Neurologia e Psicomotricidade

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INSTITUTO SABER Instituto de Ensino, Cultura e Pesquisa Superior de Brasília Telefones: (61) 3037.3760/3037.3766 MÓDULO: NEUROLOGIA E PSICOMOTRICIDADE NA ARTETERAPIA PROF. Msc AUGUSTO PARRAS ALBUQUERQUE ____________________________________________ _________ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTETERAPIA “LATO SENSU” ____________________________________________ _________

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INSTITUTO SABER

Instituto de Ensino, Cultura e Pesquisa Superior de Brasília

 Telefones: (61) 3037.3760/3037.3766

MÓDULO: NEUROLOGIA E PSICOMOTRICIDADE NA ARTETERAPIA

PROF. Msc AUGUSTO PARRAS ALBUQUERQUE

_____________________________________________________

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EMARTETERAPIA

“LATO SENSU”

_____________________________________________________

BRASÍLIA – 2009

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Neurologia e Psicomotricidade

O cérebro é o centro de comandos do nosso corpo. Ele controla todas as atividades vitais para o corpo. Arquiva as informações que formam a nossa memória, ou seja, a lembrança de brincar em um parque ou o do cheiro bom do bolo da sua mãe. Todas as emoções, como o amor, o ódio, o medo, a ira, a alegria e a tristeza, também são controladas pelo cérebro. 

O cérebro faz parte do sistema nervoso central. Ele fica muito bem protegido no crânio. É encontrado em quase todos os animais.

O cérebro humano é formado por aproximadamente 100 bilhões de células nervosas, os neurônios. Uau! É muita coisa mesmo. O neurônio é o mensageiro do cérebro, capaz de levar mensagens para o corpo e também recebê-las.

As partes do cérebro

O cérebro é formado por diferentes estruturas, cada uma delas com funções diferentes. Veja as principais: 

Córtex Cerebral    Responsável pelas funções de: Pensamento, Movimento voluntário, Linguagem, Julgamento e Percepção.

A palavra córtex vem do latim para "casca". O córtex é a camada externa do cérebro. Sua espessura varia de 2 à 6 mm. É dividido em dois hemisférios. Em mamíferos superiores, como humanos, o cérebro tem uma superfície irregular, cheia de áreas mais protuberantes (chamadas de giros), intercaladas com pequenos vales (chamados de sulcos) e que dão à aparência de "enrugado" ao cérebro.

Cerebelo Responsável pelas funções de: Movimento, Equilíbrio e Postura

A palavra cerebelo vem do latim para "pequeno cérebro." O cerebelo fica localizado ao lado do tronco encefálico. O cerebelo é parecido com o córtex cerebral em alguns aspectos: o cerebelo é dividido em hemisférios e tem um córtex que recobre estes hemisférios.

Tronco Encefálico Responsável pelas funções de: Respiração, Ritmo dos batimentos cardíacos e Pressão Arterial.

O Tronco Encefálico é uma área do encéfalo que fica entre o tálamo e a medula espinhal. O Tronco Encefálico possui ainda várias estruturas como o bulbo, a ponte, a

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formação reticular e o tegmento. Algumas destas áreas são responsáveis pelas funções básicas para a manutenção da vida como a respiração, o batimento cardíaco e a pressão arteria.Hipotálamo Responsável pelas funções de: Temperatura Corporal, Emoções, Fome,Sede e Ritmos Biológicos. O Hipotálamo é composto de várias áreas na base do cérebro. Ele tem o tamanho de uma ervilha (cerca de 1/300 do peso total do cérebro), mas é responsável por alguns comportamentos muito importantes para o indivíduo. Uma das suas funções é o controle da temperatura corporal, funcionando como um "termostato". Assim, se a temperatura corporal estiver alta, ele faz com que os capilares que passam pela pele aumentem de diâmetro, permitindo que o esfriamento do sangue. O Hipotálamo também controla a hipófise, que por sua vez controla o sistema endócrino. 

HipocampoResponsável pelas funções de: Aprendizado e Memória.

O Hipocampo é um área do sistema límbico que é muito importante na memória e aprendizado.

Mesencéfalo Responsável pelas funções de: Visão,Audição, Movimento dos Olhos e Movimento do Corpo.

O mesencéfalo inclui áreas como o colículo superior, entre outras. 

O que é o cérebro?

O cérebro é a parte do sistema nervoso central que fica dentro do crânio. É a parte mais desenvolvida e a mais volumosa do encéfalo, pesa cerca de 1,3 kg e é uma massa de tecido cinza-róseo. Quando cortado, o cérebro apresenta duas substâncias diferentes: uma branca, que ocupa o centro, e outra cinzenta, que forma o córtex cerebral. O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas funcionalmente distintas. Cada uma delas controla uma atividade específica. A presença de grande áreas cerebrais relacionadas ao controle da face e das mãos explica por que essas partes do corpo têm tanta sensibilidade. No córtex estão agrupados os neurônios.

Componentes do cérebro

O cérebro é composto por cerca de 100 bilhões de células nervosas, conectadas umas às outras e responsáveis pelo controle de todas as funções mentais. Além das células nervosas (neurônios), o cérebro contém células da glia (células de sustentação), vasos sangüíneos e órgãos secretores.Ele tem três componentes estruturais principais: os grandes hemisférios cerebrais, em forma de abóbada (acima), o cerebelo, menor e com formato meio esférico (mais abaixo à direita), e o tronco cerebral (centro).No tronco cerebral, destacam-se a medula alongada ou bulbo raquiano (o alargamento central) e o tálamo (entre a medula e os hemisférios cerebrais).

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Os hemisférios cerebrais são responsáveis pela inteligência e pelo raciocínio.

O tronco encefálico, formado pelo mesencéfalo, pela ponte e pela medula oblonga, conecta o cérebro à medula espinal, além de coordenar e entregar as informações que chegam ao encéfalo. Controla a atividade de diversas partes do corpo.O mesencéfalo recebe e coordena informações referentes ao estado de contrações dos

músculos e à postura, responsável por certos reflexos.O cerebelo ajuda a manter o equilíbrio e a postura. O bulbo raquiano está implicado na manutenção das funções involuntárias, tais como

a respiração. A ponte é constituída principalmente por fibras nervosas mielinizadas que ligam o

córtex cerebral ao cerebelo.O tálamo age como centro de retransmissão dos impulsos elétricos, que viajam para e

do córtex cerebral.

Funções dos hemisférios cerebrais direito e esquerdo

Embora os hemisférios cerebrais tenham uma estrutura simétrica, ambos com os dois lóbulos que emergem do tronco cerebral e com áreas sensoriais e motoras, certas funções intelectuais são desempenhadas por um único hemisfério. Geralmente, o hemisfério dominante de uma pessoa ocupa-se da linguagem e das operações lógicas, enquanto que o outro hemisfério controla as emoções e as capacidades artísticas e espaciais. Em quase todas as pessoas destras e em muitas pessoas canhotas, o hemisfério dominante é o esquerdo. Esses dois hemisférios são conectados entre si por uma região denominada corpo caloso. 

Funções do cérebro O cérebro é o centro de controle do movimento, do sono, da fome, da sede e de quase todas as atividades vitais necessárias à sobrevivência. Todas as emoções, como o amor, o ódio, o medo, a ira, a alegria e a tristeza, também são controladas pelo cérebro. Ele está encarregado ainda de receber e interpretar os inúmeros sinais enviados pelo organismo e pelo exterior.Os cientistas já conseguiram elaborar um mapa do cérebro, localizando diversas regiões responsáveis pelo controle da visão, da audição, do olfato, do paladar, dos movimentos automáticos e das emoções, entre outras. No entanto, pouco ainda se sabe sobre os mecanismos que reagem o pensamento e a memória.

Função

O sistema nervoso é responsável pelo ajustamento do organismo ao ambiente. Sua função é perceber e identificar as condições ambientais externas, bem como as condições reinantes dentro do próprio corpo e elaborar respostas que adaptem a essas condições.A unidade básica do sistema nervoso é a célula nervosa, denominada neurônio, que é uma célula extremamente estimulável; é capaz de perceber as mínimas variações que ocorrem em torno de si, reagindo com uma alteração elétrica que percorre sua membrana. Essa alteração elétrica é o impulso nervoso.

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As células nervosas estabelecem conexões entre si de tal maneira que um neurônio pode transmitir a outros os estímulos recebidos do ambiente, gerando uma reação em cadeia.

Neurônios: células nervosas

Um neurônio típico apresenta três partes distintas: corpo celular, dentritos e axônio.No corpo celular, a parte mais volumosa da célula nervosa, se localiza o núcleo e a maioria das estruturas citoplasmáticas.Os dentritos (do grego dendron, árvore) são prolongamentos finos e geralmente ramificados que conduzem os estímulos captados do ambiente ou de outras células em direção ao corpo celular.O axônio é um prolongamento fino, geralmente mais longo que os dentritos, cuja função é transmitir para outras células os impulsos nervosos provenientes do corpo celular. Os corpos celulares dos neurônios estão concentrados no sistema nervoso central e também em pequenas estruturas globosas espalhadas pelo corpo, os gânglios nervosos. Os dentritos e o axônio, genericamente chamados fibras nervosas, estendem-se por todo o corpo, conectando os corpos celulares dos neurônios entre si e às células sensoriais, musculares e glandulares.

Células Glia

Além dos neurônios, o sistema nervoso apresenta-se constituído pelas células glia, ou células gliais, cuja função é dar sustentação aos neurônios e auxiliar o seu funcionamento. As células da glia constituem cerca de metade do volume do nosso encéfalo. Há diversos tipos de células gliais. Os astrócitos, por exemplo, dispõem-se ao longo dos capilares sanguíneos do encéfalo, controlando a passagem de substâncias do sangue para as células do sistema nervoso. Os oligodendrócitos e as células de Schwann enrolam-se sobre os axônios de certos neurônios, formando envoltórios isolantes.

Impulso NervosoA despolarização e a repolarização de um neurônio ocorrem devido as modificações na permeabilidade da membrana plasmática. Em um primeiro instante, abrem-se "portas de passagem" de Na+, permitindo a entrada de grande quantidade desses íons na célula. Com isso, aumenta a quantidade relativa de carga positiva na região interna na membrana, provocando sua despolarização. Em seguida abrem-se as "portas de passagem" de K+, permitindo a saída de grande quantidade desses íons. Com isso, o interior da membrana volta a ficar com excesso de cargas negativas (repolarização). A despolarização em uma região da membrana dura apenas cerca de 1,5 milésimo de segundo (ms).O estímulo provoca, assim, uma onda de despolarizações e repolarizações que se propaga ao longo da membrana plasmática do neurônio. Essa onda de propagação é o impulso nervoso, que se propaga em um único sentido na fibra nervosa. Dentritos sempre conduzem o impulso em direção ao corpo celular, por isso diz que o impulso nervoso no dentrito é celulípeto. O axônio por sua vez, conduz o impulso em direção às suas extremidades, isto é, para longe do corpo celular; por isso diz-se que o impulso nervoso no axônio é celulífugo.A velocidade de propagação do impulso nervoso na membrana de um neurônio varia entre 10cm/s e 1m/s. A propagação rápida dos impulsos nervosos é garantida pela presença da bainha de mielina que recobre as fibras nervosas. A bainha de mielina é constituída por camadas concêntricas de membranas plasmáticas de células da glia,

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principalmente células de Schwann. Entre as células gliais que envolvem o axônio existem pequenos espaços, os nódulos de Ranvier, onde a membrana do neurônio fica exposta.Nas fibras nervosas mielinizadas, o impulso nervoso, em vez de se propagar continuamente pela membrana do neurônio, pula diretamente de um nódulo de Ranvier para o outro. Nesses neurônios mielinizados, a velocidade de propagação do impulso pode atingir velocidades da ordem de 200m/s (ou 720km/h ).

Sistema Nervoso

Divisão Partes Funções gerais

Sistema nervoso central (SNC)

EncéfaloMedula espinal

Processamento e integração de informações

Sistema nervoso periférico (SNP)

NervosGânglios

Condução de informações entre órgãos receptores de estímulos, o SNC e órgãos

efetuadores (músculos, glândulas...)

Sinapses: transmissão do impulso nervoso entre células

Um impulso é transmitido de uma célula a outra através das sinapses (do grego synapsis, ação de juntar). A sinapse é uma região de contato muito próximo entre a extremidade do axônio de um neurônio e a superfície de outras células. Estas células podem ser tanto outros neurônios como células sensoriais, musculares ou glandulares.As terminações de um axônio podem estabelecer muitas sinapses simultâneas.Na maioria das sinapses nervosas, as membranas das células que fazem sinapses estão muito próximas, mas não se tocam. Há um pequeno espaço entre as membranas celulares (o espaço sináptico ou fenda sináptica).Quando os impulsos nervosos atingem as extremidades do axônio da célula pré-sináptica, ocorre liberação, nos espaços sinápticos, de substâncias químicas denominadas neurotransmissores ou mediadores químicos, que tem a capacidade de se combinar com receptores presentes na membrana das célula pós-sináptica, desencadeando o impulso nervoso. Esse tipo de sinapse, por envolver a participação de mediadores químicos, é chamado sinapse química.Os cientistas já identificaram mais de dez substâncias que atuam como neurotransmissores, como a acetilcolina, a adrenalina (ou epinefrina), a noradrenalina (ou norepinefrina), a dopamina e a serotonina.

Sinapses Neuromusculares

A ligação entre as terminações axônicas e as células musculares é chamada sinapse neuromuscular e nela ocorre liberação da substância neurotransmissora acetilcolina que estimula a contração muscular.

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Sinapses Elétricas

Em alguns tipos de neurônios, o potencial de ação se propaga diretamente do neurônio pré-sináptico para o pós-sináptico, sem intermediação de neurotransmissores. As sinapses elétricas ocorrem no sistema nervoso central, atuando na sincronização de certos movimentos rápidos.

PSICOMOTRICIDADE

Introdução

A psicomotricidade constitui o estudo relativo às questões motoras e psico-afetivas do ser humano. A mesma seria o ponto de encontro entre a expressão motora (o que a pessoa faz ) e a característica pessoal-emocional de cada ser humano (o que a pessoa sente).

    O corpo é o seu ponto de referência e o seu interesse objetivo de estudo. As alterações corporais constituem-se, assim, no motivo das suas pesquisas e no da sua intervenção.

    A psicomotricidade será, dessa forma, um tipo de psicoterapia de índole corporal.

    As atividades propostas são apenas sugestões. O professor deve adequá-las a cada criança, respeitando a etapa de desenvolvimento em que ela se encontra. A estimulação psicomotora faz parte do contexto de estimulação global de uma criança.

Historicamente, ao longo dos séculos,a significação do corpo sofreu inúmeras transformações. Desde Aristóteles passando pelo cristianismo, havia a divisão corpo/alma, onde o corpo era negligenciado em relação ao espírito.A partir do século XIX, o corpo passou a ser estudado por neurologistas com o objetivo da compreensão das estruturas cerebrais, e posteriormente por psiquiatras para o conhecimento das patologias mentais.O desenvolvimento da consciência corporal, da reflexão e da criatividade, além do pleno desenvolvimento afetivo, cognitivo e motor, constitui alguns dos objetivos da psicomotricidade que, se alcançados, possibilitarão adultos sadios e felizes.Portanto, proporcionar o trabalho psicomotor irá ajudar na estruturação da personalidade da criança, já que ela pode expressar melhor seus desejos, elaborar seus fantasmas, desenvolver suas necessidades e trabalhar suas dificuldades.A psicomotricidade é uma ciência que, por ter o homem como objeto de seu estudo, engloba várias outras áreas: educacionais, pedagógicas e de saúde.

DEFINIÇÃO DE PSICOMOTRICIDADE

É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada

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ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. (S.B.P.1999)

Psicomotricidade portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade,sua linguagem e sua socialização.

Quem é o Psicomotricista?É o profissional da área de saúde e educação que pesquisa, ajuda, previne e cuida do Homem na aquisição, no desenvolvimento e nos distúrbios da integração somatopsíquica.

Quais são as suas áreas de atuação? Educação, Clínica (Reeducação, Terapia), Consultoria e Supervisão.

Qual a clientela do Psicomotricista?Crianças em fase de desenvolvimento; bebês de alto risco; crianças com dificuldades / atrasos no desenvolvimento global; pessoas portadoras de necessidades especiais: deficiências sensoriais, motoras, mentais e psíquicas; pessoas que apresentam distúrbios sensoriais, perceptivos, motores e relacionais em conseqüência de lesões neurológicas; família e a 3ª idade.

Em que MERCADO DE TRABALHO atua o Psicomotricista?Creches; escolas; escolas especiais; clínicas multidisciplinares; consultórios; clínicas geriátricas; postos de saúde; hospitais; empresas.

O que é Psicomotricidade?A Psicomotricidade é o movimento consciente, é a busca pelo equilíbrio, pela aceitação e pelas diferenças. Através da psicomotricidade teremos crianças mais felizes e contentes, sabedoras de seu potencial e capazes de refletir, criticamente, sobre seu futuro. É a tecnologia em ação. (Pantiga, 2002)

Compreendendo a Psicomotricidade: Objetiva obter uma organização que pode atender de forma consciente e

constante as necessidades do corpo. Esse tipo de educação é justificado quando qualquer defeito localiza o indivíduo

à margem das normas mentais, fisiológicas, neurológicas ou afetivas. É, também, a percepção de um estímulo, interpretação deste e elaboração de

uma resposta adequada. Psicomotricidade é a ciência da educação que educa o movimento, ao mesmo

tempo em que põe em jogo as funções da inteligência. A partir desta posição, pode-se ver a relação intrínseca das funções motoras cognitivas e que, também pela afetividade, encaminha o movimento.

Movimento é o deslocamento de qualquer objeto e na psicomotricidade o importante não é o movimento do corpo como o de qualquer outro objeto, mas a ação corporal em si, a unidade bio-psicomotora em ação.

A psicomotricidade está associada à afetividade e personalidade, porque o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que sente, e a pessoa com problemas motores passa a ter problemas de expressão.

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O desenvolvimento psicomotor se caracteriza por uma maturação que integra o movimento, o ritmo, a construção espacial; e, também, o reconhecimento dos objetos, das posições (aquilo que reunimos sob a categoria das gnosis); a imagem ou o esquema corporal do nosso corpo e, por fim a palavra (a atividade verbo-motriz).

O estabelecimento da tabelas cronológicas do desenvolvimento psicomotor tem um interesse evidente, que não precisa justificação. Contudo, os indícios das fases devem ser considerados os resultados de um processo racional e relacional complexo, e não fixos segundo um quadro de maturação automática. Só poderia tratar-se de identificar os meios, na observação de um processo dinâmico, de determinismo não-linear.

Todos os autores, neuropsiquiatras, psicólogos, pedagogos, têm insistido sobre a importância capital do desenvolvimento psicomotor durante os três primeiros anos de vida.

Em realidade, aos três anos, as aquisições da criança são consideráveis; partiu do parasitismo e do inconsciente absoluto e possui, então, todas coordenações neuromotoras essenciais: andar, correr, pular, a fala e a expressão, o jogo, o sentido do bem e do mal.

Estas aquisições são, sem dúvida, o resultado de uma maturação orgânica progressiva, mas, sobretudo, o fruto da experiência pessoal; são apenas parcialmente um produto da educação; elas foram obtidas e são complementadas progressivamente ao tocar, apalpar, andar, cair e ao comparar.

A corticalização em si mesma é uma estreita função das experiências vivenciadas.

É esta ligação estreita- maturação orgânica e experiência neuromotora- que descreve Henry Wallon (1988). A criança passa sucessivamente por diferentes estágios:

Estado de impulsividade motora, contemporâneo ao nascimento: os atos são simples descargas de reflexos ou de automatismo.

Estados emotivos: as primeiras emoções aparecem no tônus muscular, na função postural. As situações são conhecidas não por si mesmas e, sim, pela agitação que produzem.

Estado sensitivo- motor: coordenação mútua de percepções diversas (andar, formação da linguagem).

Estado projetivo: advento da mobilidade intencional dirigida para o objeto.

Em todos estes estados, o dinamismo motor é estreitamente ligado à atividade mental: do ato motor à representação mental graduam-se todos os níveis de relação entre o organismo e o meio.

Durante a primeira infância, a motricidade e psiquismo são superpostos, fundidos, são indissociáveis no funcionamento de uma mesma organização.

Na segunda infância surgem em funcionamento territórios nervosos ainda adormecidos (mielinização); as aquisições motoras, neuromotoras e perceptivo-motoras efetuam-se, então, num ritmo rápido: tomada de consciência de seu próprio corpo, afirmação da dominância lateral, orientação a si mesmo, adaptação ao mundo exterior.

Este período de 3-4 anos a 7-8 anos é, ao mesmo tempo, o período de aprendizagens essenciais e de integração progressiva no plano social, onde a ligação motricidade-psiquismo vai se diferenciando.

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Os Movimentos e a Psicomotricidade

A psicomotricidade reflete um estado da vontade, que corresponde a execução de movimentos. Os movimentos podem ser voluntários ou involuntários.

Dos movimentos involuntários temos os automatismos elementares inatos e os adquiridos. Os inatos são aqueles que nascem conosco e são representados pelos reflexos, que são respostas caracterizadas pela invariabilidade qualitativa de sua produção e execução. Estes reflexos podem ser agonistas, antagonistas ou deflexos (alternantes) que são mais hierarquizados que os reflexos puros, permitindo certo grau de variabilidade, conforme a adaptabilidade individual. Refere-se a necessidades orgânicas. Influindo nestas respostas temos os instintos, responsável pela auto-conservação individual. No Homem ele é misturado com o afeto produzindo tendências ou inclinações.

Os automatismos adquiridos são os reflexos condicionados, que ocorrem devido a aprendizagem e nos forma hábitos, que, quando bons, nos poupam tempo e esforço, porém se exagerados, eliminam nossa criatividade e nos deixam embotados. Os hábitos podem ser passivos (adaptação biológica ao seu ecossistema) ou ativos (comer, andar, tocar instrumentos, etc...). Os reflexos condicionados são produzidos desde as primeiras semanas de vida. Esses reflexos condicionados geralmente começam como atividade voluntária e depois, por já estarem aprendidos, são mecanizados.

Os atos voluntários estão relacionados e dependem da inteligência e do afeto. O ato volitivo envolve 4 etapas:

1- intenção ou propósito- inclinações e tendência que fazem com que surja interesse em determinado objeto;

2- deliberação- onde ponderamos os motivos (razões intelectuais) e os móveis (atração ou repulsão, vindas do plano afetivo);

3- decisão- demarca o começo da ação, inibindo os móveis e motivos vencidos;

4- execução- há os movimentos físicos;

Vamos, adiante, citar alguns dos quadros encontrados no campo das alterações de psicomotricidade:

Estupor (ou acinesia) é a perda da atividade espontânea englobando simultaneamente, a fala, a mímica, os gestos, a marcha etc...Vem e vai bruscamente em crises de agitação psicomotora. É o caso do estupor catatônico (nos esquizofrênicos) e o depressivo (na depressão). Na neurologia este mesmo termo, "Estupor", é utilizado para designar redução do nível de consciência, que na psiquiatria designamos como "Torpor" ou "entorpecimento".

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Agitação e Inibição Psicomotora são graus de determinado estado psicomotor. Quando há pequeno aumento ou diminuição dos movimentos são designados como inquietação e lentificação psicomotoras, respectivamente. Quando são alterações mais acentuadas, representam a agitação e inibição motora propriamente ditos. Podem ocorrer alterações da psicomotricidade em indivíduos normais, como por exemplo, após experimentar forte tensão emocional ou preocupações que levam a vontade de andar ou levam a imobilidade. A agitação patológica pode ocorrer com caráter uniforme e estruturado como na mania, ou desordenadamente e de forma improdutiva como na catatonia esquizofrênica, epilepsia e psicoses infecciosas e tóxicas (como no delirium tremens). A inibição ocorre por exemplo na depressão, estupor, estados confusionais e amenciais. Um grau ainda mais elevado de agitação é o furor, que se caracteriza por uma extrema agitação necessitando intervenção imediata para impedir danos aos outros ou ao próprio paciente.

Maneirismos ocorrem em esquizofrênicos, oligofrênicos e histéricos, e são caracterizados por gestos artificiais, ou linguagem e escrita rebuscada, com uso de preciosismo verbal, floreados estilísticos e caligráficos, etc...

Ecopraxia também ocorre em esquizofrênicos, oligofrênicos e histéricos (principalmente nos primeiros), onde ha imitação de um comportamento, sem propósito (gestos, atitudes etc...). Pode haver ecolalia (sons), ecomimia (mímica) e ecografia (escrita).

Estereotipias são as características do catatonismo onde há repetição automática de movimentos, frases, e palavras (verbigeração), ou busca de posições e atitudes, sem nenhum propósito. As estereotipias cinéticas são confundidas com os tiques nervosos, porém esses são elementares, de fundo neurótico. É mais difícil de distingui-las dos cerimoniais compulsivos porém estes são atos complicados que servem para aliviar a tensão nervosa da pessoa que a realiza. Alguns acham que as estereotipias cinéticas são atos que eram compreensíveis e motivados , que perderam sua causa.

Negativismo é a oposição ativa ou passiva às solicitações externas. Na passiva a pessoa simplesmente deixa de fazer o que se pede sendo característico o mutismo e a sitiofobia (medo de se comprometer, de ser internado, de ser envenenado). Na ativa, a pessoa faz tudo ao contrário do que se pediu, e às vezes quando desistimos eles o fazem sendo isso a "reação de último momento". O negativismo verbal pode se apresentar na forma das pararespostas (ou seja, o paciente entende a pergunta do entrevistador, porém não responde algo compatível com a pergunta, e sim algo "ao lado", ou próximo). O negativismo faz parte da série catatônica e representa ação imotivada e não deliberada.

Obediência Automática que é o oposto ao negativismo, onde o paciente tem extrema sugestionabilidade e faz tudo o que é mandado. Ocorre na esquizofrenia e quadros demenciais.

Catalepsia, Pseudo-Flexibilidade Cérea ocorre devido a hipertonia do tônus postural. Ocorre na histeria, esquizofrenia e parkinsonismo. A flexibilidade cérea é a conservação de uma posição, ocorrendo no parkinsonismo, enquanto que nos esquizofrênicos e histéricos há pseudo-flexibilidade cérea, devido a influência de fatores psicogênicos.

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Extravagâncias Cinéticas, comum da conduta esquizofrênica. Pode ser descrito como a perda da gracilidade ou seja da naturalidade, espontaneidade, proporcionalidade dos gestos e atitudes; como a rigidez facial (o pregueamento da testa em "M" é característico da catatonia); paratimias (a mímica não esta em concordância com o pensamento verbalizado); focinho catatônico (protusão permanente dos lábios); interceptações cinéticas (interrupção brusca de um gesto apenas esboçado), etc...

Há ainda as dicinesias que são movimentos involuntários e repetitivos anormais. Pode ocorrer em quadros catatônicos ou após o uso de neurolépticos (em 20% dos pacientes) por longo tempo, dando a discinesia tardia (principalmente a síndrome buco-lingomastigatória).

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