Nevoeiro - Fernando Pessoa
Transcript of Nevoeiro - Fernando Pessoa
Nevoeiro
Mensagem,
Fernando Pessoa
Ana Margarida Pinto, nº2
12ºA
Escola e.b. 2,3/s de mora
Quinto
Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,Define com perfil e serEste fulgor baço da terraQue é Portugal a entristecer-Brilho sem luz e sem arder,Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.Ninguém conhece que alma tem,Nem o que é mal nem o que é bem.(Que ânsia distante perto chora?)Tudo é incerto e derradeiro.Tudo é disperso, nada é inteiro.Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Quinto
Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,Define com perfil e serEste fulgor baço da terraQue é Portugal a entristecer-Brilho sem luz e sem arder,Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.Ninguém conhece que alma tem,Nem o que é mal nem o que é bem.(Que ânsia distante perto chora?)Tudo é incerto e derradeiro.Tudo é disperso, nada é inteiro.Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Último poema da “Mensagem”.
Pertence à 3ª parte, “O
Encoberto” e, dentro desta,
inclui-se também na 3ª parte, “Os
Tempos”.
Quinto
Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,Define com perfil e serEste fulgor baço da terraQue é Portugal a entristecer-Brilho sem luz e sem arder,Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.Ninguém conhece que alma tem,Nem o que é mal nem o que é bem.(Que ânsia distante perto chora?)Tudo é incerto e derradeiro.Tudo é disperso, nada é inteiro.Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
O poema tem 14 versos.
Sendo composto por 3 estrofes irregulares:
uma sextilha
uma sétima
um verso
Quinto
Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,Define com perfil e serEste fulgor baço da terraQue é Portugal a entristecer-Brilho sem luz e sem arder,Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.Ninguém conhece que alma tem,Nem o que é mal nem o que é bem.(Que ânsia distante perto chora?)Tudo é incerto e derradeiro.Tudo é disperso, nada é inteiro.Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
ABABBA
CDDEFFF
E
Rima cruzada
Rima emparelhada
Rima emparelhada
Os restantes versos são livres
Verso livre
Quinto
Nevoeiro
Nem/ rei /nem/ lei/, nem/ paz/ nem/ guer/ra,Define com perfil e serEs/te/ ful/gor /ba/ço /da /ter/raQue é Portugal a entristecer-Brilho sem luz e sem arder,Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.Ninguém conhece que alma tem,Nem o que é mal nem o que é bem.(Que ânsia distante perto chora?)Tudo é incerto e derradeiro.Tudo é disperso, nada é inteiro.Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Métrica:
13 versos – octossilábicos (oito sílabas)
último verso – dissilábico (duas sílabas)
A rima é sempre consoante.
Predominância da rima rica havendo
também rima pobre (ex: tem/bem)
Quinto
Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,Define com perfil e serEste fulgor baço da terraQue é Portugal a entristecer-Brilho sem luz e sem arder,Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.Ninguém conhece que alma tem,Nem o que é mal nem o que é bem.(Que ânsia distante perto chora?)Tudo é incerto e derradeiro.Tudo é disperso, nada é inteiro.Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Aspectos temáticos fundamentais:
Caracterização pela negativa e pela indefinição do Portugal no presente;
Falta de identidade nacional;
Sentimento de incerteza e imprecisão;
Apelo para a construção de um futuro diferente.
Quinto
Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,Define com perfil e serEste fulgor baço da terraQue é Portugal a entristecer-Brilho sem luz e sem arder,Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.Ninguém conhece que alma tem,Nem o que é mal nem o que é bem.(Que ânsia distante perto chora?)Tudo é incerto e derradeiro.Tudo é disperso, nada é inteiro.Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Crise politica
Crise de identidade
Crise de valores morais da alma
Tom geral de tristeza e melancolia,
marcado por palavras e expressões de
negatividade, caracterizando um sistema
de crise a vários níveis.
Primeira estrofe…
O poeta começa por caracterizar o momento de Portugal. E o
desespero do poeta é tão grande que ele acaba por dizer que “nem rei nem
lei, nem paz nem guerra” o “define com perfil e ser”. Continuará a ser “fulgor
baço da terra” este País a “entrestecer”.
A vida é vista como “brilho sem luz e sem arder”. E mais ainda, é
pior, é “como o que o fogo-fátuo encerra”, é aparência de brilho (vida
exterior), mas sem luz interior (vida interior).
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,Define com perfil e serEste fulgor baço da terraQue é Portugal a entristecer-Brilho sem luz e sem arder,Como o que o fogo-fátuo encerra.
Segunda estrofe….
Fernando Pessoa começa a falar individualmente.
Portugal é um país perdido onde“ninguém sabe que coisa quer”, onde
”ninguém conhece que alma tem”, sem noção nem do que “é mal nem o que é
bem”. No entanto, há uma ligeira esperança: uma “ânsia distante” que “perto
chora” (impulso positivo). Mas tudo é tão “incerto e derradeiro”, “disperso”.
“Nada é inteiro”. E o poeta demonstra o tal desespero deixando uma
interjeição dolorosa: “Ó Portugal, hoje és nevoeiro…”.
Ninguém sabe que coisa quer.Ninguém conhece que alma tem,Nem o que é mal nem o que é bem.(Que ânsia distante perto chora?)Tudo é incerto e derradeiro.Tudo é disperso, nada é inteiro.Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
Última estrofe…
É o momento de surgir à Nova Vida. "É a Hora" de acordarem, de
se unirem, e de fazerem voltar tudo de novo, e quem sabe D. Sebastião não
reaparecerá, do opaco nevoeiro em que desapareceu, montado no seu cavalo
branco, e o mito e a glória de Portugal ressurgirão das cinzas, como o Fénix o
faz na sua recriação de nova vida após a morte.
E “Hora” é também o momento em que Fernando Pessoa é lido até
ao fim, quando se conclui a leitura da “Mensagem”, do plano de Pessoa para
regenerar Portugal.
É a Hora!
Alguns dos recursos estilísticos:
Antítese: “Este fulgor baço da terra”
Personificação: “Que é Portugal a entristecer”
Anáfora: “Ninguém sabe que coisa quer./Ninguém conhece que alma tem”
“Tudo é incerto e derradeiro./Tudo é disperso, nada é inteiro.”
Comparação: “Brilho sem luz e sem arder,/Como o que o fogo-fátuo encerra.”
Conclusão
O poema "Nevoeiro" permite a Fernando Pessoa encerrar
“Mensagem” da melhor maneira, indo repescar o mito
sebastianista de que o Rei voltará numa manhã de nevoeiro
e mostrando que, simbolicamente, nevoeiro é a situação
que então se vive em Portugal… Mas já é tempo de
mudança, "É a Hora!“ de partir novamente à descoberta e
conquistar o mundo; “É a Hora!” de voltar a sonhar!
É tempo de renascer.
Camões e Pessoa ambos exortam. Camões exorta um rei vivo às ainda
possíveis conquistas, embora se adivinhe já o fim do Império. Pessoa já não
tem Império em que ter esperança e a sua exortação é necessariamente
interior, espiritual. O que é parecido em ambos é a esperança positiva na
mudança – não há um fatalismo triste. Ambos esperam a mudança para
melhor, acreditam num futuro mais positivo. A “apagada e vil tristeza” de
Camões, o “fulgor baço da terra” de Pessoa, são maneiras semelhantes de
caracterizar o presente do país. Ambos estão desapontados com a realidade e
querem a mudança – um pela guerra, o outro pela irmandade.
Resposta à questão: