Neurociência Do Amor

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Neurociência do Amor Nem começou e já quer recomeçar Precisa andar antes de querer parar Dar corda a discórdia só pra dar o que falar Deixar calejar sem medo de amar Caminhos sem trilhos não tem onde apontar Então por que perder tempo em planejar? Se a única escolha tende a deixar rolar Melhor é correr ao invés andar Xistocarpo é fátuo, de fato queima a alma I'm dancing the music of life, come with me now I am singing the music of life, sing with me now Let us sing to the rainbow of love all together Yes, singing the music of life, we are all one... yeah! Sentimento sagaz afeta sem perguntar Quer ir devagar, mas só quer acelerar Explode e implode numa dança lunar É a ponta da agulha, a pequena fagulha, maçã proibida Labirinto, emboscada, escalada sem escada I'm dancing the music of life, come with me now I am singing the music of life, sing with me now Let us sing to the rainbow of love all together Yes, singing the music of life, we are all one Nefasto, carrasco do casco, a vela sem mastro, uh uh Grito sem dito, palhaço do mito, um fiasco.

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BUENA

Transcript of Neurociência Do Amor

Neurociência do Amor 

Nem começou e já quer recomeçar

Precisa andar antes de querer parar

Dar corda a discórdia só pra dar o que falar

Deixar calejar sem medo de amar

Caminhos sem trilhos não tem onde apontar

Então por que perder tempo em planejar?

Se a única escolha tende a deixar rolar

Melhor é correr ao invés andar

Xistocarpo é fátuo, de fato queima a alma

I'm dancing the music of life, come with me now

I am singing the music of life, sing with me now

Let us sing to the rainbow of love all together

Yes, singing the music of life, we are all one... yeah!

Sentimento sagaz afeta sem perguntar

Quer ir devagar, mas só quer acelerar

Explode e implode numa dança lunar

É a ponta da agulha, a pequena fagulha, maçã proibida

Labirinto, emboscada, escalada sem escada

I'm dancing the music of life, come with me now

I am singing the music of life, sing with me now

Let us sing to the rainbow of love all together

Yes, singing the music of life, we are all one

Nefasto, carrasco do casco, a vela sem mastro, uh uh

Grito sem dito, palhaço do mito, um fiasco.

A neurociência do amorAnálise do cérebro de apaixonados explica por que perdemos a razão quando amamos

Por: Roberto Lent

Publicado em 25/01/2008 | Atualizado em 15/12/2009

Quem já se apaixonou, bem sabe: o mundo não interessa mais nada, as coisas em volta não

têm importância, os outros são insossos, tudo gira em torno da pessoa amada. É quase uma

mania, um vício, uma obsessão. O alvo de nosso amor chega quase à perfeição – o resto fica

cinza e indistinto. “O amor tem razões que até a razão desconhece”, disse o filósofo francês

Blaise Pascal (1623-1662), numa expressão que se tornou lugar-comum, de tão repetida.

Cena do filme O amor nos tempos do cólera, do norte-americano Mike Newell, adaptação do

romance homônimo do escritor colombiano Gabriel García Márquez.

A paixão é uma emoção complexa dos seres humanos que tem instigado a curiosidade e a

manifestação dos filósofos e escritores desde sempre. Ela pode incluir outros sentimentos,

como a ansiedade ou o desejo erótico, embora estes possam existir sem amor. E geralmente

exclui ou minimiza outras emoções, como o medo e a raiva, e obscurece muitos aspectos da

atividade cognitiva racional. Os apaixonados ficam quase inteiramente dedicados a esse

sentimento.

Quem assistiu ao filme ou leu O amor nos tempos do cólera, de Gabriel García Márquez, pôde

avaliar um magnífico exemplo do grau de obsessão que pode assumir um sentimento de

amor. Florentino Ariza se apaixona por Fermina Daza na juventude, mas a vida corre em

outras direções e eles se separam. Seu amor, entretanto, persiste até a velhice, quando se

reencontram. Uma obsessão de 50 anos...

O que poderiam dizer os neurocientistas desse tão forte sentimento humano? De que modo

poderiam estudá-lo?

O mapa cerebral do amor apaixonado

As técnicas de neuroimagem funcional permitiram mapear as regiões cerebrais ativadas e

desativadas durante a paixão, e até compará-las com outros tipos de amor, como o amor

materno. Ambos podem ser revelados em alguém pela simples exposição de uma fotografia

da pessoa amada ou do filho querido: o coração bate mais rápido, um sorriso se abre no rosto

e... as áreas cerebrais envolvidas nesse reconhecimento visual passam a apresentar maior

irrigação sangüínea, metabolismo mais intenso e maior atividade dos neurônios. Foi esse tipo

de experimento que realizou o eminente neurocientista Semir Zeki, do University College

London, e seu colaborador Andreas Bartels.

A imagem mostra um plano do cérebro de um dos voluntários estudados pelos pesquisadores

de Londres, indicando em vermelho as áreas associadas à paixão e, em amarelo, aquelas

ligadas ao amor materno. Reproduzido de Zeki (2007).

Os experimentos mostraram as áreas cerebrais ativadas exclusivamente pela visão de fotos

da pessoa amada, outras por imagens de um filho, e aquelas ativadas em ambas as

condições. As áreas da paixão são as mesmas que contêm grandes quantidades do

neurotransmissor dopamina e dos hormônios ocitocina e vasopressina, bem como das

proteínas que os reconhecem.

Faz sentido: a dopamina é liberada nessas regiões cerebrais em situações de grande prazer,

e os hormônios são secretados fortemente durante o orgasmo. A semelhança parcial entre as

duas formas de amor também faz sentido. Ambas têm em comum uma vantagem biológica e

evolutiva essencial: favorecem a sobrevivência da espécie, pelo acasalamento e pelo cuidado

com a cria. A natureza desenvolveu engenhosas estratégias de aproximação entre machos e

fêmeas, e de manutenção de um forte vínculo entre eles, assim como deles com os filhos.

A loucura do amor

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) disse uma vez, com muita propriedade: “Há

uma certa loucura no amor, mas também uma certa razão na loucura”. O trabalho de Zeki de

certa forma materializa essa forma literária com que Nietzsche descreveu a cegueira do amor.

As imagens do cérebro dos voluntários da pesquisa mostraram não apenas a ativação de

certas áreas cerebrais, mas também a desativação de outras. E essas outras se localizam

exatamente no lobo frontal do cérebro, bem conhecido pelo seu envolvimento com o raciocínio

lógico e matemático, e com os comportamentos executivos – muito do que chamamos “razão”.

A loucura do amor provém do obscurecimento da razão.

Novamente, os evolucionistas encontram aí um novo exemplo de adaptação biológica: um

mecanismo de aproximar casais reprodutores e fortalecer seu vínculo recíproco. Sabemos por

experiência própria que tudo é possível em se tratando de paixão. “O amor é cego”, diz um

outro lugar-comum. O obscurecimento da razão teria a vantagem biológica de aproximar os

casais mais improváveis. Se estou apaixonado, não há quem me convença de que ela não é a

mais bela das mulheres...

SUGESTÕES PARA LEITURA

S. Zeki (2007) Neurobiology of love. FEBS Letters, vol. 581: pp. 2575-2579.

A. Bartels e S. Zeki (2004) The neural correlates of maternal and romantic love.NeuroImage,

vol. 21: pp. 1155-1166.

A. Bartels e S. Zeki (2000) The neural basis of romantic love. NeuroReport, vol. 11: pp. 3829-

3824.

http://ninettenestadopuro.com/cosas-que-le-dirias-a-esa-persona-que-ya-no-esta-en-tu-vida/

Videojogos, neurojogos

Psicólogos americanos concluíram que os videogames de ação podem trazer benefícios

cognitivos para os usuários e estimular a aprendizagem. Roberto Lent discute os resultados

surpreendentes desse estudo e defende o uso desses jogos na educação.

Por: Roberto Lent

Publicado em 29/10/2010 | Atualizado em 29/10/2010

Videojogos, neurojogos

Ao contrário do que se poderia supor, os videjogos podem ser benéficos para as crianças e

para os adultos: depende do conteúdo... (foto: Sean Dreilinger – CC 2.0 BY-NC-SA).

Pais e professores expressam sempre grande preocupação com a influência que as novas

tecnologias de comunicação podem ter sobre o funcionamento do cérebro e o desempenho

neuropsicológico das crianças.

Segundo os pessimistas, estamos à beira do apocalipse: assoladas pelo excesso de

informação, pela atordoante exposição às novas mídias e pela inexorável superficialidade dos

conteúdos transmitidos, nossas crianças e jovens tenderiam à deseducação, à agressividade

e à falta de profundidade cultural.

Dispomos hoje de um acervo de possibilidades de acesso à cultura e à educação nunca antes

imaginado

Não creio que seja assim. Nossos avós se preocuparam com a destruição do teatro pelo

cinema, e nossos pais com o desaparecimento deste, ameaçado pela emergência fulminante

da televisão.

Também imaginaram que os concertos de música ao vivo seriam substituídos pelas gravações

em estúdio lançadas em discos de vinil e depois em CDs. Agora, nos preocupamos com o fim

do livro impresso, prestes a ser enterrado pelos computadores e e-books...

Nada disso ocorreu. Ao contrário, as novas tecnologias se somaram às mídias mais antigas, e

a humanidade dispõe hoje de um acervo de possibilidades de acesso à cultura e à educação

nunca antes imaginado.

Kindle

A emergência de e-books como o Kindle, mostrado na foto, não ameaça os livros de papel: as

duas tecnologias devem coexistir no futuro (foto: Phillip Torrone - CC 2.0 BY-NC-ND).

Separar o joio do trigo

Não é razoável culpar os formatos sem analisar seu conteúdo. Há livros bons e livros ruins,

filmes educativos e outros que estimulam a agressividade e desagregação social. Do mesmo

modo, há programas de TV de grande eficácia educacional, outros inócuos e outros ainda

negativos. O formato é em princípio neutro: o conteúdo é que importa!

Não é razoável culpar os formatos sem analisar seu conteúdo

O seriado infantil Vila Sésamo foi analisado por educadores e psicólogos americanos há cerca

de cinco anos, e a conclusão foi que tem uma influência positiva na alfabetização das

crianças.

Por outro lado, o programa Teletubbies provocou o contrário: diminuição do vocabulário e das

habilidades linguísticas das crianças telespectadoras. Duas iniciativas com a melhor das

intenções, formatos semelhantes e resultados diametralmente opostos...

Vila Sésamo e Teletubbies

Dois programas com finalidades educativas, mas resultados opostos (imagens: reprodução).

Da mesma forma, os programas de computador idealizados para “exercitar o cérebro” de

crianças e adultos aprimorando sua capacidade cognitiva podem não fazê-lo. Pior: eles

podem até causar uma piora dos indicadores intelectuais dos usuários. Ao contrário,

tecnologias criadas apenas para o entretenimento – como os videojogos de ação – podem

causar benefícios inesperados.

É preciso, portanto, analisar caso a caso para separar o joio do trigo. E, como em todas as

coisas, deve-se distinguir entre uso e sobreuso: comer é necessário e bom; comer demais

pode causar dependência e obesidade.

Videojogos e aprendizagem

Partindo dessa ideia aberta e sem preconceito, um grupo de psicólogos americanos da

Universidade de Rochester, liderados por Daphne Bavelier, analisou o impacto dos videojogos

de ação sobre os mecanismos de aprendizagem e os possíveis determinantes cerebrais de

sua ação. Os resultados foram surpreendentes.

O estudo foi feito em 23 rapazes com cerca de 20 anos de idade, divididos em dois grupos:

jogadores regulares, que no ano anterior tinham utilizado videojogos de ação ao menos 5

horas por semana; e não usuários, que não tiveram qualquer prática no mesmo período.

Para definir “jogos de ação”, a equipe considerou aqueles que apresentam alta velocidade de

eventos e imagens, grande exigência perceptual, cognitiva e motora, múltiplos focos de

atenção (diferentes itens apresentados simultaneamente), imagens apresentadas nas bordas

da tela e imprevisibilidade (surpresa) temporal e espacial.

Homem Aranha (videogame)

Cena do jogo 'Homem-Aranha: teia de sombras'. O estudo americano mediu como a

aprendizagem é influenciada pelo uso dos jogos de ação, caracterizado por alta velocidade de

eventos e imagens, grande exigência cognitiva e imprevisibilidade temporal e espacial, entre

outros aspectos (imagem: reprodução).

Os 23 sujeitos foram submetidos a testes para identificar a direção de movimento

predominante entre muitos estímulos visuais projetados simultaneamente em um monitor de

computador. Eles deviam apertar um botão para indicar se o movimento predominante era

para a direita ou para a esquerda. Os pesquisadores podiam variar a proporção de estímulos

com movimento sincronizado, misturados a outros movendo-se em todas as direções.

Além disso, os participantes foram solicitados a identificar tons musicais puros de diferentes

intensidades, misturados a um chiado constante como uma estação de rádio fora de sintonia.

Nesse caso, os tons eram apresentados a um ouvido ou outro aleatoriamente, e os rapazes

tinham que apertar os mesmos botões indicando o ouvido direito ou o esquerdo.

O resultado foi interessante: jogadores regulares e não usuários apresentavam igual precisão

na identificação dos estímulos, tanto visuais como auditivos. Mas os primeiros eram muito

mais rápidos no gatilho: apertavam o botão certo mais rapidamente que os não-usuários. Isso

significa que têm maior agilidade de raciocínio e conseguem tomar decisões mais

rapidamente.

Jogadores regulares tinham maior agilidade de raciocínio e conseguiam tomar decisões mais

rapidamente

E atenção: o melhor desempenho dos jogadores regulares não se restringiu ao sentido da

visão, modalidade ativada durante o jogo.

Mais do que isso, estendeu-se à audição, indicando uma transferência transmodal, no jargão

técnico. Ou seja: usuários de videojogos de ação não treinam apenas a visão: aprendem as

melhores estratégias para tomar decisões com rapidez e eficiência.

Mas será que o efeito se deve ao treinamento ou, ao contrário, os videojogadores são

naturalmente selecionados por uma capacidade inata para processar mais eficientemente

estímulos visuais e auditivos?

Essa pergunta foi também respondida pelos pesquisadores. O grupo de não usuários recebeu

50 horas de treinamento em videojogos e foi novamente testado depois dessa prática. Não

deu outra. Desta vez o mesmo grupo de não usuários teve bom desempenho, tornando-se

videojogadores como os rapazes do outro grupo.

Redes neurais e os circuitos envolvidos

Em situações reais, fora do aparato experimental, quando um macaco ou um ser humano

visualiza nos lados do campo visual um estímulo em movimento, procura mover os olhos na

direção do estímulo e acompanhar o seu movimento, para melhor discernir o que é. Há

regiões no córtex cerebral dedicadas à identificação dos estímulos, outras de orientação do

olhar, e as primeiras se ligam às segundas.

Os videojogos treinam habilidades cognitivas gerais, e não apenas restritas a uma modalidade

sensorial

Esse circuito foi modelado pelo grupo de Rochester utilizando as famosas redes neurais,

construções de programas de computador que simulam as operações dos neurônios

conectados.

A simulação apoiou plenamente os resultados experimentais, pois indicou uma via de

processamento de etapas sensoriais até a interpretação e a elaboração de uma resposta,

seguindo curvas muito semelhantes às obtidas com os rapazes testados.

Nesse caso, a modelagem por computador sustentou a constatação mais surpreendente do

experimento: os videojogos treinam habilidades cognitivas gerais, e não apenas restritas a

uma modalidade sensorial. A pessoa aprende estratégias cognitivas, ou seja, aprende a

aprender.

Neuroeducação à vista

Experimentos desse tipo trazem indicações importantes. Primeiro, as novas tecnologias de

comunicação e entretenimento não são necessariamente boas ou más: é preciso estudar o

seu efeito nas capacidades cognitivas dos usuários. Em segundo lugar: se as novas

tecnologias podem ter efeitos positivos, por que não usá-las nos processos formais e

informais de educação?

Por que não usar as novas tecnologias nos processos formais e informais de educação?

Videojogos poderiam ser criados com a intenção de educar, e não apenas entreter. Além

disso, poderiam apresentar conteúdos menos tendentes à agressividade e à violência e mais

voltados para os benefícios da solidariedade e da vida social integrada.

E, finalmente: o conhecimento das estratégias neurais empregadas nas tarefas cognitivas que

realizamos a toda hora trará uma base mais sólida para compreender de que modo nosso

cérebro realiza essas tarefas com tanta eficiência.

A malandragem definitiva dos educadores será conceber tecnologias que imitem e ajudem o

cérebro no processo de aprendizagem.

Sugestões para leitura:

A.M. Owen e colaboradores (2010) Putting brain training to the test. Nature vol. 465: pp. 775-

778.

D. Bavelier e colaboradores (2010) Children, wired: For better and for worse. Neuron, vol. 67:

pp. 692-701.

C.S. Green e colaboradores (2010) Improved probabilistic inference as a general learning

mechanism with action video games. Current Biology vol. 20: pp.1573-1579.