NeutroATerra N15 1S2015 Digital

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Revista Técnico-Científica |Nº15| Junho de 2015 http://www.neutroaterra.blogspot.com EUTRO À TERRA Instituto Superior de Engenharia do Porto – Engenharia Electrotécnica – Área de Máquinas e Instalações Eléctricas Mantendo o compromisso que temos convosco, voltamos à vossa presença com mais uma publicação. Esta já é a décima quinta edição da nossa revista e continua a verificarse um interesse crescente pelas nossas publicações, particularmente em países estrangeiros, como o Brasil, Angola, os Estados Unidos e Alemanha. Este facto nos a motivação necessária para continuarmos empenhados no nosso objetivo, ou seja, fazer desta revista uma referência a nível nacional e internacional nas áreas da Engenharia Eletrotécnica em que nos propomos intervir. José Beleza Carvalho, Professor Doutor Máquinas Elétricas Pág.05 Energias Renováveis Pág. 31 Instalações Elétricas Pág. 47 Telecomunicações Pág. 53 Segurança Pág. 57 Gestão de Energia e Eficiência Energética Pág.61 Automação Domótica Pág. 67 Nº15 1º semestre de 2015 ano8 ISSN: 16475496

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NT15

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  • Revista Tcnico-Cientfica |N15| Junho de 2015http://www.neutroaterra.blogspot.com

    EUTRO TERRA

    InstitutoSuperiordeEngenhariadoPorto EngenhariaElectrotcnica readeMquinaseInstalaesElctricas

    Mantendo o compromisso que temos convosco, voltamos vossa presena

    com mais uma publicao. Esta j a dcima quinta edio da nossa revista e

    continua a verificarse um interesse crescente pelas nossas publicaes,particularmente em pases estrangeiros, como o Brasil, Angola, os Estados

    Unidos e Alemanha. Este facto dnos a motivao necessria paracontinuarmos empenhados no nosso objetivo, ou seja, fazer desta revista uma

    referncia a nvel nacional e internacional nas reas da Engenharia

    Eletrotcnica em que nos propomos intervir.

    Jos Beleza Carvalho, Professor Doutor

    MquinasEltricasPg.05

    EnergiasRenovveisPg.31

    InstalaesEltricasPg.47

    Telecomunicaes

    Pg.53Segurana

    Pg.57GestodeEnergiaeEficincia Energtica

    Pg.61

    AutomaoDomticaPg.67

    N15 1semestrede2015 ano8 ISSN:16475496

  • EU

    TR

    O

    TE

    RR

    A

    FICHATCNICA DIRETOR: Jos Antnio Beleza Carvalho, DoutorSUBDIRETORES: Antnio Augusto Arajo Gomes, Eng.

    Roque Filipe Mesquita Brando, DoutorSrgio Filipe Carvalho Ramos, Eng.

    PROPRIEDADE: rea de Mquinas e Instalaes EltricasDepartamento de Engenharia ElectrotcnicaInstituto Superior de Engenharia do Porto

    CONTATOS: [email protected] ; [email protected]

    ndice

    03| Editorial

    05| Mquinas Eltricas

    Controlo vetorial (FOC) de um motor de induo trifsico aplicado a um veculo eltrico.

    Pedro Melo

    Manuteno e diagnstico de avarias em motores de induo trifsicos.

    Pedro Melo

    31| Energias Renovveis

    Aproveitamento hidroeltrico da bacia do Douro: um olhar crtico.

    Antnio Machado e Moura

    Sistemas Elicos de Energia mais Leves que o Ar.

    Andr Filipe Pereira Ponte; Jos Carlos P. Cerqueira; Mrio Andr S. Fonseca

    47| Instalaes Eltricas

    Energia em qualquer situao. Grupos eletrogneos.

    Nelson Gonalves

    53| Telecomunicaes

    Resenha Histrica da Regulamentao de Infraestruturas de Telecomunicaes em Loteamentos,

    Urbanizaes e Conjuntos de Edifcios (ITUR) em Portugal.

    Antnio Gomes, Rui Castro, Srgio Filipe Carvalho Ramos

    57| Segurana

    Deteo de incndios em tneis rodovirios.

    Carlos Neves

    61| Gesto de Energia e Eficincia Energtica

    Reduza a sua fatura de eletricidade e poupe dinheiro. Como optar pelo melhor comercializador de

    energia.

    Lus Rodrigues, Pedro Pereira, Judite Ferreira

    67| Automao e Domtica

    SMART CITY O Futuro j Acontece.

    Paulo Gonalves

    70| Autores

    PUBLICAO SEMESTRAL: ISSN:16475496

  • EDITORIAL

    3

    Estimados leitores

    Mantendo o compromisso que temos convosco, voltamos vossa presena com mais uma publicao. Esta j a dcima quinta

    edio da nossa revista e continua a verificarse um interesse crescente pelas nossas publicaes, particularmente em pasesestrangeiros, como o Brasil, Angola, os Estados Unidos e Alemanha. Este facto dnos a motivao necessria para continuarmosempenhados no nosso objetivo, ou seja, fazer desta revista uma referncia a nvel nacional e internacional nas reas da

    Engenharia Eletrotcnica em que nos propomos intervir. Nesta edio, destacamse os assuntos relacionados com as mquinaseltricas, as energias renovveis, as instalaes eltricas, as telecomunicaes, a gesto de energia e a eficincia energtica.

    Nesta edio da revista, merece particular destaque a colaborao do Professor Doutor Machado e Moura, Professor

    Catedrtico na FEUP, com a publicao de um importante artigo sobre Aproveitamento Hidroeltrico na Bacia do Douro.

    Neste artigo, fazse uma breve resenha histrica da evoluo do aproveitamento dos recursos hdricos nacionais em termoshidroeltricos, bem como uma anlise da situao atual. O artigo destaca a insuficincia das obras hidrulicas at agora

    realizadas a nvel das nossas principais bacias, em particular no caso da bacia portuguesa do Douro, e alerta para as nefastas

    consequncias que poderiam advir caso a situao no se alterasse.

    Os motores de induo (MI) com rotor em gaiola de esquilo so usados na maioria dos sistemas eletromecnicos e esto muito

    disseminados nos atuais sistemas de variao de velocidade. A sua simplicidade e robustez, aliadas a baixos preos e ampla

    gama de potncias disponveis, so as principais razes. Por estas razes, a sua manuteno revestese de enorme importncia.A monitorizao contnua dos equipamentos o elemento chave dos atuais sistemas de manuteno condicionada. A anlise

    espectral da corrente absorvida pelo motor est muito implantada na indstria, mas apresenta vrias limitaes. Diversos

    mtodos de deteo e diagnstico de avarias tm sido desenvolvidos, baseados nas mltiplas grandezas que caracterizam o

    funcionamento do motor. Nesta edio da revista, apresentase dois artigos cientficos de enorme valor, que analisam aplicaodo controlo vetorial na utilizao de MI aplicados aos veculos eltricos, e um artigo sobre manuteno e diagnstico de avarias

    em MI trifsicos.

    O mercado liberalizado de comercializao de energia eltrica tem evoludo ao longo dos anos e cada vez mais o consumidor de

    energia tem em seu poder enumeras opes de escolha. Em paralelo com a evoluo deste mercado anda o mercado do gs

    natural. O consumidor, interessado no mercado liberalizado, deve ponderar a sua escolha no caso de ser consumidor de gs

    natural. Nesta edio da revista apresentase um artigo Reduza a sua fatura de eletricidade e poupe dinheiro. Como optar pelomelhor comercializador de energia, onde analisado o processo de deciso da escolha do comercializador de energia mais

    adequado a cada tipo de perfil de consumidor.

    No mbito das telecomunicaes, nesta edio da revista apresentase um interessante artigo que faz uma resenha histrica daevoluo das telecomunicaes e da regulamentao das infraestruturas de telecomunicaes em loteamentos, urbanizaes e

    conjuntos de edifcios em Portugal ao longo dos ltimos anos.

    Nesta edio da revista Neutro Terra podese ainda encontrar outros assuntos muito interessantes e atuais, como um artigosobre Grupos Eletrogneos e os principais critrios que se devem adotar no seu dimensionamento, um artigo que aborda a

    Deteo de Incndios em Tneis Rodovirios, e um artigo muito importante sobre Eficincia na Iluminao de espaos pblicos,

    apresentandose o caso da cidade de gueda que foi premiada com o selo Smart City.Fazendo votos que esta edio da revista Neutro Terra v novamente ao encontro das expectativas dos nossos leitores,

    apresento os meus cordiais cumprimentos.

    Porto,junhode2015JosAntnioBelezaCarvalho

  • DIVULGAO

    4

    ENERGY OPEN DAY

    28DE JULHO 2015Com o objetivo de promover o intercmbio entre a comunidade acadmica e o setor empresarial, o curso de Engenharia

    Eletrotcnica Sistemas Eltricas de Energia do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) organiza o evento Energy

    Open Day no dia 28 de julho de 2015.

    O evento constar de um Ted Talk durante a manh e da apresentao dos trabalhos de final de curso durante a tarde.

    O Ted Talk contar com a presena de um painel de convidados que refletiro sobre as tendncias da energia, nos planos

    tcnico, social e econmico, e sobre o papel que o ensino superior deve desempenhar na formao de engenheiros. Para

    alm de profissionais da rea da Energia, neste painel tambm estar o historiador Joel Cleto, que apresentar uma

    perspetiva diferente do tema.

    Programa: 09:30h Acolhimento e boas vindas

    10:00h Ted Talk Energia nos caminhos do Futuro

    12:00h Coffee break e exposio dos trabalhos

    13:00h Pausa para Almoo

    14:30h Apresentao e avaliao de trabalhos de fim de curso

    Inscrio gratuita mas obrigatria: [email protected]

  • ARTIGO TCNICO

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    I. INTRODUO

    Os motores de induo (MI) com rotor em gaiola de esquilo

    esto muito disseminados nos atuais sistemas de variao de

    velocidade (drives). A sua simplicidade e robustez, aliadas

    a baixos preos (comparativamente com outras mquinas) e

    ampla gama de potncias disponveis, so as principais

    razes.

    A evoluo verificada nos domnios da eletrnica de

    potncia e nos sistemas de controlo (em particular, o

    controlo digital), permitiram aplicar os MI em sistemas de

    elevado desempenho dinmico (e.g., controlo de binrio

    e/ou posio), substituindo os motores DC, cujas

    caractersticas dinmicas e simplicidade de controlo os

    tornavam a primeira escolha em tais aplicaes. Com efeito,

    as drives baseadas em MI apresentam caractersticas

    dinmicas em tudo semelhantes aos sistemas DC, incluindo a

    possibilidade de funcionamento nos quatro quadrantes do

    plano (T, nr). No entanto, a complexidade do conversores e,

    sobretudo, dos sistemas de controlo muito mais elevada

    nos sistemas AC. Os sistemas baseados no controlo vetorial

    so os mais usuais nas drives baseadas nas mquinas AC

    convencionais (assncronas e sncronas). Existem outras

    metodologias tambm usadas na indstria (e.g., controlo

    direto do binrio DTC), mas neste trabalho somente o

    controlo vetorial ser abordado.

    No domnio do controlo vectorial existem diversas variantes,

    sendo o mtodo mais poderoso e utilizado o controlo por

    orientao de campo (Field Oriented Control FOC). Desde

    finais da dcada de 60 do sculo passado, tm vindo a ser

    desenvolvidos vrios mtodos de controlo por orientao de

    campo [1]. Na sua essncia, assentam numa filosofia

    semelhante aos sistemas DC: controlo independente do

    fluxo magntico e do binrio desenvolvido. A sua

    implementao assenta na considerao de um referencial

    que gira com velocidade instantnea igual do campo

    girantegirante (referencial sncrono), estando alinhado, em

    qualquer instante, com a posio desse mesmo campo .

    O mais eficaz sem dvida o controlo por orientao do

    campo do rotor, sendo por isso o mais usual. No entanto, a

    implementao deste processo em AC bastante mais

    complexa: para alm dos valores das amplitudes tambm

    necessrio o controlo instantneo da posio relativa dos

    fasores da expresso anterior, ou seja, imprescindvel o

    conhecimento, em cada instante, da posio espacial do

    fluxo do rotor em relao ao estator (i.e., referencial fixado

    ao estator).

    II. ROTOR FOC

    A implementao do controlo por orientao de campo

    rotrico assenta na converso da mquina polifsica em

    anlise (no necessariamente trifsica), num sistema bifsico

    equivalente (eixos ortogonais dq) , definido no referencialsncrono r. A Figura 1 ilustra os conceitos associados aocontrolo por orientao do campo do rotor Rotor FOC (com

    base em [2]).

    Figura1.ControlopororientaodocampodorotoremMI

    O Rotor FOC assenta na definio das equaes eltricas e

    magnticas no referencial sncrono (r= 2f/p (rads1)),sendo a direo do fluxo do rotor alinhada, em cada

    instante, com o eixo d desse referencial. As partes real e

    imaginria do fasor espacial corrente estatrica (is) so,

    respetivamente, if e iT, pelo que:

    PedroMeloInstitutoSuperiordeEngenhariadoPorto

    CONTROLO VETORIAL (FOC) DE UM MOTOR DE INDUO TRIFSICO APLICADO A

    UM VECULO ELTRICO.

    1 Poderserconsideradoqualquerumdoscamposgirantespresentesnomotor:estator,entreferroourotor.

  • ARTIGO TCNICO

    6

    if alinhada com r, regula o seu valor (eixo d);

    iT desfasada de /2 rad. elctricos em relao a if, controlao binrio electromagntico desenvolvido (eixo q).

    Em regime permanente temse:

    r =Lmif (1)

    Tel = KT r iT (2)

    Em termos conceptuais, o controlo implementado no

    referencial sncrono. No entanto, o controlador fsico

    (hardware) actua ao nvel do referencial do estator, isto ,

    sobre as tenses e correntes que alimentam o motor (3 fases

    (ua, ub, uc), (ia, ib, ib)). A determinao instantnea de if e iTno referencial esttico (=0) fundamental. Uma vez queT= arctg(iT/if), a obteno do valor instantneo de f oponto central (simultaneamente, o mais exigente) na

    implementao do Rotor FOC.

    Rotor FOC Mtodo Indirecto

    Sendo esta a metodologia mais usualmente empregue,

    apresentase em seguida o modelo matemtico dorespectivo algoritmo de controlo. No essencial, f determinado atravs da medio de r e da estimao de dl(ver Figura 1).

    Considerando a representao no sistema de eixos dq, noreferencial sncrono, as equaes elctricas do rotor de um

    MI com gaiola de esquilo so dadas por:

    Sendo: rd = r e rq =0, as equaes anteriores tomam aforma seguinte:

    Poroutrolado,asequaesmagnticasdorotor,definidasnomesmoreferencial,tomamaseguinteforma:

    Fixando: isd = if e isq = iT , vem que:

    Substituindo estas ltimas expresses nas equaes

    elctricas do rotor, obtmse:

    [Tr0: constante de tempo do rotor c/ o estator em circuito

    aberto)]

    Com base nas equaes magnticas do estator, tambm

    definidas no referencial r, o binrio electromagnticoinstantneo dado por:

    Assim, a velocidade associada ao deslizamento, dl, expressaem funo de Tel er dada por:

    (3)

    (4)

    (5)

    (6)

    (7)

    (8)

    (9)

    (10)

    (11)

    (12)

    (13)

    (14)

    2Demodoasimplificararepresentao,naFigura1estosomenterepresentadososeixosd.

  • ARTIGO TCNICO

    7

    O campo girante do rotor gira com velocidade igual a r,relativamente ao referencial estatrico. Desta forma,

    considerando um instante t0, tal que: f (t0)=f0; r (t0)=r0;dl(t0)=dl0, temse:

    Atravs da velocidade instantnea do rotor (r), obtmse:

    O valor de f ento obtido atravs de (ver Figura 1):

    f (t)= dl(t)+r (t)

    A converso entre as mesmas grandezas definidas nos

    referenciais esttico e sncrono efetuada atravs da

    transformada de Park. Atendendo ausncia das

    componentes homopolares (dado que, usualmente, no

    existe condutor neutro nos MI), esta transformada dada

    por:

    =

    sin

    III. SIMULAO

    O modelo de simulao utilizado baseiase no contedo dobloco Field Oriented Control Induction Motor Drive,

    integrado na Electric Drives Library do MATLAB/SIMULINK.

    Existem diversas limitaes a considerar, sendo de referir:

    As perdas do conversor de potncia no soconsideradas;

    O modelo do motor no inclui as perdas no ferro;

    No possvel efetuar frenagens regenerativas, somentedissipativas (i.e., sem recuperao de energia.

    Em sntese, o modelo do sistema da cadeia de potncia do

    veculo inclui somente a drive do motor e a transmisso

    mecnica. Deste modo, a tnica principal ser dada ao

    desempenho do controlador, baseado no Rotor FOC

    (indireto). Em seguida, salientamse algumas das condiesmais relevantes a que o motor ser submetido.

    Na figura 2, est representado o modelo considerado da

    cadeia de potncia do veculo.

    Figura2.Modelodinmicodoveiculo

    Os principais blocos so o Driving Cycle (a verde, inclui o

    ciclo de conduo prdefinido e os modelos do veculo e datransmisso) e o Field Oriented Control Induction Motor

    Drive (a azul, representa a drive do motor de induo).

    Ciclo de conduo + Modelo do veculo (dinmico e

    transmisso)

    Para a implementao dos modelos da transmisso mecnica

    e da dinmica do veculo, recorreuse toolbox QuasiStaticSimulation Toolbox (QSS TB), desenvolvida por [3], em

    ambiente MATLAB/SIMULINK. Esta toolbox foi

    especificamente desenvolvida para a modelizao de

    veculos hbridos e eltricos, com os seguintes elementos:

    ciclos de conduo, modelo dinmico do veculo,

    transmisso mecnica, motor de combusto interna e motor

    eltrico, baterias, supercondensadores e clulas decombustvel (fuelcells). Na figura 3 esto representados oselementos utilizados neste trabalho.

    (15)

    (16)

    (17)

    (18)

  • ARTIGO TCNICO

    8

    A potncia instantnea pedida ao MI (Tload*r) calculadacom base no ciclo de conduo selecionado, no

    comportamento dinmico do veculo (considera o atrito

    resultante do contacto rodapavimento e a resistnciaaerodinmica do ar, em deslocamentos planos) e num

    sistema de transmisso mecnico com uma razo constante.

    A equao seguinte corresponde ao modelo dinmico do

    veculo:

    Mt Massa do veculo + massa equivalente dos elementos

    mveis;

    v(t) Velocidade instantnea do veculo, (direo

    longitudinal);

    Fd(t) Fora motora (instantnea) aplicada ao veculo,

    segundo a direo longitudinal;

    g Acelerao gravtica [9.8 ms2];Cr; CW Coeficiente de atrito de rolamento; coeficiente de

    atrito aerodinmico;

    ; A Densidade do ar [1.294 kg/m3]; superfcie frontal doveculo.

    O 1 membro da equao anterior representa a fora de

    inrcia associada acelerao do veculo, considerando

    tambm a variao da energia cintica acumulada nos

    componentes do veculo animados de movimento rotativo

    (Massa equivalente dos elementos mveis Tabela 3).

    Com efeito, tais variaes da energia cintica so suportadas

    pelo motor.

    Os parmetros do veculo e do sistema de transmisso

    considerados esto indicados, respetivamente, nas Tabelas 1

    e 2:

    Tabela1.Parmetros doveculo

    Tabela2.ParmetrosdaTransmissoMecnica

    A Tabela 3 contm os parmetros do MI considerado.

    Tabela3.Parmetrosdomotordeinduo(7.5kW;400V;13A;50Hz;4plos;1440rpm)

    Figura3.Ciclodeconduoemodelodoveculo(dinmica+transmisso

    (19)

  • ARTIGO TCNICO

    9

    Drive do motor de induo trifsico

    Na figura 4 est representado o modelo da drive do MI3

    (conversor de potncia + controlador + Motor de induo) .

    visvel a cadeia de transmisso de potncia (conversor +

    motor de induo), bem como o controlador de velocidade e

    o controlador vetorial bloco F.O.C.. O valor de referncia

    do fluxo do rotor (Flux*) gerado pelo controlador de

    velocidade. Deste modo, definida a gama de velocidades

    associada a fluxo constante (binrio mximo constante) e a

    zona de enfraquecimento de campo (potncia constante), de

    acordo com a figura 5:

    Figura5.ZonasdefuncionamentodoMI:Fluxoconstante(Baixasvelocidades)eenfraquecimentodecampo(Elevadasvelocidades)

    O conversor do tipo fonte de tenso (Voltage Source

    Inverter VSI), usual para a potncia do motor considerado.

    composto por um retificador no controlado (ponte de

    dodos Threephase diode rectifier) e um inversor (Threephase inverter) cuja tenso de sada regulada por PWM

    (Pulse Width Modulation).

    Existe a possibilidade de funcionamento nos 4 quadrantes,

    atravs de frenagens dissipativa (i.e., no possvel a

    recuperao da energia cintica do veculo): com efeito, h

    somente uma resistncia de frenagem (bloco Braking

    chopper), onde se d a dissipao da referida energia

    cintica. Com vista a evitar sobretenses no barramento DC

    (Vdc) devido a desaceleraes bruscas ou velocidades

    excessivas nas descidas. A ao frenante associada

    resistncia regulada atravs de um controlador histertico

    de tenso (ON se Vdc Vmax; OFF se Vdc Vmin).

    3 Asperdasnoferrodomotoreasperdasdoconversornosoincludas.4 Osmbolo*estassociadorepresentaodasgrandezasdereferncia.

    Figura4.Estruturadadrive:conversor(vermelho),motor(verde)econtrolador(azul)

  • ARTIGO TCNICO

    10

    Rotor FOC

    A Figura 6 ilustra o contedo do bloco F.O.C., onde

    implementado o algoritmo da seco 2.1.

    Figura6.ImplementaodoRotorFOC(indireto)

    bem visvel o desacoplamento da regulao do fluxo

    rotrico e do binrio: atravs do controlador PI do fluxo do

    rotor (Flux_PI) gerado o sinal Phir*, sendo calculado o

    valor de referncia Id* atravs de (1).

    O bloco iqs* Calculation determina a referncia da

    corrente associada ao binrio (Iq*), com base em (2).

    Os blocos a verde esto associados transformada de Park

    no referencial sncrono (ABCDQ) e respetiva inversa (DQABC). Neste referencial, o fluxo instantneo do rotor regido

    por (11); o seu valor obtido atravs do bloco Flux

    Calculation.

    Finalmente, dl e f so calculados no blocoTeta_Calculation, atravs de, respetivamente, (14) e (17).

    O dutycycle do trem de impulsos aplicado aos terminais dasgates dos IGBTs do inversor regulado em funo da

    diferena entre Iabc* e Iabc bloco Current Regulator.

    Anlise de Resultados

    Nas figuras 710 esto representados os resultados obtidos,para o ciclo de conduo considerado (Japan: 11Mode ).

    A figura 7 ilustra as referncias de velocidade (ciclo de

    conduo) e binrio (eixo motor), bem como o desempenho

    do MI3.

    Figura7.Perfildevelocidadeebinrio

    A velocidade rotrica segue de modo muito fiel a referncia

    pretendida. Naturalmente, tal resulta do facto do perfil do

    binrio motor desenvolvido seguir a respetiva referncia

    (modo motor: valores positivos; frenagem: valores

    negativos).

    de salientar o ripple existente nos intervalos de

    acelerao e desacelerao: sendo uma componente de alta

    frequncia, o momento de inrcia do sistema

    (motor+transmisso+carga) atenua quase na totalidade a

    influncia desta componente, o que visvel no perfil de

    velocidade obtido.

    As influncias de Id e Iq (referencial sncrono) sobre,

    respetivamente, o fluxo rotrico e o binrio desenvolvido

    esto bem evidenciados na Figura 8.

    0 20 40 60 80 100 1200

    1000

    2000

    3000

    4000

    5000

    Vel

    ocid

    ade

    (rpm

    )

    0 20 40 60 80 100 120-20

    -10

    0

    10

    20Bi

    nrio

    (Nm

    )

    tempo [s]

    RefMotor

  • ARTIGO TCNICO

    11

    Figura8.PerfisdeId eIq (referencialsncrono)

    A fronteira entre zona de fluxo constante e

    enfraquecimento de campo definida pela velocidade de

    sincronismo do motor (ns) neste caso, 1500 rpm. Observase o valor constante de Id para nr < 1500 rpm. Para valores

    superiores da velocidade (zona de enfraquecimento de

    campo), Id varia de forma inversamente proporcional

    velocidade. Por seu turno, visvel a semelhana entre os

    perfis de Iq e do binrio desenvolvido: naturalmente, na

    zona de enfraquecimento de campo, Iq tende a desviarse doperfil do binrio, de modo a compensar a diminuio do

    fluxo rotrico, de acordo com (2).

    Para o ciclo de conduo seleccionado, a potncia

    instantnea inferior potncia nominal do motor

    seleccionado (Figura 9).

    Figura9.Ptil domotor

    No entanto, tratandose de regimes dinmicos, necessriauma anlise mais profunda relativamente s condies de

    funcionamento do motor. A ttulo de exemplo, na Figura 10

    patente o risco de danos causados pelos efeitos trmicos,

    atendendo aos intervalos em que a corrente se encontra

    entre 20 A e 30 A (altas velocidades). Notar que o valor da

    corrente de pico nominal do motor igual a: sqrt(2)*13=18,4

    A).

    Figura10.Correnteabsorvidapelomotor

    A escolha da classe de isolamento do motor e a necessidade

    de incluso de ventilao forada devero ser devidamente

    ponderadas. As solicitaes mecnicas nas altas velocidades

    (nomeadamente, nos rolamentos) outro fator a ser

    analisado.

    Por outro lado, o motor submetido a uma gama de

    potncias bastante ampla. Tornase importante caracterizaro rendimento da mquina em mltiplos regimes de

    funcionamento (motor e frenagem). Os mapas de eficincia

    so usualmente empregues com este fim.

    Na Figura 11 est representado o mapa da mquina usada

    (modo motor 1 quadrante), bem como os regimes de

    funcionamento impostos pelo ciclo de conduo escolhido

    (vermelho).

    0 20 40 60 80 100 1200

    2

    4

    6

    Id (A

    )

    0 20 40 60 80 100 120-30

    -20

    -10

    0

    10

    20

    30

    Iq (A

    )

    tempo [s]

    0 20 40 60 80 100 120-4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    Pu (k

    W)

    tempo [s]

    0 20 40 60 80 100 120-40

    -30

    -20

    -10

    0

    10

    20

    30

    Corr

    ente

    (A)

    tempo (s)

  • ARTIGO TCNICO

    12

    Neste caso, o motor funciona com rendimentos

    relativamente elevados, em quase todo o ciclo de conduo.

    As zonas de rendimentos mais baixos situamse nas baixasvelocidades, com cargas baixas. Dependendo das

    caractersticas dos ciclos de conduo e da razo de

    transmisso, motor poder funcionar preponderantemente

    em tais zonas. Nesses casos, com vista a melhorar o

    rendimento da mquina, duas opes podero ser

    consideradas:

    Optar por um sistema de transmisso com mltiplas razes;

    Incluir algoritmos de otimizao de fluxo, uma vez que aprincipal razo dos baixos rendimentos nas zonas referidas

    se deve ao valor demasiado elevado do fluxo magntico,

    face ao binrio exigido [4].

    IV. CONCLUSES

    Neste artigo procurouse incidir nos princpios de base docontrolo vetorial por orientao do campo rotrico, aplicado

    aos motores de induo trifsicos. Os nveis de exigncia

    dinmica associados aos sistemas de trao dos veculos

    eltricos so muito elevados (e.g., funcionamento nos 4

    quadrantes, mltiplos regimes de funcionamento com

    variaes mais ou menos bruscas, rendimentos distintos).

    Como tal, a opo por um MI3 (ou outras mquinas eltricas)

    s vivel atravs de sistemas de controlo capazes de

    dotarem as mquinas de comportamentos dinmicos que

    estejam altura de tais exigncias o controlo vetorial

    (Rotor FOC) a opo mais usual. Com base num modelo de

    simulao, apresentouse um exemplo de aplicao numveculo eltrico, procurando tambm evidenciar algumas das

    condies de funcionamento da mquina eltrica, e

    respetivos impactos sobre a mesma. Por ltimo, de frisar o

    carcter introdutrio com que se procuraram abordar estes

    assuntos; essa a perspetiva com que se pretende que este

    artigo seja encarado.

    Referncias

    [1] Marques, Gil (1999). Controlo de Motores Elctricos, IST.

    [2] Krishnan, R. (2001). Electric Motor Drives Modeling, Analysis

    and Control (1 edition), Prentice Hall, ISBN 13: 9780130910141.

    [3] Guzzella, L., & Amstutz, A. (2005), The QSS Toolbox Manual,

    Measurement and Control Laboratory Swiss Federal Institute

    of Technology Zurich.

    [4] P. Melo, R. d. Castro, and R. E. Arajo, Evaluation of an Energy

    LossMinimization Algorithm for EVs Based on InductionMotor, Induction Motors Modelling and Control, Intech(2012)

    Figura11.MapadeeficinciadoMI3epontosdefuncionamento

  • ARTIGO TCNICO

    13

    Resumo

    Os motores de induo trifsicos so usados na maioria dos

    sistemas eletromecnicos, pelo que a sua manuteno

    revestese de enorme importncia. A monitorizao contnuados equipamentos o elemento chave dos atuais sistemas de

    manuteno condicionada. A anlise espectral da corrente

    absorvida pelo motor est muito implantada na indstria,

    mas apresenta vrias limitaes. Diversos mtodos de

    deteo e diagnstico de avarias tm sido desenvolvidos,

    baseados nas mltiplas grandezas que caracterizam o

    funcionamento do motor. A anlise no domnio das

    frequncias, com recurso a tcnicas de processamento digital

    de sinal, tem sido bastante explorada. Este artigo pretende

    focarse nas principais causas e mtodos de diagnstico deavarias no estator e rotor dos motores de induo.

    1. Introduo

    Os motores eltricos so elementos centrais em qualquer

    processo industrial atual. Na Unio Europeia, a sua utilizao

    est associada a cerca de 70% da energia consumida no

    sector industrial. Em Portugal, verificase um valorsemelhante para o mesmo sector, sendo que 30% do total de

    energia eltrica consumida no pas da responsabilidade dos

    motores eltricos [1]. Neste contexto, os motores de induo

    trifsicos (MI3) assumem uma importncia determinante:

    cerca de 90% dos motores de corrente alternada utilizados

    so deste tipo, em particular, a variante de gaiola de esquilo.

    Compreendese a importncia dos nveis de fiabilidadedestas mquinas, ao longo do seu tempo de vida til, na

    generalidade dos processos produtivos. A variedade de

    ambientes (mais ou menos agressivos), associada s

    condies de funcionamento dos motores, so os principais

    fatores que esto na origem do aparecimento de avarias:

    para alm dos inconvenientes que podem surgir em termos

    produtivos, esto normalmente associadas reduo do

    tempo de vida til dos motores [2].

    Os dispositivos de proteo convencionais dos motores

    eltricos atuam somente aps a ocorrncia de falhas [3]

    (e.g., rels & disjuntores magnetotrmicos: curtocircuitosentre fases ou faseterra, sobrecargas, defeitos terra,flutuaes e desequilbrios nas tenso; fusveis: curtocircuitos; protees diferenciais: contra contactos indiretos).

    Se forem graves, tal implicar interrupes nos processos de

    fabrico, podendo tambm provocar danos noutros

    componentes dos sistemas eletromecnicos onde os

    motores se inserem. Naturalmente, os custos associados

    podero ser avultados, tanto em equipamentos como, mais

    grave ainda, em vidas humanas.

    Deste modo, a deteo antecipada de possveis avarias

    revestese de enorme importncia: reduo dos custos demanuteno e tempos de interrupo, aumentando a

    fiabilidade e o tempo de vida til dos motores e respetivos

    acionamentos [2]. Atualmente, o diagnstico e deteo de

    avarias assenta na monitorizao no intrusiva dos

    componentes do sistema, conjugadas com tcnicas de

    processamento digital de sinal, cuja anlise permite a

    identificao de mltiplas avarias no motor.

    Este trabalho est estruturado da seguinte forma: A Seco 2

    apresenta alguns conceitos gerais sobre manuteno

    condicionada de motores eltricos. Na Seco 3 descrevemse os principais tipos de avarias em MI3. A Seco 4 incide

    sobre as avarias eltricas mais frequentes: falhas nos

    enrolamentos do estator e quebra de barras no rotor. So

    tambm abordados alguns dos mtodos mais relevantes que

    tm sido aplicados na sua deteo. A Seco 5 referese aduas tcnicas aplicadas na deteo e diagnstico de falhas,

    realando as suas vantagens e limitaes: a transformada

    rpida de Fourier (FFT) e a transformada de Park. Na Seco

    6 so apresentados os resultados de algumas simulaes de

    avarias e respetivo diagnstico, com base nas tcnicas

    anteriores. Finalmente, a Seco 7 contm as concluses

    finais.

    MANUTENO E DIAGNSTICO DE AVARIAS

    EM MOTORES DE INDUO TRIFSICOS.

    PedroMeloInstitutoSuperiordeEngenhariadoPorto

  • ARTIGO TCNICO

    14

    2. Manuteno Condicionada emMotores Eltricos

    Tradicionalmente, as aes de manuteno em motores

    eltricos baseavamse em mtodos intrusivos (e.g., ensaiosde isolamento massa, medio da temperatura e da

    resistncia dos isolantes & ndice de polarizao, ensaios de

    continuidade eltrica, anlise de lubrificantes, etc). Estas

    tcnicas so normalmente implementadas nos perodos de

    paragem das mquinas, no mbito de operaes de

    manuteno preventiva sistemtica [4].

    Nos ltimos anos, os sistemas de diagnstico e deteo de

    avarias tm sido alvo de considerveis desenvolvimentos,

    assentes na manuteno condicionada ou preditiva: a

    monitorizao contnua do estado da mquina durante o seu

    tempo de vida til (idealmente, tambm dos restantes

    componentes do acionamento), de modo no intrusivo,

    permite a identificao de falhas numa fase inicial, ou

    mesmo a previso do seu aparecimento.

    So vrios os benefcios da sua aplicao: aumento da

    eficincia dos processos, diminuio de paragens no

    planeadas, aumento da vida til dos equipamentos e,

    igualmente importante, o registo detalhado das falhas

    ocorridas nas mquinas [3], [4].

    Na Figura 1 est representada a estrutura bsica destes

    sistemas (retngulo cinzento).

    Os programas de manuteno condicionada utilizados na

    indstria assentam na medio e anlise de mltiplas

    grandezas (e.g., mecnicas, eltricas, trmicas, etc.). A

    utilizao de tcnicas de processamento digital de sinal tem

    revelado um enorme potencial no diagnstico de avarias

    (e.g., tenses, correntes, fluxos magnticos, descargas

    parciais, vibraes, velocidade, binrio).

    Figura1.Deteoediagnsticodeavariasemsistemaseletromecnicos

  • ARTIGO TCNICO

    15

    Atualmente, os sistemas industriais de diagnstico de avarias

    de motores eltricos assentam na anlise espectral das

    correntes absorvidas Motor Current Signature Analysis

    (MCSA). No entanto, h algumas limitaes a considerar na

    sua aplicao, sendo de salientar:

    As caractersticas da mquina (e.g., assimetrias

    construtivas no estator e rotor, saturao magntica)

    podem levar a alteraes no sinal da corrente,

    semelhantes ocorrncia de certas falhas, introduzindo

    erros nos diagnsticos de deteo de falhas [3];

    Em regimes transitrios de funcionamento ou se o motor

    alimentado atravs de um conversor de frequncia.

    A disseminao das tcnicas de anlise dos sinais das

    grandezas do motor deve muito ao desenvolvimento e

    variedade de sensores atualmente disponveis (e.g., fluxos

    magnticos radiais e axiais, velocidade e posio do rotor,

    binrio, vibraes, temperatura, etc.), bem como dos

    sistemas de aquisio de dados e tcnicas de processamento

    de sinal.

    Deste modo, tornase possvel a deteo de mltiplas avariasno motor, atravs de uma monitorizao de largo espectro

    [5], [6].

    Os conversores de potncia utilizados no controlo dos

    motores fomentam o aparecimento de avarias, limitando o

    seu tempo de vida til. As tcnicas de deteo de avarias

    atualmente mais usadas foram concebidas no mbito de

    alimentaes sinusoidais. Deste modo, o desenvolvimento

    de sistemas de deteo de falhas vocacionados para

    alimentaes no sinusoidais revestese de extremaimportncia.

    3. Tipos de Avarias emMotores de Induo [7]

    As principais avarias em motores eltricos esto

    fundamentalmente associados a falhas mecnicas e eltricas

    causas internas. Existem tambm avarias com origens

    externas ao motor; a disseminao dos conversores de

    potncia na sua alimentao contribui para o aumento das

    avarias. Na Tabela 2 so referidas as avarias mais frequentes.

    Tabela2. TiposdeAvariasemMI

  • ARTIGO TCNICO

    16

    A figura 2 apresenta o peso relativo das avarias nos

    principais constituintes do motor, com base em dois estudos,

    efetuados em ambiente industrial [8]: o primeiro, pelo

    Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE), sendo o

    segundo da responsabilidade do Electric Power Research

    Institute (EPRI).

    Figura2.Distribuiodasavariaspelosprincipaiscomponentesdomotor

    Levantamentos adicionais permitiram reduzir o peso da

    incerteza das causas de avarias (Outras), evidenciando que

    as falhas nos rolamentos correspondem a mais de 50% do

    total de avarias, enquanto as do estator situamse em cercade 20% [9].

    No obstante algumas discrepncias, todos os resultados

    evidenciam que as falhas mais frequentes ocorrem nos

    rolamentos e no estator, principalmente, no isolamento dos

    seus enrolamentos.

    4. Mtodos de Deteo de Avarias

    Nesta seco, apresentase as principais causas das avariasnos enrolamentos do estator e nas barras e anis rotricos,

    seguida de uma descrio dos mtodos atuais mais

    relevantes na sua deteo.

    4.1. Avarias em enrolamentos estatricos

    As avarias no estator podem ocorrer na sua estrutura

    magntica (e.g., correntes de circulao entre lminas ou

    entre enrolamentos e o circuito magntico), na carcaa do

    motor (correntes de fugas para a terra) ou nos enrolamentos

    estatricos (e.g., deteriorao/envelhecimento dos materiais

    isolantes, deslocamento de condutores, etc.). Em todos os

    casos, as avarias esto sempre associadas a falhas nos

    isolantes, em particular, entre as espiras que compem as

    bobinas dos enrolamentos.

    Para alm de boas propriedades dieltricas (e.g., elevada

    rigidez dieltrica e perdas reduzidas), os materiais isolantes

    requerem tambm caractersticas complementares, tais

    como tolerncia a temperaturas e respetivas variaes, a

    esforos mecnicos (foras, vibraes e consequente

    desgaste por abraso (e.g., testas das bobinas)), bem como a

    ambientes quimicamente agressivos (contaminao &

    corroso) [10]. O prprio processo de colocao das espiras

    que compem os enrolamentos de fase do motor poder

    alterar as propriedades dos materiais isolantes: em certos

    casos, os impactos sofridos nesta fase so superiores queles

    que se verificam no funcionamento posterior do motor [11].

    Todas estas solicitaes afetam, em maior ou menor grau, o

    processo de envelhecimento dos isolantes do motor.

    So bem conhecidos os efeitos das temperaturas elevadas:

    tratase de um dos principais fatores responsveis pelasavarias nos isolantes. Situaes extremas podero levar a

    que aqueles materiais derretam tais avarias ocorrem em

    intervalos de tempo muito curtos, uma vez que as subidas de

    temperatura ocorrem muito rapidamente (e.g., curtocircuitos).

  • ARTIGO TCNICO

    17

    Funcionamentos com temperaturas elevadas (mas abaixo

    dos casos anteriores), durante intervalos de tempo longos,

    so o principal motivo do envelhecimento precoce dos

    isolantes: dose alteraes qumicas nos materiais,tornandoos quebradios. Por outro lado, a expanso dosenrolamentos de cobre dse de um modo distinto dosmateriais isolantes que os revestem, pelo que estes so

    tambm submetidos a esforos mecnicos deteriorantes

    [12]. As falhas da decorrentes contamse entre as maisfrequentes, normalmente manifestandose a mdio/longoprazo. Com exceo das perdas por ventilao, as restantes

    perdas no interior do motor (perdas por efeito de Joule,

    magnticas, mecnicas e adicionais) contribuem para o valor

    da temperatura mxima atingida no seu interior. Como tal,

    os fatores de servio impostos ao motor, bem como as

    respetivas duraes temporais, so determinantes na

    ocorrncia destas avarias.

    Um outro fenmeno igualmente responsvel pelo

    envelhecimento dos materiais isolantes so as descargas

    parciais (arcos eltricos que surgem no interior do prprio

    isolante ou entre condutores e isolantes, devido a

    distribuies no uniformes do campo eltrico que excedem

    a sua rigidez dieltrica). Tipicamente, ocorrem em motores

    de alta tenso (>2300 V) ou quando alimentados atravs de

    inversores [10]. As descargas parciais so responsveis pela

    deteriorao progressiva dos materiais isolantes; a sua

    deteo difcil, uma vez que so caracterizadas por

    amplitudes baixas com perodos muito curtos [10]. No

    entanto, a sua monitorizao de extrema importncia, uma

    vez que um meio eficaz de verificar o nvel de

    envelhecimento dos isolantes [10], [12].

    4.1.1. Deteo de Avarias

    As falhas de isolamento podem ter consequncias muito

    nefastas, tanto ao nvel do processo em curso e impactos

    econmicos, como, principalmente, na segurana dos

    operadores. Vrias tcnicas de diagnstico tm sido

    desenvolvidas, baseadas em diferentes abordagens. A sua

    aplicao dependente de vrios fatores: potncia nominal e

    custo do motor, impacto da avaria, etc.

    Alguns dos mtodos mais usuais so descritos em [13], [14],

    sendo de destacar: utilizao da matriz de impedncias do

    motor, anlise da potncia eltrica instantnea e anlises

    espectrais (tenses, correntes, binrio eletromagntico,

    fluxo magntico axial). Esta ltima referncia apresenta uma

    descrio bastante exaustiva das causas de avarias em

    enrolamentos estatricos de motores de induo e

    respetivos mtodos de diagnstico.

    H a distinguir os mtodos intrusivos que requerem a

    paragem do motor (Offline) , dos mtodos no intrusivos(Online):

    Off Line

    Com vista a identificar o estado dos materiais isolantes, os

    ensaios mais comuns so os seguintes: medio da

    resistncia hmica, rigidez dieltrica, capacidade entre

    condutores estatricos e o circuito magntico do estator

    ligado terra e o fator de perdas do dieltrico (tang()).Podem ser tambm realizados ensaios de impulsos (e.g.,

    ondas de choque) e ensaios de descargas parciais. Os

    diferentes ensaios permitem efetuar anlises

    complementares aos isolantes; o maior inconveniente da sua

    realizao o facto de serem intrusivos e de colocar o motor

    fora de servio [10]. Por estes motivos, os ensaios online,no intrusivos, tm merecido um maior interesse.

    OnLine

    A monitorizao da temperatura dos enrolamentos

    estatricos a forma mais evidente de analisar o estado

    e/ou risco de deteriorao dos seus isolantes. Tal poder ser

    conseguido atravs da incluso de termopares nos prprios

    enrolamentos (em motores de grande potncia), ou atravs

    de cmaras termogrficas. Complementarmente, possvel

    detetar avarias em partes especficas do motor, atravs de

    aumentos anormais da temperatura (locais ou globais) e.g.,

    avarias no sistema de ventilao, pontos mais quentes da

    mquina, etc. Como tal, o recurso termografia temserevelado um instrumento valioso na deteo de avarias (no

    apenas no estator).

  • ARTIGO TCNICO

    18

    A monitorizao online das descargas parciais uma formabastante eficaz de antecipao de avarias resultantes do

    envelhecimento dos isolantes estatricos [10], [15]. Uma das

    consequncias das descargas parciais nos enrolamentos

    estatricos a produo de ozono, pelo que a monitorizao

    da sua concentrao indicia o aparecimento destas avarias.

    No entanto, este fenmeno tende a ocorrer pouco antes de

    surgir a avaria, por isso deve ser usado de forma

    complementar [7], [10]. Sendo necessria a instalao de

    sensores e equipamentos especficos, somente em motores

    de grande potncia (tenses nominais elevadas) ser

    justificvel esta monitorizao.

    4.2. Barras rotricas partidas

    Este tipo de falhas esto normalmente associadas a barras

    rotricas partidas ou anis de extremidade danificados. As

    principais causas devemse aos seguintes fenmenos [13]:

    Sobrecargas trmicas e/ou distribuies no uniformes

    de temperatura na gaiola;

    Rudo e vibraes, foras eletromagnticas excessivas

    sobre as barras e anis (e.g., esforos de toro);

    Imperfeies de construo (e.g., assimetrias na

    distribuio das barras);

    Perturbaes dinmicas causadas pelas cargas acionadas

    e/ou pelos ciclos de funcionamento;

    Causas ambientais (e.g., corroso);

    Falhas mecnicas (e.g., problemas nos rolamentos,

    separao de lminas do circuito magntico do rotor,

    etc.).

    Quando ocorrem, o motor poder funcionar ainda por algum

    tempo, sem que se manifestem consequncias extremas

    sobre a mquina.

    A quebra de uma barra impede a circulao de corrente

    nesse trajeto; se existirem correntes entre barras, a deteo

    desta avaria tornase muito mais difcil, uma vez que taiscorrentes atenuam o desequilbrio provocado pelas barras

    partidas [7].

    4.2.1. Deteo de Avarias

    A deteo destas avarias implica que o motor esteja a

    funcionar em carga (em vazio, as correntes rotricas so

    praticamente nulas).

    A anlise espectral da corrente absorvida pelo motor temserevelado como uma ferramenta eficaz de deteo deste tipo

    de avarias, contrariamente ao que sucede no caso das falhas

    estatricas.

    A quebra de uma barra rotrica implica uma alterao na

    distribuio das correntes nas restantes barras aumenta a

    corrente nas barras adjacentes [7].

    Surgem interaes entre campos e correntes rotricas que

    originam componentes alternadas no binrio desenvolvido,

    provocando oscilaes na velocidade (dependentes da

    inrcia da carga acionada). Em consequncia, surgem

    componentes das correntes no estator, cujas frequncias

    ( ) se situam em torno da frequncia fundamental [16]:

    1 2 , 1, 2, 3, (1)

    Normalmente, atendendo atenuao provocada pela

    inrcia da carga sobre estes fenmenos, as frequncias

    laterais (2 ) so as mais significativas. Por outro lado, arelao entre as amplitudes destas componentes e a

    amplitude da componente fundamental da corrente, reflete

    a gravidade da falha ocorrida [5], [17].

    5. Tcnicas de Deteo e Diagnstico de Avarias

    5.1. Tcnicas de Processamento de Sinal

    Atualmente, as tcnicas de manuteno condicionada, com

  • ARTIGO TCNICO

    19

    vista ao diagnstico de avarias em mquinas eltricas,

    assentam na combinao de sistemas de aquisio de dados

    a diversos algoritmos de processamento digital de sinal. A

    anlise no domnio das frequncias est muito disseminada,

    em particular, atravs da Transformada Rpida de Fourier

    Fast Fourier Transform (FFT) e respetivas variantes. no

    entanto de referir que a eficcia da FFT est associada a

    sinais estacionrios (regimes permanentes de

    funcionamento), exigindo um nmero elevado de amostras

    do sinal a analisar, o que implica amostrar um amplo

    intervalo de tempo. Um outro aspeto fundamental so as

    dificuldades trazidas pela presena de rudo nos sinais

    amostrados, incontornvel em ambientes industriais.

    Assim, para regimes dinmicos de funcionamento e/ou para

    eliminar a influncia do rudo, outros algoritmos de

    processamento de sinal mais elaborados tm vindo a ser

    considerados. No se pretende tratar aqui este assunto de

    forma exaustiva. Com vista a aprofundar este tema,

    sugeremse as referncias [18] e [19].

    5.2. Transformada de Park

    O vetor de Park da corrente eltrica de alimentao do

    motor constitui tambm uma ferramenta de diagnstico de

    avarias em mquinas eltricas de corrente alternada

    convencionais [14].

    Esta transformada permite representar uma mquina

    polifsica convencional (iguais parmetros nas diferentes

    fases, simetria de eixos magnticos, distribuies de campos

    magnticos no espao do entreferro do tipo sinusoidal),

    atravs de um sistema bifsico equivalente, representado

    por um sistema de eixos ortogonais (ngulos eltricos), dq,animado com velocidade genrica . tambm possvel

    considerar a existncia de assimetrias no sistema com

    componentes homopolares da corrente no nulas, atravs

    da incluso de um terceiro eixo, perpendicular ao plano dq.Para uma mquina trifsica, no referencial estatrico (=0), a

    relao invariante entre as correntes definidas do domnio dq0 e as correntes nas fases (a,b,c) dada por:

    1

    0

    (2)

    Sendo vulgar a ausncia do condutor neutro nos motores de

    induo, a componente homopolar (i0) nula, o que implica,

    em qualquer instante:

    0 (3)

    Assim, as componentes do vetor de Park da corrente (id e iq)

    so obtidas do seguinte modo:

    4

    5

    A representao das componentes do vetor de Park da

    corrente eltrica (id e iq) no referencial mencionado, tem

    sido aplicada na deteo de curtocircuitos entre espiras dosenrolamentos estatricos.

    Em condies de simetria das correntes em cada fase, a

    representao no plano [id,iq] corresponde a uma

    circunferncia. Havendo curtocircuitos entre espiras,surgem elipses cujas orientaes podem ajudar a identificar

    a fase do motor onde ocorreu a avaria. Esta representao

    apresenta algumas limitaes quando aplicado deteo de

    outras avarias. Por exemplo, no caso da quebra de barras

    rotricas, surgem componentes com frequncias 1 2em id e iq que no so representadas no plano definido por

    estas correntes. Deste modo, foi proposta em [20] uma nova

    metodologia de diagnstico, baseada na anlise espectral do

    mdulo do vetor de Park, designada por EPVA (Extended

    Park Vector Approach).

    Atendendo a (3), (4) e (5), o mdulo do vetor (P) dado por:

    (6)

  • ARTIGO TCNICO

    20

    Com efeito, havendo quebra de barras no rotor, o espectro

    de P contm uma componente contnua resultante da

    componente associada frequncia de alimentao das

    correntes nas fases estatricas do motor , bem como duas

    componentes associadas s frequncias 2sf_s e 4sf_s.Assim, tornase mais evidente a deteo deste tipo deavarias. Mais, sendo estas frequncias reduzidas, tambm

    mais simples a eliminao do rudo que os sinais amostrados

    possam conter.

    O EPVA foi tambm aplicado no diagnstico de outras

    assimetrias (e.g., desequilbrios no sistema de tenses de

    alimentao e a ocorrncia de excentricidade esttica e/ou

    desalinhamentos entre o motor e a carga mecnica a ele

    acoplada) [21].

    De referir ainda a aplicao deste mtodo na deteo de

    curtocircuitos entre espiras nos enrolamentos estatricosde motores sncronos e assncronos [22]. Se o motor for

    alimentado por um sistema de tenses equilibrado, no

    havendo qualquer avaria, o contedo espectral do mdulo

    do vetor de Park no contm nenhuma componente. No

    caso de ocorrncia de curtocircuitos entre espiras, surgeuma componente espectral com o dobro da frequncia de

    alimentao do motor (se no houver outras avarias). No

    entanto, desequilbrios no sistema de tenses de

    alimentao, bem como assimetrias construtivas no motor,

    podem igualmente originar o aparecimento dessa

    componente espectral, pelo que no possvel concluir se

    existe realmente uma avaria deste tipo.

    6. Simulaes de Avarias

    Nesta seco so apresentados alguns resultados de

    simulaes de avarias.

    Na Figura 3 est representado o modelo de simulao

    utilizado (MATLAB/SIMULINK): o bloco Motor_Induo

    consiste no modelo dinmico do MI3 (espao de estados),

    definido no sistema de eixos dq. A opo por um motor derotor bobinado permitiu simular avarias no rotor.

    Dado que a anlise efetuada incide sobre grandezas do

    estator, o modelo est definido no referencial esttico,

    estando as fases estatricas ligadas em estrela.

    Comease por salientar as principais restries e limitaesdo modelo:

    As perdas no ferro no so includas;

    As indutncias parciais de fugas (estator e rotor) so

    assumidas como constantes, pelo que a influncia da

    saturao nos trajectos dos fluxos magnticos de fugas

    desprezada;

    A influncia da saturao no trajecto do fluxo til

    principal considerada somente em termos estticos,

    i.e., a incluso da caracterstica em vazio do motor

    permite ajustar no modelo os valores da indutncia de

    magnetizao da mquina, em funo do valor eficaz da

    corrente de magnetizao: o ciclo histertico do circuito

    ferromagntico no considerado;

    Tratase de um modelo de parmetros concentrados,assente no pressuposto da existncia de simetria na

    disposio dos enrolamentos e homogeneidade das

    propriedades do circuito magntico da mquina, bem

    como na igualdade dos parmetros eltricos em cada

    fase. Na ocorrncia de avarias, estas caractersticas

    deixam de ser vlidas, pelo que a incluso no modelo de

    tais alteraes apresenta diversas dificuldades e

    limitaes. No obstante, pretendeuse evidenciar aspotencialidades de algumas das tcnicas de diagnstico,

    em certos tipos de avarias e circunstncias concretas: os

    resultados obtidos enquadramse no que foi exposto nasseces anteriores, sublinhando tambm a necessidade

    de utilizao de modelos mais elaborados, que possam

    incluir com maior profundidade os impactos das avarias

    sobre a mquina.

  • ARTIGO TCNICO

    21

    Caractersticas do motor considerado:

    Pn=3 kW; U=400 V; f=50 Hz; n=1450 rpm, 2 pares de plos

    Os respetivos parmetros esto includos na tabela seguinte:

    Tabela2.Parmetrosdomotor(referidosaoestator)

    Rs; Rr resistncias hmica por fase, respetivamente, do

    estator e do rotor;

    ls; lr indutncias parciais de fugas por fase,

    respetivamente, do estator e do rotor;

    Lm indutncia de magnetizao.

    No cenrio inicial, o motor alimentado tenso e

    frequncia nominais, acionando uma carga do tipo

    parablica (Tc), definida como:

    4,87 10 8 ; ; 1. (7)

    As avarias consideradas foram as seguintes:

    Curtocircuitos entre espiras de uma fase estatrica;

    Quebra de barras rotricas.

    Posteriormente, analisouse a eficcia do diagnstico dasavarias no rotor para os seguintes casos:

    Influnciadomomentodeinrciadosistemamecnico; Motoremvazio.O diagnstico implementado baseiase na FFT das correntesabsorvidas e na aplicao da transformada de Park

    componentes (iq, id) e EPVA. Como tal, somente os regimes

    permanentes de funcionamento sero alvo de anlise, no

    sendo considerados para este efeito os perodos de

    arranque. Finalmente, importa referir que os dados

    apresentados foram obtidos com uma frequncia de

    amostragem de 10 kHz.

    Figura3.Modelodesimulao

  • ARTIGO TCNICO

    22

    6.1. Funcionamento Normal

    Figura4.[correntes_estator];[binrio&velocidade];[componentes_Park

    Figura5.[correntes_rotor];[FFT(Ia_estator),N=16384];[amplitude_Park]

  • ARTIGO TCNICO

    23

    O regime permanente corresponde a T=18 N.m; r=1450

    rpm. Como espectvel, sendo uma sinuside pura, a FFT da

    corrente absorvida apenas contm a frequncia de

    alimentao. O mdulo do vetor de Park constante, pelo

    que a caracterstica no plano [iq, id] uma circunferncia,

    cujo raio igual ao mdulo referido.

    6.2. CurtoCircuito numa Fase do Estator

    Figura6.[correntes_estator];[binrio&velocidade];[amplitude_Park]

    A transformada de Park permite representar simbolicamente

    os campos girantes desenvolvidos na mquina, no plano

    anterior. Neste caso, ntida a presena de um campo

    girante perfeito: a sua amplitude mxima constante e

    proporcional ao mdulo de Park; os raios da circunferncia

    representam as posies instantneas do eixo magntico do

    campo girante no sistema de coordenadas [iq, id].

    Figura7.[correntes_rotor];[FFT(Ia_estator),N=16384];[FFT(comp_altern_Park),N=16384]

    0 1 2 3 4 5 6-100

    0

    100

    200

    Isa (

    A)

    0 1 2 3 4 5 6-100

    0

    100

    Isb (

    A)

    0 1 2 3 4 5 6-100

    0

    100

    Isc (

    A)

    tempo [s]

    0 1 2 3 4 5 6-500

    0

    500

    1000

    1500

    wr

    (rpm

    )

    0 1 2 3 4 5 6-100

    0

    100

    200

    T (N

    .m)

    tempo [s]

    4.04 4.045 4.05 4.055 4.06 4.065 4.07 4.075 4.08 4.085

    10

    10.5

    11

    11.5

    12

    tempo (s)

    Am

    plitu

    de (A

    )

    Vector de Park

    0 1 2 3 4 5 6-200

    -100

    0

    100

    Ira (

    A)

    0 1 2 3 4 5 6-100

    0

    100

    Irb (

    A)

    0 1 2 3 4 5 6-100

    0

    100

    Irc (

    A)

    tempo [s]

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1000

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    frequncia (Hz)

    ampl

    itude

    (A)

    0 20 40 60 80 100 1200

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    frequncia (Hz)

    Park

    (A)

  • ARTIGO TCNICO

    24

    A implementao deste tipo de falhas foi feita atravs dos

    blocos Falha_ Figura 6. Estes consistem na srie de uma

    resistncia hmica com uma indutncia. Deste modo, os

    parmetros Rs e ls foram previamente alterados, simulando

    um curtocircuito entre espiras de uma fase; A incluso dosblocos anteriores nas outras fases permite assumir, do lado

    das fontes de alimentao, a constncia daqueles

    parmetros. Os resultados apresentados a seguir, assumem

    uma diminuio em 30% do nmero de espiras do

    enrolamento. O valor de ls foi alterado com base apenas na

    diminuio do nmero de espiras, no considerando

    possveis alteraes ao nvel da saturao do trajeto do fluxo

    de fugas do estator. Deste modo, os novos valores

    assumidos para aqueles parmetros foram os seguintes:

    Rs= 0,71,115 = 0,7805 (8)

    Ne nmero efetivo de espiras do enrolamento de uma fase

    do estator;

    fe f0 permeabilidades magnticas associadas ao trajetodo fluxo de fugas de uma fase do estator (respetivamente,

    trajetos no material ferromagntico (fe) e no ar (0));

    A seco reta associada ao trajeto do fluxo de fugas de uma

    fase do estator;

    lfe, l0 Comprimentos associados ao trajeto do fluxo de fugas

    de uma fase do estator, respetivamente, no material

    ferromagntico (fe) e no ar (0)).

    Sendo a componente alternada do vetor de Park (100 Hz)

    francamente menor do que nos casos anteriores, tambm o

    so as oscilaes nas correntes rotricas e no binrio

    desenvolvido. A sua FFT apresenta uma componente

    associada frequncia de alimentao, visvel na modulao

    da sua amplitude mxima. Este facto poder estar associado

    influncia da reduo considerada do nmero de espiras

    sobre o valor de ls, de acordo com (8). No entanto,

    prematura uma concluso definitiva sem confirmao

    experimental.

    Figura8.a)c.c.(fase_a);b)c.c.(fase_b);c)c.c.(fase_c)

    6.3. Quebra de Barras Rotricas

    A opo pelo modelo de um motor de rotor bobinado,

    permite efetuar algumas alteraes nos parmetros

    rotricos. No entanto, a simulao de barras partidas feita

    com vrias limitaes. Por um lado, no ser possvel

    quantificar o nmero de barras afetadas; por outro lado,

    invivel associar uma determinada barra com uma fase

    equivalente rotrica. Inevitavelmente, tal foi feito no

    modelo em questo: incluiuse um bloco Falha_ (R=4)em srie com a fase rotrica onde se pretendeu simular a

    avaria (fase_a). Atendendo maior dificuldade em estimar o

    impacto que uma avaria deste tipo ter no valor de lr, e

    tendo presente que a anlise efetuada corresponde a um

    regime de funcionamento com baixo deslizamento

    (9)

    -10 -5 0 5 10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    id (A)

    iq (A

    )

    -10 -5 0 5 10

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    id (A)

    iq (A

    )

    -10 -5 0 5 10

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    id (A)

    iq (A

    )

    (a)

    (b)

    (c)

  • ARTIGO TCNICO

    25

    (Rr/s assume uma maior relevncia), apenas se efetuaram

    alteraes no valor destes parmetros.

    Figura9.[correntes_estator];[binrio&velocidade];componentes_Park]

    Figura10.[correntes_rotor];[FFT(Ia_estator),N=16384];[amplitude_Park]

    0 1 2 3 4 5 6-100

    0

    100

    Isa

    (A)

    0 1 2 3 4 5 6-100

    0

    100

    Isb

    (A)

    0 1 2 3 4 5 6-100

    0

    100

    Isc (

    A)

    tempo [s]

    0 1 2 3 4 5 6-500

    0

    500

    1000

    1500

    wr

    (rpm

    )

    0 1 2 3 4 5 6-100

    0

    100

    200

    300

    T (N

    .m)

    tempo [s]

    -15 -10 -5 0 5 10 15

    -10

    -5

    0

    5

    10

    id (A)

    iq (A

    )

    0 1 2 3 4 5 6-100

    0

    100

    Ira

    (A)

    0 1 2 3 4 5 6-100

    0

    100

    Irb

    (A)

    0 1 2 3 4 5 6-100

    0

    100

    Irc (

    A)

    tempo [s]

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1000

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    frequncia (Hz)

    ampl

    itude

    (A)

    4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    tempo (s)

    Am

    plitu

    de (A

    )

    Vector de Park

  • ARTIGO TCNICO

    26

    Figura11.FFT(comp_altern_Park),N=16384

    bem visvel o impacto da modulao da amplitude mxima

    da corrente do estator na sua FFT. O deslizamento associado

    ao regime de carga imposto ao motor igual a 3,33 %,

    verificandose que as componentes principais estoassociadas a f_s (12), principalmente a que inferior

    frequncia de alimentao bem patente o efeito da

    inrcia do sistema, tal como referido em 4.2.1. As

    caractersticas no plano [iq, id] evidenciam a ocorrncia e

    intensidade da avaria: a frequncia de modulao da

    amplitude mxima ( 3 Hz), provoca alteraes peridicas na

    amplitude mxima do campo girante estatrico (de notar

    que o campo girante praticamente perfeito, uma vez que:

    50 Hz >> 3 Hz). ntida a correlao entre o valor desta

    ltima frequncia e as bandas laterais do espectro da

    corrente estatrica.

    A diferena entre os valores mximo e mnimo do raio das

    circunferncias traduz a intensidade da avaria.

    A anlise da FFT da componente alternada do mdulo do

    vector de Park complementar s anteriores, verificandoseque as componentes principais so dadas por 2sf_s e 4sf_s (aprox.), o que confirma o exposto na seco 5.2. A

    frequncia de modulao da amplitude mxima da corrente

    absorvida refletese na principal componente do mdulo dePark, bem como na componente oscilatria do binrio

    desenvolvido.

    6.3.1. Influncia do Momento de Inrcia

    Com vista anlise do efeito da inrcia do sistema,

    apresentamse os resultados seguintes. Para o cenrio inicialde avaria na fase_a do rotor, fixouse o momento de inrciaem 0,1 Kg.m2.

    Figura12.[correntes_estator];[binrio&velocidade];[componentes_Park]

    (9)

    0 20 40 60 80 100 1200

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    frequncia (Hz)

    Park

    (A)

    0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-100

    0

    100

    Isa

    (A)

    0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-100

    0

    100

    Isb

    (A)

    0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-100

    0

    100

    Isc (

    A)

    tempo [s]

    0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-500

    0

    500

    1000

    1500

    wr

    (rpm

    )

    0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-100

    0

    100

    200

    300

    T (N

    .m)

    tempo [s]

    -15 -10 -5 0 5 10 15

    -10

    -5

    0

    5

    10

    id (A)

    iq (A

    )

  • ARTIGO TCNICO

    27

    Figura13.[correntes_rotor];[FFT(Ia_estator),N=1638[[amplitude_Park]

    So claramente visveis as oscilaes rotricas, que se

    refletem em FFTs com contedos mais ricos. Com efeito, as

    principais componentes do espectro da corrente absorvida

    so dadas aproximadamente por (ver 4.2.1):

    Figura14.FFT(comp_altern_Park),N=16384

    Tambm na FFT da componente alternada de Park se verifica

    que as principais componentes so as seguintes (aprox.):

    2 3,33

    4 6,7

    6 10

    6.3.2. Funcionamento em Vazio

    De modo a analisar a influncia do regime de carga imposto

    ao motor, considerouse a mesma avaria anterior, estandoagora o motor em vazio. Naturalmente, temse agoraJ=0,096 Kg.m2. Os resultados obtidos so os seguintes:

    Figura15.[componentes_Park]&[FFT(Ia_estator),N=8192][amplitude_Park]

    0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-100

    0

    100

    Ira

    (A)

    0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-100

    0

    100

    Irb

    (A)

    0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-100

    0

    100

    Irc (

    A)

    tempo [s]

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1000

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    frequncia (Hz)

    ampl

    itude

    (A)

    0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6

    6

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    15

    16

    tempo (s)

    Am

    plitu

    de (A

    )

    Vector de Park

    (10)

    (11)

    (12)

    (13)

    (14)

    -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10-8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    id (A)

    iq (A

    )

  • ARTIGO TCNICO

    28

    Figura15.[componentes_Park]&[FFT(Ia_estator),N=8192][amplitude_Park]

    No h alteraes significativas relativamente ao

    funcionamento sem avarias, o que est de acordo com o

    exposto em 4.2.1. No sendo conclusivo o diagnstico, so

    realadas as limitaes destas tcnicas na deteo de

    avarias, quando o motor funciona com baixas fraes de

    carga. O desenvolvimento de tcnicas cuja eficcia no

    dependa da frao de carga revelase de grande importncia.

    No obstante as limitaes do modelo considerado, a

    aplicao da FFT e da Transformada de Park das correntes

    permitiu diagnosticar as avarias simuladas, realando em

    simultneo algumas das limitaes destas tcnicas.

    7. Concluses

    A monitorizao no intrusiva do estado dos equipamentos,

    permitindo a deteo precoce de avarias, sem perturbao

    dos processos, constitui a base dos atuais planos de

    manuteno dos sistemas eletromecnicos (conversor de

    potncia + motor + transmisso + carga).

    A anlise atravs da FFT da corrente absorvida pelo motor

    continua a ser o mtodo mais disseminado na indstria. No

    entanto, apresenta vrias limitaes em certos tipos de

    avarias, pelo que a complementariedade com outras

    grandezas monitorizadas revelase fundamental, no sentidode obter sistemas de diagnstico mais eficazes. Por outro

    lado, a restrio a sinais estacionrios, a necessidade de um

    nmero elevado de amostras, bem como a procura de

    tcnicas com maior imunidade ao rudo, tem levado

    aplicao de tcnicas de processamento de sinal mais

    elaboradas. No entanto, a maior complexidade em

    implementlas e interpretao de resultados, tem colocadoalguns entraves sua aplicao na indstria.

    A disseminao dos conversores de potncia na grande

    maioria dos sistemas eletromecnicos industriais, ou mesmo

    outras aplicaes dinamicamente exigentes, como os

    veculos eltricos, tornam urgente o desenvolvimento de

    sistemas de diagnstico de avarias que contemplem estas

    condies. A capacidade de processamento dos

    controladores j instalados, fornece uma plataforma para a

    integrao de sistemas de diagnstico de avarias; o tipo de

    controlo do motor ter uma influncia relevante naqueles

    sistemas. A evoluo dos sistemas de diagnstico de avarias

    dever assentar nos seguintes tpicos [18]:

    1) Desenvolvimentodemodelosmaisdetalhadosdomotor,quepermitamainclusoediagnsticodeavarias;

    2) Sensoresetcnicasdemonitorizaovocacionadosparaadeteodeavarias;

    3) Tcnicasdediagnsticocommaiorsensibilidadeocorrnciadefalhas,simultaneamentemaisrobustasinflunciadacargaeinrcia;

    4) Maiorintegraodosprocedimentosconvencionaisdediagnsticoeastcnicasdeintelignciaartificial.

    O aumento da fiabilidade um objetivo sempre presente. Os

    sistemas de deteo de avarias sero fundamentais na

    obteno de sistemas eletromecnicos com maior tolerncia

    a falhas. Em complemento, o dimensionamento de motores

    com mltiplas fases (e respetivos conversores) ser tambm

    um importante contributo na aproximao daquele objetivo.

    (9)

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1000

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    frequncia (Hz)

    ampl

    itude

    (A)

    0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 20

    5

    10

    15

    20

    25

    tempo (s)

    Am

    plitu

    de (A

    )

    Vector de Park

  • ARTIGO TCNICO

    29

    Referncias

    [1] Medidas de Eficincia Energtica Aplicveis Indstria

    Portuguesa: Um Enquadramento Tecnolgico Sucinto, ADENE

    Agncia para a Energia, 2010.

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    (SDEMPED), 2011.

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    Germano L.Torresm, Luiz E. B. da Silva, PredictiveMaintenance by Electrical Signature Analysis to Induction

    Motors, Induction Motors Modelling and Control, Prof. RuiEsteves Arajo (Ed.), ISBN: 9789535108436, InTech, 2012.

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    Signature Analysis as a Medium for Faults Detection, IEEE

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    Dielectrics and Electrical Insulation, vol. EI13, no. 4, 1978.

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    Industry Applications Magazine, 1998.

    [13] S. Nandi, H. Toliyat, and X. Li, Condition Monitoring and Fault

    Diagnosis of Electrical Motors a Review, IEEE Transactions on

    Energy Conversion, vol. 20, no. 4, pp. 719729, Dec. 2005.

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    Enrolamentos Estatricos de Motores de Induo Trifsicos

    Atravs da Aplicao do Mtodo dos Referenciais Mltiplos,

    Dissertao de Doutoramento, Universidade de Coimbra,

    Portugal, 2004.

    [15] Neelam Mehala, Condition Monitoring and Fault Diagnosis of

    Induction Motor Using Motor Current Signature Analysis,

    Dissertao de Doutoramento, National Institute of Technology

    Kurukshetra, India, 2010.

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    ripple effect, in Proc. IEEE Industry Applications Society Annual

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    Diagnosis, IEEE International Symposium on Diagnostics for

    Electric Machines, Power Electronics & Drives (SDEMPED), 2011.

    [20] Cruz, S. M. A. and Cardoso, A. J. M., "Rotor cage fault diagnosis

    in threephase induction motors, by Extended Park's VectorApproach", Electric Machines and Power Systems, vol. 28, n 4,

    pp. 289299, 2000.

    [21] Cruz, S. M. A. and Cardoso, A. J. M., "Diagnosis of the multiple

    induction motor faults using Extended Park's Vector Approach",

    International Journal of Comadem, vol. 4, n 1, pp. 1925, 2001.

    [22] Cruz, S. M. A., Cardoso, A. J. M., Stator winding fault diagnosis

    in threephase synchronous and asynchronous motors, by theExtended Park's Vector Approach, IEEE Transactions on

    Industry Applications, vol. 37, n 5, pp. 12271233, 2001.

  • DIVULGAO

    30

    CURSODEPSGRADUAOEMREABILITAODEINFRAESTRUTURASELECTROTCNICAS EMECNICASEMEDIFCIOS

    Em Portugal a reabilitao urbana temse assumido como uma rea de interveno prioritria para o setor da construo,apoiando a recuperao, modernizao e valorizao do patrimnio edifcio e dos centros urbanos. Cruza elementos

    essenciais da engenharia civil e arquitetura, mas requer tambm a coordenao com outras reas de especializao,

    designadamente da engenharia eletrotcnica e mecnica para reforar o conforto, funcionalidades e sustentabilidade dos

    projetos e empreendimentos.

    A psgraduao em Reabilitao de Infraestruturas Eletrotcnicas e Mecnicas de Edifcios, do ISEP especializa profissionaispara responder aos desafios de infraestruturas eletrotcnicas e mecnicas na rea da revitalizao urbana e reabilitao de

    edifcios, dotando os seus formandos de conhecimentos avanados ao nvel das instalaes e equipamentos eltricos,

    eficincia energtica, domtica, segurana e telecomunicaes e ventilao e sistemas de elevao.

    Privilegiando a aproximao a situaes reais de trabalho, o corpo docente da psgraduao ntegra docentes do ISEP eespecialistas do setor, assim como a colaborao de diversas empresas e entidades com interveno no domnio da

    reabilitao urbana.

    Destinatrios: Diplomados em engenharia eletrotcnica e engenharia mecnica interessados em desenvolver ou atualizar

    conhecimentos avanados para a conceo e realizao de projetos de reabilitao de infraestruturas em edifcios.

    Durao: 218 horas / 14 semanas letivas

    Horrio: Pslaboral: quinta e sextafeira, 18:1023:30, e sbados, 08:3013:30.

    Candidaturas: 1 fase: 29 de junho 17 de julho de 2015 / 2 fase: 718 de setembro de 2015 (condicionada s vagassobrantes)

    Incio das atividades letivas: 8 de outubro de 2015

    Mais informao: http://isep.ipp.pt/Course/Course/86

  • ARTIGO TCNICO

    31

    Resumo

    No presente artigo, fazse uma breve resenha histrica daevoluo do aproveitamento dos recursos hdricos nacionais

    em termos hidroeltricos, bem como uma anlise da

    situao atual. Dse particular destaque vertentehidroeltrica, mas no se limita a ela. Mostrase ainsuficincia das obras hidrulicas at agora realizadas a

    nvel das nossas principais bacias, em particular no caso da

    bacia portuguesa do Douro, e alertase para as nefastasconsequncias que poderiam advir caso a situao no se

    alterasse. O PNBEPH aprovado em 2007 veio contribuir para

    relanar esta importante temtica, a qual pareceu

    inexplicavelmente esquecida durante quase duas dcadas,

    por parte das entidades s quais competia zelar pelo

    interesse pblico e pela salvaguarda dos legtimos direitos e

    expectativas das populaes nacionais.

    1. Portugal e as Bacias Hidrogrficas na Pennsula Ibrica

    Com uma rea total de cerca de 590 000 km2, dos quais 500

    000 km2 pertencem a Espanha, a Pennsula Ibrica forma um

    vasto promontrio de contorno poligonal situado no

    extremo SW do continente europeu, sendo uma regio de

    planaltos, os mais elevados da Europa, de que resulta a sua

    elevada altitude mdia (660 m).

    A pluviosidade em terras peninsulares revela uma

    distribuio muito desigual. A zona costeira do Cantbrico e

    do Atlntico at quase foz do Tejo recebe chuvas

    abundantes (Ibria Hmida), enquanto que o centro

    peninsular, o litoral atlntico ao sul do Tejo e todo o litoral

    mediterrneo (quase dois teros da rea total peninsular)

    recebem chuvas escassas (Ibria Seca).

    Portugal partilha com Espanha alguns dos mais importantes

    cursos de gua da Pennsula e correspondentes bacias, em

    especial as dos rios Douro, Tejo e Guadiana.

    Embora de reduzida extenso em territrio nacional, a bacia

    do rio Minho uma das de maior escoamento mdio, quase

    comparvel do Tejo, em virtude das elevadas precipitaes

    mdias registadas no noroeste peninsular.

    As duas bacias hidrogrficas mais importantes da Pennsula

    Ibrica em termos de potencial hdrico (escoamento mdio

    anual) so as do rio Douro e do rio Ebro, esta ltima

    integralmente localizada em territrio espanhol. Seguemselhes em volume mdio anual gerado as do rio Tejo, rio

    Minho, rio Guadiana e rio Guadalquivir. A variabilidade dos

    regimes pluviomtricos na Pennsula Ibrica e a ausncia de

    grandes massas de gelo nas cadeias montanhosas, capazes

    de introduzir um efeito regularizador dos caudais durante o

    vero, determinam uma grande irregularidade dos caudais

    de todos os seus grandes rios, o que apenas pode ser

    atenuado pela realizao de importantes obras hidrulicas,

    capazes de proporcionar os meios de gesto adequada dos

    caudais do regime natural.

    A partilha das bacias comuns aos dois pases foi alvo de

    sucessivos convnios lusoespanhis, celebrados pelosgovernos dos dois pases, aps laboriosas, longas e nem

    sempre pacficas negociaes. A particularidade de Portugal

    possuir as partes de jusante das bacias um fator

    importante a ter em conta e que nos poderia priori

    favorecer. Todavia o notvel conjunto de obras hidrulicas

    realizadas pelos nossos vizinhos na parte de montante das

    bacias partilhadas, possibilitandolhes capacidades dearmazenamento que, em alguns casos, so superiores aos

    valores de escoamento anual mdio das respectivas bacias,

    tem criado dificuldades negociais acrescidas aos

    negociadores portugueses que so confrontados com

    situaes quase inultrapassveis. A ltima conveno lusoespanhola celebrada no final dos anos noventa bem a

    imagem da situao desigual em termos de base de

    negociao criada, levando a aceitar como bom, aquilo que,

    na verdade, insuficiente.

    AntnioMachadoeMouraFaculdadedeEngenharia

    UniversidadedoPorto

    APROVEITAMENTO HIDROELTRICO DA BACIA DO DOURO:

    UM OLHAR CRTICO

  • ARTIGO TCNICO

    32

    2. Potencial hidroeltrico portugus e seu

    aproveitamento

    Embora seja difcil de quantificar com a preciso desejvel, e

    sejam dependentes de um complexo conjunto de

    parmetros, alguns dificilmente quantificveis, os vrios

    estudos realizados por diversas entidades apontam para

    valores da ordem dos 32 TWh para o potencial energtico

    bruto total dos nossos cursos de gua, dos quais cerca de 25

    TWh e 21 TWh so considerados como tcnica e

    economicamente aproveitveis, respetivamente.

    O incio do aproveitamento e utilizao deste potencial

    energtico iniciouse em Portugal em finais do sculo XIX,mais propriamente na ltima dcada desse sculo e o incio

    do sculo XX assistiu ao progressivo aparecimento de largas

    dezenas de realizaes de aproveitamentos hidroeltricos, a

    maioria de potncia muito reduzida, inferior a 100 kW.

    Merece especial referncia a Lei n. 2002, publicada em 26

    de Dezembro de 1944, da autoria do grande paladino da

    eletrificao do Pas que foi o Engenheiro Ferreira Dias

    (19001966). este diploma que vem estabelecer de formacoerente e sistematizada as bases da produo, transporte e

    distribuio da energia eltrica no nosso pas [10].

    Em Outubro de 1945 so constitudas as empresas HidroEltrica do Cvado (HICA) e HidroEltrica do Zzere (HEZ),dandose incio construo dos dois primeiros grandes

    aproveitamentos hidroeltricos portugueses: Castelo de

    Bode (Figura 1) no Zzere e Venda Nova no Rabago

    (Central de Vila Nova), os quais viriam a ser inaugurados j

    no incio da dcada de 50, mais precisamente em 1951. Em

    1947 surge a Companhia Nacional de Eletricidade (CNE),

    qual outorgada a concesso da rede de transporte, com a

    misso de interligar os sistemas produtores do Cvado e

    Zzere entre si e com os sistemas existentes, alm de

    garantir o abastecimento aos grandes centros de consumo.

    Na dcada de 50 so criadas a HidroEltrica do Douro (HED)e a Empresa Termoeltrica Portuguesa (ETP) e tm lugar os

    desenvolvimentos dos sucessivos aproveitamentos

    realizados nas bacias do Cvado e Zzere, bem como o incio

    do aproveitamento do Douro Internacional, assistindoseento a uma autntica dcada de ouro no campo da

    hidroeletricidade.

    Os anos sessenta correspondem a uma nova fase do

    desenvolvimento do sistema electroprodutor uma vez que o

    crescimento dos consumos justifica a introduo de grupos

    trmicos de grande dimenso por razes de garantia da sua

    satisfao a nvel global. Surgem assim as centrais

    termoeltricas da Tapada do Outeiro e do Carregado e

    assistese a uma desacelerao na evoluo do subsistemahidrulico, o qual regista uma retoma na segunda metade da

    dcada com o lanamento dos primeiros escales do Douro

    Nacional (Carrapatelo, Rgua e Valeira).

    Figura1.AproveitamentohidroeltricodeCastelodeBodenorioZzere(1951)

  • ARTIGO TCNICO

    33

    j aproveitados e em construo temos cerca de 11,6 TWh(no considerando o PNBEPH)

    identificados como candidatos a integrao no sistemaelectroprodutor esto cerca de 6,6 GWh (aproveitamentos

    de grande e mdia dimenso)

    restam cerca de 2 TWh realizveis em aproveitamentos depequena dimenso (minihdricos)

    Em termos de potncia instalada, a componente

    hidroeltrica corresponde a cerca de 45% da potncia total,

    representando, em ano mdio, cerca de 30% da emisso

    total de energia.

    A relevncia destes valores, mas sobretudo a importncia

    decisiva dos aproveitamentos hidroeltricos em termos da

    gesto do sistema electroprodutor pela sua excelente

    flexibilidade na adaptao ao regime do diagrama de cargas,

    aliados, em certos casos, sua misso como

    aproveitamentos de fins mltiplos, aconselham claramente

    uma intensificao do programa de realizaes

    hidroeltricas, uma vez que ainda falta aproveitar mais de

    50% do potencial nacional. Alis, no panorama europeu, a

    nossa posio muito pouco lisonjeira, como se pode

    verificar na figura 2.

    De assinalar ainda nesta dcada a criao, em Dezembro de

    1969, da Companhia Portuguesa de Eletricidade (CPE)

    resultante da fuso das grandes empresas do sector da

    produo e transporte de energia eltrica: HICA, HEZ, HED,

    ETP e CNE.

    As dcadas de setenta e oitenta so em geral caracterizadas

    por elevadas taxas de crescimento dos consumos de

    eletricidade, consequncia do desenvolvimento econmico

    do pas e de outros fatores, designadamente a eletrificao

    em superfcie levada a cabo. Este crescimento de consumos

    satisfeito pela continuao da introduo de grupos

    trmicos de cada vez maior dimenso e pelo prosseguimento

    do programa hidroeltrico. Entretanto, em Junho de 1976,

    na sequncia do DecretoLei n. 502, criada a Eletricidadede Portugal Empresa Pblica (EDP), a qual tem por objetivoprincipal o estabelecimento e a explorao do servio

    pblico de produo, transporte e distribuio de energia

    eltrica no territrio do continente. A EDP o resultado da

    fuso da CPE, entretanto nacionalizada (1975), com mais

    onze empresas do sector eltrico ligadas pequena

    produo e distribuio de energia eltrica.

    Chegados ao final da primeira dcada do sculo XXI, a

    situao do aproveitamento dos nossos recursos

    hidroeltricos podia caracterizarse sucintamente doseguinte modo:

    Figura2.Potencialhidroeltricoaproveitadonofinalda1dcadasc.XXI(REN)

  • ARTIGO TCNICO

    34

    3. A valia atual dos aproveitamentos hidroeltricos

    A valia de um aproveitamento hidroeltrico era medida em

    termos da energia eltrica que poderia fornecer em ano

    mdio, ou seja, em certa medida, em termos do combustvel

    fssil que poderia poupar ao sistema electroprodutor. A

    valorizao da energia hidroeltrica assentava assim numa

    comparao tcnicoeconmica direta com a soluoalternativa termoeltrica, a qual correspondia a um

    agravamento da nossa dependncia do exterior. O

    aproveitamento hidroeltrico corresponde explorao de

    um recurso endgeno, no poluente, alm de outras

    excelentes caractersticas que o permitem apreciar luz de

    outros critrios mais abrangentes e que traduzem uma

    reapreciao em alta do seu verdadeiro valor. Hoje existe a

    noo plena que a valia de um aproveitamento hidroeltrico

    deve ser encarada com base numa multiplicidade de fatores,

    que conduzem a uma revalorizao dos mencionados

    aproveitamentos face anlise clssica. So eles a valia

    dinmica, a de emergncia e a ambiental.

    A valia dinmica corresponde, basicamente, caracterstica

    dos centros produtores hidroeltricos poderem responder,

    sem qualquer dificuldade e em tempo muito curto, a

    grandes variaes da procura ou at da oferta, devido sada

    intempestiva de grandes unidades termoeltricas. Esta

    componente da valia eltrica depende de diversos fatores,

    como, por exemplo, a maior ou menor capacidade de

    armazenamento / regularizao e a existncia ou no de

    equipamento reversvel (turbinamento/ bombagem).

    Os aproveitamentos de grande capacidade de regularizao

    prestam ainda um servio adicional inestimvel em termos

    da garantia do abastecimento global da procura em

    situaes muito crticas, evitando o aparecimento de ruturas

    do sistema electroprodutor, a que corresponde uma valia

    adicional designada por valia de emergncia.

    Por outro lado, tambm a produo termoeltrica contribui

    com emisso de gases nocivos para o ambiente,

    nomeadamente os gases de efeito de estufa (CO2) e,

    tambm, de SO2, NOx e cinzas, principalmente no caso de o

    combustvel ser o carvo (em vez do gs natural). Como se

    sabe, o peso da componente ambiente na avaliao de

    projetos de produo de energia eltrica preponderante,

    pelo que nos surge aqui a noo de valia ambiental associada

    a um projeto hidroeltrico.

    Assim, em sntese, vemos que associado a um projeto

    hidroeltrico aparece um valor econmico que constitudo

    pela soma de vrias parcelas, a saber: a valia eltrica de

    referncia, a valia dinmica, a valia de emergncia (nos casos

    dispondo de uma importante reserva e de localizao

    estratgica) e a valia ambiental. Este conjunto de valias

    permite equacionar de forma mais correta e adequada a

    opo de construo ou no de um dado aproveitamento em

    comparao com outro.

    Importa sublinhar que o uso da gua deve ser feito

    prioritariamente com outros fins que no apenas a produo

    de energia eltrica, nomeadamente o abastecimento das

    populaes e a agricultura, pelo que na maior parte dos

    casos as novas realizaes devem ser encaradas sob uma

    tica mais abrangente, como potenciais Aproveitamentos de

    Fins Mltiplos. Entre as diversas funes associadas a esses

    aproveitamentos poderamos citar, nomeadamente:

    o abastecimento de gua (populaes, indstria epecuria) e rega;

    a contribuio para mitigar os efeitos danosos emsituaes extremas de escassez ou abundncia excessiva

    de caudais (garantia de caudais ecolgicos e ambientais

    satisfatrios a jusante, visando reduzir os efeitos da

    poluio difusa; contribuio para o amortecimento dos

    caudais de ponta de cheia);

    a possibilidade de criao de reservas de gua para facilitaro combate ao terrvel flagelo dos incndios florestais

    a criao de condies necessrias navegabilidadecomercial e turstica (no caso de certos cursos de gua e

    em determinadas zonas mais ou menos extensas dos

    mesmos);

  • ARTIGO TCNICO

    35

    No sentido de se ob