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ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: PANORAMA GERAL E ANÁLISE DA QUALIDADE DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO BRASILEIROS Marina Heil de Assunção Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro de Produção. Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho Rio de Janeiro 2019

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ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: PANORAMA GERAL E ANÁLISE DA QUALIDADE DOS

CURSOS DE GRADUAÇÃO BRASILEIROS

Marina Heil de Assunção

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia de Produção da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro de Produção.

Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho

Rio de Janeiro

2019

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ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: PANORAMA GERAL E ANÁLISE DA QUALIDADE DOS

CURSOS DE GRADUAÇÃO BRASILEIROS

Marina Heil de Assunção

PROJETO DE GRADUAÇÃO APRESENTADO AO CURSO DE ENGENHARIA DE

PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO

DE JANEIRO, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO

DO TÍTULO DE ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Março de 2019

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Assunção, Marina Heil de

Engenharia de produção: panorama geral

e análise da qualidade dos cursos de graduação

brasileiros/ Marina Heil de Assunção – Rio de

Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2019.

XIII, 75 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Curso de Engenharia de Produção, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 78-89.

1. História da engenharia; 2. Qualidade da educação superior; 3. ENADE. I. Lima Filho, Roberto Ivo da Rocha. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia de Produção. III. Engenharia de produção: panorama geral e análise da qualidade dos cursos de graduação brasileiros.

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“Son los días grises los que te hacen valorar,

que el cielo azul no es casualidade”

(Nil Moliner)

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AGRADECIMENTOS

É interessante olhar para trás e ver todo o caminho trilhado até agora, ver o quanto

cresci desde que tomei a decisão de sair de casa e vir morar no Rio de Janeiro, longe dos

pais e dos amigos, totalmente fora da zona de conforto. Não vou negar que foi difícil,

diversas vezes o meu único desejo era desistir, mas ainda bem que não o fiz.

Meu maior agradecimento é aos meus pais, que sempre me incentivaram a correr

atrás dos meus sonhos, fossem eles em Belo Horizonte, Rio de Janeiro ou Madri. Graças

ao apoio, eu sabia que podia ir para qualquer lugar do mundo, que eles estariam ali, me

dando colo quando precisasse.

Aos mestres que passaram pela minha vida, desde o jardim de infância até hoje:

isso não poderia se concretizar sem vocês. Cada um acrescentou um bloquinho na parede,

permitindo que eu construísse minha casa do conhecimento. Um muito obrigada especial

ao Meirelles, que foi como um pai para mim na graduação, sempre acreditando no meu

potencial e incentivando a ir mais longe. Gostaria que ele estivesse aqui, mas sei que, de

onde ele estiver, está tão feliz quanto eu por essa conquista.

Agradeço, também, aos amigos que me ajudaram a suportar tudo isso, enquanto

ainda era um peso. Por cada palavra, cada abraço, sorriso... Atitudes que davam um brilho

a mais no meu dia a dia. Sem vocês, talvez eu tivesse desistido.

Gratidão por todas as oportunidades que a graduação me deu, por todos os

conhecimentos adquiridos, por todas as pessoas que passaram na minha vida ao longo

desses anos, por todas as reprovações, choros e desesperos. E em especial, gratidão por

todas as pessoas que precisaram não estar aqui para que eu pudesse chegar onde cheguei.

Sinto muito. Me perdoe. Te amo. Sou grata.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro de Produção

Engenharia de produção: panorama geral e análise da qualidade dos cursos de graduação brasileiros

Marina Heil de Assunção

Março/2019

Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho

Curso: Engenharia de Produção

O propósito deste trabalho é analisar a qualidade dos cursos de graduação em Engenharia

de Produção brasileiros, por meio dos dados obtidos nas edições do ENADE. Entretanto,

para compreender o presente, é preciso conhecer o passado. A engenharia faz parte da

história da humanidade desde seus primórdios e vem se modificando de forma paralela à

evolução da espécie. Os últimos 300 anos foram marcados por um profundo avanço

tecnológico, de forma que se observou a necessidade da formação teórica e prática dos

engenheiros, surgindo então as escolas de engenharia e suas ênfases. A Engenharia de

Produção nasceu justamente em resposta à Revolução Industrial e produção em larga

escala, que demandava um profissional capaz de compreender a indústria, com

conhecimentos científicos e de gerenciamento. A partir da década de 90, o Brasil passou

por um intenso crescimento de cursos de graduação em engenharia, incluindo a de

produção. Entretanto, ao se analisar o desempenho destes cursos no exame nacional de

desempenho, vê-se que está aquém do ideal, inclusive no que diz respeito à colocação das

melhores instituições brasileiras de ensino superior em âmbito mundial.

Palavras chaves: história da engenharia; qualidade da educação superior; ENADE.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Industrial Engineer.

Industrial Engineering: overview and performance of Brazilian undergraduate

courses in view of National Exam for the Assessment of Student Performance

(ENADE)

Marina Heil de Assunção

March/2019

Advisor: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho

Course: Industrial Engineering

The purpose of this research is to analyze the quality of Brazilian undergraduate courses,

focused on Industrial Engineering, by their performance in National Exam for the

Assessment of Student Performance (ENADE), since 2005. For an understanding of the

present, we have to know the past. Engineering and humanity walk and evolving together

since the beginning. The last 300 years have been marked by a huge technological

advance, which demands a professional with theoretical knowledge and practical know-

how, resulting in engineering schools and their emphases. Industrial Engineering was

born in response to the Industrial Revolution and large-scale production, which required

a professional with scientific and management expertise, capable of understanding the

industry. Since the 90’s, Brazil has undergone an intense growth of engineering’s

undergraduate courses, including industrial engineering. However, when analyzing the

performance of these courses in ENADE, it’s seen that they are below expectations,

including the placement of the best Brazilian higher education institution in worldwide

rankings.

Key words: history of engineering; quality of undergraduation courses; ENADE.

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LISTA DE SIGLAS

ABEPRO Associação Brasileira de Engenharia de Produção

ACG Avaliação dos Cursos de Graduação

ACO Avaliação das Condições de Oferta

AI Avaliação Institucional

BRIC Brasil, Rússia, Índia, China

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CNE Conselho Nacional de Educação

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

COPPE/UFRJ Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ

CSIC Consejo Superior de Investigaciones Científicas

EaD Educação à Distância

Esan Escola Superior de Administração e Negócios

ETSII Escuela Técnica Superior de Ingenieros Industriales

EUA Estados Unidos da América

ENADE Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

EP Engenharia de Produção

FEI Faculdade de Engenharia Industrial

GPABP Grupo de Pesquisa em Aprendizagem Baseada em Problemas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Idort Instituto de Organização Racional do Trabalho

IES Instituição de Ensino Superior

IIIE International Institute of Industrial Engineering

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IME Instituto Militar de Engenharia

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

ITA Instituto Tecnológico da Aeronáutica

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira

L Links

MEC Ministério da Educação e Cultura

MIT Massachusetts Institute of Technology

NAE National Academy of Engineering

NSB National Science Board

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

W Páginas da web

PE Planejamento Estratégico

PIB Produto Interno Bruto

PO Pesquisa Operacional

PUC-PR Pontifícia Universidade Católica do Paraná

PUC-Rio Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

SINAES Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

SM Salário Mínimo

THE Times Higher Education

UFC Universidade Federal do Ceará

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UFOP Universidade Federal de Ouro Preto

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

Unicamp Universidade de Campinas

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Unifei Universidade Federal de Itajubá

URJ Universidade do Rio de Janeiro

USP Universidade de São Paulo

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ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 – CICLO DE RETROALIMENTAÇÃO DA REVOLUÇÃO CIENTÍFICA .................................................. 19 FIGURA 2 – TRIANGULO DE OLIN ................................................................................................................. 29 FIGURA 3 – ESTRUTURA DO CURRÍCULO DA OLIN COLLEGE ........................................................................ 30 FIGURA 4 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PRIMEIRA ESCOLA DE ENGENHARIA DO BRASIL .............................. 33 FIGURA 5 – CRESCIMENTO DO NÚMERO DE ESCOLAS DE ENGENHARIA PÚBLICAS E PRIVADAS .................... 37 FIGURA 6 – INTERSEÇÃO DOS CONHECIMENTOS DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E DEMAIS ÁREAS ............ 40 FIGURA 7 – FOCO DAS ATENÇÕES NA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: LINHA DO TEMPO ................................ 43 FIGURA 8 – EVOLUÇÃO DO NASCIMENTO DOS CURSOS DE EP NO BRASIL, DE 1968 A 2018 ......................... 49 FIGURA 9 – DISTRIBUIÇÃO DE CURSOS DE EP POR UNIDADE FEDERATIVA NO BRASIL, SEGUNDO ENADE

2017 ................................................................................................................................................... 51 FIGURA 10 – DISTRIBUIÇÃO DE CURSOS DE EP, EM 2018, POR UF POR MODALIDADE DE CURSO ................. 52 FIGURA 11 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DO TOTAL DE ESTUDANTES DE EP POR SEXO POR EDIÇÃO DO

ENADE .............................................................................................................................................. 61 FIGURA 12 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS ESTUDANTES DE EP POR ETNIA POR EDIÇÃO DO ENADE ... 62 FIGURA 13 – QUANTIDADE DE CURSOS DE EP, POR TIPO DE INSTITUIÇÃO, DE ACORDO COM NOTAS OBTIDAS

NAS EDIÇÕES DO ENADE ................................................................................................................... 71 FIGURA 14 – QUANTIDADE DE CURSO POR ENADE POR UNIDADE FEDERATIVA ....................................... 72

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ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1 - SURGIMENTO DE CURSOS DE EP NO BRASIL, DE 1968 A 2018. .................................................. 50

TABELA 2 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS ESTUDANTES DE EP POR INGRESSO POR POLÍTICA DE AÇÃO

AFIRMATIVA E SEXO, SEGUNDO ETNIA (ENADE 2017). .................................................................... 63

TABELA 3 – DISTRIBUIÇÃO DA FAIXA DE RENDA MENSAL FAMILIAR POR EDIÇÃO DO ENADE. .................. 64

TABELA 4 – QUANTIDADE DE CURSOS POR NOTAS DO ENADE DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

POR TIPO DE INSTITUIÇÃO, MODALIDADE DE ENSINO E ANO. .............................................................. 69

TABELA 5 – NOTAS PROPORCIONAIS DO ENADES 2005-2017 POR REGIÃO ADMINISTRATIVA ................... 73

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SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................... 14

1.1. Objetivo de estudo ........................................................................................... 15 1.2. Metodologia de pesquisa ................................................................................. 15 1.3. Limites e limitações ........................................................................................ 16 1.4. Estruturação dos capítulos ............................................................................... 17

2. História do Ensino de Engenharia ........................................................................... 18

2.1. Mundo ............................................................................................................. 18

2.2. Brasil ............................................................................................................... 31 3. Engenharia de Produção .......................................................................................... 39

3.1. Caracterização ................................................................................................. 39 3.2. Ensino de Engenharia de Produção no mundo ................................................ 41

3.3. Ensino de Engenharia de Produção no Brasil ................................................. 44 4. Avaliação dos Cursos de Engenharia de Produção ................................................. 55

4.1. Introdução ....................................................................................................... 55 4.2. Rankings Nacionais e Internacionais .............................................................. 56

4.2.1. Times Higher Education ......................................................................... 56 4.2.2. QS World University Rankings .............................................................. 58 4.2.3. Academic Ranking of World Universities - Shanghai Ranking ............. 59 4.2.4. Webometrics Ranking of World Universities ......................................... 60

4.3. Perfil do estudante de Engenharia de Produção .............................................. 61 4.4. Evolução das Avaliações de Qualidade de Cursos .......................................... 64 4.5. O Exame ENADE ........................................................................................... 67 4.6. Análise ENADES 2005-2017 ......................................................................... 68

5. Conclusão ................................................................................................................ 75

6. Bibliografia ............................................................................................................. 78

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1. INTRODUÇÃO

Em um mundo cada vez mais globalizado e conectado, as informações e o

conhecimento têm um papel central, sendo recursos fundamentais e diferenciadores nas

instituições. Dada a importância destes na sociedade atual, pode-se dizer que já se está na

Sociedade do Conhecimento (SQUIRRA, 2005), a qual se baseia em trabalhadores

altamente qualificados e suas atividades, onde compreender e manipular informações são

o centro das organizações (DRUCKER, 1999).

Com o conhecimento como base para a nova sociedade, é necessário, além do

entendimento das ciências e suas tecnologias, a compreensão do passado, tal como seus

desafios e feitos. Para Lee (2011), o passado e os conceitos (presentes nos dicionários)

estão intimamente ligados, dado que “o passado dá concreticidade aos conceitos”, os

quais carregam uma bagagem temporal. Desta forma, é preciso conhecer o passado para

compreender o presente.

O século XX foi marcado por diversos avanços na área da ciência e tecnologia, as

quais estão intimamente ligadas à educação e conhecimento. Guimarães (2005)

argumenta que, na velocidade em que as transformações estão ocorrendo, chega a haver

uma tensão na perspectiva temporal entre passado e futuro. Segundo ele, os avanços

científicos e tecnológicos foram tão extraordinários e trouxeram tantos impactos para o

ser humano, que é possível vislumbrar a possibilidade da utilização de todo o potencial

da sociedade. Werthein (2004, p. 12) afirma que “a formação de mentes abertas e

inovadoras (...) só se consegue por intermédio de uma educação de qualidade”,

completando que “o futuro das nações depende, em grande parte, da qualidade da

trajetória educacional de seus habitantes”. Desta forma, se uma nação quer se destacar no

mundo competitivo, é obrigatório que haja investimento em peso na educação.

O foco do ensino de engenharia, dentre eles da Engenharia de Produção (EP),

mudou. Se antes o estudante tinha que sair formado com conhecimento sólido em

matemática e física, agora ele precisa de, além disso, se graduar com competências

técnicas, habilidades de comunicação e criatividade, atitudes proativas, entre outras

(MENDOZA-CHACÓN et al., 2016). Entretanto, a maioria das instituições de ensino

superior continuam seguindo o modelo tradicional, onde o professor transmite o

conhecimento para o aluno, aprendendo, este, de maneira passiva.

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Por outro lado, a EP sofreu um aumento exponencial em número de cursos de

graduação, ao longo dos últimos 20 anos, se tornando a especialidade de engenharia com

maior quantidade de cursos no país, superando a engenharia civil, área mais consolidada

e tradicional (SANTOS, 2016). Entretanto, quantidade não é sinônimo de qualidade, de

modo que não se pode afirmar se houve uma melhora do ensino.

Para que se possa propor qualquer mudança, é preciso conhecer a realidade em

que se está inserido. Desta forma, é preciso compreender verdadeiramente o ensino de

Engenharia de Produção brasileiro, como suas origens, o perfil do aluno e os resultados

obtidos pelas instituições nos exames de desempenho da educação superior realizados

pelos órgãos públicos competentes. Deve-se, também, a critério de comparação,

identificar quais são as melhores universidades a nível mundial e qual o posicionamento

das instituições brasileiras nestas classificações. A partir de então, é possível propor

melhorias para a educação superior no Brasil, em especial EP, baseando-se nas melhores

práticas.

1.1. OBJETIVO DE ESTUDO

O presente estudo possui como objetivo geral analisar o panorama de ensino da

Engenharia de Produção no Brasil, explicando sua evolução ao longo da história e

expansão como curso de graduação, tal como ações que possibilitaram essa expansão,

criando um ambiente propício para que a EP se tornasse a graduação em engenharia com

maior oferta de cursos no Brasil. Como objetivo específico, busca-se verificar se o

aumento quantitativo dos cursos esteve atrelado à uma melhoria na qualidade do ensino

de Engenharia de Produção no país.

1.2. METODOLOGIA DE PESQUISA

De acordo com Lakatos e Marconi (2003), o presente estudo caracteriza-se como

uma pesquisa documental, com dados primários, provenientes de arquivos públicos, e

bibliográfica, de caráter descritivo. Ambas terão abordagens quantitativas e qualitativas.

Os resultados encontrados serão uma generalização de verdades pontuais.

Para isso, será feito estudo da bibliografia existente, compreendendo a evolução do

ensino de engenharia, de um modo geral, no mundo e no Brasil, passando para um estudo

focado na Engenharia de Produção brasileira. Logo, serão analisados os dados relativos

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as edições do Exame Nacional de Desempenho do Ensino Superior (ENADE), de 2005 a

2017, com foco nos cursos de EP, provenientes exclusivamente do Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

Para a pesquisa bibliográfica, o principal método utilizado foi o Mapeamento

Sistemático, apresentado por Proença Jr e Silva (2016), que visava obter literatura não

enviesada. Foi feito um mapeamento das referências na base de periódicos Web of

Science, sendo filtrados a partir da leitura do título, resumo, disponibilidade do artigo de

forma gratuita e leitura completa deste. A partir de então, foram escolhidas as referências

relevantes sobre o determinado assunto.

1.3. LIMITES E LIMITAÇÕES

Sobre os limites do presente estudo, comenta-se sobre a escolha de limitar-se a

apresentar a história do ensino da engenharia, de um modo geral e exclusivo da

Engenharia de Produção, e o panorama geral desta no Brasil, não abarcando práticas de

ensino ou propostas de melhorias. Além disso, para avaliação da qualidade da graduação

em Engenharia de Produção brasileira, serão analisados apenas as edições do ENADE,

de 2005 a 2017, com dados exclusivamente provenientes do INEP. Não englobará outras

maneiras de medir a qualidade das instituições, como o percentual de publicações em

periódicos de alto impacto, transferência de conhecimento para indústria, registro de

patentes e outros.

Como limitações, especialmente em relação as pesquisas históricas, é necessário

confiar nos estudos apresentados por outros pesquisadores. Atrelado a isso, há pouca

pesquisa sobre a evolução do ensino de Engenharia de Produção no Brasil, as quais se

atentam mais ao desenvolvimento progressivo da profissão, sem foco específico em sua

educação. Além disso, não foi possível obter os dados dos cursos de EP nos rankings

internacionais estudados, visto que esta modalidade de engenharia não correspondia a

nenhum dos grupos analisados. Sendo assim, escolheu-se analisar o ensino em engenharia

de um modo geral.

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1.4. ESTRUTURAÇÃO DOS CAPÍTULOS

O estudo está estruturado de forma lógica, abordando desde a história do ensino

de engenharia no mundo até o panorama geral da Engenharia de Produção no Brasil,

oferecendo análise sobre seus cursos de graduação.

O primeiro capítulo se trata de uma introdução acerca do trabalho, abordando

objetivo de estudo, metodologia de pesquisa, limites e limitações e estruturação dos

capítulos.

O segundo capítulo apresenta a evolução do ensino de engenharia, no mundo e

Brasil, ao longo da história da humanidade, visando oferecer uma perspectiva de como as

diferentes culturas se portaram diante destas transformações. Comenta-se, também, novos

modelos de ensino, que estão sendo criados, testados e aplicados por instituições de ponta,

visando promover um aprendizado mais ativo por parte dos alunos.

No capítulo seguinte, caracteriza-se a profissão de engenheiro de produção,

definindo o profissional, e situa-se a “Engenharia de Produção plena” no campo das

ciências, definindo sua base teórica. Logo, segue apresentando a evolução da Engenharia

de Produção, no mundo e no Brasil, e dando um panorama atual dos cursos brasileiros,

como o índice de surgimento por ano e ações do Ministério da Educação (MEC) e

Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO) relacionadas ao ensino

superior em EP.

No quarto capítulo serão comentados rankings internacionais, o perfil do

estudante de Engenharia de Produção, a evolução das avaliações de qualidade dos cursos

superiores no Brasil, seguido pela apresentação do ENADE, como sua metodologia e

cálculo, finalizando com uma análise do desempenho dos cursos de Engenharia de

Produção brasileiros ao longo das edições do exame, de 2005 a 2017.

Por fim, conclui-se apresentando a discussão final sobre a pesquisa e propondo

focos para próximos estudos que visem analisar a qualidade do ensino superior em

Engenharia de Produção no Brasil.

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2. HISTÓRIA DO ENSINO DE ENGENHARIA

2.1. MUNDO

A origem da civilização, tecnologia e engenharia se mesclam, levando em

consideração o emprego de métodos e técnicas para construir, transformar e fabricar

ferramentas (OLIVEIRA; ALMEIDA, 2010). Kenski (2007) afirma que o

desenvolvimento da tecnologia comumente esteve relacionado a dominação e ataque. Por

outro lado, o termo “Engenharia” é resultado da união entre o prefixo “engenho”, que

remete à capacidade inventiva, habilidade, talento, astúcia; e sufixo “aria”, que designa

profissão, ação e coletivo. De forma que, na própria formação do termo, há referência a

profissão ou coletivo habilidoso e astuto, com capacidade inventiva (STARLING;

GERMANO, 2012).

A engenharia é o ramo do conhecimento que aplica o conhecimento científico,

econômico, social e prático com o intuito de solucionar um problema ou uma demanda

da sociedade. De acordo com Encyclopaedia Britannica (1995, p. 496), a engenharia é

descrita como “a arte de dirigir as grandes fontes de poder na natureza para o uso e a

conveniência dos seres humanos. Em sua forma moderna, envolve pessoas, dinheiro,

materiais, máquinas e energia”.

Na Era Medieval, encontra-se o antecessor do engenheiro: o construtor de

moinhos (VARGAS, 1994). Este possuía conhecimentos de carpinteiro, ferreiro, canteiro

e pedreiro. Além disso, compreendia de aritmética, geometria, etc. essenciais para seu

trabalho. Com tais sabedorias, ele podia aliar teoria às técnicas, que eram passadas para

seus aprendizes (VERASZTO et al, 2003). Acreditava-se, na época, que para obter o

conhecimento necessário, bastava perguntar para alguém mais sábio. Não havia

necessidade de descobrir coisas novas e presumia-se que o Cristianismo tinha a resposta

final para tudo (HARARI, 2017).

Apenas com a Revolução Científica, que começou em meados de 1500 d.C., a

humanidade descobriu sua aptidão para adquirir novas capacidades médicas, militares e

econômicas. Harari (2017) afirma que esta foi a revolução da ignorância. O estopim foi a

descoberta de que o homem não tinha a resposta para a maioria de suas perguntas e que,

nem sempre, o que se dava como certo era, de fato, aquilo que se dizia. Então, começou

a se aceitar como verdade apenas o que se podia provar.

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A Revolução Científica é composta por três pilares: ciência, política e economia,

e é retroalimentada, conforme observado na Figura 1. Sem um destes fatores, nada ocorre.

Isso porque as instituições políticas e econômicas fornecem os recursos, essenciais para

a pesquisa, e a ciência oferece inovações, que serão utilizadas para obter novos recursos,

alimentando novamente as pesquisas científicas (HARARI, 2017).

Figura 1 – Ciclo de Retroalimentação da Revolução Científica. Fonte: HARARI (2017, p. 260).

Desde então, ao longo dos últimos séculos, o ser humano investiu em pesquisa

científica, evoluindo de maneira exponencial os conhecimentos das ciências exatas. A

ciência moderna passou a não ter dogmas, e sim um conjunto de métodos de pesquisa em

comum, baseados em coletar observações empíricas e reuni-las com a ajuda de

ferramentas (HARARI, 2017).

Os pioneiros da pesquisa científica aplicada foram Leonardo da Vinci e Galileu

Galilei, nos séculos XV e XVII, respectivamente. Leonardo foi o primeiro a tentar

explicar, de forma matemática, como as forças atuavam numa estrutura simples, a partir

da estática. Tais estudos nunca foram publicados e, consequentemente, permaneceram

ignorados por séculos. Já Galileu publicou, em 1638, o primeiro livro no campo da

resistência dos materiais: As Duas Novas Ciências (TELLES, 1984). A partir de então, a

engenharia foi se estruturando e evoluindo, de forma conjunta com a física, matemática

e química. Com isso, a tecnologia começou a delinear-se, buscando atender às novas

demandas da sociedade (ACEVEDO, 1998).

Recursos

Pesquisa

Poder

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A engenharia surgiu neste contexto histórico. A Revolução Científica

proporcionou solo fértil para o seu nascimento. No século XVIII, então, a semente

começa a brotar. A Primeira Revolução Industrial (OLIVEIRA; ALMEIDA, 2010) e o

Iluminismo, movimento filosófico cultural (TELLES, 1984), ambos oriundos da

Revolução Científica, permitiram que a engenharia se firmasse, mostrando sua

importância para a humanidade. Para o autor, a invenção da máquina a vapor forçou um

desenvolvimento tecnológico e científico por parte de todos os países europeus, já que

quem descobrisse algo novo, estaria à frente dos demais. O Iluminismo, por outro lado,

guiado pelos enciclopedistas e outros filósofos, ampliou a visão humana (CARDOSO,

1999), valorizando a observação da natureza e a experimentação e criticando os estreitos

limites impostos pela escolástica tradicional (TELLES, 1984).

Durante a Revolução Francesa, com a ascensão da burguesia ao poder, começaram

a surgir as escolas de engenharia, em especial na França (SACADURA, 1999). Estas

novas instituições focavam nas inovações e pesquisas científicas, contrariando as escolas

tradicionais, que eram voltadas para o ensino humanista, distante das demandas

econômicas da época. Nestas novas escolas, qualquer avanço tecnológico era bem visto,

não havendo preocupação em relação às consequências sociais e ambientais provenientes

das novas invenções (BAZZO, 1998). A École Nationale des Ponts et Chaussés, fundada

em 1747, na França, foi a primeira escola que diplomou profissionais com o título de

engenheiro, sendo considerada a pioneira no ensino formal de engenharia no mundo

(PARDAL, 1986).

Apesar das primeiras escolas de engenharia francesas terem sido fundadas por

civis, em diversos países elas eram vinculadas à área militar, como foi o caso do Brasil.

O termo “engenharia civil”, que atualmente remete ao ramo da engenharia responsável

por infraestrutura, nasceu como uma diferenciação ao uso do conhecimento de forma

militar, ou seja, a engenharia civil era aquela que não tinha fins militares (OLIVEIRA;

ALMEIDA, 2010). Além disso, na língua inglesa há uma bifurcação deste termo, onde

“civil engineer” é o profissional responsável por infraestrutura, conforme explicado

anteriormente, e “civilian engineer”1, o engenheiro não vinculado ao estado,

independente da sua especialização (LUNDGREEN, 1990).

1 Tradução literal: engenheiro civil.

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Oliveira e Almeida (2010) relatam que, a princípio, nas escolas francesas, os

alunos só cursavam as disciplinas conhecidas como “profissionalizantes”. Entretanto,

devido a disparidade de níveis de conhecimentos básicos (matemática, física, desenho

geométrico, etc.) existente entre os alunos, que gerava problemas no acompanhamento do

curso, foi criada uma instituição que ofereceria os fundamentos da engenharia e prepararia

os alunos para as matérias específicas. Assim, no final do século XVIII, surgiu a École

Polytechnique, oferecendo disciplinas básicas de engenharia para os alunos, com

professores de alto nível, como Lagrange, Fourrier, Pousson, Prony, e outros (ÉCOLE

POLYTECHNIQUE, 2018). Observa-se, então, que desde as primeiras escolas de

engenharia, a estrutura curricular dos cursos separa as diversas ciências essenciais na

formação do engenheiro, começando pelas básicas e terminando nas aplicadas

(BRINGUENTI, 1993).

Desde o início do século XVIII, já havia iniciativa por parte do Rei D. João V de

investir no progresso da engenharia e ciências relacionadas em Portugal, visto que o país

se encontrava defasado em relação a outras nações. Entretanto, os efeitos da Revolução

Industrial foram observados com certo retardo na Península Ibérica e, consequentemente,

no Brasil. Os principais fatores foram a distância física, dificuldades de comunicação e

isolamento político (TELLES, 1984). Os contribuintes mais relevantes para dito

progresso foram Manoel de Azevedo Fortes, engenheiro-mor do reino, e o Colégio de

Santo Antão, sob direção de padres jesuítas, que tinha Aula da Esfera, desde o séc. XVI,

destinada a ensinar matemática aplicada à navegação e às fortificações. Em 1739, o Rei

D. João V mandou instalar, neste colégio, um observatório astronômico, na época um dos

melhores do continente europeu, segundo o autor. Ali se formaram muitos dos

engenheiros militares que atuaram no Brasil-Colônia.

Vale ressaltar que a institucionalização do ensino de engenharia foi tardio na

Inglaterra e Estados Unidos da América (EUA). Segundo Lundgreen (1990), isso se deu

devido ao contexto menos burocrático das duas nações, em comparação com outros países

da Europa Continental, como França e Alemanha. Este afirma que o desenvolvimento do

ensino de engenharia estava estritamente alinhado à demanda do Estado por engenheiros,

de modo que quanto mais burocrático, mais profissionais demandava. Na ausência da

necessidade de “engenheiros estaduais”, o conhecimento era passado no trabalho, por um

profissional mais qualificado, o que explica a adaptação tardia dos países anglo-saxônicos

ao modelo de ensino superior de engenharia. Além disso, como eram transmitidas

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técnicas de construção e mecânica aos aprendizes, é difícil afirmar quando surgiram as

profissões de engenheiro e arquiteto.

Para o autor, até meados de 1870, havia um abismo entre os dois paradigmas: no

caso da Europa Continental, o setor privado seguia o setor público e priorizava

profissionais com um diploma de engenheiro; por outro lado, nos EUA e Inglaterra

haviam poucos concorrentes no setor privado, de modo que o treinamento de engenheiros

era majoritariamente prático. Nestes países, até esse momento, a educação superior era

especificamente para artes e teologia e não era considerada essencial. Após 1870, houve

uma convergência para um desenvolvimento em comum, o qual legitimava a cultura do

ensino superior. O autor afirma que a Segunda Revolução Industrial transformou

completamente o mercado de trabalho, em especial pela necessidade das indústrias de

larga escala e de base científica por engenheiros oficialmente formados.

Lundgreen (1990) cita um documento, de 1870, do Instituto de Engenheiros Civis,

situado em território inglês, no qual deixa-se claro que, na Inglaterra, a profissão de

engenheiro está totalmente desvinculada ao governo, com exceção dos associados ao

exército. Além de dizer que a profissão é aberta para qualquer um que queira praticá-la e

que não há provisão de educação pública para engenheiros no país, o texto afirma que a

engenharia é essencialmente prática, de modo que se deve aprender de forma direta, por

meio observação e treinamento, sendo de pouca utilidade uma formação teórica mais

aprofundada.

Na América anglo-saxônica, por outro lado, os engenheiros estaduais, com

diploma de ensino superior, tiveram certa importância por um período de tempo, porém

exclusivamente nas forças armadas, como explica o autor. Após a Guerra de

Independência dos Estados Unidos, foi criada, em 1802, a Academia Militar, em West

Point, que organizava o corpo de engenheiros do exército americano. O ensino de

engenharia civil e militar foi estabelecido na academia, em 1812, por um francês formado

na École Polytechnique. Os cursos incluíam geometria descritiva e matemática avançada.

Ao se formar na instituição, o aluno podia escolher entre se juntar ao corpo de engenheiros

do exército ou seguir com a carreira não militar. Apesar de possuírem o diploma, os

profissionais formados competiam no mercado de trabalho com outros sem o ensino

superior, que haviam sido treinados como aprendizes. Segundo o autor, depois que o

congresso americano parou de se envolver com o assunto “treinamento de profissionais”,

o mercado afirmou que preferia engenheiros de campo aos acadêmicos (com diploma).

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Algum tempo depois, perceberam que a produtividade do engenheiro formado era maior

que a do aprendiz, o qual foi totalmente substituído em meados de 1870.

O Rensselaer Polytechnic Institute2 surgiu em 1824, nos Estados Unidos, com o

intuito de qualificar professores para instruir filhos de agricultores e mecânicos. As

disciplinas oferecidas eram química experimental, filosofia e história natural da

agricultura, economia doméstica e artes e manufatura (LUNDGREEN, 1990). Apenas em

1835, a engenharia civil teve um programa específico no instituto, com duração de um

ano e foco no trabalho e práticas de laboratório, diferente de West Point, que priorizava o

conhecimento teórico. Segundo o autor, devido à cultura antiacadêmica do país, o início

do ensino de engenharia foi modesto, com poucos alunos formados.

O autor segue explicando que, em 1849, o instituto passou por uma reestruturação,

quando ganhou o nome atual, e passou a ser gerido por B. Franklin Greene. Este, que

havia estudado em escolas politécnicas europeias, decidiu criar uma série de “Escolas

Especiais”, seguindo o modelo europeu, nas quais os alunos cursariam quatro anos,

divididos em uma base teórica comum e depois escolha de uma das especializações

ofertadas: arquitetura, engenharia civil, engenharia mecânica, de minas e química

industrial. Greene foi o primeiro a implementar este modelo nos EUA, o qual considerava

“a verdadeira ideia de uma escola politécnica”, palavras próprias, de acordo com o autor.

Vale ressaltar que, no modelo europeu, a maioria das escolas específicas eram

independentes, não estando vinculadas à um instituto central, diferente do que Greene

colocou em prática, o que mais tarde se tornou a estrutura utilizada pelos American

Institute of Technology e German Technische Hochschule.

O ensino de ciências nas universidades tradicionais ocorreu por volta da década

de 1850 (Harvard e Yale – 1847; Dartmouth College -1851), ainda que de forma

relutante. O aluno se formava em bacharel em ciência, com foco em agricultura, indústria

química e tecnologia ou engenharia civil, sem disciplinas específicas de engenharia.

Havia um abismo entre o ensino de West Point e o supracitado (LUNDGREEN, 1990).

Um segundo esforço de unificar diversas escolas de engenharia em uma só,

ocorreu com a criação do Massachusetts Institute of Technology (MIT), fundado em 1865.

De acordo com o autor, como Harvard não havia entrado, de forma séria, no campo da

2 Denominação tardia, a partir de 1849. Não há registro do nome anterior.

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educação científica, os cidadãos de Boston pressionaram o governo do estado de

Massachusetts para criar o instituto, como uma “escola de ciências industriais”, que teria

o formato de uma escola politécnica. As especializações oferecidas eram: civil, mecânica,

de minas, e indústria química. Em 1882, surgiu a opção de elétrica, sendo o primeiro

curso a oferece-la nos Estados Unidos. Só então, segundo o autor, outras universidades

começaram a surgir neste formato, como a Cornell, Columbia, Johns Hopkins e Case

Western.

A Segunda Revolução, no final do século XIX, fez com que aumentasse a

competição entre os países, os quais passaram a investir mais em universidades, pesquisas

industriais e laboratórios. O autor afirma que “a crença geral na ciência se tornou uma

religião secular, com implicações no âmbito da produção econômica”. Com isso,

instituições voltadas pra educação começaram a ter mais demanda, uma vez que ao se ter

um diploma, o empregado ocuparia uma posição de destaque no setor privado.

Paralelamente, houve uma expansão dos postos de trabalho, visto que novas áreas

surgiam, como a elétrica, eletrônica, automobilística, aeronáutica, entra outras.

Na década de 1890, após um grande período de depressão, houve um aumento da

demanda do setor privado por engenheiros e cientistas na Alemanha, o que resultou na

necessidade de diferentes níveis de instrução. Assim, a nação reformulou seu sistema de

ensino, dando ênfase tanto ao ensino técnico, como superior. Isso fez com que a cultura

da educação ganhasse mais força. Lundgreen (1990) afirma que o país foi referência em

reforma educacional até 1933, e ocupava posição de destaque em diversas ciências e suas

aplicações.

O autor segue dizendo que, se a educação e o conhecimento foram fatores cruciais

para explicar o sucesso americano, que o levou a se tornar a maior potência mundial, isso

foi graças às mudanças culturais e estruturais que ocorreram na visão norte americana

sobre a educação superior no país. O número de universidades que ofereciam cursos de

engenharia foi multiplicado por cinco entre os anos de 1870 e 1896, saindo de pouco mais

de 22 escolas para 110. Apesar do crescimento exponencial das instituições de ensino de

engenharia, após a Segunda Guerra Mundial, cerca de 30% dos engenheiros americanos

não tinham cursado nenhuma graduação, de acordo com Rothstein (1969). Tal dado

mostra que, apesar do modelo predominante ser o do ensino superior, o ensino técnico

ainda é utilizado por uma grande parcela da sociedade norte-americana.

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As guerras foram, em diversos momentos da humanidade, sinônimo de inovação

e desenvolvimento tecnológico, visto que, voltando a Kenski (2007), há investimentos

em tecnologia, por parte de nações, para manter e ampliar seus poderes econômicos e

políticos. Foi o caso das duas grandes guerras mundiais. Kennedy (2014) afirma que os

conflitos proporcionaram uma alavancagem no avanço tecnológico em diversos campos,

como engenharia, medicina, etc.. Estes permitiram o surgimento do computador, radar,

energia nuclear, aperfeiçoamento dos aviões, desenvolvimento de técnicas cirúrgicas e de

métodos de transfusão de sangue, uso em massa do antibiótico, entre outros.

Após a Segunda Guerra Mundial, diversas nações perceberam a importância da

educação de qualidade para o seu desenvolvimento econômico, em especial países como

Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Singapura. O Milagre do Leste Asiático,

como é chamado o rápido crescimento econômico observado nestes países, só se deu

devido aos grandes investimentos no potencial humano, com foco na educação de base e

superior, tornando-a universal (SILVA; COLARES, 2014). Segundo Evangelista (2009,

online), “a educação e a qualificação profissional são fatores fundamentais para o

desenvolvimento das nações pobres e a manutenção da hegemonia econômica e política

dos países industrializados”.

A partir do final dos anos 60, os Quatro Tigres Asiáticos (Hong Kong, Singapura,

Coreia do Sul e Taiwan) começaram a observar um rápido crescimento nos níveis de

renda per capita. Page (1994) afirma que a educação teve papel fundamental para tal

acontecimento: (i) em 1965, atingiram o índice de educação primária universal; (ii) em

1987, a Coreia do Sul obteve um índice de 88% da população com educação secundária;

(iii) houve diminuição dos níveis defasagem educacional observados entre mulheres e

homens. Tais esforços permitiram que estes países se tornassem referência em educação.

Atrelado a isso, grandes universidades foram criadas, as quais estão no topo do ranking

de melhores universidades do mundo, com Singapura em primeiro lugar no quesito

Performance em Ciência, Leitura e Matemática, de acordo com a pesquisa realizada pela

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2015).

Graças aos pesados investimentos em infraestrutura e desenvolvimento intelectual

humano, no final do século XX, os Tigres passaram a possuir uma indústria avançada e

tecnológica, o que lhes deu vantagem competitiva, em relação ao mundo, em diversas

áreas, dentre elas finanças, tecnologia e medicina. Levin (2010) comenta que, no início

do século XXI, o Oriente alterou o equilíbrio de poder na economia mundial.

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Até os anos de 1970, a maioria dos engenheiros do mundo eram provenientes de

países desenvolvidos. De acordo com pesquisa realizada pela National Science Board

(NSB) (2010), no primeiro decênio do século XXI, uma grande fração dos novos

engenheiros eram oriundos do Brasil, Russia, India e China (BRIC), grupo de países com

economias emergentes. Estima-se que foram formados 6,5 milhões de engenheiros nos

BRIC, em 2009, o que equivale a 75% a mais do que o total proveniente dos EUA, União

Europeia, Japão, Austrália e Coreia do Sul, combinados. Entretanto, um dos pontos a ser

ressaltado é o fato de que uma pequena parcela destes engenheiros é proveniente de

instituições elite, com ensino de alta qualidade (LOYALKA et al., 2014). De acordo com

as estimativas dos autores, 82% dos estudantes de engenharia chineses eram provenientes

de escolas de ensino consideradas não-elite, índice que chegava a 83% na Rússia, 75%

no Brasil e 94% na Índia. Vale ressaltar, todavia, que em números, a quantidade de

engenheiros formados em escolas de alto desempenho na China é maior que o total de

formados nos EUA, Japão ou Coreia do Sul. Os autores afirmam que se as escolas de elite

dos BRIC forem iguais, em qualidade, a média das instituições em países desenvolvidos,

então aquele conjunto de nações competiria com estes países em relação à produção de

engenheiros de qualidade.

O principal impacto desta mudança geográfica na capacidade de formar novos

engenheiros, sobretudo provenientes de instituições de alto nível, saindo de países

desenvolvidos para os em desenvolvimento, é o fato de que estes estão aptos a realizar o

mesmo trabalho por um salário menor. Desta forma, de acordo com a National Academy

of Engineering (NAE) (2005), para manter os engenheiros americanos no mercado de

trabalho dos EUA, é preciso que haja um valor adicional em suas formações, fato válido

para todos os países desenvolvidos.

Para isso, a NAE acredita que deve haver uma reengenharia na educação da

engenharia. Ao longo dos últimos séculos, o ensino de engenharia tradicional substituiu

o aprendiz, que possui apenas um conhecimento prático, obtendo conhecimentos por

meio de alguém mais experiente na tarefa, e passou a se basear na prática de estágios,

onde o estudante coloca em prática seus conhecimentos teóricos. Além disso, com o

aumento da complexidade dos problemas de engenharia, a partir da década de 1950, a

base da engenharia foi fundamentada nas ciências e matemáticas (NAE, 2005). Isso fez

com que os engenheiros se tornassem mais capazes e flexíveis, visto que seu

conhecimento teórico lhes permitia obter uma margem de erro menor, o que elevou o

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padrão da prática de engenharia. Todavia, isso gerou uma disparidade entre o que a

academia estava estudando e as práticas do mercado, fazendo com que a maioria dos

graduandos saíssem do ensino superior com quase ou nenhuma experiência na indústria.

Outro ponto a ser ressaltado, que explica a não preparação do estudante de

engenharia para o mercado de trabalho, é o modo como este é tratado ao longo do curso.

Ao analisar estudantes de direito e medicina, por exemplo, desde a metade da graduação

estes são tratados, pelos professores, como advogados e médicos, sendo-lhes cobradas as

devidas responsabilidades e devendo se portar como tal. No caso do estudante de

engenharia, entretanto, este só é visto como engenheiro ao final da graduação. Deste

modo, grande parte da maturidade do profissional vai ser desenvolvida apenas no

mercado de trabalho.

Visando suprir as demandas da indústria, a NAE (2005) afirma que é mais sensato

haver dois tipos de graduação em engenharia, um pleno (graduação em 5 anos) e um

reduzido (realizado em 3 ou 4 anos). Isso porque não é razoável esperar que as empresas

contratem engenheiros plenos para todos os níveis de emprego, visto que algumas

atividades podem ser realizadas por um engenheiro com menos qualificação. Na Europa,

após o Processo de Bolonha, em 1999, o ensino superior nos países signatários foi

padronizado, sendo dividido em três ciclos, com número mínimo de duração estabelecido

pelo tratado, mas podendo cada país escolher seu tempo de curso, o que garantia a

autonomia de cada nação (COMISSÃO EUROPEIA, 2018). No caso da engenharia na

Espanha, por exemplo, o primeiro ciclo, equivalente a graduação, tem duração de 4 anos,

e o estudante se forma como engenheiro técnico superior, título que não lhe permite

assinar projetos de engenharia. Para que tenha esse direito, é necessário que o aluno faça

o mestrado, composto de um ano de matérias e um ano de estágio em empresas e

dissertação. Com isso, atende-se a demanda empresarial por analistas de engenharia e

responsáveis técnicos.

Além disso, Felder et al. (2000) acreditam que os cursos de engenharia devem

focar em habilidades e disciplinas que serão utilizadas no mundo real, fugindo de planos

de estudo muito teóricos e pouco práticos, próprios das engenharias tradicionais

(mecânica, elétrica e civil). É importante que o estudante esteja conectado ao currículo

do curso, de forma que este seja desafiador e relevante de acordo com os interesses

daqueles (NAE, 2005). Isso incentiva o aluno a participar de forma mais ativa da

comunidade, uma vez que ele percebe o valor de sua contribuição como engenheiro para

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a sociedade. Com isso, os índices de desistência dos cursos de engenharia seriam

inferiores, os quais tinham média, em 2016, de 53% nos EUA, sendo maior entre as

minorias (ASEE, 2016).

Todo engenheiro deve sair formado com conhecimentos de design e operações,

competências orais e escritas, saber trabalhar em grupo, desenvolver a criatividade e

conhecer métodos de solução de problemas (FELDER et al, 2000). Deve-se focar,

também, em formar equipes de professores interdisciplinares, de forma a apresentar os

assuntos aos estudantes de forma mais próxima ao mundo real, onde para resolver

problemas deve-se usar os conhecimentos de forma integrada (NAE, 2005).

A National Academy of Engineering sugere que seja adotada a educação

cooperativa, que envolve uma série de treinamentos para o aluno no âmbito teórico e

prático, coordenado com um programa de educação progressiva. Nesta, o estudante

aprenderia colocando em prática o que foi apresentado na teoria, numa relação trabalho-

estudo. Hutcheson (1966) afirma que a educação cooperativa oferece diversos benefícios

para todos os envolvidos:

(i) Estudantes: oportunidade de aprender a partir da integração entre teoria e

prática; analisar se escolheu bem a carreira a ser seguida; criar novas

oportunidades para quando terminar a graduação; desenvolver habilidades

como comunicação, trabalhar em equipes multidisciplinares, etc.

(ii) Empregadores: conhecer o perfil dos trabalhadores antes de ter que

efetivamente contratá-los; os custos de recrutamento e treinamento são

menores; há transferência de conhecimento; relacionar de forma mais

íntima com as instituições de ensino.

(iii) Instituição de Ensino Superior: expandir as opções de oportunidades

educacionais por meio da interação do local de trabalho com o programa

acadêmico; estreitar relações com indústria; transferência de

conhecimento.

(iv) Sociedade: educação de maior relevância devido à interação trabalho-

ensino; preparar os futuros profissionais para uma economia globalizada;

não há custos extras para obter estes benefícios.

Um exemplo de visão contemporânea da educação é a Olin College, uma

instituição independente fundada em 1997, por F. W. Olin Foundation, localizada em

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Massachussets, nos EUA. Foi concebida com foco no ensino de engenharia, tendo o

objetivo de desenvolver a cultura de inovação, melhoria contínua e foco empreendedor.

Sua equipe de professores não está organizada em departamentos, como nas

universidades tradicionais, e sim com um único grupo interdisciplinar. Há acordos de

cooperação firmados com diversas universidades, como Babson College, Wellesley

College e Brandeis University, de modo que os alunos da Olin podem realizá-los, de

acordo com seu interesse (KERNS et al, 2005). Por não ser somente uma instituição de

ensino, a universidade mantém um alto nível de pesquisa, com currículo em constante

desenvolvimento, criação de propriedade intelectual, empreendedorismo e atividades

criativas.

Figura 2 – Triangulo de Olin. Fonte: Tradução da imagem da National Academy of Engineering, encontrada em Educating the Engineer of 2020: Adapting Engineering Education to the New Century (2005, p 103).

Os autores comentam os pilares da instituição, que estão representados nos ângulos

do “Triângulo de Olin”, apresentado na Figura 2, os quais corroboram com a meta da

universidade de criar oportunidades para os estudantes. Os três maiores princípios são: (i)

engenharia de ponta, com um alto nível de pesquisas e criação de propriedade intelectual;

(ii) ênfase no desenvolvimento de habilidades relacionadas às artes, design, criatividade

e inovação; (iii) noção de negócios, empreendedorismo, ética e espírito filantrópico.

Desta maneira, o currículo elaborado propunha, aos estudantes, que eles fossem agentes

ativos do seu aprendizado, criando autenticidade; desenvolvendo a habilidade de

comunicação, seja oral ou escrita; provendo a experiência do trabalho de forma

independente, como membro ou líder da equipe; promovendo a interação entre experts e

alunos; contribuindo substancialmente para a sociedade; e se desenvolvendo como

indivíduo para atuar de forma autônoma, sendo articulado e capaz de solucionar

problemas.

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Visando estabelecer seu currículo inicial, a Olin convidou um grupo de estudantes

para participarem do brainstorm, os quais contribuiram ativamente na construção da

estrutura do curso (KERNS et al, 2005). Esta consiste em três fases, conforme Figura 3,

em que o aluno vai passando ao longo da sua vida acadêmica: fundamentos, que enfatiza,

nos primeiros dois anos de curso, o domínio e aplicação de conhecimentos teóricos em

projetos de engenharia; especialização, no terceiro ano, onde cada estudante desenvolve

e aplica o conhecimento teórico, de forma aprofundada, na área específica escolhida;

realização, quarto ano, onde o aluno tem que resolver problemas que se aproximam da

prática profissional, aplicando os conhecimentos adquiridos ao longo do curso. Observa-

se que os projetos ocupam uma crescente proporção, aumentando ao longo do progresso

do estudante no curso. Vale ressaltar que o currículo é interdisciplinar, de modo que as

aulas, em sua maioria, conectam diferentes áreas da engenharia, integrando-as com

matemática, ciências exatas e sociais.

Figura 3 – Estrutura do currículo da Olin College. Fonte: Tradução da imagem da National Academy of Engineering, encontrada em Educating the Engineer of 2020: Adapting Engineering Education to the New Century (2005, p. 106).

A Olin foi criada como uma resposta às mudanças que vêm ocorrendo no mundo,

pressionando para que o tradicional ensino em engenharia se adapte, se aproximando do

mercado de trabalho e formando profissionais preparados para a economia global. Junto

a ela, outros grandes nomes vêm adaptando sua forma de ensinar engenharia, visando

oferecer ao mercado profissionais mais aptos ao trabalho no mundo globalizado, além de

diminuir evasão e minimizar o nível de reprovação. Universidades como MIT (Estados

Unidos), Harvard (Estados Unidos), Université du Québec à Montreal (Canadá),

Stanford (Estados Unidos), University of Maastricht (Holanda), Aalborg University

(Dinamarca) e outras vêm criando e testando seus próprios métodos de aprendizagem

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ativa em seus ambientes de ensino. Apesar de, na maioria das instituições, o ensino

tradicional, baseado no sistema europeu, ainda prevalecer, percebe-se que há uma

preocupação das faculdades em desenvolver habilidades em seus alunos para que estes

estejam mais bem preparados para o mundo empresarial.

2.2. BRASIL

A história do ensino da engenharia no Brasil começa enquanto o país ainda era

colônia de Portugal. Do século XVI à meados do século XVIII, os cursos superiores

brasileiros se restringiam aos estudos “humanistas”, de Artes e Teologia, oferecidos por

colégios jesuítas (CUNHA, 1989), os quais visavam preparar uma elite letrada para

exercer as funções públicas e burocráticas do reino português no Brasil. Aqueles que

quisessem complementar sua formação, eram encaminhados para a Universidade de

Coimbra, em Portugal, para se dedicar ao Direito; e de Montpellier, na França, para a

Medicina (FÁVERO, 1977).

Paralelamente, em algumas fortificações militares do Brasil-Colônia, oferecia-se

estudos de matemática e cartografia, visando aprimorar as construções destinadas à defesa

do território. A partir de então, a engenharia passa a ser matéria de estudos no Brasil, em

especial na formação de oficiais estrategistas, analisando desde a logística das operações

até a aplicação da artilharia (OLIVEIRA; ALMEIDA, 2010). Em 15 janeiro de 1699,

iniciou-se, oficialmente, as atividades de ensino de Engenharia Militar no país, por meio

da Carta Régia (PARDAL, 1985), que instituiu a Aula3 de Fortificação, a qual oferecia as

bases para a formação técnica de construções e fortificações. Houve, então, um

crescimento de engenheiros nativos trabalhando na colônia. Os primeiros eram mandados

para a Europa para aprofundar seus estudos, porém com a melhoria das Aulas nacionais,

o Brasil passou a formar seus próprios engenheiros (TELLES, 1984). Nesta época, até a

metade do século XIX, as principais motivações das atividades engenheris eram políticas,

predominando a engenharia militar (TELLES, 1997).

No Brasil-Colônia, os principais profissionais que atuavam como engenheiros4

eram engenheiros-militares e os “mestres de risco”, que apesar não possuírem nenhum

curso regular de formação (conhecimentos adquiridos de outro “mestre”), eram

3 A denominação de Aula era atribuída as instituições de ensino, passando, depois, para Academia (PARDAL, 1985) 4 Denominação atual

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legalmente licenciados para projetar e construir (TELLES, 1997). Todas as construções

não militares, até meados do séc. XIX, sejam civis ou religiosas, eram elaboradas por

mestres de risco. Estes, para obterem a licença de atuação, passavam por exames

minuciosamente descritos no Regimento dos Oficiais Mecânicos, que regulamentava as

Corporações de Ofícios em Portugal e suas colônias. Tal legislação prevaleceu no Brasil

de 1572 a 1824, quando a Constituição do Império extinguiu as antigas Corporações de

Ofício (TELLES, 1984).

Com a proibição da instalação de indústrias no país, na época do Brasil-Colônia,

o desenvolvimento de engenharia se estagnou por muitos anos, o que fez com que as

escolas de engenharia se tornassem obsoletas, não atendendo as reais necessidades da

nação. O ensino não tinha nenhuma análise crítica (BAZZO, 1998).

Oficialmente, foi em 1792, no Rio de Janeiro, com a fundação da Real Academia

de Artilharia, Fortificação e Desenho, pelo Vice-Rei D. José Luís de Castro, que a

engenharia começou a ser ensinada no Brasil (PARDAL, 1985). Foi a primeira instituição

de ensino superior (IES) de engenharia das Américas, seguindo o modelo da Real

Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, em Portugal (OLIVEIRA; ALMEIDA,

2010).

Pertencente ao Exército, a Real Academia destinava-se a formar engenheiros e

oficiais, com porte e organização de instituto de ensino superior. Possuía um “curso

matemático”, com duração de 6 anos, exigido por completo apenas para engenheiros

(TELLES, 1997). Deste, o último ano era exclusivo para ensino de assuntos de

engenharia, em especial a civil5, como arquitetura civil, hidráulica, conhecimentos de

materiais, construção de caminhos, calçadas, etc. (PARDAL, 1985).

Após sucessivas transformações de nomes e estatutos, a Real Academia se dividiu

em duas vertentes, civil e militar, dando origem direta à Escola Politécnica da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Instituto Militar de Engenharia (IME),

conforme resumido na Figura 4.

A fuga da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, foi determinante para a

consolidação das instituições acadêmico-científicas brasileiras (FÁVERO, 1977). Para

suprir a necessidade intelectual portuguesa, o Príncipe Regente D. João VI criou a

5 Denominação atual. Na época não havia diferenciação.

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Biblioteca Nacional e a Academia Real Militar, por meio da Carta de Lei de 4 de

dezembro de 1810, que substituía a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho

(TELLES, 1984). Com esta mudança, o curso de engenharia passou a ter duração de 7

anos.

Figura 4 – Evolução histórica da primeira escola de engenharia do Brasil. Fonte: Adaptado do quadro de Vanderlí Fava de Oliveira, encontrado na Trajetória e Estado da Arte da Formação em Engenharia, Arquitetura e Agronomia (2010, p. 28).

A primeira regulamentação do oficio de engenheiro só surgiu com a lei de 29 de

agosto de 1828, por ordens de D. Pedro I, que estabelecia que somente engenheiros (ou

pessoas inteligentes, na falta destes) poderiam construir e operar as obras públicas

(BRASIL, 2019).

De acordo com Telles (1997), foram criados os primeiros títulos de nível superior

em engenharia desvinculados da área militar em 1842. Seguindo este raciocínio, em

meados de 1850, a Escola Militar da Corte dividiu-se em duas, apesar de ambas

continuarem ligadas ao Ministério da Guerra: a Escola Central, focada em ensino de

engenharia civil, com fins não-militares; e a Escola Militar e de Aplicação do Exército,

destinada ao ensino da engenharia militar (OLIVEIRA; ALMEIDA, 2010). A partir desta

divisão, surgiram as cadeiras especializadas das engenharias, como mecânica, máquinas

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a vapor, estrada de ferro e, pela primeira vez, denominou-se a engenharia civil como um

tipo de engenheiros, conforme explica o outro autor.

Em 1874, surgiu a Escola Politécnica, como reformulação da Escola Central. Em

17 de janeiro, o exército decretou que a formação de engenheiros para instituições civis

não estaria mais vinculada ao Ministério de Guerra (Decreto nº 5.529), passando a

responder ao Ministério da Instrução (OLIVEIRA; ALMEIDA, 2010). A graduação em

engenharia no Brasil passou a ser, então, dividida em duas partes: os primeiros dois anos

eram destinados ao ensino básico em engenharia, comum a todos os cursos; e os três anos

seguintes eram de especialização, na qual o aluno podia escolher entre engenheiros civis,

de minas, e de “artes e manufaturas” (TELLES, 1997), antecessor da Engenharia de

Produção. Foi a primeira vez em se pensou em dividir a engenharia em diversos cursos

específicos (PARDAL, 1986; PARDAL; LIEZER, 1996; TELLES, 1984; TELLES,

1997).

Encarregado, por Dom Pedro II, de organizar o ensino de geologia e mineralogia

no Brasil, o engenheiro francês Claude Henri Gorceix fundou, em 1876, a Escola de

Minas de Ouro Preto6, destinada à formação de engenheiros de minas e metalurgia. Foi a

primeira escola de engenharia especializada do país (TELLES, 1997).

Seu estatuto causou controvérsias por ser avançado a época. Seus pontos mais

importantes definiam: (i) criteriosa seleção de alunos por concurso de admissão e

constante avaliação de seus desempenhos; (ii) tempo integral para professores e alunos;

(iii) limitação do número de estudantes por turma, com máximo de dez; (iv) boa

remuneração para os professores; (v) ênfase nas matérias básicas (matemática, química e

física) e trabalhos de pesquisa; (vi) ensino gratuito, com auxílio aos alunos pobres; (vii)

estágio em escolas, minas ou indústrias na Europa ou Estados Unidos para os melhores

alunos; e (viii) contratação pelo Estado (TELLES, 1984).

Conforme seu fundador, a orientação da Escola de Minas era francesa, seguindo

inclusive o mesmo calendário, com as aulas começando em setembro e terminando em

julho do ano seguinte. A duração do curso era de dois anos, passando para três, em 1882.

Em 1885, curso foi reformulado, passando a formar o agrimensor, com duração de três

6 Atualmente vinculada à Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

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anos, e o engenheiro de minas, com mais três anos de duração. O engenheiro de minas

possuía os mesmos direitos do engenheiro civil (OLIVEIRA; ALMEIDA, 2010).

De acordo com os mesmos autores, após a Proclamação da República, em 1889,

houve demanda de engenheiros em diversos setores. Além disso, o início da República

foi marcado pela descentralização, o que permitiu o surgimento de diversas escolas de

engenharia. Em 1894, fundou-se a Escola Politécnica de São Paulo, seguida pelas escolas

em Recife, Porto Alegre e Salvador. O início do século XX seguiu este padrão, com o

início das atividades das escolas de engenharia em Belo Horizonte, Curitiba, Itajubá,

Belém e Juiz de Fora (TELLES, 1997). É interessante ressaltar que no final do século

XIX surgiu a primeira escola privada, a Escola de Engenharia Mackenzie, que era

vinculada à New York University, a qual expediu os diplomas até 1927 (MACKENZIE,

2019).

A 1ª Guerra Mundial e a crise de 1929 geraram transformações e dificuldades no

mundo, que refletiram no Brasil. Assim, de 1914 a 1930, só se tem o registro de criação

de uma instituição de ensino em engenharia, a Escola de Engenharia Militar, que era uma

derivação da Escola Militar e de Aplicação do Exército (MACEDO; SAPUNARU, 2016).

Mais tarde, a Escola de Engenharia Militar seria denominada como Instituto Militar de

Engenharia, sendo reconhecida como uma das melhores instituições de ensino em

engenharia do país. Desta forma, chegou-se à década de 30, com 30 cursos de engenharia

distribuídos em 13 escolas (OLIVEIRA; ALMEIDA, 2010).

A Universidade do Rio de Janeiro (URJ) foi a primeira universidade criada pelo

Governo Federal brasileiro, em 1920, resultado do agrupamento das escolas Politécnica,

de Medicina e Direito (MACEDO; SAPUNARU, 2016). Buscando uma adequação

institucional ao modelo desenvolvimentista, a universidade foi reformulada e passou a se

chamar Universidade do Brasil, em 1937 (ORRICO; OLIVEIRA, 2010). Na ditadura

militar, seu nome foi novamente alterado, denominando-se Universidade Federal do Rio

de Janeiro (UFRJ). A justificativa para tal mudança de nome foi a necessidade de uma

padronização das universidades federais, para que houvesse maior controle

governamental (FERREIRA, 2014).

A primeira regulamentação nacional do exercício da profissão de engenheiro

ocorreu em 1933, pelo Decreto Federal nº 23,569/1933 (BRASIL, 1933). Na época, o

decreto reconhecia os arquitetos, agrônomos, geógrafos e seguintes títulos de

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engenheiros: civil, arquiteto, industrial, mecânico, eletricista, de minas e agrimensor

(OLIVEIRA; ALMEIDA, 2010).

Os autores seguem seu raciocínio explicando que, por ter sido a primeira

universidade federal, a UFRJ serviu como modelo para as demais, o que possibilitou a

criação de universidades em outros estados brasileiros. Em 1934, o governo paulista criou

a Universidade de São Paulo (USP) e, em 1935, foi criada a Universidade do Distrito

Federal7, pelo governo distrital. A missão dessas novas universidades era a formação de

pesquisadores, reunindo professores nativos e estrangeiros (SCHWARTZMAN, 1979).

Até 1950, haviam 70 cursos de engenharia em funcionamento, oferecidos por 16

escolas distribuídas por 8 estados brasileiros (MACEDO; SAPUNARU, 2016). Minas

Gerais era o único que tinha instituições no interior (Ouro Preto, Itajubá e Juiz de Fora).

A distribuição era proporcional aos indicadores sociais e econômicos da época

(SANTOS; SILVA, 2008). A maioria das instituições seguiam o modelo francês, sendo

criada de modo isolado e dedicada apenas ao ensino de engenharia, com exceção da

UFRJ, USP e Universidade do Distrito Federal (OLIVEIRA; ALMEIDA, 2010).

Os autores seguem explicando que a década de 50 foi marcada pela retomada do

desenvolvimento dos países envolvidos na 2ª Guerra Mundial. Dos reflexos percebidos

no Brasil, um deles foi a retomada da leva de criação de escolas de engenharia no país,

que ao longo de 38 anos (1914-1952), tinha inaugurado apenas uma instituição de ensino,

no Pará. Deve-se ressaltar o fato de que, em 1956, Juscelino Kubitschek foi eleito

presidente da República, com o lema desenvolvimentista “Cinquenta anos em cinco”,

onde o foco era o desenvolvimento infra estrutural do país. Com isso, houve um aumento

de demanda de engenheiros formados, o que explica a criação de novos cursos de

engenharia pelo território brasileiro. Além disso, desde 1945, a engenharia estava com

atividades cada vez mais diversificadas e surgindo novos ramos (TELLES, 1997).

Durante os anos 50, diversos estados interiorizaram o ensino de engenharia, tal

como outros criaram suas primeiras escolas, de forma que 14 dos 21 estados existentes à

época passaram a contar com o ensino de engenharia. Uma das instituições que surgiu foi

o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em 1950 (OLIVEIRA; ALMEIDA, 2010).

7 Universidade extinta em 1939, pelo Decreto-Lei nº 1.063/1939, tendo seus cursos absorvidos pela Universidade do Brasil (BRASIL, 1939).

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Foram, então, com o passar dos anos, surgindo novas instituições que ofereciam

curso de engenharia, sempre com maior densidade no Sudeste, que condiz com a geração

de renda brasileira. Segundo os autores, ao final da década de 70, 117 instituições estavam

funcionando. No final dos anos 80, o número tinha crescido para mais de 130. Ao se

referir à expansão do ensino de engenharia no Brasil dos anos 50 até 90, Telles (1997, p.

90) afirma: “criaram-se no país muitas dezenas de escolas de engenharia, não sendo

infelizmente essa expansão quantitativa acompanhada de melhoria do ensino, que, pelo

contrário, em média decaiu sensivelmente”.

Figura 5 – Crescimento do número de escolas de engenharia públicas e privadas (1950 – 2008). Fonte: OLIVEIRA; ALMEIDA (2010, p. 44).

Diversos fatores influenciaram para o crescimento do número de instituições e

cursos de engenharia, em especial no final dos anos 90 e início do século XXI (Figura 5).

A invenção da internet, globalização e popularização do ensino superior permitiram que

a educação se tornasse um mercado, o qual estava em desequilíbrio, visto que a demanda

era maior que a oferta. Com isso, a partir da segunda metade da década de 90, houve um

crescimento exacerbado do oferecimento de cursos de engenharia, em especial em

instituições privadas. No final de 2008, mais de 450 IES ofereciam alguma modalidade

de engenharia em suas opções de curso superior. Entretanto, as desigualdades regionais

permaneceram e o surgimento dos cursos refletiam-nas, havendo um crescimento muito

superior no Sudeste e Sul do Brasil (OLIVEIRA; ALMEIDA, 2010).

No Brasil, a maioria das instituições de ensino superior que oferecem cursos de

engenharia mantém a metodologia francesa, com os dois primeiros anos focados em

matérias consideradas básicas, comuns a todas as engenharias, e os três anos seguintes

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com disciplinas de especialização. O modelo tradicional de sala de aula, onde o aluno é

agente passivo, em que predomina a transmissão de conteúdo por parte do professor,

atrelado à falta de integração entre as diversas disciplinas da graduação, faz com que os

egressos dos cursos de engenharia não saibam como resolver problemas

interdisciplinares, como ocorre no mundo real, cada vez mais complexo (CAMPOS,

2009).

Seguindo as tendências mundiais, algumas IES brasileiras vêm inovando no

ensino em engenharia, buscando atender às demandas impostas pelo mercado

globalizado, como a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e o Instituto

Mauá de Tecnologia. O objetivo deste novo modelo é que o “estudante não apenas

aprenda o conteúdo, mas saiba o que fazer com ele” (PUC-PR, 2019, online). O aluno

deve participar ativamente do processo de construção de seu aprendizado, com salas de

aula estilo coworking e atividades que o desafiam constantemente, estimulando processos

cognitivos mais elaborados (análise, avaliação e criação). O sistema educacional Lyou

considera que o processo de aprendizagem integral do estudante envolve mais do que

transferência de conteúdo por parte do professor (MENDOZA-CHACÓN et al, 2016).

Nesta nova visão, o professor passa a ser um mediador do processo e, o estudante, o

protagonista (NEVES, 2008). Com isso, o aluno tem a chance de desenvolver habilidades

novas, antes inalcançáveis em sala de aula.

No caso do Instituto Mauá de Tecnologia, o método de aprendizagem ativa está

em teste no curso de engenharia civil. A principal mudança no currículo foi a adição de

projetos a serem realizados de forma independente e em paralelo às disciplinas, a fim de

dar suporte a estas. A metodologia utilizada foi o Project Based Learning8, também

conhecida como aprendizado baseado na resolução de problemas, que aposta em

vivências práticas. Visa-se, com isso, que o aluno atue ativamente no processo de

pesquisa e obtenção do conhecimento, aproximando do modus operandi do mercado de

trabalho, com o professor meramente como orientador (LOSOVOI; MATTASOGLIO

NETO, 2016).

8 Tradução: Aprendizado baseado em Projetos.

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3. ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

3.1. CARACTERIZAÇÃO

A Engenharia de Produção possui certas particularidades se comparada a outras

engenharias, como (i) sua não associação a um determinado setor industrial; (ii) ausência

de grandes obras, como no caso da engenharia civil; (iii) ausência de instituto de pesquisa

para a área, sendo feitas quase que exclusivamente nas universidades, em especial pós-

graduação (LEME, 1983).

Além disso, o autor comenta que, como a EP era dividida em três definições, na

década de 80, ela acabava sem uma identidade específica, como ocorria com as outras

engenharias, de modo que foi considerada, diversas vezes, mais próxima da administração

que engenharia. Estas definições eram: (i) Engenharia de Métodos, atuando onde métodos

de análise fossem utilizáveis – visão Taylorista, focada na Gerência da Produção, em

especial estudo de tempos e métodos; (ii) Campo, que seria a fronteira entre conhecimento

técnico de outras engenharias, economia e áreas administrativas, derivada do fato de,

inicialmente, ter apenas três áreas de conhecimento específicas: Gerência da Produção,

Engenharia Econômica e Pesquisa Operacional; e (iii) Campo específico, que integrava

homens, materiais, equipamentos, informações e ambiente, considerando a EP como área

própria, envolvendo os sistemas produtivos e variáveis internas e externas.

Meirelles et al. (2016) comentam que a dificuldade de explicar a EP estava no fato

de que a engenharia no Brasil estava associada a “áreas duras”, como a construção de

prédios, projeto de carros, etc. Atividades como da produção e o conhecimento de

finanças eram próprios de administradores e economistas.

Para evitar isso, a ABEPRO definiu a profissão, com base nas definições do

International Institute of Industrial Engineering (IIIE), como:

Compete à Engenharia de Produção o projeto, a implantação, a

operação, a melhoria e a manutenção de sistemas produtivos integrados de

bens e serviços, envolvendo homens, materiais, tecnologia, informação e

energia. Compete ainda especificar, prever e avaliar os resultados obtidos

destes sistemas para a sociedade e o meio ambiente, recorrendo a

conhecimentos especializados da matemática, física, ciências humanas e

sociais, conjuntamente com os princípios e métodos de análise e projeto da

engenharia. (ABEPRO, 2001, p.1)

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Baseando-se nesta definição, Piratelli et al. (2004) posiciona a Engenharia de

Produção “plena” (sem habilitação específica) na região de interseção central entre os

conhecimentos tecnicistas das engenharias, matemática, computação e das ciências

humanas e sociais, que inclui as ciências administrativas, conforme representado na

Figura 6.

De acordo com Cunha (2002), os egressos dos cursos de Administração de

Empresas têm como característica uma formação mais analítica e menos focada no

conhecimento do processo e resolução de problemas, uma característica típica de

engenheiros. Devido a isso, surgiu o componente mais gerencial na EP, que visava suprir

esta demanda das empresas. Complementando, Soto (2010) afirma que as Ciências

Administrativas têm alguns obstáculos epistemológicos na construção de um novo

conhecimento, entre eles: (i) aplicação de técnicas de pesquisa com poucos critérios

científicos; (ii) falta de fundamentos sólidos na formação disciplinar; (iii) pouca

orientação à formação acadêmica científica nos planos de estudo da graduação. Por outro

lado, no caso da Administração Científica e Engenharia de Produção, a ciência está

intimamente ligada com a resolução dos problemas, o que reduz a defasagem criticada

pelo autor.

A fim de identificar uma base científica e tecnológica própria da EP, a ABEPRO

(2001) caracterizou um conjunto de conhecimentos fundamentais para um engenheiro de

produção, que permitiriam o funcionamento eficaz e coordenado de qualquer sistema

produtivo. Logo, a EP seria a grande área e, estes conhecimentos, suas ramificações, os

quais são:

(i) Engenharia do Produto;

(ii) Projeto da Fábrica;

Figura 6 – Interseção dos conhecimentos de Engenharia de Produção e demais áreas. Fonte: PIRATELLI (2005, p. 10).

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(iii) Processos Produtivos;

(iv) Engenharia de Métodos e Processos;

(v) Planejamento e Controle da Produção;

(vi) Custos da Produção;

(vii) Qualidade;

(viii) Organização e Planejamento da Manutenção;

(ix) Engenharia de Confiabilidade;

(x) Ergonomia;

(xi) Higiene e Segurança do Trabalho;

(xii) Logística e Distribuição;

(xiii) Pesquisa Operacional.

3.2. ENSINO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NO MUNDO

Ao se estudar a história da Engenharia de Produção, observa-se que diversas

atividades organizacionais que atualmente são designadas a ela, precedem o surgimento

da profissão (PIRATELLI, 2005). Durante a Primeira Revolução Industrial, houve a

necessidade de se desenhar o papel histórico e econômico da engenharia. O engenheiro,

como agente principal, deveria combinar a força humana, de forma quantificada, com

outros fatores de produção, a fim de otimizar o processo industrial (SACADURA, 1999).

O outro autor acrescenta que, com isso, introduziu-se nas fábricas, de forma arcaica,

técnicas e métodos de custeio, planejamento dos arranjos físicos, programação da

produção, dentre outros.

Desta forma, passou a existir a preocupação em algumas universidades europeias

acerca do trabalho do artesão e da indústria. Como exemplo, a École d’Arts et Métiers,

fundada em 1780, considerada a terceira escola de engenharia mais antiga da França, era

utilizada, no Império de Napoleão, para treinar oficiais comissionados vinculados à

indústria (ÉCOLE D’ARTS ET MÉTIERS, 2018). Na Espanha, tem-se também o

exemplo da Escuela Técnica Superior de Ingenieros Industriales (ETSII), denominada

originalmente como Escuela Central de Ingenieros Industriales de Madrid, fundada em

1845, que oferecia o curso de engenharia industrial, com especialidade em mecânica e

química, com duração de 5 anos, seguindo padrão francês (ETSII, 2019).

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Em 1832, na Inglaterra, foi publicado o livro “The Economy of Machinery and

Manufactures”9, de Charles Babbage, escrito como resultado de suas visitas às fábricas

inglesas e norte americanas, no início de 1800. O livro cita diversos aspectos pré-

tayloristas, como a necessidade de medir o tempo necessário para realizar determinada

tarefa; os efeitos de dividir as tarefas em elementos menores e menos detalhados; e os

benefícios que se obtinha ao introduzir tarefas repetitivas no contexto fabril

(MAYNARD; ZANDIN, 2001).

Entretanto, considera-se que a Engenharia de Produção nasceu nos EUA, entre

1882 e 1912, com a criação da Administração Científica, idealizada por F.W. Taylor,

Frank e Lillian Gilbreth, H.L. Gantt, e outros. Desde então, Taylor é considerado o pai da

Engenharia de Produção e Administração, e suas técnicas passaram a ser introduzidas em

empresas e indústrias por consultores que eram conhecidos como Industrial Engineers10

(PIRATELLI, 2005).

Em 1908, na Pennsylvania State University (EUA), surgiu a primeira disciplina

de Engenharia Industrial, se tornando oficialmente um curso de graduação, em 1909,

graças aos esforços de Hugo Diemer, recrutado, por recomendação de Frederick Taylor,

para desenvolver e coordenar o curso. O primeiro título de doutor em Engenharia

Industrial foi entregue, em 1933, pela Cornell University (DIEMER, 2013).

Até meados do século XX, a Gerência da Produção foi o ramo da EP que mais

cresceu, em especial pelo desenvolvimento e aplicação do estudo de tempos e métodos,

principal técnica do Taylorismo. Outra área que teve um crescimento elevado, porém em

proporções menores, foi a Engenharia Econômica, que era mais voltada para análises

financeira, como resolver problemas práticos de custos, investimentos e aplicações da

matemática financeira (PIRATELLI, 2005).

Com a produção em massa, difundida por Henry Ford na indústria

automobilística, o papel do engenheiro de produção passou a ser fundamental nos

processos produtivos, visto que eram encarregados de idealizar e gerir todo o processo

até a obtenção do produto final (WOMACK et al., 1992). É interessante ressaltar que

Henry Ford foi mais influente no desenvolvimento da Engenharia de Produção na

Inglaterra que nos EUA (DALCOL, 2016). De acordo com um documento do Institution

9 Tradução livre: A Economia do Maquinário e Manufaturas. 10 Tradução livre: Engenheiros Industriais.

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of Production Engineers, fundado em 1921, na Inglaterra, o termo “engenheiro de

produção” surgiu da associação dos métodos de produção em massa, de Henry Ford, e as

necessidades da rápida expansão de bens, na 1ª Guerra Mundial (IPE, [s/d]).

Durante a 2ª Guerra Mundial, surge a Pesquisa Operacional (PO) e o Planejamento

Estratégico (PE), ambos em cunho militar. A PO era a aplicação da pesquisa científica

aos problemas militares, determinando e alocando de forma eficiente os recursos

(PIRATELLI, 2005). O PE já estava mais voltado para a estratégia da operação como um

todo. Após a guerra, foram incorporados aos negócios e passaram a ser utilizados nas

organizações.

A Engenharia de Produção foi evoluindo ao longo do tempo e agregando diversos

enfoques, se adaptando as demandas do mercado, conforme apresentado na Figura 7

(CUNHA, 2002). Na época de Taylor e Ford, estava centrada na gestão e otimização dos

processos produtivos, buscando ganho de produtividade continuamente. Atualmente,

além destes incorporou às suas áreas: a logística empresarial, o mercado de consumo,

preocupação com a qualidade dos produtos e serviços oferecidos, impacto ambiental e

social e, principalmente, o foco no cliente e no negócio (PIRATELLI, 2005).

Figura 7 – Foco das atenções na Engenharia de Produção: linha do tempo. Fonte: CUNHA (2002, p. 2).

Atualmente, a maioria dos cursos de Engenharia de Produção no mundo seguem

o modelo francês, sendo dividido em duas partes: o ciclo básico, com matérias comuns a

todas as engenharias; e o ciclo de especialização, com matérias específicas de cada

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engenharia. O ciclo básico tem por objetivo criar um conhecimento sólido nas

matemáticas e ciências exatas, como cálculos, físicas, ciências dos materiais,

programação, eletricidade, estatística básica, etc. Já no ciclo de especialização, o aluno

tem o contato com as disciplinas voltadas para a engenharia escolhida, de forma mais

específica. No caso da Engenharia de Produção, os assuntos abordados são, de um modo

geral: teoria de sistemas, pesquisa operacional e otimização, computação e modelagem,

ergonomia e segurança do trabalho, estatística avançada, controle da qualidade, economia

de modo mais aprofundado, gestão e finanças, estratégia, psicologia, etc. (EDUCATING

ENGINEERS, 2019).

Nos últimos tempos, entretanto, o foco do ensino de Engenharia de Produção vem

mudando. Com o mercado de trabalho valorizando mais as competências que

conhecimentos acumulados, as universidades estão sendo pressionadas para mudar seus

planos de estudo, visto que os tradicionais começaram a atrair menos estudantes. Desta

forma, diversos autores recomendam que a EP seja fortalecida através da reformulação

de seus currículos, que devem englobar a construção do conceito de sustentabilidade,

atrelado ao design de processos e produtos futuros; compreensão e análise de sistemas,

sendo estes complexos e suas incertezas; análise do ciclo de vida do produto, levando em

consideração seus balanços de energia e matéria, termodinâmica, sua relação com o meio

ambiente e descarte; presença de atividades que desenvolvam a criatividade, trabalho em

equipe, comunicação, ética no trabalho e liderança. O objetivo principal é que o

engenheiro seja visto como um agente social (MARÍN et al., 2009; MIHELCIC et al.,

2008; MOLONEY, 2010; MULDER et al., 2010). A OCDE e UNESCO (2005) afirmam

que, no futuro, os estudantes de engenharia devem ter seus conhecimentos mais

relacionados ao setor de serviços que industrial.

3.3. ENSINO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NO BRASIL

A Engenharia de Produção não está associada, de forma particular, a nenhum setor

industrial específico. De maneira que a identificação e compreensão de suas origens é

dificultada, já que sua única associação direta é com a economia e industrialização

brasileira, de um modo geral (DALCOL, 2016).

Ao longo da história brasileira, sua economia passou por diversas transformações.

Desde o período colonial, era baseada na produção e suprimento de produtos primários,

desde a madeira, açúcar, café, etc. até metais preciosos (ROBOCK, 1975). No início do

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século XX, houve uma demanda por produtos manufaturados, que estimulou certo

desenvolvimento estrutural (TAVARES, 1974).

Após a 1ª Guerra e a Grande Depressão, em 1929, com os países europeus se

recuperando, houve uma queda na demanda de café. Com isso, o Brasil teve que se

adaptar, mudando sua estratégia industrial, passando a substituir importações de bens de

consumo e protegendo a indústria local (DALCOL, 2016). A partir de então, observou-

se o desenvolvimento da Engenharia de Produção no país.

As ideias iniciais da EP começaram a ser difundidas com a criação do Instituto de

Organização Racional do Trabalho (Idort), em 1931, o qual era composto por diversas

classes de trabalhadores que buscavam melhorar o padrão de vida dos assalariados de São

Paulo e do país. Acreditavam que poderiam fazê-lo difundindo e introduzindo processos

de organização científica do trabalho e da produção (PIRATELLI, 2005), por meio de

pesquisas e seminários sobre condições de iluminação, prevenção de acidentes, combate

ao desperdício, reorganização da empresa e racionalização dos serviços públicos (LEME,

1983).

Em organizações como o Idort, os engenheiros tiveram a oportunidade de estender

suas atividades para além das indústrias, como organização de serviços, seleção de

pessoal, racionalização de atividades burocráticas e outras. Paralelamente, houve um

envolvimento maior com a produção industrial, em termos de seleção, treinamento e

administração geral (DALCOL, 2016).

Buscando uma industrialização mais intensa, investiu-se na criação de

infraestrutura, em especial, com a indústria de ferro e aço, para obter uma produção mais

sofisticada. Visando atender esta demanda, foram criadas, em São Paulo, a Escola

Superior de Administração e Negócios (Esan), em 1941, e a Faculdade de Engenharia

Industrial (FEI), em 1946, por Padre Roberto Saboia de Medeiros (FEI, 2019). A primeira

foi baseada na Graduate School of Business Administration, da Universidade de Harvard,

e deveria formar administradores, enquanto a FEI treinaria engenheiros e técnicos

qualificados para as principais áreas da produção industrial (DALCOL, 2016). O objetivo

de Saboia era que a faculdade e indústria caminhassem juntas, buscando eliminar

deficiências e desenvolver currículos acadêmicos que satisfizessem as expectativas da

indústria (FEI, [s/d]).

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46

Na década de 50, diversas indústrias multinacionais norte-americanas se

instalaram no Brasil. Com elas, veio sua cultura e seus departamentos, onde estavam

enraizados os métodos de produção fundamentados nos princípios de Taylor. Como no

Brasil não havia cursos de EP, a maioria dos cargos, de analistas e gerência, dos

departamentos ligados a produção, eram ocupados por engenheiros industriais norte-

americanos. As vagas que sobravam eram ocupadas por engenheiros de outras áreas, de

uma forma autodidata (PIRATELLI, 2005).

Com isso, surgiu a demanda por engenheiros de produção. Em 1955, a

Universidade de São Paulo criou um curso de Engenharia de Produção em nível de

extensão, onde se obtinha o título de doutor11. Na época, a congregação da escola

Politécnica da USP, onde o curso estava situado, não considerava a EP como uma

engenharia, de modo que não era condizente criar um curso de graduação (PIRATELLI,

2005). Devido à enorme demanda pelo curso de extensão, em 1958, a universidade lançou

o primeiro curso formal de graduação em Engenharia de Produção, a princípio com ênfase

em Engenharia Mecânica (LEME, 1983).

O nascimento da EP no Brasil foi uma resposta direta às necessidades da indústria,

voltado para o modelo americano que orientava a educação para uma especialização em

produção industrial (DALCOL, 2016). O autor acrescenta que a EP tinha como dever

“preparar profissionais que deveriam atuar em estreito contato com outras categorias,

como os gerentes de negócios, de acordo com a visão americana sobre a empresa

moderna” (DALCOL, 2016, p. 32).

Durante o período de 1968 a 1974, o chamado “milagre econômico”, o ensino

superior cresceu de forma exponencial, aumentando a oferta de cursos de graduação em

Engenharia de Produção e diversificando-os, com a criação dos programas de pós-

graduação. A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) foi pioneira

na pós-graduação, iniciando, em 1966, o primeiro programa de Engenharia Industrial,

seguida pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia

da UFRJ (COPPE/UFRJ), USP e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em

1967, 1968 e 1969, respectivamente. Apenas em 1971, é inaugurado o segundo curso de

11 Na época, para se tornar doutor, só tinha que apresentar uma tese (PIRATELLI, 2005). Isso se dava devido a Lei do Império, de 11 de agosto de 1827, promulgada por Dom Pedro I, que concedia o título de doutor para advogados e juristas (JUSBRASIL, 2019). Logo, por jurisprudência, as outras profissões também começaram a se auto denominarem doutores.

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Engenharia de Produção do país, na UFRJ (DALCOL, 2016). É interessante ressaltar que

há certa divergência em relação às datas de início dos cursos de graduação em EP. O

MEC, em seu banco de dados, coloca como pioneira a UFRJ, com o curso inaugurado em

março de 1968, e a USP surgindo apenas em janeiro de 1971. Entretanto, ambas as

universidades consideram que o primeiro curso surgiu em São Paulo.

Nas décadas de 1970-1980, o ensino e a pesquisa em Engenharia de Produção se

expandiram, particularmente nas instituições públicas federais. As privadas só

começaram a participar de forma mais acentuada na graduação a partir da década de 1990.

Contribuíram, para esse aumento da oferta de cursos, a definição do currículo mínimo do

curso de EP, em 1974, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) (DALCOL, 2016) e

a promulgação da portaria 48/76, também do CNE, que determinava que a engenharia

seria dividida em seis áreas principais (civil, mecânica, elétrica, química, metalúrgica e

de minas) e quais eram os conteúdos e ementas a serem ensinados. Qualquer outra

modalidade de engenharia, inclusive a Produção, deveria ser uma habilitação destas áreas,

o que fez com que diversos cursos tivessem que se adaptar (LEME, 1983). No ano

seguinte, surgiu outra restrição ao curso de EP: a portaria 10/77, que definia os conteúdos

e ementas a serem adotados pelas IES. Desta forma, a Engenharia de Produção se afastou

das demandas do mercado, uma vez que estavam apenas atendendo às demandas do CNE

(PIRATELLI, 2005).

Leme (1983) acredita que, na hipótese da portaria 48/76 ter surgido devido a

pressões externas, estas foram provenientes de docentes das outras áreas de engenharia,

que alegavam que a EP pura, ou seja, sem ênfase, se afastava da engenharia propriamente

dita. Isso remete ao ponto levantado pelo autor, que discute a falta de identidade da

Engenharia de Produção ao longo da sua história.

A partir de sua fundação, em 1986, a ABEPRO passou a representar a comunidade

da Engenharia de Produção – docentes, discente e profissionais da área – perante

instituições governamentais relacionadas à organização e avaliação de cursos, de fomento

e organizações não governamentais relacionadas à área. Isso permitiu a sua

institucionalização como uma área da engenharia e a consolidou no país (SANTOS,

2016). Os pontos chaves abordados pela associação eram a necessidade de a entidade ter

representantes em comitês de assessoramento e reuniões de conselho, tal como a

valorização da Engenharia de Produção, assim como as demais engenharias (RIBEIRO,

2016).

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Em 1991, foi aprovada a proposta de interiorizar a ABEPRO, criando regionais

da entidade pelo país. O objetivo era que a EP se regionalizasse, dando a oportunidade de

publicação para estudos em âmbito local, enquanto os mais abrangentes seriam de cunho

nacional. Apesar de não haverem dado seguimento a ideia, com o decorrer dos anos

surgiram diversas instituições regionais, de forma alheia à associação (SANTOS, 2016).

Entre 1996 e 1997, foi discutida a reengenharia da Engenharia de Produção, pela

ABEPRO, que defendia que a produção tinha que ser plena. Propôs-se, então, uma revisão

da resolução 48/1976 do CNE, que determinava que a EP deveria ser uma subárea de uma

das áreas das engenharias, de modo que foi feito um mapeamento sobre quais serial as

bases tecnológicas da Engenharia de Produção (ARAÚJO FILHO, 2016).

Em 1998, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) solicitou, à ABEPRO, a indicação de nomes para fazer parte de seu conselho.

Na mesma época, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq) aprovou a solicitação da entidade da criação de subáreas dentro da Engenharia

de Produção, a qual, desde então, é referência para criação de currículos de cursos de

graduação em EP, provas nacionais, divisões de temas em congressos, etc (RIBEIRO,

2016).

Os anos 2000 foram marcados pela expansão em número de matrículas e

instituições de ensino da Educação Superior brasileira. Isso se deu por diversos fatores,

entre eles a globalização, as políticas democráticas de acesso à educação, mercado de

trabalho mais exigente, as facilidades estruturais de alguns cursos, etc.. Percebeu-se que

a educação era um mercado lucrativo e, consequentemente, houve um aumento do

número de IES privadas no país, as quais passaram a representar mais do que o triplo das

instituições públicas no Brasil (SOBRINHO, 2010).

A oferta de cursos de Engenharia de Produção cresceu exponencialmente a partir

do início do século XXI, conforme apresentado na Figura 8. Até 1999, apenas 52 IES

ofereciam a graduação, das quais 25 eram públicas. De 2000 a 2010, surgiram 358 cursos

e 56312, de 2011 a 2018, correspondendo a 70 e 28 universidades públicas,

respectivamente.

12 Considerando as diversas turmas de cursos à distância, que no MEC representam apenas um número de cadastro.

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Figura 8 – Evolução do nascimento dos cursos de EP no Brasil, de 1968 a 2018. Fonte: Baseado nos dados do MEC, 2019.

Na Tabela 1, observa-se quantos cursos surgiram a cada ano, dividindo-os em

instituições públicas e privadas. O item “não iniciados” apresenta IES que tiveram suas

graduações em EP autorizadas pelo órgão federal, porém estas ainda não haviam sido

inauguradas até a data da realização deste trabalho. Os números em vermelho representam

as graduações que foram extintas, seja de forma voluntária ou por exigência do MEC.

Dos cursos extintos, 37 eram presenciais e 3 à distância, os quais, entretanto,

correspondiam a 74 turmas. Deve-se ressaltar o fato de que diversos cursos, em especial

à distância, foram extintos antes mesmo de iniciarem suas atividades.

A partir do crescimento do número de IES e cursos oferecidos, houve um aumento

da competição e conflitos no sistema educacional, devido a pluralidade e diferenciação

nas instituições (SOBRINHO, 2010). Desta forma, o autor argumenta que a expansão

quantitativa de instituições privadas não reflete, em termos proporcionais, em aumento

qualitativo da educação, pois os interesses institucionais tendem a ultrapassar os

propósitos educacionais.

0102030405060708090

10019

68

1970

1972

1974

1976

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

2014

2016

2018

Surgimento dos Cursos de EP no Brasil

Privada Pública

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Tabela 1 - Surgimento de cursos de EP no Brasil, de 1968 a 2018.

Surgimento de cursos de EP no Brasil Ano Privada Pública Total Ano Privada Pública Total 1968 0 1 1 1994 1 0 1 1969 1 0 1 1995 2 0 2 1970 0 0 0 1996 3 + 1 1 5 1971 0 2 2 1997 1 0 1 1972 0 0 0 1998 4 8 + 1 13 1973 0 0 0 1999 8 1 + 2 11 1974 0 0 0 2000 11 + 1 9 21 1975 0 0 0 2001 7 + 1 3 11 1976 0 1 1 2002 11 + 1 3 15 1977 1 1 2 2003 14 2 16 1978 1 0 1 2004 22 + 1 4 27 1979 0 3 3 2005 28 4 32 1980 0 0 0 2006 33 + 1 7 41 1981 0 0 0 2007 25 + 2 6 33 1982 0 0 0 2008 37 + 4 4 45 1983 0 0 0 2009 44 14 58 1984 1 0 1 2010 45 14 59 1985 0 0 0 2011 48 + 1 5 54 1986 0 0 0 2012 50 + 1 3 54 1987 1 0 1 2013 83 + 1 2 86 1988 0 0 0 2014 82 + 9 10 101 1989 0 0 0 2015 86 + 2 5 93 1990 1 0 1 2016 99 0 99 1991 0 0 0 2017 41 2 43 1992 0 1 1 2018 32 1 33 1993 1 2 + 1 4 Não iniciado 177 + 5 6 188

Fonte: Baseado nos dados do MEC, 2019.

A distribuição dos cursos de EP no Brasil está representada na Figura 9. Quanto

mais escuro, maior é o número de cursos no estado. Vê-se que a região com maior

quantidade de cursos de graduação em Engenharia de Produção é o Sudeste, enquanto o

Norte é a região com menor quantidade de cursos. Novamente, isto pode ser explicado

pela distribuição de renda e urbanização do país, as quais estão mais concentradas no

Sudeste e Sul. A critério de comparação, em 2000, o Sudeste e Sul possuíam índices de

urbanização de 90,5% e 80,9%, respectivamente, enquanto os do Nordeste e Norte eram

inferiores a 70% (IBGE, 2001).

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Figura 9 – Distribuição de cursos de EP por Unidade Federativa no Brasil, segundo ENADE 2017. Fonte: Baseado nos dados do MEC, 2019.

A ABEPRO atuou na definição das diretrizes curriculares dos cursos de

graduação, dispostas na resolução CNE/CES 11 (MEC, 2002a), permitindo que a EP se

estabelecesse como uma das principais áreas de engenharia no Brasil. Além disso, no caso

da pós-graduação, a associação efetuou diversas ações informais junto a alguns órgãos de

governo para ter voz ativa.

Em relação à resolução CNE/CES 11, sobre as diretrizes curriculares, a ABEPRO

compreendia que deveria ser regulado o que seria ensinado aos futuros engenheiros de

produção. Como as regulações anteriores não deixavam isso claro, cursos como

administração ou economia, com currículos mais softs, poderiam adotar o título de

Engenharia de Produção. Assim, as diretrizes curriculares adotadas pelo MEC

estipularam um currículo mínimo relevante para a área (RIBEIRO, 2016).

Além do aumento natural dos cursos no início do século XXI, em 2005, foi criado

o decreto 5.622/2005 (BRASIL, 2005), que autorizou a existência do ensino superior à

distância (EaD). Com isso, surgiram diversos cursos não presenciais, em sua grande

maioria de iniciativa privada, que buscavam suprir a demanda de ensino superior em

locais com baixa oferta. Desta forma, o número de turmas de cursos não presenciais

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superou a educação presencial13, de acordo com a Figura 10, que mostra os cursos de

Engenharia de Produção distribuídos pelo Brasil, divididos entre presencial e à distância

(MEC, 2018). É importante ressaltar que, por não necessitar de um local físico para as

aulas, o curso a distância, diferente do presencial, pode ter um único número de cadastro

no MEC e atuar em diferentes cidades e estados. Com isso, não é de se estranhar que a

quantidade turmas oferecidas tenha crescido de forma exponencial.

Figura 10 – Distribuição de cursos de EP, em 2018, por UF por modalidade de curso. Fonte: Baseado nos dados do INEP, 2019.

É nítida evolução da Engenharia de Produção no Brasil, ao longo dos tempos.

Atualmente, é a especialidade de engenharia com maior quantidade de cursos, superando

a engenharia civil, área mais consolidada e tradicional (SANTOS, 2016). Entretanto,

quantidade não é sinônimo de qualidade, de modo que não se pode afirmar houve uma

melhora do ensino.

O engenheiro de produção é um profissional multidisciplinar, capaz de resolver

uma infinidade de problemas, visto que possui conhecimentos de gerenciamento, ciências

exatas e sociais. Estes possibilitam que a criação de um profissional versátil, criativo e

flexível em suas decisões (MENDOZA-CHACÓN et al, 2016). Entretanto, a forma como

a Engenharia de Produção é ensinada na maioria das instituições brasileiras não permite

que os estudantes desenvolvam, da melhor maneira, estas habilidades, formando

profissionais que não sabem como atuar no mundo real. Meirelles et al. (2016) ressaltam

que a separação do conteúdo das disciplinas deve ser revista, visto que todas estão

13 Considerando que um mesmo número de curso pode atuar em diferentes cidades e estados.

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interligadas de alguma forma. A manutenção, por exemplo, está diretamente relacionada

com a qualidade, com o planejamento e controle da produção, etc.. Além disso, os autores

destacam a importância da capacidade do aluno de aplicar métodos quantitativos e

qualitativos de forma integrada.

O tratamento de problemas concretos de planejamento e controle da produção

usa métodos qualitativos integrados a métodos quantitativos, como simulação,

roteirização etc. A separação entre uma e outra, no ensino, precisa ser revista.

O engenheiro de produção atual deve ter capacitações para métodos

qualitativos e quantitativos integrados. (MEIRELLES et al., 2016, p. 17)

Nos últimos anos, algumas IES vêm testando a metodologia de aprendizagem

ativa nos cursos de Engenharia de Produção, para reduzir esta defasagem interdisciplinar.

Desde 2011, a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) tem o Grupo de Pesquisa em

Aprendizagem Baseada em Problemas (GPABP), que vem atuando na promoção da

aprendizagem ativa dentro da universidade. Seu objetivo principal é disseminar a prática

e desenvolver pesquisas analisando os resultados da mesma (TURRIONI, 2017). A partir

de suas pesquisas, o grupo propôs aplicações experimentais da metodologia,

implementando, em 2013, a disciplina “Projeto Semestral em Engenharia de Produção”,

na grade curricular do 8º período do curso de Engenharia de Produção da Unifei. Nesta,

os alunos tinham por objetivo desenvolver um projeto para alguma indústria da região,

propondo soluções para os problemas apresentados. A avaliação seria feita por

professores, empresários e funcionários da indústria em questão. Visando oferecer um

ambiente interdisciplinar, a disciplina contava com a participação de alunos dos cursos

de administração, engenharia ambiental, engenharia da computação, engenharia de

controle e automação, e outros. A autora afirma que o interesse dos alunos em relação à

disciplina vem aumentando ao longo dos anos.

O curso de EP da Escola Politécnica da UFRJ também vêm efetuando algumas

mudanças nas disciplinas oferecidas, a fim de oferecer uma aprendizagem mais ativa e

interdisciplinar para os estudantes. A disciplina de Projeto do Produto, é informalmente

nomeada como Disciplinas Integradas, e tem como objetivo colocar o aluno como

protagonista do seu aprendizado, com o conceito de sala de aula invertida. Apesar de

obrigatória para a Engenharia de Produção, a matéria possui vagas reservadas para

diversos outros cursos, o que faz com que os alunos tenham contato com profissionais de

outras áreas. O feedback entre os grupos é estimulado, com direito a bonificação, o que

gera uma participação ativa do aluno. A bibliografia é previamente disponibilizada para

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os estudantes que, na aula, debatem o assunto sob orientação dos professores, os quais

são de diferentes áreas de conhecimento, tendo participação, inclusive, de empresários.

Além disso, ao longo do semestre, os estudantes são incumbidos de criar uma startup,

realizando pesquisas de campo para encontrar a ideia (problema) e conhecer o mercado

alvo (grupo de pessoas que sofrem com este problema), de forma a compreender a real

necessidade do produto ou serviço criado.

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55

4. AVALIAÇÃO DOS CURSOS DE ENGENHARIA DE

PRODUÇÃO

4.1. INTRODUÇÃO

A educação tem um papel social e econômico de extrema importância para uma

nação e sua gestão é estratégica, uma vez que está intimamente relacionada ao

desenvolvimento do país (ANGOTTI; AUTH, 2001). Neste contexto, a qualidade deve

ser priorizada, dado que gera maior crescimento do PIB per capita que se comparado com

um aumento quantitativo da oferta de ensino (HANUSHEK; WOESSMAN, 2008). Sabe-

se, entretanto, que as políticas públicas nem sempre atuam em busca deste alto nível

educacional e que o ensino é, muitas vezes, considerado mercadoria.

Os principais agentes ligados à educação são: os docentes, discentes e a instituição

educacional, composta pelos dois anteriores. Por outro lado, a sociedade e o mercado

pressionam a instituição de ensino para que tenha bons professores e, consequentemente,

bons alunos, que ingressarão no mercado de trabalho com um valor agregado (os

conhecimentos do curso de graduação). Por isso, pensar na qualidade da educação é um

desafio, visto que se deve observar as ações internas institucionais de forma paralela ao

contexto externo, tanto nacional quanto internacional (SOBRINHO, 2000).

No contexto global, com maior competitividade empresarial e exigências

crescentes na qualidade de mão de obra, as IES atuam no desenvolvimento econômico e

social do país, indo além da formação para o mercado de trabalho (MELO-ROSO, 2016).

As mudanças abrangem também o cenário educacional, gerando necessidade de

atualização dos ambientes de aprendizagem e construção de novos modelos de pesquisa

e de inovação (UNESCO, 2018). Com isso, o Governo passou a focar mais no âmbito

qualitativo da educação.

No presente capítulo, serão comentados rankings nacionais e internacionais, o

perfil do estudante de Engenharia de Produção, a evolução das avaliações de qualidade

dos cursos superiores no Brasil, seguido pela apresentação do ENADE, como sua

metodologia e cálculo, finalizando com uma análise do desempenho dos cursos de

Engenharia de Produção brasileiros ao longo das edições do exame, desde 2005 até 2017.

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56

4.2. RANKINGS INTERNACIONAIS

Visando conhecer melhor a educação em engenharia no mundo, foram analisados

diversos rankings internacionais. O objetivo era saber quais eram as melhores escolas de

Engenharia de Produção mundiais e em que posição estavam as universidades brasileiras.

Não foi possível, entretanto, obter os dados dos cursos de EP, visto que esta modalidade

de engenharia não correspondia a nenhum dos grupos analisados pelos rankings. Sendo

assim, escolheu-se analisar o ensino em engenharia de um modo geral.

Os resultados obtidos comprovam que o Brasil tem muito a melhorar em relação

à qualidade do ensino superior. O posto de melhor universidade do país variou em cada

classificação, tendo a USP obtido o primeiro lugar em três dos quatro rankings avaliados,

sendo sua melhor posição 79ª instituição de ensino no mundo.

Por outro lado, é interessante observar o crescimento da Singapura e China nestas

classificações, as quais apareceram entre as melhores universidades do mundo em dois

rankings. Ressalta-se que no Shanghai Ranking, cinco das 10 melhores universidades do

mundo estão localizadas na Ásia. Tal fato corrobora a afirmação de que está ocorrendo

uma transferência geográfica do polo formador de engenheiros no mundo, saindo da

Europa e América do Norte em direção ao continente asiático.

4.2.1. TIMES HIGHER EDUCATION

O Times Higher Education (THE) é o ranking internacional com o maior número

de universidades avaliadas. Segundo o THE (2019), os indicadores de desempenho

utilizados estão divididos em cinco áreas, cada um equivalendo a uma porcentagem na

nota final:

(i) Ensino (30%): onde é analisado o ambiente de aprendizagem. É avaliada

uma pesquisa de reputação feita com a sociedade (15%), a proporção de

pessoal por aluno (4,5%), proporção de doutores por bacharel (2,25%),

proporção de doutorados concedidos aos acadêmicos (6%), renda

institucional (2,25%);

(ii) Pesquisa (30%): analisa-se a produtividade (6%), contando o número de

artigos publicados nos periódicos acadêmicos indexados pela Elsevier;

renda destinada a pesquisa (6%), dimensionada em relação ao número de

funcionários acadêmicos e ajustada ao poder de compra da moeda em

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vigor; e reputação das pesquisas no meio acadêmico (18%), baseada no

anuário Academic Reputation Survey;

(iii) Citação (30%): que apresenta a influência daquela pesquisa. Analisa-se o

número de trabalhos publicados que foram citados por outros acadêmicos

no mundo. O THE acredita que as citações ajudam a mostrar o quanto cada

universidade tem contribuído socialmente para aumentar o conhecimento

humano.

(iv) Perspectiva internacional (7,5%): diz respeito ao quanto a universidade

atrai pessoas de outros lugares do mundo. Avalia-se a proporção de

estudantes internacionais (2,5%), proporção de funcionários

internacionais (2,5%) e a colaboração em grupos de pesquisas

internacionais (2,5%).

(v) Renda da indústria (2,5%): equivalente à habilidade da universidade em

transferir de conhecimento para a indústria, com inovações, invenções e

consultorias.

No ano de 2018, as melhores universidades do mundo em engenharia e tecnologia,

de acordo com o THE (2019) foram14:

1. University of Oxford (Reino Unido);

2. Stanford University (Estados Unidos);

3. Harvard University (Estados Unidos);

4. California Institute of Technology (Estados Unidos);

5. MIT (Estados Unidos);

6. University of Cambridge (Reino Unido);

7. Princeton University (Estados Unidos);

8. National University of Singapore (Singapura);

9. ETH Zurich (Suíça);

10. Georgia Institute of Technology (Estados Unidos).

Nota-se que a maioria está situada nos Estados Unidos. Analisando as brasileiras,

verificou-se que a Universidade de Campinas (Unicamp) se encontra em primeiro lugar

no país, entretanto está no intervalo entre 401-500 na classificação internacional. A

próxima é a USP, em segundo lugar no Brasil, na mesma faixa de resultado da anterior.

14 Para elaboração da classificação, foram analisados os cursos de engenharia: genérico; elétrica e eletrônica; mecânica e aeroespacial; civil; química

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Em terceiro lugar, está a Universidade Federal do Ceará (UFC), colocada no intervalo

entre 501-600 no ranking mundial. Este não oferece classificação por área de

conhecimento, de modo que não há como analisar os cursos de Engenharia de Produção

no mundo.

4.2.2. QS WORLD UNIVERSITY RANKINGS

O QS World University Rankings utiliza seis métricas para avaliar o desempenho

das universidades, sendo o resultado final uma média ponderada destes itens: reputação

acadêmica da instituição (40%); reputação da universidade na visão dos empregadores,

os quais responderam onde obtém os melhores colaboradores (10%); proporção

professor-aluno e facilidade de contato entre ambos (20%); citação, onde se avalia as

citações de artigos publicados pela universidade nos últimos 5 anos, comparando com o

número de pesquisadores na instituição (20%); proporção de docentes e discentes

internacionais (5% cada) (QS, 2018). Em 2015, foi introduzida uma normalização da área

do corpo docente, a fim de não favorecer instituições especializadas em ciências

biológicas ou naturais.

No ano de 2018, as melhores universidades do mundo em engenharia e tecnologia,

de acordo com o QS (2018) foram15:

1. MIT (Estados Unidos);

2. Stanford University (Estados Unidos);

3. ETH Zurich (Suíça);

4. University of Cambridge (Reino Unido);

5. University of California, Berkeley (Estados Unidos);

6. Nanyang Technological University (Singapura);

6. University of Oxford (Reino Unido);

8. Imperial College London (Reino Unido);

8. National University of Singapore (Singapura);

10. Tsinghua University (China).

A maioria está situada nos Estados Unidos e Reino Unido, entretanto um terço é

asiática, sendo duas de Singapura e uma da China. Entre as mais bem colocadas

15 Para elaboração da classificação, foram analisados os cursos de ciência da computação e sistemas de informação; engenharias: elétrica e eletrônica; mecânica, aeroespacial e de manufatura; civil e estrutural; química; minas e minerais.

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59

brasileiras, a USP se encontra em primeiro lugar, ocupando a 89ª posição na classificação

internacional. A seguir está a Unicamp, em 130º lugar. Em terceiro, está a UFRJ,

classificada em 215ª no ranking mundial. Apesar de oferecer classificação por área de

conhecimento, não há a opção de industrial/production engineering, para análise

específica dos cursos de EP.

4.2.3. ACADEMIC RANKING OF WORLD UNIVERSITIES - SHANGHAI RANKING

Diferente dos outros rankings, o Academic Ranking of World Universities,

realizado pela Consultoria de Classificação de Xangai, na China, inclui em seus

indicadores o recebimento de prêmios acadêmicos, como Nobel e Medalha Field. No caso

das engenharias, estes não são considerados, visto que não há prêmio específico para a

área (SHANGHAI RANKING CONSULTANCY, 2019).

Os indicadores utilizados para classificar as universidades são: (i) número de

pesquisadores mais citados, por Thomson Reuters, nas disciplinas engenharia,

computador e materiais, no caso área de engenharia e tecnologias, visando refletir a

qualidade docente; (ii) número de trabalhos publicados em revistas indexadas na área da

engenharia; (iii) proporção dos artigos de engenharia publicados nos periódicos com 20%

melhor fator de impacto, considerados papeis de alta qualidade, que refletem a quantidade

e qualidade das pesquisas realizadas pela instituição; e (iv) fundo anual de pesquisa, que

leva em consideração o valor investido em pesquisas por ano. Cada um equivale a 25%

da nota.

Quanto à classificação, a universidade que apresentar melhor resultado em todos

os indicadores, ganha 100 pontos, e as outras instituições obtem pontuação proporcional

a esta. Caso seja observada alguma distribuição anormal, os dados são processados

utilizando métodos estatísticos convencionais.

O último ranking foi realizado em 2016. Desta forma, será o abordado. As

melhores universidades na área de engenharia, tecnologia e ciência da computação foram:

1. MIT (Estados Unidos);

2. Nanyang Technological University (Singapura);

3. Stanford University (Estados Unidos);

4. Tsinghua University (China);

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5. King Abdulaziz University (Arábia Saldita);

6. National University of Singapore (Singapura);

7. The Imperial College of Science, Technology and Medicine (Reino Unido)

8. University of California, Berkeley (Estados Unidos);

9. Harbin Institute of Technology (China);

10. The University of Texas at Austin (Estados Unidos);

Nesta classificação, que organiza as 200 melhores universidades do mundo, a

única brasileira é a USP, que se encontra no intervalo entre 101-150º.

4.2.4. WEBOMETRICS RANKING OF WORLD UNIVERSITIES

O Webometrics Ranking é uma classificação de universidades realizado duas

vezes por ano, pelo Consejo Superior de Investigaciones Científicas16 (CSIC), da

Espanha, que utiliza o Fator de Impacto da Web como métrica. A justificativa é que

qualquer classificação só será confiável se a presença da instituição na internet for um

espelho confiável da realidade.

Considerando que, a partir do século XXI, o mundo digital é fundamental para as

pesquisas universitárias, visto que é o meio de comunicação mais utilizado pela área

acadêmica e a vitrine para atrair investimentos e talentos. Sendo assim, baseados na

proposta de Almind e Ingwersen (1997) para criar o índice Fator de Impacto da Web,

inicialmente relacionando links (L) e páginas da web (W), desenvolveu-se a relação “aL

+ bW”, onde “L” e “W” são previamente normalizados e “a” e “b” são pesos que somam

100%. Outro modelo seguido foi o do Shanghai Ranking, que introduziu o indicador

composto, combinado com um sistema de ponderações (CSIC, 2019).

Na classificação elaborada no segundo semestre de 2018, tem-se como melhores

universidades do mundo:

1. Harvard University (Estados Unidos);

2. Stanford University (Estados Unidos);

3. MIT (Estados Unidos);

4. University of Oxford (Reino Unido);

5. University of California, Berkeley (Estados Unidos);

6. University of Michigan (Estados Unidos);

16 Tradução livre: Conselho Superior de Pesquisas Científicas.

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7. University of Washington (Estados Unidos);

8. Cornell University (Estados Unidos);

9. Columbia University New York (Estados Unidos);

10. University of Pennsylvania (Estados Unidos).

Reiterando os resultados dos outros rankings em relação à qualidade do ensino

americano, praticamente todas as universidades estão situadas nos EUA, com exceção de

Oxford. Entre as mais bem colocadas brasileiras, a USP se encontra em primeiro lugar,

ocupando a 79ª posição na classificação internacional. A seguir, está a UFRJ, em 212º

lugar. Em terceiro, está a Unicamp, classificada em 286ª no ranking mundial. Este ranking

não oferece classificação por área de conhecimento.

4.3. PERFIL DO ESTUDANTE DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Ao longo das edições do ENADE, as características dos estudantes de Engenharia

de Produção foram variando. É importante ressaltar que todos os dados são referentes aos

concluintes dos cursos de graduação presencial em EP nas respectivas edições.

Figura 11 – Distribuição percentual do total de estudantes de EP por sexo por edição do ENADE. Fonte: Baseado nos dados do INEP, 2019.

Constata-se que a maioria dos graduandos são do sexo masculino, ainda que a

porcentagem de mulheres venha aumentando a cada exame (

Figura 11). Observa-se que, em 2005, o percentual do sexo feminino nos cursos

de EP brasileiros era de 20%. Em 2017, tal índice chegou a 40%. Nota-se que a tendência

é que haja uma convergência das retas para que se cruzem, ou seja, o número de mulheres

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ser igual ao de homens. A idade média dos concluintes ao longo dos ENADEs foi de 27

anos, com desvio padrão de 5 anos.

Entre os estudantes, a maioria predominante sempre foram brancos. Em 2005,

estes representavam mais de 80% dos concluintes dos cursos de Engenharia de Produção

no Brasil, sendo muito superior a todas as outras etnias, conforme Figura 12. Nota-se que

este percentual de brancos era superior à porcentagem de brancos na população urbana

brasileira na época, equivalente à 56,2% (IBGE, 2004).

Figura 12 – Distribuição percentual dos estudantes de EP por etnia por edição do ENADE. Fonte: Baseado nos dados do INEP, 2019.

Observa-se também que o percentual de negros, mulatos e pardos vem

aumentando, passando de 13% do total de estudantes, em 2005, para 31% em 2017. Este

aumento pode ser explicado pelas políticas públicas afirmativas que visam aumentar o

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acesso de negros, pardos e mulatos ao ensino superior. Entretanto, o número de brancos

continua sendo elevado, correspondendo a mais de 60% dos estudantes, em 2017.

Por outro lado, o número de graduandos que se autodeclararam indígenas é ínfimo

e vem reduzindo. Em 2005, estes estudantes correspondiam a 0,7% do total de concluintes

da graduação em Engenharia de Produção. Já em 2017, este número passou para 0,3%.

Entretanto, considerando que a população indígena corresponde a 0,47% da população

brasileira, de acosto com o Censo IBGE 2010, pode-se dizer que este percentual nos

cursos de EP brasileiros é condizente com a realidade do país.

A Tabela 2 ilustra a distribuição dos estudantes segundo etnia, por sexo e

indicação de ingresso por Política de Ação Afirmativa no ENADE 2017. Observa-se que

a proporção de brancos que ingressaram na graduação por meio de ações afirmativas é

inferior aos que não optaram por política alguma. A situação inversa se observa para os

que se declararam negros ou pardos. O percentual de ingressantes do sexo masculino sem

uso de políticas afirmativas é maior que o percentual de optantes pela mesma, o inverso

é valido para as mulheres: percentualmente falando, há mais mulheres usufruindo das

políticas de cotas para ingressar na graduação. Ressalta-se que, como os dados são obtidos

dos concluintes dos cursos, o efeito destas políticas é observado apenas no ENADE 2017,

visto que a Lei nº 12.711/2012, que garante 50% de cotas nas instituições públicas

(BRASIL, 2012), foi sancionada em 2012.

Tabela 2 – Distribuição percentual dos estudantes de EP por Ingresso por Política de Ação Afirmativa e sexo, segundo etnia (ENADE 2017).

Fonte: INEP (2017, p.40)

Com relação à renda mensal familiar, observa-se que ela vem diminuindo ao longo

dos anos. Em 2011, a maior frequência era de 10 a 30 salários mínimos (SM), passando

para 6 a 10 SM, em 2014, e 3 a 4,5 na última edição do exame (Tabela 3). Tal fato pode

ser resultante das políticas afirmativas.

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64

Tabela 3 – Distribuição da faixa de renda mensal familiar por edição do ENADE.

Fonte: Baseado nos dados do MEC, 2019.

De acordo com o Relatório Síntese de Área, do INEP, o percentual de estudantes

de IES públicas que cursaram todo o ensino médio em escolas privadas foi de 55,8%,

contra 37,6% provenientes de escolas públicas. Já no caso das IES privadas, a relação é

invertida, com 59,6% dos alunos tendo estudado em escolas públicas e 31,5% em

particulares. Tais resultados mostram uma tendência observada na maior parte dos cursos

de ensino superior brasileiros: alunos provenientes de escolas públicas cursam o ensino

superior em instituições privadas e vice-versa.

4.4. EVOLUÇÃO DAS AVALIAÇÕES DE QUALIDADE DE

CURSOS

Desde 1990, há políticas públicas de avaliação da qualidade do Ensino Médio e

Superior, estabelecidas pelo MEC (ANDRADE, 2011). A Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Brasileira, LDB 9394/96 (BRASIL, 1996), estabelece os princípios da

educação e garante a autonomia à União para autorizar e fiscalizar as instituições de

ensino. Com isso, busca-se garantir a qualidade na educação, em todos seus níveis

(MELO-ROSO, 2016).

A partir de então, o país vem aperfeiçoando suas políticas e instrumentos de

avaliação, a fim de medir, de forma mais concreta, o desempenho educacional das IES

brasileiras (NICOLINI et al., 2014). É importante ressaltar que uma avaliação quantitativa

não é capaz de preencher as lacunas existentes de ensino, entretanto permitem o

acompanhamento, análise e melhor compreensão do sistema educacional, possibilitando

ações futuras concretas que melhorem a sua qualidade. Desta forma, deve haver uma

interação entre avaliação e transformações no ensino, de modo que a primeira fomenta

reformas e a outra influencia nos métodos avaliativos, sempre visando atender às novas

demandas sociais, mercadológicas e econômicas (SOBRINHO, 2010). Por isso, como há

uma demanda por melhoria qualitativa no ensino superior, a avaliação pode ser o principal

ENADE < 1,5 SM 1,5 - 3 SM 3 - 4,5 SM 4,5 - 6 SM 6 - 10 SM 10 - 30 SM > 30 SM2011 3,2% 8,2% 13,2% 12,4% 27,2% 27,7% 8,1%2014 3,9% 13,4% 18,4% 17,7% 24,0% 18,6% 4%2017 8,8% 20,9% 23,4% 14,6% 17,4% 12,1% 2,7%

Renda Familiar

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65

motivador para as reformas e remodelações do ensino. Assim, o ENADE é uma boa forma

de pressionar a melhoria contínua dos cursos de graduação brasileiros.

Diante da demanda por um ensino superior de qualidade, deve-se utilizar a

avaliação dos cursos e seus resultados como estratégia para analisar e instituir as melhores

práticas nos cursos, de forma a contribuir para a evolução qualitativa do ensino superior.

Desta maneira, o processo avaliativo deve ser um elemento de diagnóstico, visando a

melhoria contínua (MELO-ROSO, 2016). O foco nas avaliações sobre o ensino superior

foi cenário mundial durante as últimas duas décadas, com a justificativa de que tal etapa

de formação era fundamental para alguns benefícios sociais. Com isso, diversas

instituições e governos incentivaram a criação de estruturas de apoio a avaliação do

sistema educacional superior (BERTOLIN; MARCON, 2013).

Os autores acrescentam que, em 1995, o Brasil implementou dois métodos

diferentes para a avaliação externa de cursos de graduação, sendo de natureza regulatória

e com abrangência nacional. O primeiro, o Provão, era uma prova aplicada aos alunos

concluintes, em conjuntos de diferentes cursos (antecessor do ENADE). O outro método

de avaliação era a Avaliação das Condições de Oferta (ACO), que consistia em visitas in

loco, as quais tinham como foco os aspectos relativos aos projetos pedagógicos, corpo

docente e infraestrutura dos cursos. Entretanto, os resultados dos exames aplicados aos

alunos tinham maior impacto junto à sociedade, pois se apresentavam como classificações

da qualidade dos cursos de graduação do país.

O Provão foi amplamente criticado, pois não traduzia a realidade complexa do

ensino superior, uma vez que, além de não avaliar as habilidades desenvolvidas nos cursos

de graduação, analisando apenas desempenho, era estático e fragmentado em relação ao

processo de aprendizagem (SOBRINHO, 2010). Além disso, por focar apenas no

concluinte, não era capaz de propor melhorias no processo de ensino. Os rankings

gerados, por outro lado, eram interpretados pela sociedade como uma espécie de

certificação da qualidade dos cursos, de maneira que diversas instituições começaram a

mascarar tais resultados, oferecendo aulas específicas para melhorar o desempenho dos

alunos no exame (MELO-ROSO, 2016). O outro autor comenta que, apesar de todas as

críticas, o Provão permitiu que os cursos sofressem ajustes pedagógicos e modificações

regulatórias, havendo assim um maior conhecimento por parte do MEC sobre a educação

superior no país.

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66

Em 2002, a Resolução CNE/CES 11 (MEC, 2002a) instituiu as diretrizes

curriculares nacionais de cursos de graduação em engenharia. A partir de então, o MEC

estabeleceu diretrizes para organização e execução da avaliação das instituições de ensino

superior e seus cursos de graduação, por meio da Portaria nº 990 (MEC, 2002b). No

mesmo ano, o INEP elaborou os Manuais de Avaliação dos Cursos de Graduação e

selecionou e treinou avaliadores (OLIVEIRA, 2005).

A partir de 2004, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

(SINAES), manteve, como método de avaliação externa de cursos, o ENADE e das

comissões de avaliadores. Assim, ao identificar as limitações nos métodos de avaliação,

estes foram reformulados e passou-se a adotar os seguintes: Avaliação Institucional (AI),

Avaliação dos Cursos de Graduação (ACG) e o Exame Nacional de Desempenho dos

Estudantes, a partir dos quais se podia avaliar a educação superior de forma mais

complexa e subjetiva (NICOLINI et al., 2013). Assim, passou-se a compreender a

avaliação como parte do processo de ensino, sem focar em resultados isolados e sua

quantificação (MELO-ROSO, 2016).

A Avaliação dos Cursos de Graduação verifica e pontua 160 itens e emite parecer

de outros 16, sobre as dimensões e categorias avaliadas, as quais estão dispostas no

Quadro 1.

Em relação ao ENADE, de certa maneira, “os conteúdos abordados pelo exame

se transformaram em ‘quase diretrizes’ curriculares para muitas instituições”

(BERTOLIN, 2007, p. 2). Entretanto, havia certa classificação, em ordem decrescente de

qualidade, das instituições de ensino, o que Bertoli e Marcon (2013) acreditam que gerava

competição entre elas, fazendo com que buscassem uma melhora do ensino. Por outro

lado, Griboski (2012) discorda que tal competição é benéfica, ressaltando que haverá

pouco avanço no direito à educação e construção da cidadania enquanto o viés

mercadológico do ensino superior não estiver acompanhado por práticas avaliativas de

qualidade, desvinculadas de punições e restrições tradicionais.

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Quadro 1 – Dimensões Avaliadas nos Cursos de Engenharia de Produção

Fonte: Manual de Avaliação do Curso de Engenharia de Produção do INEP (2002, p. 15)

Os exames de larga escala são úteis, mas devem contar com a adesão de

professores e alunos para produzir os efeitos pedagógicos esperados (SOBRINHO, 2010).

Desta forma, a avaliação deve ser compreendida como elemento transformador de um

sistema, buscando constante adaptação a contextos e indivíduos, os quais estão em

constante mudança. Assim, o ENADE, na forma como é aplicado atualmente, “poderia

ser uma alternativa para promover mudanças nas práticas de avaliação e ensino para a

etapa que o antecede, a graduação” (MELO-ROSO, 2016, p. 45).

4.5. O EXAME ENADE

O ENADE é uma prova aplicada em todas as instituições de ensino superior do

país, estruturada em duas partes, ambas com questões objetivas e discursivas: Formação

Geral, comum a todos os cursos, composta por 10 questões; e o Componente Específico,

específica de cada uma das áreas avaliadas, constituída de 30 questões. A nota final do

estudante é uma média ponderada, onde 25% equivale à Formação Geral e 75% ao

conhecimento específico. Para conhecer o perfil dos graduandos brasileiros, o exame é

complementado por questionários online, preenchidos pelos estudantes e coordenadores

de curso; questões de avaliação da prova, respondidas ao final; e dados do Censo da

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Educação Superior17. O desempenho dos estudantes é expresso por meio de conceitos,

ordenados em uma escala de 1 a 5, onde 1 é a nota mínima e 5 é a nota máxima.

O objetivo do exame é quantificar o desempenho dos estudantes de graduação em

relação aos conteúdos abordados pelos cursos, conforme previstos nas diretrizes

curriculares de cada área de graduação. Visa também avaliar suas habilidades e

competências para compreender temas ligados à realidade brasileira e mundial, tal como

outras áreas de conhecimento, exteriores ao âmbito específico da profissão. No caso da

Engenharia de Produção, a prova foi pautada nas diretrizes e matrizes elaboradas pela

Comissão Assessora de Área de Engenharia de Produção e pela Comissão Assessora de

Área de Formação Geral do ENADE (INEP, 2017).

O ENADE é aplicado todo ano, entretanto as áreas do conhecimento são divididas

de forma que cada uma seja avaliada trienalmente. Para realizar a prova, o estudante deve

cumprir os requisitos mínimos estabelecidos. No caso de cursos de bacharelado ou

licenciatura, é necessário ter concluído, até o final das inscrições do exame, pelo menos

80% da carga horária mínima do currículo do curso da IES. Já para Cursos Superiores de

Tecnologia, no mínimo 75% da carga horária do currículo do curso.

Até 2014, o Conceito ENADE era calculado para cada conjunto de cursos, que

compõem uma área específica de avaliação do ENADE, de uma IES em um determinado

município. A partir de 2015, passou a ser calculado para cada curso de graduação

avaliado, conforme enquadramento em uma das áreas de conhecimento, elencadas no

artigo 1º da Portaria Normativa do MEC nº 8, de 26 de abril de 2017, de acordo com a

metodologia explicitada na Nota Técnica nº 16/2018/CGCQES/DAES10 (INEP, 2018).

Como o exame usa a Teoria Clássica dos Itens, seus níveis de dificuldade variam de ano

para ano, de modo que não há como garantir a comparabilidade entre diferentes edições,

só podendo ser comparado entre mesma área e mesmo ano.

4.6. ANÁLISE ENADES 2005-2017

Para análise dos cursos de Engenharia de Produção brasileiros18 serão utilizadas

as notas do ENADE, de 2005 a 2017. A Tabela 4 apresenta o número de cursos de EP

17 Obtidos no http://portal.inep.gov.br/microdados 18 A Universidade de São Paulo (USP) não entrou na análise dos dados, uma vez que não participa do sistema de avaliação do ENADE.

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69

que prestaram cada um dos exames, com seus respectivos conceitos, dividindo-os de

acordo com os tipos de instituição e sua modalidade. Os cursos com menos de 2

participantes e/ou com desempenho médio igual a zero recebem o “sem conceito – SC”.

É interessante ressaltar que de 2008 para 2011, houve uma queda no número de cursos

avaliados.

Tabela 4 – Quantidade de cursos por notas do ENADE do curso de Engenharia de Produção por tipo de instituição, modalidade de ensino e ano.

Fonte: Baseado nos dados do MEC, 2019.

Observando os dados, nota-se que o valor modal variou entre o conceito 3 e 2,

desconsiderando o SC, sendo o primeiro nos anos de 2005, 2008 e 2017, e o segundo em

2011 e 2014. O percentual de instituições com conceito 1 seguiu o mesmo padrão, cresceu

nas edições de 2011 e 2014, chegando aos 10%, contrastando com os 4% de 2005, 2%

em 2008 e 3% em 2017. Analisando o tipo de instituição, estes valores modais se

alteraram consideravelmente: no ano de 2005, a maior frequência foi o conceito 3, nas

IES privadas, e conceito 5 nas públicas; na edição seguinte, o valor modal permaneceu

inalterado nas instituições particulares, mas passou para conceito 4 nas públicas; já em

2011, houve predominância do conceito 2, nas privadas, e seguiu inalterado nas públicas;

Ano ENADE Tipo de Instituição Modalidade 1 2 3 4 5 SC Total Total cursos ENADEPresencial 5 14 15 2 0 76 112Distância 0 0 0 0 0 0 0

% do total 3% 9% 10% 1% 0% 49% 72%Presencial 1 2 6 8 9 18 44Distância 0 0 0 0 0 0 0

% do total 1% 1% 4% 5% 6% 12% 28%Presencial 6 31 39 16 1 97 190Distância 0 0 0 0 0 0 0

% do total 2% 13% 16% 7% 0% 29% 78%Presencial 0 5 10 14 7 19 55Distância 0 0 0 0 0 0 0

% do total 0% 2% 4% 6% 3% 6% 22%Presencial 23 79 43 9 1 2 157Distância 0 0 0 0 0 0 0

% do total 11% 37% 20% 4% 0% 1% 73%Presencial 1 8 16 23 8 2 58Distância 0 0 0 0 0 0 0

% do total 0% 4% 7% 11% 4% 1% 27%Presencial 38 121 69 16 1 0 245Distância 4 0 0 0 0 0 4

% do total 13% 37% 21% 5% 0% 0% 76%Presencial 3 10 28 18 21 0 80Distância 0 0 0 0 0 0 0

% do total 1% 3% 9% 5% 6% 0% 24%Presencial 13 143 183 46 4 5 394Distância 1 3 4 0 0 0 8

% do total 3% 29% 37% 9% 1% 1% 80%Presencial 0 9 27 40 21 1 98Distância 0 0 0 0 0 0 0

% do total 0% 2% 5% 8% 4% 0% 20%

5002017

Privada

Pública

2452008

Privada

Pública

2152011

Privada

Pública

2014

Privada

Pública

329

Nota enade

Privada

2005

Pública

156

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70

em 2014, o valor modal das IES particulares ficou inalterado e nas públicas caiu para o

3; já na última edição, o mais frequente foi o 3, nas privadas, e 4 para públicas.

No âmbito da modalidade de ensino, no ENADE 2017, tanto os cursos presenciais

como à distância, obtiveram o conceito 3 como valor modal. No caso do EaD, nenhum

curso recebeu os conceitos 4 ou 5, de modo que se pode considerar que esta modalidade

ainda não possui o mesmo nível de amadurecimento e qualidade dos cursos presenciais.

Vale ressaltar que todos os cursos à distância avaliados eram oferecidos por instituições

privadas.

O investimento realizado nas IES está intimamente ligado à qualidade da sua

formação. Loyalka et al. (2014) comenta que os gastos para formar um estudante

engenheiro no Brasil é, em média, de USD 5.000 por ano. Por outro lado, o investimento

em estudantes de engenharia brasileiros, em instituições de elite, chega a USD 15.000 por

aluno/ano. Se for considerado que as instituições de elite brasileiras são as que obtiveram

nota 5 nos ENADEs, estas são, em sua maioria, universidades públicas, conforme Tabela

4. Apesar de equivalerem a 20% do total de cursos de EP oferecidos no Brasil,

representaram 84% das notas 5 obtidas no exame em 2017. Em contrapartida, as

instituições privadas obtiveram apenas 4 cursos com o conceito máximo.

A Figura 13 oferece uma noção visual dos pontos abordados na Tabela 4. Observa-

se que a maioria das notas obtidas por instituições privadas estão entre 2 e 3, no modo

presencial, e 1 e 2 a distância. Já no caso das instituições públicas, entre 3 e 4. Deve-se

ressaltar o fato de que estas, apesar de oferecerem menos cursos de graduação em EP que

as IES privadas, obtiveram um maior número de cursos classificados com a nota máxima.

Além disso, nenhuma das IES públicas que prestaram todos os ENADES, tiraram notas

abaixo de 4 em alguma edição do exame, fato que não se repetiu no caso das privadas,

onde todas têm pelo menos uma nota 3 ao longo dos anos. Isso prova que as universidades

públicas vêm mantendo sua qualidade de ensino.

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71

Figura 13 – Quantidade de cursos de EP, por tipo de instituição, de acordo com notas obtidas nas edições do ENADE. Fonte: Baseado nos dados do MEC, 2019.

Apresenta-se, na Figura 14, a evolução da quantidade de cursos que prestaram

ENADE, ao longo dos anos, por unidade federativa. A maior oferta é na região Sul e

Sudeste, explicada pelas condições socioeconômicas das regiões, tal como seu índice de

industrialização em comparação com as demais. A região Norte, por outro lado, é a que

possui menor número de cursos ofertados. Uma análise feita em 2004, por Faé e Ribeiro

(2004), mostra que havia uma insuficiência na oferta de cursos de EP no Nordeste, o que

os autores associaram às condições socioeconômicas e à baixa industrialização em

relação ao Sudeste. Segundo os autores, na época, eram ofertadas 7,7 vagas para cada

milhão de PIB e 54,2 vagas para cada milhão de habitante, em termos populacionais.

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72

Figura 14 – Quantidade de Curso por ENADE por Unidade Federativa. Fonte: Baseado nos dados do MEC, 2019.

Ao analisar a Tabela 5 deve-se levar em consideração que apenas dois cursos no

Norte e Centro-Oeste obtiveram conceitos no ENADE 2005, o que explica os percentuais

destas regiões. No Nordeste, dos 11 cursos que realizaram a prova e obtiveram conceitos,

nenhum alcançou a nota máxima. O Sudeste e Sul foram as únicas regiões com cursos

avaliados com nota 5.

Até 2011, praticamente só o Sudeste e Sul possuíam instituições com conceito 5,

com exceção de 2008, que o Nordeste obteve 3% de IES com a nota máxima. Entretanto,

em 2014, o Centro-Oeste despontou com 13% de suas instituições sendo avaliadas com a

nota 5. Na edição seguinte, a região foi a que mais obteve notas 4 (26%) e se igualou ao

Sudeste em relação ao conceito máximo, com 5% das instituições.

Por outro lado, observa-se que a região Norte não obteve nenhum curso avaliado

com conceitos 4 ou 5, na última edição do ENADE. Entretanto, nas avaliações anteriores,

desconsiderando a de 2005 no qual só duas instituições prestaram o exame, 18% das

instituições da região haviam obtido conceito 4, em 2008, caindo para 8% e 9% nos anos

seguintes (2011 e 2014, respectivamente). Considerando os resultados anteriores,

verifica-se que houve uma redução na qualidade das IES do Norte.

0

50

100

150

200

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

Quantidade de Curso por ENADE por Unidade Federativa

Contagem de ENADE 2005 Contagem de ENADE 2008 Contagem de ENADE 2011

Contagem de ENADE 2014 Contagem de ENADE 2017

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73

Tabela 5 – Notas proporcionais do ENADES 2005-2017 por região administrativa

Fonte: Baseado nos dados do MEC, 2019.

Observa-se que, ao longo dos anos, o índice de IES com notas 1 foi diminuindo,

o que reflete uma melhora na qualidade do ensino. Entretanto, os conceitos 2 e 3

Região 1 2 3 4 5 SC TotalNorte 0% 17% 0% 17% 0% 66% 100%Nordeste 11% 22% 17% 11% 0% 39% 100%Centro-Oeste 25% 25% 0% 0% 0% 50% 100%Sudeste 3% 7% 13% 6% 7% 64% 100%Sul 0% 10% 20% 3% 6% 61% 100%

Região 1 2 3 4 5 SC TotalNorte 9% 18% 18% 18% 0% 37% 100%Nordeste 6% 19% 16% 11% 3% 45% 100%Centro-Oeste 0% 20% 0% 0% 0% 80% 100%Sudeste 2% 13% 23% 11% 3% 47% 100%Sul 0% 16% 16% 19% 5% 44% 100%

Região 1 2 3 4 5 SC TotalNorte 17% 25% 50% 8% 0% 0% 100%Nordeste 15% 38% 31% 15% 0% 0% 100%Centro-Oeste 25% 38% 13% 13% 0% 13% 100%Sudeste 11% 47% 19% 16% 5% 2% 100%Sul 5% 28% 47% 14% 7% 0% 100%

Região 1 2 3 4 5 SC TotalNorte 27% 55% 9% 9% 0% 0% 100%Nordeste 18% 40% 24% 11% 7% 0% 100%Centro-Oeste 21% 53% 13% 0% 13% 0% 100%Sudeste 13% 40% 32% 9% 6% 0% 100%Sul 8% 32% 34% 19% 7% 0% 100%

Região 1 2 3 4 5 SC TotalNorte 6% 35% 53% 0% 0% 6% 100%Nordeste 2% 40% 40% 15% 3% 0% 100%Centro-Oeste 4% 39% 26% 26% 5% 0% 100%Sudeste 3% 32% 42% 16% 5% 2% 100%Sul 1% 18% 50% 23% 7% 1% 100%

ENADE 2017

ENADE 2014

ENADE 2011

ENADE 2008

ENADE 2005

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74

continuam sendo os de maior frequência, apontando que ainda há o que melhorar. O

percentual de instituições que obtiveram notas 4 aumentou. Com tais dados, não se pode

afirmar se as novas instituições estão surgindo com uma qualidade melhor ou se as antigas

estão elevando o seu patamar de ensino.

Conclui-se, então, que o ensino de Engenharia de Produção no Brasil tem muito a

melhorar. Deve-se, em primeiro lugar, rever qual o papel da instituição de ensino superior

no país, lembrando-as de que este é muito mais social que mercadológico e que o aluno

não deve ser tratado como uma mercadoria. A educação a distância deve ser repensada,

de modo que alcance áreas inacessíveis, como vem sendo feito, porém oferecendo um

curso que tenha um mínimo de qualidade. O fato de haver muito mais instituições

privadas que públicas e estas terem obtido notas baixas, em sua maioria, nos ENADEs,

mostram que atualmente a educação superior tem sido tratada como um mercado. Além

disso, deve-se questionar se realmente não há necessidade de ofertar cursos de Engenharia

de Produção de qualidade no Norte, dado que todos que existem estão aquém do desejado.

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75

5. CONCLUSÃO

O presente estudo possui como objetivo geral analisar o panorama de ensino da

Engenharia de Produção no Brasil, explicando sua evolução ao longo da história e

expansão como curso de graduação, tal como ações que possibilitaram essa expansão,

criando um ambiente propício para que a EP se tornasse a graduação em engenharia com

maior oferta de cursos no Brasil. Como objetivo específico, busca-se verificar se o

aumento quantitativo dos cursos esteve atrelado à uma melhoria na qualidade do ensino

de Engenharia de Produção no país.

A Revolução Científica foi o principal marco para o início do ensino de

engenharia. Desde então, o homem vem aprimorando seus conhecimentos na área de

exatas e repassando-os para outros, por meio das escolas. Estas foram se evoluindo ao

longo dos anos, tanto em relação às disciplinas oferecidas quanto o tempo de duração dos

cursos. A princípio, não havia especialização de engenheiros, sendo os principais

atributos o conhecimento de mecânica dos fluidos e infraestruturas.

Ao longo da história, a engenharia sempre esteve intimamente ligada ao

desenvolvimento dos países. Até a Segunda Guerra Mundial, os principais detentores de

tecnologia eram Europa e América do Norte, sendo também os principais formadores de

engenheiros. Entretanto, depois do conflito, diversos países asiáticos começaram a

investir intensivamente em educação, alcançando os mesmos patamares dos

anteriormente citados. Desta forma, nota-se que está ocorrendo uma transferência

geográfica do polo formador de engenheiros no mundo, saindo da Europa e América do

Norte em direção ao continente asiático. A fim de corroborar tal afirmação, ressalta-se o

fato de que, no Shanghai Ranking de 2016, cinco das 10 melhores universidades do

mundo estavam localizadas na Ásia.

No caso do Brasil, o ensino de engenharia ocorreu desde que ainda era colônia de

Portugal. Entretanto, foi apenas no final do século XVIII que se tornou oficial, com a

criação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, a qual foi a única escola

de engenharia por mais de meio século. Com a Proclamação da República, houve um

aumento da demanda de engenheiros, o que gerou expansão da oferta de cursos de

engenharia. Desde então, o país passou por diversos momentos de expansão e retração da

economia e políticas mais e menos desenvolvimentistas, o que refletiu no surgimento de

novos cursos, que disparou a partir dos anos 90.

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76

Paralelamente, no mundo, ocorreram a Primeira e Segunda Revoluções

Industriais, e com isso verificou-se a demanda de engenheiros especializados em

indústrias. Desta forma, surgiu, então, o engenheiro de produção. No Brasil, o ensino de

EP foi tardio, ocorrendo apenas na década de 50, com a vinda de industrias multinacionais

americanas, que necessitavam esse tipo de engenheiro. Em 1958, a USP criou o primeiro

curso de graduação em Engenharia de Produção brasileiro, seguida por diversas outras

instituições.

Os anos 2000 foram marcados pela expansão em número de matrículas e

instituições de ensino da Educação Superior no Brasil e a EP acompanhou tal

crescimento, se tornando a engenharia com maior número de cursos no país, superando a

tradicional engenharia civil. Apesar de quantidade não ser sinônimo de qualidade, notou-

se que as instituições de ensino superior melhoraram seu desempenho no ENADE, na

última edição do exame. Entretanto, se analisando de forma global, vê-se que há muito o

que melhorar, visto que a melhor classificação de uma universidade brasileira em um

ranking global foi a 79ª posição, obtida pela USP, no Webometrics Ranking, em 2018.

Observou-se, que o foco do ensino de engenharia, dentre eles da Engenharia de

Produção, vem mudando. Apesar da maioria das instituições de ensino superior seguirem

o modelo tradicional, novos métodos de aprendizagem estão sendo testados por

universidades de ponta. O professor, que antes era agente ativo, passa a ser um orientador,

visando proporcionar ao aluno o papel de protagonista do seu aprendizado. Desta forma,

o estudante desenvolve competências técnicas, habilidades de comunicação e

criatividade, atitudes proativas, entre outras, as quais vem sendo demandadas pelo

mercado de trabalho.

Conclui-se, então, que o ensino de Engenharia de Produção no Brasil tem muito a

melhorar. Deve-se, em primeiro lugar, rever qual o papel da instituição de ensino superior

no país, lembrando-as de que este é muito mais social que mercadológico e que o aluno

não deve ser tratado como uma mercadoria. A educação a distância deve ser repensada,

de modo que alcance áreas inacessíveis, como vem sendo feito, porém oferecendo um

curso que tenha um mínimo de qualidade. O fato de haver muito mais instituições

privadas que públicas e estas terem obtido notas baixas, em sua maioria, nos ENADEs,

mostram que atualmente a educação superior tem sido tratada como um mercado. Além

disso, deve-se questionar se realmente não há necessidade de ofertar cursos de Engenharia

de Produção de qualidade no Norte, dado que todos que existem estão aquém do desejado.

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Sugere-se, para próximos estudos, o teste de outros métodos de medição de

qualidade dos cursos, tais como número de artigos relevantes publicados em periódicos

de alto fator de impacto, transferência de conhecimento da universidade para a indústria

e patentes publicadas pelas instituições.

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