Neste Instante o Mergulho

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7/17/2019 Neste Instante o Mergulho http://slidepdf.com/reader/full/neste-instante-o-mergulho 1/1  Neste instante o mergulho, costas pra baixo, impulsionar o o quadril prá baixo, como um boto, sentindo a forte massagem da onda. Não mais o medo, a delícia.... Então a primeira braçada, o olhar constante para um inescrutável fundo do mar atingindo a escuridão em azul profundo. O desconhecido. Sim, dá medo. Mas o corpo leve pela salinidade, a adrenalina impulsionando as braçadas, dando coragem para mergulhar, sondar a escuridão, encontrar o fundo gelado do mar. Ou até o limite do seu pulmão. Não sei porque, sinto-me mais seguro quando faço isto. Excita- me. Quero mais e mais. Mas estabeleço pontos de referência na praia distante. E sigo adiante. E não mais nado, voô, liberdade total do corpo, da mente, do espírito, tudo emulsionado no constante som das braçadas, no rumor distante das ondas, na imensidão do horizonte. E a costa rochosa aproximando-se suavemente, já posso ver areia brilhando no fundo, já posso distinguir rochas e as criaturas que as habitam. Mergulho. E estou em outro mundo: Quando vou pro mar, entrego-me. Não fico na praia. Anseio pelo sal, pela onda, pela braçada. Para mim, não existe coisa mais prazerosa nesta vida do que nadar no Mar. Também não vou mentir. Dá medo, muito medo. Primeiro, enfrentar a quebração das ondas, o canal. As cristas crescendo a sua frente cada vez mais altas, a força da massa líquida puxando seus pés. O rugido do mar sobre você. A crista da onda descendo impiedosa sobre você. E não há mais nada. Sequer existo. Não há pensamento, apenas os sentidos alertas, captando sinais do que me cerca. Só lembro de mim, quando ardem os pulmões e lenta mente vou subindo a superfície e a consciência. E o exultante regresso a praia. Só assim encontro Deus.

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Descrição da sensação de nadar no mar.

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7/17/2019 Neste Instante o Mergulho

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Neste instante o mergulho, costas pra baixo, impulsionar o o quadril prá baixo, como um boto,

sentindo a forte massagem da onda. Não mais o medo, a delícia....

Então a primeira braçada, o olhar constante para um inescrutável fundo do mar atingindo a

escuridão em azul profundo. O desconhecido.

Sim, dá medo. Mas o corpo leve pela salinidade, a adrenalina impulsionando as braçadas,

dando coragem para mergulhar, sondar a escuridão, encontrar o fundo gelado do mar.

Ou até o limite do seu pulmão. Não sei porque, sinto-me mais seguro quando faço isto. Excita-

me. Quero mais e mais. Mas estabeleço pontos de referência na praia distante. E sigo adiante.

E não mais nado, voô, liberdade total do corpo, da mente, do espírito, tudo emulsionado no

constante som das braçadas, no rumor distante das ondas, na imensidão do horizonte.

E a costa rochosa aproximando-se suavemente, já posso ver areia brilhando no fundo, já possodistinguir rochas e as criaturas que as habitam. Mergulho. E estou em outro mundo:

Quando vou pro mar, entrego-me. Não fico na

praia. Anseio pelo sal, pela onda, pela braçada.

Para mim, não existe coisa mais prazerosa nesta

vida do que nadar no Mar.

Também não vou mentir. Dá medo, muito medo.Primeiro, enfrentar a quebração das ondas, o

canal. As cristas crescendo a sua frente cada vez

mais altas, a força da massa líquida puxando seus

pés. O rugido do mar sobre você. A crista da

onda descendo impiedosa sobre você.

E não há mais nada. Sequer

existo. Não há

pensamento, apenas os

sentidos alertas, captando

sinais do que me cerca.

Só lembro de mim, quando

ardem os pulmões e lenta

mente vou subindo a superfície e a consciência.

E o exultante regresso a praia.

Só assim encontro Deus.