e antioxidantes soindicadas.

    Uma vez que a doena est controladaatravs da utilizao de dosagens hormonaisadequadas, os efeitos negativos da doena

    so drasticamente diminudos. Mesmo com otratamento adequado institudo, importante

    avaliar, principalmente, o consumo de clcio,vitamina D, fsforo, selnio, iodo, vitamina Ae do complexo B, uma vez que estes nutrien-tes esto intimamente ligados produo e

    converso dos hormnios tireoidianos e preven-o de osteoporose.

    No hipertiroidismo, o que se encontra um

    estado hipermetablico com possibilidade de

    perda de peso e osteoporose. Assim como no hi-

    potireoidismo, uma vez institudo um tratamento

    adequado, estes sintomas podem ser controla-

    dos. Ainda assim, no incomum, dependendo

    do tratamento utilizado (iodo radioativo ou tireoi-

    dectomia), que um quadro de hipotireoidismo se

    institua e as recomendaes anteriormente rela-tadas passem a ser designadas.

    Consideraes nais

    Prezado leitor, neste texto abordamos osprincipais aspectos da nutrio clnica para -siologia do exerccio clnico nas afeces imu-

    noendcrinas, hematolgicas e neoplsicas. importante salientar que os norteadores domanejo nutricional aqui apresentados devemser utilizados de acordo com a individualida-de siopatolgica de cada paciente, aliadosao bom senso e tica de cada prossional.

    Ademais, o que se nota na prtica clni-

    ca que o acompanhamento multidisciplinar

    destes pacientes e o conhecimento sobre osdiversos tratamentos (nutricional, sioterpi-co, psicolgico e fsico) utilizados por parte

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    dos prossionais envolvidos perfaz um atendi-

    mento mais completo e unicado, gerando resul-

    tados mais ecazes.

    O que se sabe que o contato de educado-

    res fsicos e sioterapeutas com os pacientes

    muitas vezes frequente e peridico, o que faz

    destes prossionais potenciais investigadores

    de sinais e sintomas que seus pacientes/alunos

    venham a apresentar sejam estes constitudos

    pela prpria evoluo da doena, por carncias

    nutricionais ou por impacto dos exerccios pro-

    postos e que so de suma importncia paraa teraputica instituda pelos demais prossio-

    nais. As informaes aqui descritas devem fazer

    parte do conhecimento de todos os prossionais

    envolvidos e podem ser utilizadas na elaborao

    de um programa de acompanhamento multidis-

    ciplinar.

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